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Civil Estado de perigo

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Art.156 CC
ESTADO DE PERIGO
Art. 156 CC
Configura-se o Estado de Perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa da sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único: Tratando-se de pessoa não pertencente á família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
Essência do instituto
Baseia-se sobretudo na noção de necessidade 
“ A situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva” (GONÇALVES, 2005, p.392)
 
EXEMPLOS TRAZIDOS PELA DOUTRINA:
 Indivíduo que está se afogando promete quantia exorbitante ao seu salvador;
Vítima de acidente de automóvel que assume obrigação excessivamente onerosa para que não morra no local do acidente;
O doente, em perigo de vida, que paga honorários excessivos para o cirurgião atendê-lo;
A anulabilidade do negócio jurídico em razão do Estado de Perigo encontra fundamento na inexigibilidade de conduta diversa, ante a comparação dos dois males irremediáveis. Ainda, consagra o princípio da função social do contrato, probidade e boa-fé, verdadeira cláusula implícita de conteúdo ético e exigibilidade jurídica. Visa a uma equivalência material entre os contratantes, proibindo os contratos iníquos.
elementos
Existência de grave dano;
Que o dano seja atual (ou iminente);
Que o perigo seja a causa determinante da declaração;
O conhecimento do perigo pela outra parte;
A obrigação assumida seja excessivamente onerosa;
Intenção do declarante de salvar-se a si ou a pessoa de sua família ou a terceiro. 
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Efeitos do estado de perigo 
Consoante dispõe o art. 178 do Código Civil, é anulável o negócio jurídico celebrado em estado de perigo no prazo de quatro anos a partir de sua celebração. Trata-se indubitavelmente de prazo decadencial.
Jurisprudências sobre o Estado de necessidade 
TJ-SP - 00028749520138260003 SP 0002874-95.2013.8.26.0003 (TJ-SP)
Data de publicação: 04/09/2017
Ementa: *CAMBIAL. DUPLICATA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICO HOSPITALARES. ONEROSIDADE EXCESSIVA. ESTADO DE PERIGO. 1. Está configurado o estado de perigo, quando um parente é compelido a assinar termo de responsabilidade como condição de tratamento emergencial hospitalar. Esse parente assume responsabilidade excessivamente onerosa, premido pela necessidade de resguardar a vida de pessoa da família. 2. Cambial inexigível, dado o estado de perigo. 3. Recurso provido.*
TJ-SP - Apelação APL 10448088220148260002 SP 1044808-82.2014.8.26.0002 (TJ-SP)
Data de publicação: 23/03/2017
Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES. COBRANÇA. ESTADO DE PERIGO. Não procede a cobrança se comprovado o estado de perigo no qual o caseiro apelante, premido da necessidade de salvar o seu patrão, o levou para o hospital e assinou tudo que lhe foi exigido para que o socorro fosse prestado, não podendo ser responsabilizado pelo pagamento das despesas médicas e hospitalares, cabendo à autora cobrar os valores devidos do espólio ou dos herdeiros do paciente, tendo em vista o seu falecimento. Inteligência do artigo 156 , § único , do Código Civil . Sentença reformada. Recurso provido para julgar a ação improcedente.
TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70073532897 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 28/08/2017
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E ANULAÇÃO DE CONTRATO. ESTADO DE PERIGO. ÔNUS DA PROVA. INEXIGIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA NEGATIVA. Ao réu não se pode impor o ônus processual de produzir prova negativa absoluta, razão pela qual inexigível que o demandado comprove a inexistência dos fatos narrados na petição inicial pelo consumidor. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70073532897, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 17/08/2017).
Considerações finais 
O Direito, baseado no princípio da autonomia da vontade, valoriza a celebração de negócios jurídicos livres;
Cabe ao legislador preservar os interesses daqueles que são forçados a celebrar um contrato, assumindo obrigação excessivamente onerosa;
OBS ¹:
A interpretação literal do disposto no art.156 do Código Civil NÃO deve levar a conclusão de que no Estado de perigo, diante do dolo de aproveitamento, ficaria impossibilitado o aproveitamento do negócio jurídico mediante a suplementação do negócio ou redução do proveito do beneficiário;
OBS ²: 
 Embora a doutrina não admita, entendemos a necessidade de se aplicar o §2˚ do art. 157 do Código Civil ao Estado de Perigo, desde que seja possível e socialmente recomendável, podendo a parte beneficiada elidir a anulação mediante a suplementação ou redução de seu proveito;

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