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RO 16 pu IV armas municiada primario decreto de oficio MODELO 21.05.2015

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Exmo. Des. 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Referências: Recurso Ordinário no HC 1.0000.15.043075-9/000 - 14ª Cacri/URG
 Relator: Des. Karin Emerich
 Recorrente: Dimas Teixeira Aureliano Júnior 
Matéria em debate: porte de arma – revogação de prisão preventiva –– decreto cautelar de ofício - nulidade – descabimento da cautelar extrema - ordem denegada - constrangimento ilegal.
		 DIMAS TEIXEIRA AURELIANO JÚNIOR, já qualificado nos autos, assistido juridicamente pela Defensoria Pública de Minas Gerais, por seu órgão de execução infra-assinado, no exercício de sua autonomia preconizada no § 2º do art. 134 da Constituição da República Federativa do Brasil e no uso de sua competência legal prevista no art. 4º da Lei Complementar Federal 80/94 e, nos arts. 4º e 5º da Lei Complementar Estadual 65/03, inconformados com a decisão que lhes denegou a ordem de Habeas Corpus, no processo em referência, apresentam RECURSO ORDINÁRIO, baseado no art. 30 da Lei 8.038/1990; pelas razões a seguir expendidas. 
 Nesta conformidade, requerem seja o mesmo processado regularmente e, remetido ao Superior Tribunal de Justiça, para, ao final, verem reformada a decisão impugnada.
 Nestes termos, pede deferimento.
 Belo Horizonte, 05 de agosto de 2015.
 Nádia de Souza Campos 
 Defensora Pública - MADEP 0103 
Excelentíssimo Sr. Ministro Presidente do Superior Tribunal de Justiça
Referências: Recurso Ordinário no HC 1.0000.15.043075-9/000 - 14ª Cacri/URG
 Relator: Des. Karin Emerich
 Recorrente: Dimas Teixeira Aureliano Júnior 
 Razões Recursais
 Da tempestividade e da adequação recursal:
 O presente recurso é formalmente adequado, eis que, é aquele legalmente previsto na lei ordinária, para a modificação do ato impugnado. Também, é tempestivo, tendo em vista a data da intimação pessoal da Defensoria Pública e do protocolo desta, rememorando à contagem em dobro de todos os prazos.
 Dos fatos e do direito 
 O recorrente foi preso em flagrante delito no dia 21/05/2015, como incurso nas sanções do art. 16, paragrafo único, inciso IV, da Lei 10.826/03. 
 A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, de oficio, porque, segundo a autoridade coatora, a medida seria imprescindível, estariam presentes os elementos ensejadores da constrição cautelar, notadamente, a garantia da ordem pública e a prevenção da reiteração no tráfico; bem como, a insuficiência e inadequação das medidas cautelares diversas da prisão.
 A liberdade provisória foi denegada na forma dos arts. 310, inciso II, e 312 c/c art. 313, I, do CPP; ao fundamento que as circunstâncias do crimes são graves e, supostamente, estariam presentes os motivos para decretação da prisão preventiva.
 A defesa aviou habeas corpus pugnando pela sua liberdade provisória, vez que a ordem pública não esta sendo ameaçada, tampouco a ordem econômica.
 Ante a falta de fundamentação concreta ou idônea, tanto para o decreto cautelar quanto para sua manutenção, foi impetrada ordem de habeas corpus para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, visando à revogação da prisão preventiva. 
 A liminar foi indeferida. 
 
 No mérito, foi denegada a ordem, como se vê na ementa transcrita: 
 A irresignação do recorrente se refere à inidoneidade da fundamentação acerca da necessidade de manutenção da custódia cautelar, sem se alicerçar em dados concretos apurados no feito, que evidenciem o periculum libertatis. 
 Na espécie, existe embasamento legal, doutrinário e jurisprudencial, no sentido da pertinência e adequação da medida pleiteada.
	 Eis a síntese do processo.
	 Preliminarmente: da nulidade absoluta do processo 
 Do decreto de ofício e do relaxamento da prisão. 
 Extrai-se dos autos, que não houve representação da autoridade policial e/ou da acusação, no sentido da decretação da prisão preventiva. Donde se conclui que a prisão preventiva foi decretada de ofício pelo magistrado, na fase inquisitorial, em patente afronta ao texto do art. 311, do CPP.
 Assim, a interferência do julgador (do qual se espera a imparcialidade) no papel cabível ao acusador, patenteia, insofismavelmente, a nulidade do processo por ofensa ao sistema acusatório e ao devido processo legal; bem como, a negativa de vigência à lei federal. 
 Em primeiro plano, trata-se de nulidade absoluta, pelo que é dispensável a análise de existência ou não de prejuízo. Entretanto, resta evidente a existência de prejuízo da paciente, pela sua manutenção no cárcere. 
 A ofensa ao princípio constitucional acarreta nulidade absoluta, na medida em que acarreta prejuízos irreparáveis na qualidade da jurisdição prestada, aqui refletida pelo decreto de prisão preventiva, ex officio, pelo juiz, antes de se formar a relação jurídica processual. 
 Este é o entendimento adotado pela reforma do CPP (em 2011) e consagrado no seu art. 311 cuja regra deve ser interpretada à luz do artigo 310 do mesmo diploma processual. 
 Vale dizer, recebendo o APFD, se pela análise dos elementos contidos nos autos, constatando-se tratar de situação que imponha o relaxamento da prisão ou não sendo o caso de se decretar a prisão preventiva, o magistrado deverá colocar o indiciado em liberdade; caso contrário, será dado vista ao Ministério Público, pois, com a reforma implementada pela Lei 12403/2011, no curso do inquérito policial, o juiz, depende de provocação. 
 No que tange ao art. 310 do CPP, mormente seu parágrafo único, com a redação dada pela Lei 12343/2011, consagra a pré-cautelaridade, pela qual, o juiz somente poderá manter a prisão caso estejam presentes o periculum libertatis do art. 312. 
 Caso não exista o pedido de prisão por parte do Ministério Público, ou, havendo, não esteja presente o periculum libertatis, deverá o juiz conceder a liberdade provisória, mediante termo de comparecimento. 
 Assim, na fase de investigação, somente por expressa provocação da autoridade policial ou da acusação, poderá o magistrado decretar a prisão preventiva; porém, sempre se pautando pela estrita observância da lei, dos princípios norteadores do processo penal e, pelo critério da indispensabilidade da providência. 
 
 É como decidiu o Des. Alexandre de Carvalho, da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no voto vencido exarado no HC 1.0000.12.111944-0/000, cuja ementa transcrevemos: 
“HABEAS CORPUS - FURTO QUALIFICADO - CUSTÓDIA DECRETADA DE OFÍCIO - IMPOSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 310, C/C 311, DO CPP - CONCESSÃO DA ORDEM. I. A prisão preventiva, decretada de ofício pelo magistrado na faseinquisitorial, consubstancia patente afronta ao texto do art. 311, do CPP, quando procedida sem prévia manifestação da Autoridade Policial, do Representante do Ministério Público ou do querelante. II. Concessão da ordem. (TJMG - HC 1.0000.12.111944-0/000 - Rel. Des. Eduardo Machado, 5ª Cacri, julg.13/11/2012, pub.21/11/2012)”
 Também, este é o entendimento que vem sendo esposado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, desde a entrada em vigor da Lei 12433/11, para relaxar prisões ilegais decretadas de ofício, inclusive, em sede de pedidos liminares, declarando a nulidade processual, à luz do que dispõe o artigo 310 do CPP:
	
“HABEAS CORPUS. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. (...) AUSÊNCIA DE PEDIDO MINISTERIAL OU DE REPRESENTAÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL PELA PRISÃO PREVENTIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. O artigo 310 do CPP, com a nova redação conferida pela Lei 12.403/2011, determina que a prisão em flagrante seja convertida em prisão preventiva na hipótese de não relaxamento do flagrante e quando não for o caso de liberdade provisória, com ou sem fiança. A prisão em flagrante não prende por si só. Conforme art. 311 do CPP, o Juiz não pode decretar de ofício a prisão preventiva na fase policial. Ilegalidade manifesta. Ordem concedida. Liminar ratificada, por maioria. (HC 70045402583, 3ª Cacri/ TJRS, Rel: Francesco Conti, Julg. 10/11/2011)
 Ainda, é importante destacar que, não basta a interpretação isolada do artigo art. 310 do Código de Processo Penal, para validar a ilegalidade da decisão recorrida; isso, porque, obrigatoriamente, sendo o ordenamento jurídico um todo sistematizado, que não contempla palavras inúteis, o artigo 310 deve ser cotejado com o artigo 311, do mesmo Códex. 
 Com efeito, o artigo 311 do CPP, autoriza, sim, o decreto de oficio, mas, o condiciona à fase processual e à existência da ação penal. Visto por outro lado, a lei veda o decreto de ofício, na fase policial.
 Deste modo, há de ser acolhida a preliminar suscitada, para declarar a nulidade absoluta do processo e, por conseguinte, relaxar a prisão do recorrente.
 Breve Histórico
 Como dito acima, o recorrente foi preso em flagrante delito no dia 2812/2014, denunciado como incurso nas sanções do art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei 10.826/03.
 A liberdade provisória foi denegada na forma dos arts. 310, inciso II, e 312 c/c art. 313, I, do CPP; ao fundamento que as circunstâncias do crimes são graves e, supostamente, estariam presentes os motivos para decretação da prisão preventiva.
 A defesa aviou habeas corpus pugnando pela sua liberdade provisória, vez que a ordem pública não esta sendo ameaçada, tampouco a ordem econômica.
 Os autos não trazem qualquer indicação e que o agente irá delinquir no futuro. Não é função de o Processo Penal evitar futuras condutas, uma vez que tal desiderato é inerente a Policia do Estado, sendo completamente alheio ao fundamento processual.
 
 Com efeito, um sistema penal antes de tipificar condutas e impor sanções, deve primeiro, observar seus princípios constitucionais como fontes primárias de sua legitimação, sendo o direito penal mínimo um ideal a ser perseguido, pelo garantismo, nos Estados Democráticos de Direito.
 Conforme brilhante texto da Dr.ª Patrícia Veloso de Gusmão Santana Rassi sobre “A Intervenção Mínima Do Direito Penal”, em artigo da revista eletrônica âmbito jurídico: 
 “Por que defendo um Direito Penal Mínimo.”
Porque uma das coisas que mais fiz, faço e farei (possivelmente) é arguir prescrição, em crime de homicídio inclusive; e a prescrição – expressão máxima da falência do sistema penal - é sempre uma frustração e uma injustiça; exatamente por isso, um direito penal mínimo não significa enfraquecer o sistema penal, mas fortalecê-lo;
Porque, apesar de se ocupar de um sem número de ações e omissões, a efetiva intervenção do sistema penal (ações penais, condenações, prisões etc.) é estatisticamente desprezível; Porque mais leis, mais policiais, mais juízes, mais prisões significa mais presos, mas não necessariamente menos delitos (Jeffery); Porque multiplicar leis penais significa apenas multiplicar violações à lei; não significa evitar crimes, mas criar outros novos (Beccaria); Porque o direito penal intervém sempre tardiamente, nas consequências, não nas causas dos problemas; intervém sintomatologicamente, não etiologicamente; 
Porque problemas estruturais demandam intervenções também estruturais e não simplesmente individuais; Porque o direito penal deve ser minimamente célere, minimamente eficaz, minimamente confiável, minimamente justo; Porque, se o direito penal é a forma mais violenta de intervenção do Estado na liberdade dos cidadãos, segue-se que, como ultima ratio do controle social formal, somente deve intervir quando for absolutamente necessário; 
Porque a intervenção penal, por mais pronta, necessária e justa, é sempre tardia e incapaz de restaurar a auto-estima ou atenuar o sofrimento das vítimas; é uma intervenção traumática, cirúrgica e negativa (García-Pablos); e prevenir é sempre melhor que remediar; 
Porque, por vezes, a pretexto de combater a criminalidade, o direito penal acaba estimulando a própria criminalidade, atuando de modo contraproducente, especialmente nos chamados crimes sem vítima (contravenção do jogo do bicho, exploração da prostituição de adultos, tráfico de droga etc.); 
Porque não existe prova alguma de que o direito penal evite novos crimes, seja em caráter geral, seja em caráter individual (ressocialização), de sorte que prevenção geral e especial têm mais a ver com crenças, mitos e fantasias do que com ciência; 
Porque, a pretexto de combater violência, o direito penal, que também é violência, acaba gerando mais violência, nem sempre legítima; não raro é um só pretexto para a violação sistemática de direitos humanos; Porque o direito penal, assentado que está sobre uma estrutura social profundamente desigual, seleciona sua clientela, inevitavelmente, entre os setores mais pobres e vulneráveis da população; punir os chamados criminosos do colarinho branco, além de ser exceção a confirmar a regra, é só uma tentativa (quixotesca) de atenuar o nosso mal-estar, como se fosse possível, por meio da intervenção penal, inverter a lógica funcional do modelo capitalista de produção; 
Porque uma boa política social ainda é a melhor política criminal (Franz von Liszt).” RASSI, Patricia Veloso de Gusmao Santana. Direito Penal mínimo. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 50, fev 2008. Disponível em:<http://www.ambito- uridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4498&revista_caderno=3.
 O Tribunal de Justiça denegou a ordem. 
 Não obstante o brilhantismo peculiar das decisões proferidas pelos membros do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, data venia, desta vez não se agiu com o costumeiro acerto.
 Da Fundamentação
 A denegação do pedido de Habeas Corpus foi motivada da seguinte forma:
HABEAS CORPUS - PORTE DE ARMA - DECISÃO A QUO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART.312 DO CPP - ORDEM DENEGADA. - Não caracteriza constrangimento ilegal a manutenção da segregação se a decisão que decretou a prisão preventiva da paciente encontra-se devidamente fundamentada, baseando-se em motivação arrolada na lei processual penal: art. 312 do CPP. (TJMG - Habeas Corpus Criminal 1.0000.15.004472-5/000, Relator(a): Des.(a) Furtado de Mendonça , 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/05/2015,publicação da súmula em 15/05/2015)
 A manutenção da prisão por conveniência da instrução criminal, também não há qualquer indicio de que o recorrente irá interferir na condução do processo.
 Quanto à garantia da aplicação da lei penal, também não há qualquer indicio de que ele não comparecerá a todos os atos do processo.
 Não obstante o art.313 do Código De Processo Penal, com a nova redação inclusa pela lei nº12. 403/11 admite a decretação da prisão preventiva somente nas hipóteses previamente estabelecidas, conforme transcrito.
“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).”
 A suposta pratica de crime em que o réu foi denunciado, porte ilegal de uso de arma permitido, não excede a pena máxima de quatro anos, os exigidos para se admitir a custódia provisória. 
 
 Embora o agente possua outros registros criminais, é réu primário, não cometendo infrações envolvendo violência doméstica e foi civilmente identificado. 
 Não reputando, válida, por isso, qualquer das hipóteses de admissão da prisão preventiva, tão pouco a mantença da segregação.
 No que tange as considerações judiciais, data vênia, estas se mostram inaptas quanto a fundamentar a decretação da prisão preventiva, não houveram fatores que extrapolaram os tipos penais imputados. 
 Em decisão liminar do ministro Eros Grau, o STF, afastou a manutenção de uma prisão cautelar com escora no argumento da gravidade do delito, conforme jurisprudência consolidada da Excelsa Corte, reafirmando que em nosso ordenamento jurídico democrático a liberdade é a regra.
 No caso de referência, o porte ilegal de arma raspada, que teria sido alugada para prática de homicídio. Após negativas ao pleito defensivo no TJ-SP e STJ, contra esta última decisão fora impetrado "habeas corpus", cujo seguimento foi negado com escora na Súmula 691 do STF. Eis síntese da decisão proferida:
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE DO CRIME E NECESSIDADE CITAÇÃO DO PACIENTE CASO VENHA A SER AJUIZADA A AÇÃO PENAL. INIDONEIDADE. EXCEÇÃO À SÚMULA 691/STF. 1. O indeferimento de liberdade provisória sob o fundamento de que a gravidade do crime justificaria a segregação cautelar do paciente afronta a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Prisão cautelar que também não se justifica por conveniência da instrução criminal tendo em conta a necessidade da citação do paciente caso venha a ser ajuizada a ação penal. A Juíza não se desincumbiu de demonstrar de que forma o paciente poderia dificultar ou prejudicar a colheita de provas. 2. Exceção à Súmula 691/STF. Ordem concedida. (HC 97998, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 23/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-05 PP-00979 LEXSTF v. 31, n. 368, 2009, p. 498-504)
Merece transcrição o voto condutor do acordão.
1. Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado contra ato da Ministra Laurita Vaz, do STJ, consubstanciado em decisão que negou seguimento a habeas corpus, com fundamento na Súmula 691/STF.
2. O paciente foi preso em flagrante pela prática do crime tipificado no art. 14 da Lei 10.826/03.
3. A Juíza de Direito do Foro Central Criminal da Comarca de São Paulo indeferiu pedido de liberdade provisória (fls. 77/78).
4. O TJ-SP negou a liminar requerida em habeas corpus (fl. 89), sobrevindo, contra essa decisão, habeas corpus no STJ, ao qual foi negado seguimento.
5. Afirmando haver flagrante constrangimento ilegal, a ensejar exceção à Súmula 691 desta Corte, o impetrante resumiu as razões da impetração nos seguintes termos (fls. 4/5):
"1. Paciente preso em flagrante e denunciado pela suposta prática do crime de porte ilegal de arma de fogo, previsto no art. 14, caput, da Lei 10.826/03.
2. Paciente que, além de ostentar condições pessoais favoráveis - jovem de 23 anos, estudante técnico de tecnologia da informação, primário, sem antecedentes criminais, com família constituída e residência fixa com os pais -, não representa qualquer risco à sociedade. Ausência da real necessidade da manutenção da medida constritiva.
3. Juízo de primeiro grau que indeferiu pedido de liberdade provisória, após destacar alguns dos fatos em apuração, com base numa suposta ‘reprovabilidade da conduta' para se ‘acautelar a ordem pública'. Caráter genérico. Decisão que não aponta de que forma, concretamente, a ordem pública estaria em risco. Ausência de fundamentação idônea. Precedente do STJ: ‘ Posse ou porte ilegal de arma de fogo. Inconstitucionalidade do art. 21 da Lei 10.826/03 declarada pelo STF. Prisão em flagrante. Indeferimento do pedido de liberdade provisória. Motivação inidônea para respaldar a custódia. Constrangimento ilegal. Ordem concedida.' (HC 71.999, rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 10.9.07) e deste col. STF: ⍊ ??Quanto à ordem pública, a jurisprudência do Tribunal se firmou no sentido de que a caracterização genérica ou a mera citação do art. 312 do CPP não são suficient es para caracterizar a ameaça à ordem pública.' (HC n.º 85.615, rel. GILMAR MENDES, DJ 03.03.2006)
4. Elementos que dizem respeito ao próprio mérito da ação penal. Magistrado de primeiro grau que confunde matéria fática - a ser apurada na instrução processual - com requisitos da cautelar. Impossibilidade. Argumentos genéricos. Precedente do e. STJ: ‘Não se prestam para justificar a prisão preventiva apenas a existência de indícios de autoria e a prova da materialidade e o juízo valorativo sobre a gravidade dos delitos imputados ao acusado.' (HC 91.762, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, 5ª Tuma, DJ 10.03.2008).
5. Alegação, ainda, de que a denúncia poderá ser posteriormente aditada para constar a imputação de crime com pena mais severa (qualificadora da numeração raspada na arma - art. 16, § 1º, IV, do Estatuto do Desarmamento).
6. Questão que não guarda qualquer relação com a concessão da liberdade provisória. Possibilidade de deferimento do benefício processual ainda que seja na forma qualificada do delito.
7. Manifesta contrariedade à jurisprudência unânime deste e. STF e do e. STJ a autorizar a superação da Sú mula nº 691. Precedentes do STF: HC 95.009, Min. EROS GRAU, j. 6.11.2008, HC 91.729, Min. RICARDO LEWANDOWSKI, j. 25.09.2007 e do STJ: HC 59.908, Min. FELIX FISCHER, j. 21.11.2006. Precedente específico quanto ao delito de porte ilegal de arma de fogo: HC 90.157, rel. Min. GILMAR MENDES, j. 2.3.07, DJ 12.3.07.
8. Flagrante constrangimento ilegal. Pedido de liminar para colocação do paciente em liberdadeaté o julgamento final do writ."
6. É o relatório.
7. Decido.
8. Eis a decisão que indeferiu a liberdade provisória:
"Trata-se de pedido de liberdade provisória formulado em favor de B. W. A., o qual foi autuado em flagrante por infração ao art. 16 da Lei 10.826/03.
Consta que o autuado ‘alugou' sua arma de fogo para Marcelo Travtzki Barbosa, seu amigo, para matar a ex-namorada, fato que acabou ocorrendo.
Dessa forma, demonstrada a gravidade delitiva, inclusive pelo resultado da conduta de Marcelo, claro está a presença dos requisitos da prisão preventiva.
Além disso, na residência do autuado teria sido supostamente apreendido um cacete, munição calibre 7,65 e indicou o local onde estava escondida a arma de fogo utilizada na prática delitiva em questão, consistente em um revólver marca Taurus, calibre 38, municiada.
Outrossim, não é possível o prosseguimento do processo sem a citação pessoal do autuado, na forma do artigo 366 do Código de Processo Penal, sendo necessária a sua custódia por conveniência da instrução criminal, em caso de ajuizamento da ação penal.
A instrução processual, em casos como o dos presentes autos, reclama a custódia do autuado, já que poderá dificultar senão prejudicar a colheita da prova."
9. Destaca-se dessa decisão que a prisão preventiva do paciente encontraria justificativa (i) na gravidade do crime e (ii) na necessidade de citação do paciente caso venha a ser ajuizada a ação penal.
10. A jurisprudência desta Corte está consolidada no sentido de que a invocação da gravidade do crime não autoriza a prisão preventiva. A regra é a liberdade; a prisão, a exceção. Aquela cede a esta em situações excepcionais, na linha de entendimento do Supremo Tribunal Federal (HCs ns. 83.516, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ de 23.5.08; 91.662, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 4.4.08; 88.858, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 25.4.08; 87.343, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ de 22.6.07; 84.071, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ de 24.11.06; 88.025, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 16.2.07; 85.237, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 29.4.05).
11. A prisão cautelar também não se justifica por conveniência da instrução criminal, tendo em conta a necessidade da citação do paciente para responder à ação penal. A Juíza não indicou a razão concreta pela qual inferiu que o paciente frustraria a prática desse ato processual, assim como também não se desincumbiu de demonstrar de que forma ele poderia dificultar ou prejudicar a colheita da prova.
12. Condições pessoais como primariedade, bons antecedentes, emprego e residência fixa devem ser valoradas positivamente quando ausentes os requisitos da prisão cautelar.
Excepciono a regra contida na Súmula 691 desta Corte e defiro a liminar a fim de que o paciente seja colocado em liberdade provisória, até o julgamento definitivo deste habeas corpus.
 Em caso de eventual condenação há de se considerar a sua primariedade, certamente conduzindo o recorrente à pena mínima e ao regime aberto.
 Do Pedido
			Do exposto, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais espera o provimento do presente inconformismo para que seja efetivado o direito de liberdade para o recorrente Anderson Felipe Gonçalvez.
 A defesa requer também a concessão “in limine” do pedido, até a decisão em definitivo do recurso, já que presentes o “fumu boni juris” e o “periculum in mora”.
		 E por ser recurso que trata do direito constitucional à liberdade e tendo em vista o novo posicionamento deste Superior Tribunal de Justiça sobre a impossibilidade de substituição do Recurso Ordinário em Habeas Corpus por Habeas Corpus, a Defesa Pública espera uma maior celeridade no seu processamento e em seu julgamento.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, 22 de maio de 2015.
Nádia de Souza Campos
Defensora Pública - MADEP 0103
 
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Defensoria Pública Especializada de 2ª Instância e Tribunais Superiores – DECRIM 2 (NSC)
Rua Bernardo Guimarães, nº 2731 – 6° andar – Santo Agostinho – Belo Horizonte/MG – Ramal: 25228635 - � HYPERLINK "http://www.defensoriapublica.mg.gov.br/" �http://www.defensoriapublica.mg.gov.br/�

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