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24-10-2017 1 Fisiopatologia e Dietoterapia nas Doenças Renais Profª Mariana Carrapeiro Adaptado de: Profª Tatiana Uchoa Relembrando… Rins 24-10-2017 2 Relembrando… Rins • Funções: – Excretora – Endócrina – Metabólica • Principal função: equilíbrio homeostático por meio da filtração sanguínea – Homeostase de líquidos e eletrólitos Sangue com toxinas Artéria renal Rins Sangue sem toxinas Veia renal 24-10-2017 3 Relembrando… Rins • Capacidade de funcionamento mesmo com grandes variações na composição da dieta • Lesão, necrose ou fibrose perda da função renal mecanismos adaptativos para minimizar os distúrbios homeostáticos: – Hipertrofia dos néfrons e taxa de filtração glomerular • Em média: Sangue • 1600 L/dia Ultrafiltrado • 180 mL/dia Urina • 1,5 L/dia Os rins podem perder 80% da função, sem que haja sintomas. Relembrando… Morfologia Renal • Cada rim possui 1 milhão de unidades filtrantes (néfrons) 24-10-2017 4 Néfron • Glomérulo – Massa esférica de capilares envolvidos por uma membrana (cápsula de Bowman) + células de filtração – Função: início da produção do ultrafiltrado – Esta etapa da filtração não demanda energia • Força do bombeamento sanguíneo trazido pela artéria renal – Pressão de perfusão Néfron • Glomérulo associado a túbulos: – Túbulo contorcido proximal – Alça de Henle – Túbulo distal – Ducto coletor Cada néfron tem funcionamento independente Se um néfron para, os outros continuam funcionando Porém, se uma das partes de um néfron pára, ele para completamente 24-10-2017 5 Néfron • Túbulos – Continuação da filtração – Reabsorção de componentes presentes no ultrafiltrado vindo do glomérulo • Sódio, potássio, água… – Há gasto de energia (ATP) – Fim do processo: urina coletada pelos túbulos ou ductos coletores • Levadas aos ureteres bexiga Alça de Henle Tubo contorcido distal Glomérulo – início da produção do ultrafiltrado Composição ~ ao sangue, porém sem hemácias e moléculas maiores (ptn). 24-10-2017 6 Alça de Henle Tubo contorcido distalTúbulo contorcido proximal – Reabsorção da maioria dos nutrientes do ultrafiltrado Transporte ativo Alça de Henle Tubo contorcido distalAlça de Henle – Absorção de água e eletrólitos 24-10-2017 7 Alça de Henle Tubo contorcido distal Túbulo contorcido distal, ductos coletores – Produção final da urina Condução pelo ureter urina (armazenamento) Composição da Urina • Produção normal mínima: 500mL/dia – Oligúria: produção < 500mL/dia • Solutos mais comuns eliminados: produtos finais do metabolismo de proteínas – Uréia – Ácido úrico – Creatinina – Amônia – … Quantidades variam com o tipo de dieta O corpo precisa eliminar diariamente Insuficiência Renal Incapacidade dos rins de excretar a carga diária desses produtos 24-10-2017 8 Função Renal • Sociedade Brasileira de Nefrologia: • Os rins são responsáveis por quatro funções no organismo: – Eliminação de toxinas do sangue por um sistema de filtração; – Regulação da formação do sangue e da produção dos glóbulos vermelhos; – Regulação da pressão sanguínea; – Controle do delicado balanço químico e de líquidos do corpo. Função renal • Principal: excreção • Outras funções: 1) produção de renina controle de PA (Sistema renina-angiotensina) PA Produção de renina pelas céls. do glomérulo Aldosterona Reabsorção de sódio e líquidos PA 24-10-2017 9 Função renal • Principal: excreção • Outras funções: 2) Produção de eritropoetina – Produção de eritrócitos pela medula óssea – Anemia: comum na Doença Renal Crônica • 3) Produção da Vitamina D ativa – Promove a absorção do Ca no intestino – Equilíbrio da relação Ca X P no sangue Doenças Renais • Doenças Glomerulares • Defeitos Tubulares – Insuficiência Renal Aguda (IRA) • Doença Renal Crônica – Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) • Cálculos Renais • Sinais de alerta: – Urinar muito à noite – Pressão alta – Fraqueza e anemia – Inchaço nos pés e no rosto. 24-10-2017 10 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA Doença Renal Crônica • Perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais – processos adaptativos: pct sem sintomas por muito tempo • Sintomas a partir da perda de 50% de sua função renal – Anemia leve, pressão alta, edema (inchaço)… • Até 10 a 12% de função renal normal: tratamento com medicamentos e dieta. – < Diálise ou transplante renal. 24-10-2017 11 Doença Renal Crônica • Geralmente resulta de outras patologias renais ou que geram complicações renais – Diabetes – Hipertensão – Glomerulonefrite • Outras causas de IRC: – Rins policísticos • Cistos grandes e numerosos, que levam à destruição renal – Pielonefrite – Doenças congênitas Déficit nas funções excretora, endócrina e metabólica Doença Renal Crônica ESTÁGIOS DA DOENÇA RENAL CRÔNICA Estágio TFG Descrição 1 90-130mL/min ou ≥ 90mL/min Dano renal, com TFG normal ou aumentada 2 60-89mL/min Leve diminuição na função renal 3 30-59mL/min Moderada diminuição na função renal 4 15-29mL/min Grave diminuição na função renal 5 < 15mL/min Insuficiência renal com tratamento (diálise) – Doença Renal em Estágio Terminal 24-10-2017 12 Doença Renal Crônica • DR em Estágio Terminal – Alto comprometimento: – Excreção de produtos metabólicos – Manutenção do balanço hidroeletrolítico – Produção hormonal Uremia Mal-estar, fraqueza, náuseas, vômitos, cãibras, comprometimento neurológico…. Outras consequências importantes: Inibição de lipases Hiperlipoproteinemia ( TG e HDL) Aumento de peroxidação lipídica ATEROSCLEROSE Doença Renal Crônica • Uremia • Acúmulo de produtos do metabolismo de PTN e AA – Uréia , creatinina, ácido úrico… • Casos mais graves: letargia, perda de consciência, coma, convulsões e morte. • Consequências da perda de Água e Eletrólitos • Pode levar a insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão • Casos mais graves: volume de líquido extracelular PA 24-10-2017 13 Doença Renal Crônica • Durante a evolução da doença: – Glomérulos dos néfrons ainda funcionantes, porém sobrecarregados! Hipertrofia, hipertensão glomerular e hiperfiltração Lesão dos glomérulos Proteinúria Alterações lesivas ao RIM! Perda protéica Processos inflamatórios … IRC X Doenças Cardiovasculares • DCV mais relacionadas a IRC: – Doenças coronarianas – Doenças cerebrovasculares (AVC) – Doença vascular periférica – Insuficiência cardíaca (ICC) • Fatores desencadeadores: – Diminuição da TFG – Albuminúria ( perda proteica) – Erro na ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona – Calcificações vasculares • Associados a outros fatores de risco: idade, HAS, DM, DLP, tabagismo, menopausa, obesidade e inatividade física. 24-10-2017 14 Anemia Desordens Cardiovasculares Deficiência Imunológica Desordens Metabolismo Lipídeos Alterações Hormonais Desequilíbrio Hidroeletrolítico Hipertensão Osteodistrofia Renal Problemas Dermatológicos Desnutrição x obesidade DOENÇA RENAL CRÔNICA Tratamento TRATAMENTO Conservador Dialítico Transplante - Hemodiálise - Diálise Peritoneal - Medicamentos - Dieta 24-10-2017 15 Hemodiálise X Diálise peritoneal Nutrição na DRC 24-10-2017 16 Objetivos da Dietoterapia • Manter um bom estado nutricional • Controlar sintomatologia urêmica e dos distúrbios hidroeletrolíticos • Prevenirou reduzir a toxicidade urêmica • Atuar nas doenças correlatas como: hiperparatireoidismo secundário, desnutrição e várias outras alterações metabólicas Avaliação Nutricional • Antropométricos* • Composição Corporal • Exames Laboratoriais • Consumo Alimentar Métodos Objetivos • História Clínica • ASG Métodos Subjetivos 24-10-2017 17 Avaliação Nutricional *Estimativa de peso com edema Edema Excesso de peso hídrico + Tornozelo 1Kg ++ Joelho 3 a 4Kg +++ Coxa 5 a 6Kg ++++ Anasarca 10 a 12Kg DUARTE, CASTELLANI (2002) Avaliação Nutricional *Estimativa de peso com ascite Grau de ascite Peso ascítico (kg) Leve 2,2 Moderada 6,0 Grave 14 JAMES, 1989. 24-10-2017 18 Avaliação Nutricional • Circunferências e áreas – Circunferência do braço – Circunferência muscular do braço – Área muscular do braço • Dobras cutâneas – Bíceps, tríceps, subescapular, suprailíaca * Hemodiálise: medidas no braço sem o acesso vascular Nutrição na Pré-Diálise 24-10-2017 19 Nutrição na Pré-Diálise • Cuidados importantes: – Excesso de proteínas na dieta promove aumento de proteinúria, danos histológicos renais. Conduta: Dieta Hipoprotéica VANTAGENS: Diminui pressão intraglomerular Reduz consumo de oxigênio devido menor excreção de amônia e fosfatos Reduz geração de produtos nitrogenados tóxicos Nutrição na Pré-Diálise • Estudos clínicos e de meta-análise têm evidenciado o benefício da Dieta hipoprotéica sobre ritmo da progressão, bem como sintomatologia urêmica. Essa dieta reduz o risco de morte e prolonga o tempo para a entrada em diálise. 24-10-2017 20 Nutrição na Pré-Diálise • Recomendações protéicas Nutrição na Pré-Diálise • Dieta hipoproteica convencional (alimentos mistos): – 0,6g/kg de peso atual/dia – manutenção do BN – 2/3 de AVB • Dieta muito hipoproteica: – 0,3g/kg de peso atual/dia + suplementação de AA essenciais – Predominantemente PTN vegetal – Objetivos: • Corrigir sintomas urêmicos • Manter o estado nutricional e o BN positivo • Risco: inadequação de necessidades • Outras recomendações: – 0,6-0,8 g/kg/dia se diabetes – 0,8-1,0 g/kg/dia se desnutrição 24-10-2017 21 Nutrição na Pré-Diálise • Exemplos de Proteínas de Alto Valor Biológico • Exemplos de Proteínas de Baixo Valor Biológico Nutrição na Pré-Diálise • Recomendações Energéticas • Estudos mostram que a necessidade energética nesses pacientes é semelhante àquelas de indivíduos saudáveis. 35 Kcal/Kg/dia • Situações especiais: – Obesos ou Idosos (> 60 anos): 30Kcal/Kg/dia – Desntridos: > 35Kcal/Kg/dia 24-10-2017 22 Nutrição na Pré-Diálise Situações que exigem mais raciocínio do Nutricionista: • Paciente desnutrido e com DRC… – Como recuperar o peso sem exceder a fonte proteica? – Como aumentar caloria sem aumentar proteína? Nutrição na Pré-Diálise • Importante conhecer os alimentos alto teor calórico e baixo teor proteico. Exemplos: 24-10-2017 23 Nutrição na Pré-Diálise • Carboidratos – 55 a 65% – 50 a 60% • Estimular consumo de fibras • Diabético com DRC: mesma recomendação – A insulina que iria ser excretada pelos rins, circula por mais tempo. – O DM tende até a “compensar” um pouco mais • Lipídeos: – 30 a 35% • Saturados: < 10% • Monoinsaturados: 10 a 15% • Polinsaturados: 10% Nutrição na Pré-Diálise • Micronutrientes: – Vitamina A: • Elevadas concentrações nesses pacientes pela prejudicada transformação do retinol à ácido retinóico pelos rins • Não suplementar. – Vitamina B12: • Essencial no metabolismo do ácido fólico • A suplementação diminui as concentrações homocisteína (RCV) – Ácido Fólico: • Promove a conversão da homocisteína em metionina. • A hiperhomocisteinemia tem alta toxicidade endotelial • A suplementação diminui as concentrações homocisteína (RCV) R e la ç ã o c o m a h o m o c is te ín a 24-10-2017 24 Nutrição na Pré-Diálise • Micronutrientes: – Ferro – Cálcio e Vitamina D: • Avaliar suplementação de Ca e Vit. D ativa • A absorção de Ca diminui à progressão da DRC, devido à deficiência de Vit. D ativa – Fósforo: • O excesso está ligado à progressão da DRC. • Problema: Fontes comuns ao cálcio • Controlar a ingestão: 5-10mg/kg/dia (ideal) – Outra possibilidade: 10-12mg/kg/dia ou 800mg/dia é mais fácil de ser alcançada – Uso de quelantes de fósforo? Nutrição na Pré-Diálise • Micronutrientes: – Potássio: • Hipercalemia é comum nos pacientes urêmicos • Enquanto houver bom volume urinário (1000ml/dia) e os pacientes estiverem em uso de diuréticos, geralmente não é necessário restringir da dieta. • Porém, há medicamentos (como antihipertensivos) podem favorecer a hipercalemia, neste caso recomenda-se restringir. • Também se restringe quando a TFG < 10mL/min – Típico em pacientes que precisam ir à diálise • Líquidos • Raciocício idem Potássio (restringir quando TFG < 10 mL/min) 24-10-2017 25 49 Nutrição na Pré-Diálise • Atenção ao potássio (para pacientes em diálise ou com indicação): • Interessante: – Processo de cocção das frutas e hortaliças em água reduz em média 60% a concentração de K: 24-10-2017 26 Nutrição na Pré-Diálise • Sódio/Sal: • SódioMeta : Quantidades de Na urinário = Na ingerido (interessante fazer essa avaliação/comparação) – Determinar a qtde de Na excretado em 24h Quanto mais a DRC progride maior é o risco à PA • Restrição de sal: – Ajuda no controle da PA e retenção hídrica – Melhora eficiência dos antihipertensivos – Melhora o efeito anti proteinúrico dos antihipertensivos – Na: 1000 – 1500mg/d – Sal: 2,5 a 4g/d Projeto Diretrizes 24-10-2017 27 Nutrição na Hemodiálise 24-10-2017 28 Hemodiálise • 2 a 3 vezes por semana • 2 a 5 horas cada sessão • Acúmulo de metabólitos e líquidos entre sessões • Perdas de aminoácidos, peptídeos e vitaminas • Processo catabólico • Risco de Desnutrição Hemodiálise X Desnutrição Anorexia • Diminuição do paladar • Restrição de Na, líquidos e outros na dieta • Medicamentos • Depressão • Efeitos debilitantes da doença crônica Catabolismo • Perda de AA • Perda de proteínas • Perda de glicose • Perda de vitaminas hidrossolúveis 24-10-2017 29 DRC Dialítica X Desnutrição Nutrição na Hemodiálise • Energia • Estudos: – Pacientes em HD não apresentam aumento de GEB em repouso, apenas durante a HD e 2 a 3 horas depois – Recomendação: 32 a 39 kcal/kg/dia, com média de 35 kcal/kg/dia • Manutenção do peso e do BN neutro, em pacientes estáveis em HD, sedentários ou com atividades leves 24-10-2017 30 Nutrição na Hemodiálise • Proteínas • Maior necessidade que indivíduos saudáveis – Motivos: • Perda de AA na HD • Limitação de síntese e maior catabolismo protéico muscular • Recomendação: 1,0 a 1,2 g/kg/dia – Outros autores: até 1,4 g/kg/dia – Maiores necessidades: em caso de altos níveis de estresse Nutrição na Hemodiálise • Carboidratos e Lipídios • Ingestão deve ser balanceada para que não se utilize PTN como fonte de energia • HC: 50 a 60% • LIP: 25 a 35% 24-10-2017 31 Nutrição na Hemodiálise • Sódio, Potássio e Líquidos • Depende do volume e perdas urinárias • Sódio: até 2300 mg/dia ou 5g/dia • Potássio: 1 a 3g/dia • Líquidos: Pacientes não complicados, sem risco de sobrecarga hídrica, recomendação normal – Importante avaliar peso interdialítico (ideal de 2 a 4,5% do peso seco) – Regra: 500 ml + vol. urina 24 horas Nutrição na Hemodiálise • Cálcio, Fósforo e Vitamina D: • Cálcio: problemas de absorção – necessário suplementaçãode Ca e Vit. D, na maioria dos casos. – Todavia, fosfato de cálcio tende a se depositar durante a diálise nas artérias – alto RCV – Controlar o fosfato (quelantes) e garantir Cálcio (1000mg/dia) • Fósforo: 800 a 1200 mg/dia – Restringir via dieta é difícil, necessário uso de quelantes 24-10-2017 32 Nutrição na Hemodiálise • Curiosidade: • Carambola : intoxicação em IRC • Distúrbios neurológicos agudos de vários graus + Morte (dentro de 5 dias) • Início dos sintomas: 2,5 a 14 horas pós ingestão – 1-2 frutas ou suco • Causa? Neurotoxina? Pode depender das características do paciente, suscetibilidade individual, ou espécies da fruta Projeto Diretrizes 24-10-2017 33 Nutrição na Diálise Peritoneal 76 Definição de Diálise Peritoneal • Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) – Infusão e a drenagem feitas manualmente, em geral 4x/dia – Não precisa de nenhuma máquina. Pode ser feito em qualquer lugar limpo. Dialisato passa de uma bolsa de plástico pelo cateter para o abdome Depois de várias horas, a solução é escoada de volta à bolsa. 24-10-2017 34 Definição de Diálise Peritoneal • Diálise Peritoneal Automática (APD) – Na APD, ao invés das trocas do dialisato serem feitas manualmente ao longo do dia, elas são feitas à noite, com o auxílio de uma máquina chamada cicladora. – A cicladora é conectada ao cateter e realiza o tratamento enquanto o paciente dorme. Nutrição na Diálise Peritoneal Risco de Desnutrição • Ingestão alimentar inadequada • Medicamentos • Fatores psicossociais • Perda de nutrientes • Catabolismo • Inflamação, peritonite… Risco de Obesidade • Presença de fatores orexígenos (MARTINS, 2013) 24-10-2017 35 Nutrição na Diálise Peritoneal • Energia – Não há aumentos significativos comparado à HD, todavia considera-se uma recomendação ligeiramente inferior • Motivo: há absorção de glicose do dialisato – 30-35 kcal/kg/dia – Ou manutenção: 25 a 35 kcal/kg/dia • Proteína – Pelo menos 1,2-1,4g/kg/dia • 50% de AVB (mínimo) – Situações especiais: • Peritonite: aumentar a oferta 1,4-1,6 g/kg/dia Nutrição na Diálise Peritoneal • Carboidratos – Necessário restringir, devido à absorção de glicose do dialisato – Alta prevalência de hipertrigliceridemia em pacientes em DP – No Brasil, ainda é pequena a disponibilidade de fórmulas de dialisato isentas de glicose – Cd.: 35% do VCT • Restringir doces, recomendar uso de adoçantes • Lipídeos – 30 a 35% – Restrição de LIP saturados 24-10-2017 36 Nutrição na Diálise Peritoneal • Fibras – Comum haver constipação. Motivos: • Uso de suplementos de ferro, quelantes de fósforo • Baixa atividade física e baixa ingestão de fibras – 20-25g/dia • Sódio, Potássio e Líquidos – Avaliar cada caso. – Sódio e Líquidos: restringir apenas se o paciente tiver edema ou ganho de peso excessivo • Sódio: 1 a 2,3g/dia – Potássio: mais comum haver deficiência (aumentar K na dieta) • Em caso de hipercalemia, avaliar adequação da DP e restringir na dieta Nutrição na Diálise Peritoneal • Fósforo, Cálcio e Vit. D – Fósforo: Há uma na DP, mas ainda há a necessidade de restringir na dieta • Dificuldade: Fontes de PTN e P são comuns • Recomendação: 1000 a 1200mg/dia + uso de quelantes – Cálcio e Vit. D: Dependem de cada indivíduo • Se necessário reduzir, atenção ao tipo de dialisato (muitos contêm Ca) • Recomendação: 1000mg/dia 24-10-2017 37 Projeto Diretrizes 24-10-2017 38 Referências MAHAN, L. K. (Ed.); ESCOTT-STUMP, S. (Ed.). Krause alimentos, nutrição & dietoterapia. 12ª ed. São Paulo: Roca, 2010. MARTINS, C. Terapia nutricional no paciente renal crônico e agudo. Instituto Cristina Martins. Curitiba, 2009. MARTINS, C.; CUPPARI, L.; AVESANI, C.; GUSMÃO, M.H. Terapia Nutricional para Pacientes na Fase Não-Dialítica da Doença Renal Crônica. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de Nutrologia. Projeto Diretrizes. São Paulo, 2011. RIELLA, M.C.; MARTINS, C. Nutrição e o rim. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013. SHILS, M. E., Nutrição Moderna na saúde e na doença. 2ª ed. Barueri, SP: Manole, 2009. Sociedade Brasileira de Nefrologia 75 Estudo de caso • 1. Dados de admissão: • Paciente L.G.P, 65 anos, solteira, analfabeta, costureira, católica, natural e procedente de Maranguape. Admitida em 08/05 com queixa principal de dor nas pernas. • Paciente relata que há 5 meses iniciou quadro de dor nas articulações com edema em articulações de joelho, procurou atendimento em unidade de saúde onde foi constatada anemia profunda, com realização de transfusão sanguínea. Relata que neste período apresentou oligúria e acolia fecal. Relata ainda perda de peso, mudanças na ingestão alimentar e na capacidade funcional desde o início do quadro. Relata tosse cheia e dispneia em repouso que iniciou há 15 dias. Nega comorbidades, tabagista dos 13 aos 50 anos. Mãe morreu aos 90 anos com HAS e DM, irmã retirada de um seio por CA de mama e pai morreu por TB. 76 24-10-2017 39 Estudo de caso • 2. Diagnóstico clínico: – IRC dialítica, anemia profunda, poliartrite a/e, derrame pleural a/e, infecção de catéter venoso central, edema de membros inferiores (+++). – Obs.: Realiza hemodiálise 3 vezes por semana. • 3. Medicamentos prescritos: Meropenem, Ac. Fólico e Prednisona • 4. Dados antropométricos: – Peso atual: 65 kg (com edema em membros inferiores – até joelho) – Peso habitual: 68 kg – Altura: 1,50 m – CB: 21 cm – PTC: 13 mm – Obs.: Paciente acamada, locomovendo-se apenas até o banheiro. 77 Exames Valor observado Referência Albumina 2,9 3,5-5,5 Hemácias 2,07 4,5 a 6,5 Hemoglobina 5,7 13,5 a 18 Hematócrito 18,3 39 a 54 Leucócitos 22.380 4 a 10.000 Plaquetas 91000 150000-450000 GTT 169 7 a 32 U/L Creatinina 5,5 0,7 a 1,3 g/dl TGO 125 0 a 38 U/L TGP 125 0 a 41 U/L Globulina 2,0 2,4 a 3,5 g/dl Uréia 152 10 a 50 mg/dl Colesterol Total 233 <200 mg/dl Triglicérides 424 <150 mg/dl Lipase 120 2 a 8 UI Amilase 177 60 a 160 U/dl Na+ 129 135 a 146 mEq/L K+ 5,0 3,5 a 5,5 mEq/L Ca 2+ 9,2 8,5 a 10,5 g/dl Cloro 89 97 a 110 mEq/L 5. Dados Bioquímicos: - Volume urinário 24 horas: 450 ml 24-10-2017 40 Estudo de caso • 6. Dados dietéticos: – Paciente estava em uso de dieta enteral devido ao quadro de tosse e dispnéia que comprometia a ingestão por via oral. Iniciou a transição para dieta por via oral e já está recebendo a consistência pastosa. a) Qual é o diagnóstico nutricional, de acordo com os dados antropométricos e bioquímicos apresentados? b) Calcule a necessidade calórica diária e distribuição de macronutrientes. Mencione a referência das recomendações. c) Existem recomendações específicas de micronutrientes para a doença de base? d) Descreva a conduta implantada, considerando o padrão de cardápios hospitalares. 79
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