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Plano de aula 03 Resposta Preliminar CORRIGIDA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 2ªVARA CRIMINAL DA COMARCA... DO ESTADO XXXX
PROCESSO Nº ...
MATEUS, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem na presença de Vossa Excelência, através de seu advogado, abaixo assinado (procuração em anexo), na forma do artigo 396 e 396-A, todos do Código de Processo Penal, oferecer a presente
RESPOSTA PRELIMINAR OBRIGATÓRIA
Com base nos fatos e argumentos ora expostos.
I – DOS FATOS
O réu foi denunciado pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 217-A, § 1º, combinado com o artigo 234-A, inciso III, todos do Código Penal, pois teria em agosto de 2016, na residência da jovem de nome Maísa, teria constrangido à prática de conjunção carnal aproveitando-se da incapacidade da mesma de resistir ao ato por hipoteticamente possuir doença mental; fato este que gerou a gravidez da suposta vítima.
II – DO MÉRITO
2.1 – Da Atipicidade do Fato
A tipicidade é a relação do fato com a conduta prevista na lei. Conforme o Professor Rogério Grecco, no livro Curso de Direito Penal Parte Geral, “tipo, como a própria denominação diz, é o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio de seu único instrumento – a Lei, visa impedir que seja praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós”. Para o ilustre mestre penalista, tipicidade é “a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador”. 
Segundo Delmanto, o princípio da adequação social “é também um critério de interpretação, que restringe o alcance literal dos tipos da Parte Especial, excluindo deles aqueles comportamentos que resultam socialmente adequados”.
Assim, o fato não é considerado típico, pois não se pode afirmar que o réu teria mantido relações sexuais com pessoa cujo discernimento estaria prejudicado por supostamente ser portadora de deficiência mental, tendo em vista que não há nenhuma prova sequer de que a suposta vítima possua enfermidade mental. Além disso, vale ressaltar que o relacionamento, bem como as relações sexuais praticadas com Maísa eram consentidas, jamais realizadas sob violência ou grave ameaça, e também, a avó e a mãe da suposta vítima tinham pleno conhecimento tanto do namoro, como das relações sexuais mantidas entre o réu e a vítima hipotética.
Cabe trazer a lume a jurisprudência do TJDF que reconhece não haver tipicidade de conduta atribuída ao artigo 217-A do CP quando o ato sexual é praticado dentro do contexto de relacionamento afetivo:
PENAL. PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. CONSENTIMENTO DO ATO SEXUAL. RELACIONAMENTO AFETIVO ENTRE AS PARTES. FATO ATÍPICO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. SENTENÇA CORRETA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I. A TIPICIDADE MATERIAL NÃO ENCONTRA RESSONÂNCIA NAS PROVAS APRESENTADAS, PORQUANTO: HOUVE CONSENTIMENTO DA MENOR; TRATA-SE DE ADOLESCENTE QUE POSSUI MATURIDADE SUFICIENTE PARA COMPREENDER O SIGNIFICADO E AS CONSEQUÊNCIAS DA PRÁTICA DE UMA RELAÇÃO SEXUAL; E, POR FIM, INEXISTE QUALQUER VIOLAÇÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO, QUAL SEJA: A LIBERDADE SEXUAL. II. A PALAVRA DA VÍTIMA, EM CRIMES DESSA NATUREZA, GANHA CONSIDERÁVEL RELEVO, NA MEDIDA EM QUE A GRANDE MAIORIA DESSES FATOS É PERPETRADA EM AMBIENTES DOMÉSTICO-FAMILIARES, VALE DIZER, LUGARES DISTANTES DOS OLHOS DA SOCIEDADE, POR CONSEQUÊNCIA, LONGE DE EVENTUAIS TESTEMUNHAS. III. CONSIDERANDO A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DOS TRIBUNAIS SUPERIORES NO SENTIDO DE QUE A VIOLÊNCIA PRESUMIDA PELA MENORIDADE DA VÍTIMA, DEVE SER RELATIVIZADA, CONFORME AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO, IMPERIOSO É O RECONHECIMENTO DA ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA DO RÉU ACUSADO DA PRÁTICA DO CRIME DE ESTUPRO DE MENOR DE QUATORZE ANOS QUANDO HOUVER A CONCORDÂNCIA CONSCIENTE DA ADOLESCENTE MAIOR DE 12 ANOS À PRÁTICA DA CONJUNÇÃO CARNAL, A QUAL TEM O CONDÃO DE AFASTAR A PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA. IV. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA, MAIORIA.
(TJ-DF - APR: 20130910128316 DF 0012508-28.2013.8.07.0009, Relator: ROMÃO C. OLIVEIRA, Data de Julgamento: 11/06/2014, 1ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 01/07/2014 . Pág.: 377)
Assim, resta indubitavelmente demonstrado não existir qualquer relação do caso em tela com o verbo penal. Além disso, pelo fato de os dois manterem um relacionamento amoroso, estas relações sexuais não foram praticadas de forma abusiva ou mediante violência ou grave ameaça. Portanto, cabível a absolvição sumária.
2.2 – Da ausência de justa causa.
A Justa Causa, nas palavras de Nestor Távora em Curso de Direito Processual Penal, “é a necessidade de lastro probatório mínimo para o exercício da ação, sendo também uma condição desta. Sem os indícios de autoria e da materialidade, torna-se inviável qualquer pretensão acusatória”.
Conforme o referido doutrinador, ao falar da Justa Causa:
Quem tem de ser absolvido, não deve ser processado!
Logo, entendemos que as hipóteses que autorizam a absolvição sumária, se cabalmente demonstradas ab initio, devem também ser invocadas para lastrear o pedido de arquivamento. São elas:
•existência manifesta de causa excludente de ilicitude;
•existência manifesta de causa excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade;
•o fato evidentemente não constitui crime;
•existência de causa extintiva da punibilidade.
Cabe também trazer a Jurisprudência do STF decidindo acerca da ausência da Justa Causa, da falta de mínimos indícios de materialidade e autoria em denúncia sobre crime contra a Administração Pública, sendo, por isso, rejeitada a denúncia:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. DENÚNCIA. ART. 319 E ART. 359-D, AMBOS DO CP. PREVARICAÇÃO E ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA. ART. 41, CPP. ATIPICIDADE DOS FATOS. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. FALTA DE SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO A ENSEJAR A PERSECUSÃO PENAL. REJEIÇÃO. 
(STF - Inq: 3393 PB, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 23/09/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2014 PUBLIC 14-11-2014)
Diante de todo o exposto e considerando que foram consentidas as relações, as testemunhas afirmam que as relações eram consentidas, e que não há provas para o oferecimento da ação, não tem perícia, não tem laudo pericial que demonstra a vulnerabilidade – artigo 397, inciso III do CPP, logo, não há indícios de autoria e prova da materialidade, restando o réu merecedor da absolvição sumária.
III – DOS PEDIDOS 
Isto posto, requer a Vossa Exclencia:
A absolvição sumária com base com base no artigo 397, inciso III do CPP;
Caso Vossa Excelência indefira o pedido absolutório anterior, que proceda a rejeição da ação penal na forma do Artigo 395, inciso III do CPP;
A intimação das testemunhas ao final arroladas para prestarem depoimento em juízo.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, 30 de novembro de 2016.
Advogado
OAB/UF
Rol de testemunhas:
OLINDA, qualificação;
ALDA, qualificação;

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