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ApostilaERGO 2009 DINIZ

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Universidade Federal do Maranhão - Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 
 Bloco 8, Sala 104 – (98) 21098289 - www.nepp.ufma.br - ergonomia@ufma.br 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) 
Departamento de Desenho e Tecnologia 
Núcleo de Ergonomia em Processos e Produtos (NEPP) 
Curso de Desenho Industrial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
 
 
 
 
 
 
 
Ergonomia I 
 
Desenho Industrial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2009 
 Universidade Federal do Maranhão - Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 
 Bloco 8, Sala 104 – (98) 21098289 - www.nepp.ufma.br - ergonomia@ufma.br 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Ergonomia: breve histórico, conceito, importância, aplicações 
1.1. Sistema Homem-Tarefa-Máquina 
1.2. Carga de trabalho 
 
2. A importância da fisiologia para a ergonomia 
2.1. O Trabalho muscular e esquelético (Sistema músculo-esquelético) 
2.1.1. Sistema músculo esquelético: coluna vertebral 
2.2. Respiração e circulação 
2.3. Metabolismo 
 
3. Biomecânica Ocupacional 
2.1. Adoção e manutenção de Posturas 
2.2. Princípios biomecânicos 
2.3. Repetitividade 
2.4. Levantamento Manual de Cargas e equação de NIOSH 
2.5. Ginástica laboral 
 
3. Antropometria 
3.1. Manequins antropométricos 
3.2. Dimensão oculta 
 
4. Condições ambientais de trabalho 
4.1. Ruído 
4.2. Vibração 
4.3. Temperatura 
4.4. Iluminação 
4.5. Agentes tóxicos 
 
5. Ergonomia Cognitiva 
 
6. Organização do trabalho 
6.1. Trabalho em turnos 
6.2. Monotonia, fadiga e estresse 
6.3. Idade, sexo e deficiências físicas 
 
7. Metodologia de Intervenção ergonômica 
7.1. Métodos 
7.2. Técnicas 
 
8. Legislação vigente (Norma Regulamentadora 17) 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Maranhão - Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 
 Bloco 8, Sala 104 – (98) 21098289 - www.nepp.ufma.br - ergonomia@ufma.br 
 
 
 
 
 
1. Ergonomia: breve histórico, conceito, importância, aplicações 
 
A ergonomia é a ciência que estuda a interação entre o homem e o seu universo de trabalho, tal 
como máquinas, equipamentos, mobiliário, ambiente físico e organizacional, visando 
segurança, eficiência e uma melhor qualidade de vida. Segundo o Conselho da International 
Ergonomics Association (IEA) (2003), a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica 
dedicada ao conhecimento das interações entre o ser humano e outros elementos de um 
sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos para o projeto, de modo a 
otimizar o bem-estar do ser humano e o desempenho do sistema como um todo. O ergonomista 
contribui para a projetação e avaliação de tarefas, trabalhos, produtos, meio ambientes e 
sistemas para torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das 
pessoas. 
 
Mais ainda, a ergonomia é uma ciência humana aplicada, que objetiva transformar a tecnologia 
para adaptá-la ao ser humano. Disciplinas como as ciências biológicas, a psicologia e as 
ciências da engenharia convergiram para que a ergonomia pudesse conceber produtos e 
sistemas dentro da capacidade física e intelectual dos seres humanos, de forma que o sistema 
homem-máquina fosse mais seguro, mais confiável e mais eficaz. 
 
A ergonomia estuda a adaptação do trabalho ao homem e o comportamento humano no 
trabalho. Ela enfoca: 
x o ser humano : características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais; 
x a máquina: equipamentos, ferramentas, mobiliário e instalações; 
x o ambiente: efeitos da temperatura, ruído, vibração, iluminação e aerodispersóides. 
 
Com base na informação destes três elementos base é possível organizar o trabalho de forma 
favorável ao ser humano e ao sistema produtivo. O objetivo da ergonomia é adaptar o trabalho 
ao ser humano ao invés de adaptar o homem ao trabalho, como geralmente ocorre. 
 
Breve Histórico 
 
Embora a Ergonomia como ciência tenha surgido em meados do século XX, a preocupação 
com a adaptação das tecnologias ao homem esteve presente, de forma consciente, em 
períodos remotos da história. 
 
Cronologicamente, os primórdios da ergonomia estão inseridos nos seguintes fatos históricos: 
Ü tempos da produção artesanal, não-mecanizada (figura 1); 
Ü revolução industrial; 
Ü pesquisas na área de fisiologia do trabalho (por volta de 1900); 
Ü criação de laboratórios para estudar os problemas de treinamento e coordenação muscular 
para o desenvolvimento de aptidões físicas; 
Ü I Guerra mundial (1914 - 1917); 
Ü Taylorismo; 
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Figura 1 - Oficina de Henry van de Velde (~ 1898) 
 
O fator produtividade, causado pelo “bum” da produção em massa (pós revolução industrial) fez 
com que engenheiros e organizadores do trabalho buscassem o aumento deste fator a partir do 
conhecimento sobre o homem. 
 
Frederick Winslow Taylor (1856-1915); pai da administração científica do trabalho, é 
considerado um precursor do Ergonomia, campeão obstinado da “racionalização do trabalho”, 
das análises e das medidas sistemáticas. A obra mais importante de Taylor, “Princípios de 
Administração Científica” (1911), influenciou a organização do trabalho em todos os países 
industriais. Esta obra é entendida de um, modo geral, apenas como a parcialização do trabalho, 
em função de tempos e movimentos, porém seu conteúdo é muito mais abrangente. 
 
Taylor em seus estudos sobre a administração científica do trabalho realizava, por exemplo: 
Ü a observação empírica do trabalho para estabelecer o método correto, o tempo determinado 
e as devidas ferramentas para executar a tarefa; 
Ü o controle dos trabalhadores (mensuração da produtividade) e; 
Ü a motivação do trabalhador para ganhar dinheiro; 
 
Entre outras investigações de Taylor, pode-se citar a da movimentação de minérios de ferro 
e do carvão com auxilio de pás. Taylor concluiu que a carga de trabalho aumentava quando o 
material era o minério de ferro. Seu problema era então determinar qual a carga por pá que 
permitiria a um bom operário mover a quantidade máxima de material por dia. De início, 
usaram-se pás grandes que acomodavam cargas maiores por pá. Depois, passou-se a fornecer 
uma pá pequena para o operário que movimentava o minério de ferro e uma pá grande era 
usada pelo operário que deveria deslocar material mais leve, como cinzas, de tal forma que, em 
ambos os casos, o peso de material por pá era de cerca de nove quilos. “Diminuiu-se, assim, a 
fadiga do trabalhador e aumentou-se o rendimento no trabalho” (Guimarães, 2006). 
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Outros precursores, são Frank e Lillian Gilbreth (figura 2), que pesquisaram o desempenho e 
fadiga e desenvolveram projetos de estações de trabalho e equipamentos para deficientes. Os 
seus trabalhos resultaram em procedimentos até hoje em uso por equipes cirúrgicas em 
hospitais, como a criação daprofissão instrumentador cirúrgico. 
 
 
 
 
Fonte: www. Lib.purdue.edu 
 
Figura 2 – Frank e Lillian Gilbreth 
 
Na verdade, a ergonomia teve impulso em função dos desenvolvimentos tecnológicos do século 
XX, principalmente após a 2ª Guerra Mundial, das necessidades e produção de novos e 
complexos maquinismos, pois as inovações excediam ou não se adaptavam às características 
e capacidades humanas levando ao erro. Durante a II Guerra Mundial a ergonomia tomou o 
corpo de uma disciplina específica. Nessa ocasião disciplinas tradicionais não foram suficientes 
para compatibilizar o progresso tecnológico e o homem. Os equipamentos militares tornaram-se 
de grande complexidade, passando a exigir dos operadores a capacidade de tomada de 
decisões em condições criticas. “aviões mais velozes, radares, submarinos e sonares, que 
implicam quantidade, e riscos de decisões” (Guimarães, 2000). Assim, engenheiros uniram-se 
aos psicólogos e fisiólogistas para adequar operacionalmente equipamentos, ambiente e tarefas 
aos aspectos humanos. 
 
A despeito de eficazes projetos de engenharia, ainda cabia ao homem avaliar a informação, 
decidir e agir, e o seu desempenho não era eficiente, resultando em falhas dos sistemas, 
Buscam-se explicações e a culpa é do homem - o erro humano, a falha humana, o ato inseguro. 
No entanto, acusar o homem de negligência, descaso, desobediência ou ignorância não resolve 
o problema. Difícil selecionar o homem que não erre, principalmente quando se necessitam de 
mais e mais pilotos para conduzir os modernos bombardeiros” (Guimarães, 2000). As perdas 
provocadas por “falha humana” dirigiram a atenção para interface no Sistema Homem-Máquina. 
 
A partir da experiência desenvolvida pelo complexo industrial-militar, o pós-guerra assistiu a 
expansão da Ergonomia, como: 
Ü disciplina científica (geração de conhecimentos) 
Ü disciplina tecnológica (aplicação de conhecimentos) 
 
No fim da guerra, ao mesmo tempo em que eram criados, pela Força Aérea e Marinha dos 
Estados Unidos, laboratórios de engineering psychology, formou-se a primeira companhia civil 
de consultoria sobre o assunto Ergonomia. Ao mesmo, na Inglaterra eram realizadas pesquisas 
em Ergonomia, estimuladas o do Conselho de Pesquisas Médicas e do Departamento de 
Pesquisa Científica e Industrial. 
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A grande expansão da Ergonomia ocorreu a partir de 1960. Até então, a pesquisa, 
especialmente no EUA, estava dirigida ao complexo industrial militar. A partir do início da 
corrida espacial, a Ergonomia passou a desenvolver um novo e importante parte, com os 
programas da NASA. O ergonomista passa a participar do desenvolvimento de projetos em 
todas as áreas. Envolve-se com a: “geração de projetos de sistemas, de estações de trabalho, 
de equipamentos, de tarefas, de organização do trabalho, do ambiente físico e espacial do 
trabalho; de programas de capacitação e treinamento, de higiene e segurança do trabalho, de 
seleção e transferência de tecnologias” (Guimarães, 2006). 
 
Finalmente, o termo ergonomia é original da obra “Esboço da ergonomia ou ciência do trabalho 
baseada sobre as verdadeiras avaliações das ciências da natureza” do polonês W. 
Jastrzebowski em 1857. Em 1949, o inglês K. F. Hywell Murrel usou pela primeira vez o termo 
ergonomia com objeto próprio e objetivos particulares (Pheasant, 1997) ao mesmo tempo, em 
Oxford, criou-se a primeira sociedade de ergonomia - a Ergonomic Research Society; 
 
Os termos gregos ergo (trabalho) e nomos (normas, regras) formaram, então, o neologismo 
ergonomia (1950). 
 
Um marco importante para a difusão da ergonomia foi a Fundação da International Ergonomics 
Association – IEA, a qual teve o seu primeiro congresso em Estocolmo em 1961. 
 
O termo Ergonomcs (ergonomia) é utilizado nos países europeus, incluindo a Grã-Bretanha; 
nos EUA e Canadá os termos usados são: Human Factors (fatores humanos) ou human 
engineering (engenharia humana). No Brasil, adotou-se o termo Ergonomia em decorrência 
da difusão dos primeiros livros aqui escritos (Iida & Wierzzbicki, Ergonomia, 1968; Verdussen, 
Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho, 1978). 
 
No nosso país, os conhecimentos da ergonomia foram espalhados, inicialmente, por cinco 
vertentes principais (Moraes, 1994): 
 
̇ na engenharia de produção (escola politécnica da USP) por Sérgio Penna Kehl; 
̇ na engenharia de produção (COPPE/UFRJ) por Itiro Iida; 
̇ no desenho industrial (ESDI/UERJ) por Karl Heinz Bergmiller; 
̇ na psicologia (USP - Ribeirão Preto) por Rozestraten e Stephaneck; 
̇ na psicologia (FGV- Fundação Getúlio Vargas - RJ) por Franco lo Presti Seminério; 
̇ e pelo Conservatoire National des Arts e Métier (CNAM) (Paris) por meio de Alain 
Wisner. 
 
Hendrick (1992) propõe que a prática da ergonomia pode ser diferenciada em 4 fases, de 
acordo com a tecnologia enfocada. 
1a fase da ergonomia ou ergonomia de hardware 
Desenvolvida durante a 2a Guerra Mundial, representa o início da ergonomia ou “human 
factors” como ciência prática formal. De início, concentrou o interesse no estudo das 
características (capacidades, limites) físicas e perceptuais do ser humano, e a aplicação dos 
dados no design de controles, displays e arranjos de espaço físico. Ainda é o maior campo de 
atuação de muitos ergonomistas. 
 
 
 
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2a fase da ergonomia ou ergonomia do meio ambiente 
Vem se fortalecendo, nas últimas décadas, em função do interesse de se compreender melhor 
a relação do ser humano com seu meio ambiente, quer natural ou construído. As questões 
ecológicas, bastante em voga e tão importantes para a restauração do equilíbrio do planeta, 
deverão ampliar a atuação de ergonomistas nesta linha de abordagem. 
 
3a fase da ergonomia ou ergonomia de software 
Também conhecida como ergonomia cognitiva, lida principalmente com as questões de 
processamento de informação. Tem um campo de trabalho fortalecido em função da 
informatização de processos e produtos que exige, cada vez mais, uma ergonomia da interface 
com o usuário. 
 
4a fase da ergonomia ou macroergonomia 
Diz respeito à ergonomia enfocada dentro de um contexto mais amplo, deixando de se restringir 
a questões do posto de trabalho mas atuando, também, a nível organizacional. O ponto de vista 
das primeiras três fases é o operador, ou grupos de operadores, dentro de subsistemas de um 
conjunto maior que é a organização em que se inserem. A visão macro da ergonomia atual 
focaliza o homem, a organização, o ambiente e a máquina como um todo de um sistema mais 
amplo. 
 
De acordo com o IEA, através da disciplina Ergonomia os domínios de especialização 
representam profundas competências em atributos humanos específicos e características das 
interações humanas entre si e destes com os sistemas, quais sejam: 
 
Ergonomia Física: no que concerne as características da anatomia humana, antropometria, 
fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a 
postura ocupacional no trabalho, manuseio de materiais (levantamento manual de carga), 
repetitividade de movimentos, problemas músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, 
projetos de postos de trabalho, segurança e saúde; 
 
Ergonomia cognitiva: no que concerneaos processos mentais, tais como percepção, memória, 
raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre seres humanos e outros 
elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, tomada de 
decisão, performance especializada, Interação Homem-Computador (IHC), estresse e 
treinamento/capacitação conforme estes se relacionam aos projetos envolvendo seres humanos 
e sistemas; 
 
Ergonomia Organizacional: no que concerne a otimização dos sistemas sócio-técnicos, 
incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem 
comunicações, gerenciamento de recursos, projeto de trabalho, organização temporal do 
trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, ergonomia comunitária e trabalho cooperativo, 
cultura organizacional, organizações em rede e gestão da qualidade. 
 
Enfoques característicos segundo o tipo de abordagem do homem no trabalho: o americano e o 
europeu; 
 
linha européia (ergonomia francofônica): inicia-se com a observação do trabalho, em condições 
reais e prioriza as atividades do operador, o entendimento da tarefa, os mecanismos de seleção 
de informações, de resolução de problemas, de tomadas de decisão; - considera o estudo 
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específico do trabalho humano com o objetivo de melhorá-lo; - analisa detalhadamente a tarefa 
do operador, orientando-se em direção da organização do trabalho (quem faz o quê e - 
sobretudo - como o faz, e se poderia fazê-lo melhor; - prioriza a atividade dos operadores 
específicos ao realizar suas tarefas particulares; - é muito mais psicológica e mesmo cognitiva 
do que antropométrica ou fisiológica. 
 
linha americana (ergonomia anglofônica): preocupa-se com os aspectos físicos da interface 
homem-máquina. Realiza simulações em laboratórios (pesquisa experimental); - considera a 
ergonomia como utilização das ciências para melhorar as condições do trabalho humano; 
- considera as características gerais do homem em geral, a máquina humana, para adaptar 
melhor as máquinas e os dispositivos técnicos a este homem; - estuda as características da 
máquina humana e os efeitos fisiológicos e psicofisiológicos; 
 
1.1. O Sistema Homem-Tarefa-Máquina (SHTM) 
 
Segundo Iida (1990), a palavra “sistema” apresenta diversos sentidos. No caso da ergonomia 
adota-se um conceito que vem da biologia: “sistema é um conjunto de elementos (ou 
subsistemas) que interagem entre si, com um objetivo comum, uma meta a ser alcançada, e 
que evoluem no tempo”. 
 
De acordo com Chapanis (1996) apud Moraes & Mont’Alvão (1998), os sistemas de 
equipamentos são sempre elaborados com algum objetivo humano: 
x eles existem para atender a determinada necessidade humana; 
x são planejados e construídos pelo ser humano; 
x são criaturas humanas que os manejam, supervisionando-os, alimentando-os, observando-
lhes o funcionamento e cuidando da sua manutenção; 
 
Pode-se afirmar que todos os sistemas de equipamentos são sistemas homem-máquina. A 
ergonomia lida com sistemas homens-máquinas, ou seja, com sistemas em que ao menos um 
elemento é um homem com uma certa função. Um SHM consiste de homens e máquinas 
somados aos processos pelos quais eles interagem dentro de um ambiente (Miller, 1954); 
 
Um SHM é uma organização cujos componentes são homens e máquinas que trabalham 
conjuntamente para alcançar um fim comum e estão unidos entre si por uma rede de 
comunicações (Montmollin, 1971). Um SHM é uma combinação operatória de um ou mais 
homens com um ou mais componentes, que interatuam para fornecer, a partir de elementos 
dados (input), certos resultados, considerando as limitações impostas por um ambiente dado 
(McCormick, 1980); 
 
Um SHM significa que o homem e a máquina têm uma relação recíproca um com o outro 
(Grandjean, 1988). Nos SHMs, cabe enfatizar a interação entre os homens e as máquinas. A 
ergonomia não estuda o homem isolado nem a máquina isolada. Esta interação se dá através 
das comunicações entre o homem e a máquinae se expressa a partir das atividades da tarefa 
(Moraes & Mont’Alvão, 1998) 
 
De acordo com MORAES (1994), o conceito de sistemas é fundamental para a ergonomia, 
enfoca a interação do homem (ser humano) com utensílios, equipamentos, máquinas e 
ambientes. 
 
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MORAES (1994) descreve um sistema como: “um todo que não pode ser separado em partes 
sem perda de suas características essenciais e que deve ser estudado como um todo. Em vez 
de explicar o todo em termos de suas partes, as partes começam a ser explicadas em termos 
do todo. Mais ainda, as coisas a serem explicadas são vistas como partes do todo mais amplo 
em vez de serem consideradas como todos a serem divididos em partes.” 
 
CARDOSO (1998) diz que, a abordagem sistêmica é expansionista – o sistema homem-tarefa-
máquina compreende desde a díada um homem + uma máquina até sistemas homens-
máquinas – como uma fábrica, um hospital. Mais ainda: é parte da caracterização do sistema a 
determinação dos seus requisitos. Estes podem variar de capacidades como potência, 
velocidade, resistência, intercambiabilidade, fixidez, até diminuição de acidentes, conforto 
postural, facilitação da tomada de informações, lógica cognitiva, bem-estar psíquico, 
minimização do esforço físico. 
 
O Ergonomista/Designer estuda o trabalho numa perspectiva centrada no sistema (SHTM) e 
sempre destaca os requisitos humanos de segurança, conforto e bem-estar; 
 
Caracterização dos SHM 
 
x As máquinas são necessárias para se atingir os objetivos do sistema; 
x Tanto homens quanto máquinas são necessários para o desempenho do sistema; 
x a relação homem-máquina é direcionada para um objetivo, um propósito; 
x objetivo do sistema é efetuar mudanças ambientais a curto, médio e/ou a longo prazos; 
x sistema possui tanto um ambiente interno quanto um externo. 
 
Para Iida (1990), um sistema é composto dos seguintes elementos: 
x fronteira: são os limites do sistema que pode tanto ter uma existência física, como a 
membrana de uma célula, ou parede de uma fábrica como pode ser apenas uma 
delimitação imaginária para efeito de estudo, como a fronteira de um posto de trabalho; 
x subsistemas: são os elementos que compõem o sistema; 
x entradas (inputs): representam os insumos ou variáveis independentes do sistema; 
x saídas (outputs): representam os produtos ou variáveis dependentes do sistema; 
processamento: são as atividades desenvolvidas pelos subsistemas que interagem entre si para 
converter as entradas em saídas. 
 
Moraes & Mont’Alvão (1998) relatam, ainda, sobre uma hierarquia de sistemas, onde há o 
sistema-alvo (o qual será estudado e investigado) e, acima dele, em termos hierárquicos, 
encontram-se os supra sistemas, abaixo dele, encontram-se os subsistemas. As autoras 
apontam uma hierarquia inserida num contexto mais amplo: o ecossistema e sugerem o que 
chamam de “sistematização”, como uma abordagem sistêmica do homem interagindo com a 
máquina e, ainda, que essa sistematização é devidamente estudada por meio de uma 
“modelagem sistêmica”, que será visto, em mais detalhes, no final desta apostila. 
 
O enfoque centrado no usuário 
 
x A ênfase da ergonomia é investigar o operador e o ambiente como parceiros dentro do 
sistemade trabalho como uma totalidade (Oborne, 1995); 
x a visão do “enfoque centrado no usuário” argumenta que é a pessoa que controla o sistema, 
que o opera, que dirige o seu curso e monitora as suas atividades (Moraes & Montalvão, 
1998); 
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x a ergonomia centrada na pessoa/ser humano/operador/usuário considera a interação como 
controlada e conduzida pelo operador; 
 
Aspectos do modelo sistêmico, expansionista, comportamental e informacional de Moraes 
(1992): 
 
x o enfoque centrado na pessoa como o destaque do humano; 
x o processamento da informação, a resolução de problemas e a tomada de decisões; 
x as atividades da tarefa como expressão da interação SHTM; 
x o expansionismo do modelo de maneira macro; 
x a eficiência ergonômica considerando os inputs e outputs do sistema e a “economia” do 
homem pela minimização dos custos humanos do trabalho. 
 
1.2. Carga de trabalho 
 
� Para Moraes & Mont’Alvão (1998), a carga de trabalho é a relação entre 
constrangimentos impostos pela tarefa, pela interface, pelos instrumentos e pelo 
ambiente, em conjugação com as atividades desempenhadas e a capacidade de 
trabalho do operador. 
 
� Mais ainda: estas mesmas condições, além de determinarem a carga de trabalho, 
influenciam a performance do sistema – o rendimento do trabalho, a produtividade e a 
qualidade; 
 
� Carga de Trabalho Físico (CTF): relacionada aos constrangimentos ergonômicos que 
afetam a integridade física (orgânica) do ser humano (fisiologia, biomecânica, 
antropometria, fatores físico-quimico-ambientais); 
 
� Carga de Trabalho Mental (CTM): constrangimentos ergonômicos que resultam em uma 
sobrecarga mental e erro humano (processamento de informações - interpretação e 
resposta); 
 
� Carga de Trabalho Psíquico/Organizacional (CTPO): constrangimentos que afetam o 
aspecto psíquico face a questões organizacionais (relação interpessoal, monotonia, 
estresse, excesso de carga horária, etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3 - Condições, constrangimentos, conseqüências, resultados e qualidade do 
trabalho (a partir de Leplat, 1997 apud Moraes & Mont’Alvão, 1998) 
 
 
2. A importância da fisiologia para a ergonomia 
 
Para Guimarães (2006), em uma situação de trabalho é necessário verificar se a tarefa 
executada está sendo realizada pelo indivíduo dentro de sua capacidade física e mental, de 
modo que não se instale a fadiga a qual trará prejuízos à sua saúde e encurtará sua expectativa 
de vida. 
 
Os conhecimentos em fisiologia permitem estimar as demandas no coração e pulmões em 
virtude do esforço muscular durante o trabalho. Além da fadiga muscular resultante de esforço 
contínuo e localizado, o trabalho físico intenso realizado durante longo período pode levar à 
fadiga geral do corpo. Isto porque há um limite da quantidade de energia que o coração e 
pulmões podem abastecer o músculo. Quando as exigências do trabalho excedem a 
capacidade fisiológica do trabalhador, geram sobrecarga ao operário, podendo, em 
conseqüência, aumentar a freqüência de acidentes e baixar a produtividade e qualidade do 
trabalho. 
 
A avaliação geral da carga física do trabalhador pode ser feita a partir de uma série de 
informações sobre: aptidões físicas do trabalhador, o que é feito, como é feito, qual a postura do 
operário, quais seus movimentos, qual o custo fisiológico da tarefa e como o trabalhador 
percebe individualmente a situação. 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DO 
OPERADOR
Capacidade de trabalho
OBJETIVOS E 
EXIGÊNCIAS DA 
TAREFA
AMBIENTE DA TAREFA, 
CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO:
Físicas; Químicas; 
Organizacionais.
COMPORTAMENTO DA TAREFA 
ATIVIDADES DO OPERADOR
Tomada de informações; decisões; 
acionamentos; comunicações; 
deslocamentos; posturas assumidas
CARGA DE TRABALHO
CONSEQÜÊNCIAS PARA O 
OPERADOR
CUSTOS HUMANOS DO 
TRABALHO
DESEMPENHO DO OPERADOR
RENDIMENTO DO TRABALHO
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
COND. 
TRABALHO
ATIVIDADE
EFEITOS DA 
ATIVIDADE
CARACTERÍSTICAS DO 
OPERADOR
Capacidade de trabalho
OBJETIVOS E 
EXIGÊNCIAS DA 
TAREFA
AMBIENTE DA TAREFA, 
CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO:
Físicas; Químicas; 
Organizacionais.
COMPORTAMENTO DA TAREFA 
ATIVIDADES DO OPERADOR
Tomada de informações; decisões; 
acionamentos; comunicações; 
deslocamentos; posturas assumidas
CARGA DE TRABALHO
CONSEQÜÊNCIAS PARA O 
OPERADOR
CUSTOS HUMANOS DO 
TRABALHO
DESEMPENHO DO OPERADOR
RENDIMENTO DO TRABALHO
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EFEITOS DA 
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Anatomia 
 
A anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura e 
das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das 
partes do corpo, isto é, como elas trabalham. Cada estrutura do corpo está designada para 
desempenhar uma função específica, e como a estrutura de uma parte, muitas vezes, 
determina sua função. 
 
Segundo Guimarães (2006), é importante frisar que o organismo funciona de modo integrado e 
que existem relações estreitas em todo sistema corporal, principalmente entre a circulação e a 
respiração. O trabalho físico, por causar por causar perturbações no meio interno, demanda 
ajustes e adaptações que afetam todos os órgãos e tecidos do corpo. São adaptações 
circulatórias, respiratórias e variações físico-químicas e hormonais que estabelecem uma nova 
situação de equilíbrio para que o organismo passe a funcionar satisfatoriamente, embora em 
um nível diferente do de repouso. Existe um limite máximo além do qual o organismo não é 
mais capaz de se adaptar sendo que não se pode apontar uma função isolada como limitante 
da adaptação do trabalho. Ela varia de indivíduo para indivíduo e, numa mesma pessoa, de 
acordo com as circunstâncias. Algumas das principais adaptações são: 
x respiração mais profunda e rápida; 
x aumento de batimentos cardíacos, acompanhado por um aumento da capacidade cardíaca; 
x adaptações vasomotoras, com dilatação das veias dos órgãos envolvidos (músculos e 
coração), enquanto as outras veias dos outros órgãos se contraem. Isto ocorre porque o 
sangue flui dos órgãos não diretamente envolvidos para aqueles que necessitam mais 
oxigênio e nutrientes; 
x aumento da pressão sangüínea, aumentando o gradiente de pressão das artérias principais 
para as veias dilatadas dos órgãos em trabalho e, assim, aumentando a velocidade da 
circulação; 
x aumento da temperatura corporal e do metabolismo. Com o aumento da temperatura 
aumenta, também, a velocidade das reações metabólicas e assegura que maior quantidade 
de energia química seja convertida em energia mecânica. 
 
Com a continuidade do trabalho, afirma Guimarães (2006), efeitos metabólicos secundáriosaparecem, particularmente na composição dos líquidos do corpo. Há um acúmulo dos produtos 
resultantes das transformações metabólicas, principalmente ácido lático, e os rins têm mais 
dejetos a excretar. A atividade muscular gera mais calor no interior do corpo e, para restaurar o 
balanço energético, mais calor deve ser perdido através da pele, aumentando-se o fluxo 
sangüíneo e o suor. Dentro de certos limites, algumas mudanças – ventilação, batimento 
cardíaco e temperatura corporal – mostram uma relação linear com o consumo energético ou 
desempenho no trabalho. Se estas mudanças puderem ser usadas para avaliação do esforço 
físico demandado. 
 
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2.1. O Trabalho muscular e esquelético (Sistema músculo-esquelético) 
 
Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo (Iida, 1990), eles 
transformam energia química armazenada no corpo em contrações, movimentos (trabalho e 
calor). São classificados em: 
̇ Lisos, comandados involuntariamente (paredes dos intestinos, vasos sangüíneos, 
bexiga, etc.); 
̇ músculos cardíacos; 
̇ músculos estriados ou esqueléticos, comando voluntário. 
 
Cerca de 40% dos músculos do corpo são estriados (# 434 músculos), porém, só 75 pares 
estão envolvidos com a postura e movimentos (Iida, 1990). Para fins de ergonomia, somente os 
músculos acionados voluntariamente, isto é, os músculos estriados, são de interesse de estudo. 
 
Microscopicamente, os músculos apresentam de maneira geral a seguinte Estrutura: 
Estriasåfibrasåmiofibrilasåsarcômeros: miosina e actina (filamentos de proteínas) - estrias. 
Os filamentos de actina deslizam entre os filamentos de miosina, reduzindo o comprimento do 
sarcômero, assim realiza-se a chamada contração muscular (figura 4), responsável direta pela 
execução de movimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www. 
 
Figura 4 – Estrutura microscópica do músculo 
 
A irrigação sangüínea do músculo (suprimento de oxigênio, açúcar e outras substâncias do 
sistema circulatório) (Iida, 1990) acontece pelo sistema circulatório, essencialmente pelos 
capilares (pequenas veias que compõem o sistema circulatório, junto com as veias e artérias). 
 
2.1.1. Sistema músculo esquelético: coluna vertebral 
 
A coluna vertebral é constituída de 33 vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 
formam o sacro e 4 o cóccix). Entre elas há um disco intervertebral: cartilaginoso, responsável 
pelo amortecimento entre as vértebras (figura 5). 
 
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A coluna vertebral pode sofrer deformações: congênitas ou adquiridas (cifose, lordose, 
escoliose). 
 
 
 
FONTE: http://www.movere.com.br/images/ 
 
Figura 5 – A coluna vertebral 
 
2.2. Respiração e circulação 
 
á Respiração: responsável pelas trocas gasosas entre as células de um organismo e o 
meio ambiente, contribuindo para que o oxigênio seja aproveitado no sangue, enquanto 
o gás carbônico é eliminado (Guimarães, 2004); 
á aparelho respiratório: pulmões, condutos e estruturas torácicas; 
á inspiração e expiração (ventilação pulmonar); 
á circulação: vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares) e o coração; 
á atividade cardíaca: assegura o fluxo sangüíneo para os tecidos do organismo (aparelho 
respiratório: pulmões, condutos e estruturas torácicas; 
 
á pressão arterial: de sistólico (pressão da artéria no momento em que o sangue foi 
bombeado pelo coração) e diastólico (pressão na mesma artéria, no momento em que o 
coração está relaxado após uma contração); 
 
á o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal; medidas até 140 mmHg para a 
pressão sistólica, e 90 mmHg para a diastólica, podem ser aceitas como normais 
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Por conta do aumento das necessidades de oxigênio há o aumento do débito cardíaco: 
 
Em condições de repouso, o débito cardíaco é de aproximadamente 5 litros por minuto, sob a 
freqüência cardíaca de 75 batimentos por minuto; 
 
Em condições de esforço físico extremo,o débito cardíaco pode chegar a 35 litros por minuto, 
a uma freqüência cardíaca de 200 batimentos por minuto. 
 
Método direto: mensuração da captação de oxigênio 
 
A avaliação por método direto consiste na mensuração da captação de oxigênio durante o 
trabalho, o que demanda a utilização de equipamentos desconfortáveis para o usuário o que 
pode atrapalhar o desempenho no trabalho e, necessariamente, constitui um fator de distúrbio 
na coleta de dados. 
 
Método indireto: freqüência cardíaca 
 
Por isso, dá-se preferência para a utilização de métodos indiretos de coleta de dados, com 
base, em geral, no comportamento da freqüência cardíaca do trabalhador. Em um trabalho 
considerado leve, a freqüência cardíaca sobe em alguns minutos e se mantém constante dentro 
de padrões aceitáveis. Já no trabalho pesado, a freqüência cardíaca sobe até que o trabalho se 
torne extenuante e tenha que ser interrompido. 
 
Além de ter a vantagem de informar muito sobre a atividade geral do trabalho sendo efetuado, o 
registro da freqüência cardíaca é muito difundido devido sua facilidade de registro e resgate de 
dados. Para o sujeito sendo avaliado, a utilização de um equipamento de mensuração de 
batimentos cardíacos não causa nenhuma interferência, pois a técnica é não invasiva (exige 
apenas a colocação de três eletrodos de superfície sobre o tórax) e o uso de um 
captador/armazenador dos sinais da freqüência que, no caso dos sistemas mais modernos, tem 
a forma de um relógio de pulso. A leitura dos dados é feita mais tarde, em laboratório, através 
de uma interface que transfere os dados armazenados para um computador. 
 
A análise da freqüência cardíaca pode ser feita comparando-se os batimentos em repouso 
(antes do trabalho) e durante a execução da tarefa. Baseado em diversos estudos, admite-se o 
limite para o trabalho humano contínuo quando o “pulso de trabalho”, isto é, a diferença entre os 
batimentos do pulso em trabalho e em repouso, é igual ou maior a 30 batimentos por minuto (30 
batimentos a mais que o normal em repouso, medido com o sujeito sentado). Em outras 
palavras, se um trabalhador tiver uma freqüência média em repouso sentado de 70 
batimentos/min, não é recomendável que ele mantenha atividades que demandem mais de 100 
batimentos/min durante uma jornada de oito horas. 
 
Com base na comparação entre a freqüência cardíaca em repouso e a freqüência durante o 
trabalho, é possível estimar o custo fisiológico do trabalho, isto é, avaliar a sobrecarga de 
trabalho e redesenhá-lo (por meio de modificação da tarefa e/ou do posto de trabalho) caso a 
demanda energética esteja fora do recomendado para trabalhos contínuos. 
 
O gráfico da Figura 6 mostra como o aumento dos batimentos cardíacos estão relacionados 
com o trabalho. Mostra, também, como a energia consumida pode demandar diferentemente o 
coração, dependendo das circunstâncias.Universidade Federal do Maranhão - Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 
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Figura 5 - Aumento de batimentos cardíacos em relação a diferentes tipos de estresse. 
(Fonte. Grandjean, 1981 p. 78). 
 
Segundo o gráfico, o aumento de batimentos cardíacos ocorre devido a um aumento da 
temperatura ambiente. Quão maior for a proporção de trabalho estático para o trabalho 
dinâmico e quão menos músculos estão envolvidos. Comparando-se as alterações dos 
batimentos cardíacos com as alterações no consumo de energia, fica claro que avaliações 
calcadas apenas neste último não é suficiente e que a análise de trabalho por batimentos 
cardíacos é mais precisa, uma vez que alguns fatores correlacionados ao trabalho não influem 
na ventilação e no consumo energético mas são responsáveis pelo aumento da freqüência 
cardíaca. 
 
A análise de postos de trabalho possibilitou uma organização quanto ao tipo de carga imposta 
conforme Quadro 1. 
 
Quadro 1: Análise da carga de trabalho associada a 215 postos de trabalho. 
(Fonte:Grandjean, 1981 p.87). 
 
Características do posto de 
trabalho 
Nº de postos Calorias de 
trabalho 
(Kcal/min) 
Pulsos de 
trabalho 
(bat/min) 
predominância do trabalho dinâmico 54 2,7 30 
trabalho estático 59 2,5 44 
sob temperatura alta 102 2,3 42 
em geral 215 2,5 39 
 
 
Hettinger e Rohmert consideram que para trabalhos dinâmicos que envolvem um razoável 
número de músculos de trabalhadores homens, jovens e sadios, pode-se postular que 1 caloria 
de trabalho/min é igual a 10 pulsos de trabalho/min. No caso de análise de trabalho dinâmico a 
partir de apenas um dos índices fisiológicos (freqüência cardíaca ou freqüência 
respiratória/ventilação) é possível correlacionar, com pouca margem de erro, o outro índice não 
medido e, assim, obter os valores de incremento tanto para o consumo energético quanto para 
a freqüência cardíaca. Segundo o Quadro 4, pode-se notar que, considerando-se esta relação 
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de 1: 10, os valores mais próximos entre caloria de trabalho e pulso de trabalho ocorrem 
realmente no trabalho dinâmico, e diferem bastante nas situações de trabalho estático e 
trabalho sob calor. 
 
2.3. Metabolismo 
 
á É o estudo dos aspectos energéticos do corpo humano (Iida, 1990); 
á alimentação: 1 parte para construção de tecidos e outra como combustível; 
á o combustível: manter o organismo funcionando e o excedente pode ser acumulado 
como gorduras ou ser usado para trabalho externo; 
á o processo: transformações químicas dos alimentos consumidos em combustível 
(glicogênio) oxidado (reação exotérmica) gera energia e sub-produtos (calor, dióxido de 
carbono e água) 
á Metabolismo basal: energia necessária apenas para manter uma pessoa viva, sem 
realizar trabalho externo (# 1800kcal/dia para homens e 1600kcal/dia para mulheres); 
 
á carboidratos tendem a armazenar mais glicogênio nos músculos do que proteínas e 
gorduras, aumentando a capacidade de trabalho; 
 
Método do consumo energético 
 
Até recentemente, o método do consumo energético era utilizado para a mensuração do 
esforço físico, mas, hoje em dia, ficou evidente que apenas esta mensuração não é suficiente 
pois a sobrecarga de trabalho físico não depende só do número de calorias consumidas mas, 
também, do número de músculos envolvidos no trabalho, sua duração e as circunstâncias sob 
as quais ela está sendo efetuada. 
 
Relação entre consumo energético e batimentos cardíacos 
 
Hettinger correlacionou o dispêndio energético e os batimentos cardíacos, a partir de estudos 
realizados com 552 trabalhadores em postos de trabalho da siderurgia alemã (entre 1949 e 
1969) chegando ao gráfico conforme a Figura 7. 
 
 
Figura 7 - Distribuição de freqüências de dispêndio de calorias de trabalho (valores inferiores) e 
de pulsos de trabalho (valores superiores). A curva tracejada equivale a kcal/min. A curva 
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contínua equivale ao pulso de trabalho/min. LCP = limite de trabalho contínuo. (Fonte: Grandjean, 
1981 p.87). 
 
Comparando-se as curvas, observa-se que elas não coincidem. Os valores para calorias de 
trabalho são geralmente mais baixos do que os valores de pulso de trabalho, discrepância 
atribuída aos efeitos do trabalho estático e sob temperaturas elevadas que não acarretam em 
alterações críticas do consumo energético, mas que influenciam muito os batimentos cardíacos. 
Alguns princípios fisiológicos são muito importantes para a ergonomia: 
 
x Limite o dispêndio energético no trabalho. 
 
x Repouso é necessário após tarefas pesadas. 
 
x Evite trabalho estático. Dê preferência ao trabalho dinâmico. 
 
O trabalho dinâmico permite contrações e relaxamentos alternados dos músculos, como no 
caso de uma pessoa andando, virando o volante de uma empilhadeira etc. Trabalho estático é 
aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para manter uma determinada 
postura. É o caso, por exemplo, dos músculos dorsais e das pernas para manter a posição de 
pé parado. Ou com os músculos dos ombros e do pescoço para manter a cabeça inclinada para 
frente ou para baixo. Ou com os músculos do braço direito estendido para frente segurando 
cartas ou pacotes durante a triagem para separação em escaninhos. 
 
O trabalho estático é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado. Quando isso 
não for possível, o trabalho deve ser aliviado, por meio do enriquecimento da tarefa, da 
alternância de posturas, melhorando o posicionamento de objetos, ferramentas e postos, ou 
providenciando apoios para as partes do corpo de forma a liberar o esforço de manutenção 
postural. Também devem ser concedidas pausas de curta duração, mas com elevada 
freqüência, para permitir relaxamento muscular e alívio da fadiga. 
 
2. Biomecânica ocupacional 
 
O ser humano, em diversos aspectos, pode ser comparado a uma máquina, ou seja, o ser 
humano é considerado mecanicamente como uma série de segmentos rígidos (ossos) que se 
conectam nas articulações. Assim, a biomecânica estuda a “máquina humana”. 
 
Iida (2005) define a Biomecânica Ocupacional como o estudo da interação entre o trabalho e o 
homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo esqueléticos envolvidos, e as suas 
conseqüências. No estudo da biomecânica, as leis físicas da mecânica são aplicadas ao corpo 
humano. Podem-se estimar as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma 
postura ou movimento (Dul & Weerdmeester, 1995). Assim, a biomecânica analisa basicamente 
a questão das posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças. 
 
A biomecânica oferece o suporte científico para a análise de forças e posturas, que determinam 
as forças internas sobre os músculos, tendões, ossos e articulações envolvidas em movimentos 
repetitivos e atritos dos tendões e músculos. Desta forma, a biomecânica auxilia na 
determinação dos limites fisiológicos e da capacidade de recuperação do organismo. 
Conseqüentemente, com base neste diagnóstico, é possível escolher alternativas paraa 
melhoria dos postos de trabalho de forma a não penalizar o trabalhador. 
 
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2.2.1. Adoção e manutenção de Posturas 
 
Postura ocupacional é a postura assumida pelo corpo, quer seja por meio da ação integrada 
dos músculos operando para contra-atuar a força da gravidade, quer seja quando mantida 
durante inatividade muscular (Oliver et al., 1998). É a assunção e manutenção da combinação 
de movimentos executados pelos segmentos corporais (cabeça, tronco e membros). 
 
Ao longo da jornada de trabalho, o trabalhador adota posturas ocupacionais, que serão uma 
conseqüência das atividades das tarefas. Esta postura poderá ser mantida ou pode variar ao 
longo do tempo. A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe de maneira 
voluntária. A maneira de conceber o projeto dos postos de trabalho depende diretamente das 
atividades a serem realizadas e, automaticamente, das posturas adotadas, assim, devendo 
favorecer a variação das mesmas, essencialmente a alternância entre a postura sentada e a de 
pé (MTE, 2002). As posturas são adotadas a partir de um esforço conjunto do sistema 
fisiológico humano chamado de Sistema músculo esquelético. 
 
A postura pode acontecer de duas maneiras: estática (manutenção) e dinâmica (variação). Para 
os fins da ergonomia, Grandjean (1998), define: 
 
x Trabalho muscular dinâmico (trabalho rítmico), caracterizado por uma seqüência rítmica 
de contração e extensão – portanto de tensionamento e afrouxamento – da musculatura em 
trabalho. No trabalho dinâmico há um fluxo proporcional de sangue para os músculos em 
ação, que recebe os nutrientes necessários enquanto os resíduos são eliminados (o 
músculo pode receber entre 10 a 20 vezes mais sangue que quando em repouso); 
x Trabalho muscular estático (trabalho postural) caracterizado por um estado de contração 
prolongada da musculatura, o que geralmente implica um trabalho de manutenção da 
postura. No trabalho estático a circulação fica restringida pela pressão interna, sobre o 
tecido muscular, que não recebe nutrientes (sendo forçado a consumir reservas, levando à 
fadiga) e não tem os seus resíduos retirados (o que causa dor). 
 
De maneira geral, o tempo de manutenção de posturas adotadas, ou seja, o trabalho estático 
deve ser o menor possível, pois suas conseqüências prejudiciais dependem do tempo 
prolongado da manutenção das posturas. A postura de trabalho está diretamente relacionada à 
atividade realizada, exigências da tarefa (físicas, visuais, precisão, repetitividade, movimentos, 
etc.), do espaço de trabalho, das máquinas operadas. 
 
Trabalhando ou repousando, o corpo adota três posturas “básicas”: deitado, de pé e sentado 
(Iida, 2005). 
 
Na postura deitada, não há concentração de tensões em nenhum segmento corporal. O sangue 
flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os resíduos do 
metabolismo e as toxinas dos músculos provocadores da fadiga. O consumo energético 
assume o valor mínimo, aproximando-se do metabolismo basal. Portanto, a postura deitada é a 
mais recomendada para repouso e recuperação da fadiga. Porém, em alguns casos, a posição 
horizontal (deitada) é assumida para realizar algum trabalho, (como o de manutenção de 
automóveis). Neste caso, como a cabeça (4 a 5 Kg) geralmente fica sem apoio, a posição pode 
se tomar extremamente fatigante, sobretudo para a musculatura do pescoço. 
 
A postura de pé exige trabalho estático do sistema músculo esquelético (trabalho estático dos 
membros inferiores – pernas - e costas – lombar). Fisiologicamente é pior do que a postura 
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sentada em termos de trabalho estático. Possui apenas um ponto de referência (os membros 
inferiores). Na postura sentada, o consumo de energia é de 3 a 10% maior que na posição 
horizontal. Para manter a posição sentada, são exigidas as atividades musculares das costas e 
do abdome. A postura sentada exige menos que a de pé e ainda tem outras vantagens: Libera 
os braços e pés para a realização de tarefas, permitindo a mobilidade dos membros. 
 
Por outro lado, a postura sentada, se mantida por um tempo prolongado, prejudica: costas, 
pescoço, membros inferiores e membros superiores. Mudanças que ocorrem no corpo: a 
articulação do quadril é flexionada, os ossos da bacia “rodam”, ou seja, as pontas dos ossos 
que estavam voltados para trás passam a “apontar” para baixo. Há, também, a diminuição ou 
eliminação da curvatura da lordose lombar. Aumento da pressão dentro dos discos 
intervertebrais (aproximadamente 35%, de pé para sentado). 
 
Quanto maior for o ângulo entre o tronco e coxas, maior tenderá a pressão dentro dos discos, 
então, com o achatamento do arco lombar, todas as estruturas (ligamentos, pequenas 
articulações e nervos) podem ser afetadas. Quanto o núcleo é empurrado para trás, ele 
pressiona a parte de trás do disco, isto enfraquece as paredes do disco facilitando o 
aparecimento de rachaduras (COURY, 1995). 
 
As posturas inadequadas podem resultar em conseqüências graves ao sistema músculo 
esquelético, afetando vários segmentos. O quadro 2 apresenta as diversas posturas e os riscos 
de desconforto/dores em determinados segmentos corporais (Grandjean, 1998). 
 
Postura Risco de dores 
em pé pés e pernas (varizes) 
sentado sem encosto músculos extensores da costa 
assento muito alto membros inferiores (pernas, joelhos, pés) 
assento muito baixo costas e pescoço 
braços em elevação ombros e braços 
manejo inadequado antebraço, punho 
 
Quadro 2 – Assunção de posturas e os riscos de dores nos segmentos corporais (Grandjean, 
1998) 
 
O trabalho sentado exige menos esforço estático do que o de pé. Na postura de pé há 
constante atividade estática nas articulações dos pés, joelhos, quadris. Há, também, o aumento 
importante da pressão hidrostática nas veias das pernas e do volume das extremidades 
inferiores, o coração encontra maior resistência para bombear o sangue para as extremidades 
do corpo. O trabalho em pé vem sendo fonte de problema (principalmente nas pernas e pés, de 
mulheres). Em uma pesquisa realizada com vendedoras, 40% das pessoas pesquisadas 
apontaram principalmente: dores nas pernas e pés, seguidas de dores nas costas e dores de 
cabeça (Grandjean, 1998). O Melhor é alternar trabalho em pé e o trabalho sentado, variando a 
postura. Assim, alivia esforços dos grupos musculares e protege discos intervertebrais, devido a 
mudanças no abastecimento de nutrientes; permite maior mobilidade; facilitando o 
enriquecimento do trabalho. 
 
2.2.2. Alguns princípios da biomecânica ocupacional (Guimarães, 2006) 
 
As articulações, em conjunto aos segmentos corporais, devem ser mantidas em posição 
neutra, tanto quanto possível. Assim, há a diminuição de tensão física entre os ligamentos, 
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tendões e outras estruturas, músculos e articulações, além de possibilitar que os músculos 
exerçam força máxima (contraçãomuscular – força interna). Do contrário, posturas 
inadequadas (figura 8) podem resultar, num primeiro momento, em desconforto/dor e, em 
termos cumulativos, levar a algum tipo de lesão. 
 
 
Figura 8 - Exemplos de posturas inadequadas, onde as articulações não estão na posição neutra. 
A área de trabalho deve ser mantida próxima ao corpo (tronco), levando-se em 
consideração as prioridades durante a realização das atividades das tarefas; 
 
Devem-se evitar posturas estáticas (manutenção), principalmente em combinações de 
movimentos (rotação, inclinação, extensão, flexão e desvios). Nestas situações há 
aumento das tensões sobre as articulações e os músculos e possibilidade de sobrecarga física, 
como por exemplo: 
 
̇ flexão de tronco e de pescoço. Quando trabalhando em pé, deve-se manter o corpo 
na posição vertical. A parte superior do corpo de um adulto pesa em média 40 kg, 
quando ocorre o movimento de flexão, as costas, principalmente a região lombar, irão 
sofrer tensão muscular. A cabeça de um adulto pesa entre 4-5 Kg. Quando ela é 
flexionada mais de 30q, os músculos do pescoço são tencionados para manter essa 
postura, gerando sobrecarga no pescoço e nos ombros. Deve-se manter a cabeça o 
mais próximo possível da posição vertical (neutra). 
 
̇ rotação de tronco. Posturas em rotação de tronco causam tensão na coluna vertebral. 
Os discos elásticos intervertebrais sofrem deformação, e as articulações e músculos dos 
dois lados da coluna ficam sujeitos a tensões assimétricas. 
 
Movimentos bruscos (muito dinâmicos) devem ser evitados. Os movimentos bruscos 
(muito dinâmicos) podem produzir tensões muito grandes, de curta duração, como 
conseqüência da aceleração do movimento. Carregamento/levantamento brusco (muito 
dinâmico) de peso, por exemplo, pode resultar em dor aguda na parte inferior (lombar) das 
costas. 
 
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Deve-se alternar a postura e os movimentos. Nenhuma postura ou movimento deve ser 
mantido por longo período. Posturas prolongadas e movimentos repetitivos são fatigantes e, em 
longo prazo, podem levar a lesões nos músculos e articulações, tendões e ligamentos. Este 
problema pode ser prevenido com alternância de tarefas. Se a tarefa não puder ser enriquecida 
é necessário alternar as posturas assumidas na execução do trabalho. Se o trabalho é efetuado 
de pé, parado, é importante alternar com a posição sentada. Se o trabalho é efetuado sentado, 
é importante alternar com a posição de pé, ou andando. 
 
Limitar a duração de esforço muscular contínuo. A contração contínua de determinados 
músculos, como resultado de manutenção prolongada de postura ou movimentos repetitivos, 
leva à fadiga muscular. Como esta fadiga é desconfortável e reduz o desempenho muscular, a 
postura ou o movimento não podem ser mantidos continuamente. Quanto maior for o esforço 
muscular, menor será o tempo de manutenção do trabalho. O esforço muscular é definido como 
a força exercida em função da percentagem da máxima força. A maioria das pessoas só 
consegue manter um esforço muscular máximo por alguns segundos, e exercer por 
aproximadamente 2 minutos uma força equiparável a 50% do esforço muscular máximo. 
 
Buscar paradas curtas freqüentes ao invés de única parada longa. A fadiga muscular pode 
ser reduzida distribuindo-se o tempo de pausa durante a jornada de trabalho. Não é correto 
forçar o trabalho nas primeiras horas da jornada, evitando as pausas, para ficar maior parte do 
tempo livre no final. Muitas vezes as pausas existem naturalmente dentro do ciclo de trabalho. 
Por exemplo, quando se espera que a máquina complete seu ciclo ou quando um carregador 
retorna descarregando. Do contrário, é necessário programar essas pausas periódicas. 
 
Trabalho com membros superiores. As tarefas manuais devem ser realizadas com os braços 
em posição neutra e, se não for o caso, deve ser efetuada com apoios. As mãos e cotovelos 
devem permanecer abaixo do nível dos ombros. Se inevitável, a tarefa deve ter duração 
limitada. Devem também ser previstos descansos regulares durante a execução. 
 
2.3. O trabalho Repetitivo 
 
A repetitividade é relacionada ao conteúdo e o tempo em que uma tarefa é realizada 
(Guimarães, 2006). Tecnicamente é definida como a velocidade de gestos (variações médias 
angulares e índice de força - número de manipulações por minuto (Ranaivosoa, 1992 apud 
Malchaire, 1998). 
 
Repetitivo é um ciclo que é executado mais de quatro vezes por minuto (McAtammney & 
Corlett, 1993 apud Guimarães, 2006). 
 
2.2.4. Técnicas para A avaliação biomecânica 
 
Segundo Kilbom (1994), o corpo humano, sistema anatômico de extrema complexidade, está 
constantemente exposto a demandas físicas. Na prática, durante uma jornada de trabalho, um 
trabalhador pode assumir muitas posturas diferentes e em cada tipo de postura, um diferente 
conjunto da musculatura é acionado. As causas e conseqüências das demandas físicas são 
geralmente estudadas pela ergonomia e envolvem as seguintes situações: a) a movimentação 
do corpo ou de seus segmentos (caminhar e correr, por exemplo); b) o levantamento de peso 
ou transporte de cargas (movimentação de materiais); c) a manutenção ou sustentação de 
posturas estáticas. 
 
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Vieira & Kumar (2004) afirmam que a demanda física em termos laborais pode resultar em 
prejuízo ao Sistema Músculo Esquelético (SME). Para tanto, há várias técnicas que avaliam a 
carga física, tanto em situações relativas ao trabalho estático quanto ao dinâmico, e seus 
efeitos (Kilbom, 1994). Os resultados destes estudos apontam, quase sempre, o nível de 
esforço físico ou sobrecarga ao sistema músculo esquelético, envolvendo a variável tempo de 
manutenção do quadro postural envolvido e a sua influência sobre o desempenho humano 
quando da realização de suas atividades. 
 
De maneira geral, o ergonomista deve identificar a atividade postural do operador, as 
manutenções prolongadas e as mudanças freqüentes das posturas como elementos da carga 
física de trabalho. Para Vieira & Kumar (2004), os ergonomistas devem considerar em seus 
estudos sobre as causas e conseqüências do prejuízo ao sistema músculo-esquelético, 
categorizando os níveis de demanda física, levando-se em consideração a postura ocupacional, 
e variáveis como: amplitude de movimentos, força envolvida, repetitividade e o fator tempo de 
manutenção. 
 
Uma simples observação assistemática – observando-se apenas “o que salta aos olhos” e que 
não foi previamente planejado - não é o suficiente para se poder analisar o quadro postural de 
maneira aprofundada. Por causa disto, foram desenvolvidas diversas técnicas para o registro e 
a análise da postura (Iida, 2005). A postura ocupacional (estática ou dinâmica) tem sido 
amplamente avaliada subjetivamente por meio de várias técnicas de cunho observacional, além 
de protocolos gráficos e checklists, como o OWAS (Kumar & Vieira, 2004). O OWAS (Ovako oy 
Working Postures Analysis System) (Karhu et al., 1977) é uma técnica que utiliza a observação 
sistemática tendo-se como referência uma classificação e uma codificação (pré-elaboradas) de 
posturas. De maneira geral, diversos autores propõem instrumentos para avaliação dos riscos 
posturais, por meio de critérios qualitativos, critérios semi-quantitativos,ou critérios quantitativos 
(Colombini et al., 1999). As técnicas qualitativas compreendem perguntas, inquirições e 
verbalizações (ex: entrevistas, questionários, checklists). As técnicas semi-quantitativas se 
baseiam em observação direta ou indireta, os dados selecionados com base em perguntas e 
convertidos em escalas numéricas ou diagramas (ex: OWAS, Mapa de Regiões Corporais, etc.). 
As técnicas quantitativas propõem a mensuração direta do esforço físico ou da disfunção do 
sistema músculo-esquelético (ex: eletromiografia, goniometria, dinamometria, cirtometria - 
mensurações diretas - e a cinemetria - mensuração indireta). 
 
Questionários (avaliação subjetiva) 
 
De acordo com Gil (1978), o questionário é uma técnica de investigação composta por um 
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por 
objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, expectativas e situações 
vivenciadas. Moraes & Mont’Alvão (2000) dizem que os questionários podem ser abertos ou 
fechados, sendo que o tipo que abrange perguntas fechadas pode ser de alternativas 
dicotômicas, alternativas hierarquizadas, múltipla escolha, onde as perguntas ou afirmações 
apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e que se estabeleceram previamente. 
As perguntas abertas são consideradas do tipo livre ou dissertativa, onde o respondente 
descreve ou relata sobre o que é perguntado. 
 
Os questionários são muito utilizados por intervenções ergonômicas e, geralmente, são 
precedidos por entrevistas ou verbalizações. O objetivo é uma avaliação subjetiva sobre o 
trabalho, isto é, abordar o respondente para que este possa descrever sua percepção referente 
às questões que envolvem o seu trabalho. 
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O processo de elaboração é muito importante, é preciso verificar minunciosamente a 
organização dos tipos, ordem, grupos e formulação das perguntas; cuidado na seleção das 
questões; limite em extensão e finalidade. Uma outra questão importante é o tratamento de 
dados (processo de tabulação, tratamento estatístico e interpretação). É mais conveniente que 
se utilizem questionários que já tenham sido previamente elaborados e testados, como o Nordic 
Musculoskeletal Questionnaire (NMQ), fazendo as devidas adaptações de acordo com o caso 
em que se quer intervir. Por fim, vale dizer que o pré-teste ou uma aplicação piloto do 
questionário também é importante para se poder verificar possíveis problemas de formatação 
ou configuração ou interpretação/entendimento do respondente, para só então se aplicar a 
versão final. 
O Nordic Musculoskeletal Questionnarie –NMQ foi elaborado pelos institutos de saúde 
ocupacional nos países escandinavos, visando uma coleta de dados, ampla e a curto prazo, de 
problemas músculo esqueléticos (KUORINKA et al., 1987 apud CORLETT, 1995). 
O questionário fornece um formato padronizado para a catalogação dos dados sobre problemas 
músculo esqueléticos. O NMQ foi muito utilizado pelo Programa de Saúde e Segurança do 
Reino Unido (UK Health and Safety Executive - HSE), onde foram realizadas pequenas 
modificações (Dickinson et al., 1992 apud Corlett, 1995). As sessões do questionário são as 
seguintes: 
1) detalhes pessoais dos trabalhadores; 
2) Levantamento geral dos incômodos (dor, desconforto, entorpecimento) nas regiões corporais, 
de acordo com o mapa corporal proposto; 
3) Levantamento focalizado dos incômodos em áreas específicas do corpo (figura 9); 
4) Levantamento sobre a saúde geral e informações sobre o trabalho dos respondentes 
 
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 Check lists 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 10 - Check list de Michigan, (Lifshitz & Armstrong, 1986 apud Oliveira et al, 1998) 
 
Respostas negativas são indicativas de condições favoráveis aos D.O.R.T/L.E.R.. 100% de 
respostas afirmativas indicam mínimo risco. 
 
Este checklist, conhecido como check list de Michigan, compreende 21 perguntas, assim 
subdivididas: 4 de estresse físico, 2 de força, 5 de postura, 3 de posto de trabalho, 1 de 
repetitividade e 6 de ferramentas. Respostas negativas são indicativas de condições favoráveis 
aos D.O.R.T/L.E.R. 100% de respostas afirmativas indicam mínimo risco. 
 
Check list de Keyserling et al. (1993) 
 
O centro de ergonomia da Universidade de Michigan, em 1993, aprimorou seu check list para 
avaliar os riscos associados aos membros superiores. O check list de Keyserling et al. (1993) 
acrescentou ao de Lifshitz & Armstrong (1986) 5 perguntas para as mãos e a avaliação dos 
hemicorpos (direito e esquerdo) em separado. 
 
 
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Figura 11 - Check list de Keyserling et al. (1993) 
 
 
 
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Técnicas semi-quantitavias 
 
Escalas de avaliação 
 
As escalas constituem instrumentos nos quais os sujeitos devem assinalar, em um contínuo 
ordenado, o grau em que uma determinada situação se aplica a eles ou a outras pessoas. Tal 
contínuo pode ser expresso de forma numérica direta (1 a 5, por exemplo, conforme Figura 12), 
ou pode se consistir em palavras ou expressões (muitíssimo, muito, às vezes, quase nunca, 
nunca) que são posteriormente transformadas em valores numéricos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 - Exemplo de escala discreta (Diniz, 1999) 
 
Apesar de muitos autores proporem escalas discretas, é aconselhável o uso de escalas 
contínuas, como a escala de 15 cm e duas âncoras nas extremidades, conforme proposto por 
Stone et al. (1974). Esse tipo de escala favorece o poder de discriminação entre respondentes 
(o que torna o nível de mensuração melhor) e permitindo o uso de uma maior gama de técnicas 
de análise estatísticas. 
 
Antes de se aplicar a técnica de escalas, como uma forma de se levantar dados sobre a 
manutenção de posturas ocupacionais, é necessário: 
̇ • decidir quais âncoras usar nas extremidades da escala e se é preciso uma região 
neutra; 
̇ • decidir se será discreta ou contínua; 
̇ • decidir, se discreta, quais os níveis e tipos de abordagem; 
̇ • decidir, se contínua, qual o tamanho em cm; 
̇ • exemplo de preenchimento e pré-testes. 
 
Escala de Borg 
 
A escala original RPE (Rating of Perceived Exertion) e a escala CR10 (Category Ratio),desenvolvidas por Gunnar Borg, apontam o índice do esforço percebido pelos indivíduos na 
realização de suas tarefas/atividades (Figura 17). A escala RPE foi ajustada em números de 6 a 
20 e estão linearmente relacionadas com o batimento cardíaco dividido por dez e a escala 
CR10 em números de 1 a 10. A diferença entre as duas escalas é que as análises e inferências 
estatísticas dos dados coletados da CR10 são mais fáceis de serem feitas (kin 356 web 
encyclopedia, 2001) (figura 13). 
 
 
 
 
 
 
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Figura 13 - Escalas de Borg (http://ahsmail.uwaterloo.ca) 
 
Kilbom (1994) considera que estas escalas podem ser usadas para complementar as medições 
fisiológicas das tarefas durante o trabalho ocupacional. Elas freqüentemente fornecem uma 
informação adicional sobre as respostas subjetivas, especialmente em casos onde a resposta 
da freqüência cardíaca é considerada imprecisa. 
 
Diagramas de segmentos corporais - Escala de desconforto (Corlett, 1995) 
 
São figuras humanas apresentadas com uma configuração em forma de um mapa de regiões 
corporais delineadas por grupos musculares e/ou articulações (segmentos). O objetivo do 
procedimento é mapear o desenvolvimento de desconforto percebido entre os pesquisados. 
Basicamente, o procedimento inicial é apontar a região referente ao desconforto/dor percebido, 
apontando o nível conforme uma escala apresentada. 
Os segmentos servem de guia para especificar os locais do desconforto experimentado por 
aqueles envolvidos nas tarefas que estão sendo investigadas. Esta informação é encontrada 
por indagações preliminares ou por um pré-teste. 
Há varias versões do diagrama de segmentos corporais que são adaptações para o foco de 
estudo que se quer analisar (figura 14). Uma versão computadorizada foi desenvolvida pela 
NexGen Ergonomics (www.nexgenergo.com) e é comercialmente conhecida como 
ErgoMaster™.(figura 15) 
 
A figura 16 é um diagrama adaptado de Corlett (1995) com escalas contínuas para cada 
segmento do corpo, que está sendo usada pela equipe de design e ergonomia do 
PPGEP/UFRGS. 
 
 
 
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Figura 14 – Figuras humanas subdividas em segmentos corporais (Mapa de regiões corporais) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 – Versão computadorizada do “mapa de regiões corporais” (ErgoMaster™, 
www.nexgenergo.com) 
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Figura 16 - Diagrama adaptado de Corlett (1995) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 – Configuração adaptada de Corllet & Bishop (1976) utilizada pela UFSCar (Universidade 
Federal de São Carlos) 
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Owas (Karu, Kansi & Kuorinka, 1977) 
 
A técnica OWAS foi desenvolvida na Finlândia, entre 1974 e 1978, por uma parceria entre a 
metalúrgica OVAKO OY e o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (Long, 1993). O objetivo 
era registrar, mapear e examinar posturas assumidas durante o trabalho por meio de um 
sistema de codificação. A elaboração do OWAS envolveu a realização de 680 fotografias de 
posturas ocupacionais no trabalho da metalúrgica, em situação real. Essas fotografias 
resultaram num grupo de 84 tipos de posturas catalogadas, sendo codificadas da seguinte 
forma: 4 para as costas, 3 para os braços e 7 para as pernas. Multiplicando-se 4x3x7, tem-se 
como resultado um total de 84 (oitenta e quatro) combinações. O sistema de codificação foi 
elaborado com a seguinte descrição: A - Costas (1 para costas eretas, em posição neutra; 2 
para flexão ou extensão de tronco; 3 para inclinação ou rotação de tronco; 4 para a combinação 
de movimentos, flexão e rotação por exemplo); B – Braços (1 para ambos os braços abaixo do 
nível da altura dos ombros; 2 para pelo menos um dos braços no nível ou acima do nível da 
altura dos ombros e 3 para ambos os braços no nível ou acima do nível da altura dos ombros); 
C – Pernas (1 para a postura sentado; 2 para a postura de pé com ambas as pernas eretas, na 
postura neutra; 3 para a postura de pé com o peso do corpo distribuído em apenas uma das 
pernas; 4 para a postura de pé ou agachado com ambos as pernas em flexão; 5 para a postura 
de pé ou agachado com apenas uma das pernas em flexão; 6 para ajoelhado com um ou 
ambos os joelhos e 7 para posturas dinâmicas, como caminhando, se movimentando); D – 
Força ou Carga envolvida (1 para Peso ou força envolvida com 10kg ou menos; 2 para Peso ou 
força envolvida entre 10kg e 20kg e 3 Peso ou força envolvida acima de 20kg). Foram 
adicionados códigos para Posturas adicionais para as pernas: 8: sentado com as pernas eretas; 
9: pernas sem apoio (suspensas); 0: arrastando-se ou escalando. 
 
Por fim, há também a possibilidade de relacionar os códigos com as atividades realizadas, 
codificando também cada atividade por números, assim como as posturas. 
 
Para a coleta de dados, os autores do OWAS recomendam observações diretas ou indiretas 
(por registro fotográfico ou em vídeo, com captura de figuras pausadas), sendo o intervalo entre 
cada observação de 30 (trinta) ou 60 (sessenta) segundos e a quantidade total de observações 
de no mínimo 100 (cem), totalizando um mínimo de 55 (cinquenta e cinco) minutos de 
observação. 
 
Os registros fotográficos ou em vídeo devem ser posicionados visualizando o sujeito em 
observação num plano sagital (lateral), de corpo inteiro. Os dados coletados são analisados de 
duas maneiras: 1) combinação entre os códigos dos segmentos corporais (costas, braços, 
pernas) e o peso ou força envolvida, representados por dígitos/número, codificando assim cada 
postura assumida (figura 1); 2) Mapear e examinar as posturas conforme o tempo de 
manutenção. 
 
A tabulação dos dados envolve duas matrizes de avaliação, as quais relacionam cada postura 
catalogada e codificada com o nível de prejuízo ao Sistema Músculo Esquelético (SME), 
indicando uma ação (a curto, médio ou longo prazo) a ser tomada pelo ergonomista. Se o 
resultado for 1 (um) significa que o quadro postural está normal, sem prejuízo ao SME, não 
sendo necessária nenhuma ação corretiva, se for 2 (dois) significa que o quadro postural está 
com problema pouco grave ao SME, sendo necessárias ações corretivas a longo prazo, se for 3 
(três) significa que o quadro postural está com problema grave ao 
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