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2 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – Estudo do texto ...................................................................................... 03 
Capítulo I – O texto ......................................................................................................... 03 
Capítulo II – Linguagem verbal e não verbal .................................................................. 04 
Capítulo III – Funções da linguagem .............................................................................. 04 
Capítulo IV – Efeitos de sentido ...................................................................................... 06 
Capítulo V – Gêneros textuais ....................................................................................... 12 
Leitura ........................................................................................................................... 15 
Fixação .......................................................................................................................... 17 
Pintou no ENEM ........................................................................................................... 20 
Gabarito ........................................................................................................................ 25 
 
UNIDADE 2– Estudo da língua .................................................................................... 26 
Capítulo VI – Variação linguística .................................................................................... 26 
Capítulo VII – Fala e escrita ..............................................................................................29 
Capítulo VIII – Estrutura das palavras .............................................................................. 30 
Capítulo IX – Classe de palavras ...................................................................................... 31 
Leitura .............................................................................................................................. 48 
Fixação ............................................................................................................................ 49 
Pintou no ENEM .............................................................................................................. 54 
Gabarito ........................................................................................................................... 63 
 
 
UNIDADE 3 – Análise textual ......................................................................................... 64 
Capítulo X – Elementos textuais e contextuais ................................................................ 64 
Capítulo XI – Intertextualidade .......................................................................................... 67 
Leitura .............................................................................................................................. 70 
Fixação ............................................................................................................................. 73 
Pintou no ENEM ............................................................................................................. 78 
Gabarito ........................................................................................................................... 79 
 
Referências ...................................................................................................................... 80 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
UNIDADE 1 – Estudo do texto 
 
O TEXTO 
 
Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou 
publicitário, um anúncio visual sem nenhuma palavra, uma 
canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi 
escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para 
informar, comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é, 
pois, exclusivamente da palavra. 
. Irene A. Machado 
 
Quando se fala em texto, identifica-se o uso da linguagem (verbal ou não verbal) que tem significado, 
unidade e objetivo comunicativo. 
É importante considerar que todo texto tem um contexto, ou seja, a situação concreta à qual o texto faz 
referência. 
O contexto envolve sempre o conhecimento sobre o que está sendo dito e também as crenças e 
conclusões relativas ao texto em questão. Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético, político) 
e sua identificação é fundamental para a compreensão do texto. 
Também é importante interpretar os pressupostos (circunstância ou fato considerado como antecedente 
necessário de outro) e os implícitos (algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é 
deixado subentendido, é apenas sugerido) que o texto traz. 
 
 
 
Em relação à linguagem, pode-se defini-la como um sistema de signos capaz de representar, através de 
som, letra, cor, imagem, gesto etc., significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e 
da construção de categorias mentais que representem os resultados dessa interpretação. 
Os signos linguísticos são os elementos de significação nos quais se baseiam as línguas. Possuem uma 
dupla face: a face do significado (o conceito do objeto) e a face do significante (os sinais gráficos ou 
sonoros que representam o objeto). 
Exemplo: A palavra cadeira não é a cadeira (você não senta na palavra cadeira!), mas quando é dita ou 
lida, imediatamente se tem a ideia de cadeira. O simples fato de dizer a palavra que nomeia o objeto é 
suficiente para que sua imagem venha à mente, devido ao seu valor simbólico partilhado pelos usuários da 
língua, que se torna convenção em uma sociedade. 
 
4 
 
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL 
 
 
Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. 
 
 
Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. 
Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem 
corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. 
 
Linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal, usando palavras 
escritas e figuras ao mesmo tempo. 
 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
De acordo com a visão clássica, para que haja comunicação é necessário que os interlocutores 
(remetente e destinatário de uma dada mensagem) utilizem um sistema de sinais – o código - devidamente 
organizado e comum a ambos. A mensagem a ser transmitida refere-se a um contexto e para que chegue 
ao destinatário necessita de um canal, um meio físico concreto de contato. Veja o esquema a seguir: 
 
Esquema clássico da comunicação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo a Teoria da Comunicação proposta por Roman Jakobson em 1969, toda mensagem tem uma 
finalidade predominante que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de 
uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem 
sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. As seis funções são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
contato 
função fática 
 
código 
função metalinguística 
destinatário 
função conativa 
função poética 
 
mensagem 
função referencial 
 
contexto 
remetente 
função emotiva 
 
5 
 
1. Função referencial (ou denotativa) 
É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece informações da realidade. Objetiva, direta, 
denotativa, prevalecendo a terceira pessoa do singular. Essa linguagem é usada na ciência, na arte realista, 
no jornal, no “campo” do referente e das notíciasde jornal e livros científicos. 
Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã 
vermelha e uma pêra. 
 
2. Função emotiva (ou expressiva) 
É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do 
singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de 
amor. 
Ex: Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero 
comentar o assunto. 
 
3. Função apelativa (ou conativa) 
É aquela que se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o 
comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o 
uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. É 
usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao 
consumidor. 
 
4. Função Fática 
É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a 
eficiência do canal. 
Ex: - Olá, como vai, tudo bem? 
- Alô, quem está falando? 
 
5. Função poética 
É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, 
sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem 
figurada apresentada em obras literárias, letras de música e em algumas propagandas. 
Ex: Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto) “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ele precisará 
sempre se outros galos[...]” 
 
6. Função metalinguística 
É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, 
da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios 
de metalinguagem. 
Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor? 
- Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato, 
etc. 
 
 
6 
 
Quadro-resumo das funções de linguagem 
 
 
EFEITOS DE SENTIDO 
 
Conotação e denotação 
 
Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo 
contexto. 
Ex: Você tem um coração de pedra. 
 
Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. 
Ex: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. 
 
Figuras de Linguagem 
 
 
As figuras de linguagem são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É 
um recurso linguístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, 
emotividade ou poeticidade ao discurso. 
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do 
autor. A palavra empregada em sentido figurado, não denotativo, passa a pertencer a outro campo de 
significação, mais amplo e criativo. 
As figuras de linguagem classificam-se em: 
 a) figuras de som; 
 b) figuras de palavras 
; c) figuras de pensamento; 
 d) figuras de construção. 
 
 
 
FUNÇÃO OBJETIVO DA MENSAGEM 
REFERENCIAL OU 
DENOTATIVA 
Transmitir informação 
EMOTIVA OU 
EXPRESSIVA 
Expressar as emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao 
que fala 
CONATIVA OU 
APELATIVA 
Persuadir o destinatário, influenciando em seu comportamento 
FÁTICA 
 
Estabelecer ou manter comunicação 
METALINGUÍSTICA 
 
Falar sobre a própria linguagem 
POÉTICA 
 
Provocar algum efeito de sentido no receptor 
7 
 
Figuras de som 
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de 
mesmos sons consonantais. 
Ex: “Esperando, parada, pregada na pedra do 
porto.” 
 
b) assonância: consiste na repetição ordenada de 
sons vocálicos idênticos. 
Ex: “Sou um mulato nato no sentido lato 
mulato democrático do litoral.” 
 
c) paronomásia: consiste na aproximação de 
palavras de sons parecidos, mas de significados 
distintos. 
Ex: “Eu que passo, penso e peço.” 
 
d) onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou 
conjunto de palavras imita um ruído ou som. 
Ex: "O silêncio fresco despenca das árvores. / 
Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados 
onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv... 
passou." 
 
Figuras de pensamento 
a) antítese: consiste na aproximação de termos 
contrários, de palavras que se opõem pelo 
sentido. 
Ex: “Os jardins têm vida e morte.” 
 
b) ironia: é a figura que apresenta um termo em 
sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, 
efeito crítico ou humorístico. 
Ex: “A excelente Dona Inácia era mestra na arte 
de judiar de crianças.” 
 
c) eufemismo: consiste em substituir uma 
expressão por outra menos brusca; em síntese, 
procura-se suavizar alguma afirmação 
desagradável. 
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de 
ele roubou) 
 
d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com 
finalidade enfática. 
Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou 
com muita sede) 
 
e) prosopopeia ou personificação: consiste em 
atribuir a seres inanimados predicativos que são 
próprios de seres animados. 
Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada. 
 
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias 
em progressão ascendente (clímax) ou 
descendente (anticlímax) 
Ex: “Um coração chagado de desejos/Latejando, 
batendo, restrugindo.” 
 
g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a 
alguém (ou alguma coisa personificada). 
Ex: “Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me 
vós, Senhor Deus!” 
 
h) paradoxo: Ocorre não apenas na aproximação 
de palavras de sentido oposto, mas também na 
de ideias que se contradizem referindo-se ao 
mesmo termo. É uma verdade enunciada com 
aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é 
outra designação para 
paradoxo. 
Ex: "Amor é fogo que arde 
sem se ver; / É ferida que 
dói e não se sente; / É um 
contentamento descontente; / É dor que desatina 
sem doer;" 
 
Figuras de palavras 
a) Comparação: Ocorre comparação quando se 
estabelece aproximação entre dois elementos 
que se identificam, ligados por conectivos 
comparativos explícitos - feito, assim como, tal, 
como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns 
verbos - parecer, assemelhar-se e outros. 
8 
 
Ex: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / 
Beijou sua mulher como se fosse lógico." 
 
b) metáfora: consiste em empregar um termo com 
significado diferente do habitual, com base numa 
relação de similaridade entre o sentido próprio e o 
sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma 
comparação em que o conectivo comparativo fica 
subentendido. 
Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” 
 
c) metonímia: como a metáfora, consiste numa 
transposição de significado, ou seja, uma palavra 
que usualmente significa uma coisa passa a ser 
usada com outro significado. Todavia, a 
transposição de significados não é mais feita com 
base em traços de semelhança, como na 
metáfora. A metonímia explora sempre alguma 
relação lógica entre os termos. 
Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em 
lugar de casa) 
 
d) catacrese: ocorre quando, por falta de um 
termo específico para designar um conceito, 
torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido 
ao uso contínuo, não mais se percebe que ele 
está sendo empregado em sentido figurado. 
Ex: O pé da mesa estava quebrado. 
 
e) antonomásia ou perífrase: consiste em 
substituir um nome por uma expressão que o 
identifique com facilidade. 
Ex: os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os 
Beatles) 
 
f) sinestesia: trata-se de mesclar,numa 
expressão, sensações percebidas por diferentes 
órgãos do sentido. 
Ex: A luz crua da madrugada invadia meu quarto. 
 
g)alegoria: é uma acumulação de metáforas 
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura 
poética que consiste em expressar uma situação 
global por meio de outra que a evoque e 
intensifique o seu significado. Na alegoria, todas 
as palavras estão transladadas para um plano 
que não lhes é comum e oferecem dois sentidos 
completos e perfeitos - um referencial e outro 
metafórico. 
Ex: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O 
tenor e o barítono lutam pelo soprano, em 
presença do baixo e dos comprimários, quando 
não são o soprano e o contralto que lutam pelo 
tenor, em presença do mesmo baixo e dos 
mesmos comprimários. Há coros numerosos, 
muitos bailados, e a orquestra é excelente..." 
 
Figuras de construção 
As figuras de construção (ou de sintaxe) dizem 
respeito a desvios em relação à concordância 
entre os termos da oração, sua ordem, possíveis 
repetições ou omissões. Elas podem ser 
construídas por: omissão, repetição, inversão, 
ruptura ou concordância ideológica. Portanto, 
são figuras de construção ou sintaxe: 
a) elipse: consiste na omissão de um termo 
facilmente identificável pelo contexto. 
Ex: “Na sala, apenas quatro ou cinco 
convidados.” (omissão de havia) 
 
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já 
apareceu antes. 
Ex: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de 
prefiro) 
 
c) assíndeto: Ocorre quando orações ou palavras 
deveriam vir ligadas por conjunções 
coordenativas, aparecem justapostas ou 
separadas por vírgulas. 
Ex: "Não nos movemos, as mãos é que se 
estenderam pouco a pouco, todas quatro, 
pegando-se, apertando-se, fundindo-se." 
(Machado de Assis). 
9 
 
d) polissíndeto: consiste na repetição de 
conectivos ligando termos da oração ou 
elementos do período. 
Ex: “E sob as ondas ritmadas/ e sob as nuvens e 
os ventos/e sob as pontes e sob o sarcasmo /e 
sob a gosma e sob o vômito (...)” 
 
e) silepse: consiste na concordância não com o 
que vem expresso, mas com o que se 
subentende, com o que está implícito. 
Ex: Vossa Excelência está preocupado. 
“O que me parece inexplicável é que os 
brasileiros persistamos em comer essa coisinha 
verde e mole que se derrete na boca.” 
 
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto 
na frase. Normalmente, isso ocorre porque se 
inicia uma determinada construção sintática e 
depois se opta por outra. 
Ex: A vida, não sei realmente se ela vale alguma 
coisa. 
 
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja 
finalidade é reforçar a mensagem. 
 
 
Pleonasmo literário: 
É o uso de palavras redundantes para reforçar 
uma ideia, tanto do ponto de vista semântico 
quanto do ponto de vista sintático. Usado como 
um recurso estilístico, enriquece a expressão, 
dando ênfase à mensagem. 
Ex: "Morrerás morte vil na mão de um forte." 
 
Pleonasmo vicioso: 
É o desdobramento de ideias que já estavam 
implícitas em palavras anteriormente expressas. 
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois 
não têm valor de reforço de uma ideia, sendo 
apenas fruto do descobrimento do sentido real 
das palavras. 
Ex: subir para cima / entrar para dentro / repetir 
de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de 
sangue / monopólio exclusivo. 
 
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma 
palavra no início de versos ou frases. 
Ex: “ Amor é um fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer” 
 
i) inversão: consiste na mudança da ordem 
natural dos termos na frase. 
Ex: “De tudo ficou um pouco. 
Do meu medo. Do teu asco.” 
Obs: Há quatro figuras de linguagem para a 
inversão: 
- anástrofe: Ocorre quando há uma simples 
inversão de palavras vizinhas 
(determinante/determinado). 
Ex: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem 
sombra tenho." 
- hipérbato: Ocorre quando há uma inversão 
completa de membros da frase. 
Ex: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As 
belas passeiam na Avenida à tarde.) 
- Sínquise: Ocorre quando há uma inversão 
violenta de distantes partes da frase. É um 
hipérbato exagerado. 
Ex: "A grita se alevanta ao Céu, da gente." (A 
grita da gente se alevanta ao Céu ) 
- Hipálage: Ocorre quando há inversão da 
posição do adjetivo: uma qualidade que pertence 
a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase. 
Ex: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas 
dos barbeiros loquazes) 
10 
 
Significação das palavras 
 
I) Campos semânticos: as palavras podem 
associar-se de várias maneiras. Quando se 
relacionam pelo sentido, temos um campo 
semântico. Não se trata de sinônimos ou 
antônimos, mas de aproximação de sentido num 
dado contexto. 
Ex.: 
- perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz 
(partes do corpo humano) 
- azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás (cores) 
- martelo, serrote, alicate, torno, enxada 
(ferramentas) 
- batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba 
(legumes) 
 
Observações 
a) Também constituem campos semânticos 
palavras como flor, jardim, perfume, terra, 
espinho, embora não pertençam a um grupo 
delimitado; mas a associação entre elas é 
evidente. 
b) As palavras podem pertencer a campos 
semânticos diferentes. Veja o caso de abóbora: 
ela também serve para indicar cor, o que a 
colocaria no segundo grupo de palavras. 
 
II) Polissemia: é a capacidade que as palavras 
têm de assumir significados variados de acordo 
com o contexto. Não se trata de homonímia, que 
estudaremos adiante. 
Ex.: Ele anda muito. Mário anda doente. Aquele 
executivo só anda de avião. Meu relógio não 
anda mais. 
O verbo andar tem origem no latim ambulare. 
Possui inúmeros significados em português, dos 
quais destacamos apenas quatro. Trata-se, pois, 
de uma mesma palavra, de uso diverso na língua. 
Nas frases do exemplo, significa, 
respectivamente, caminhar, estar, viajar e 
funcionar. 
 
III) Sinonímia: outro item de suma importância 
para a interpretação de textos. Há sinonímia 
quando duas ou mais palavras têm o mesmo 
significado em determinado contexto. Diz-se, 
então, que são sinônimos. 
Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. A 
extensão da sala é de oito metros. 
A substituição de comprimento por extensão 
não altera o sentido da frase, pois os termos são 
sinônimos. 
 
Em verdade, as palavras são sinônimas em 
certas situações, mas podem não ser em outras. 
É a riqueza da língua portuguesa falando mais 
alto. Pode-se dizer, em princípio, que face e rosto 
são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela 
tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a 
troca de face por rosto numa frase do tipo: em 
face do exposto, aceitarei. 
 
IV) Antonímia: requer os mesmos cuidados da 
sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de 
bom vocabulário. Antonímia é o emprego de 
palavras de sentido contrário, oposto. 
Ex.: É um menino corajoso. 
É um menino medroso. 
 
V) Homonímia: diz-se que há homonímia quando 
duas ou mais palavras possuem identidade de 
pronúncia (homônimos homófonos) ou de grafia 
(homônimos homógrafos). Em alguns casos, as 
palavras possuem iguais a pronúncia e a grafia 
(homônimos perfeitos). A classificação em si não 
é importante, mas sim o significado das palavras. 
Ex.: ceda - seda -> homônimos homófonos 
peso (A) -> peso (ê) -> homônimos 
homógrafos 
pena - pena -> homônimos perfeitos (ou 
homófonos e homógrafos) 
 
VI) Paronímia: emprego de parônimos,palavras 
muito parecidas e que confundem as pessoas. 
Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada. 
O tráfico de escravos é uma nódoa em 
nossa história. 
 
As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas 
não se trata de homônimos, pois a pronúncia e a 
grafia são diferentes. Tráfego é movimento de 
veículo; tráfico, comércio. 
 
Veja os principais homônimos e parônimos: 
 
 
 
 
 
11 
 
Homônimos homófonos 
acender - pôr fogo a ascender - elevar-se estrato - camada; tipo de 
nuvem 
extrato - que se extraiu 
acento - inflexão da voz assento - objeto onde se 
senta 
passo – passada paço - palácio imperial 
asado - com asas azado – oportuno incerto – duvidoso inserto – inserido 
caçar – perseguir cassar – anular incipiente - que está no 
início 
insipiente - que não sabe 
cegar - tirar a visão segar - ceifar, cortar lasso – cansado laço - tipo de nó 
cela - cômodo pequeno sela – arreio remissão – perdão remição – resgate 
censo – recenseamento senso – juízo seda - tipo de tecido ceda - flexão do verbo 
ceder 
cerração – nevoeiro serração - ato de serrar taxa – imposto tacha - tipo de prego 
cheque - ordem de 
pagamento 
xeque - lance do jogo de 
xadrez 
viagem – jornada viajem - flexão do verbo 
viajar 
cidra - certa fruta sidra - um tipo de bebida estático - firme, parado extático - em êxtase 
conserto – reparo concerto – harmonia espiar – olhar expiar – sofrer 
 
 
Parônimos 
amoral - sem o senso da 
moral 
imoral - contrário à moral flagrante - evidente fragrante - aromático 
apóstrofe – chamamento apóstrofo - tipo de sinal gráfico fluir - correr; manar fruir –desfrutar 
arrear - pôr arreios arriar – abaixar inerme - desarmado inerte – parado 
astral - dos astros austral - que fica no sul inflação - desvalorização infração - transgressão 
cavaleiro - que anda a 
cavalo 
cavalheiro – gentil infligir - aplicar pena infringir - transgredir 
comprimento - extensão cumprimento – saudação intemerato - puro intimorato - corajoso 
conjetura - hipótese conjuntura – situação lactante - que amamenta lactente - que mama 
delatar - denunciar dilatar – alargar lista - relação listra - linha, risco 
descrição - ato de 
descrever 
discrição - qualidade de discreto locador - proprietário locatário - inquilino 
descriminar - inocentar discriminar – separar lustre - candelabro lustro - cinco anos; brilho 
despercebido - sem ser 
notado 
desapercebido – desprevenido mandado - ordem judicial mandato - procuração 
destratar - insultar distratar – desfazer pleito - disputa preito - homenagem 
docente - professor discente – estudante preeminente - nobre, 
distinto 
proeminente - saliente 
emergir - vir à tona, sair imergir – mergulhar prescrever - receitar; 
expirar (prazo) 
proscrever - afastar, 
desterrar 
emigrar - sair de um país imigrar - entrar em um país ratificar - confirmar retificar - corrigir 
eminente - importante iminente - que está para ocorrer sortir - abastecer surtir - resultar 
esbaforido - ofegante espavorido – apavorado sustar - suspender suster - sustentar 
estada - permanência de 
alguém 
estadia - permanência de 
veículo 
tráfego - movimento de 
veículo 
tráfico – comércio 
facundo – eloquente fecundo - fértil; criador usuário - aquele que usa usurário - avarento; agiota 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
GÊNEROS TEXTUAIS 
Os gêneros textuais são os textos materializados em situações comunicativas 
recorrentes, encontrados em nossa vida diária e apresentam padrões sócio-históricos 
característicos, ou seja, são textos orais ou escritos produzidos por falantes de uma 
língua em um determinado momento histórico. 
Os gêneros textuais são definidos por composições funcionais, objetivos comunicativos e estilos 
concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, instituições e técnicas. 
Os gêneros textuais se enquadram (relativamente) em um tipo textual. Porém, ao contrário dos tipos 
textuais, os gêneros possuem número ilimitado, enquanto os tipos possuem cinco ou seis categorias. 
 
ASPECTOS TIPOLÓGICOS 
DOMÍNIOS SOCIAIS DE 
COMUNICAÇÃO 
CAPACIDADES DE LINGUAGEM 
DOMINANTES 
EXEMPLOS DE GÊNEROS 
ORAIS E ESCRITOS 
 
 
 
Cultura literária ficcional 
 
 
NARRAR 
 
Mimesis da ação através da 
criação da intriga 
Conto maravilhoso 
Fábula 
Lenda 
Narrativa de aventura 
Narrativa de ficção científica 
Narrativa de enigma 
Novela fantástica 
Conto parodiado 
 
Documentação 
e memorização de ações 
humanas 
 
 
RELATAR 
 
Representação pelo discurso de 
experiências vividas, situadas no 
tempo 
Relatos de experiência vivida 
Relatos de viagem 
Testemunho 
Curriculum vitae 
Notícia 
Reportagem 
Crônica esportiva 
Ensaio biográfico 
 
 
Discussão de problemas sociais 
controversos 
 
 
ARGUMENTAR 
 
Sustentação, refutação e 
negociação de tomadas de 
posição 
Textos de opinião 
Diálogo argumentativo 
Carta do leitor 
Carta de reclamação 
Deliberação informal 
Debate regrado 
Discurso de defesa 
Discurso de acusação 
 
 
 
Transmissão e construção de 
saberes 
 
 
EXPOR 
 
Apresentação textual de 
diferentes formas dos saberes 
 
Seminário 
Conferência 
Artigo enciclopédico 
Entrevista de especialista 
Tomada de notas 
Resumos de textos expositivos 
e explicativos 
Relatório científico 
Relato de experiências 
científicas 
 
 
Instruções e prescrições 
 
DESCREVER AÇÕES 
 
Regulação mútua de 
Comportamentos 
Instruções de montagem 
Receita 
Regulamento 
Regras de jogo 
Instruções de uso 
Instruções 
 
13 
 
É importante considerar que um tipo textual pode aparecer em 
qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode 
conter mais de um tipo textual. Um tipo textual está contido num gênero 
e nunca ao contrário. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens 
narrativas, descritivas, injuntivas, e assim por diante, sem perder sua 
funcionalidade. 
 
 
DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS 
 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
 
 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
 
14 
 
 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
GÊNERO TEXTUAL: 
 
 
OBJETIVO COMUNICATIVO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
LEITURA 
 
 
Indicação: 
Livro: Ler e Compreender: os sentidos do texto 
Autoras: Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias 
Editora: Contexto 
Ano: 2006 
 
 
Como interpretar bem um texto? 
Gustavo Bernado 
A interpretação dos textos não é uma atividade inventada pelos professores para desespero dos alunos. 
Antes da gente, as cartomantes, os quiromantes, os astrólogos e outros jogadores de búzios, entre tantos 
outros decifradores de mensagens ocultas, dedicam-se a interpretar imagens, indícios, coincidências, 
cartas, linhas das mãos, estrelas, conchas, cinzas e sonhos. 
A interpretação se torna uma atividade nobre, porém, quando se torna uma tarefa religiosa: instituir o 
significado da palavra de Deus através da interpretação dos livros sagrados, por exemplo a Bíblia. No 
princípio, só poderia haver uma interpretação correta do texto bíblico, restava encontrá-la. 
Esta origem do ato de interpretar deixou alguns problemas para o presente. Há leitores que ainda acham 
que só se possa encontrar uma e apenas uma interpretação correta para cada texto. Há outros leitores que 
defendem com ardoro seu direito à interpretação livre, entendendo que cada pessoa tem a sua 
interpretação, pessoal e intransferível. 
Ambos os grupos de leitores incorrem em equívoco. 
Por um lado, não há uma interpretação única sequer para a própria Bíblia. Por isso surgiram as religiões 
protestantes, que por definição protestavam contra a interpretação dominante dos católicos. Por esta razão, 
elas traduziram os textos sagrados para as línguas vulgares de modo a permitir a leitura e, 
consequentemente, a interpretação dos fiéis. 
Por outro lado, construir uma interpretação pessoal de um texto não é uma tarefa automática. Depende 
de respeito ao texto que se lê e aos contextos, quer do texto, quer do momento em que se lê. Na maioria 
das vezes, o que se chama de “minha interpretação” não passa de um aglomerado desorganizado de 
clichês e citações alheias lidas ou ouvidas sem digestão, sem trabalho pessoal de construção. 
Que a obra seja aberta, como mostrou Umberto Eco, não implica que ela seja escancarada. Ou seja: não 
vale tudo. O próprio Eco alertou: “dizer que um texto potencialmente não tem fim não significa que todo ato 
de interpretação possa ter um final feliz”.” As palavras do texto configuram um conjunto embaraçoso de 
evidências materiais que o leitor não pode deixar passar. 
Se não há, para cada texto, uma única interpretação correta, e se a interpretação de cada leitor também 
não é necessariamente correta, o problema de como interpretar bem persiste. 
Os filósofos antigos já se depararam com o fato perturbador de que cada livro possui alguma verdade, e 
que esta verdade é contraditória em relação à verdade de outros livros. Ora, se os livros falam a verdade 
mesmo quando se contradizem entre si, cada um deles deve ser compreendido como parte da mensagem: 
é a leitura de todos os livros que contém a mensagem. A verdade da interpretação se encontra no processo 
global de leitura, jamais neste texto ou naquele leitor. 
A popularização da interpretação dos textos bíblicos foi obviamente um avanço mas trouxe de 
contrabando um atraso, a saber: a multiplicação das seitas. Como boa parte das interpretações se esforça 
por excluir as demais, muitos religiosos de origem protestante negam a origem e a denominação de sua 
própria religião, aproximando-se do catolicismo (palavra que deriva de “universal”, sugerindo a ideia de uma 
única religião possível) que combatiam no começo de tudo. 
Ora, se a interpretação dos textos literários vai por esse caminho, entra em conflito frontal com a própria 
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea de quaisquer verdades para melhor perspectivizar as 
possibilidades de saber. 
Preocupada com este conflito, a escritora Susan Sontag dedicou-se a escrever contra a própria 
interpretação, questionando a tendência dos interpretadores a separar a forma do conteúdo para atribuir 
16 
 
caráter acessório à primeira e essencial ao segundo. Essa tendência leva à formulação da pior de todas as 
perguntas: “o que o autor quis dizer?”. Encontramos essa pergunta pouco inteligente em muitas aulas e 
muitos manuais didáticos. A resposta do aluno mal educado pode ser, infelizmente, a mais correta: “sei lá, 
pô!”. 
O autor não se encontra presente, em alguns casos faleceu há séculos, logo deveria ter respeitado o seu 
direito mínimo de não ter mensagens postas na sua boca à revelia. O máximo que o leitor pode entender do 
texto é o que ele mesmo se tornou capaz de entender. É para esta condição que Oscar Wilde alertava, 
quando disse: “It is the spectator, and not life, that art really mirrors” – é o espectador, e não a vida, que a 
arte realmente reflete. 
Quando o leitor interpreta um texto, fala tão-somente do que pode falar: a verdade da sua leitura. A não 
ser para desqualificar todos os outros leitores e todas as outras leituras do mundo, não se pode falar da 
verdade intrínseca ou absoluta de um texto literário. O intérprete corre sempre o risco da arrogância, 
quando escava debaixo do texto para desenterrar o tal do “Sentido” maiúsculo que ali se encontraria 
soterrado. 
Para Susan Sontag, há uma minoria de casos em que a interpretação configura-se como um ato 
liberador que revê e transpõe valores. No entanto, a maioria das interpretações atuais seria “reacionária, 
impertinente, covarde, asfixiante.” Neste caso, a interpretação deveria ser condenada, porque “a Arte 
verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e 
depois interpretamos isto, domamos a obra de arte.” 
Nas palavras de Sontag, é preciso manter-se nervoso, perturbado, inquieto, depois do contato com a 
arte. Nas minhas palavras, é preciso preservar o enigma levantado pelo poeta, sem jamais resolvê-lo. 
O personagem de um romance de Isaías Pessoti declarava: “nenhum amor sobrevive à palavra, mas 
nenhum poder prescinde dela”. Nenhum amor sobrevive à palavra que se quer completa, ao “conte-me 
tudo não me esconda nada”, à insistência em escavar as verdades mais íntimas, em perguntar diariamente 
“mas o que é que você está pensando agora?”. Essa insistência não é amor, ou pelo menos não é só amor, 
se vem melada de um certo tipo de desespero que se traveste de suficiência para melhor esconder a 
necessidade de controle, isto é, a necessidade de exercer poder sobre o outro. 
Ora: o que vale para o amor vale para toda leitura – dos livros ou do mundo. 
Um exemplo sofisticado se encontra na interpretação usual dos narradores dos romances de Machado 
de Assis. Muitos críticos os consideram “unreliable” (em inglês, para parecer mais chique) – isto é, “não 
confiáveis”. De fato, Machado escreve muitos dos seus romances contra o próprio narrador – por tabela, 
contra o próprio leitor, uma vez que o leitor é forçado a tomar como sua a perspectiva da narrativa. Todavia, 
quando considera não confiável o narrador do escritor, o crítico finge que ele mesmo não seria também um 
dos alvos prioritários da ironia machadiana. Desta maneira, o crítico sugere que só ele mesmo, “o Crítico”, 
seria confiável. 
Na verdade, os narradores machadianos em primeira pessoa são tão confiáveis ou não confiáveis 
quanto qualquer narrador em primeira pessoa ou, mais amplamente, quanto qualquer pessoa. Bento 
Santiago, ao mesmo tempo que nos força a pressupor a traição de Capitu, mostra tantos indícios de que ela 
o traiu quanto de que não o fez. Brás Cubas mostra a si mesmo como um canalha, mas através das suas 
próprias palavras também podemos ler a decadência do sistema patriarcal do qual Brás Cubas é vítima e 
não causa. 
Todas estas restrições não nos permitem, entretanto, condenar a interpretação à morte, se este é o seu 
tempo. Condenada, a interpretação rirá de nós outros e ainda por cima nos obrigará a interpretar o seu riso. 
Como solucionar, então, o conflito entre a interpretação, que pressupõe tudo-dizer e tudo-esgotar, e a 
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea das verdades, justo para não esgotá-las? 
Como sói acontecer, a formulação do problema contém a sua solução. Deve-se manter a questão e o 
conflito ativos e abertos. Um projeto inteligente de interpretação recua diante da solução final e protege a 
dúvida, preservando tanto o enigma do texto quanto a leitura do outro. 
 
Texto disponível em <http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna>. Acesso em 06 de março de 2014, às 20h. 
 
 
 
17 
 
 FIXAÇÃO 
 
1. O pai conversa com a filha ao telefone e diz 
que vai chegar atrasado para o jantar. 
Nesta situação, podemos dizer que o canal é: 
a) o pai 
b) a filha 
c) fios de telefone 
d) o código 
e) a fala 
 
2. Assinale a alternativa incorreta: 
a) Só existe comunicação quando a pessoa que 
recebe a mensagem entende o seu significado. 
b) Para entender o significadode uma 
mensagem, não é preciso conhecer o código. 
c) As mensagens podem ser elaboradas com 
vários códigos, formados de palavras, desenhos, 
números 
etc. 
d) Para entender bem um código, é necessário 
conhecer suas regras. 
e) Conhecendo os elementos e regras de um 
código, podemos combiná-los de várias maneiras, 
criando 
novas mensagens. 
 
3. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra 
em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois 
não sabia falar com fluência a língua Espanhola. 
Se esta pessoa tivesse aceitado fazer esta 
palestra seria um 
fracasso porque: 
a) não dominava os signos 
b) não dominava o código 
c) não conhecia o referente 
d) não conhecia o receptor 
e) não conhecia a mensagem 
 
4. Um guarda de trânsito percebe que o motorista 
de um carro está em alta velocidade. Faz um 
gesto pedindo para ele parar. Neste trecho o 
gesto que o guarda faz para o motorista parar, 
podemos dizer que é: 
a) o código que ele utiliza 
b) o canal que ele utiliza 
c) quem recebe a mensagem 
d) quem envia a mensagem 
e) o assunto da mensagem 
 
5. A mãe de Felipe sacode-o levemente e o 
chama: “Felipe está na hora de acordar”. 
O que está destacado é: 
a) o emissor 
b) o código 
c) o canal 
d) a mensagem 
e) o referente 
 
6. Reconheça nos textos a seguir, as funções da 
linguagem: 
a) "O risco maior que as instituições republicanas 
hoje correm não é o de se romperem, ou serem 
rompidas, mas o de não funcionarem e de 
desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-
vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação 
e da complacência. Diante do povo, diante do 
mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso 
agora é fazer funcionar corajosamente as 
instituições para lhes devolver a credibilidade 
desgastada. O que é preciso (e já não há como 
voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda 
mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é 
apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a 
quem doer." (O Estado de São Paulo) 
 
b) O verbo infinitivo 
 Ser criado, gerar-se, transformar 
 O amor em carne e a carne em amor; nascer 
 Respirar, e chorar, e adormecer 
 E se nutrir para poder chorar 
 
 Para poder nutrir-se; e despertar 
 Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir 
 E começar a amar e então ouvir 
 E então sorrir para poder chorar. 
 
 E crescer, e saber, e ser, e haver 
 E perder, e sofrer, e ter horror 
 De ser e amar, e se sentir maldito 
 
 E esquecer tudo ao vir um novo amor 
 E viver esse amor até morrer 
 E ir conjugar o verbo no infinito... 
(Vinícius de Morais) 
 
 
c) "Para fins de linguagem a humanidade se 
serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a 
que se dá o nome genérico de voz, determinados 
pela corrente de ar expelida dos pulmões no 
fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou 
outra maneira, é modificada no seu trajeto até a 
parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.) 
 
d) " - Que coisa, né? 
 - É. Puxa vida! 
 - Ora, droga! 
 - Bolas! 
 - Que troço! 
 - Coisa de louco! 
 - É!" 
 
e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. 
Ultra Lights." 
 
 
f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo 
desejava que um grito me anunciasse qualquer 
acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, 
18 
 
aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria 
tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os 
degraus e fui espalhar no quintal os fios da 
gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia 
piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o 
pensamento embaralhar-se longe daquelas 
porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me 
no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à 
janela, olhando as pernas dos transeuntes." 
(Graciliano Ramos) 
 
g) " - Que quer dizer pitosga? 
 - Pitosga significa míope. 
 - E o que é míope? 
 - Míope é o que vê pouco." 
 
 
7. No texto abaixo, identifique as funções da 
linguagem: 
 "Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao 
coração de Marcela, não já cavalgando o corcel 
do cego desejo, mas o asno da paciência, a um 
tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há 
dois meios de granjear a vontade das mulheres: o 
violento, como o touro da Europa, e o insinuativo, 
como o cisne de Leda e a chuva de ouro de 
Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por 
estarem fora de moda, aí ficam trocados no 
cavalo e no asno." (Machado de Assis) 
 
 
8. Descubra, nos textos a seguir, as funções de 
linguagem: 
 
a) "O homem letrado e a criança eletrônica não 
mais têm linguagem comum." (Rose-Marie 
Muraro) 
 
b) "O discurso comporta duas partes, pois 
necessariamente importa indicar o assunto de 
que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A 
primeira destas operações é a exposição; a 
segunda, a prova." (Aristóteles) 
 
c) "Amigo Americano é um filme que conta a 
história de um casal que vive feliz com o seu filho 
até o dia 
em que o marido suspeita estar sofrendo de 
câncer." 
 
d) "Se um dia você for embora 
 Ria se teu coração pedir 
 Chore se teu coração mandar." (Danilo 
Caymmi & Ana Terra) 
 
e) "Olá, como vai? 
 Eu vou indo e você, tudo bem? 
 Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no 
futuro e você? 
 Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono 
tranquilo..." (Paulinho da Viola) 
 
 
9. Quais as funções da linguagem predominantes 
no poema abaixo? 
Poética 
 
Que é poesia? 
uma ilha 
cercada 
de palavras 
por todos os lados 
Que é um poeta? 
um homem 
que trabalha um poema 
com o suor do seu rosto 
Um homem 
que tem fome 
como qualquer outro 
homem. 
(Cassiano Ricardo) 
 
 
10. Qual a função da linguagem comum às duas 
historinhas? 
Texto I 
 
 
TextoII
 
 11. Veja a charge a seguir o e diga o que você 
sabe sobre o assunto tratado na mesma. Para 
facilitar seu trabalho, escreva pequenos períodos 
(frases) respondendo as perguntas: Sobre o que 
ela fala? É um problema atual? Como ele afeta 
sua vida? Há solução para o problema? 
 
19 
 
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 
12. Faça o mesmo agora com a charge abaixo. 
Após ver a imagem, responda em forma de texto 
as perguntas: Sobre o que ela fala? É um 
problema atual? Você lembra de algum exemplo 
relacionado ao assunto? Há solução para o 
problema? 
 
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 
13. Analise e responda: 
I. O foco narrativo do narrador-personagem é de 
primeira pessoa, podendo corresponder, 
inclusive, ao protagonista. 
II. O narrador em terceira pessoa se caracteriza 
por ter uma visão subjetiva, total e impessoal dos 
fatos. 
III. Ambos os focos narrativos podem ser 
caracterizar pela “onisciência” do narrador. 
 
(A) Apenas I está incorreta. 
(B) Apenas III está incorreta. 
(C) I e II estão incorretas. 
(D) II e III estão incorretas. 
(E) Nenhuma está incorreta. 
 
14. Leia e classifique os narradores: 
 
1. “Os campos, segundo o costume, acabava de 
descer do almoço e, a pena atrás da orelha, p 
lenço por dentro do colarinho, dispunha-se a 
prosseguir o trabalho interrompido poucos antes. 
Entrou no escritório e foi sentar-se à secretária” 
(Aluísio Azevedo) 
 
2. “Coloquei-me acima de minha classe, creio que 
me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia de 
cego, vendedor de doces e trabalhador de 
aluguel. Estou convencido de quem nenhum 
desses ofícios me daria os recursos intelectuais 
necessários para engenharesta narrativa.” 
(Graciliano Ramos) 
3. “Um segundo depois, muito suave ainda, o 
pensamento ficou levemente mais intenso, quase 
tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou-
se um pouco: por que as coisas nunca eram 
dela?” (Clarice Lispector) 
 
( ) narrador participante 
( ) narrador observador 
( ) narrador onisciente 
 
A sequência correta é: 
(A) 1, 2, 3 
(B) 1, 3, 2 
(C) 2, 3, 1 
(D) 2, 1, 3 
(E) 3, 2, 1 
 
15. Os gêneros conto e crônica não têm em 
comum: 
(A) o suporte 
(B) a extensão 
(C) a presença da narrativa 
(D) a definição de tempo-espaço 
(E) a intenção artística literária 
 
16. Com relação ao gênero do texto, é correto 
afirmar que a crônica: 
 
(A) parte do assunto cotidiano e acaba por criar 
reflexões mais amplas; 
(B) tem como função informar o leitor sobre os 
problemas cotidianos; 
(C) apresenta uma linguagem distante da 
coloquial, afastando o público leitor; 
(D) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial 
seguido de argumentação objetiva; 
(E) consiste na apresentação de situações pouco 
realistas, em linguagem metafórica. 
20 
 
PINTOU NO ENEM 
QUESTÃO 01 
 
________________________________________ 
 
QUESTÃO 02 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 03 
 
 
________________________________________ 
 
QUESTÃO 04 
 
 
 
21 
 
QUESTÃO 05 
 
 
 
________________________________________ 
QUESTÃO 06 
 
 
QUESTÃO 07 
 
 
 
________________________________________ 
QUESTÃO 08 
 
 
 
22 
 
QUESTÃO 09 
 
 
 
_________________________________________ 
QUESTÃO 10 
 
 
 
 QUESTÃO 11 
 
 
____________________________________________ 
QUESTÃO 12 
 
 
23 
 
QUESTÃO 13 
 
________________________________________ 
QUESTÃO 14 
 
QUESTÃO 15 
 
 
 
QUESTÃO 16 
 
 
 
24 
 
QUESTÃO 17 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 18 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
GABARITO - Unidade 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIXAÇÃO PINTOU NO ENEM 
1 C 11 Aquecimento global 1 E 11 D 
2 B 12 Violência na escola 2 E 12 E 
3 B 13 B 3 A 13 C 
4 A 14 D 4 B 14 D 
5 D 15 E 5 A 15 A 
6 Ver páginas 04 a 06 16 A 6 B 16 D 
7 Ver páginas 04 a 06 17 - 7 E 17 D 
8 Ver páginas 04 a 06 18 - 8 A 18 E 
9 Ver páginas 04 a 06 19 - 9 E 19 - 
10 Ver páginas 04 a 06 20 - 10 D 20 - 
26 
 
UNIDADE 2 - Estudo da Língua 
 
 
 
 
Variação linguística 
 
A língua abriga vários registros que dependem basicamente da situação de fala e de com quem se fala. 
Há variações dentro da mesma língua decorrentes de fatores como: a região geográfica (nordestino, 
mineiro, carioca, paulista etc.), o sexo, a idade, a classe social e o grau de instrução dos falantes e o grau 
de formalidade do contexto (formal e informal). 
Dentre as diversas variações pode-se dizer que a oposição mais importante se dá entre a chamada 
linguagem culta (ou padrão) e a linguagem popular, coloquial. 
A noção de certo e errado está ligada ao prestígio que a variedade culta adquiriu na sociedade. No 
entanto, todas as demais variedades são legítimas e devem ser respeitadas, combatendo o preconceito 
linguístico. 
A variedade culta é difundida principalmente pela escola e pelos meios de comunicação e está 
relacionada a um grupo de pessoas de maior prestígio social. 
Aula de Português (Carlos Drummond de Andrade, 1999) 
A linguagem 
na ponta da língua, 
tão fácil de falar 
e de entender. 
 
A linguagem 
na superfície estrelada de letras, 
sabe lá o que ela quer dizer? 
 
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe 
e vai desmatando 
o amazonas de minha ignorância. 
Figuras de gramática, esquipáticas, 
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me. 
 
Já esqueci a língua em que comia, 
em que pedia para ir lá fora, 
em que levava e dava pontapé, 
a língua, breve língua entrecortada 
do namoro com a prima. 
 
O português são dois: o outro, mistério. 
 
27 
 
Tipos de variação: 
 
Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao 
serem comparados dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante 
inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos 
socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, 
período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e 
finalmente consagra-se pelo uso, na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de 
significado. 
 
Variação geográfica: refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de 
estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades 
linguísticas menores, em torno de centros polarizadores da cultura, da política e da economia, que acabam 
por definir os padrões lingüísticos utilizados na região sob sua influência. As diferenças linguísticas entre as 
regiões são graduais, nem sempre coincidindo com as fronteiras geográficas. 
 
Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a 
idade e o gênero do indivíduo. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como 
poderia acontecer na variação regional. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico 
de uma pessoa, e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a 
atingir o padrão de maior prestígio. 
 
Variação estilística: refere-se às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo 
indivíduo: o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo) o tipo de assunto tratado e 
quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois 
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas 
linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é 
máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. 
Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita efalada, pois os dois estilos ocorrem em 
ambas as formas de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
Níveis das variações: 
Fonética: alteração na pronúncia das palavras. 
Ex: planta/pranta; vossa mercê/ você/ocê/cê. 
Morfológica: alteração na forma das palavras. 
Ex: Verão/ verãos, limão/limões (oposição aos – ões). 
Sintática: alteração na correlação entre as palavras. 
Ex: Os meninos fizeram o dever. / Os menino fez o dever. 
Lexical: alteração na escolha das palavras. 
Ex: mandioca /aipim; “Choveu direto essa semana”/ “Choveu todos os dias 
nesta semana” 
 
 
 
 
Existem diversas formas de se dizer a mesma coisa em um 
mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. 
 LABOV, 1972 
28 
 
 
Atividade para reflexão linguística: 
 
Seu dotô me conhece ? 
Patativa do Assaré 
Seu dotô, só me parece 
Que o sinhô não me conhece, 
Nunca sôbe que sou eu, 
Nunca viu minha paioça, 
Minha muié, minha roça 
E os fio que Deus me deu. 
 
Se não sabe, escute agora, 
Que vou contá minha história, 
Tenha bondade de uvi: 
Eu sou da crasse matuta, 
Da crasse que não desfruta 
Das riqueza do Brasi. 
 
1) Identifique os exemplos de variação linguística no poema e 
defina o nível da variação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) Caso o poema fosse redigido na variedade culta da língua 
portuguesa, o que se perderia no que tange ao objetivodo 
poema? 
 
A GRAMÁTICA 
 
Toda língua possui uma estrutura, ou seja, todos os seus elementos estão intimamente ligados. Uma 
língua é, não só um conjunto de palavras, mas também um conjunto de regras, aprendidas desde cedo, que 
permite aos falantes construir e decodificar enunciados. O conjunto dessas regras é chamado de gramática. 
Todo falante tem o conhecimento natural da gramática de sua língua. No entanto, paralelamente a essa 
gramática natural, tem-se a gramática normativa. 
A gramática normativa é um conjunto de regras sistematizadas que estabelecem um determinado uso da 
língua, chamado de uso culto, norma culta, ou norma padrão. Essas regras impõem um padrão de 
linguagem a ser seguido pelos falantes, já que possui um prestígio social. 
 
 
 
 
 
GRAMATICALIDADE E AGRAMATICALIDADE 
 
Como visto anteriormente, não há certo ou errado dentro das variedades linguísticas. Falar “nóis vai” ao 
invés de “nós vamos” é apenas uma variação, embora “nós vamos” tenha mais prestígio social. Sendo 
assim, dentro da linguagem, tem-se a noção de gramaticalidade e agramaticalidade para aquilo que atende 
ou não às regras naturais da língua. 
GRAMATICAL 
AGRAMATICAL GRAMÁTICA NORMATIVA GRAMÁTICA NATURAL 
Assisti ao jogo. Assisti o jogo. Jogo o assisti. 
Disseram-me a verdade. Me disseram a verdade. Disseram verdade me a. 
 
 
Todas as variedades constituem sistemas linguísticos perfeitamente adequados para a expressão das 
necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes, das as práticas sociais e os hábitos culturais de 
suas comunidades. O preconceito linguístico e uma forma de discriminação que deve ser combatida. 
29 
 
 
Fala e escrita 
 
A língua falada e a língua escrita, embora sejam expressões de um mesmo idioma, apresentam 
características que nos permite a identificação de suas particularidades. Apesar da divisão (de cunho 
didático), as duas modalidades formam um contínuo linguístico, que é bastante visível em determinados 
gêneros textuais, como o chat ou bate-papo pela internet ou por mensagens telefônicas. 
As diferenças entre a fala e a escrita são: 
 
FALA ESCRITA 
contextualizada descontextualizada 
dependente autônoma 
implícita explícita 
redundante condensada 
não planejada planejada 
imprecisa precisa 
não normatizada normatizada 
fragmentária completa 
 
 
Falo de um modo, mas escrevo de outro?! 
 
De fato, falamos de um modo, mas escrevemos de outro, pois língua escrita e língua falada são duas 
modalidades diferentes de comunicação, tendo cada uma delas suas características próprias. 
Quando falamos, além das palavras, utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a 
expressão do rosto e, principalmente, algo chamado entoação da frase. Pela entoação distinguimos uma 
frase afirmativa de uma interrogativa, uma frase dita com seriedade de outra dita com ironia, por exemplo. 
Quando escrevemos, entretanto, não há mais gestos, nem olhares, nem entoação. Sobram apenas as 
palavras. É por isso que, ao redigirmos relatórios, documentos, resenhas ou quaisquer outros tipos de texto 
escrito, devemos ter cuidado especial com a pontuação, a ortografia, a concordância e a colocação das 
palavras. Do contrário, corremos o risco de não sermos devidamente interpretados; nosso texto ficará 
confuso, comprometendo, assim, a comunicação. 
É válido ressaltar, também, que a língua escrita não é nem mais nem menos importante que a língua 
falada. Não existe "superioridade" de uma ou outra. São apenas modalidades diferentes que se realizam em 
situações diferentes. 
 
 
 
 
30 
 
 
Morfologia 
 
Estrutura das palavras 
A estrutura interna das palavras 
 
RADICAL: é a forma mínima (morfema) que indica o sentido básico de uma palavra. 
 
VOGAL TEMÁTICA: é um morfema vocálico que se acrescenta ao radical, preparando-o para receber as 
desinências. 
O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical. 
 
 DESINÊNCIAS: são morfemas que correspondem às flexões das palavras variáveis. Podem ser nominais 
(gênero e número) ou verbais (tempo e modo). 
 
AFIXOS: são morfemas que acrescentados ao radical, alteram sua significação básica. Subdividem-se em 
prefixo, colocado antes do radical (infeliz), e sufixo, colocado depois do radical (felizmente). 
 
VOGAL e CONSOANTE DE LIGAÇÃO: são elementos mórficos que não possuem significação gramatical própria, 
mas são necessários para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, 
pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via). 
 
 ALOMORFES: são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade). 
 
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 
 
PALAVRAS PRIMITIVAS - não derivam de outras (casa, flor) 
PALAVRAS DERIVADAS - derivam de outras (casebre, florzinha) 
PALAVRAS SIMPLES - só possuem um radical (couve, flor) 
PALAVRAS COMPOSTAS - possuem mais de um radical (couve-flor) 
 
As palavras são formadas por: 
 
COMPOSIÇÃO - processo em que ocorre a junção de dois ou mais radicais. São dois tipos de composição: 
a) justaposição: quando não ocorre a alteração fonética. 
Ex: girassol, sexta-feira. 
 
b) aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de elementos. 
Ex: pernalta, de perna + alta. 
 
DERIVAÇÃO - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de 
derivação: 
a) prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva. 
Ex: in-útil. 
 
b) sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva. 
Ex: clara-mente. 
 
c) parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, à palavra primitiva. 
31 
 
Ex: em - lata - ado. 
 
d) regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos por 
derivação regressiva de formas verbais. 
Ex: ajuda / de ajudar. 
 
e) imprópria: alteração da classe gramatical da palavra primitiva . 
Ex: "o jantar" - de verbo para substantivo. 
A língua portuguesa também possui outros processos para formação de palavras: 
 
HIBRIDISMO: palavras compostas ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes. 
Ex: automóvel e monóculo (grego e latim) 
 
ONOMATOPÉIA: reprodução imitativa de sons. 
Ex: pingue-pingue, zunzum, miau. 
 
ABREVIAÇÃO VOCABULAR: redução da palavra até o limite de sua compreensão. 
Ex: metrô, moto, pneu, extra, dr., obs. 
 
SIGLAS: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma seqüência de palavras. 
Ex:Academia Brasileira de Letras- ABL;Partido do Trabalhador- PT. 
 
NEOLOGISMO: nome dado ao processo de criação de novas palavras. 
 
 
 
CLASSES DE PALAVRAS 
 
As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. Podemos classificá-las 
em: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, artigo, numeral, advérbio, preposição, interjeição e conjunção. 
 
1) SUBSTANTIVO 
É uma palavra que designa um ser real ou imaginário. 
 
COMUM, COLETIVO E PRÓPRIO 
a) Substantivo comum: faz referência a todos os seres de uma espécie, designando-os em termos de 
suas propriedades essenciais. 
Ex: casa, mesa, água. 
 
b) Substantivo coletivo: designa um conjunto de coisas ou seres de uma espécie ou corporações 
sociais e religiosas agrupadas para determinado fim. Apresenta-se de forma singular. 
32 
 
Ex: Bando (de aves) 
 
c) Substantivo próprio: faz referência a seres particulares, únicos, dentre aqueles de uma mesma 
espécie. 
Ex: Carlos, Patrícia, Espírito Santo, Botafogo. 
 
CONCRETO E ABSTRATO 
a) Substantivo concreto: designa os seres que têm uma existênciaindependente, real ou imaginária. 
Ex: pedra, carro, flor, Deus, alma, fada, Pedro. 
 
b) Substantivo abstrato: nomeia conceitos como ações, estados, qualidades, sentimentos, sensações, 
que não têm uma existência independente. Sua manifestação está sempre associada a um ser do 
qual depende a sua existência. 
Ex: amor, felicidade, beleza, ódio, doença. 
 
FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS 
GÊNERO: masculino ou feminino. 
NÚMERO: singular ou plural. 
GRAU: normal, diminutivo ou aumentativo. 
 
2) ADJETIVO 
É a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Pode indicar uma 
qualidade, um estado, a aparência ou um modo de ser dos referentes dos substantivos. Concorda em 
gênero e número com o substantivo que determina. 
 
ADJETIVOS PÁTRIOS: são os adjetivos derivados de substantivos que se referem a países, estados, 
províncias, regiões, cidades, aldeias, vilas, povoados etc. 
Ex: Nordestino, brasileiro, acreano, mineiro, sergipano, carioca. 
 
LOCUÇÃO ADJETIVA: conjunto de palavras (geralmente preposições+ substantivos ou 
preposições+advérbios) com valor e função de adjetivo. 
Ex: estar com fome = estar faminto, andar de cima = andar superior, indivíduo sem caráter. 
 
FLEXÕES DOS ADJETIVOS 
GÊNERO: uniforme (inteligente) ou biforme (honesto, honesta). 
NÚMERO: singular ou plural. 
GRAU: comparativo e superlativo. 
 
O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades 
de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do) 
que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que. 
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. Pode ser classificado como 
absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de 
advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo). 
 
3) ARTIGO 
É a palavra variável em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-os. A 
determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefinida. 
ARTIGO DEFINIDO - o, a, os, as: um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie. 
33 
 
ARTIGO INDEFINIDO - um, uma, uns, umas: um ser qualquer entre outros de mesma espécie. 
Podem aparecer combinados com preposições: numa, do, à, entre outros. 
 
4) NUMERAL 
É uma classe especial de palavras que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. 
Classifica-se como: 
CARDINAL: 1, 2, 3, ... 
ORDINAL : primeiro, segundo, terceiro,... 
MULTIPLICATIVO: dobro, duplo, triplo, ... 
FRACIONÁRIO: meio, metade, terço,... 
COLETIVOS: dezena, dúzia, par... 
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem 
acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um 
substantivo e designando seres, terão valor substantivo. 
Ex: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) 
Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo). 
 
5) INTERJEIÇÃO 
É uma palavra invariável que expressa estados emocionais do falante, variando de acordo com o 
contexto emocional. 
 
LOCUÇÕES INTERJETIVAS: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! 
 
6) PRONOME 
É palavra variável que identifica os participantes da interlocução e os seres, eventos ou situações aos 
quais o discurso faz referência, substituindo ou acompanhando um substantivo. 
 
PESSOAS DO DISCURSO: 
1ª pessoa - aquele que fala, emissor. 
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor. 
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente. 
 
PRONOME SUBSTANTIVO: substitui um substantivo. 
Ex: Ele prestou socorro. 
PRONOME ADJETIVO: acompanha um substantivo. 
Ex: Aquele rapaz é belo. 
PRONOME PESSOAL: faz referência explícita e direta às pessoas do discurso. 
 
 
EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO 
ALEGRIA ah!, oh!, oba! APLAUSO bravo!, bis!, mais um! 
ADVERTÊNCIA cuidado!, atenção CHAMAMENTO alô!, olá!, psit! 
AFUGENTAMENTO fora!, rua!, passa!, xô! DESEJO oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui! 
ALÍVIO ufa!, arre! ESPANTO puxa!, oh!, chi!, ué! 
ANIMAÇÃO coragem!, avante!, eia! IMPACIÊNCIA hum!, hem! 
 SILÊNCIO silêncio!, psiu!, quieto! 
34 
 
 
PRONOMES PESSOAIS 
PESSOAS DO 
DISCURSO 
RETOS PRONOMES OBLÍQUOS 
ÁTONOS TÔNICOS 
Singul
ar 
1ª 
2ª 
3ª 
eu 
tu 
ele, 
ela 
me 
te 
o, a, lhe 
se 
mim, 
comigo 
ti, contigo 
ele, ela 
si, consigo 
Plural 
1ª 
2ª 
3ª 
nós 
vós 
eles,el
as 
nos 
vos 
os, as, 
lhes 
se 
nós, 
conosco 
vós, 
convosco 
eles, elas 
 si, consigo 
 
Os pronomes pessoais retos desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito. 
Os pronomes pessoais oblíquos desempenham funções de objeto direto, objeto indireto, complemento 
nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva. 
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. 
 
 
Os pronomes oblíquos átonos atuam, sintaticamente, como complementos de verbos e a posição que 
ocupam na sentença variam. Eles podem aparecer em posição de ênclise (após o verbo do qual é 
complemento); em posição de próclise (antes do verbo) ou em posição de mesóclise (entre a forma 
derivada do infinitivo e as desinências modo-temporais e número-pessoais no futuro do presente e futuro do 
pretérito). 
Ex: 
 Ênclise: Faça-me o favor de não chegar atrasado à aula. 
 Próclise: Ontem o vi no cinema. 
 Mesóclise: Emprestar-lhe-ei os discos para a festa. 
 
 
Atenção! 
Na oralidade, é comum 
utilizar o pronome 
oblíquo átono no início da 
sentença. 
35 
 
PRONOME DE TRATAMENTO: palavra ou locução que funciona como verdadeiro pronome pessoal e é utilizada 
para designar o interlocutor. 
Ex: Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa Senhoria. 
 
PRONOME POSSESSIVO: faz referência às pessoas do discurso, indicando uma relação de posse. 
Os pronomes possessivos, normalmente, ocorrem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir 
depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase. 
Meu filho não anda de moto. X Filho meu não anda de moto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRONOME DEMONSTRATIVO: faz referência às pessoas do discurso, estabelecendo, entre elas e os seres por 
ele designado, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo e no espaço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Também são pronomes demonstrativos: mesmo(a)(s), próprio(a)(s), semelhante(s) e tal (tais) quando 
determinam substantivos. 
Ex: Ele já sabia que tais boatos iriam circular após a separação. 
Os demonstrativos podem ocorrer combinados com as preposições de e em: deste, neste, disto, nisto, 
desse, nesse, disso, nisso, daquele, naquele, daquilo, naquilo. 
 
PRONOME INDEFINIDO: faz referência à 3ª pessoa do discurso de uma maneira indefinida, vaga, imprecisa e 
genérica. 
Alguns pronomes indefinidos podem variar quanto ao gênero e número, outros variam apenas quanto ao 
número e outros são invariáveis. 
VARIÁVIES 
INVARIÁVEIS GÊNERO E NÚMERO (A/S) NÚMERO (S) 
todo, algum, vários, nenhum, 
certo, outro, muito, pouco, 
quanto, tanto, um. 
Qualquer (quaisquer), 
qual(quais), bastante 
(bastantes) 
quem, alguém, ninguém, outrem, que, 
algo, tudo, nada, cada, mais, menos, 
demais 
 
 UM POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES 
PESSOA GÊNERO NÚMERO 
 SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL 
1ª pessoa Masc. 
Fem. 
meu 
minha 
Meus 
minhasNosso 
nossa 
Nossos 
nossas 
2ª pessoa Masc. 
Fem. 
teu 
tua 
teus 
tuas 
vosso 
vossa 
vossos 
vossas 
3ª pessoa Masc. 
Fem. 
seu 
sua 
seus 
suas 
seu 
sua 
seus 
suas 
VARIÁVEIS 
INVARIÁVEIS MASCULINO FEMININO 
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL 
Este Estes Esta Estas Isto 
Esse Esses Essa Essas Isso 
aquele aqueles aquela aquelas aquilo 
36 
 
PRONOME RELATIVO: faz referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerado seu 
antecedente, com o qual estabelece uma relação anafórica e introduz uma oração subordinada adjetiva. 
Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis. 
VARIÁVIES (A/S) INVARIÁVEIS 
o qual, cujo, quanto que, quem, onde, quando, como 
 
O pronome cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse entre o antecedente e o termo que eles 
especificam. Seu sentido equivale ao de de quem, do qual, de que. 
Ex: Nunca coma em um restaurante cujo cozinheiro almoça fora.(o cozinheiro do restaurante) 
O pronome onde é relativo quando indica lugar e pode ser substituído por em que. 
Ex: Quero comprar uma casa com um quintal onde (em que) eu possa construir uma piscina. 
 
PRONOME INTERROGATIVO: é usado nas perguntas diretas ou indiretas e faz referência à 3ª pessoa do 
discurso. 
São pronomes interrogativos: que, quem, qual, quanto. 
Ex: Pergunta direta: Que são pronomes interrogativos? 
 Pergunta indireta: O professor perguntou ao aluno que são pronomes interrogativos. 
 
7) PREPOSIÇÃO 
É a palavra invariável que conecta termos de sintagmas, estabelecendo entre eles uma relação de 
dependência. Divide-se em essenciais (exclusivamente preposições) ou acidentais (palavras de outras 
classes, mas que funcionam como preposições). 
 
ESSENCIAIS ACIDENTAIS 
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, 
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás 
afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, 
fora, salvo, segundo, senão, mediante, visto etc. 
 
Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em: 
COMBINAÇÃO: ocorre quando a preposição a junta-se ao artigo masculino singular (ao) ou plural (aos). 
Nesse caso, não há perda fonética. 
CONTRAÇÃO: ocorre quando, ao combinar-se com outra palavra, a preposição sofre alguma modificação 
em sua constituição fonológica. Há, portanto, perda fonética (na/aquela> naquela). 
LOCUÇÕES PREPOSITIVAS: são duas ou mais palavras que funcionam solidariamente com o sentido de 
preposições. Em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição: abaixo de, acerca 
de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, 
perto de, até a, a par de, devido a. 
Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última 
palavra de uma locução adverbial nunca é preposição. 
 
8) CONJUNÇÃO 
É a palavra que liga duas orações ou termos de mesma função na oração. Quando a conjunção exerce 
seu papel de ligar as orações, estabelece entre elas uma relação de coordenação (“independência”) ou 
subordinação (dependência). 
As conjunções classificam-se em: 
 
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS: aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois 
termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. 
Apresentam cinco tipos: 
37 
 
TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES 
ADITIVAS adição e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda 
ADVERSATIVAS contraste, oposição mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, todavia, antes (= 
pelo contrário), não obstante, apesar disso 
ALTERNATIVAS alternância ou exclusão ou, ou...ou, ora...ora, seja... seja, quando... quando, já... já 
CONCLUSIVAS conclusão pois, logo, portanto, por isso, por conseguinte. 
EXPLICATIVAS explicação porque, que 
 
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: aquelas que ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. 
Apresentam dez tipos: 
TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES 
INTEGRANTES “introdutórias de 
orações subordinadas 
substantivas” 
 que, se, como 
CAUSAIS causa porque, como, uma vez que, já que, que, porquanto, visto 
que, pois que 
 CONCESSIVAS concessão embora, ainda que, mesmo que, apesar de que, 
conquanto, posto que, se bem que 
CONDICIONAIS condição ou hipótese se, desde que, contanto que, caso, conquanto que, a não 
ser que, a menos que, sem que, salvo se, dado que 
CONFORMATIVAS conformidade conforme, segundo, como, consoante 
 COMPARATIVAS comparação como, mais...do que, menos...do que 
CONSECUTIVAS consequência de forma que, de sorte que, que, de maneira que, de tal 
modo que, sem que 
FINAIS finalidade a fim de que, que, porque, para que 
PROPORCIONAIS proporção à medida que, à proporção que, ao passo que 
TEMPORAIS tempo quando, depois que, desde que, logo que, assim que, 
antes que, até que, enquanto que, primeiro que, depois 
que, sempre que 
 
9) ADVÉRBIO 
É a palavra invariável que se associa ao verbo, indicando as circunstâncias da ação verbal; aos adjetivos, 
intensificando as qualidades por eles expressas; e a outros advérbios, intensificando o seu sentido. 
Os advérbios podem expressar circunstâncias de: 
LUGAR: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures. 
TEMPO: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda. 
MODO: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos advérbios com sufixo –mente. 
DÚVIDA: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente. 
INTENSIDADE: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão. 
AFIRMAÇÃO: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente. 
NEGAÇÃO: não, qual nada, tampouco, absolutamente. 
38 
 
 
 
LOCUÇÕES ADVERBIAIS: são expressões constituídas de duas ou mais palavras que exercem função 
adverbial. Resultam geralmente da combinação preposição + (artigo) + substantivo ou de preposição + 
(artigo) + advérbio. 
 
10) VERBO 
 
 
É a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos, 
estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza. 
FLEXÃO VERBAL 
NÚMERO: singular ou plural. 
PESSOA: 1ª, 2ª ou 3ª. 
MODO: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um 
fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido). 
TEMPO: pretérito (perfeito, imperfeito, mais- que prefeito), presente e futuro (futuro de presente e futuro do 
pretérito). 
VOZ: ativa, passiva e reflexiva. 
FORMAS NOMINAIS DO VERBO 
INFINITIVO: tem valor equivalente ao de um substantivo. 
EX: Preservar a natureza ( a preservação da natureza). 
GERÚNDIO: tem valor adverbial ou adjetivo. 
Ex: O menino machucou jogando bola( no momento em que jogava bola). 
PARTICÍPIO: tem valor equivalente ao de um adjetivo 
Ex: Todo livro deve ser lido criticamente. 
 
39 
 
VOZES VERBAIS 
ATIVA: sujeito é agente da ação verbal. 
Ex: O menino atravessou a rua. 
PASSIVA: sujeito é paciente da ação verbal. 
ANALÍTICA: verbo auxiliar + particípio do verbo principal. 
Ex: O doce foi comido. 
SINTÉTICA: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora). 
Ex: Comeu-se o doce. 
REFLEXIVA: sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente da ação verbal. 
Ex: Depois das denúncias, o governador demitiu-se de suas funções. 
 
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser, na maioria 
das vezes). 
 Ex: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS 
Os verbos são classificados de acordo com a maneira como se comportam com relação ao paradigma da 
conjugação à qual pertencem.