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1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA NOTAS DE AULA: FUNDIÇÃO – ME 63I Prof. Dr. Fábio Martins Última revisão: 13/06/2013 2 SUMÁRIO Conceitos e definições 3 Nucleação 9 Redistribuição de soluto 27 Estruturas de solidificação 31 Introdução aos processos 35 Moldes de areia 48 Moldes refratários diferentes de areia 75 Moldes metálicos 83 Transferência de calor na solidificação 111 Fornos para fusão de metais 125 Segregação e defeitos 133 Siderurgia 147 3 FUNDIÇÃO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES MATERIAIS PRODUTOS ENERGIA CONHECIMENTO TÉCNICA HABILIDADE ÉTICA RECURSOS MATERIAIS FUNDIÇÃO Definição: Processo de fabricação para a obtenção de produtos semi-acabados pelo vazamento do material no estado líquido em um molde, onde o material solidifica e assume a forma desejada. Um dos mais antigos processos de fabricação 5.000 A.C.: Cobre 3.000 A.C.: Bronze A grande maioria dos produtos metalúrgicos é processada por fundição em alguma etapa do processo de fabricação. SELEÇÃO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO (CUSTO/BENEFÍCIO) 4 5 Produtos: Carcaças de motores e turbinas, hélices e propulsores de navios, sapatas de freio, rodas de automóveis, etc. Características principais do processo de fundição Fabricação sem limite de peso. Pesos variam desde gramas até dezenas de toneladas. Complexidade de formas Ampla gama de materiais Grande variedade de propriedades. O processo de fundição permite o controle da composição, estrutura, acabamento, e, portanto, das propriedades do material. Fabricação em grande ou pequena escala. Custo baixo. Elevada precisão dimensional, geométrica e de acabamento superficial podem ser obtidas, dependendo da escolha do processo. Propriedades mecânicas indesejáveis Porosidade Baixa qualidade superficial Periculosidade Riscos ambientais 6 Etapas do processo 1. Modelação: Projeto e construção de um modelo, em escala ampliada, da peça desejada. Normalmente o modelo é feito de metal, pela facilidade de obtenção, trabalhabilidade e durabilidade. 2. Moldagem: Fabricação do molde, a partir do modelo. Envolve ainda a confecção de machos, canais de alimentação, etc. 3. Fusão e vazamento: Fusão do metal e controle da composição. Inserção do metal fundido no molde e posterior solidificação. 4. Desmoldagem e acabamento: Abertura do molde para retirada da peça, corte dos canais, limpeza e rebarbação. 5. Inspeção e recuperação: Inspeção, por diferentes técnicas, para detecção de defeitos internos e externos. 6. Tratamentos térmicos e acabamentos finais. Quando necessário, tratamentos térmicos podem ser utilizados para alívio de tensões, solubilização e envelhecimento, etc. Operações como usinagem e furações podem ser executadas nesta etapa. 7 Princípio simples: Fusão, vazamento, solidificação e desmoldagem. Fatores de complexidade Transformação sólido líquido: fenômeno dinâmico Fenômenos metalúrgicos: solidificação, segregação, porosidade, rechupes, trincas, heterogeneidades químicas e estruturais, variações dimensionais. 8 CONTROLE DE QUALIDADE Inspeção visual Inspeção dimensional Inspeção metalúrgica (análise química, metalográfica, ensaios mecânicos e não-destrutivos) Comparação entre processos de Fundição Fator Areia Molde permanente Pressão Centrifugação Metal Todos Ferros fundidos e não ferrosos Não ferrosos de baixo ponto de fusão Todos Dimensões (Kg) As maiores 0,5 a 150 Até 35 Kg (Al), até 150 Kg (Zn) Até 25 t Espessura mínima (mm) 3,2 a 4,7 3,2 0,8 a 1,6 1,6 Resistência à tração* (Kgf/mm 2 ) 13 16 19,5 17,5 Produção** (peças/hora) 10 a 15 40 a 60 120 a 150 30 a 50 Custo do molde ou modelo*** 100 660 1650 500 * Para uma liga de alumínio, por exemplo ** Produção estimada para uma peça de alumínio de aproximadamente 1,5 Kg e moderada complexidade *** Referência: Fundição em areia (100) 9 NUCLEAÇÃO As propriedades de um produto fundido são função, entre outros fatores, da estrutura interna do material. Os fenômenos que ocorrem durante a solidificação têm grande importância na estrutura final da peça. Metal sólido: estrutura cristalina Metal líquido: ? Comparação entre densidades Metal Densidade do sólido (g/cm3) Densidade do líquido à Tf (g/cm3) Al 2,7 2,4 Pb 11,3 10,5 Au 19,3 17,2 Ag 10,5 9,3 Distância interatômica média aproximadamente igual para sólido e líquido Calor latente de vaporização, para os metais, é cerca de 25 a 40 vezes o valor do calor latente de fusão. Ligação entre os átomos no estado líquido é muito mais forte do que no estado gasoso. 10 Estudos realizados com difração de raios-X indicam ordenação de átomos em pequenas distâncias, à temperatura liquidus, embora esta ordenação não seja mantida a grandes distâncias. Conclusão: Líquidos apresentam algum tipo de estrutura Modelo 1: Átomos do metal no estado líquido apresentariam estrutura cristalina estática semelhante ao sólido, porém com quantidades de defeitos estruturais muito maior, impedindo a manutenção do arranjo atômico a longas distâncias. Modelo 2: Estrutura em evolução. Pequenas “ilhas” (núcleos) de estruturas ordenadas circundadas por átomos desordenados. 11 Regiões ordenadas: Embriões Solidificação: Propagação da estrutura organizada a partir dos embriões até que todos os átomos façam parte da estrutura cristalina. Nucleação: - Homogênea - Heterogênea 12 Nucleação homogênea: formação de embriões da fase sólida sem interferência de partículas ou superfícies estranhas. Dependendo das suas dimensões e das condições térmicas do líquido, o embrião pode tornar a se diluir no líquido ou tornar-se estável e se propagar. Superesfriamento térmico (T): Condição para a estabilização dos núcleos. Para metais em geral, T 0,2 Tf (Nucleação homogênea). 13 Raio crítico: Mínimo raio do embrião para que este mantenha a estabilidade. r < rc: diluição do embrião r rc: estabilidade e crescimento Na prática, a nucleação homogênea não se verifica com freqüência. O fenômeno mais comum é a nucleação heterogênea, por ser mais estável energeticamente. 14 Nucleação heterogênea: Existência de agentes estranhos ao sistema (substratos). O embrião adere às paredes do substrato e cresce a partir dele. Substratos mais comuns: paredes do molde ou partículas presentes no sistema. A eficiência do substrato na nucleação é avaliada pelo ângulo de molhamento (). O ângulo de molhamento traduz a afinidade físico- química entre o núcleo sólido e o substrato. Quanto menor o valor de , mais eficiente é o molhamento do substrato pelo embrião. 15 Casos limite: = 0º - molhamento máximo = 180º - molhamento mínimo (nucleação homogênea) Formação da Macroestrutura Em funçãodos parâmetros de solidificação, a macroestrutura pode, ou não, apresentar uma ou mais zonas estruturais. 16 Zona coquilhada: Grãos de pequenas dimensões com crescimento equiaxial, orientação cristalográfica aleatória situada na periferia do lingote, junto às paredes do molde. Zona colunar: Grãos alongados, com crescimento no sentido do fluxo de calor, situados na região intermediária do fundido. 17 Zona equiaxial central: Grãos equiaxiais de médias dimensões, situados no centro do fundido, com orientação cristalográfica aleatória. A zona coquilhada é gerada pelo superesfriamento térmico do líquido adjacente às paredes do molde, que ocorre pela transferência de calor do líquido para o molde no vazamento. Entre os fatores que influenciam a formação da zona coquilhada, pode-se citar: Material do molde Temperatura do molde Coeficiente de transmissão de calor na interface metal/molde Presença de substratos de nucleação Operação de vazamento A zona colunar é constituída de grãos alongados de orientação normal às paredes do molde. Estes grãos possuem maiores dimensões do que os da zona coquilhada e orientações cristalográficas bem 18 definidas. O fenômeno dominante é chamado de crescimento competitivo. Os fatores que influenciam a formação da zona colunar são: Contato metal/molde (favorável) Temperatura de vazamento. Altas temperaturas favorecem a ocorrência desta região. Teor de soluto (inversamente proporcional). O teor de soluto favorece a ocorrência do super- resfriamento constitucional, que ocasiona a zona equiaxial central. Turbulência no líquido (desfavorável) A zona equiaxial central é caracterizada por grãos com direções de crescimento aleatórias, e com dimensões maiores do que os grãos da zona coquilhada. 19 Os fatores que afetam a formação da zona equiaxial são: Condutividade térmica do molde. Moldes com altas condutividades térmicas auxiliam o surgimento da zona equiaxial. Contudo, valores excessivamente altos podem prejudicar, pelo surgimento de uma superfície na parede do molde, prejudicando a fragmentação de sólido e arraste para o interior do líquido. Rugosidade das paredes do molde. Temperatura de vazamento (inversamente proporcional) Presença de substratos de nucleação (favorável) Presença de soluto Operação de vazamento (correntes de convecção) 20 Inoculantes Considerando que as propriedades mecânicas e, consequentemente, o desempenho de uma peça fundida é inversamente proporcional ao tamanho de grão, em fundição é considerada vantajosa a utilização de técnicas para refino de grão, de modo a produzir estruturas refinadas. Via de regra, diminui- se o tamanho de grão em fundidos pela utilização de inoculantes. Inoculantes são definidos como materiais de alto potencial de nucleação, que atuarão como substratos para a nucleação heterogênea. 21 Exemplos de inoculantes e eficiência relativa Metais e Ligas Inoculantes Eficiência Cloreto de ferro Alta Ligas de magnésio Carbono Alta Zircônio Moderada Titânio Alta Alumínio e ligas Boro Alta Nióbio Moderada Terras raras Moderada Titânio e ligas Níquel Baixa Cobalto Baixa Zinco Alumínio Moderada Estanho Germânio Moderada Índio Baixa Chumbo Telúrio Moderada Ferro Moderada Cobre e ligas Nióbio Baixa Vanádio Baixa Níquel e ligas Cobalto Moderada Óxido de cobalto Alta Ferro fundido Terras raras Moderada Aço comum Nióbio Moderada Titânio Moderada Aço (13% Mn) Cianeto de cálcio Moderada Aços inoxidáveis Óxido de níquel Moderada Aço ferramenta Óxido de ferro Baixa 22 Outros métodos de refino de grão Métodos térmicos: baseiam-se na extração de calor para promover o superesfriamento térmico e a consequente nucleação de grãos. Métodos mecânicos: Baseiam-se no princípio de agitação do líquido para promover a nucleação de novos grãos no interior do fundido, pelo arraste de partículas sólidas para o interior do líquido, como por exemplo fragmentos de dendritas. Métodos Térmicos Refino por controle da temperatura de vazamento Temperaturas de vazamento muito elevadas provocam turbulência e convecções de origem térmica, que arrastam embriões para o interior do metal fundido, onde tornam a se dissolver. Menores quantidades de núcleos provocam o aumento da 23 granulação do metal pela diminuição do crescimento competitivo. A redução da temperatura de vazamento provoca o refino de grão. Contudo existem limites para a diminuição da temperatura. Abaixo de certos limites, não se verifica mais o refino de grão. Refino por controle de transferência de calor na interface metal/molde Altas taxas de transferência de calor na interface metal/molde favorecem o refino de grão, também devido à ocorrência de superesfriamento térmico. Refino por utilização de resfriadores Extratores de calor, tais como sapatas de cobre refrigeradas internamente a água colaboram no superesfriamento térmico e na nucleação de grãos. 24 Refino por coquilhamento em canais de vazamento Em baixas temperaturas de vazamento pode ocorrer a formação de grãos nas paredes dos canais de vazamento, e estes grãos podem ser arrastados pelo fluxo de metal líquido para o interior do molde, onde atuariam como núcleos para a solidificação. Refino por moldes com alta capacidade de extração de calor Moldes com altas condutividades térmicas, como por exemplo cobre, atuam, no sentido de minimizar o tamanho de grão do fundido. Métodos mecânicos Refino por agitação do líquido A própria operação de vazamento do metal líquido no molde pode provocar a turbulência no interior do líquido. A geometria dos canais de vazamento tem influência no grau de turbulência gerada. Canais com redução de seção podem aumentar a 25 turbulência, bem como a utilização de dispositivos para este fim, tais como placas de orifícios. A temperatura do líquido não deve ser muito elevada, pois nesse caso os fragmentos sólidos tornariam a se dissolver no líquido. Refino pela utilização de agitadores mecânicos Agitadores mecânicos do tipo pá promovem a agitação do líquido e a consequente diminuição do tamanho de grão do material. Agitação por insuflamento de gases A injeção de gases inertes no interior de metais em processo de solidificação pode provocar refino de grão, contudo este método apresenta limitações quanto à correta quantidade de gás a ser inserida. Se a quantidade for muito grande, há risco de porosidade, enquanto que se a quantidade for muito pequena não ocorre o refino de grão. Os parâmetros adequados devem ser analisados para cada sistema metal/molde específico. 26 Agitação eletromagnética A atuação de campos eletromagnéticos com polaridade alternada pode promover fluxos rotativos cisalhantes no interior do metal líquido, que atuando sobre superfícies já solidificadas podem provocar o arraste de partículas sólidas para o interior do líquido, promovendo a nucleação e conseqüente refino de grão. Vibração Método cuja eficiência depende da frequência e amplitude da vibração. Rotação e oscilação A conjugação de movimentos de oscilação e rotação pode ser bastante eficientena fragmentação e arraste de partículas para o interior do líquido. 27 REDISTRIBUIÇÃO DE SOLUTO NA SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS Ligas metálicas: Tliquidus e Tsolidus não coincidem Sólido apresenta composição diferente do líquido CONCEITOS BÁSICOS Velocidade de solidificação ou de crescimento (R): É a medida da taxa de avanço da interface sólido/líquido durante a solidificação. Gradiente de temperatura (G): É o gradiente de temperatura no líquido, a partir da interface e na direção de crescimento. Se a temperatura aumentar, da interface para o interior da fase líquida, G>0, e vice-versa. Normalmente, o gradiente de temperatura é da ordem de alguns graus centígrados por centímetro (ºC/cm) para o crescimento de monocristais, dezenas de graus por centímetro para 28 peças fundidas e lingotes e centenas de graus por centímetro para soldas. Difusividade (D): Taxa de mobilidade dos átomos no metal líquido. Para praticamente todos os metais, D é de aproximadamente 5 x 10 -5 cm2/s. A difusividade em sólidos é bem menor, da ordem de 10-8 cm2/s, para metais e ligas a temperaturas próximas ao ponto de fusão. Na maioria dos casos, as mudanças de composição devidas à difusão nos sólidos são pequenas e podem ser consideradas desprezíveis. Coeficiente de distribuição no equilíbrio (K0): razão entre a concentração de soluto no sólido e no líquido. É definido pelo diagrama de fases, considerando-se as linhas solidus e liquidos como retas. 29 K0 = concentração de soluto no sólido à temperatura T Concentração de soluto no líquido na mesma T K0 = CS CL O coeficiente de distribuição efetivo, KE, é a razão entre a composição instantânea do sólido e a composição média do líquido no mesmo instante. Inclinação da linha liquidus (m): decrescente: positiva; crescente: negativa 30 Solidificação em equilíbrio Não observada na prática Composições descritas no diagrama de fases Velocidades de crescimento menores do que 10 -7 cm/s Solidificação fora das condições de equilíbrio Mais observada na prática Taxas de resfriamento mais elevadas Rejeição de soluto do sólido para o líquido Líquido tem maior capacidade de dissolver soluto do que o sólido (solubilidade) Consequências: segregação; acúmulo de soluto e impurezas, refino por fusão zonal. Redistribuição de soluto no líquido somente por difusão Acúmulo de soluto à frente da interface sólido- líquido 31 ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO Condições de solidificação podem provocar alterações de composição e estrutura nos produtos fundidos. Super-resfriamento constitucional (redução do super-resfriamento) 1 Ligas e metais com impurezas (soluto) Super-resfriamento térmico: queda de temperatura localizada, possibilitando a nucleação e solidificação. Rejeição de soluto na interface sólido/líquido altera a composição do líquido adjacente à interface, em condições de redistribuição de soluto por difusão. Alteração de composição altera a temperatura liquidus. 1 Referência bibliográfica complementar: Ohno, A. SOLIDIFICAÇÃO DOS METAIS. Livraria Ciência e Tecnologia Editora Ltda. São Paulo: 185 p. Capítulo 9: Redução do super-resfriamento, p. 53-62. 32 Difusão: redistribuição lenta de soluto Queda na temperatura liquidus: redução do super- resfriamento térmico (super-resfriamento constitucional) 33 Crescimento da interface sólido/líquido prejudicado. Distribuição na interface é heterogênea: distorção na forma da interface Situação similar para K0 > 1 34 Super-resfriamento constitucional (redução do super-resfriamento): alteração localizada da composição química do líquido adjacente à interface sólido/líquido, alterando a temperatura liquidus e, consequentemente, a forma da interface. Dependendo do grau de super-resfriamento, a interface pode assumir as seguintes morfologias: Planar, celular, celular-dendrítica e colunar- dendrítica. 35 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE FUNDIÇÃO Princípio básico: Inserção do metal líquido na cavidade de um molde com geometria definida, de modo a conferir a forma desejada ao metal após a solidificação. Processos diferenciados principalmente quanto ao tipo de molde Dois grupos básicos: - Moldes constituídos de partículas refratárias ligadas entre si de modo que a geometria desejada seja obtida por moldagem - Moldes monolíticos, obtidos por conformação 36 Classificação alternativa: material empregado para o molde - Areia - Metal - Refratários diferentes de areia Processos de fundição em moldes de areia: Processos utilizando moldes de areias aglomeradas com ligantes inorgânicos - Processo em areia verde - Processo em areia seca - Processo em barro - Processo em chamote - Processo silicato de sódio/gás carbônico - Processo éster/silicato - Processo silicato de cálcio - Processo ferro-silício - Processo em areia cimento 37 Processos utilizando moldes de areias aglomeradas com ligantes orgânicos: - Processo Shell - Processo Vacustract - Processo CLAS - Processo em caixa quente - Processos em areias com resinas de cura a frio Processo Colshell - Processo Cosworth - Processo Zeus Processos utilizando moldes de areia sem ligantes: - Fundição em molde cheio - Moldagem a vácuo - processo V - Fundição em moldes congelados - Moldagem magnética 38 Processos de fundição em moldes de materiais refratários diferentes de areia: Processos utilizando moldes cerâmicos: - Processo em cera perdida - Processo CLA - Processo CLV - Processo Replicast - Processo Shaw Processos utilizando moldes de gesso: - Fundição convencional em gesso - Processo Antioch - Fundição de precisão em gesso Processo utilizando moldes de grafite Processo utilizando moldes de carboneto de silício 39 Processos de Fundição em moldes Metálicos: Fundição por gravidade Fundição sob pressão: - Processo de injeção em câmara quente - Processo de injeção em câmara fria - Processo Acurad - Processo de injeção em atmosfera controlada - Fundição a baixa pressão Fundição a vácuo Fundição por compressão Processos envolvendo centrifugação: - Fundição por centrifugação total - Fundição por centrifugação parcial - Preenchimento por centrifugação 40 TERMINOLOGIA Funil - Seção quadrada (menor turbulência) e cônica (mais utilizada, pela facilidade de construção) Copo 41 - Moldes de grandes dimensões e/ou maior pressão sobre os canais - Forma mais utilizada: sextavada Bacia - Moldes grandes - Retenção de escória - Homogeinização do fluxo de metal fundido - Manutenção da pressão no interior do molde Canal de descida (canal de vazamento) 42 - Concordância na intersecção com funil, copo ou bacia - Cônico - Comprimento pequeno: ligas de alta densidade - Comprimento maior: ligas leves ou peças de paredes finas Pé do canal de descida - Velocidade do fluxo máxima (sistemas despressurizados) - Concordâncias (evitar turbulências)- Peneiras para retenção de escória - Bacias para evitar erosão pelo fluxo de metal fundido Canal de distribuição 43 - Condução do metal líquido até os canais de ataque - Seção deve ter área controlada, de modo a não desequilibrar o fluxo de metal 44 Canal de espuma, escumador ou retentor de escória - Ao pé do canal de descida, dente de serra ou centrifugador Massalote ou montante Cavidade destinada a receber o excesso de material, atuando como reservatório durante a contração. 45 Canais de ataque Alimentação de metal no molde propriamente dito. Em determinadas situações são providos de chanfros, que facilitam a sua remoção durante a rebarbação. CONTRAÇÃO DE VOLUME Durante o resfriamento e a solidificação, a peça fundida sofre contração, ou seja, diminuição em suas dimensões. Do estado líquido até a temperatura ambiente, 3 modos de contração são verificados: Contração líquida, correspondente ao resfriamento do metal superaquecido até o início da solidificação. Contração de solidificação, que corresponde à variação de volume do material na transformação líquido/sólido. Contração sólida, que ocorre com o resfriamento da peça já no estado sólido. 46 A contração é expressa em termos percentuais, com exceção da contração sólida, que é expressa linearmente (coeficiente de dilatação térmica). Considerações gerais na escolha de um processo de fundição Fatores relacionados ao produto Tipo de metal Tamanho, peso e forma da peça Quantidade de peças desejadas Tolerâncias dimensionais Acabamento Propriedades mecânicas desejadas Fatores relacionados ao processo Custo do equipamento 47 Custo dos materiais empregados Custo do preparo do molde Método de limpeza Método de usinagem Tratamentos térmicos posteriores 48 FUNDIÇÃO EM MOLDES DE AREIA Processos classificados de acordo com o tipo de ligante utilizado para obter a coesão entre os grãos de areia. Principal componente: sílica (SiO2) - Depósitos naturais, forma arredondada e granulometria uniforme. - Britagem de rochas ou pedra arenosa, partículas angulares e tamanhos não uniformes. Moldes colapsáveis (descartáveis) - Grande liberdade de formas - Facilidade de moldagem - Baixo custo - Uma moldagem a cada vazamento - Baixa extração de calor - Necessidade de modelo 49 Moldagem Manual (simples, antiga e barata) Automática ou semi-automática - Compactação por vibração - Compactação por vibração e compressão 50 Caixas de moldes e machos: madeira ou metal, recobertos (p. ex.: talco) PROCESSO DISAMATIC VANTAGENS Flexibilidade Simplicidade Baixo custo Grande variedade de tamanhos Reutilização do material 51 LIMITAÇÕES Seções de pequena espessura Geometrias complexas Precisão dimensional Qualidade superficial Erosão do molde MOLDES DE AREIA AGLOMERADOS COM LIGANTES INORGÂNICOS Areia verde Areia seca Barro Silicato de sódio / CO2 Chamote Ester / silicato Silicato de cálcio Ferro-silício (processo N, de Nishyma) Areia cimento 52 Argilas - Água Silicatos - Endurecedores e catalisadores - Reações químicas FUNDIÇÃO EM AREIA VERDE Processo mais utilizado 90% do volume de fundidos em molde de areia Ligas ferrosas e não ferrosas Componentes: areia (75%), argila (Bentonita) (3 a 15%), aditivos diversos e água Não é feita a secagem do molde Evaporação da água (porosidade) Machos: maior resistência - Secas em estufas (150 a 250 ºC) - Areia, água, silicato de sódio, cimento portland, resinas, piche, melaço, etc. 53 FUNDIÇÃO EM AREIA SECA Molde sofre secagem antes do vazamento Estufas: 150 a 300ºC Secagem da superfície interna: - Maçaricos, lâmpadas incandescentes, elementos resistivos ou ar quente. - Espessura seca entre 1 a 3 cm. - Vazamento rápido, para evitar difusão da umidade. Aditivos: óleos vegetais ou derivados de petróleo: aumento da resistência do molde. 54 Secagem proporciona maior resistência à pressão do metal líquido, maior estabilidade dimensional, maior dureza e melhor acabamento das peças. Minimização da porosidade. Peças pesadas e de paredes espessas (cilindros de laminação e engrenagens pesadas). Maior custo, melhor qualidade. MOLDAGEM EM BARRO Bastante utilizado no passado, com aplicação atual Fundidos de grandes dimensões, com superfícies de revolução (sinos, cilindros de laminação, etc.) Areia, argila e água, secagem localizada e vazamento imediato. Processo lento e trabalhoso, não utiliza modelos. Qualidade superficial superior à areia verde. 55 MOLDAGEM EM CHAMOTE Chamote = areia calcinada Moldes e machos com grande resistência mecânica e elevada estabilidade dimensional Bom acabamento superficial (argila com pequena granulometria) Confecção de moldes e machos: similar à areia verde. SILICATO DE SÓDIO / CO2 Utilização de silicatos em moldes de areia: anos 50 SiO2.Na2OH2O: sílica gel (coesão e plasticidade) e sílica vítrea (resistência) Silicato de sódio (Na2SiO3) / gás carbônico: mais popular Areia + silicato de sódio líquido Compactação manual ou por vibração Fluxo de CO2: 56 - Na2O.SiO2.H2O + CO2 H2CO3 + Na2O.SiO2 - Na2O.SiO2.H2O+H2CO3Na2CO2+ SiO2.H2O (sílica gel) Simultaneamente: secagem da sílica gel pela passagem do CO2 seco, gerando sílica vítrea e causando aumento de dureza. Moldes de elevada resistência em curto espaço de tempo. Taxa de gaseificação determina as quantidades relativas de sílica gel e sílica vítrea, o que determina as propriedades do molde. - Excesso de sílica vítrea: excessiva dureza e baixa plasticidade - Excesso de sílica gel: baixa dureza e elevada plasticidade Vazamento deve ser rápido Custo maior do que areia verde Areia não reutilizável 57 Ligas ferrosas e não ferrosas, grande faixa de tamanhos, alta precisão e boa qualidade superficial. ÉSTER / SILICATO Dispensa injeção de gases Agente endurecedor: éster (líquido) Diferentes ésteres: glicerol diacetato, etileno glicol diacetato e triacetato glicerol SiO2.Na2O.2H2O + (CH3COOH.CH2)2 (C2H2OH)2 + 2CH3COOH (ácido acético) SiO2.Na2O.H2O + 2CH3COOH 2CH3COONa + SiO2.2H2O (sílica gel) 58 SILICATO DE CÁLCIO Moldagem em areia fluida (Rússia, anos 60) Areia + silicato de sódio (ligante) + silicato duplo de cálcio (endurecedor) + água + agente espumante Mistura com elevada fluidez, dispensa compactação Dureza homogênea Elevada precisão dimensional dos fundidos Médias e grandes dimensões, ferrosos. PROCESSO FERRO – SILÍCIO, OU PROCESSO N (de Nishyma) Também desenvolvido visando a substituição da injeção de gases para o endurecimento da sílica Fe – Si (80%Si), em pó (grãos de aproximadamente 3 mm), adicionado à areia com silicato de sódio. 59 Silicato e silício reagem (exotérmica), gerandosílica gel e vítrea. H2 gerado pode provocar explosão Processo lento, com moldes de elevada dureza. Aquecimento produz moldes com baixos teores de umidade: fundidos de boa qualidade Moldes de médio a grande porte Pouca utilização industrial AREIA CIMENTO Areia + 8 a 12% de cimento + 4 a 7% de água Dispensa caixas de moldagem, podendo utilizar molduras de madeira Utiliza modelos Cura lenta, pela secagem do cimento (até vários dias) Elevada resistência mecânica Fundidos ferrosos, de grandes dimensões Não pode ser reaproveitado 60 MOLDES DE AREIA AGLOMERADOS COM LIGANTES ORGÂNICOS Óleos vegetais - Elevada resistência mecânica - Fundidos de grandes dimensões Derivados de petróleo Aquecimento em estufas (200 a 300 ºC) Mecanismos de polimerização Ligantes orgânicos de cura a frio (mais recentes) - Moldagem em casca (Shell Molding) - Processo Vacustrat - Processo CLAS - Caixa quente - Resinas de cura a frio - Processo Colshell - Processo Cosworth - Processo Zeus 61 MOLDAGEM EM CASCA (SHELL MOLDING) Areia com resinas polimerizáveis ao calor (fenol-formaldeído, uréia-formaldeído) Modelo metálico (alumínio ou aço) aquecido coberto com areia (200 a 250ºC) Casca de alta rigidez, 1 a 3 minutos, 5 a 10 mm de espessura Moldes bi-partidos Pode ser automatizado Bom acabamento superficial (baixa rugosidade do molde) e precisão dimensional Tamanhos pequenos e médios (0,2 a 200 Kg) Ferrosos e não ferrosos Moldes não reaproveitáveis 62 PROCESSO VACUSTRAT Similar à moldagem em casca Molde sustentado por leito de material granulado No vazamento, fluxo de ar é passado através do leito, gerando diferença de pressão entre interior e exterior do molde, e aumentando a taxa de resfriamento Minimização de defeitos por ruptura do molde 63 Melhoramento das propriedades do fundido, pelo refino de grão devido ao resfriamento mais rápido. PROCESSO CLAS Counter gravity Low pressure casting for Air- melted alloys – Shell Similar à moldagem em casca Aspiração do metal líquido para o interior do molde por vácuo Contra a gravidade Fluxo suave, sem turbulências (evita absorção de gases e inclusões) 64 PROCESSO EM CAIXA QUENTE Mistura de moldagem: - Areia - Resinas a base de álcool furfurílico e/ou fenol - Uréia - Formaldeído - Catalisador ácido Soprada no interior da caixa de moldagem Modelo pré-aquecido Temperatura: 220 a 245 ºC Resina polimeriza (reação exotérmica) - Coesão da areia - Endurecimento do molde - 20 a 30 segundos Utilizado para a fabricação de machos e moldes para ligas ferrosas e não ferrosas. 65 Moldagem em areia com resinas de cura a frio Polimerização do molde Alta resistência e colapsibilidade Menor necessidade de compactação Fundidos grandes e de geometria complexa Tempo de cura reduzido Excelente precisão dimensional e acabamento superficial Catalisadores líquidos ou gasosos Líquidos: - Areia pode ser reaproveitada Gasosos: - Cura acelerada - Taxa de produção elevada - Gases podem ser tóxicos - Requerem equipamentos especiais 66 PROCESSO COLSHELL Catalisador gasoso Areia + resinas moldadas e compactadas por vibração ou vibração e compressão Casca bi-partida montada como em shell molding Pode utilizar modelos de madeira, mais baratos que os metálicos, utilizados em shell molding PROCESSO COSWORTH Areia zirconita (menor coeficiente de expansão linear), de pequena granulometria Catalisador gasoso (SO2) 67 Transferência do metal em atmosfera protegida Sem vazamento (bomba eletromagnética) Fluxo sem turbulência Metal armazenado em bacia antes da inserção do molde (decantação e/ou flutuação de partículas) Bom acabamento e precisão dimensional Areia zirconita tem melhor coeficiente de transferência de calor: refino da estrutura 0,2 a 55 Kg Equipamento caro (produção em larga escala) Ligas de alumínio (principal) e outras de maior ponto de fusão Desenvolvido nos anos 70 para a indústria automobilística 68 PROCESSO ZEUS Semelhante ao Cosworth, porém com areias silicosas Alta precisão em paredes finas (2,0 a 2,5 mm) MOLDES DE AREIA SEM LIGANTES Objetivos: - Minimização de custos - Minimização de gases causadores de porosidade - Eliminação de vapores e poluentes gasosos - Maximizar reciclagem de areia Molde cheio Moldagem a vácuo (Processo V) Moldes congelados Moldagem magnética 69 FUNDIÇÃO EM MOLDE CHEIO Fundição em molde sem cavidade ou processo EPC (evaporative pattern casting): década de 50 Modelo vaporizável (consumível) - Poliestireno - Polimetilmetacrilato expandido Modelo contendo canais recoberto com pintura refratária (superfície interna do molde) Areia moldada manualmente ou por vibração 70 Vazamento do metal líquido: vaporização do modelo; metal adquire forma desejada Variável importante: tempo de vazamento (evitar o colapso do molde) Evaporação do modelo: pequena quantidade de gases. Areia deve ter permeabilidade controlada. Metal com ligeiro superaquecimento Não existe a etapa de desmoldagem do modelo: minimização de defeitos no molde Pelo mesmo motivo: geometrias extremamente complexas são possíveis Alta precisão dimensional Alta qualidade: - Ausência de porosidade - Ausência de defeitos de linha de partição 71 MOLDAGEM A VÁCUO Japão, década de 70 72 Molde bi-partido Película plástica aquecida adquire a forma do modelo por vácuo Preenchimento por areia seca compactada por vibração Segunda película plástica sobre a areia Vácuo na caixa superior: compactação da areia Injeção de ar pelo modelo Vazamento rompe película plástica: remoção de ar e gases Desmoldagem espontânea Modelos de plásticos, madeira ou metal: alta durabilidade Areias silicosas, zirconitas ou cromitas, de pequena granulometria 73 Vantagens: - Baixo custo do material de moldagem - Alta durabilidade dos modelos - Ausência de poluição ambiental - Ausência de defeitos por geração de gases - Eliminação da etapa de desmoldagem - Recuperação quase total da areia Desvantagens: - Alto consumo de energia - Alto custo do equipamento - Controle preciso das variáveis do processo FUNDIÇÃO EM MOLDES CONGELADOS Rússia, década de 70 Areia + água (2 a 6%) ou areia, argila (pouco) e água (bastante) Molde congelado abaixo de zero: alta rigidez e dureza superior a silicato de sódio/CO2 Desmoldagem espontânea, areia 100% recuperável Apropriado a ligas de baixo e médio ponto de fusão 74 MOLDAGEM MAGNÉTICA Modelo consumível (poliestireno) recoberto com granalha de ferro ou areia misturada a granalha de ferro Campo magnético faz com que o molde tome a forma do modelo Campo magnético mantido até o final da solidificação Remoção do campo provoca colapso do molde Areia 100% recuperável75 FUNDIÇÃO EM MOLDES REFRATÁRIOS DIFERENTES DE AREIA Moldes cerâmicos Moldes de gesso Moldes de grafite Moldes de carboneto de silício FUNDIÇÃO EM MOLDES CERÂMICOS Pastas cerâmicas de elevada fluidez Altíssima precisão dimensional Altíssima qualidade de acabamento Um vazamento por molde Considerados processos de fundição de precisão - Cera perdida - CLA - CLV - Replicast - SHAW 76 PROCESSO DE FUNDIÇÃO EM CERA PERDIDA China, 1.700 A.C. (esculturas, ornamentos e jóias) Importância comercial e industrial: década de 40, fabricação de componentes de precisão para a indústria aeronáutica 77 Moldes metálicos, usinados com grande precisão Aquecimento em forno para remoção da cera Vazamento por gravidade, pressão ou centrifugação Desmoldagem por quebra dos moldes Aplicável a qualquer tipo de liga Geometrias complexas e seções reduzidas são possíveis Restrições ao peso dos produtos: poucos quilos Elevado custo de equipamentos, ferramental e mão de obra. PROCESSO CLA Counter gravity Low pressure of Air melted alloys Modelos de cera perdida Preenchimento do molde por aspiração Semelhante a CLAS Aplicado a metais e ligas reativas 78 PROCESSO CLV Semelhante ao CLA, com exceção do metal ser preparado em câmara de vácuo Duas câmaras comunicantes superpostas Inferior: forno Superior: molde Metal aspirado por vácuo, com injeção de argônio na câmara inferior. Aspiração suave proporciona redução na turbulência durante o vazamento: redução de porosidade e inclusões PROCESSO REPLICAST Diferencia-se de processo cera perdida no material do modelo consumível: poliestireno expandido Poliestireno é mais resistente que cera: moldes com cascas mais finas e de maiores dimensões Fundidos de 50 a 100 Kg Aplicados a aços em geral e inoxidáveis 79 PROCESSO SHAW Lama cerâmica composta por diversos agregados finos: alumina, mulita, sílica coloidal (baixa condutividade térmica) Ligantes: etil-silicatos líquidos (álcoois) Pasta vazada sobre o modelo em caixas Elevada fluidez dispensa qualquer método de compactação Cura em 3 a 7 minutos Desmoldagem, seguida de queima por maçaricos, o que gera microtrincas na superfície interna do molde e aumenta a permeabilidade do mesmo, permitindo o escape de gases gerados Molde é levado à estufas, para eliminação de materiais voláteis Processo de precisão que permite os maiores tamanhos de fundidos 80 PROCESSOS COM MOLDES DE GESSO Gesso (CaSO4.H2O), água e aditivos (sílica, asbestos, talco, etc.) Mistura tem alta fluidez, compactado por vibração (eliminação de bolhas) Modelos metálicos, plásticos ou de borracha flexível (grande quantidade de água na mistura de moldagem). Baixa condutividade térmica: preenchimento de seções finas, mínimas tensões residuais e distorções e tamanhos de grãos elevados. Fundição artesanal de jóias e peças ornamentais Aplicação industrial para ligas de alumínio e, com menor frequência, ligas de cobre. Presença de enxofre não permite aplicação para metais ferrosos Fundição convencional em gesso Processo Antioch Fundição de precisão 81 FUNDIÇÃO CONVENCIONAL EM GESSO Molde tratado a 200 ºC para desidratação Moldes de alta resistência mecânica e baixa permeabilidade Baixa permeabilidade exige cuidados adicionais: preenchimento lento e/ou presença de respiros para prevenir a retenção de gases PROCESSO ANTIOCH Semelhante à fundição em gesso convencional Difere quanto ao método de secagem do molde: secagem ao ar, autoclave à pressão de 2 bar, ar novamente e estufa Procedimento de secagem produz cristais globulares de gesso: maior permeabilidade do molde Melhor acabamento superficial 82 FUNDIÇÃO DE PRECISÃO EM MOLDES DE GESSO Modelos de cera, recobertos com gesso Remoção da cera por aquecimento Requer vácuo FUNDIÇÃO EM MOLDES DE GRAFITE Podem ser utilizados para qualquer metal, inclusive reativos. Colapsáveis ou permanentes (menor durabilidade do que moldes metálicos) Oxidação a altas temperaturas e abrasão das paredes (pode ser minimizado por revestimentos à base de etil-silicatos) MOLDES DE CARBONETO DE SILÍCIO Misturas contendo grãos do material, argila, água e carbonato de sódio Moldagem semelhante à areia verde, com aquecimento posterior a 800 ºC Maior condutividade térmica 83 FUNDIÇÃO EM MOLDES METÁLICOS Fabricados em ferro fundido, aços resistentes ao calor, ligas Cr/Ni e Be/Cu Confeccionados por processos de conformação sofisticados (p.ex. eletro-erosão) Requerem alta qualidade de acabamento superficial e precisão dimensional Devem ser providos de canais, marcações de macho, respiros para saída de ar e vapores e alimentadores Devem ser providos de mecanismos de fechamento do molde e de ejeção do fundido Vida útil é função do tipo e Tf da liga 84 Vantagens sobre moldes colapsáveis Alta produtividade (facilidade de desmoldagem) Eliminação das etapas de desmoldagem e limpeza do produto Tempo total de solidificação reduzido (refino de grão por extração de calor) Custo operacional reduzido Desvantagens sobre moldes colapsáveis Custo elevado de moldes e equipamentos Moldes requerem elevada qualidade de confecção Maiores restrições quanto à geometria Limitado a materiais de reduzida taxa de contração (coquilha não colapsável: trincas no fundido) Custo inicial elevado + custo operacional baixo: utilização para altas taxas de produção (sistemas automatizados) 85 Processos classificados de acordo com o modo de preenchimento do molde Fundição por gravidade Fundição sob pressão - Injeção em câmara quente - Injeção em câmara fria - Processo Acurad - Injeção em atmosfera controlada - Fundição em baixa pressão Fundição a vácuo Fundição por compressão Processos envolvendo centrifugação - Fundição por centrifugação total - Fundição por centrifugação parcial - Preenchimento por centrifugação 86 FUNDIÇÃO POR GRAVIDADE Técnica (ciclo de operação) Preparo do molde: limpeza com jatos de ar ou escova; aspersão de lubrificantes e/ou revestimentos Controle da temperatura Montagem dos machos (refratários ou metálicos) Vazamento, pela parte superior ou por canais que dão entrada ao líquido pela parte inferior Abertura para extração do produto (o mais rápido possível para que as contrações do resfriamento não sejam restringidas pelo molde não colapsável) Início de um novo ciclo 87 Confecção da coquilha: Geralmente por fundição e usinagem de ferro fundido ou aço forjado - Ligas Cr/Ni: ligas de maior P.F. - Ligas Be/Cu: ligas de Cu Confeccionados em partes desmontáveis e facilmente encaixáveis Na confecção devem ser considerados a expansão e contração térmicas do material do molde (coquilha) As paredes do molde não devem apresentar espessuras muito dissimilares, de modo a minimizar os gradientes térmicos 88 Utilização Adequado a médios e altos volumes deprodução, principalmente ligas não-ferrosas Fundidos com espessuras de parede não muito dissimilares Não indicado para produtos com espessuras de parede inferiores a 7 mm (elevada extração de calor) Geometrias simples Limites de pesos típicos: - Ligas de Al: 70 Kg - Ligas de Mg: 25 Kg - Ferros fundidos: 15 Kg - Ligas de Cu: 10 Kg Qualidade do produto Superior a moldagem em areia Estrutura mais refinada e com menos porosidade 89 FUNDIÇÃO SOB PRESSÃO Vazamento sob pressão: garante o total preenchimento do molde Pressões da ordem de até 70 Kgf/cm2, mantidas até o final da solidificação Moldes confeccionados com ligas especiais - Resistência à temperatura e abrasão - Aços Cr, aços ferramenta Pode-se produzir mais de uma peça a cada ciclo Machos metálicos ou refratários Molde e câmara de injeção pré-aquecidos e revestidos com lubrificantes Produtos - Alta qualidade superficial e precisão dimensional - Paredes finas e geometrias complexas - Estrutura refinada, boas propriedades mecânicas 90 Limitações - Alto custo de equipamentos e ferramental - Não permite a fabricação de fundidos com cavidades complexas - Limites quanto às dimensões - Forte turbulência no preenchimento do molde pode levar à porosidades e inclusões Aplicações - Ampla aplicação comercial para médias e altas taxas de produção, com fundidos de pequenas e médias dimensões - Ligas de Al, Cu e Zn - Facilidade de automação: altas taxas de produção - Alta produtividade, reduzido custo operacional e alta qualidade Variações do processo Injeção em câmara quente Injeção em câmara fria Processo Acurad Injeção em atmosfera controlada Fundição a baixa pressão 91 PROCESSO DE INJEÇÃO EM CÂMARA QUENTE Antigo: Uso comercial significativo nos anos 50, pouco utilizado atualmente Câmara de injeção imersa no líquido 92 Operação: Câmara preenchida com metal líquido Pistão desce impulsionando o metal para o molde Metal preenche a cavidade do molde Pistão retrocede para a posição inicial Pressões reduzidas: 0,2 a 3 Kg/cm2 Equipamento com reduzida vida útil Restrito a metais de baixas Tf (Zn, Pb, Sn) Adequado a ligas reativas, tais como Mg, pois previne o contato com a atmosfera 93 PROCESSO DE INJEÇÃO EM CÂMARA FRIA Unidades de injeção e de manutenção do líquido são independentes Operação Metal é transferido da panela para a câmara de pressão próximo ao molde A alimentação do líquido na câmara de injeção pode ser manual ou com braços mecânicos O pistão impulsiona o metal para a cavidade do molde Pistão: vertical ou horizontal Pistão vertical: menor turbulência, menor contaminação do fundido com óxidos provenientes da superfície do metal em contato com o pistão Pistão horizontal: mais popular 94 Pressões maiores do que no processo de injeção em câmara quente Pressão de trabalho é função do tipo de metal, espessura de parede, etc. (varia entre 3 a 20 Kgf/cm2) Turbulência maior do que no processo câmara quente Aplicação: Taxas elevadas de produção: 150 – 250 ciclos/hora (pode chegar a 500 ciclos/hora) Permite maiores temperaturas de trabalho: pode-se fundir ligas de Al, Mg, Cu e aços Vida útil dos moldes Elevada Construídos em aços especiais (severas condições de trabalho) MATERIAL (ligas) VIDA ÚTIL (ciclos) Alumínio 20.000 Cobre 100.000 Magnésio 300.000 Zinco 1.000.000 95 96 PROCESSO ACURAD Aperfeiçoamento do processo de injeção em câmara fria com movimento horizontal do pistão Objetivo: aumentar a densidade do produto e reduzir inclusões Sistema de injeção com 2 pistões concêntricos, com movimentos independentes Operação: Início da compressão: pistões atuam simultaneamente Iniciada a solidificação, forma-se casca externa, em contato com o molde, impedindo o movimento do pistão externo Pistão interno avança, pressionando o líquido Aplicado a blocos de cilindros de motores de automóveis, em ligas de Al-Si hipereutéticas 97 PROCESSO DE INJEÇÃO EM ATMOSFERA CONTROLADA Processo a oxigênio, “pore free process” Objetivo: resolver o problema da porosidade em produtos injetados Pesquisas na década de 80: - Porosidade é resultado da retenção de H e N - Ausência de O2, consumido em reação com o metal líquido Hipótese: substituição do ar no molde por O2 Resultados: - Fundido com reduzida e fina dispersão de óxidos, o que não compromete as propriedades mecânicas - Redução da pressão de fechamento dos moldes à metade: redução dos custos operacionais Cuidados especiais quanto aos lubrificantes 98 - Óleos e graxas são explosivos na presença de O2 puro - Utilização de grafite coloidal em suspensão aquosa PROCESSO INJEÇÃO À VÁCUO Variante do processo de injeção em atmosfera controlada: substituição do O2 por vácuo Permite maior redução da pressão Permite redução de espessuras de parede do fundido (30% em relação ao O2) Moldes especiais projetados para utilização com vácuo Dispositivos de segurança para impedir a entrada de metal líquido na bomba de vácuo 99 FUNDIÇÃO A BAIXA PRESSÃO Utilização comercial significativa a partir da década de 80. Etapas: Molde é colocado sobre panela contendo metal líquido Mantido fechado por pressão hidráulica Líquido é forçado para dentro do molde por ação de gases (inertes ou ar comprimido) pressurizados sobre o metal líquido Pressão é mantida até a solidificação da peça No alívio da pressão: refluxo de líquido para o banho Vantagens: Não solidifica canais: eliminação de operações de corte Menor custo inicial e operacional do que injeção Melhor qualidade do que gravidade Fundido livre de poros e óxidos 100 Problema: Pressão reduzida pode ocasionar mal acabamento e defeitos de preenchimento em fundidos de paredes finas Pressões utilizadas: Da ordem de 0,4 Kg/cm2 para impulsionar o metal 30 Kg/cm2 para fechamento do molde Utilizado principalmente para ligas de Al (5 a 25 Kg), e também para ligas de Mg, Cu e alguns aços 101 FUNDIÇÃO A VÁCUO – PROCESSO VACURAD Desenvolvimento: década de 80 Etapas: Montagem do molde semelhante a de fundição a baixa pressão Molde é colocado sobre panela contendo metal líquido Conexão é feita por canais imersos no banho: possibilidade de utilização de vários canais simultaneamente Preenchimento se dá por sucção Fluxo do líquido ascendente e não turbulento: - Fundidos livres de óxidos e gases - Produtos de alta densidade 102 FUNDIÇÃO POR COMPRESSÃO União soviética: anos 60 Conhecido como forjamento líquido Permite geometrias complexas e a obtenção de produtos de altas densidades, típicas de forjados 103 Características: Metal líquido é vazado em molde pré- aquecido, na quantidade apropriada Moldes bi-partidos (macho-fêmea) Moldes fechados, pressão mantida durante a solidificação Manutenção da pressão durante a solidificação: - Otimização do contato metal/molde - Elevadaprecisão dimensional - Alta taxa de resfriamento (refino de grão) Não há necessidade de canais e alimentadores Pressões da ordem de 150 a 300 Kg/cm2, função do tipo de liga, geometria e propriedades desejadas Ferramental e equipamento de elevado custo para fundição, mas de reduzido custo para forjamento Parâmetros de controle: Pressão, tempo de compressão e temperaturas (líquido e molde) 104 Fundidos de geometrias mais complexas e de paredes mais finas do que fundição por gravidade e forjamento Produtos de maior densidade e granulação mais fina Aplicado a ligas ferrosas e não ferrosas de composições típicas de fundição e forjamento Ampla aplicação comercial para ligas de Al (35 a 100 Kg) Também aplicado à fabricação de compósitos 105 PROCESSOS ENVOLVENDO CENTRIFUGAÇÃO Princípio conhecido desde o século XIX Metal líquido é vazado no eixo de rotação de moldes submetidos à rotação Metal solidifica sob a ação da pressão resultante das forças de centrifugação Não há necessidade de alimentadores, canais e machos Moldes metálicos (mais comum), podendo ser também de areia e casca Produtos: Livres de inclusões, de porosidades devido à retenção de gases e de impurezas mais leves do que o metal Bom acabamento superficial, ausência de defeitos de preenchimento e reduzidos vazios de contração Densidade e resistência mecânica similares à de forjados Processos aplicados a ligas ferrosas e não ferrosas 106 FUNDIÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO TOTAL Também conhecido como processo De Lavaud Utilizado para a fabricação de produtos tubulares O metal é vazado em um molde tubular que gira sobre o seu próprio eixo, geralmente na posição horizontal A força centrífuga promove o contato metal/molde Características O metal é vazado continuamente no molde em rotação, até a obtenção da espessura desejada A rotação (força, pressão) é mantida até o final da solidificação No caso de tubos de comprimentos maiores, o molde é movimentado na direção oposta à alimentação, de modo a produzir desmoldagem contínua Rotações de 1300 a 2000 rpm 107 Moldes: Moldes tubulares metálicos, com ou sem revestimentos cerâmicos (moldes sem revestimentos devem ser refrigerados a água) Areia com aglomerantes para conferir elevada resistência mecânica, tais como areias de macho. O comprimento e o diâmetro externo do tubo são funções das dimensões do molde 108 O diâmetro interno do tubo é função do volume de metal vazado e da velocidade de rotação. Aplicações: Fabricação de tubos em geral Mancais de bronze Tubos de aços ao Cr e ao Ni para aplicação em indústria petroquímica Amplamente utilizado para tubos de ferro fundido - Até 1200 mm de diâmetro - 5000 mm de comprimento - 6 mm de espessura de parede 109 FUNDIÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO PARCIAL Empregado para fundidos de grandes dimensões que apresentem eixo de simetria (por exemplo: rodas e engrenagens) Molde posicionado verticalmente e girado em torno de seu eixo de simetria Metal líquido vazado por um canal central, preenchendo um alimentador Do alimentador central, o líquido é impulsionado para a cavidade do molde, pela ação da força centrífuga A geometria do fundido é definida pela cavidade do molde: necessária utilização de machos Velocidades de rotação inferiores às da centrifugação total: 200 a 500 rpm 110 PREENCHIMENTO POR CENTRIFUGAÇÃO Semelhante à centrifugação parcial Diferença: o molde é constituído por diversas cavidades, montadas em torno de um canal e um alimentador O canal central coincide com o eixo de rotação do conjunto O metal é vazado no molde em rotação: força centrífuga promove o preenchimento das cavidades a partir do alimentador Rotação mantida até o final da solidificação Permite a produção de várias peças simultaneamente Pode ser aplicado para a produção de fundidos de pequenas dimensões 111 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA SOLIDIFICAÇÃO Solidificação em fundição: - Transferência de calor do metal vazado para o molde/meio ambiente - Velocidade de extração depende dos gradientes térmicos e das condutividades térmicas do sistema - Velocidade de extração de calor influencia a taxa de nucleação, tamanho de grão, velocidade de solidificação e produtividade do processo. 112 113 MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR - Irradiação e convecção (transitórios) - Condução (permanente) Vazamento: metal superaquecido (na prática: 110% tf) - Dissipada por convecção no início da solidificação 114 Fluxos de calor e balanço térmico Sistema de coordenadas temperatura x distância 115 X = distância de um ponto qualquer à interface metal/molde S = espessura do metal solidificado em um instante qualquer v = velocidade de solidificação do metal Tf = temperatura de fusão do metal, uniforme em todo o líquido To = temperatura externa do molde, constante durante o processo Ts = temperatura em um ponto qualquer do metal sólido Tm = temperatura em um ponto qualquer do molde Tis = temperatura do metal junto à interface metal/molde Tim = temperatura do molde junto à interface metal/molde Ti = temperatura de equilíbrio da interface metal/molde 116 Hipóteses simplificadoras - A solidificação se inicia sem superaquecimento do metal - A interface sólido/líquido apresenta superfície macroscopicamente plana, ou com pequena curvatura - A temperatura externa do molde não apresenta variação de temperatura - O perfil térmico do metal sólido é descrito por uma reta - As propriedades físicas do metal e do molde independem da temperatura. Propriedades do metal consideradas em um ponto próximo à sua temperatura de fusão; do molde, à temperatura ambiente. 117 MOLDES REFRIGERADOS A ÁGUA Paredes ocas, com circulação de água sob pressão Resistência térmica do molde considerada nula Velocidade de circulação de água: 1000 a 2000 cm/s Acima: equipamento excessivamente caro Abaixo: risco de explosão 118 Extração de calor é favorecida se a superfície do molde apresentar melhores condições de contato com o metal (molde polido). A velocidade de resfriamento é maior, bem como a velocidade de solidificação. 119 MOLDES DE AREIA OU REFRATÁRIOS Maior aplicação - Grande capacidade de moldagem - Grande liberdade de formas e geometrias - Menor capacidade de extração de calor Mais utilizado: molde de areia - Menor custo - Utilização de aglomerantes - Permeável a ar e gases - Maior resistência térmica: molde (resistências do metal sólido e da interface desprezíveis) 120 MOLDES METÁLICOS OU COQUILHAS Caso intermediário entre molde refrigerado a água e moldes refratários Liberdade de formas limitada Custo maior Maior vida útil 121 122 Efeito da geometria e espessura do molde no tempo de solidificação Geometrias simples: determinada matematicamente Geometrias complexas:empiricamente 123 LINGOTAMENTO CONTÍNUO Melhoramento e uniformização da qualidade metalúrgica do lingote Primeiras patentes: século XIX. Aplicação industrial: 1930 (alumínio) e 1950 (aço) Transferência de calor ocorre em 3 estágios - Refrigeração primária (molde refrigerado a água) - Refrigeração secundária (jatos de água na superfície do lingote) - Esfriamento livre (convecção e irradiação) Aço exige maior tempo para solidificação Transformação no estado sólido criaria tensões superficiais e trincamentos Solidificação primária cria parede sólida para conferir resistência mecânica ao lingote (S1 = 0,1 L) Velocidade de extração do lingote: 0,1 a 0,2 cm/s 124 125 FORNOS PARA FUSÃO DE METAIS Grande variedade de fornos Requisito básico: elevar a temperatura do metal até a temperatura de vazamento, em um tempo razoável e com eficiência econômica. Tipos de fornos: - Forno de cadinho - Forno de reverberação - Forno de indução - Forno de resistência elétrica - Forno a arco elétrico 126 FORNO DE CADINHO Aquecimento pela combustão de gás, óleo combustível ou carvão Cadinhos confeccionados de grafita e argila ou carbeto de silício e carbono Utilizados para a fundição de ferro, aço, ligas de alumínio, magnésio e cobre Temperaturas da ordem de 200 a 1.400 ºC Capacidades entre 10 a 1000 Kg Velocidades de fusão entre 10 a 100 Kg/h Forno de cadinho a gás 127 forno de cadinho a carvão Forno de cadinho basculante 128 FORNO DE REVERBERAÇÃO Ação direta da chama sobre o metal Amplamente aplicado na fundição de não- ferrosos Capacidades de 50 a 5.000 Kg Velocidades de fusão até 10.000 Kg/h Temperatura de trabalho: 600 a 1650 ºC Forno rotatório: maior eficiência térmica e desgaste mais uniforme do revestimento refratário Utilizado para ferros fundidos cinzentos ligados e maleáveis, ligas de cobre e de alumínio 129 Capacidades: 500 a 25.000 Kg Velocidade de fusão até 5.000 Kg/h Temperaturas de trabalho entre 800 a 1.500 ºC Desvantagem: perdas por oxidação elevadas (contato direto com a chama) 130 FORNO DE INDUÇÃO Princípio de funcionamento: indução de correntes parasitas (correntes de Foucault) Profundidade de penetração de corrente (S) é função da frequência da corrente (S/√f = cte) Equipamentos de baixa, média (2 a 10 kHz) e alta (450 kHz) freqüências 131 FORNO DE RESISTÊNCIA ELÉTRICA Aquecimento por efeito Joule Transferência de calor por convecção e radiação FORNO A ARCO ELÉTRICO Utiliza o calor gerado por um arco elétrico para a fusão do metal Utilizado principalmente para a fusão de aços Capacidade até 100.000 Kg Velocidade de fusão até 40.000 Kg/h Temperaturas de trabalho entre 1250 e 1750 ºC 132 Forno a arco indireto: - Transmissão de calor por radiação e convecção - Capacidade: 100 a 2000 Kg - Velocidade: 1000 Kg/h - Temperatura: 1000 a 1750 ºC Utilizado para a fusão de pequenas quantidades de ferro-ligas e ligas de cobre 133 SEGREGAÇÃO E DEFEITOS Segregação: heterogeneidade composicional (química) Defeitos: heterogeneidades estruturais Microssegregação: pequeno alcance Macrossegregação: maior extensão Tipos de segregação Microssegregação Macrossegregação Celular Dendrítica Em contorno de grão Por gravidade (antes da solidificação) Durante a solidificação: - Normal - Inversa - Por densidade - Por fibragem 134 A segregação tem como efeito prático a heterogeneidade de propriedades do material. A correção deste problema se dá por tratamentos térmicos de homogeinização, realizados dentro de uma faixa de temperaturas compreendendo de 0,8 a 0,9 Tf, o que favorece a difusão atômica. Microssegregação - Celular - Dendrítica - Em contorno de grão A HOMOGEINIZAÇÃO É OBTIDA COM MAIOR FACILIDADE 135 SEGREGAÇÃO CELULAR A solidificação celular ocorre para baixos níveis de super-resfriamento constitucional (redução do super-resfriamento) SEGREGAÇÃO INTERDENDRÍTICA Variação na concentração de soluto entre o centro e a região externa da ramificação dendrítica (coring). Em casos extremos, este tipo de segregação pode gerar maiores quantidades de segundas fases do que o previsto nos diagramas de equilíbrio. 136 A heterogeneidade química é mais severa ao longo da seção transversal e entre as dendritas primárias. Fator importante: Espaçamento interdendrítico (). Quanto maior o espaçamento, mais difícil será a homogeinização por tratamento térmico. Espaçamentos grosseiros ( 500 m) exigem um tratamento térmico a 1.200 ºC por 300 horas para produzir uma redução significativa no coring de aços. A redução do tempo de resfriamento tem efeitos extremamente benéficos na minimização deste tipo de microssegregação, pela diminuição do espaçamento interdendrítico, o que beneficia grandemente as propriedades mecânicas do fundido. 137 SEGREGAÇÃO EM CONTORNO DE GRÃO Duas situações: Contorno paralelo à direção de solidificação - Profundidade média da cavidade: 10 m - Super-resfriamento constitucional favorece o fenômeno - Pode ocorrer para qualquer tipo de interface sólido-líquido, exceto planar 138 Encontro de interfaces com direções de crescimento convergentes - Concentrações de soluto extremamente elevadas - Em alguns casos pode ser considerada como macrossegregação 139 MACROSSEGREGAÇÃO Longo alcance Variações na interface sólido-líquido Movimento do líquido na zona pastosa Segregação por gravidade Diferenças na densidade dos componentes do metal ou de diferenças localizadas de temperatura, que indiretamente geram diferenças de densidade. Ocorre nos momentos iniciais da solidificação A ocorrência de fases intermetálicas ou inclusões pode agravar o fenômeno, pela maior densidade destes componentes A convecção do líquido no interior do molde pode minimizar grandemente a decantação de componentes de maior densidade, minimizando este problema. O mesmo ocorre com a agitação forçada do líquido. 140 Segregação normal Também denominada segregação por empurramento de soluto Típica de concentrações de soluto que proporcionem interfaces sólido líquido do tipo planar Segregação inversa Condições que favoreçam o crescimento dendrítico pronunciado Aprisionamento do líquido entre os grãos Uma das maneiras de minimizar este problema seria a utilização de moldes não refratários, que aumentariam o super-resfriamento térmico na superfície de contato do líquido com o molde, favorecendo a nucleação. 141 Fluxo de líquido induzido por densidade Durante a solidificação, se a fração de líquido remanescente tiver sua densidade aumentada, o fundido apresentará variaçõescomposicionais no sentido vertical da peça, com a porção de maior densidade se posicionando na porção inferior do fundido. Fibragem dos aços Também conhecido como segregação em bandas Ocorre para altos níveis de super-resfriamento constitucional Alta concentração de soluto na interface sólido-líquido Variações de extração de calor Baixa velocidade de difusão Regiões paralelas à interface enriquecidas de soluto 142 DEFEITOS Bolhas e vazios Gotas frias Trincas de contração Rebarbas Inclusões de óxidos Cavidades de contração e rechupes Alimentação insuficiente BOLHAS E VAZIOS Cavidades esferóides ou alongadas 143 Fatores - Aprisionamento de ar durante o vazamento do metal - Geração de gás pela reação do metal líquido com o molde ou macho - Reações químicas no metal líquido - Rejeição de gás durante a solidificação De forma geral, a correção de defeitos se dá pela atuação sobre as suas causas. 144 GOTAS FRIAS Este defeito tem forma planar e é gerado pelo encontro de duas frentes de metal líquido com temperatura insuficiente para promover o coalescimento das duas superfícies. TRINCAS DE CONTRAÇÃO Também conhecidas como trincas de solidificação, gotas quentes ou rasgos. Típicas de ligas com grandes intervalos de solidificação (zonas pastosas) 145 REBARBAS Saliências em torno da linha de partição do molde ou em trincas existentes no molde ou no macho Defeito associado: junção cruzada INCLUSÕES DE ÓXIDOS Aprisionamento no interior do metal de óxidos ou materiais estranhos ao metal Via de regra está relacionado à problemas operacionais (falta de limpeza do molde, cadinhos sujos, etc.) CAVIDADES DE CONTRAÇÃO E RECHUPES Defeito relacionado à contração dos metais na mudança de fase líquido/sólido O dimensionamento correto de canais de alimentação e massalotes auxilia na correção deste defeito. 146 ALIMENTAÇÃO INSUFICIENTE Relacionado à falta de preenchimento do molde pelo metal líquido. Baixa fluidez do metal líquido Mau projeto do molde DEFEITO CAUSA BÁSICA SOLUÇÕES PRÁTICAS SOLUÇÕES DE PROJETO Bolhas e vazios Oclusão de gases (a) Aumento dos canais (b) Eliminação de materiais que possam gerar gases (c) Desgaseificação Evitar sistemas de alimentação que proporcionem altas velocidades de fluxo Gotas frias Defasagens direcionais dos fluxos de metal líquido (a) Aumento da velocidade de vazamento (b) Pré-aquecimento do molde Fazer novos arranjos dos sistemas de corrida e de entrada, e evitar mudanças abruptas de seção Trincas de contração Destacame nto do metal sob tensão térmica (a) Uso de moldes colapsáveis (b) Controle de gradientes térmicos com resfriadores Nenhuma Rebarbas Fluxo de líquido na junção do molde (a) Diminuição da temperatura de vazamento (b) Aumento da fixação das caixas do molde Nenhuma Inclusões Aprisionam ento de materiais estranhos Maior cuidado e limpeza durante a operação de vazamento Nenhuma Cavidades e rechupes Falta de alimentaçã o do material (a) Promoção de solidificação direcional por controle do fluxo de calor (b) Aumento da temperatura de vazamento Recompor o sistema de alimentação e alívio, principalmente os massalotes Falta de alimentação Baixa fluidez Aumento da temperatura de vazamento Reconsiderar posição, tamanho e número de portas de entrada e alívio 147 SIDERURGIA SIDERURGIA: s.f. 1. Metalurgia do ferro e do aço. 2. Arte de ferrador. (Sin.: Siderotecnia) METALURGIA: s.f. Conjunto de tratamentos físicos e químicos a que se submetem os minerais para se extraírem os metais, devidamente purificados e beneficiados. Fonte: Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa Bibliografia complementar: Campos Filho, M. P. Introdução à Metalurgia Extrativa e Siderurgia. Rio de Janeiro: LTC Editora S.A., 1981, 153 p. Fe na natureza: Óxidos Hematita (vermelha): Fe2O3 Limonita (marron): Fe2O3.H2O Magnetita (negra): Fe3O4 148 Extração do metal: 2 etapas Beneficiamento e redução Beneficiamento: - Fragmentação - Classificação (tamanho) - Concentração (separação) Operações de fragmentação Minério bruto: fragmentos amorfos, dimensões variadas. Etapas: britagem, trituração, moagem e pulverização. Operação de fragmentação Dimensões médias dos fragmentos (cm) Potência (kWh/ton) Entrada Saída Britagem 150-50 30-10 0,2-0,5 Trituração 30-10 5-1 0,5-2 Moagem 5-1 0,5-0,2 2-10 Pulverização 0,5-0,2 <0,005 >100 149 Classificação Os fragmentos de minério precisam ser separados ou classificados em função do tamanho das partículas obtidas. Para tanto, são utilizadas duas técnicas: peneiramento e sedimentação. O peneiramento consiste da separação mecânica dos fragmentos com o auxílio de reticulados metálicos com tamanhos decrescentes (peneiras). É importante notar que a eficiência deste método diminui com a diminuição das aberturas dos reticulados. Por este motivo, este método só é utilizado para separar partículas relativamente grandes, com até 10-1 mm. Tamanhos menores são separados por sedimentação. 150 A sedimentação se baseia na diferença de velocidade de decantação em função do diâmetro das partículas. Geralmente o fluido utilizado é a água. Concentração O objetivo das operações de concentração é separar os diferentes componentes, baseando-se em suas diferentes propriedades físicas. Desse modo, ao final desta etapa, é obtido um produto, denominado concentrado, no qual o principal minério tem concentração maior do que no início do processo. A 151 concentração pode ser realizada com as seguintes técnicas: - Flotação: separação pela diferença na tensão superficial - Separação gravitacional - Separação magnética - Separação eletrostática - Espessamento e filtragem - Limpeza gasosa Redução - Preparação: aumento da concentração do composto metálico no minério. Ex.: secagem, calcinação ou sinterização. - Redução: remoção do oxigênio - Refino 152 Siderurgia – caso particular de pirometalurgia. Redução dos compostos metálicos: 2 métodos básicos Reação com agente redutor, com maior afinidade química pelo oxigênio ou pelo radical. Exemplo: FeO + C Fe + CO() 153 Dissolução do composto metálico em solvente adequado (solução aquosa ou sal fundido) formando solução eletrolítica e posterior eletrólise, com deposição de íons metálicos. Exemplo: CuSO4 Cu++ + SO4-- Deposição no cátodo: Cu++ + 2e Cu 154 PRODUÇÃO DO FERRO FUNDIDO E DO AÇO 1a Etapa: Obtenção do ferro bruto, com 90% de pureza (ferro gusa) 155 REDUÇÃO EM ALTO-FORNO Agente redutor: carbono Alto-Forno: Reator tubular vertical Alimentação com carga sólida na parte superior e ar pré-aquecido na parte inferior Carga sólida Minério de ferro: Geralmente na forma de pelotas sinterizadas Fundente:
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