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Emerson Marcos Furtado Mestre em Métodos Numéricos pela Univer- sidade Federal do Paraná (UFPR). Graduado em Matemática pela UFPR. Professor do Ensino Médio nos estados do Paraná e Santa Catari- na desde 1992. Professor do Curso Positivo de Curitiba desde 1996. Professor da Universidade Positivo de 2000 a 2005. Autor de livros didáticos destinados a concursos públicos nas áreas de ma- temática, matemática financeira, raciocínio lógico e estatística. Sócio-diretor do Instituto de Pes- quisas e Projetos Educacionais Praxis de 2003 a 2007. Professor sócio do Colégio Positivo de Join- ville desde 2006. Sócio-diretor da Empresa Teore- ma – Produção de Materiais Didáticos Ltda. desde 2005. Autor de material didático para sistemas de ensino do Grupo Positivo de 2005 a 2009. Pro- fessor do Concursos e Editora de Curitiba (CEC) desde 1992, lecionando as disciplinas de raciocí- nio lógico, estatística, matemática e matemática financeira. Consultor da Empresa Result – Con- sultoria em Avaliação de Curitiba de 1998 a 2000. Consultor em Estatística Aplicada com projetos de pesquisa desenvolvidos nas áreas socioeconômi- ca, qualidade, educacional, industrial e eleições desde 1999. Membro do Instituto de Promoção de Capacitação e Desenvolvimento (Iprocade) desde 2008. Autor de questões para concursos públicos no estado do Paraná desde 2003. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 213 Matemática financeira I Juros simples: montante, capital, prazo e taxa Na televisão, em jornais, em revistas ou em lojas, é comum ouvirmos falar em juros. Essa palavra também é mencionada quando nos referimos à dívida externa, às aplicações financeiras, ou mesmo, a uma dívida pessoal que, muitas vezes, não será saldada à vista. Quando uma pessoa ou uma instituição dispõe de fundos para emprestar, o preço desse crédito é chamado de juro. Tecnicamente, podemos dizer que juro é o custo do crédito ou a remuneração do capital. O juro existe porque muitas pessoas preferem consumir seus bens no presente e não no futuro. Dessa forma, se uma pessoa não tem todo o dinheiro necessário para a aqui- sição de um produto e, mesmo assim, deseja adquiri-lo no momento, deve haver uma compensação por pagá-lo somente no futuro. Fique atento a algumas definições importantes: Capital ou principal � – bem ou quantia em dinheiro sobre o qual há remuneração. Taxa de juros � – coeficiente empregado em uma unidade de tempo expresso como porcentagem do capital. Período ou tempo � – tempo em que o capital será remunerado. Juros � – remuneração do capital. Montante � – capital inicial adicionado ao juro do período. Exemplo: Suponha que uma pessoa aplicou um capital de R$1.000,00 a uma taxa de 20% ao ano pelo prazo de três anos. Quanto renderá de juros simples essa aplicação? Quando o regime de capitalização é de juros simples, o juro de cada perí- odo é calculado sobre o capital inicial: J1 = J2 = J3 = 1.000 . 0,20 = 200,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 214 Matemática financeira I O juro total será a soma dos juros obtidos em todos os anos, ou seja: J = 200 + 200 + 200 J = 600,00 E o Montante é a soma do capital com o juro: M = 1.000 + 600 = 1.600 Generalizando, a fórmula para se calcular o valor do juro em um regime de capitalização simples é dada por: J = C . i . t No exemplo anterior, seria possível efetuar: J = 1.000 . 0,20 . 3 = 600 De forma análoga, para se calcular o valor do montante em um regime de capitalização simples poderíamos utilizar a seguinte relação: M = C + J M = C + C . i . t M = C . (1 + i . t) Para usarmos essas fórmulas, é necessário que a unidade de tempo do prazo da taxa de juros seja a mesma unidade de medida do tempo. Assim, se a taxa for 10% ao mês, por exemplo, o tempo deve ser também medido em meses. Taxas equivalentes e taxas proporcionais Taxas proporcionais Duas taxas são consideradas proporcionais quando os valores das taxas e dos períodos formam uma proporção. Ou seja, quando reduzidas às mesmas unidades, as taxas sejam iguais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 215 Exemplos: As taxas 1% ao mês e 6% ao semestre são proporcionais. As taxas 5% ao trimestre e 20% ao ano são proporcionais. Taxa equivalentes Duas taxas se dizem equivalentes se, aplicadas a um mesmo capital e pelo mesmo prazo de tempo, ambas produzem o mesmo montante. Exemplos: Em um regime de juros simples, são equivalentes as taxas: 1% ao mês e 6% ao semestre; � 5% ao trimestre e 20% ao ano. � Em um regime de juros compostos, são equivalentes as taxas: 1% ao mês e 6,15% ao semestre; � 5% ao trimestre e 21,63% ao ano. � Conclusão: Os exemplos anteriores esclarecem que, no regime de juros simples, as taxas de juros proporcionais sempre serão taxas equivalentes, pois, se o capi- tal é o mesmo e o período de tempo também é o mesmo, obrigatoriamente a taxa deverá ser a mesma para produzir o mesmo montante. No caso do regime de juros compostos, as taxas proporcionais não são, em geral, taxas equivalentes, pois não produzem os mesmos montantes. Descontos simples Quando uma pessoa compra uma mercadoria e a paga à vista, em geral, recebe por isso um desconto no pagamento. Entretanto, não é apenas em li- quidações ou promoções de vendas que utilizamos o conceito de desconto. Exemplo: Paulo fez uma aplicação financeira com vencimento predeterminado e, antes da data do vencimento, precisa de dinheiro. Como ele pode captar re- cursos financeiros utilizando o título adquirido na aplicação financeira? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 216 Matemática financeira I Paulo pode transferir o título da aplicação para um terceiro, recebendo na transferência o principal aplicado, adicionado aos juros que foram capitaliza- dos no período. Nesse caso, há uma operação de desconto, pois ele precisou trocar o título por dinheiro antes da data do vencimento e, por isso, não terá direito ao valor nominal do título. A N D t id O diagrama ilustra uma operação de desconto, na qual um título cujo valor nominal (ou de face) é igual a N (valor nominal) será descontado t pe- ríodos antes do vencimento a uma taxa de desconto id. O valor atual A é o valor atual (valor descontado) e o valor D é o valor do desconto. Desconto racional, real ou “por dentro” Um desconto é denominado desconto racional, real ou “por dentro” quando é calculado sobre o Valor Atual do título. Exemplo: José possui um título no valor nominal de R$11.000,00, com vencimento em quatro meses. Ele pretende descontá-lo em uma instituição financeira que realiza o desconto racional e cobra uma taxa de juros simples de 36% ao ano. Quanto será o valor do desconto e do valor descontado? Observe a ilustração: A 4 meses N 0 t Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 217 Das informações do problema, temos: N = 11.000,00 n = 4 meses A taxa de 36% ao ano é proporcional a 3% ao mês, pois 0 36 12 0 03 , ,= . Quando o desconto é sobre o valor atual, deve-se pensar que aplicando o valor atual nas condições do desconto racional, o montante é, na verdade, o valor nominal do título: M = C . (1 + i . t) N = A . (1 + i . t) 11.000 = A . (1 + 0,03 . 4) 11.000 = A . (1,12) A = 11 000 1 12 . , A ≅ 9.821,43 Logo, o valor descontado racional é aproximadamente igual a R$9.821,43 e o desconto racional é a diferença entre o valor nominal e o atual do título:D = N – A D ≅ 11.000 – 9821,43 D ≅ 1.178,57 Assim, o valor do desconto é aproximadamente igual a R$1.178,57. Fórmulas O montante é dado por: M = C . (1 + i . t) Considerando M = N (valor nominal) e C = A (valor atual), temos: N = A . (1 + i . t) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 218 Matemática financeira I Isolando na equação anterior o valor atual, temos: A N it = +1 Essa equação permite relacionar o valor atual (A) com o valor nominal (N), a taxa de desconto (i) e o prazo de desconto (t). Mas o desconto é dado por: D = N – A Logo, sendo Dr o desconto racional, temos: D N N it D N it N it D Nit it r r r = − + = + − + = + 1 1 1 1 .( ) Essa última equação permite relacionar o desconto racional (Dr) com o valor nominal (N), a taxa de desconto (i) e o prazo de desconto (t). Essas fórmulas são úteis quando se deseja velocidade na resolução da questão. Por outro lado, elas se tornam desnecessárias se considerarmos que o valor atual é o capital que, quando aplicado nas mesmas condições do desconto, tem como montante o valor nominal. Desconto comercial, bancário ou “por fora” Um desconto é denominado desconto comercial, bancário ou “por fora” quando é calculado sobre o Valor Nominal do título. Exemplo: José possui um título no valor nominal de R$11.000,00, com vencimento em quatro meses. Ele pretende descontá-lo em uma instituição financeira que realiza o desconto comercial e cobra uma taxa de juros simples de 36% ao ano. Quanto será o valor do desconto e do valor descontado? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 219 Solução: Observe a ilustração: A 4 meses N 0 t Das informações do problema, temos: N = 11.000,00 n = 4 meses A taxa de 36% ao ano é proporcional a 3% ao mês, pois 0 36 12 0 03 , ,= . Quando o desconto é sobre o valor nominal, deve-se aplicar diretamente sobre o valor nominal. Assim, descontando-se o valor nominal obtém-se o valor atual: A = N . (1 – i . t) A = 11.000 . (1 – 0,03 . 4) A = 11.000 . (0,88) A = 9.680,00 Logo, o valor descontado comercial simples é igual a R$9.680,00. O desconto comercial simples é igual a: D = N – A D = 11.000 – 9.680,00 D = 1.320,00 Assim, o valor do desconto é igual a R$1.320,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 220 Matemática financeira I Fórmulas O desconto comercial de um título, representado por Dc, por incidir sobre o valor nominal, é dado por: Dc = N . i . t Mas, o valor atual do título, representado por Ac, é dado por: Ac = N – Dc Logo: Ac = N – N . i . t Ac = N . (1 – it) O valor Ac é denominado valor atual comercial. Concluindo, para resolver problemas de descontos, basta lembrar que no desconto racional, deve-se capitalizar A para se obter N, e no desconto co- mercial, deve-se descapitalizar N para se obter A. Taxa de juros efetiva A taxa de juros efetiva é a taxa aplicada sobre o valor descontado comer- cial (ou bancário), que gera no período considerado um montante igual ao valor nominal. Taxa efetiva para desconto comercial simples Sendo ie a taxa efetiva, temos: N = A .(1+i . t) c e → = + → = − → = − N A i t i t N A i N A c e e c e c 1 1 1 . . tt em que Ac é o valor descontado no caso de uma operação de desconto comercial, N é o valor nominal do título na data do correspondente venci- mento e t é o prazo de tempo do título. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 221 Vamos calcular a taxa efetiva de juros por meio de um exemplo já resolvi- do anteriormente. Exemplo: João pretende saldar um título de R$11.000,00, quatro meses antes do correspondente vencimento. Sabendo-se que o desconto será dado sobre o valor nominal, qual a taxa efetiva mensal de juros da operação? Os valores encontrados foram: N = 11.000,00 Ac = 9.680,00 t = 4 meses A taxa mensal efetiva de juros é dada por: i N A t ie c e= − → = − → ≅ 1 11 000 9 680 1 4 i 0,0341e . . Portanto, a operação foi realizada a uma taxa efetiva aproximada de 3,41% de juros simples ao mês. Taxa efetiva para desconto bancário Sendo ie a taxa efetiva, temos: N = A .(1+i .t) b e → = + → = − → = N A i t i t N A i N A b e e b e b 1 1 . . −−1 t em que Ab é o valor descontado no caso de uma operação de desconto bancário, N é o valor nominal do título na data do correspondente venci- mento e t é o prazo de tempo do título. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 222 Matemática financeira I Exemplo: Juca pretende emprestar de um banco que cobra, em regime de juros simples, uma taxa de juros de 3% ao mês e uma taxa administrativa fixa de 2%. Ele pretende fazer um financiamento e saldá-lo pagando R$11.000,00 após 4 meses. Qual a taxa efetiva mensal de juros no financiamento? Os valores encontrados foram: N = 11.000,00 Ab = 9.460,00 t = 4 meses A taxa mensal efetiva de juros é dada por: i N A t i e b e = − = − ≅ 1 11 000 9 460 1 4 . . i 0,0353e Logo, a operação foi realizada a uma taxa efetiva aproximada de 3,53% de juros simples ao mês. Observação: No caso de desconto racional, a taxa de juros da operação financeira é exatamente igual à taxa efetiva dessa operação, pois ambas são calculadas sobre o valor atual (e não nominal), sem a adição de taxas administrativas. Nesse caso, a taxa efetiva é também chamada de taxa de rentabilidade. Relação entre taxa efetiva e taxa de juros para desconto comercial Para relacionar a taxa efetiva com a taxa de juros para desconto comercial, vamos considerar os descontos racional e comercial. Sendo ie a taxa efetiva e i a taxa para desconto comercial, temos: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 223 D N i t i tr e e = + . . .1 e D N i tc = . . Como os descontos devem ser iguais, temos: N i t i t N i t i i t i i i i i t i i e e e e e e e . . . . . 1 1+ = → + = → = + → − .. .( . ) . i t i i i t i i i i t e e e = → − = → = − 1 1 Exemplo: Numa operação financeira de desconto comercial a taxa de juros simples praticada é de 3% ao mês, um título foi descontado com quatro meses de antecedência em relação à data do correspondente vencimento. Qual é a taxa efetiva mensal de juros da operação financeira? Das informações do enunciado, temos: i = 3% ao mês t = 4 meses Logo: i i i t i i e e e = − = − = ≅ 1 0 03 1 0 03 4 0 03 0 88 . , , . , , i 0,0341e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 224 Matemática financeira I Portanto, a taxa efetiva mensal de juros na operação financeira foi aproxi- madamente igual a 3,41%. Relação entre desconto racional e comercial Por meio de exemplos, observamos anteriormente que, nas mesmas con- dições, o desconto comercial é maior do que o desconto racional, ou seja: Dc > Dr Os descontos comercial e racional são dados, respectivamente, por: D N i tc = . . e D N i t i tr = + . . .1 Dividindomembro a membro as duas últimas equações, obtemos: D D N i t N i t i t D D i t D D i t c r c r c r = + = + = +( ) . . . . . . . . 1 1 1 Dessa forma, o desconto comercial pode ser interpretado como sendo o montante do desconto racional calculado para um mesmo período e mesma taxa. Exemplo: O desconto comercial de um título descontado quatro meses antes do correspondente vencimento e à taxa de 3% ao mês é de R$1.320,00. Qual é o desconto racional? Do enunciado, temos: i = 3% ao mês t = 4 meses Dc = 1.320,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 225 Então, o desconto racional será dado por: D D i t D c r r = +( ) = . .1 1 1.320,00 = D .(1+0,03.4) 1.320,00 =1,12.D r r .. , , 320 00 1 12 D 1.178,57r ≅ Logo, o desconto racional será aproximadamente igual a R$1.178,57. Juros compostos Vamos iniciar o estudo dos juros compostos recordando um exercício que foi resolvido em juros simples. Para ilustrar, suponha que uma pessoa aplicou um capital de R$1.000,00 a uma taxa de 20% ao ano pelo prazo de três anos. Quanto renderá de juros compostos essa aplicação? Informações: Juros compostos. � C = 1.000,00. � i = 20% ao ano. � t = 3 anos. � Para uma melhor compreensão dos dois regimes de capitalização, vamos apresentar um estudo comparativo por meio de uma tabela: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 226 Matemática financeira I Juros simples Juros compostos 1.º ano J1 = 1 000,00 x 0,2 x 1 = 200,00 M1 = C + J1 M1 = 1 000,00 + 200,00 M1 = 1 200,00 J1 = 1 000,00 x 0,2 = 200,00 M1 = C + J1 M1 = 1 000,00 + 200,00 M1 = 1 200,00 2.º ano J2 = 1 000,00 x 0,2 x 1 = 200,00 M2 = M1 + J2 M2 = 1 200,00 + 200,00 M2 = 1 400,00 J2 = 1 200,00 x 0,2 = 240,00 M2 = M1 + J2 M2 = 1 200,00 + 240,00 M2 = 1 440,00 3.º ano J3 = 1 000,00 x 0,2 x 1 = 200,00 M3 = M2 + J3 M3 = 1 400,00 + 200,00 M3 = 1 600,00 J3 = 1 440,00 x 0,2 = 288,00 M3 = M2 + J3 M3 = 1 440,00 + 288,00 M3 = 1 728,00 Se fosse efetuada em regime de juros simples, a aplicação renderia R$600,00. Já a aplicação no regime de juros compostos, rendeu R$728,00. Para ilustrar, observe nos gráficos os valores dos montantes alcançados nos dois regimes a uma mesma taxa de juros. 1.000 1.100 1.200 1.300 1.400 1.500 1.600 1.700 0 0,5 1,5 2,5 321 Juros simples Juros compostos Tempo em (anos) M on ta nt e (R ea is ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 227 Cálculo do montante em juros compostos Um capital C aplicado a uma taxa de juros i durante um prazo t terá o montante M dado por: M = C . (1 + i)t Substituindo os dados do problema, encontramos o mesmo valor do montante: M = 1.000 . (1 + 0,20)3 M = 1.000 . (1,20)3 M = 1.000 . 1,728 M = 1.728 O juro é sempre a diferença entre o montante e o capital, ou seja: J = M – C J = 1.728 – 1.000 J = 728 Na fórmula do montante, a expressão (1 + i)t é chamada de fator de acu- mulação de um capital e é, geralmente, tabelado para diferentes valores de i e de t. Taxas equivalentes Duas taxas, relacionadas com diferentes períodos de capitalização, são consideradas equivalentes se, aplicadas ao mesmo capital e durante o mesmo prazo de tempo, produzirem montantes de mesmo valor. Exemplo: 1.ª aplicação � : aplicar R$1.000,00, durante um ano, à taxa de 1% ao mês; 2.ª aplicação � : aplicar R$1.000,00, durante um ano, à taxa de 12,68% ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 228 Matemática financeira I Os montantes obtidos em ambas as aplicações terão o mesmo valor, observe: Cálculo do montante à taxa de 1% ao mês: M = 1.000,00 . (1 + 0,01)12 = 1.126,80 Cálculo do montante à taxa de 12,68% ao ano: M = 1.000,00 . (1 + 0,1268)1 = 1.126,80 Como os montantes produzidos são iguais, as taxas são equivalentes. Podemos relacionar duas taxas equivalentes por meio da igualdade exis- tente entre os montantes. Para exemplificar, considere um capital C e as se- guintes taxas: M = C . (1 + ip) p e M = C . (1 + iq) q Para que essas taxas sejam equivalentes, o montante produzido por ambas deve ser o mesmo, logo: C . (1 + ip) p = C . (1 + iq) q Dividindo ambos os membros da última igualdade por C, temos: (1 + ip) p = (1 + iq) q Exemplo: Em regime de juros compostos, a taxa mensal de 10% é equivalente a que taxa trimestral? (1 + ip) p = (1 + iq) q (1 +0,10)3 = (1 + it) (1,10)3 = 1 + it 1,331 = 1 + it 1,331 – 1 = it it = 0,331 it = 33,1% ao trimestre Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 229 Logo, em regime de juros compostos, a taxa mensal de 10% é equivalente à taxa trimestral de 33,1%. Quando a questão é de equivalência de taxas, a ideia é, a partir do mesmo Capital, produzir o mesmo montante o que, con- sequentemente, nos levará à igualdade entre os fatores de acumulação de capital. Resolução de questões 1. (Cesgranrio) Uma empresa oferece aos seus clientes desconto de 10% para pagamento no ato da compra ou desconto de 5% para pagamento um mês após a compra. Para que as opções sejam indiferentes, a taxa de juros mensal praticada deve ser, aproximadamente, a) 0,5%. b) 3,8%. c) 4,6%. d) 5,0%. e) 5,6%. 2. (Cesgranrio) Um título com valor de face de R$1.000,00 faltando três me- ses para seu vencimento, é descontado em um banco que utiliza taxa de desconto bancário, ou seja, taxa de desconto simples “por fora”, de 5% ao mês. O valor presente do título, em reais, é: a) 860,00. b) 850,00. c) 840,00. d) 830,00. e) 820,00. 3. (Cesgranrio) Uma quantia de R$20.000,00 aplicada a uma taxa de 2% ao mês no regime de juros compostos, ao final de três meses, gera um mon- tante, em reais, de: a) 20.120,24. b) 21.200,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 230 Matemática financeira I c) 21.224,16. d) 26.000,00. e) 34.560,00. 4. (Cesgranrio) Uma loja oferece um aparelho celular por R$1.344,00 à vista. Esse aparelho pode ser comprado a prazo, com juros de 10% ao mês, em dois pagamentos mensais iguais: um, no ato da compra, e outro, um mês após a compra. O valor de cada um dos pagamentos mensais é, em reais, de: a) 704,00. b) 705,60. c) 719,00. d) 739,20. e) 806,40. 5. (Cesgranrio) João tomou um empréstimo de R$900,00 a juros compostos de 10% ao mês. Dois meses depois, João pagou R$600,00 e, um mês após esse pagamento, liquidou o empréstimo. O valor desse último pagamen- to foi, em reais, aproximadamente, a) 240,00. b) 330,00. c) 429,00. d) 489,00. e) 538,00. 6. (Cespe) Antônio fez dois investimentos seguintes, em que ambos pagam juros compostos de 3% a.m. I. três depósitos mensais, consecutivos e iguais a R$2.000,00; o primeiro foi feito no dia 01/03/2009. II. dois depósitos mensais, consecutivos e iguais a R$3.000,00; o primei- ro foi feito no dia 01/03/2009. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 231 Considerando que M1 e M2 sejam, respectivamente, os montantes das aplicações I e II na data do terceiro depósito correspondente ao investi- mento I, assinale a opção correta: a) M2 - M1 = R$90,90. b) M2 - M1 = R$45,45. c) M2 = M1. d) M1 - M2 = R$45,45. e) M1- M2 = R$90,90 7. (Cespe) Uma instituição financeira capta investimentos oferecendo a taxa interna de retorno de 5% ao mês. Se, ao investir determinada quantia, um investidor fez duas retiradas, uma no valor de R$10.500,00 um mês após a data do depósito, e outra, no valor restante de R$11.025,00, dois meses após o depósito, então o valor investido foi igual a: a) R$18.000,00. b) R$18.500,00. c) R$19.000,00. d) R$19.500,00. e) R$20.000,00. 8. (Cesgranrio) O gráfico a seguir representa as evoluções no tempo do mon- tante a juros simples e do montante a juros compostos, ambos à mesma taxa de juros. M é dado em unidades monetárias e t, na mesma unidade de tempo a que se refere à taxa de juros utilizada. Tempo (t) Simples Composto Montante (M) c0 1 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 232 Matemática financeira I Analisando-se o gráfico, conclui-se que para o credor é mais vantajoso emprestar a juros: a) compostos, sempre. b) compostos, se o período do empréstimo for menor do que a unidade de tempo. c) simples, sempre. d) simples, se o período do empréstimo for maior do que a unidade de tempo. e) simples, se o período do empréstimo for menor do que a unidade de tempo. 9. (Cesgranrio) Júlio fez uma compra de R$600,00, sujeita à taxa de juros de 2% ao mês sobre o saldo devedor. No ato da compra, fez o pagamento de um sinal no valor de R$150,00. Fez ainda pagamentos de R$ 159,00 e R$206,00, respectivamente, 30 e 60 dias depois de contraída a dívida. Se quiser quitar a dívida 90 dias depois da compra, quanto deverá pagar, em reais? a) 110,00. b) 108,00. c) 106,00. d) 104,00. e) 102,00. 10. (FCC) Uma empresa obteve um financiamento de $10.000 à taxa de 120% ao ano capitalizados mensalmente (juros compostos). A empresa pagou $6.000 ao final do primeiro mês e $3.000 ao final do segundo mês. O valor que deverá ser pago ao final do terceiro mês para liquidar o financiamen- to (juros + principal) é: a) $3.250,00. b) $3.100,00. c) $3.050,00. d) $2.975,00. e) $2.750,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 233 Dica de estudo De nada adianta uma pessoa ter boa desenvoltura nos cálculos sem o domínio dos conceitos. Da mesma forma, de nada adianta uma pessoa do- minar os conceitos sem o pleno desenvolvimento dos cálculos. Portanto, o êxito no estudo da matemática financeira reside na prática de exercícios e no domínio dos conceitos. Referências FURTADO, Emerson Marcos. Lições de Matemática Financeira. CEC: Curitiba, 2007. MORGADO, Augusto C.; CESAR, Benjamin. Matemática Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 2006. MORGADO, Augusto C.; WAGNER, Eduardo; ZANI, Sheila C. Progressões e Ma- temática Financeira. SBM – Sociedade Brasileira de Matemática: Rio de Janeiro, 2005. Gabarito 1. Suponha que o preço do produto em questão seja igual a 100 reais. Com o desconto de 10% sobre o preço anunciado, o valor à vista passa a ser igual a 90 reais. Para pagamento após um mês, o desconto é de 5%, ou seja, o pagamento deve ser de 95 reais. Assim, o juro é de 95 – 90 = 5 reais sobre o valor que deveria ser pago à vista, 90 reais. Para calcular a que percentual correspondente a 5 reais, em relação a 90 reais (100%), basta dividir 5 por 90. Assim, 5/90 ≅ 0,056 = 5,6%. Resposta: E Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 234 Matemática financeira I 2. Se o título será descontado “por fora”, então o desconto é comercial e inci- dente sobre o valor nominal do título. Como a taxa de desconto simples é igual a 5% ao mês e o desconto é realizado 3 meses antes do vencimento, então o desconto será de 3 . 5% = 15% sobre o valor do título. Assim, o valor presente do título será 15% menor do que o valor nominal, ou seja, será 85% do valor nominal. Portanto, o valor presente (descontado) é dado por: A = 0,85 . 1.000,00 = 850,00 Resposta: B 3. O montante de um capital de R$20.000,00, após três meses em regime de juros compostos e à taxa de 2% ao mês é dado por: M = 20.000 . (1,02)3 M = 20.000 . 1,061208 M = 21.224,16 Resposta: C 4. Suponha que o valor da 1.ª prestação seja igual a x reais. O saldo de- vedor, imediatamente após o pagamento da 1.ª prestação, é igual a (1.344 – x). Como este saldo devedor será quitado após um mês, haverá a incidência de juros na taxa de 10%, ou seja, a 2ª prestação deve ser igual a (1.344 – x) . 1,10. Se as prestações são iguais, deve-se ter: x = (1.344 – x) . 1,10 x = 1.478,40 – 1,10x 1,10x + x = 1.478,40 2,10x = 1.478,40 x = 1.478,40/2,10 x = 704 Resposta: A Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 235 5. O empréstimo de 900 reais tem saldo devedor igual a 1,10 . 900 = 990 reais após um mês, e 990 . 1,10 = 1.089 após dois meses. O pagamento de 600 reais após dois meses, deixa saldo devedor de 1.089 – 600 = 489. Se o último pagamento será feito após três meses do empréstimo, ainda se deve considerar o juro de 10% sobre o saldo deve- dor de 489. Assim, o último pagamento é igual a 1,10 . 489 = 537,90., ou seja, aproximadamente 538,00. Resposta: E 6. Na data do 3.º depósito do investimento I, o montante do investimento I, é dado por: M1 = 2.000 . (1,03) 2 + 2.000 . (1,03) + 2.000 . (1,03)0 M1 = 2.121,80 + 2.060 + 2.000 M1 = 6.181,80 Na data do 3.º depósito do investimento I, o montante do investimento II, é dado por: M2 = 3.000 . (1,03) 2 + 3.000 . (1,03) M2 = 3.182,70 + 3.090 M2 = 6.272,70 Logo, a diferença entre M2 e M1 é dada por: M2 – M1 = 90,90 Resposta: A 7. A taxa interna de retorno é aquela que anula o Valor Presente do Fluxo de Caixa, considerando-se recebimentos e pagamentos. Vamos supor que o investimento inicial é igual a X. Logo, com as informações do enunciado, é possível construir uma tabela que apresente os recebimentos e paga- mentos ao longo do tempo: Tempo (em meses) 0 1 2 Investimento (em reais) –X +10.500 +11.025 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 236 Matemática financeira I Assim, se a TIR é igual a 5% ao mês, deve-se descontar os valores rece- bidos nos instantes 1 e 2 para o instante zero (data focal), somar estes recebimentos quando levados à data zero, subtrair o investimento inicial e igualar a zero o Valor Presente: VP = –X + 10.500/(1,05) + 11.025 / (1,05)2 = 0 VP = –X + 10.500/(1,05) + 11.025 / (1,1025) = 0 VP = –X + 10.000 + 10.000 = 0 VP = –X + 20.000 = 0 X = 20.000 Logo, o investimento inicial foi de R$20.000,00. Resposta: E 8. O gráfico compara uma aplicação realizada a juros simples com outra a ju- ros compostos. Ao final do período 1, os gráficos se intersectam. Assim, ao final do período 01 as duas aplicações obtêm o mesmo rendimento. Em um período maior que 01 o montante em um regime de juros compostos apresenta maior rendimento do que o montante em juros simples. Entre- tanto, para o período inferior ao instante 01, o montante em juros simples apresenta maior rendimento do que o montante em juros compostos. Resposta: E 9. Júlio pagou R$150 à vista. Logo, o saldo devedor no instante inicial da compra é igual a 600 – 150 = 450. Sobre esse saldo devedor deve-se ter juro de 2%, ou seja, 1,02 . 450 = 459 é o saldo devedor após um mês. Se a prestação após um mês é igual a 159 reais, então o saldo devedor será 459 – 159 = 300. Sobre esse saldo devedor há juro de 2%, de modo que a dívida passará a ser de 1,02 . 300 = 306. Se o pagamento após dois meses é de206, então saldo devedor será 306 – 206 = 100. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Matemática financeira I 237 Uma vez que a quitação será somente após três meses da data da compra, então o pagamento necessário para saldar a dívida deve ser 2% maior do que 100 reais, saldo devedor após dois meses, ou seja, deve ser de 1,02 . 100 = 102 reais. Esse problema também poderia ser resolvido projetando-se todos os pa- gamentos para o mês 3 após a compra e efetuando a soma dos pagamen- tos menos o valor da compra. Resposta: E 10. A taxa de 120% ao ano é proporcional a 10% ao mês. Esta deve ser a taxa efetiva mensal utilizada para atualizar o saldo devedor. O financiamento é igual a 10.000. Após um mês, o saldo devedor é igual a 10.000 . 1,10 = 11.000. Se o 1.º pagamento é igual a 6.000, então o saldo devedor logo após o 1.º pagamento é igual a 11.000 – 6.000 = 5.000. Se esse saldo será abatido ao final do 2.º mês, então haverá incidência de juros à taxa de 10%. Logo, o saldo devedor é igual a 5.000 . 1,10 = 5.500. Se o 2.º pagamento é igual a 3.000, então o saldo devedor logo após o 2.º pagamento é igual a 5.500 – 3.000 = 2.500. Ao final do 3.º mês, o saldo devedor deve ser 10% maior do que 2.500, ou seja, 1,10 . 2.500 = 2.750. Portanto, o valor que deverá ser pago ao final do terceiro mês para liqui- dar o financiamento é igual a 2.750. Resposta: E Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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