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Marcadores sociais de diferença gênero

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PISTICELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: Heloisa Buarque de Almeida, José Eduardo Szwako. Diferenças, igualdade. São Paulo, Berlendis & Vertecchia, 2009, pp. 116-148. 
Marcadores sociais de diferença: gênero
POR QUE FALAR SOBRE GÊNERO?
Gênero refere-se ao caráter cultural das distinções entre homens e mulheres, entre ideias sobre feminilidade e masculinidade.
Pesquisa do IBGE: “A mulher no mercado de trabalho” (2005-2015)
Mulheres trabalham em média 5 horas a mais por semana do que os homens.
Mulheres recebem, em média, 74% do salário dos homens
Em 40% das casas, as mulheres são a pessoa de referência econômica
55% das mulheres brasileiras estão fora do mercado de trabalho
Em 2010 33,7% das mulheres e 25,7% dos homens tinham rendimento mensal de até 1 salário mínimo. Dentre as mulheres negras 40,3% recebiam até 1 salário mínimo e dentre as rurais, 50,5%.
O rendimento médio das mulheres negras correspondia a 35% do rendimento médio dos homens brancos. As mulheres negras tinham um rendimento médio equivalente a 52% do rendimento das mulheres brancas.
Pesquisa da Fundação Perseu Abramo: 43% das mulheres sofreram algum tipo de violência praticado por um homem.
Estima-se que, entre 2001 e 2011, tenham ocorrido mais de 50 mil homicídios motivados por misoginia: isso torna o Brasil o sétimo país que mais mata mulheres no mundo. 
Pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), que mostra que as mulheres negras representam 61% das vítimas de feminicídios no país. 
No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875.
Na mesma década, foi registrado um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade branca e negra. Para o mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013. Do total de feminicídios registrados em 2013, 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
Pesquisa do IPEA “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil” (2009-2011):
A taxa corrigida de feminicídios foi 5,82 óbitos por 100.000 mulheres, no período 2009-2011, no Brasil. 
Estima-se que ocorreram, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia.
As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte apresentaram as taxas de feminicídios mais elevadas, respectivamente, 6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100.000 mulheres. 
Mulheres jovens foram as principais vítimas: 31% estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos.
Pesquisa do IPEA “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil” (2009-2011):
No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%)
A maior parte das vítimas tinham baixa escolaridade, 48% daquelas com 15 ou mais anos de idade tinham até 8 anos de estudo.
No Brasil, 50% dos feminicídios envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de instrumento perfurante, cortante ou contundente. Enforcamento ou sufocação foi registrado em 6% dos óbitos. Maus tratos – incluindo agressão por meio de força corporal, força física, violência sexual, negligência, abandono e outras síndromes de maus tratos (abuso sexual, crueldade mental e tortura) – foram registrados em 3% dos óbitos.
 A TRAJETÓRIA DE UM CONCEITO
1963: O psicanalista estadunidense Robert Stoller, no Congresso psicanalítico Internacional, em Estocolmo, introduz o termo gênero, tratando do modelo da identidade de gênero.
Sexo teria a ver com a biologia e gênero com a cultura;
Maneiras de ser homem e mulher não derivam dos genitais, mas de aprendizados que são culturais, que variam segundo o momento histórico, o lugar, a classe social;
Os intersexos.
As formulações de gênero que tiveram impacto na teoria social foram formuladas a partir do pensamento feminista, na década de 1970.
LEITURAS “CLÁSSICAS” DA DIFERENÇA SEXUAL
A “primeira onda” do feminismo, entre o final do século 19 e o início do século 20.
“Direitos iguais a cidadania”: o acesso ao voto, à educação e o poder de ter posses e bens.
O conceito de papel social
Margaret Mead: Sexo e temperamento em três sociedades primitivas.
O caráter de construção social da diferença sexual.
O feminismo da “segunda onda”: 1949: a publicação de O segundo sexo, de Simone de Beauvoir. Para a autora, retirar a mulher desse lugar de inferioridade só seria possível ao se combater o conjunto de elementos que impediam que elas fossem realmente autonomas:
A educação que preparava as meninas para agradar aos homens, para o casamento e a maternidade;
O caráter opressivo do casamento para as mulheres, uma vez que, em vez de ser realizado por verdadeiro amor, era uma obrigação para se obter proteção e um ligar na sociedade;
O fato de a maternidade não ser livre, no sentido de que não existia um controle adequado da fertilidade que permitisse às mulheres escolherem se desejavam ou não ser mães;
1949: a publicação de O segundo sexo, de Simone de Beauvoir. Para a autora, retirar a mulher desse lugar de inferioridade só seria possível ao se combater o conjunto de elementos que impediam que elas fossem realmente autonomas:
A vigência de um duplo padrão de moralidade sexual, isto é, de normas diferenciadas que permitiam muito maior liberdade sexual aos homens;
A falta de trabalhos e profissões dignas e bem remuneradas que dessem oportunidade ás mulheres de ter real independência econômica.
A posição da mulher é uma construção social: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto [...]” (p. 9)
A categoria “mulher” foi desenvolvida pelo feminismo da segunda onda em leituras segundo as quais a opressão das mulheres está além de questões de classe e raça, atingindo todas as mulheres, inclusive as mulheres das classes altas e brancas.
Toda atividade que perpetuasse a dominação masculina passou a ser considerada como política.
O questionamento das produções disciplinares: como seriam a história, a antropologia, a ciência política, se tivessem considerado relevante levar em conta o “ponto de vista feminino”
LEITURAS RECENTES DA DIFERENÇA SEXUAL
1975: Gayle Rubin publica O tráfico de mulheres: notas sobre a economia política do sexo.
Sistema sexo/gênero: o conjunto de arranjos através dos quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produtos da atividade humana
A divisão sexual do trabalho cria o gênero, porque, para garantir o casamento, instaura a diferença, a oposição, entre os sexos. Com esse fim, essa divisão acentua, no plano da cultura, as diferenças biológicas entre os sexos.
Tabu do incesto pressupõe um tabu anterior, da homossexualidade.
A troca de mulheres origina a repressão da sexualidade de mulher e a obrigatoriedade da heterossexualidade.
A contestação, feita por feministas negras estadunidenses e do “terceiro mundo”, da ideia da identidade entre as mulheres, que concede pouca atenção às diferenças entre elas.
Os interesses das feministas brancas e de classe média seriam historicamente favorecidos.
A questão da escravas.
Sublinhando as diferenças entre as mulheres, essa nova percepção exigia que gênero fosse pensado num entrelaçamento com distinções raciais, de nacionalidade, sexualidade, classe social e idade.
A partir de finais da década de 1980, as feministas começam a questionar o processo histórico
ao longo do qual se passou a pensar que o “sexo” e a “natureza” seriam elementos fixos, anteriores á cultura.
Os intersexos, as transexuais e travestis.
A teoria queer.

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