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Aula1_Falência: Processo Falimentar Se o juiz julgar procedente a ação ajuizada por qualquer um dos legitimados previsto no art.97da Lei 11.101./2005 ele dará sentença declaratória de falência como vimos no resumo anterior. A partir disso dará início ao processo de falência. Órgãos da Falência - Administrador Judicial: O juiz fará a nomeação do administrador judicial, que será um auxiliar no processo de falência cumprindo as burocracias necessárias e pertinentes a sua função; como o próprio nome sugere irá administrar a falência, com fiscalização do juiz e do comitê de credores. Fará o levantamento dos bens; a identificação dos credores junto ao devedor montará o quadro de credores que será útil para classificação dos créditos e cuidará dos interesses da massa falida realizando o levantamento do ativo com arrecadação dos bens do devedor e montando inventário para venda. As características do administrador judicial estão presentes no art.21 da lei de falência. “Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.” - Assembleia de credores: Terá a função de instituir o comitê de credores, indicar as formas de realização do ativo, ou seja, decidir sobre a forma de alienação dos bens na falência e decidir matérias de interesse dos credores. - Comitê de Credores: O comitê de credores é órgão facultativo, sua função é supervisionar o administrador judicial; na ausência do comitê o juiz e os credores desempenharão essa função. O juiz poderá inclusive destituir o administrador de ofício. O comitê será composto por um representante das modalidades de crédito mais dois suplentes. Será instituído pela assembleia de credores. Arrecadação dos Bens O administrador judicial fará o levantamento dos bens do devedor/falido e dos sócios com responsabilidade ilimitada e colocará o inventário a disposição da massa falida; a assembleia escolherá a forma de alienação do bem podendo ser, por exemplo, por leilão, Pregão ou proposta fechada. Essa venda deve ser feita de forma pública a terceiros não interessados; qualquer outra forma de venda deverá ser submetida à aprovação da assembleia dos credores. Porém ao fazer o levantamento dos bens e fechar ou lacrar a empresa pela declaração de falência pode acontecer que sejam incluídos bens de terceiros que estavam nas dependências da empresa ou na posse do falido, mas que não pertençam ao mesmo. Caberá ao seu proprietário ingressar com ação de restituição na qual deverá provar ser o proprietário do bem; se por algum motivo esse bem perecer o juiz fará a restituição do valor assim que tiver dinheiro em caixa, ou seja, não precisa esperar pelo processo de falência. Vale salientar que nesse caso não há que se falar em indenização, pois o juiz agiu no exercício regular do direito. Terá direito a restituição também o fornecedor que entregou mercadoria até 15 dias antes da declaração de falência, se ainda não foi alienada. Do contrário não observado o prazo e tiver sido alienado passará a ser crédito quirografário. Habilitação dos créditos É o momento em que o administrador faz o levantamento dos credores e formula o “quadro geral de credores” sendo etapa importantíssima, pois alinhará a ordem de pagamento dos créditos. Os credores terão 15 dias para requerer a modificação dos valores dos seus créditos ou de outros credores. - Os bens a serem restituídos: serão habilitados mediante ação de restituição. - Os demais credores: poderão ser habilitados pelo próprio devedor que nomeia seus credores, e caso não seja nomeado terá 15 dias para se habilitar sem necessidade de advogado conforme art.9º - Credores retardatários: A habilitação atrasada é permitida, mas o que já foi decidido antes não será alterado. Art.10.§3º - Credores de ação separada em andamento: art.6º este credor não deve ser incluído imediatamente já que seu direito ainda está sendo julgado; porém poderá pedir reserva do valor ao juiz que está julgando sua ação que comunicará ao juiz da falência. Assim não se habilita. Classificação dos créditos Os créditos são classificados em extraconcursais e concursais. A ordem de pagamento dos créditos está definida na lei 11.101/2005. Extraconcursais: São créditos que surgem depois ou em virtude da declaração da falência e estão descritos no artigo 84. Porém antes do pagamento dos créditos extraconcursais presentes no artigo 84 existem créditos que possuem uma preferência maior, a saber: Art. 151. _ Art. 85. Parágrafo único _ Art. 149. _ Art. 84. Concursais: Art. 83 -Crédito subordinado: são créditos dos sócios e administradores sem vínculo empregatício. Ex. O sócio fez um empréstimo a empresa; ele poderá receber, mas só depois dos demais. Havendo o pagamento dos credores encerra-se o processo falimentar. Recuperação Judicial INTRODUÇÃO A recuperação judicial é uma ação que tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômica financeira da empresa, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, dos empregados e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Com a nova lei (11.101/ 2005), o Brasil passa a contemplar duas modalidades para evitar que a crise da empresa leve‐a à falência: a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial. Nesse norte, não é qualquer empresa que merece ou deve ser recuperada, pois na maioria dos casos, se a crise não encontrou uma solução de mercado, o melhor para todos é a falência. Em outros termos somente as empresas viáveis devem ser objetos de recuperação judicial ou extrajudicial. Essa viabilidade é medida em função de vetores como: • importância social; • mão‐de‐obra e tecnologia empregadas • volume do ativo e passivo; • tempo de existência da empresa; • porte econômico. CONCEITO Ação que viabiliza a superação da situação de crises, sejam de ordem econômica ou financeira de uma determinada empresa, ou seja, é o procedimento pelo qual uma empresa pode se recuperar e prosseguir em suas atividades. REQUISITOS Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido: • For empresário regular; • Exercício do comércio há mais de 2 (dois) anos; • Não ser falido; • Não ter título protestado; • Possuir ativo maior que 50% do passivo; • Não ter obtido concessão de recuperação judicial há menos de 5 (cinco) anos; QUEM PODE REQUER A RECUPERAÇÃO JUDICIAL Tem legitimidade para requerer a recuperação judicial, as seguintes pessoas ou entes: • O empresário; • A sociedade empresária; • O cônjuge sobrevivente; • Os herdeiros; • O inventariante; • O sócio remanescente. MEIOS DE APRESENTAR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL Segue abaixo uma lista exemplificativa dos meios que o empresário ou a sociedade empresária pode lançar mão para recuperar a sua atividade econômica, ou seja, sua empresa. Nela encontram‐se instrumentos financeiros, administrativos e jurídicos que normalmente são empregados na superação de crises em empresas, e são eles: • Dilação de prazo ou revisão das condições de pagamento; • Operações societárias como cisão, incorporação, fusão, etc; • Alteração do controle societário; • Reestruturação do capital; • Trespasse ou arrendamento de estabelecimento; • Redução salarial, definidos em acordo ou convenção coletiva; • Compensação de horários, definidos em acordo ou convenção coletiva;• Redução da jornada de trabalho, definidos em acordo ou convenção coletiva; PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL Em linhas gerais, o Plano de Recuperação Judicial é o mais importante instrumento dentro do processo, é um documento que deverá ser apresentado em 60 dias, contados da decisão que deferir o pedido de recuperação judicial, sob pena de converter automaticamente em falência. Deverão constar alguns requisitos do Plano, quais sejam: ∙ Discriminação e detalhamento dos meios de recuperação que serão empregados; ∙ Resumo dos meios de recuperação que serão empregados; ∙ Demonstração de sua viabilidade econômica; ∙ Laudo econômico‐financeiro subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada; ∙ Avaliação dos bens e dos ativos do devedor, também subscritos por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada; PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL O processo da recuperação judicial divide‐se em três fases bem distintas: • Fase postulatória – requerimento do benefício. • Fase deliberativa – após a verificação do crédito, discute‐se e aprova‐se um plano de reorganização. • Fase de execução – compreende a fiscalização do cumprimento do plano aprovado. MICRO EMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE Quando a crise alcança microempresas ou empresas de pequeno porte, a recuperação judicial é feita da forma mais simples possível, pois não há complexidade na operação. Assim, opera‐ se, via de regra, pelo parcelamento das dívidas existentes na data do pedido de recuperação. As dívidas trabalhistas e fiscais devem ser honradas. TRANSFORMAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA Pode ocorrer a transformação da recuperação judicial em falência em quatro hipóteses: • Credores verificam que a situação da devedora é de suma gravidade; • Devedor não apresenta o plano de recuperação; • Credores rejeitam o plano de recuperação, e não é apresentado outro; • Descumprimento do plano de recuperação judicial. PRAZOS O Plano de Recuperação Judicial não poderá estabelecer prazo superior a 1 (um) ano para a realização dos pagamentos dos créditos fruto da legislação do trabalho ou dos créditos decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do efetivo pedido de recuperação judicial. Também é vedado o estabelecimento de prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 05 (cinco) salários‐ mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial, desde que vencidos nos últimos 03 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial. Quanto aos prazos de pagamentos das dívidas com os credores/fornecedores estes serão definidos de comum acordo. EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL O efeito no dia‐a‐dia do devedor é que, com o deferimento do Juiz ocorrerá a suspensão de todas as ações e execuções que correm contra ele pelo prazo máximo de 180 dias. Aula 3 - VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA LEI FALIMENTAR VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS E EDITAL Publicado o edital após a determinação pelo juiz, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos que foram apresentados pelos credores, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo de 15 (quinze) dias para apresentação pelos credores de suas habilitações, ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. No edital deverão constar o local, o horário e o prazo comum em que qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação. IMPUGNAÇÃO À RELAÇÃO DE CREDORES No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação dos credores habilitados, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação que for autuada em separado será processada nos seguintes termos: a) A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. b) Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital do administrador judicial, dispensada a publicação de que trata o art. 18 da Lei 11.101/2005. c) Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito. Transcorridos o prazo de 5 (cinco) dias, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que: a) determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação de credores; b) julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; c) fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; d) determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado. REQUISITOS PARA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO A habilitação de crédito realizada pelo credor deverá conter: a) o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; b) o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; c) os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas; d) a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; e) a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo. CRÉDITOS RETARDATÁRIOS Não observado o prazo de 15(quinze) dias, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembleia geral de credores. No processo de falência os titulares de créditos retardatários não terão direito a voto nas deliberações da assembleia geral de credores, salvo se, na data da realização da assembleia geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário. Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. No caso de créditos retardatários na falência, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito. As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 da Lei 11.101/2005. Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. CONTESTAÇÃO À IMPUGNAÇÃO Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias. RÉPLICA PELO DEVEDOR À CONTESTAÇÃO DO CREDOR Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, o devedor e o Comitê, se houver, serão intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias. INTIMAÇÃO PARA PARECER DO ADMINISTRADOR JUDICIAL Findo o prazo, o administrador judicial será intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informações existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação. COMPETÊNCIA PARA APRESENTAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital. Após a manifestação do credor e devedor em relação a impugnação os autos serão conclusos ao juiz que: a) determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação de credores; b) julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; c) fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; d) determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado. Sendo parcial, a impugnação não impedirá o pagamento da parte incontroversa. Aula 5_Recuperação Extrajudicial A recuperação extrajudicial é um acordo privado, entre devedor e credor. Uma proposta de recuperação apresentada para um ou mais credores, fora da esfera judicial. Pode ser proposta em qualquer condição, a qualquer credor, desde que não haja impedimento legal. Evidente que a ideia de uma recuperação de natureza extrajudicial remete a um procedimento mais simples. Contudo, essa simplificação não deveria importar perda de segurança, possibilidade de manipulações e fraudes ou injusto prejuízo aos credores. A facilitação procedimental teria que ser balizada com requisitos e consequências mais rigorosos, bem como pela maior transparência e pela definição mais explícita das etapas a serem vencidas no processo, haja vista o menor controle pelo Judiciário e pelos credores. A Lei nº 11.101/2005 traz duas modalidades de recuperação extrajudicial: a do art. 162[1], voluntária, na qual somente os credores que expressamente aderirem ao plano de recuperação estarão submetidos a ele; e a do art. 163[2], que prevê a submissão da minoria no caso adesão por três quintos dos créditos de “cada espécie” abrangida pelo plano. Apesar da submissão da minoria à decisão da maioria, a lei elimina, nessa modalidade de recuperação extrajudicial, quase todos os mecanismos que, na recuperação judicial, foram desenvolvidos para evitar abusos pelos devedores são mitigados nessa modalidade de recuperação, senão vejamos: A divulgação de informações aos credores será bastante restrita, especialmente se comparada à recuperação judicial, e insuficiente para permitir objeções ao plano; não há um procedimento de habilitação de créditos; não é exigida comprovação de regularidade fiscal; não há participação de um administrador judicial; não é prevista a possibilidade de formação de Comitê de Credores; o Ministério Público fica totalmente excluído do procedimento; não há o período de observação de dois anos após a homologação do plano; não há obrigação de prestar contas por parte do devedor; não há qualquer outro tipo de fiscalização ou controle do cumprimento do plano; não há previsão de hipótese alguma de afastamento dos administradores da empresa devedora, nem mesmo em casos de má-fé ou de graves violações à lei ou ao direito; a rejeição ou o descumprimento do plano não acarretam a falência do devedor; e, por fim, o devedor pode reiterar, a cada dois anos, o pedido de recuperação, com nova sujeição da minoria discordante. Ademais, é uma via de solução que não abarca todos os problemas da empresa em crise. Diferentemente da recuperação judicial, esta não engloba créditos de natureza tributária, derivados da legislação trabalhista ou que decorram de relações de trabalho, dívidas como garantia fiduciária de móveis ou imóveis, arrendamento mercantil, compra e venda de imóveis com determinadas características, compra e venda com reserva de domínio e adiantamento de contrato de câmbio, como elenca o artigo 161, § 1º.[3] Conclui-se, portanto que a recuperação extrajudicial, é simplificação temerária de uma matéria de grande complexidade, que influencia todo o delicado equilíbrio das relações jurídicas privadas no Brasil. Como se tolhendo direitos e prerrogativas dos credores pudesse afastar a real dificuldade de constituir uma sólida opção institucional que, de fato e organizadamente, permita a efetiva solução das situações de dificuldades de empresas sólidas. [1] Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. [2] Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. [3] Filho, Manoel Justino Bezerra – Lei de Recuperação de Empresas e Falência – 7 ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais 2011 – pag.330. Aula 6_O que é a Recuperação Judicial: Recuperação Judicial é uma medida jurídica legal utilizada para tentar evitar a falência de uma empresa. Quando determinada companhia enfrenta dificuldades para pagar suas dívidas, esta pode recorrer ao pedido de recuperação judicial junto à Justiça, visando garantir a reestruturação dos negócios e redefinir um plano de resgate financeiro da instituição. A recuperação judicial está prevista no capítulo três da chamada “Lei de Falências e Recuperação de Empresas – LFRE (Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005). “Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”. Como funciona Primeiramente, a empresa devesolicitar o pedido de recuperação judicial na Justiça. Após a solicitação, precisa preparar um processo sobre o caso e apresentar ao juiz responsável. Caso o processo seja aprovado pelo juiz, este autoriza o segundo passo: a elaboração de um plano de recuperação. A empresa tem um limite de 60 dias para apresentar o plano, caso contrário o juiz irá decretar a sua falência. Após a apresentação atempada do plano, o juiz deverá divulgá-lo a todos os credores da empresa. Estes têm até 180 dias para se manifestar a favor ou contra o plano de recuperação apresentado. Se os credores não aprovam o plano de recuperação, o juiz declara a falência da empresa. O processo de negociação entre a empresa e os credores é mediado por um administrador apontado pela Justiça. Por fim, se for aprovado, a empresa entra em recuperação judicial, seguindo as etapas que foram previamente estabelecidas no plano de reestruturação econômico-financeiro da instituição. Durante a recuperação judicial, as operações da empresa seguem normalmente, porém, deve apresentar todos os meses um balanço ao juiz e aos credores sobre os avanços da companhia. Caso a empresa não siga os acordos firmados no plano de recuperação judicial, o juiz irá decretar a falência da instituição. Recuperação judicial e extrajudicial Ao contrário da via judicial, a recuperação extrajudicial é o acordo firmado entre a empresa devedora e os credores, sem intermédio do Poder Judiciário. Neste caso, a pessoa jurídica e os credores definem um plano em conjunto, com assessoria de advogados especializados nesta área, e se comprometem a cumprir todas as etapas do processo. A menor burocracia e o custo mais acessível são algumas das vantagens da recuperação extrajudicial sobre a judicial, principalmente para as pequenas e médias empresas. Aula 7_ Do processo da recuperação Judicial O processo da Recuperação Judicial se divide em três fases bem distintas, segundo o Art. 51 – Fases do processo de RJ: Fase Postulatória: O empresário individual ou a sociedade empresária em crise apresenta seu requerimento do benefício. Ela se inicia com a petição inicial de RJ e se encerra com o despacho judicial mandado processar o pedido. (art. 52). Fase Deliberativa: Após a verificação de crédito (arts. 7º a 20), discute-se e aprova-se um plano de reorganização (art. 53). Tem início com o despacho que manda processar a recuperação Judicial e se conclui com a decisão concessiva do benefício (art. 58). Fase de execução: compreende a fiscalização do cumprimento do plano aprovado. Começa com a decisão concessiva da recuperação Judicial e termina com a sentença de encerramento do processo (art. 63). Art. 52 – Despacho de processamento da RJ Art. 53 – O Plano de RJ A mais importante peça do processo de Recuperação Judicial. Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação (conversão) em falência, e deverá conter: I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo; II – demonstração de sua viabilidade econômica; e III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções, observado o art. 55 desta Lei. Aula 8_ Desta forma o Pedido de Restituição será somente cabível na hipótese de falência, conforme regulado pelos arts. 85 a 93 do Projeto, anotando-se que tal como anteriormente, prevê-se a restituição da própria coisa ao proprietário do bem arrecadado em poder do falido, ou ainda quando vendida a crédito e entregue nos quinze dias anteriores ao requerimento da falência. CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS DOS CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS (credores da massa) e os créditos concursais (credores do falido) aqueles decorrem das obrigações que foram contraídas na recuperação judicial pelo recuperando, e esses créditos surgem após a decretação da falência, os credores detentores dessa espécie de créditos têm prioridade na ordem de pagamento, e por isso serão pagos antes dos créditos concursais, for força normativa descrita no artigo 84 da lei 11.101/2005. DOS CRÉDITOS CONCURSAIS Os créditos concursais são aqueles que decorrem das obrigações que foram assumidas antes da declaração da falência, e por isso são considerados preferenciais. Vale lembrar que esses créditos concursais serão pagos depois de pagos os extraconcursais. Ressalta que, dentre os créditos concursais estão descritos os créditos trabalhistas e equiparados. Dos créditos preferenciais Algumas considerações são necessárias sobre a preferência dos créditos trabalhistas. Dos créditos com garantia real são todos aqueles que o credor negocia o bem como garantia no negócio jurídico, exemplo: hipoteca incidente sobre imóvel do falido ou penhor sobre bem móvel, nesses casos o bem é vendido na liquidação da falência, e o produto da venda é destinado para a satisfação creditícia do titular da garantia real, limitada ao valor do bem onerado. ressalta que esse tipo de crédito não está sujeito a rateio, e que o produto adquirido da venda desses deverá ser usado para quitar o pagamento do credor garantido, há exemplo: créditos hipotecários, créditos pignoratícios, créditos de debêntures com garantia real, e créditos das instituições financeiras decorrentes de cédulas de crédito rural. Dívida ativa, tributária ou não tributária, exceto as multas s credores dessa categoria são: a União, os Estados, o Distrito federal, os Municípios e as sua autarquias, que pode ter origem tributária ou não. Vale destacar que essa categoria de credores, deve obedecer uma ordem de pagamento, descrita no artigo 29, parágrafo único da Lei falimentar. Dos créditos com privilégio especial s credores com privilégio especial são: a) o credor por benfeitorias necessárias ou úteis sobre a coisa beneficiada (CC, art. 964, III); b) o autor da obra, pelos direitos do contrato de edição, sobre os exemplares dela na massa do editor (CC, art. 964, VII); c) os credores titulares de direito de retenção sobre a coisa retida (LF, art. 83, IV, C); d) os subscritores ou candidatos à aquisição de unidade condominial sobre as quantias pagas ao incorporador falido (Lei nº 4591/64, art. 43, III); e) o credor titular de nota de crédito industrial sobre os bens referidos pelo art. 17 do Dec. Lei nº 413/69; f) crédito do comissário (CC, art. 707) e outros. Dos créditos com privilégio geral Dos créditos quirografários são aqueles que correspondem à grande massa das obrigações do falido. Pertencem a essa categoria os créditos oriundos de títulos de crédito, indenização provenientes de ato ilícito (exceto acidente de trabalho), negócios jurídico mercantis em geral etc. Dos créditos subordinados O artigo 83, inciso VIII, da Lei 11.101/2005, estabelece que os créditos subordinados são: a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. Aula 9_ O procedimento de falência é muito simples. A lei fixou um acervo de hipóteses objetivas que, se configuradas, ensejarão a decretação da falência. Com este modelo, o legislador deixou um espaço muito reduzido para uma apreciação subjetiva, quanto à conveniência ou não de decretar a falência de determinada empresa. O processoinicia-se com a interposição de pedido requerendo a falência, pelos legitimados no artigo 97: O devedor será, então, citado para apresentar contestação no prazo de dez dias, conforme fixado no artigo 98, Lei 11.101/2005: Aula 10_ A sentença declaratória da falência é o ato judicial que encerra a fase pré-falencial. É a partir desta sentença que se inicia a ação falencial propriamente dita, pois até então, havia mera expectativa de falência. É a partir desta sentença que se inicia a ação falencial propriamente dita, pois até então, havia mera expectativa de falência. Sobre a natureza jurídica, trata-se de sentença constitutiva, porque cria uma situação jurídica nova, isto é, o status de falido, fazendo incidir uma série de normas específicas do direito falimentar, que afastam as normas comuns. Além disso, produz uma série de efeitos prospectivos e retroativos. Assim, não obstante a nomenclatura sentença “declaratória” da falência, o caráter constitutivo revela-se pacífico na doutrina. Aula11_ EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA A sentença de falência irradia inúmeros efeitos, mas merecem destaque os seguintes: a) quanto a pessoa do falido: Quanto a pessoa do falido a lei determina que o devedor ficará inabilitado para qualquer atividade empresarial desde a decretação da falência até a sua extinção (art. 102 da Lei 11.101/95). O falido deixa de administrar os seus bens ou dele dispor podendo, no entanto, administrar a falência (art. 103 da Lei 11.101/95). b) deveres do falido: dentre os deveres do falido, previstos no art. 104 da LRF, cumpre salientar o dever de contribuir com o administrador judicial para a localização dos bens a serem arrecadados. Com a falência, o administrador judicial arrecada os bens que estejam na posse do falido, além dos bens deste que estiverem na posse de terceiros. Assim, o falido é desapossado de todos os seus bens. Não são, contudo, arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis (artigos 649 e 650 do CPC), os bens gravados com cláusula de alienabilidade e os bens da meação do cônjuge; o dever de manifestar-se acerca de cada uma das declarações de crédito; dever de manifestar-se sobre a prestação de contas do administrador judicial. c) deveres quanto aos contratos do falido: em relação aos contratos do falido, passam a reger-se por normas especiais, isto é, pelo Direito Falimentar, afastando-se, destarte, as normas do Direito Civil, Comercial e do Consumidor. d) quanto aos bens do falido: como já dito, o falido perde o direito de livremente administrar os seus bens e dele dispor. No mais, em ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, deverá o administrador judicial promover a arrecadação dos bens e documentos do devedor e colocá-los sobre sua guarda. Aula 12_ Arrecadação e custódia de bens na falência No procedimento falimentar arrecadação e custódia (ou guarda) de bens é o ato pelo qual o administrador judicial, representando a massa falida, entra na posse de todos os bens, livros fiscais e documentos da empresa cuja falência foi decretada. Se o falido for empresário individual, são arrecadados todos os seus bens; se for sociedade empresária, são arrecadados os bens da pessoa jurídica e dos sócios com responsabilidade ilimitada. Se a sociedade não possuir sócios dessa categoria (responsabilidade ilimitada), as Sociedades Anônimas por exemplo, não haverá arrecadação dos bens dos sócios ou acionistas, mas apenas da empresa, ainda que o capital não esteja totalmente integralizado. Neste sentido, versa o artigo 81 da Lei Falimentar. Bem objeto de garantia real: Ainda que haja avaliação em bloco, o bem objeto de garantia real será também avaliado separadamente. Ocorre que, para fins de classificação dos créditos na falência, os créditos com garantia real (hipoteca, anticrese, penhor) figuram em 2º (segundo) lugar na ordem de preferência, até o limite do valor do bem gravado. Para tanto, deve ser considerado como valor do bem objeto de garantia real: a importância efetivamente arrecadada com sua venda; ou no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. Bens impenhoráveis: Conforme artigo 108, § 4º da Lei Falimentar, não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis. Aula 13_ De acordo com a lei 11.101/05, logo após a decretação da falência o administrador irá inventariar os bens da empresa que se encontram nos estabelecimentos da empresa e em suas filiais, e, por um ato continuo a decretação da falência pelo juiz na sentença, com se vê com art. 108: Aula 14_Pagamento aos credores na falência Na falência de empresário ou sociedade empresária, o pagamento das obrigações do falido deve ser efetuado, pelo administrador judicial, segundo uma ordem de preferência, a denominada classe de créditos (ou tipos de créditos) previstas em nossa lei falimentar. Em outras palavras, isso significa que existe uma escala de preferência na quitação de dívidas do falido, claramente definida no artigo 83 da Lei nº 11.101/2005 (credores concursais).
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