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Alcoolismo e Família

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A RELEVÂNCIA DO APOIO FAMILIAR NO TRATAMENTO DO ALCOOLISMO 
BERWANGER, Jonathan[1: Acadêmico da 3ª fase do Curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. E-mail: jonathan_berwanger@hotmail.com]
QUIOCA, Lucas José[2: Acadêmico da 3ª fase do Curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. E-mail: lucasquioca00@hotmail.com]
CORREA, Pedro Ernesto C. de A.[3: Acadêmico da 3ª fase do Curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. E-mail: pedroavila260@gmail.com]
PEREIRA, Ana Paula[4: Mestre em Biociências e Saúde pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. Professora do Curso de Medicina e Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. E-mail: ana.pereira@unoesc.edu.br]
MAKOWSKI, Rose Maria[5: Mestre em Educação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. Professora do Curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. E-mail: rose.makowski@unoesc.edu.br]
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar as interferências nas relações interpessoais, em âmbito familiar, geradas pelo alcoolista e as consequências da posição adotada pela família em relação às suas atitudes. A pesquisa foi realizada em 2017, nos componentes de Metodologia Científica, Metodologia da Pesquisa e Produção de Textos, por meio da metodologia ativa Problem Based Learning (PBL), objetivando o exercício de uma prática pedagógica que integre interdisciplinarmente os componentes curriculares de modo a estimular a aprendizagem significativa e contextualizada dos alunos, promovendo a pesquisa dentro da universidade.
O levantamento de dados foi realizado por meio da revisão de publicações na área da saúde em base de dados científicos do CAPES, PubMed, Scielo, OMS e Google Acadêmico. Neste estudo foi possível notar que o alcoolismo, além de ser considerado uma doença de caráter multifatorial, com traços genéticos, ambientais e sociais, é responsável por causar danos nas relações sociais do indivíduo alcoolista, o qual tende a gerar um situação de esgotamento e incompreensão por parte de seus familiares, acarretando, muitas vezes, em um declínio em seu tratamento, uma vez que o apoio de pessoas próximas e os motivos pelos quais a luta contra o álcool se faz necessária, tornam-se ainda mais distantes. É importante ressaltar que dentro do ambiente familiar é comum que, com o tempo, a tranquilidade, o bem-estar e o respeito entre as pessoas que convivem com o alcoolista sejam afetados, proporcionando o aparecimento de sentimentos e hábitos de violência moral e, em alguns casos, física. Desta forma, fica evidente que o tratamento para o alcoolista deve ir além de medidas direcionadas ao doente, devendo ser ofertado também para seus familiares, por meio dos serviços da atenção básica e pelos grupos de apoio, que irão fornecer apoio psicológico necessário, influenciar o poder de entendimento em relação à doença e promover a conscientização destes do quanto é importante o apoio da família no processo de recuperação.
Palavras-chave: Alcoolista. Família. Apoio.
INTRODUÇÃO
Segundo os dados obtidos no relatório de situação global sobre álcool e saúde em 2014, emitido pela Organização Mundial da Saúde, o álcool é responsável por 5,9% das mortes no mundo, totalizando, aproximadamente, 3.3 milhões de morte por ano, que vão desde cirrose e câncer hepático até acidentes e homicídios. Desta maneira, é evidente que o alcoolismo, além de não possuir uma origem exclusiva, não traz consequências isoladas, causando danos e prejuízos ao estado, a sociedade e principalmente ao indivíduo e sua família.
O alcoolismo acomete, atualmente, um enorme número de adolescentes e adultos no mundo. Além de causar danos ao estado, à sociedade, e ao próprio doente, as ações tomadas pelo alcoolista afetam enormemente o convívio com as pessoas próximas, desequilibrando a estrutura familiar e prejudicando o relacionamento interpessoal. Neste trabalho constam análises bibliográficas que visam detalhar a influência do alcoolista nas relações interpessoais em âmbito familiar, esclarecendo o quão prejudicial é a falta de apoio da família e disponibiliza informações sobre práticas comuns que não devem ser adotadas do processo de recuperação do alcoolista. 
REFERENCIAL TEÓRICO
ALCOOLISMO
O alcoolismo é uma doença crônica e multifatorial, caracterizando-se pela perda da liberdade em escolher entre ingerir ou não bebidas alcóolicas, é uma doença que envolve o emocional e o físico com consequências familiares e sociais, progressiva e incurável. Diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência do uso do álcool, a condição da saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais (CISA, 2014).
Ele é definido pela 10ª Edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool, tipicamente associado aos seguintes sintomas: forte desejo de beber, dificuldade de controlar o consumo, uso continuado apesar das consequências negativas, maior prioridade dada ao uso da substancia em detrimento de outras atividades e obrigações, aumento da tolerância e por vezes um estado de abstinência física (CISA, 2014).
ALCOOLISMO E FAMÍLIA
Conforme, Soares et al (2014), a família pode ser descrita como um sistema em que cada membro está interligado, ou seja, de forma que qualquer mudança em uma das partes se reflete em toda a estrutura, e cada um é agente participante desse fenômeno. Uma destas mudanças é a violência intrafamiliar nas famílias com histórico de alcoolismo. O indivíduo percebe que no início ele permanece cercado pela família e pelos amigos; porém, a partir do momento em que a doença se instala e progride, as pessoas que estavam ao seu redor começam a se afastar (SOARES et al., 2014).
Assim, a família opta por se isolar do doente por medo dos momentos de violência gerados pela bebida. Neste momento, o alcoolista toma consciência que suas ações o trouxeram a uma situação de isolamento, de estar somente em companhia da bebida, o que traz um vazio angustiante e a certeza de que algo está errado e precisa ser mudado (SOARES et al., 2014).
A família, apesar de ser diretamente atingida pelos males do alcoolismo, apresenta uma importante posição no processo de recuperação do alcoolista, e isto deve ser explicado aos seus integrantes pelos profissionais de saúde, para que compreendam que o alcoolismo é uma doença e que o apoio familiar é fundamental na prevenção da recaída, além de ser também um aprendizado da melhor forma de lidar com o alcoolista a fim de construir com ele uma relação familiar saudável (SOARES et al., 2014).
Atualmente, o tratamento das pessoas alcoolistas tem sido desenvolvido nos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPSads). Além de atender os alcoolistas, os CAPSads também devem oferecer suporte às famílias, desenvolvendo atividades como terapias individuais, grupais, atividades educacionais e de lazer. No entanto, essas famílias ainda não são vistas como uma das principais entidades afetadas pelo alcoolismo, como núcleo que precisa de tratamento contínuo e integral, a fim de terem condições de saúde e poderem colaborar com o tratamento do membro alcoolista (SENA et al., 2011).
No que se refere aos motivos considerados como necessidade pessoal, estudos apontam que as mulheres alegam continuar em um relacionamento abusivo em função da dependência emocional, da esperança de que o familiar vai mudar um dia, do amor pelo parceiro, da dependência financeira, de valores sociais, da necessidade de manter a instituição familiar e de considerar o casamento como forma de fugir da situação familiar de origem, entre outros (SENA et al., 2011).
Com relação ao bem-estar dos filhos, uma pesquisa mostra queeles estão entre os membros da família mais afetados pelo alcoolismo e que a convivência com um pai alcoolista pode levá-los a tornarem-se dependentes do álcool, além de desenvolverem dificuldade de comunicação, baixa autoestima, caracterizando-se como pessoas cujas vidas serão marcadas por uma história de desconfiança e medo (SENA et al., 2011).
Filzola et al (2009) afirma que as atitudes do alcoolista resultam na perda de respeito dentro do lar e perante a sociedade, e o sofrimento afeta profundamente a família na qual, além do alcoolista, filhos e esposa acabam se tornando doentes. Diante das dificuldades, a família passa a se isolar, começa a apresentar problemas de saúde e mudanças no comportamento. Embora haja a tendência voluntária ao isolamento, há que se considerar ainda a tendência da sociedade ao preconceito e à exclusão das mesmas (FILZOLA et al., 2009).
Um estudo desenvolvido com parentes de indivíduos alcoólicos mostra que receber informações e conselhos sobre como ajudar o membro alcoolista da família são as principais necessidades relacionadas ao tratamento. A falta de conhecimento sobre os efeitos colaterais da medicação é uma importante dificuldade que cria sentimentos de estresse, isolamento, depressão, baixa autoestima e raiva entre os membros da família. Consequentemente, o conselho para melhorar o relacionamento e a tomada de decisão são importantes (NASCIMENTO, SOUZA, GAINO, 2015).
Exige a necessidade de ações multissetoriais relacionadas à saúde, educação e proteção social, grupos de autoajuda semelhantes aos Alcoólicos Anônimos, horários alternativos e explicação aos familiares sobre a filosofia e a operação do serviço. Essas ações poderiam contribuir para uma assistência mais eficaz para o usuário e sua família, resultando em um relacionamento ainda mais próspero para ambos (NASCIMENTO, SOUZA, GAINO, 2015).
Devido a alguns sintomas psicológicos como irritabilidade, agressividade, má compreensão e mudanças na visão de mundo, o alcoólatra tende a apresentar dificuldades progressivas relacionadas às relações interpessoais. A inconsistência e a instabilidade afetiva das relações familiares com o membro viciado enfraquecem a estrutura familiar e promovem o desligamento emocional dos membros, porque, em geral, sua resposta a essa situação é desenvolver estratégias de proteção, como limitar o contato com a pessoa viciada ou ter contato somente quando necessário (NASCIMENTO, SOUZA, GAINO, 2015).
Neste contexto, está posto que o cuidado deve estar voltado não somente para o alcoolista, mas para toda sua família, e para outros, inseridos no contexto cotidiano da pessoa. Porém, o que se observa, hoje, é que a família é vista apenas como coadjuvante no tratamento do membro alcoolista e não, como entidade que necessita de cuidados, tanto quanto ele (SENA, et al., 2011).
METODOLOGIA
3.1	TIPO DE PESQUISA
Utilizou-se referencial da pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Este trabalho será realizado, em 2017, nos componentes de Metodologia Científica, Metodologia da Pesquisa e Produção de Textos, por meio da metodologia ativa Problem Based Learning (PBL), com intuito de uma prática pedagógica que integre interdisciplinarmente os componentes curriculares de modo a estimular a aprendizagem significativa e contextualizada dos alunos, promovendo a pesquisa dentro da universidade.
 3.2	COLETA DE DADOS
Realizou-se um levantamento de dados nacionais e internacionais por meio da revisão das publicações na área da saúde em base de dados científicos do CAPES, PubMed, OMS, Scielo, EBSCO e Google Acadêmico.
3.3	ANÁLISE DE DADOS
Por meio de artigos científicos e bancos de dados respondendo os objetivos do projeto.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Segundo os dados emitidos pela Organização Mundial da Saúde no Relatório Global sobre o Álcool no ano de 2014, o uso do álcool de forma abusiva causa uma média de 3.3 milhões de mortes por ano no mundo, número esse que corresponde a 5,9% de todas as causas de mortes na atualidade. Além disso, traz dados que complementam que o uso excessivo do álcool tende a geral, além de problemas de saúde, enormes prejuízos às dinâmicas econômicas e sociais. 
Sena et al (2011) ratificam os dados da OMS, uma vez que entre os diversos danos causados pelo uso abusivo do álcool encontram-se enfermidades como: cirrose hepática, transtornos mentais, pancreatite, câncer, acidentes de trânsito, homicídios, além de altos custos econômicos e sociais, decorrentes dos gastos com o tratamento do indivíduo e os diversos casos de violência, conflitos familiares e prejuízos no trabalho. 
O alcoolismo tem se tornado um grande problema social e de saúde pública e é definido pela OMS como um estado psíquico e/ou físico, resultante da interação do organismo vivo e substância, caracterizado por alterações que compelem à pessoa à ingestão da droga, de forma sucessiva ou periódica, com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, às vezes, para evitar o desconforto de sua abstinência (SENA, et al., 2011).
Antes de se avaliar as consequências geradas pelo alcoolista dentro do ambiente familiar, a maneira com que essa situação se desenvolve e as relações dos membros deste ambiente, faz-se preciso abranger, sucintamente, o conceito de família. Conforme Minuchin (1985, 1988 apud FACO, MELCHIORI, 2009), 
A família é um complexo sistema de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor adaptação possível para a sobrevivência dos seus membros e da instituição como um todo. 
Adotando o conceito de família exposto acima, fica claro o quanto as atitudes individuais de cada membro desse meio vão ocasionar e gerar efeitos em cascata afetam toda a sua família, devido a relação de proximidade e afeto que há no ambiente familiar. Nascimento, Souza e Gaino (2015) afirma que as famílias com deficiências na comunicação e aquelas que não promovem apoio para os seus membros, ou aquelas com inseguridade no lar, trabalho, assim como situações de negligência, violência doméstica e um membro adicto de certa substância, em sua maioria promovem um ambiente no qual se torna mais suscetível as desordens relacionadas ao álcool.
Moraes e Barroco (2016) apontam as relações familiares como fatores de proteção ou de risco para o alcoolismo, a depender de características da família. Entre as características consideradas relevantes, estão a existência ou não de respeito e cumplicidade entre os cônjuges e filhos, o nível de informação da família sobre os malefícios do álcool, o uso de álcool no meio familiar e os hábitos e costumes familiares referentes a essa questão.
É clara a relação dos efeitos do abuso do álcool no alcoolista e na própria família, uma vez que Soares et al (2014) complementa Nascimento, Souza e Gaino (2015) relatando que o alcoolismo é uma doença silenciosa em que o doente e seus familiares não a reconhecem como tal, negando sua presença e os transtornos trazidos por ela. Com o tempo da dependência, essas consequências começam a provocar mudanças no ambiente familiar, onde tanto a família como o próprio alcoolista acabam sofrendo. 
Devido a alguns sintomas psicológicos como irritabilidade, agressividade, dificuldade na compreensão e mudanças na visão do mundo, o alcoolista tende a apresentar dificuldades progressivas relacionadas às relações interpessoais (NASCIMENTO, SOUZA, GAINO, 2015) visto que, a doença denominada alcoolismo, uma vez instalada não tem cura, havendo somente abstenção, como solução, lembrando que o alcoolista quando deixa de beber não é considerado curado, e sim uma pessoa em recuperação (SOARES, et al., 2014). Tendo em vista que o alcoolismo não tem cura, é imprescindível que as pessoas próximas ao doente forneçam apoio e ofereçam auxílio para que o vício não o domine novamente e volte a causar mais prejuízos.
Filzola et al (2009) relata três categorias conceituais, ou fases, pelas quais o alcoolista tende a passar, que são: “Negando o alcoolismo e sofrendo suasconsequências”, “Buscando ajuda, aprendendo com os grupos” e “Esperando a cura, experimentando a sobriedade e enfrentando as recaídas”. O papel da família costuma está ligado a essas três categorias, com um maior grau de relação com primeira fase, na qual tanto o alcoolista quanto a família negam a presença da doença e desencadeiam efeitos em ambos os lados. A princípio, a família percebe o uso de álcool como um fator de interação social; nega que os problemas enfrentados tenham ligação com o uso/abuso do álcool e vai buscando justificativas para os conflitos existentes no lar (FILZOLA, et al., 2009).
Soares et al (2014) reforça esses pontos evidenciados por Filzola et al (2009) quando relata que o indivíduo percebe que no início ele permanece cercado pela família e pelos amigos; porém, a partir do momento em que a doença começa a se instalar e progride, as pessoas que estavam ao seu redor começam a se afastar. A família, em algumas situações, se isola do doente por medo dos momentos de violência gerados pela bebida.
Nascimento, Souza e Gaino (2015) ainda relata que grande parte das famílias desconhece a extensão do sofrimento psíquico pelo qual o alcoolista passa uma vez que a inconsistência e a instabilidade afetiva da família com o membro adicto enfraquecem a estrutura familiar e promove o distanciamento dos membros, porque, em geral, a resposta desenvolvida para essa situação são estratégias defensivas, como limitar o contato com a pessoa dependente ou só ter contato quando necessário. É nesse ponto que o alcoolista começa a se sentir isolado, visto como uma segunda opção e percebendo que a família, que deveria ser um pilar de apoio, está ausente.
Sena et al. (2011) discorre sobre a violência gerada no ambiente familiar, um dos diversos pontos negativos do alcoolismo, relatando que em uma pesquisa realizada a fala das participantes revela que elas experimentam a convivência diária com eventos violentos, porém não percebem como formas de violência e que estudos apontam que as mulheres alegam continuar em um relacionamento abusivo em função da dependência emocional, da esperança de que o familiar vai mudar um dia, do amor pelo parceiro, dos valores sociais e da necessidade de manter a instituição familiar.
Um ponto positivo relatado por Sena et al (2011) em sua pesquisa é que as esposas demonstraram que outra razão para se manterem vinculadas ao familiar alcoolista é a necessidade de acolhê-lo e ajudá-lo, uma vez que se trata de um membro da família que enfrenta problemas. Esse ponto mostra que essa visão deve se ampliar a todas as famílias de indivíduos alcoolistas, para que não os abandonem, mas sim, que sejam acolhidos, vistos como alguém que necessita de ajuda, afinal, o alcoolismo é uma doença, que precisa de tratamento e paciência e que nisso estejam priorizadas virtudes básicas da essência humana, como cuidar e zelar pelo próximo.
É evidente que enquanto a doença progride, mais problemas se instalam no ambiente familiar, o que reforça a ideia de que é de extrema importância que a família toda passe por uma reestruturação, devido às mudanças provocadas por um membro que já não mais atua de forma coletiva, e sim em função dele próprio (SOARES, et al., 2014).
Neste viés, é preciso ressaltar a importância de não se tratar somente o alcoolista, mas sim, todas as pessoas com quem ele convive diariamente, uma vez que o alcoolismo é uma doença sem cura, apenas com período de abstinência, período este que qualquer fraqueza, decepção e até mesmo exclusão e problemas dentro do ambiente familiar podem levar o indivíduo a uma recaída e retomar o vício. Assim, é de extrema importância que as ações de saúde pública sejam voltadas para toda a família, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS e dos Alcoólicos Anônimos – AA para que conscientizem as famílias, forneçam as informações necessárias e os orientem a estabelecer práticas de boa convivência, fraternidade, união e companheirismo, sem contar em se desenvolver hábitos de vida saudáveis que mantenham o alcoolista longe do álcool e evitem possíveis recaídas. 
CONCLUSÃO
Por meio da análise de artigos e revisões bibliográficas, foi possível perceber que assim como a origem do alcoolismo possui diferentes condicionantes, o tratamento adequado não deve ser direcionado exclusivamente ao doente, pois deve incluir todos os pontos chave que irão atuar no processo de recuperação, como medidas públicas de cunho preventivo, conscientização à respeito dos danos psicofisiológicos gerados pelo abuso do álcool ao doente, bem como cuidados e orientações adequados à família do alcoolista e a sua participação no tratamento. A família, por sua vez, consiste em um relevante suporte, ao passo que tem o poder de fornecer diretamente ao doente novas perspectivas de vida e motivação diária para que este quadro seja controlado. Concomitantemente a isso, quando a exaustão emocional faz com que haja a ausência destes auxílios básicos e fundamentais para o paciente, instala-se um quadro extremamente deficiente no combate ao vício, uma vez que as razões pelas quais o esforço diário de se manter longe do álcool acaba, infelizmente, sendo comprometido. Isto ocorre porque a necessidade de se livrar do vício consiste em uma busca por uma vida que contenha paz, tranquilidade e segurança, e no momento em que a família excede seu poder de compreensão e se afasta do indivíduo, este infere que aqueles objetivos não estão mais em seu alcance e não encontra mais razões para dar continuidade ao tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL. O que é o alcoolismo?, São Paulo. Disponível em: http://www.cisa.org.br/artigo/4010/-que-alcoolismo.php Acesso em; 15 jun. 2017.
FACO, Vanessa M. G.; MELCHIORI Lígia E. Conceito de família: Adolescentes de zonas rural e urbana, São Paulo. Disponível em: http://books.scielo.org/id/krj5p/pdf/valle-9788598605999-07.pdf Acesso em: 14 jun. 2017.
FILZOLA, Carmen L. A. et al. Alcoolismo e família: a vivência de mulheres participantes do grupo de autoajuda Al-Anon, Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852009000300007 Acesso em: 12 jun. 2017.
MORAES, Renata J. S.; BARROCO, Sonia M. S. Concepções do Alcoolismo na Atualidade: Pesquisas Hegemônicas, Avanços e Contradições, Brasília. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722016000100229&lang=pt Acesso em: 12 jun. 2017.
NASCIMENTO, Larissa T. R.; SOUZA, Jacqueline; GAINO, Loraine Vivian. Relationship between drug dependence and alcohol users receiving treatment in a community health center specializing in alcohol treatment, Florianópolis. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072015000300834 Acesso em: 12 jun. 2017.
SENA, Edite L. da S. et al. Alcoolismo no contexto familiar: um olhar fenomenológico, Florianópolis. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072011000200013&lang=pt Acesso em: 08 jun. 2017.
SOARES, Janaina R. et al. A importância da família no processo de prevenção da recaída no alcoolismo, Rio de Janeiro. Disponível em http://www.facenf.uerj.br/v22n3/v22n3a08.pdf. Acesso em: 12 jun. 2017.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Status Report on Alcohol and Health, Luxembourg. 2014. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/msb_gsr_2014_1.pdf Acesso em: 13 jun. 2017.

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