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Artigos Crioterapia

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Crioterapia
Autoras: Joyce Vieira Estima de Oliveira
Sílvia Helena Rebelato Vigatto
Laura Marchiori Zaguette
Marcela Tofoli Voltarelli
Ana Maria Ficher
Professoras Orientadoras: Ms. Giovana de Cássia Rosim*
Gisela Naif Caluri
Centro Universitário Anhanguera - Câmpus Leme
Resumo
Introdução
A crioterapia é um método utilizado há mais
de cem anos e consiste na aplicação do frio (gelo,
água gelada ou equipamentos de resfriamento)
para o tratamento de lesões agudas. É
comumente utilizada por fisioterapeutas no auxílio
do tratamento de diversas patologias.
Basicamente, o frio limita hemorragias e a
formação de edemas por meio da
vasoconstrição, além de ser capaz de
proporcionar analgesia e reduzir o espasmo e a
espasticidade dos músculos por meios discutidos
neste presente artigo. Os objetivos dos autores
foram revisar a literatura concernente ao assunto
e chamar a atenção para as diferentes formas de
aplicação da crioterapia em reabilitação, além
de discutir seus efeitos, indicações e contra-
indicações. Para isso, foi realizada pesquisa em
bases de dados computacionais e pesquisa
pessoal para selecionar a literatura relevante
contendo as palavras-chave crioterapia, gelo,
frio, aplicação e terapia. Com esse artigo de
revisão, os autores proporcionaram um melhor
entendimento dos efeitos e dos mecanismos de
ação do frio perante os tecidos biológicos, além
de discutirem as formas de aplicação da
crioterapia. Também puderam constatar ser esta
uma técnica eficiente e de fácil manuseio,
podendo ser utilizada tanto no auxílio dos
tratamentos fisioterapêuticos quanto nas lesões
do dia-a-dia, desde que se tenha pleno
conhecimento da interação do frio com os tecidos
biológicos. Caso contrário, a aplicação errônea
da crioterapia, principalmente quando distúrbios
vasculares estão envolvidos, pode acarretar
sérios prejuízos a saúde do paciente.
Palavras-chave: Crioterapia; gelo; frio;
fisioterapia.
* Bolsista
FUNADESP
A crioterapia consiste na aplicação do frio
(gelo, água gelada ou equipamentos de
resfriamento) para o tratamento de lesões agudas.
Os músculos produzem calor e quando
são expostos ao frio, surge a necessidade de
aumentar a produção de calor e,
subseqüentemente, o tono muscular é
aumentado. A crioterapia alivia o espasmo e a
espasticidade muscular, combina-se eficazmente
com a reeducação muscular que utiliza técnicas
de facilitação neuromusculares proprioceptivas.
Além disso, diminui o risco de hemorragia e a
formação de edemas por meio da vasoconstrição
e, proporciona uma analgesia local, reduzindo a
dor do paciente.1,2,3
Embora a exposição de uma determinada
área ao frio provoque a vasoconstrição esperada,
esta é seguida de uma vasodilatação significativa
e por ondas subseqüentes de diminuição e
aumento do fluxo sanguíneo local.4
O efeito analgésico do gelo começa em
torno de 15 minutos depois de iniciada a
aplicação, podendo durar até 30 minutos após
esta ser encerrada.5 O estímulo breve do gelo
sobre o músculo provoca a contração muscular,
podendo nas crianças de tenra idade, substituir
o estímulo elétrico no tratamento das paresias.2,5
32
Objetivo
Este trabalho visa mostrar as diferentes
formas de aplicação da crioterapia, seus efeitos,
suas indicações e contra-indicações, mostrando
que esta é uma técnica de fácil manuseio,
podendo ser utilizada tanto como tratamento
fisioterápico, quanto em lesões do dia-a-dia.
Nosso maior objetivo é informar a utilização
correta da crioterapia, de uma forma simplificada.
Metodologia
Para apresentarmos os benefícios e
métodos da crioterapia neste artigo foi realizada
pesquisa em bases de dados computacionais e
pesquisa pessoal, destacando as palavras-chave
crioterapia, gelo, frio, aplicação e terapia.
Métodos de tratamento
Os métodos mais utilizados na crioterapia
são:3,4,6
Bolsas Frias - a temperatura de
armazenamento deve ser de aproximadamente
- 5ºC por pelo menos 2 horas antes do uso. As
bolsas frias se mantêm a uma temperatura baixa
o suficiente por 15 a 20 min. Se um tratamento
mais prolongado for necessário, devemos
substituir por uma outra bolsa.
Panqueca Fria - para se preparar uma
panqueca fria devemos molhar uma toalha em
água fria e adicionar, dentro dela, gelo moído e
dobramos em forma de uma panqueca.
Massagem com Gelo - é feita geralmente
sobre uma área pequena, sobre um músculo ou
um tendão. A água é congelada em copo de
papel para facilitar o manuseio do gelo pelo
terapeuta. Outra alternativa seria colocar um
palito no copo com água e teria assim o formato
de um “pirulito”. O gelo é aplicado sobre a pele
em movimentos circulatórios ou no sentido de
“vai-e-vem”. Durante a massagem com gelo o
paciente experimentará provavelmente quatro
sensações distintas incluindo frio intenso,
queimadura, dor e então analgesia.
Spray de Vapor Frio - este spray é usado
nas lesões de atletismo, para o tratamento de
dor miofascial, movimento restrito e espasmo
muscular.
Pacote de Gelo - devemos moer o gelo
e, após colocarmos dentro de sacos plásticos,
retiramos o ar e fechamos em seguida. O pacote
poderá ser fixado ao local da aplicação por faixas
ou ataduras de crepe.
Banho de Imersão - utiliza-se um balde
com água e cubos de gelo. Imerge-se a região a
ser tratada durante 5 a 10 minutos, alternando-
se as imersões até 30 minutos.
Banho de Contraste - consiste numa
alternância entre o calor e o frio, onde os
objetivos são vasomotores, isso é, alterações
circulatórias que o frio e o calor promovem nos
tecidos. É realizado em dois recipientes, um deles
contendo uma mistura de gelo e água, e o outro
com água quente numa temperatura que varia
de 40ºC a 45ºC. A água quente deve ser iniciada
com duração de 5 min. para promover uma
vasodilatação. Em seguida deve ser usado o frio
que provocará uma queda imediata da
temperatura subcutânea e profunda. Devemos
terminar a técnica utilizando o frio com duração
de 3 min. com o objetivo de resfriar os tecidos e
reduzir as necessidades metabólicas dos mesmos
(FIGURAS 1 E 2).
33
Gelo, Compressão e Elevação - essa
técnica é usada universalmente nos cuidados
imediatos das lesões agudas no esporte. Além
dos efeitos da crioterapia temos os efeitos da
elevação e compressão. A compressão é feita
por faixa elástica ou por aparelhos como o Polar
Care®. A compressão atua aumentando a
pressão externa dos vasos, ajudando no controle
da formação do edema. A elevação atua
diminuindo a pressão hidrostática capilar, baixa
a pressão de filtração capilar, diminuindo o
edema (FIGURA 3).
Polar Care® - aparelho usado na
crioterapia, que além do resfriamento
proporciona uma compressão local
(FIGURA 4).
Conclusão
A crioterapia é indicada no tratamento de
entorses da região lombar (precoces); doenças
cervicais dolorosas; ombro doloroso (bursite);
músculo pré-distendido; relaxamento do
espasmo muscular e hemorragias. Suas contra-
indicações são quando há distúrbios da
sensibilidade; insuficiência circulatória;
hipersensibilidade ao gelo; doença vascular
periférica e vaso espasmos. Devemos tomar
cuidado com doenças cardíacas; hipertensão;
áreas sob gordura subcutânea espessa; perto de
nervos superficiais e com doenças respiratórias.
Este é um método eficiente em casos de lesões
e dores agudas, sendo uma técnica de fácil
manuseio, podendo ser utilizada tanto no auxílio
dos tratamentos fisioterapêuticos quanto nas
lesões do dia-a-dia. Porém se não houver o
entendimento necessário, pode-se agravar o
quadro clínico do paciente, principalmente
quando distúrbios vasculares estão envolvidos.
Referências Bibliográficas
1 SHESTACK, R. (1987) Fisioterapia Prática. São
Paulo-SP: Editora Manole, p.50 - 2.
2 UMPHRED, D. A. (1994) Fisioterapia Neurológica.
São Paulo: Editora Manole,
p.758 - 9.
3 LOW, J.; REED, A. (2001) Eletroterapia Explicada.
São Paulo: Editora Manole, p.277 - 98.
4 KITCHEN, S.; BAZIN, S. (1998) Eletroterapia de
Clayton. São Paulo: Editora Manole, p.130 - 5.
5 LUCENA, C. (1991) Hiper e Hipo Termoterapia.
Curitiba-PR: Editora Lovise, p.108 - 12.
6 PINHEIRO, F. B. (2002) Crioterapia. Disponível em:
<http://www. fbpfisioterapia.hpg.ig.com.br>. Acesso
em: 16 de agosto de 2002.
		2
		crioterapia_31-33
Criotens + artigo 03.pdf
PESQUISA
Research DOI:10.4034/RBCS.2010.14.01.03 Volume 14 Número 1 Páginas 27-36 2010
ISSN 1415-2177
Revista Brasileira de Ciências da Saúde
O Uso da Tens, Crioterapia e Criotens
na Resolução da Dor
The Use of Tens, cryotherapy and Criotens in the Resolution of Pain
RAFAELA SOARES FARIAS1
RHAYSSA SANTOS MELO2
YARGO FARIAS MACHADO2
FÁBIO MARTINS DE LIMA3
PALLOMA RODRIGUES ANDRADE4
Fisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Graduanda em Fisioterapia pelo UNIPE - João Pessoa.
Docente do UNIPÊ.
Professora Adjunta do departamento de Fisioterapia da UFPB.
1
2
3
4
RESUMO
Objetivo: avaliar o efeito da Crioterapia, TENS e Criotens na
resolução da dor. Material E Métodos: Trata-se de um estudo
observacional de caráter descritivo do tipo série de casos,
no qual foram selecionadas dez voluntárias adultas, jovens,
saudáveis e sem nenhuma patologia que comprometesse a
sensibilidade dolorosa. Utilizou-se a Crioterapia na forma de
panqueca fria, um aparelho de TENS no modo convencional,
eletrodos auto-adesivos, uma Escala Visual Analógica (EVA)
e um adipômetro adaptado para quantificar o limiar doloroso.
Resultados: Observou-se que a Crioterapia (t = 6,47 dml; p<
0,0005), a TENS (t = 9,47; p< 0,0005) e a Criotens (t =10,8
dml; p<0,0005) se mostraram eficazes no aumento do limiar
da dor em pessoas saudáveis. Utilizou-se o Teste corrigido
de Friedmam (Q*) para testar a variabilidade da eficácia entre
as três técnicas (Crioterapia, TENS e Criotens) e os dados
não revelaram diferenças significativas entre elas para o
limiar da dor em pessoas saudáveis (Q* = 0,45; p > 0,80).
Conclusão: Assim, não foi observado superioridade da
Criotens em relação à Crioterapia e a TENS, no limiar doloroso
e as três técnicas são igualmente eficazes no alívio da dor
em pessoas saudáveis.
DESCRITORES
Crioterapia. TENS. Analgesia.
SUMMARY
Objective: the aim of the present study was to evaluate the
effect of the Cryotherapy, TENS and criotens in the increase
of the painful threshold. Material and Methods: The design
of this study was a series of cases. Ten healthy volunteers
were selected for the study, without any pathology that could
compromise the painful sensibility. Cryotherapy was used in
the form of cold pancake, TENS was appliance in the
conventional way, with the aid of self-adhesive, electrodes,
one Visual Analogical Scale (EVA) and an adipometer adapted
to quantify the painful threshold. Results: Cryotherapy (t=6,47
dml; p<0,0005), TENS (t=9,47; p<0,0005)and criotens (t=10,8;
p<0,0005) were efficient in the increase of the threshold of
the pain in healthy persons. There was used the corrected
Test of Friedman (Q*) to test the variability of the efficient
between three techniques (cryotherapy, TENS and criotens)
and the data did not reveal significant differences between
them for the threshold of the pain in healthy persons (Q* =
0,45;p>0,80). Conclusion: Superiority of the criotens was
not observed regarding the cryotherapy and TENS in the
painful threshold and the three evaluated techniques are
equally efficient in the relief of the pain in healthy persons.
DESCRIPTORS
Cryotherapy. TENS. Analgesia
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs
FARIAS et al.
28 R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010
Na Fisioterapia existem muitos recursos des-tinados ao combate dos processos dolo-rosos. Entre estes, podemos destacar a crio-
terapia e a estimulação elétrica nervosa transcutânea
(TENS). O mecanismo de ação de ambas as técnicas,
bem como a sua fisiologia são bastante discutidos na
literatura e existem autores que defendem o uso de uma
modalidade em relação a outra, não existindo consenso
sobre qual deles resulta em melhores efeitos analgésicos
(AGNE, 2005; HERBERT, SIZÍNIO, XAVIER, 2003).
Os estudiosos relatam que entre as muitas teorias
propostas para explicar a analgesia induzida pelo frio, a
crioterapia atua provocando um resfriamento local que
produz um retardo na freqüência de transmissão do
impulso e uma diminuição da sensibilidade dolorosa para
o sistema nervoso central (PINHEIRO, 2000; BLEAKEY,
MCDONOUGHT, 2004; LIANZA, 2007). Em geral
recomenda-se uma média de 15 a 30 minutos de exposição
à crioterapia não devendo ultrapassar 1 hora de aplicação
(KNIGHT, 2000).
Entre as modalidades de crioterapia mais comu-
mente utilizadas, destaca-se a panqueca fria. Esta
consiste em gelo triturado que facilmente se adapta as
regiões do corpo, envolto por uma toalha úmida a ser
aplicada diretamente sobre o local da dor (KNIGHT, 2000;
SANDOVAL, MAZZARI, OLIVEIRA, 2005).
A TENS por sua vez consiste na aplicação de
corrente elétrica de baixa freqüência. O mecanismo de
ação dessas correntes carece de maiores estudos que
comprovem o seu efeito, contudo, sabe-se que neurofi-
siologicamente irá estimular as fibras A beta (â) e A alfa
(á) mielinizadas que irão “competir” com as fibras
nociceptivas finas (KITCHEN, 2003).
Nessa disputa, os impulsos transmitidos pelas
fibras mielinizadas maiores conseguem atingir a medula
em primeiro lugar e assim de acordo com a teoria das
comportas da dor de MELZACK, WALL (1965), ativam
os neurônios da substância gelatinosa (lâminas II e III)
do corno posterior, na substância cinzenta da medula
espinal. Estas, por sua vez, inibem as informações
conduzidas pelas fibras nociceptivas, que são de calibre
fino (ORANGE, 2003; REZENDE, 2004).
Diante do exposto, é comum observarmos na
prática clínica a utilização simultânea da associação entre
a crioterapia e a TENS. A criotens é uma técnica que
vem sendo utilizada atualmente através da aplicação
concomitante da TENS e da crioterapia e o seu principal
objetivo é tentar potencializar o efeito analgésico das
duas técnicas através da sua associação. O mecanismo
de ação desta técnica ainda não é conhecido e apesar
de não existirem estudos na literatura que comprovem a
superioridade desta nova técnica em relação a utilização
isolada da crioterapia e TENS, os pacientes relatam maior
potencial analgésico da criotens em relação a crioterapia
e a TENS isoladamente.
Por essa razão são necessárias reflexões sobre a
fisiopatologia envolvida no processo de analgesia das
duas técnicas associadas. Sabe-se que o gelo provoca
entre tantos outros efeitos, um retardo na condução
das fibras nervosas, enquanto que a base neurofisio-
lógica da TENS diz respeito, principalmente, a
modulação sensitiva da dor. Dessa forma, surge a per-
gunta: é possível obter o alívio dos sintomas dolorosos
por meio da associação de ambas as técnicas?
Diante desse questionamento o objetivo desta
pesquisa é comparar o efeito analgésico da TENS,
crioterapia e criotens em pessoas saudáveis.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo observacional, descritivo
do tipo série de casos. Esta pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde do
Estado da Paraíba – CEP/SES-PB, com base na
Resolução 196/96 do conselho Nacional de Saúde.
Todas as voluntárias participaram da pesquisa de forma
livre e esclarecida, após concordarem com um termo de
consentimento (apêndice-1) conforme determinação da
resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96.
Participaram do estudo 13 voluntárias saudáveis
do sexo feminino com idades que variaram entre 16-20
anos (x=18,4,
DP= ±1,35 anos). Destas, 3 não fizeram
parte da análise dos resultados finais pois foram
selecionadas para participar do estudo piloto.
Como critérios de inclusão todas as voluntárias
precisavam ser do sexo feminino e assintomáticas para
dor no local a ser testado. Como critérios de exclusão,
apresentar sintomas dolorosos.
Foi realizado estudo piloto para calibração dos 3
avaliadores e os mesmos tiveram funções atribuídas a
saber: 1. aferição do limiar da dor na prega cutânea
tricipital com o adipômetro e sorteio da ordem de
aplicação das técnicas; 2. aplicação das técnicas
(crioterapia, TENS e criotens); 3. tratamento estatístico
dos resultados.
Esta pesquisa foi realizada no laboratório de
eletroterapia, no departamento de fisioterapia do Centro
Universitário de João Pessoa – UNIPE, no período de
setembro a outubro de 2007.
Como instrumentos foram utilizados: um
adipômetro para avaliação quantitativa do limiar
O Uso da Tens, Crioterapia e Criotens na Resolução da Dor
R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010 29
doloroso na prega cutânea tricipital, Escala Visual Analó-
gica (EVA), aparelho de TENS, eletrodos auto-adesivos,
gelo e toalha.
O adipômetro consiste em um aparelho muito
utilizado por nutricionistas para avaliar a gordura
subcutânea através de medidas das dobras cutâneas.
Sua escala é dividida em décimos de milímetros (dmm).
Contudo nesta pesquisa, este aparelho teve sua função
adaptada com a finalidade de provocar uma sensação
dolorosa por estímulo mecânico pontual nas voluntárias
e a partir do deslocamento do ponteiro, quantificar em
unidades de dml o limiar doloroso (Figura 1).
No presente estudo sabe-se que o ideal seria
utilizar um algômetro, aparelho validado para estudo da
dor e que a quantifica através de uma pressão pontual
aplicada na região a ser testada. No entanto, durante a
execução desta pesquisa não houve disponibilidade
para se utilizar este aparelho e no intuito de utilizar algum
outro que quantificasse a dor de forma semelhante,
optou-se por adaptar o adipômetro para esta finalidade.
Este é capaz de fornecer uma pressão mecânica pontual
no local da prega cutânea tricipital testada, além de
possuir uma escala que possibilita a mensuração
quantitativa do estímulo mecânico.
No momento em que a voluntária chegava ao
laboratório, um avaliador cego pré-calibrado, realizava
a aferição do limiar doloroso inicial na região da prega
cutânea tricipital, antes da aplicação da técnica (figura
2). Este procedimento foi realizado da seguinte maneira:
a voluntária era posicionada em sedestação e o avaliador
entregava uma EVA para a mesma, orientando que ela
relatasse o momento em que percebesse uma dor nível 2
(leve) de acordo com a referida escala, durante aplicação
do adipômetro. No momento em que isso acontecia, o
avaliador interrompia a pressão e registrava o valor
expresso no adipômetro para aquele limiar de dor. Este
valor corresponderia ao limiar inicial para uma dor leve
de acordo com a EVA.
Em seguida, o mesmo avaliador realizava o
sorteio das técnicas para estabelecer a ordem de
aplicação a ser aplicada por outro avaliador. Em seguida
aplicava-se as 3 técnicas por um outro avaliador pré-
calibrado, no mesmo dia e sempre respeitando um
intervalo de 15 minutos entre as modalidades, bem como
a ordem de sorteio. Imediatamente após a aplicação de
cada modalidade era realizada a aferição do limiar
doloroso final pelo avaliador calibrado para esta função.
Justifica-se o fato de estabelecer uma dor leve
Figura 1-
Adipômetro.
Figura 2 - Mensuração da prega cutânea
Tricipital.
FARIAS et al.
30 R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010
(nível 2) a fim de se ter um parâmetro das alterações no
limiar doloroso para esse nível de dor antes e depois da
aplicação das técnicas. Em outras palavras, significa
dizer que diante da possível eficácia das modalidades
terapêuticas em promover aumento do limiar doloroso,
os pacientes conseguiriam suportar uma pressão maior
com o adipômetro antes de relatarem uma dor leve (nível
2).
A crioterapia foi utilizada na forma de panqueca
fria durante vinte minutos na região da prega cutânea
tricipital. O gelo foi triturado e colocado em uma toalha
úmida. Antes da aplicação da crioterapia foi realizado o
teste do cubo do gelo.
O aparelho de TENS foi da marca carci, analógico
e pré-ajustado no modo convencional com ajuste dos
seguintes parâmetros: freqüência 100 Hz, duração de
pulso de 75µs e a intensidade da estimulação perma-
neceu nos limites sensitivos. Os eletrodos utilizados
foram do tipo autoadesivo, da marca com-patch 50 mm/
2.0 round, posicionados longitudinalmente sobre a
região da prega tricipital. A duração da aplicação da
TENS foi de vinte minutos.
O criotens foi feito associando-se as duas
técnicas simultaneamente. Os eletrodos da TENS eram
posicionados na região da prega e em seguida o gelo,
na forma de panqueca fria era adicionado acima dos
eletrodos (Figura 3). A corrente foi ligada no momento
em que o gelo foi colocado sobre os eletrodos de forma
que as duas técnicas foram utilizadas simultaneamente.
Os resultados obtidos foram analisados
estatisticamente com base no teste t pareado que analisa
a eficácia das técnicas e o teste corrigido de friedmam
(Q*) que avalia a variabilidade da eficácia entre as
técnicas. OS gráficos foram feitos pelo programa
estatístico SPSS 17.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
Resultados referentes a crioterapia
Conforme observado na Tabela 1, a x da prega
cutânea antes da aplicação da Crioterapia foi de 14,2
décimos de milímetro (dml) e o DP foi de 5,07 dml. A x
Figura 3 - Aplicação do Criotens.
Tabela 1. Prega Cutânea antes e após a aplicação da Crioterapia.
Voluntária Prega cutânea antes Prega cutânea depois Diferença entre as pregas
Voluntária 1 11 dml 09 dml 02 dml
Voluntária 2 19 dml 15 dml 04 dml
Voluntária 3 10 dml 08 dml 02 dml
Voluntária 4 15 dml 14 dml 01 dml
Voluntária 5 11 dml 10 dml 01 dml
Voluntária 6 09 dml 05 dml 04 dml
Voluntária 7 25 dml 23 dml 02 dml
Voluntária 8 11 dml 09 ml 02 dml
Voluntária 09 13 dml 09 dml 04 dml
Voluntária 10 18 dml 16 dml 02 dml
X ± DP 14,2 ±5,07 11,8 ± 5,22 2,4 ±1,17
R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010 31
O Uso da Tens, Crioterapia e Criotens na Resolução da Dor
média da prega cutânea após a aplicação da técnica foi
de 11,8 dml e o DP, 5,22 dml. A x da diferença entre as
pregas antes e após a Crioterapia, foi de 2,4 dml e o DP,
1,17 dmm. Tendo em vista que a medida da prega cutânea
pode ser interpretada como o nível de pressão aplicada,
observa-se que houve uma alteração significativa no li-
miar da dor, representado por um aumento no limiar dolo-
roso após utilizar a Crioterapia (t = 6,47 dml; p< 0,0005).
De acordo com Knight (2000), Pinheiro (2000), e
Xavier et al. (2003), após a aplicação da crioterapia
ocorre uma diminuição na transmissão da freqüência da
transmissão dos impulsos com conseqüente diminuição
da sensibilidade dolorosa. Isso, por sua vez, gera um
aumento do limiar da dor.
Bleakley et al. (2004) explica que o gelo atua
minimizando os efeitos negativos do processo
inflamatório, como o edema e também é responsável por
produzir um alívio da dor que surge após uma lesão
tecidual ou trauma. Este autor sugere tempos de
aplicações da Crioterapia que variam de 20 a 45 minutos.
A pressão mecânica aplicada pelo adipômetro induz um
processo álgico e o efeito da Crioterapia neste estudo
está de acordo com o que diz este autor, pois após o
término da aplicação as voluntárias conseguiram
suportar uma pressão mecânica maior.
O aumento no limiar da dor pode ser observado
a partir dos valores obtidos na prega cutânea após a
aplicação da Crioterapia. Os valores da prega registra-
dos pelo adipômetro diminuíram após a aplicação da
crioterapia,
o que significa que quanto maior a pressão
aplicada pelo adipômetro, menor será o valor registrado
para a prega cutânea. Conseqüentemente, quanto maior
a pressão, maior será o limiar da dor, ou maior a dor
suportada pela voluntária antes de se relatar uma dor
leve (nível 2). Assim, pode-se inferir, a partir dos dados
coletados, que neste trabalho a Crioterapia foi respon-
sável por produzir um aumento no limiar da dor em todas
as voluntárias.
Com relação ao tempo de aplicação, os resul-
tados obtidos são justificados pelo que diz a literatura.
Andrews et al. (2000) explica que após uma aplicação
de vinte minutos da crioterapia a transmissão nervosa
pode ser reduzida em até 29,4% e Hopkins et al. (2001)
salienta que após vinte minutos o gelo produz um grande
efeito na função sensorial do sistema nervoso periférico
através da redução da condutibilidade nervosa.
Esta alteração no limiar da dor pode ser mais
bem visualizada no Gráfico 1.
Resultados referentes a TENS
Com base na Tabela 2, a x da prega cutânea antes
da aplicação da TENS foi de 14,8 dml e o DP, 4,78 dml.
Após a aplicação, a média foi de 12,7 dml e o DP foi de
4,32 dml. Por fim a diferença média das pregas foi de 2,1
dml e o DP, 0,73 dml. Esta técnica também foi eficaz no
aumento do limar doloroso (t = 9,47; p< 0,0005).
Gráfico 1. Valores médios e ± erro padrão
da média da prega cutânea antes e após a
crioterapia (p<0,0005).
32 R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010
FARIAS et al.
Tabela 2. Prega Cutânea antes e após a aplicação da TENS
Voluntária Prega cutânea antes Prega Cutânea depois Diferença entre as
 pregas cutâneas
Voluntária 1 14 dml 11 dml 03 dml
Voluntária 2 17 dml 15 dml 02 dml
Voluntária 3 11 dml 09 dml 02 dml
Voluntária 4 18 dml 15 dml 03 dml
Voluntária 5 11 dml 10 dml 01 dml
Voluntária 6 10 dml 08 dml 02 dml
Voluntária 7 25 dml 22 dml 03 dml
Voluntária 8 10 dml 09 dml 01 dml
Voluntária 9 14 dml 12 dml 02 dml
Voluntária 10 18 dml 16 dml 02 dml
X ± DP 14,8 ± 4,78 12,7 ±4,32 2,1 ± 0,73
Tabela 3. Prega Cutânea antes e após a aplicação da Criotens.
Voluntária Prega cutânea antes Prega cutânea depois Diferença entre as
 pregas cutâneas
Voluntária 1 11 dml 08 dml 02 dml
Voluntária 2 13 dml 10 dml 03 dml
Voluntária 3 09 dml 08 dml 01 dml
Voluntária 4 18 dml 15 dml 03 dml
Voluntária 5 11 dml 08 dml 03 dml
Voluntária 6 10 dml 08 dml 02 dml
Voluntária 7 24 dml 21 dml 03 dml
Voluntária 8 11 dml 09 dml 02 dml
Voluntária 9 14 dml 12 dml 02 dml
Voluntária 10 17 dml 14 dml 03 dml
X ± DP 13,8 ± 4,64 dml 11,3 ± 4,3 dml 2,4 ± 0,48 dml
O Uso da Tens, Crioterapia e Criotens na Resolução da Dor
R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010 33
De acordo com Andrews et al. (2000), Bonfá
(2000), Kitchen (2003) e O’ Sullivan (2004), a neurofisio-
logia da TENS convencional está baseada na teoria das
comportas de Melzack e Wall (1965). Nesse modo de
estimulação, irá ocorrer uma analgesia segmentar
localizada no dermátomo decorrente da interferência da
mensagem dolorosa.
Esta analgesia também pode ser interpretada
como um aumento no limiar da dor e a TENS conven-
cional é responsável por este efeito uma vez que vai
interferir na transimissão das sensações dolorosas para
os níveis supra-espinais (ORANGE et al., 2003;
RESENDE et al., 2004).
A alteração no limiar da dor foi igualmente com-
provada nesta pesquisa, pois todas as voluntárias apre-
sentaram um aumento no limiar da dor a partir de uma
diminuição da prega cutânea, após a aplicação da TENS.
Os valores médios da prega cutânea antes e após
a aplicação da TENS podem ser visualizados no Gráfico
2.
Resultados referentes a Criotens
De acordo com a Tabela 3, a x da prega cutânea
antes da Criotens foi de 13,8 dml e o DP foi de 4,64 dml.
A x da prega após a Criotens foi 11,3 dml e o DP, 4,3 dml.
A média da diferença entre as pregas foi de 2,4 dml e
teve como DP 0,48 dml. Houve um acréscimo no limiar
doloroso com a Criotens (t =10,8 dml; p<0,0005) e
constata-se que esta técnica também foi eficaz na
alteração do limiar da dor.
Michlovitz et al. (1998) afirma que a Crioterapia,
TENS e a Criotens se mostraram eficazes na produção
de analgesia, contudo, nenhuma das técnicas se mostrou
melhor que as demais e assim a superioridade da Criotens
não foi comprovada por este autor.
Balisa et al. (2005) observou em seu estudo que
tanto a TENS como a Crioterapia promoveram analgesia
em ratos quando utilizadas isoladamente, mas ao
associar os dois recursos (Criotens) teve-se uma
reversão da analgesia.
Em outro estudo, Felício et al. (2005), relatou
que as três modalidades promoveram melhora sinto-
matológica, entretanto, com base na sua pesquisa, a
associação da TENS com a Crioterapia (Criotens) foi
responsável por promover os maiores efeitos analgé-
sicos.
Os estudos presentes na literatura sobre a
Criotens são escassos e os poucos estudos são contro-
versos sem padronização metodológica, não existindo
consenso sobre o efeito da associação da Crioterapia a
TENS. Contudo, o resultado desta pesquisa ratifica a
pesquisa de Micholovitz et al. (2005) onde é mostrado
que não há diferença significativa entre as três moda-
lidades.
Um detalhe importante é que diante das poucas
pesquisas, o estudo de Micholovitz et al. (1988) e o
presente estudo foram realizados em situações mais
semelhantes, a saber: foi utilizada uma amostra maior
(30 voluntários e 10 voluntárias, respectivamente) e
ambos foram realizados em pessoas saudáveis. Este fato
torna ambas as pesquisas mais homogêneas em relação
às demais, pois Felício et al. (2005) realizou seu estudo
com apenas um paciente do sexo masculino e Balisa et
al (2005), utilizou ratos da raça fisher com um N=4.
No Gráfico 3 pode ser observado a alteração na
média das pregas cutâneas antes e após a Criotens. O
que significa que esta técnica foi eficaz na alteração do
limiar da dor em pessoas saudáveis.
Comparação das técnicas
Diante dos mecanismos diferentes de analgesia,
Felício (2005) afirma que existe uma grande discussão a
respeito da possível potencialização ou anulação do
efeito da TENS pela crioterapia quando ambos são
utilizados de forma concomitante nos processos
dolorosos. Sabe-se que a TENS precisa da integridade
sensorial para conduzir os impulsos sensitivos ao passo
que a crioterapia provoca um retardo nessa condução
nervosa.
Este estudo mostrou que o efeito analgésico da
Criotens é mantido, mesmo diante dos questionamentos
sobre o seu mecanismo de ação. Contudo não foi
observada a sua superioridade em relação à Crioterapia
e a TENS. Dessa forma, as três técnicas se mostraram
igualmente eficazes na alteração do limiar da dor.
A fim de observar a variabilidade da eficácia entre
Crioterapia, TENS e Criotens, foi utilizado o teste
corrigido de Friedmam (Q*). Este teste foi feito com base
nos valores das médias e Desvio Padrão das três
modalidades (Tabela 4) e os dados não revelaram
diferenças significativas entre a Crioterapia, TENS e
Criotens para o limiar da dor. Com isso, constata-se que
todas as três modalidades terapêuticas são igualmente
eficazes na alteração do limiar doloroso em pessoas
saudáveis (Q* = 0,45; p > 0,80).
FARIAS et al.
34 R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010
Tabela 4. Média e Desvio Padrão da diferença do
deslocamento do adipômetro das Técnicas.
Técnica X ± DP
Crioterapia 2,4 ± 1,17
TENS 2,1 ± 0,73
Criotens 2,4 ± 0,7
Gráfico 3. Valores médios e ± erro padrão da
média da Prega cutânea antes e após a
Criotens (p < 0,0005)
Gráfico 2. Valores médios e ± erro padrão da
média da prega cutânea antes
e após a TENS.
O Uso da Tens, Crioterapia e Criotens na Resolução da Dor
R bras ci Saúde 14(1):27-36, 2010 35
O uso da Criotens não contribuiu negativamente
para alterações no limiar da dor, ao contrário, o seu efeito
analgésico foi mantido. E com base na forma como a
Criotens foi aplicada nesta pesquisa (a crioterapia a e
TENS foram utilizadas juntas), sugere-se que o gelo pode
atuar reduzindo a velocidade de condução nervosa, mas
não a extingue completamente. Este fato é corroborado
pelo autor Andrews et al. (2000) que diz que após vinte
minutos de aplicação da crioterapia a condução nervosa
é reduzida em menos de 30% e assim, nada impede que
a TENS possa também atuar provocando a modulação
da dor (analgesia) de acordo com a Teoria das comportas
de Melzack e Wall.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o objetivo proposto neste
trabalho foi atingido, pois efetivamente se analisou e
comparou quantitativamente a alteração do limiar da dor
antes e após a aplicação da Crioterapia, da TENS e da
Criotens. No entanto, ao avaliar os problemas meto-
dológicos desta pesquisa, principalmente no que diz
respeito ao instrumento utilizado na produção e na
medição da dor nas participantes, propõe-se que outros
estudos devem ser desenvolvidos a fim de dar continui-
dade ao estudo da Criotens na analgesia.
Sugere-se que possam ser desenvolvidos
estudos em diferentes patologias e que outros aparelhos
como eletroneuromiógrafos e algômetro, possam ser
utilizados para aprimorar ainda mais o estudo da dor.
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Grande do Sul: Orium, 2005.
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CORRESPONDÊNCIA
Rafaela Soares Farias
Rua Francisco Claudino Pereira, 111, ap.802 - Manaíra
58038-430 João Pessoa – Paraíba – Brasil
Email
rafaelafarias_@hotmail.com
Crioterapia artigo 01.pdf
372 Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 4 – Jul/Ago, 2008
Análise Biomecânica dos Efeitos da Crioterapia 
no Tratamento da Lesão Muscular Aguda
Biomechanical Analysis of the Cryotherapy Effects in the Treatment of 
Acute Muscular Injury
Artigo originAl
RESUMO
A crioterapia é amplamente utilizada por atletas profissionais e amadores no tratamento agudo de lesões 
musculares. Este trabalho teve como objetivo analisar as propriedades mecânicas do músculo gastrocnêmio 
lesionado por impacto direto e tratado com crioterapia. Para tanto, foram utilizadas 24 ratas Wistar, divididas 
em três grupos experimentais: grupo controle (C): animais mantidos em gaiolas-padrão por seis dias; grupo 
lesionado (L): animais submetidos à lesão por mecanismo de impacto no gastrocnêmio, sem tratamento e 
mantidos em gaiolas-padrão por seis dias; grupo lesionado e tratado com crioterapia (LC): animais submetidos 
à lesão, tratados com uma sessão de crioterapia, imediatamente após a lesão e mantidos em gaiolas-padrão 
por seis dias. Após essas etapas, os animais foram submetidos à eutanásia para que fossem realizados os 
ensaios mecânicos de tração dos músculos gastrocnêmios direitos, na máquina universal de ensaios (EMIC®). 
A partir dos gráficos carga versus alongamento de cada ensaio, foram calculadas as seguintes propriedades 
mecânicas: carga no limite máximo (CLM), alongamento no limite máximo (ALM) e rigidez (R). No ALM, o 
grupo C apresentou diferença estatística (p < 0,05) somente quando comparado com o L. Quando analisadas 
carga máxima e rigidez, houve diferença estatística (p < 0,05) nos três grupos. Assim, enquanto os músculos 
lesionados sem tratamento apresentaram diminuição de todas as propriedades mecânicas analisadas, os 
tratados com crioterapia mostraram melhora das propriedades, porém, sem alcançar o grupo controle. Dessa 
forma, podemos concluir que a sessão de crioterapia por imersão imediata após a lesão promoveu melhora 
das propriedades mecânicas analisadas.
Palavras-chave: lesões de tecidos moles, músculo esquelético, crioterapia, ratos.
ABSTRACT
Cryotherapy is widespread used in the acute treatment of muscle injuries of professional and unprofessional 
athletes. The purpose of this study was the investigation of mechanical properties of gastrocnemius muscle 
submitted to a impact mechanism of injury and treated with cryoterapy. Therefore, twenty four female Wistar 
rats were divided into three groups: Control (C): animals housed in standard cages for six days; Lesion (L): animals 
submitted to a direct impact mechanism of injury in the gastrocnemius muscle, without any treatment and kept 
into standard cages during six days; Lesion e cryotherapy (LC): animals submitted to the contusion, treated with 
a single session of cryotherapy immediately after lesion and housed in standard cages during six days. After 
those protocols, the rats were killed and their right gastrocnemius muscle were dissected and submitted to a 
mechanical test of traction in a universal assays machine (EMIC®). From the load versus elongation curves, the 
following mechanical properties were obtained: Maximum limit load (MLL), maximum limit elongation (MLE) 
and stiffness (St). There was a statistically difference between all groups in MLL and St. However, in the MLE there 
was statistically difference only between groups C and L (p<0,05). The results showed that the muscle contusion 
without treatment led to exasperation of all analyzed mechanical properties. Conversely, cryotherapy improved 
the muscle properties, although they had not reached the control group values. It can be concluded that the 
cryotherapy applied immediately after muscle
contusion improved the muscle mechanical properties.
Keywords: soft tissue injuries, muscles, skeletal, cryotherapy, rats.
João Paulo Chieregato Matheus1
Juliana Goulart Prata Oliveira Milani1
Liana Barbaresco Gomide1
José Batista Volpon1
Antônio Carlos Shimano1
1. Departamento de Biomecânica, 
Medicina e Reabilitação do 
Aparelho Locomotor, Faculdade 
de Medicina de Ribeirão Preto, 
Universidade de São Paulo (USP), 
Ribeirão Preto, SP.
Endereço para correspondência:
Juliana Goulart Prata de Oliveira 
Laboratório de Bioengenharia
Avenida Bandeirantes, 3900
Rua Pedreira de Freitas, casa 1
Campus da USP - Ribeirão Preto, SP
CEP 14049-900
Telefone: (16) 3633-3063
E-mail: juliana.gpo@gmail.com; 
jugular@terra.com.br
Submetido em 26/11/2007
Versão final recebida em 09/02/2008
Aceito em 22/02/2008
INTRODUÇÃO
A crioterapia é uma modalidade terapêutica freqüentemente utili-
zada no tratamento de lesões musculoesqueléticas agudas(1-6). Traumas 
moderados e graves nos tecidos moles estão presentes na maior parte 
das lesões causadas por esportes recreacionais e competitivos(7-8). O 
tecido muscular esquelético é o mais afetado nesses tipos de traumas e 
a maior incidência de lesões musculares em humanos é decorrente, prin-
cipalmente, de contusões produzidas por mecanismo de impacto(9).
A lesão muscular é caracterizada por uma série de fatores, tais como 
desorganização das miofibrilas, ruptura de mitocôndria e retículo sar-
coplasmático, interrupção da continuidade do sarcolema, autodigestão 
e necrose celular(10-11), além de disfunção microvascular progressiva e 
inflamação local(6).
Apesar de o insulto primário não poder ser influenciado terapeu-
ticamente, o crescimento secundário da lesão pode ser amenizado 
com certas intervenções, tais como frio local(2), imobilização tempo-
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373Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 4 – Jul/Ago, 2008
rária, administração de drogas analgésicas e antiinflamatórias(8,12). Há 
evidências de que a crioterapia produz efeitos analgésicos e promove 
a restauração estrutural e funcional, o que favorece o processo de rea-
bilitação(2). Dessa forma, a crioterapia local pode facilitar a recuperação 
de tais lesões, sendo que a vasoconstrição induzida pelo frio reduz 
a formação de edemas(5), bem como a intensidade do dano celular 
local, por meio da redução do quadro hemorrágico(4) e das demandas 
metabólicas no tecido lesado(1). 
Embora freqüentemente utilizada em programas de fisiotera-
pia(13), os efeitos da crioterapia no tratamento de lesões musculares 
agudas não estão totalmente elucidados(14). Análises referentes ao 
estudo das propriedades mecânicas musculares são relevantes, pois 
os músculos esqueléticos são dotados de propriedades que influen-
ciam seu comportamento frente à imposição de cargas, o que pode 
determinar a ocorrência ou agravamento de uma lesão(15). Sendo 
assim, o conhecimento das características de resistência de alguns 
materiais é importante na medicina ortopédica e esportiva, pois os 
materiais biológicos, tais como músculo, osso, tendão e cartilagem, 
muitas vezes, necessitam de otimização de suas resistências para evi-
tar rupturas(16).
Considerando a escassez de pesquisas referentes a esse assunto, 
cuja análise seja direcionada ao estudo de propriedades mecânicas 
musculares por meio de ensaios mecânicos, este trabalho propôs inves-
tigar os efeitos de uma única sessão de crioterapia, aplicada imediata-
mente após lesão por mecanismo de impacto direto, nas propriedades 
mecânicas do músculo gastrocnêmio de ratas, após uma semana de 
trauma.
MÉTODOS
Animais
Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizadas 24 ratas 
fêmeas, Rattus norvegicus albinus, variedade Wistar, provenientes do 
Biotério Central da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto, da Uni-
versidade de São Paulo (USP). Durante os protocolos experimentais, 
os animais foram mantidos em gaiolas coletivas, em número máximo 
de três por gaiola, no Biotério do Laboratório de Bioengenharia da 
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. As ratas foram manti-
das à temperatura ambiente controlada de 25ºC, fotoperíodo de 12h 
claro/12h escuro, recebendo água e alimentação padrão ad libitum. 
Todos os procedimentos aos quais os animais foram submetidos estão 
de acordo com o International Guiding Principles for Biomedical Research 
Involving Animals(17).
Grupos experimentais
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos ex-
perimentais:
Grupo controle (C): composto por oito animais mantidos em 
gaiolas-padrão por seis dias.
Grupo lesionado (L): formado por oito animais submetidos à lesão 
por mecanismo de impacto no músculo gastrocnêmio direito, sem 
tratamento e mantidos em gaiolas-padrão durante seis dias.
Grupo lesionado e tratado com crioterapia (LC): constituído de 
oito animais com o músculo gastrocnêmio direito lesionado, tratados 
com uma sessão de crioterapia, imediatamente após a lesão, e manti-
dos em gaiolas-padrão por seis dias. 
Protocolo de lesão experimental aguda
Para realização do protocolo de lesão experimental, foi utilizado um 
aparelho proposto inicialmente por Stratton et al.(18) e confeccionado 
por Oliveira(19), com o intuito de provocar lesão por impacto direto em 
ratos. O equipamento consiste de duas hastes metálicas, com diâmetro 
de 10mm, estabilizadas por uma barra superior perpendicular. Essas 
hastes são fixadas a uma base plástica, na qual é acoplada uma base 
metálica retangular de 12,25cm2, que serviu para posicionamento do 
membro pélvico do animal e apoio à queda livre da carga(19-20).
Para realização da lesão por mecanismo de impacto direto, os 
animais foram anestesiados com associação de cloridrato de queta-
mina (80mg/kg) e cloridrato de xilazina (15mg/kg), na dose de 0,6ml 
da mistura para cada 100 gramas de massa corporal(21). Em seguida, o 
terço médio do gastrocnêmio do membro pélvico direito dos animais 
foi tricotomizado e posicionado sobre a base metálica do equipamento, 
estando o animal em decúbito ventral, com extensão de articulações 
de quadril, joelho e 90º de dorsoflexão de tornozelo(19-20).
Para dirigir a queda livre do peso e possibilitar que a contusão 
ocorresse sempre na mesma região, a carga liberada foi conduzida 
por um guia de acrílico transparente e por um fio, fixado sobre o peso 
e lançado centralmente, por meio de uma roldana acoplada à barra 
superior do equipamento(20).
Conforme metodologia descrita em outros trabalhos, foi estabele-
cida uma carga de 200 gramas, liberada de 30 centímetros de altura, 
diretamente sobre o músculo gastrocnêmio das ratas, de modo a 
produzir uma força de impacto no sítio da lesão de, aproximadamente, 
294 newtons(19-20,22). Os animais foram submetidos a um trauma único 
e separados, conforme seu grupo experimental.
Protocolo de crioterapia
Imediatamente após a produção da lesão muscular aguda, os ani-
mais do grupo LC, ainda sob efeito da anestesia, foram submetidos a 
uma sessão única de crioterapia. Para tanto, a técnica de crioterapia 
foi executada por meio de imersão completa do membro pélvico 
lesionado em água, com temperatura média de seis graus Celsius, por 
30 minutos. Como os animais estavam anestesiados, não houve dificul-
dade na manutenção da posição, que foi realizada manualmente, sem 
necessidade de quaisquer aparatos. Durante a aplicação da crioterapia, 
a temperatura foi acompanhada com o auxílio de um termômetro; 
assim que observadas alterações na temperatura preconizada, ela foi 
mantida com a colocação ou retirada de cubos de gelo. 
Preparação do músculo gastrocnêmio
Passados seis dias do início do experimento, os animais foram 
submetidos à eutanásia, por administração intraperitonial de dose 
excessiva
do anestésico tiopental sódico, a fim de possibilitar a retirada 
do músculo gastrocnêmio do membro pélvico direito. Para tanto, foi 
realizada a remoção da pele e de algumas partes moles, seguida da 
desarticulação do tornozelo e quadril. Para fixação da peça à maquina 
de ensaios, foram preservadas origem e inserção ósseas. Após a disse-
cação, as peças foram colocadas em solução de lactato de Ringer até 
o momento da realização dos ensaios, que ocorreu em tempo máximo 
de 30 minutos(21).
Ensaio mecânico de tração
Para realização do ensaio mecânico de tração longitudinal do mús-
culo gastrocnêmio, foi utilizada uma máquina universal de ensaios 
(marca EMIC®, modelo DL10000), do Laboratório de Bioengenharia, 
da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Esta máquina foi 
equipada com uma célula de carga de 50kgf e interface direta a um 
microcomputador, com o software Tesc®, responsável pelo comando 
do equipamento e plotagem do gráfico carga versus alongamento 
de cada ensaio.
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374 Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 4 – Jul/Ago, 2008
No momento do ensaio, o músculo gastrocnêmio do membro 
pélvico direito foi acoplado à máquina e, conforme metodologia es-
tabelecida pelo laboratório, foi aplicada uma pré-carga de 200 gramas, 
durante o tempo de acomodação de 30 segundos, com o intuito de 
provocar acomodação do sistema. Após a pré-carga, o ensaio pros-
seguiu com velocidade preestabelecida de 10mm/minuto e a carga 
aplicada foi registrada pelo software em intervalos regulares de alon-
gamento, até a ruptura muscular.
Os dados referentes à curva de cada ensaio foram transcritos para 
o programa Microsoft Excel 2000, no qual foram construídos os gráficos 
carga versus alongamento, nos quais identificamos duas fases: elástica 
(em que carga e alongamento são proporcionais e, se retirada a carga, 
o material volta às condições iniciais) e plástica (na qual carga e alon-
gamento perdem a proporcionalidade e a deformação do material é 
irreversível, ou seja, há perda de sua integridade estrutural). A partir dos 
gráficos foram determinadas e analisadas as seguintes propriedades 
mecânicas:
- Carga no limite máximo (CLM): registro máximo de carga imposta, 
antes da ruptura muscular. É representada em newtons (N).
- Alongamento no limite máximo: alongamento máximo atingi-
do pelo músculo, antes de sua ruptura. É representado em metros 
(x 10-3m).
- Rigidez (R): propriedade obtida na fase elástica, sendo determina-
da pela tangente da reta traçada nesta fase. É expressa em newtons/
metro (N/m).
Análise estatística
A análise estatística foi realizada por meio do programa Instat v. 
3.00, da Graphpad Software. Foi realizado o teste de normalidade de 
Kolmogorov-Smirnov. Para análise simultânea dos grupos, foi utiliza-
do o teste ANOVA e, para comparação entre os grupos, o teste de 
Turkey-Kramer, ambos com níveis de significância preestabelecidos 
de 5% (p < 0,05).
RESULTADOS
Foram submetidos ao ensaio mecânico 24 músculos, sendo os 
valores expressos em médias e desvios-padrão para cada uma das 
propriedades dos três grupos analisados. 
Carga no limite máximo (CLM)
Os grupos C, L e LC apresentaram, respectivamente, carga no 
limite máximo de 31,53 ± 2,95N; 17,99 ± 2,65N e 25,88 ± 2,34N 
 (gráfico 1).
Foi observada diferença estatística entre os três grupos: C e L (p < 
0,001); C e LC (p < 0,01); L e LC (p < 0,001).
Alongamento no limite máximo (ALM)
No que se refere à propriedade de ALM, os grupos C, L e LC apre-
sentaram, respectivamente, os seguintes valores: 12,04 ± 1,61 x 10-3m; 
9,19 ± 2,20 x 10-3m e 10,07 ± 0,69 x 10-3m (gráfico 2).
Foi observada diferença estatística significativa, apenas entre os 
grupos C e L (p < 0,01). 
Gráfico 1. Representação gráfica das médias e desvios padrão da propriedade me-
cânica de carga no limite máximo (CLM).
Gráfico 2. Representação gráfica das médias e desvios padrão da propriedade me-
cânica de alongamento no limite máximo (ALM).
Gráfico 3. Representação gráfica das médias e desvios padrão da propriedade me-
cânica de rigidez (R).
Rigidez (R)
Quanto à rigidez (R), os grupos C, L e LC apresentaram, respectiva-
mente, os seguintes valores: 3,75 ± 0,30 x 103N/m; 2,19 ± 0,38 x 103N/m 
e 3,16 ± 0,33 x 103N/m (gráfico 3).
Houve diferença estatística significativa entre os três grupos: C e L 
(p < 0,001); C e LC (p < 0,01); L e LC (p < 0,001).
DISCUSSÃO
Os achados deste trabalho mostraram que, enquanto os músculos 
lesionados sem intervenção apresentaram diminuição de todas as 
propriedades mecânicas analisadas, o tratamento com uma sessão 
de crioterapia acarretou efeitos biomecânicos positivos após seis dias, 
apesar de os animais submetidos ao tratamento não terem atingido 
os valores do grupo controle.
A aplicação de crioterapia no tecido muscular tem sido utilizada 
para obtenção de objetivos terapêuticos específicos(13). Porém, havia 
uma lacuna na literatura científica no que se refere aos efeitos dessa 
terapia em propriedades mecânicas do tecido muscular. Dessa forma, 
a análise do ensaio mecânico de tração é interessante, pois simula 
cargas impostas à estrutura musculoesquelética em funcionamento, 
que é acometida por constante atuação de forças, principalmente 
tensão. 
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375Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 4 – Jul/Ago, 2008
Assim, a relevância dos resultados deste estudo está no forne-
cimento de importantes informações adicionais, que suportam as 
observações clínicas de que a crioterapia empregada no tratamento 
agudo da lesão muscular favorece a melhora da qualidade do tecido 
muscular esquelético.
Em nosso estudo, por meio da comparação entre os grupos C e 
L, observamos que a lesão acarretou piora de todas as propriedades 
analisadas, o que é coerente com as observações clínicas e achados 
científicos que demonstram, por meio de diferentes tipos de análises, 
que a lesão muscular traumática induz alterações patológicas que 
ocasionam deterioração estrutural e funcional(7-8).
Quanto aos efeitos do tratamento da lesão aguda com crioterapia, 
foram observadas diferenças estatísticas significativas entre L e LC nas 
propriedades de CLM e rigidez. Porém, por meio da comparação entre 
C e LC, podemos observar que a sessão única crioterapia não foi capaz 
de recuperar as propriedades aos valores basais.
É importante ressaltar que reduções na rigidez, encontradas no 
grupo lesionado, devem ser levadas em consideração no processo de 
reabilitação, a fim de evitarmos complicações resultantes de sobrecar-
ga muscular(23). Além disto, Jarvinen et al.(24) relatam que essa é uma 
importante propriedade a ser estudada, pois sua redução indica que o 
músculo está alongando mais na presença de cargas menores, o que 
o torna mais suscetível a lesões. 
Quanto às implicações da piora da propriedade de CLM dos grupos 
L e LC em relação ao controle, ressaltamos que músculos com essa pro-
priedade reduzida, possivelmente, estão mais suscetíveis à ruptura, pois 
suportaram menores cargas. Em adendo, a diminuição da capacidade 
de alongamento antes da ruptura, avaliada por meio da propriedade 
de ALM, foi registrada apenas na comparação entre C e L. Apesar de 
LC ter apresentado valor absoluto dessa propriedade superior ao grupo 
L, não foi constatada diferença estatística significativa. 
Schaser et al.(6) demonstraram, em ratos, que a crioterapia prolonga-
da (seis horas) pós-lesão muscular, reduz a disfunção microvascular pós-
traumática, inflamação e enfraquecimento estrutural. Considerando 
que o enfraquecimento estrutural é vinculado à piora de propriedades 
mecânicas, nosso trabalho demonstrou que mesmo uma sessão mais 
curta, aplicada no tratamento agudo
de uma contusão, pode exercer 
influência positiva na estrutura do tecido muscular.
Provavelmente, estão entre os fatores que contribuíram para a 
melhora das propriedades do grupo tratado com gelo: a redução da 
demanda de oxigênio e atividade metabólica celular, decorrentes da 
aplicação do frio, diretamente relacionadas à limitação da hipóxia se-
cundária, decorrente da perfusão inadequada e conseqüente dano 
celular associado ao edema(6).
Neste estudo, optamos pelo ensaio de tração, no qual a estrutura 
anatômica é fixada junto à máquina, preservando as características 
fisiológicas quanto à origem e inserção musculares. Isto é importante, 
pois a análise do tecido biológico como estrutura inteira reflete melhor 
a solicitação mecânica fisiológica.
Optamos por trabalhar com ratos, por serem de fácil manuseio, baixo 
custo e apresentarem estrutura musculoesquelética semelhante à do ser 
humano. Em adendo, a escolha do gastrocnêmio foi pertinente, pois é 
um músculo que trabalha sob condições de atividade física extrema, ten-
do risco aumentado para lesões ou rupturas(24). No entanto, os resultados 
obtidos neste estudo não podem ser totalmente extrapolados para seres 
humanos, devendo ser utilizados para nortear novas pesquisas.
Dessa forma, podemos concluir que a sessão de crioterapia por 
imersão, imediatamente após a lesão, promoveu melhora das proprie-
dades mecânicas analisadas, sendo benéfica na fase de atendimento 
inicial em trauma agudo. 
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de 
interesses referente a este artigo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Influência da crioterapia na força muscular 
 
Artigo de Revisão 
 
INFLUÊNCIA DA CRIOTERAPIA NA FORÇA MUSCULAR: UMA REVISÃO 
BIBLIOGRÁFICA 
 
INFLUENCE OF CRYOTHERAPY ON MUSCLE STRENGTH: A 
LITERATURE REVIEW 
 
 
 
Resumo 
 
O objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento da força 
muscular após o uso da crioterapia por meio de uma revisão 
bibliográfica. Para essa revisão foi realizado a análise de trabalhos 
com abordagem descritiva-analítica sobre a interferência da 
crioterapia na força muscular, em um total de 15 estudos reunidos. 
Após análise dos estudos extraídos de diversas fontes científicas, 
verificou-se que houve controvérsias nos resultados encontrados 
nas pesquisas, em relação ao aumento ou redução da força 
muscular sendo necessária a realização de novos estudos que 
venham elucidar os efeitos fisiológicos do gelo sobre a força 
muscular. 
 
 
Palavras-chave: Crioterapia; Força Muscular; Torque. 
 
Abstract 
 
The objective of this study was to verify the behavior of muscle 
strength before cryotherapy use through a literature review. To 
write this review it was performed the analysis of works with 
descriptive-analytical approach about the interference of 
cryotherapy in the muscle strength, and the total of the studies 
collected was 15. After analysis of collected studies of scientific 
sources it was verified that there were controversies in the 
researches found about the muscle strength increased or reduction. 
It is necessary to conduct new studies that will elucidate 
physiological effects of ice on the muscle strength. 
 
 
Key words: Cryotherapy; muscle strength; torque. 
 
 
Introdução 
 
A crioterapia é a aplicação do frio com fins terapêuticos, através da 
aplicação da água em uma temperatura menor que 4°C. Essa técnica retira 
calor dos tecidos submetidos ao estímulo, gerando um intercâmbio de 
temperatura, principalmente pelos mecanismos físicos de condução e/ou 
convecção. Desta
forma, gera-se um estado de hipotermia local para favorecer 
a diminuição da atividade metabólica celular, e consequentemente a 
Gilvaney Gomes Pereira
1 
Ana Paula Almeida Rocha
1
 
Danilo George Dias Santos
1
 
Edil Alves Andrade
1
 
Leandro Santana Aguiar Queiroz
1
 
Vanessa Neves Faria
1
 
 
 
1 
Faculdade de Tecnologia e Ciências 
– FTC 
Vitória da Conquista – Bahia – Brasil 
 
 
E-mail: 
gilfisioweb@gmail.com 
 
 228 Pereira GG et al. 
 
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vasoconstricção e redução do fluxo sanguineo, redução de mediadores 
inflamatórios e diminuição do consumo de oxigênio1,2. 
As principais formas de aplicação da crioterapia, são as compressas frias 
com bolsas de gelo ou sílica gel, massagem com gelo, banhos de imersão ou 
pela aplicação de spray que promovem o resfriamento local dos tecidos 
moles1,2,3. Os efeitos decorrentes do resfriamento, variam de acordo 
temperatura escolhida, duração do tratamento e dimensão da área a ser 
tratada. Esses efeitos terapêuticos, englobam a redução da inflamação e 
edema, analgesia, diminuição do espasmo muscular, melhora da amplitude de 
movimento articular, relaxamento das fibras musculares e interferência na 
geração de força muscular2. 
No sistema músculo esquelético, os efeitos da força muscular após a 
aplicação da crioterapia, ainda são controversos entre as pesquisas existentes 
e se agravam, devido aos poucos estudos sobre sua ação. Os efeitos 
fisiológicos no desempenho muscular (força, resistência e fadiga muscular) 
decorrentes da utilização do frio, merecem uma atenção maior, principalmente 
no que se refere ao aumento ou diminuição na capacidade do músculo gerar 
torque após ser resfriado4,5. 
Alguns autores6,7,8,9,10,11 relatam que a aplicação da crioterapia, antes da 
realização de exercícios de força, não influencia no desempenho muscular e 
que portanto, pode ser utilizada antes da execução de atividades musculares 
vigorosas sem que haja risco de lesão. Por outro lado, outros 
trabalhos3,5,12,13,14,15,16,17,18 observaram que a crioterapia influencia a capacidade 
de gerar força, podendo diminuir ou ampliar o desempenho muscular. 
Assim, visto que a crioterapia é freqüentemente utilizada em programas 
fisioterapêuticos de reabilitação, a determinação do efeito da aplicação do frio 
sobre o desempenho muscular mostra-se bastante relevante, pois tal efeito tem 
implicações importantíssimas no risco de lesões durante ou após o tratamento. 
Em virtude desses fatos, torna-se necessário um planejamento em 
relação à utilização de frio antes ou após a cinesioterapia (treino de força e 
propriocepção) e a realização de atividades funcionais após o gelo. 
O presente artigo teve como objetivo verificar o comportamento da força 
muscular após o uso da crioterapia por meio de uma revisão bibliográfica. 
 
Métodos 
 
 Trata-se de uma revisão de literatura, na qual foram consultados livros e 
periódicos da Biblioteca da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) - 
Campus de Vitória da Conquista, e realizada a busca de artigos científicos nos 
bancos de dados da Bireme, Scielo, Lilacs e Medline. 
A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando as terminologias 
cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde criados pela Biblioteca 
Virtual em Saúde desenvolvido a partir do Medical Subject Headings da U.S. 
National Library of Medicine, que permite o uso da terminologia comum em 
português, inglês e espanhol. As palavras-chave utilizadas na busca foram: 
Crioterapia, Força Muscular e Torque. 
Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram abordagem 
da utilização da Crioterapia e seus efeitos sobre a força muscular. Estudos que 
 
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explicavam efeitos fisiológicos da crioterapia e estudos sobre a fisiologia da 
contração e força muscular também foram utilizados como referência para este 
trabalho. Foram excluídos estudos que abordavam uso da crioterapia em 
patologias específicas. 
Assim foi realizada uma análise sobre a utilização e influência da 
crioterapia no comportamento da força muscular, com um total de 15 trabalhos 
da literatura especializada que correlacionava os critérios de inclusão. 
 
Resultados e Discussões 
 
A crioterapia é um recurso utilizado com frequência no processo de 
reabilitação de afecções agudas, por sua eficácia no combate da dor e edema. 
Novos ensaios sobre a crioterapia têm enfatizado a sua influência no sistema 
músculo esquelético, porém as alterações fisiológicas atribuídas ao ganho ou 
redução de força muscular ainda não estão esclarecidas, embora diversos 
pesquisadores buscam a relação entre essa técnica e o tratamento da força 
muscular3. 
A literatura apresenta inúmeras modificações fisiológicas no sistema 
músculo esquelético ao submeter um indivíduo ao tratamento crioterápico. 
Dentre essas alterações a diminuição da condução dos estímulos nervosos 
vem sendo a mais discutida quando se refere à redução da força isométrica. 
Tais alterações interferem na condução dos impulsos nervosos para as fibras 
musculares tipo I e II, responsáveis pela contração muscular, e 
consequentemente proporciona a inibição do motoneurônio gama, reduzindo 
assim, o arco reflexo miotático2, 4, 5, 9, 13, 16, 19. 
Segundo Silva et al13, esse mecanismo é mediado pela redução da 
sensibilidade do cálcio ao complexo actina-miosina e dos processos 
metabólicos ocorrentes na musculatura. Para Pereira et al5, o resfriamento 
interfere nas ligações entre as pontes cruzadas de actina e miosina formadoras 
das fibras musculares, gerando diminuição da força isométrica. Alguns autores 
defendem que a queda da força de contração atribuída ao efeito do frio é 
devido à combinação da diminuição da condução nervosa e da redução da 
sensibilidade do fuso muscular, inibindo o mecanismo reflexo de estiramento e 
reflexo tendinoso1, 2, 4. 
Conforme Starkey4, a redução da capacidade de realizar contrações 
musculares rápidas após o resfriamento tecidual, pode estar presente em 
decorrência do aumento da viscosidade do fluido sanguíneo nas fibras 
superficiais da musculatura. 
Hatzel e Kaminski12 após realização de testes de força muscular do 
tornozelo, mediante a aplicação do gelo pré e pós movimentação articular, 
constatou que a força concêntrica do movimento efetuado pela articulação do 
tornozelo pode ser afetado imediatamente após a imersão em gelo, 
apresentando uma redução em seu desempenho de força. Outro trabalho13 
reforça a hipótese de redução de torque concêntrico, observado na 
musculatura flexora do joelho após 30 minutos de aplicação de frio. 
Pereira e colaboradores5 apontam a diminuição da força muscular 
isométrica máxima de dorsiflexores, em comparação à medição pré e pós 30 
minutos do resfriamento local. Corroborando com esses dados um ensaio 
 
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sobre resfriamento muscular em indivíduos jovens e sedentários, encontrou 
decréscimo da força muscular do quadríceps, imediatamente após a aplicação 
do gelo na região durante 15 minutos14. 
No seu trabalho, Ruiz15 reforça o estudo anterior, observando a força 
concêntrica e excêntrica após utilização da crioterapia por 25 minutos na 
musculatura do quadríceps dos indivíduos assistidos. Teve como resultado, a 
redução da força concêntrica e excêntrica imediatamente após aplicação da 
crioterapia.
O mesmo estudo relata ainda que, essa diminuição de força, se 
caracteriza de curta duração, não alcançando 20 minutos. 
Em contra partida, os mecanismos fisiológicos envolvidos no aumento 
da força estão ligados à vasodilatação, com aumento do fluxo sanguíneo, maior 
oferta de oxigênio e nutrientes para as fibras musculares, assim como a 
liberação de catecolaminas contribuindo para uma maior produção de força 
muscular11, 13, 14. 
Duarte e Macedo16 relatam que o resfriamento prolongado provoca uma 
vasoconstricção seguida de uma vasodilatação local. Esse mecanismo de 
defesa da musculatura gera um maior fluxo sanguíneo na região resfriada, 
proporcionando um maior aporte sanguíneo e consequentemente uma maior 
oferta de oxigênio e nutrientes para a musculatura. Isso contribui para uma 
maior produção de energia, afetando a capacidade do músculo de gerar 
tensão, melhorando a contração muscular e favorecendo o ganho de força. 
A resposta do sistema simpático é outro aspecto que reforça o ganho de 
força muscular através da crioterapia, como afirma Low e Reed20. Segundo o 
autor há um aumento da liberação de catecolaminas proporcionado pelo 
estresse provocado pela baixa da temperatura local, contribuindo para o 
mecanismo de aumento do torque durante a contração muscular. 
Segundo autores16,17 o gelo afeta o momento máximo da força, 
observado na contração do quadríceps posteriormente à utilização de 20 
minutos de crioterapia. Os autores relatam que nos primeiros minutos após o 
resfriamento há uma redução da força, porém seus valores vão aumentando 
gradualmente aproximadamente 45 minutos após a aplicação do gelo. 
Os achados de Castro3 demonstram indicativos de aumento na força de 
preensão manual em 6,46% após 20 minutos de utilização da bolsa de gelo na 
face anterior do antebraço. 
Sanya e Bello17 aventam que a aplicação da crioterapia aumenta a força 
muscular isométrica e amplia sua resistência. Seus resultados foram colhidos 
após protocolo de medição de força antes, imediatamente após e 10 minutos 
após uso da crioterapia na musculatura do quadríceps de sessenta voluntários 
disponíveis em sua pesquisa. As investigações de Becher et al18, abrangendo 
articulações de indivíduos portadores de sinovite e inflamação articular por 
patologias degenerativas, seguem a mesma linha de Sanya e Bello17, 
apontando um aumento da força isométrica posteriormente ao resfriamento da 
região observada, e que o aumento da temperatura intra articular, com 
processo inflamatório, leva a efeitos negativos em sua produção de torque. 
Alguns ensaios não encontraram alteração da força muscular após 
terapia com gelo. Os autores6,7,8,9,10,11 não observaram influencia significativa 
da crioterapia no desempenho muscular, não havendo perda nem ganho de 
força muscular nos resultados obtidos em suas pesquisas. 
 
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Rubley9, em seu estudo, mensurou a contração isométrica voluntária 
máxima no movimento de oponência dos dedos indicador e polegar das mãos 
e sua sensibilidade à pressão, em 15 voluntários sob protocolo de imersão de 
15 minutos em gelo e medição da força antes e após imersão. O autor obteve 
como resposta a redução de sensibilidade, a diminuição de resposta a 
estímulos e a produção de força e propriocepção desses segmentos não foram 
afetados pelo resfriamento dos tecidos. Todavia apresentou pouca influência 
sobre o controle motor dos dígitos, reforçando a idéia que o uso do gelo não é 
contra indicado antes de exercícios de reabilitação para o estabelecimento do 
controle motor de pacientes. 
Foi observada também a influência do frio em imersão total do corpo 
sobre a força muscular em mergulhadores franceses através de estudos 
realizados por Coulange e colaboradores6. Conforme protocolo, foi realizada a 
imersão total do corpo por 6 horas em água na temperatura entre 10°C a 18° C, 
sendo constatado que o resfriamento por imersão total do corpo não afeta a 
produção de força muscular, observados no movimento de extensão dos 
membros inferiores. Van Lunem et al10 após realizar aplicações de gelo por 20 
minutos em 35 voluntários constatou que a crioterapia não resulta em aumento 
do pico de torque muscular. 
Borgmeyer et al7 sugere a utilização da massagem com gelo para 
redução da dor e não como alternativa na melhoria do torque ou força 
muscular. Essa conclusão foi obtida após aplicação por 10 minutos da 
massagem com gelo no ventre muscular do bíceps braquial direito dos 
indivíduos observados e medição de força isométrica máxima após 20 minutos 
do resfriamento. Para Thornley et al8 a força isométrica máxima não é 
significativamente afetada pela diminuição da temperatura, porém foi 
observado uma redução da resistência muscular por meio do resfriamento 
local, medido através da extensão do joelho durante testes realizados 
posteriormente à aplicação da crioterapia. 
Uma pesquisa comparativa voltada ao tratamento de osteoartrite de 
joelho, afirmou que o ganho de força muscular não sofre influência da 
termoterapia, seja ela no resfriamento ou aquecimento do componente 
articular11. 
Alguns fatores podem ter interferido nas respostas comparativas dos 
artigos citados anteriormente, como a diferença de protocolos aplicados, 
agentes crioterápicos distintos e tamanho da amostra observada. Bem como as 
repostas fisiológicas sobre as diferenças na espessura do tecido adiposo local, 
profundidade da musculatura resfriada, quantidade de pelos na superfície de 
aplicação, tempo de aplicação, tamanho da área tratada e diferença de 
temperatura entre a área tratada e a fonte térmica13,16. Outro fator que pode 
interferir é o reaquecimento diferenciado entre os tecidos articulares e 
musculares. Estudos afirmam que a musculatura tende a reaquecer em menor 
tempo posterior a aplicação da crioterapia, enquanto as estruturas articulares 
tendem a se manter resfriadas por mais tempo, perdurando o efeito do 
resfriamento2,16. 
 
 
Conclusões 
 
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Referências extraídas em distintas fontes científicas, nacionais e 
internacionais, contribuíram com este trabalho, que se reveste de grande 
importância no processo de investigação do tema proposto. Os estudos 
analisados demonstraram controvérsias quanto aos resultados encontrados. 
 Alguns autores consultados não encontraram alteração da força 
muscular após terapia com gelo. Nos trabalhos onde foram encontrada 
diminuição de força após resfriamento muscular estariam envolvidos 
mecanismos como redução da velocidade de condução nervosa e da 
sensibilidade do fuso muscular, interferência nas ligações das pontes cruzadas 
e aumento da viscosidade do fluido sanguíneo. Em contra partida, os 
mecanismos fisiológicos envolvidos no aumento da força estão ligados à 
vasodilatação, com aumento do fluxo sanguíneo, maior oferta de oxigênio e 
nutrientes para as fibras musculares, assim como a liberação de catecolaminas 
contribuindo para uma maior produção de força muscular. 
Assim, sugerimos a realização de novos estudos que venham esclarecer 
os efeitos fisiológicos do gelo sobre a força muscular, contribuindo para a 
elaboração de protocolos de tratamento mais seguros e eficientes, baseados 
na resposta muscular ao frio. 
 
 
 
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