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AULA 01: Carga horfuia:2h.
ASSUNTO: "Introdução: origem, histórico e biodiversidade: aspectos biológicos,
geográficos, legais e éticos."
OBJETIVOS: Definir alguns termos importantes no estudo de plantas medicinais e
conhecer de forma sucinta a biodiversidade geral e de plantas medicinais no Brasil, bem
como conhecer as leis que regem a política de acesso ao patrimônio genético brasileiro.
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- 
TNTRODUÇÃO
l. Origem e histórico
A utilização de plantas pelo homem reporta-se aos primórdios da civilização.
Neste sentido, encontram-se relatos da utilização do ópio pelo povo Chinês cerca de
15.000 a.C., o uso da flor de lótus na cultura Indiana a 8000 a.C. e, na Babilônia, o uso
do sabugueiro a2.400 a. C. As plantas destacavam-se como fonte de medicamentos até
o final dos anos 20, quando surgiram os compostos ativos derivados da indústria
química, mantendo-se até o final da década de 70. A partir dos anos 80, configurou-se a
retomada das plantas medicinais nos grandes centros de pesquisa em todo mundo,
devido ao surgimento de novas doenças (câncer e a AIDs, por exemplo) e a declaração
da Arganização Mundial de Saúde (OMS) indicando que cerca de 80% da população
mundial dependia da medicina tradicional para as suas necessidades primrírias de saúde
(Lemos et al. 2003).
Portanto, o interesse pelas plantas medicinais está diretamente ligado a história
da humanidade e da própria medicina, envolvendo aspectos do conhecimento e de
conceitos desenvolvidos por diferentes sociedades em relação ao potencial do mundo
vegetal a que tem acesso, resultando em sistemas de saúde próprios e, por conseguinte,
formas específicas de uso das plantas (Lemos et al., 2003).
2. Terminologias
Plantas medicinais são aquelas que apresentam atividade biológica ou
propriedade terapêutica. A atividade antimicrobiana conferida por uma planta pode
resultar de propriedade bacteriostática, isto é, capacidade de inibir o crescimento
microbiológico, ou pode resultar de propriedade bactericida, ou seja, capacidade de
destruir os microrganismos. Uma planta com atividade sobre as vias respiratórias pode
apresentar propriedade balsâmica (antiinflamatória), béquica (antitussiva) ou
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expectorante (que expulsa catarro dos brônquios). Portanto, a indicação terapêutica
segura de uma planta, depende do devido conhecimento da sua ação terapêutica, ou seja,
a adequação da atividade biológica relativa ao devido quadro clínico (Lemos et al.,
2003).
A ciência médica moderna considera medicamento toda formulação composta
por princípio ativo isolado, ou sua mistura, em um veículo inerte (âgua, talco, etc),
enquanto produto fitoterápico é todo medicamento obtido exclusivamente de matérias
primas ativas vegetais ou fitocomplexos. O que vale dizer que todo fitoterápico é um
produto natural, embora nem todo produto natural seja um produto fitoterápico. Por
outro lado, ainda hoje, a utilizaçáo de remédios à base de ervas (sem comprovação
científica), de gestos ou de palavras usadas pelo povo para prevenir e curar doenças para
obter mais saúde segundo tradições culturais continue comum em todo o mu:rdo. Assim,
todo medicamento pode ser considerado como remédio, embora o inverso não seja
verdadeiro (Lemos et al., 2003).
3. Princípios ativos
Princípios ativos são as substâncias que apresentam atividade biológica
(terapêutica, tóxica ou alelopática), encontrados mais freqüentemente entre os vegetais.
São resultantes do metabolismo vegetal secundario, relacionados à sobrevivência das
plantas e à sua interação com o meio no qual habitam, apresentando funções de defesa a
pragas e doenças, bem como de proteção contra adversidades ambientais. Por outro
lado, os metabólitos primrírios constituem-se em substâncias essenciais ao crescimento e
desenvolvimento das plantas (aminoácidos, carboidratos, lipídeos; ácidos nucléicos),
sem os quais não é possível ao vegetal completar seu ciclo de vida (Lemos et al. 2003).
Uma espécie medicinal possui grande quantidade de metabólitos secundários, no
entanto, os metabólitos especificamente responsáveis por sua propriedade medicinal são
denominados princípios ativos (Lemos et a1., 2003).
4. Classes de princípios ativos
As principais classes de princípios ativos são (Lemos et al., 2003):
a. Alcalóides: substâncias que apresentam.sabor amargo e toxicidade como principais
características. Entre as funções que desempenham nos vegetais pode-se citar a
repelência aos herbívoros e a proteção contra microorganismos. Entre as atividades
/
biológicas de interesse humano, apresentam ação estimulante do sistema nervoso
central, a exemplo da cafeína e a danicotina, a primeira isolada do café (Coffea sp.) ou
do guaraná (Paulínía cupana) e a última isolada do tabaco (Nicotiana tabacum); e
também atividade antitumoral, exemplificada pelos alcalóides vincristina e vimblastina,
isolados de Catharanthus roseus.
b. óteos essenciais: constituem-se em substâncias voláteis e colq odor caracteristico, As
principais funções que desempenham nos vegetais são relativas à attgçQo de
polinizadores, a efeitos alelopáticos e a proteção contra temperaturas elevadas' As
principais atividades terapêuticas apresentadas são os efeitos antiespasmódicos,
antiinflamatórios e sobre o sistema nervoso central. Alguns exemplos destes princípios
ativos são a cânfora (Rosmarinus fficinatis), eucaliptol (Eucalyptus sp), mentol
(Mentha ssp).
c. Mucilagens: tem como principal característica o aspecto gelatinoso. Nos vegetais, a
principal função, é reter âgua, e terapeuticamente apresentam efeitos cicatrizantes,
conforme atribuído a aloina da babosa (Aloe sp.)'
d. Heterosídeos Cardioativos: estes princípios ativos apresentam atividade terapêutica
cardiotônica e são restritos às plantas do gênero Digitalis. São altamente tóxicos quando
ingeridos em quantidades inadequadas, sendo que 10 mg podem matar uma pessoa de
70 Kg. Utilizados desde o início do século XVm no Íatamento de doenças do coração,
tem como exemplos a digoxina e a digitoxina, extraídas da dedaleita (Digitalis spp).
c. Taninos: são substâncias que provocam sensação de adstringência (cica), auxiliando a
proteção dos vegetais contra herbivoria e apresentando atividades como cicatnzante e
antidiarréica, conforme observado nos frutos verdes e brotos de goiabein (Psidium
guaj av a) e de hamam elis {Hamamel is v ir gini ana), dentre outras espécies'
e. Flavonóides: são amplamente distribuídos em toda a planta (frutos, flores, folhas,
caules), sendo responsáveis pela coloração, attaçáo de polinizadores, proteção contra
raios UV e influenciando a relação leguminosa x rizóbio nos vegetais. Do ponto de vista
medicinal, destacam-se as atividades terapêuticas antiviral, antioxidante, anti
hemorrágico, antitumoral, a exemplos das isoflavonas (genisteína) encontradas na soja
(Glicine Max).
A concentração de princípios ativos na planta depende dos aspectos genéticos da
espécie e de estímulo ambientais, ou seja, excesso ou deficiência de algum fator de
produção pata a planta, tais como clima (temperatura, fotoperíodo, luminosidade,
umidade), solo (pH, nutrientes, textura), ataque de insetos ou microorganismos,
alelopatia e ação de herbívoros ou poluentes. Assim, para o cultivo doméstico ressalta a
importância de espécies e ecotipos adaptados às condições locais, devido às inúmeras
interações entre as plantas e o meio influindo sobre sua composição química.
II _ CRESCENTE INTERESSE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
A importância da diversidade da vida começou a surgir, principalmenre, com o
desenvolvimento da biotecnologia, com especial atenção às plantas produtoras de
compostos farmacológicos. Com o aprimoramento da ciência e tecnologia, plantas antes
nunca exploradas, são atualmente caructenzadas e valorizadas por suas propriedades,
aumentando consideravelmente o desenvolvimento de produtos naturaise a descoberta
de novos princípios ativos. Dessa forma, tem-se aumentado a atenção das autoridades e
pesquisadores nas areas de proteção, conservação e pesquisa do germoplasma de plantas
medicinais no Brasil e no mundo.
Com a crescente demanda por produtos químicos e farmacos, principalmente
pelas indústrias farmacêuticas, aumentou-se o interesse pela biodiversidade existente,
principalmente em iíreas ainda não exploradas, como as florestas tropicais, que podem
conter plantas produtoras de inúmeros princípios ativos que podem ser utilizados na
cura e no tratamento de diversas doenças.
O mundo tem se voltado paru a biodiversidade brasileira, o que tem gerado
maior preocupação por parte de autoridades políticas e pesquisadores, quanto à proteção
do patrimônio genético nacional. Com políticas mais claras e definidas, pretende-se
evitar ou pelo menos reduzir a biopirataria de recursos genéticos nacionais. A
biopirataria pode ser entendida como o comércio ilegal de nossa biodiversidade.
Com o aumento da população mundial e os altos índices de doenças que afligem
os seres humanos, bem como o aparecimento de novas doenças, torna-se evidente a
dependôncia humana pelos efeitos terapêuticos das plantas. Aproximadamente, 75Yo da
população mundial utiliza as ervas na busca do alívio de alguns sintomas dolorosos ou
o
r
desgradáveis; desse total, pelo menos 30Yo derum-se por prescrição médica (Farnsworth,
1996). Considera-se que 85% dos medicamentos são originados dos vegetais e cerca de
2/3 das plantas mediçinais utilizadas pelas indústrias farmacêuticas são obtidos por
extrativismo nos países tropicais (F ranz, 1993).
No Brasil, de acordo com o Sindicato das Indústrias Farmacêuticas
(SINDUSFARM), o comércio de fitoterápicos, em 1995, alcançou 4yo do mercado
farmacêutico, estimado em U$ 8 bilhões, tendo um crescimento médio de 10,'/o ao ano.
No mundo, é dificil estimar o montante de plantas medicinais comercializadas" mas.
sem dúvida, deve ser estimado em muitos bilhões de dólares (Trentini, IggT).
Das 250 mil espécies de vegetais, estima-se que de 35 a 70 mil foram utilizadas
como medicinais por uma ou outra cultura em certa época e em determinada região
(Farnsworth; Soejarto, 1991) e, apesar da vasta florao sobreturdo tropical, e da
valorização da medicina populacional, as mais otimistas estimativas predizem que
apenas de 5 a 70Á desse potencial foi devidamente estudado (Trentini,lggT).
Cabe destacar a importância da medicina tradicional, do ponto de vista sócio-
econômico-cultural, ao permitir formulações mais simples dos remédios obtidos apartir
de plantas, uma vez que esses, normalmente, não apresentam efeitos colaterais, sendo
amplamente acessíveis, com baixos custos de obtenção e/ou sem ônus adicionais de
produção por parte das comunidades menos privilegiadas (Rodrigues e Carvalho, 2001).
III _ BIODIVERSIDADE
Quando se pensa no valor da biodiversidade paru a humanidade, deve-se
considerar a conservação dos recursos genéticos dentro e entre espécies.
1. Definição
O termo biodiversidade foi introduzido na metade dos anos 80 e populari zado na
época da Conferência do Rio de Janeiro, em 1992.
A biodiversidade pode ser definida como "a variabilidade dos organismos vivos
de todas as origens, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros aquáticos e os
comploexos ecológicos de que fazemparte; compreendendo ainda a diversidade dentro
de espécieso entre espécies e de ecossistemas (aÍt.7" da Convenção sobre a Diversidade
Biológica/Conferência sobre Meio Ambiente e DesenvolvimentolRio 92).

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