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Teoria Geral do ProcessoExaminaremos as garantias fundamentais do processo

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Teoria Geral do Processo Examinaremos as garantias fundamentais do processo, bem como a estrutura e a topologia do CPC/2015.
Introdução
Nesta aula, veremos o conceito, a natureza, a evolução histórica do Direito Processual, bem como o princípio do acesso à justiça.
Estudaremos os ramos do Direito Processual, os princípios processuais, o neoconstitucionalismo e o garantismo processual.
Examinaremos as garantias fundamentais do processo, bem como a estrutura e a topologia do CPC/2015.
Uma nova feição para a jurisdição neoconstitucional
Segundo Humberto Theodoro Jr. (2011), a ampla aceitação e obediência à ordem jurídica pelos membros da coletividade se dão porque ela se estabeleceu fundamentada na garantia da paz social e do bem comum. O que autoriza ao Estado, diante de uma transgressão a essas garantias, a adoção de medidas de coação, tendo em vista a proteção do ordenamento e sua credibilidade.
Não obstante o entendimento das funções do Estado Moderno estar rigorosamente associado à célebre obra de Montesquieu (1997) – O espírito das leis –, pela qual o Estado seria representado pela separação dos poderes, hodiernamente, vem prevalecendo a ideia de que o poder, como expressão da soberania estatal, é, na verdade, uno e indivisível.
Nesse sentido, na concepção da doutrina mais moderna, a clássica expressão “separação de poderes” deve ser interpretada como uma divisão funcional de poderes. Convencionalmente chamada de funções do Estado, a divisão compreende, por conseguinte, as funções legislativa, administrativa e jurisdicional.
A Jurisdição e o Estado Contemporâneo
A partir dessa ideia, podemos identificar a jurisdição como sendo, simultaneamente, um poder ― capacidade de impor suas decisões imperativamente ―, uma função ― como encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos sociais ―, e uma atividade.
Vejamos as definições de dois importantes autores para esse termo:
Jurisdição
O mesmo que jurisdictio, em latim, traduz-se na “ação de dizer o direito”; resulta da soberania do Estado e, junto às funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas.
Corroborando o exposto até então, Candido Rangel Dinamarco (2001) ressalta que a jurisdição não consiste em um poder, mas o próprio poder estatal que é uno.
Segundo Giuseppe Chiovenda, jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do Estado.
Em sendo a jurisdição uma atividade de substituição, há de existir algo a ser substituído para que se possa caracterizá-la. Esse entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do juiz, pois a vontade do povo é expressada pela lei, a qual é o produto da atividade do legislador.
Teoria constitutiva ou unitarista
Em oposição, coloca-se a teoria constitutiva ou unitarista do ordenamento jurídico. Francesco Carnelutti, adepto da teoria, afirma que a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição da lide, caracterizada pela exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio, bem como pela resistência da outra parte.
Nessa visão, só haveria processo e jurisdição se houvesse lide. Em conclusão, não existiria um direito até que o Poder Judiciário ― e não o Poder Legislativo ― o conferisse, de modo que a jurisdição teria o intuito de resolver o litígio.
Fonte: StudioSmart / Shutterstock
Há, contudo, alguns doutrinadores que acabaram por reunir os conceitos de ambas as escolas, por entenderem complementares e não excludentes, como Moacyr Amaral Santos (2007, p. 3), ao conceituar o processo como "o complexo de atos coordenados, tendentes à atuação da vontade da lei às lides ocorrentes, por meio dos órgãos jurisdicionais".
Conceito de lide
O conceito de lide de Carnelutti (1999, p. 80-81) desenvolve-se a partir da ideia de que, se a pretensão é a "subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio", a resistência seria justamente a inconformidade dessa pretensão em frente ao interesse alheio.
Diante dessa afirmativa, formou-se o famoso conceito de lide, segundo o qual seu objeto seria o conflito de interesses formado pela contestação quanto à necessidade de subordinação de um interesse a outro.
Por fim, é necessário fazer referência à obra de Luiz Guilherme Marinoni, que vem retomando a ideia de um processo civil constitu​cionalizado, revendo os conceitos tradicionais de jurisdição apresentados pelos mestres italianos.
Conceito de lide
O autor sustenta que:
Diante da transformação da concepção de direito, não há mais como sustentar as antigas teorias da jurisdição, que reservavam ao juiz a função de declarar o direito ou de criar a norma individual, submetidas que eram ao princípio da supremacia da lei e ao positivismo acrítico. O Estado constitucional inverteu os papéis da lei e da Constituição, deixando claro que a legislação deve ser compreendida a partir dos princípios constitucionais de justiça e dos direitos fundamentais. Expressão concreta disso são os deveres de o juiz interpretar a lei de acordo com a Constituição, de controlar a constituciona​lidade da lei, especialmente atribuindo-lhe novo sentido para evitar a declaração de inconstitucionalidade, e de suprir a omissão legal que impede a proteção de um direito fundamental. (MARINONI, 2005, p. 65)
Assim, facilmente apreende-se por todo o exposto que não é possível conceber nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos princípios constitucionais, em especial os princípios do acesso à justiça e da dignidade da pessoa humana.
Acesso à Justiça
É, hoje, o princípio fundamental da jurisdição, previsto no art. 5°, inciso XXXV da Constituição de 1988.
Aula 1
Humberto Dalla
Direito processual e acesso à justiça
Jurisdição clássica x jurisdição neoconstitucional
 A Jurisdição e o Estado Contemporâneo
 O Acesso à Justiça e o direito processual no Brasil
Evolução histórica do direito processual brasileiro
O CPC/73 e as Reformas Processuais
O Código de Processo Civil de 2015
O Código de Processo Penal (CPP) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): as principais características da teoria geral do processo aplicáveis ao direito penal e ao direito do trabalho
O Acesso à Justiça
Você lembra quando surgiram as questões e problemas relacionados ao acesso à justiça? Vamos relembrar essas informações?
Nesse ponto, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro (1999), após se propor a um estudo com o objetivo de aferir se as reformas legislativas havidas em meio ao movimento de acesso à justiça foram fiéis às premissas iniciais, assevera que o desenvolvimento dessa empreitada depende da apresentação de proposta que contenha os quatro grandes princípios que devem informar o real significado da expressão acesso à justiça.
Vamos, então, fazer uma breve análise desses princípios?
Primeiro princípio
O primeiro deles é a acessibilidade, que pressupõe a existência de sujeito de direito, com capacidade tanto de estar em juízo como de arcar com os custos financeiros para tanto. E que proceda de forma adequada à utilização dos instrumentos legais judiciais ou extrajudiciais, de tal modo a possibilitar a efetivação de direitos individuais e coletivos.
A expressão desse princípio se dá por três elementos, quais sejam: o direito à informação enquanto conhecimento dos direitos que se detém e da forma de utilizá-los; a garantia da escolha adequada dos legitimados para propositura das demandas; e, por fim, a redução dos custos financeiros do processo de forma que estes não dificultem ou inibam o acesso à justiça.
Segundo princípio
O segundo princípio elencado pelo autor é o da operosidade, que se consubstancia no dever das pessoas que participam da atividade judicial ou extrajudicial de atuarem do modo mais produtivo e empenhado possível a fim de assegurar um efetivo acesso à justiça.
Tal princípio tem aplicação nos campos objetivo e subjetivo. Noprimeiro, concretiza-se a partir de uma atuação ética dos sujeitos envolvidos no processo — incluindo os advogados e juízes — que devem sempre colaborar com as atividades direcionadas à democratização do processo.
Já no campo objetivo, esse princípio indica a necessidade de utilização dos instrumentos e meios mais eficazes pelas partes. Atuando eticamente para otimizar a produtividade, que se relaciona, em última instância, à perfeita conjugação do binômio celeridade-eficiência na constante busca pela verdade real e pela conciliação.
Terceiro princípio
O terceiro princípio é o da utilidade. Por utilidade entende-se que o processo deve assegurar ao vencedor tudo aquilo que lhe é de direito, do modo mais rápido e proveitoso possível e com o menor sacrifício para a parte vencida.
Menciona o autor que “a jurisdição ideal seria aquela que pudesse, no momento mesmo da violação, conceder, a quem tem razão, o direito material” (CARNEIRO, 1999, p. 79.)
Quarto princípio
O quarto e último princípio apontado pelo jurista é o da proporcionalidade. O referido princípio se consubstancia na necessidade de escolha pelo julgador. Ele se vê constantemente diante de inúmeros dilemas, examinando as possíveis soluções que mais se harmonizem com os princípios informadores do direito, e com os fins a que determinado conjunto de regras visa a alcançar, privilegiando, ao final, o interesse mais valioso.
Os princípios e o acesso à justiça
Todos os princípios elencados por Carneiro, uma vez observados como pontos norteadores dos esforços para o aperfeiçoamento dos institutos e regras processuais, sem dúvida conduzirão à ampliação do efetivo acesso à justiça em nosso país.
Muitas das reformas que se almejam requerem apenas aperfeiçoamentos técnicos, outras dizem respeito ao melhoramento da tutela dos interesses difusos ou ao desafogamento dos tribunais nacionais.
O fato é que se deve ter em mente não só a necessidade de proceder às reformas do ponto de vista técnico-legislativo, mas também a necessidade de se adotar medidas que permitam colocar em prática as mudanças havidas no campo teórico.
Deve-se, ainda, compreender que o movimento em prol do efetivo acesso à ordem jurídica justa visa garantir nada menos do que um direito verdadeiramente fundamental de todos os jurisdicionados (cf. MARINONI, 2005), o qual já constitui o foco da ciência processual moderna (cf. CAPPELLETTI, 1988).
Evolução histórica, reformas na legislação processual e premissas do novo CPC
Evolução histórica do direito processual brasileiro
Durante o período colonial, o Brasil era regido pelas leis processuais portuguesas, como não poderia deixar de ser, visto que Brasil e Portugal formavam um Estado único (cf. GRECO, 2009). Foi o período das Ordenações emanadas da Corte.
Vigoravam, nessa época:
 as Ordenações Afonsinas, de 1456, inspiradas, principalmente, no direito romano, no direito canônico e nas leis gerais elaboradas a partir do reinado de Afonso II, vigorando à época do Descobrimento;
 as Ordenações Manuelinas, de 1521, as primeiras editadas em território nacional;
 as Ordenações Filipinas, promulgadas em 1603.
O CPC/73 e as Reformas Processuais
Chegamos, assim, ao segundo Código de Processo Civil, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e baseado no anteprojeto de autoria de Alfredo Buzaid.
Inaugurou‑se a Fase Instrumental, pela qual o processo não seria um fim em si mesmo, mas um instrumento para assegurar direitos. Com isso, surgiu a relativização das nulidades e a liberdade das formas para maior efetividade da decisão judicial.
Para Buzaid, mais fácil se afigurava a criação de um novo Código processual civil que a correção do já existente. Devido não só à pluralidade e diversidade de leis processuais então vigentes, mas também à necessidade de serem supridas diversas lacunas e falhas do Código de 1939, que o impediam de funcionar como instrumento de fácil manejo no auxílio à administração da Justiça.
Essa dúvida entre reformar o antigo Código ou elaborar um novo é exposta pelo próprio Alfredo Buzaid no primeiro capítulo da Exposição de Motivos do Código de Processo Civil de 1973.
O CPC de 1973 sofreu inúmeras alterações, sobretudo a partir do início da década de 1990. Teve início aí a chamada Reforma Processual, processo fragmentado em dezenas de pequenas leis que se destinam a fazer mudanças pontuais e ajustes “cirúrgicos”.
Dentro dessas premissas, passamos a analisar o movimento do legislador brasileiro em prol das reformas processuais, sobretudo a partir da Emenda n. 45/04.
O Código de Processo Civil de 2015
O P.L. n. 8.046/2010, que almejava a edição de um novo Código de Processo Civil, foi elaborado por uma Comissão composta por diversos juristas, que concluiu, em dezembro de 2009, a primeira fase de seus trabalhos. Depois, submeteu a proposta elaborada a oito audiências públicas, que resultaram na análise de mais de mil sugestões e, finalmente, ao processo legislativo.
Vejamos:
2010
O projeto foi apresentado ao presidente do Senado no dia 8 de junho de 2010, sob o n. PL n. 166/2010. Foi, então, constituída uma Comissão no Senado para apresentar emendas ao projeto até o dia 27 de agosto de 2010 e, em novembro de 2010, já havia a divulgação dos relatórios parciais sobre o projeto.
O relatório da Comissão do Senado, no dia 24 de novembro de 2010, veio com a apresentação de um projeto substitutivo, o PLS n. 166/2010, do Senador Valter Pereira, que foi, após algumas mudanças no texto do projeto substitutivo, aprovado no Senado, no dia 15 de dezembro de 2010.
2011
O projeto foi, então, para a Câmara dos Deputados, como PL n. 8.046/2010, seguindo, no dia 5 de janeiro de 2011, para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. No dia 3 de fevereiro de 2011, o projeto estava na Coordenação de Comissões Permanentes e, no dia 4 de maio de 2011, em plenário, foi requerida a nomeação de comissão especial, para analisar o projeto para um novo Código de Processo Civil.
Em 5 de julho, já na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o Requerimento n. 1.560/2011, de criação de comissão especial para análise do projeto de lei, é julgado prejudicado, tendo em vista a determinação de instalação da Comissão Especial.
2013
Já no ano de 2013, foram apresentadas duas novas versões, uma em janeiro e outra em junho. Em julho, o texto foi aprovado pela Comissão Especial e remetido ao pleno. Em dezembro de 2013 e março de 2014, foram apresentados e votados Destaques. Finalmente, em 25 de março, foi votada e aprovada a versão final, que já foi devolvida ao Senado.
2014
O Senado reconvocou sua Comissão original, promoveu diversas alterações no texto e aperfeiçoou a redação. A versão final foi votada em dezembro de 2014, em dois dias.
No primeiro, o texto-base, e, no segundo, os destaques (matérias mais polêmicas, sobre as quais não havia consenso). Aprovado o texto final, a partir do Substitutivo apresentado pelo Sen. Vital do Rego, foi feita uma profunda revisão para evitar equívocos nas remissões ou antinomias no texto.
2015
Finalmente, foi enviado à sanção Presidencial em fevereiro de 2015. O texto foi sancionado com sete vetos no dia 16 de março e publicado no DO, no dia 17: Lei n° 13.105/15 — Instituiu o novo Código de Processo Civil brasileiro.
Independentemente da versão a ser analisada, é possível dizer que a ideia norteadora do texto é a de conferir maior celeridade à prestação da justiça, atentando à premissa de que há sempre bons materiais a serem aproveitados da legislação anterior, mas, também, firme na crença de que são necessários dispositivos inovadores e modernizantes.
O projeto, portanto, empenhou-se na criação de um “novo Código”, buscando instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam pelo Poder Judiciário.
Trata-se de uma nova ideologia, de um novo jeito de compreender o processo civil. Pela leitura do texto, é possível perceber a preocupaçãoem sintonizar as regras legais com os princípios constitucionais, revelando a feição neoconstitucional e pós-positivista do trabalho.
Os institutos são revistos, o procedimento é abreviado, os recursos são reservados para os casos relevantes, os precedentes passam a ter maior prestígio, o processo eletrônico é viabilizado e a efetividade, finalmente, parece se tornar algo mais próximo e palpável.
Tendo como premissa essa meta, construiu-se:
A proposta de instituição de um incidente de resolução de demandas repetitivas, objetivando evitar a multiplicação das demandas, na medida em que o seu reconhecimento em uma causa representativa de milhares de outras idênticas imporá a suspensão de todas.
Outra previsão é a redução do número de recursos hoje existentes, como a abolição dos embargos infringentes e do agravo retido, como regra, adotando‑se no primeiro grau de jurisdição uma única impugnação da sentença final. Nessa oportunidade, a parte poderá manifestar todas as suas discordâncias quanto aos atos decisórios proferidos no curso do processo, ressalvada a tutela de urgência impugnável de imediato por agravo de instrumento.
Atividade – aula 01
Helena e Marcílio pretendem se divorciar de forma consensual. São pais de 02 filhos menores, absolutamente incapazes e por isso deverão promover a medida judicial para chancelar o acordo de vontades. Indaga-se: a) A tutela reclamada em juízo é da jurisdição contenciosa ou não contenciosa (voluntária)? Justifique. b) O ato judicial é uma decisão solucionando lide? Justifique. 
GABARITO:
GABARITO
a) Ela é da jurisdição não contenciosa (voluntária). Nessa, não há lide, não há partes, não há sentença solucionando conflito algum, ela apenas chancela ou homologa a vontade das partes dentro de determinadas condições previstas na lei.
b) Não, porque não é deduzida em juízo uma pretensão, de regra, com possibilidade de resistência. A sentença homologatória do ato das partes não faz coisa julgada material.
Aula 2
Normas e princípios processuais
A norma processual e seus reflexos no tempo e no espaço
Fontes do Direito Processual
Identificação da norma processual
Dimensão espacial e temporal
O neoconstitucionalismo e o direito processual
Os princípios processuais mais relevantes.
Princípios constitucionais e infraconstitucionais
Devido processo legal: contraditório e ampla defesa
Isonomia
Juiz natural
Inafastabilidade do controle jurisdicional
Publicidade dos atos processuais
Motivação das decisões judiciais
Duração razoável do processo
Boa-fé e Cooperação
O Princípio Protetor no Processo do Trabalho
O Princípio da Presunção de Inocência no Processo Penal
Introdução
Nesta aula, abordaremos a aplicação de normas processuais, bem como suas regras, seus princípios e sua eficácia temporal e espacial. Estudaremos a hermenêutica constitucional, a interpretação e a integração das regras.
É muito importante compreender adequadamente a subdivisão das normas em regras e princípios para que se possa utilizar a metodologia adequada nos momentos da interpretação e da integração dessas normas.
Por fim, vamos nos debruçar sobre os princípios processuais que refletem as garantias fundamentais ligadas ao processo.
A norma processual e seus reflexos
Fontes do Direito Processual
As fontes de direito, em geral, podem ser conceituadas como os meios de produção, expressão ou interpretação da norma jurídica. São os meios pelos quais as normas jurídicas são estabelecidas de modo a prover o direito objetivo.
Vejamos:
Fontes formais são aquelas que detêm força vinculante e constituem o próprio direito positivo. A fonte formal do direito processual, por excelência, é a lei lato sensu1 , que é dotada de coercitividade e é considerada a principal forma de expressão do direito.
Fontes materiais Passado o estudo das fontes formais do direito, veremos as fontes materiais, aquelas que não possuem força vinculante nem caráter obrigatório, mas se destinam a revelar e informar o sentido das normas processuais. Essas fontes materiais são dotadas de caráter ético, sociológico, político, histórico, econômico, cultural etc. que, em determinado momento, servem para provocar, justificar e legitimar o ato de criação das normas legais, pois influenciam o legislador que elabora propostas legislativas, frutos da observância de valores e interesses sociais. Nessa linha, podemos observar que, por diversas vezes, recomendações ou resoluções, sem caráter normativo, acabam, com o tempo, sendo convertidas em leis.
Meios suplementares Além das fontes formais e materiais do direito, existem os chamados meios suplementares de integração da norma, que são aqueles institutos jurídicos destinados a preencher lacunas no ordenamento, que, constatadas pelo magistrado, têm que ser preenchidas para que sejam executáveis sob pena de resultar em negativa de prestação jurisdicional (non liquet). Essa terceira fonte seria formada pela jurisprudência 1 (entendimento dos tribunais) e pela doutrina (ensinamentos dos autores especializados). Para parte da doutrina, argumenta-se que essa terceira fonte não possui qualquer eficácia vinculativa ao aplicador do direito. Para outra parte doutrinária, essas seriam sim consideradas como princípios gerais do direito, ao lado do costume.
Identificação da norma processual
O Estado é o responsável pela determinação das normas jurídicas que estabelecem como deve ser a conduta das pessoas em sociedade. Tais normas podem ser definidoras de direitos e obrigações ou do modo de exercício desses direitos.
Primeiras normas
As primeiras constituem aquilo que convencionamos chamar de normas jurídicas primárias ou materiais. Trata-se do Direito Substantivo. Elas fornecem o critério a ser observado no julgamento de um conflito de interesses.
Aplicando‑as, o juiz determina a prevalência da pretensão do demandante ou da resistência do demandado, compondo, desse modo, a lide que envolve as partes. Definem os direitos e as obrigações, mas não lidam com as consequências jurídicas do descumprimento dos deveres.
Segundas normas
As segundas, de caráter instrumental, compõem as normas jurídicas secundárias ou processuais. Elas determinam a técnica a ser utilizada no exame do conflito de interesses, disciplinando a participação dos sujeitos do processo (principalmente as partes e o juiz) na construção do procedimento necessário à composição jurisdicional da lide.
Identificação da norma processual
Portanto, a diferença básica entre elas é quanto ao âmbito de incidência. Disso se infere que, para classificar uma norma como processual ou material, pouco importa o diploma legislativo do qual ela deflui.
Embora a maior parte das normas processuais emane de diplomas destinados à disciplina do processo, também é possível, examinando diplomas tipicamente materiais, encontrar‑se normas dessa categoria. É chamado de Direito Adjetivo, embora hoje seja reconhecida sua autonomia em relação ao Direito Material.
Neste ponto, cabe distinguir os direitos das garantias. Vejamos:
DIREITOS
Enquanto os direitos são estipulados pelo direito material na forma de prerrogativas para um sujeito...
GARANTIAS
...as garantias são dadas pelo direito processual com a finalidade de assegurar o cumprimento das normas materiais ou de trazer consequências ao descumprimento.
Após a verificação de que há normas que definem direitos e obrigações e outras que as asseguram no caso de descumprimento, é mister compreender por que meios se pode exigir o atendimento de uma prerrogativa.
Por exemplo: se um credor de uma obrigação de pagar quiser receber, mas o devedor não quiser pagar, teremos vontades colidentes.
Dimensão espacial e temporal da norma processual
A eficácia espacial das normas processuais é determinada pelo princípio da territorialidade, conforme expressam os arts. 1º e 1.211, 1ª parte, do CPC/1973 e o art. 13 do CPC/2015.
O princípio, com fundamentona soberania nacional, determina que a lei processual pátria é aplicada em todo o território brasileiro (não sendo proibida a aplicação da lei processual brasileira fora dos limites nacionais), ficando excluída a possibilidade de aplicação de normas processuais estrangeiras diretamente pelo juiz nacional.
São ressalvados os casos de prova relativos a negócios jurídicos estrangeiros, de acordo com o art. 13 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, nova nomenclatura que a Lei n. 12.376/2010 deu à Lei de Introdução ao Código Civil (LICC).
Fonte: corund / Shutterstock
Devido ao sistema federativo por nós adotado, compete privativamente à União legislar sobre matéria processual, conforme determina o art. 22, I, da CF. Não ocorre, pois, como nos EUA, em que as leis processuais divergem de um Estado para outro.
Não obstante, as normas procedimentais estaduais brasileiras podem variar de Estado para Estado, uma vez que o art. 24, XI, da CF, outorgou competência concorrente à União, aos Estados‑membros e ao Distrito Federal, para legislar sobre “procedimentos em matéria processual”. Segundo Greco Filho (2007), estes seriam os procedimentos de apoio ao processo, e não o procedimento judicial.
Quanto ao procedimento, podem-se organizar os aspectos do processo em:
 interno – relação jurídica entre as partes;
 externo – procedimento como sucessão ordenada de atos processuais.
Para continuar lendo sobre a Dimensão espacial e temporal da norma processual, clique aqui.
O neoconstitucionalismo e seus impactos na atividade hermenêutica
Com a premissa do neoconstitucionalismo, os métodos tradicionais de interpretação, ainda que auxiliados pelos meios de integração, não podem mais ser avaliados independentemente do Texto Constitucional.
Dessa forma, Barroso (2010) afirma que a interpretação constitucional necessita de outros parâmetros, a saber:
1. a superioridade hierárquica (nenhuma norma infraconstitucional pode existir validamente, se for incompatível com preceito constitucional);
2. a natureza aberta da linguagem (ordem pública, igualdade perante a lei, dignidade da pessoa humana, razoabilidade‑proporcionalidade, moralidade);
3. o conteúdo específico (organização dos Poderes, definição de direitos fundamentais e normas programáticas, estabelecendo princípios ou indicando fins públicos);
4. o caráter político (a Constituição é o documento que faz a interface entre a política e o direito, entre o poder constituinte e o poder constituído).
Completando esse raciocínio...
No modelo tradicional, ou seja, positivista, o papel do juiz era o de tão somente descobrir e revelar a solução contida na norma. Em outras palavras, como ressalta Barroso (2009), formulava juízos de fato e não de valor. Mais do que isso, muitas vezes, a interpretação não era lastreada na Constituição.
Agora, no modelo pós‑positivista, o magistrado deve estar preparado para constatar que a solução não está integralmente na norma, o que demanda um papel criativo na formulação da solução para o problema.
Ele se torna, assim, coparticipante do papel de produção do direito, mediante integração, com suas próprias valorações e escolhas, das cláusulas abertas constantes do sistema jurídico. Faz-se necessário verificar a constitucionalidade das normas, sabendo que se subdividem em regras (comandos) e princípios (valores).
Princípios processuais relevantes
Canotilho (2000) defende que regras e princípios devem ser entendidos como espécies do gênero norma. Desse modo teríamos normas-regras e normas-princípios e, portanto, tal distinção residiria, em última análise, em uma diferenciação entre dois tipos de normas.
Daí resulta que ambas teriam aplicação prática e força cogente. Mas, enquanto a norma-regra regularia aspectos pontuais, sendo aplicada ou não — de forma peremptória —, a norma-princípio regularia situações mais elásticas, comportando ponderações no caso concreto, em virtude do seu maior grau de abstração.
Note-se ainda que as normas-princípios desempenham importante papel tanto na atividade do legislador quanto na do operador do direito. O primeiro, ao ditar normas-regras, deve considerar as normas-princípios já existentes no sistema.
O operador do direito, por sua vez, utiliza as normas-princípios no momento da interpretação e da aplicação das normas-regras, muitas vezes recorrendo àquelas para precisar o exato sentido e alcance destas últimas. Além disso, as normas-princípios também auxiliam o operador na tarefa de colmatagem de lacunas.
Fonte: ene / Shutterstock
Os mais relevantes princípios processuais no Brasil são:
   
   
Clique nos títulos acima.
Atividade proposta
Vamos fazer uma atividade para testar nossos conhecimentos diante do que estudamos até aqui?
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Atividade – aula 02
Regina, brasileira, solteira, com seis filhos menores, desempregada, residente na comunicada carente de sua cidade, procura certo órgão de atuação da Defensoria Pública, narrando que no último dia 04 de janeiro de 2007, durante uma incursão policial na comunidade, uma de suas filhas, Ana, de apenas cinco anos de idade, foi vítima de uma bala perdida e apesar de socorrida, morreu logo ao chegar ao Hospital Municipal local. 
A Defensora Pública, diante do relato e após verificar as condições sócio-econômicas de Regina, decide ajuizar ação buscando indenização junto ao Estado. INDAGA-SE:
 a) A Defensoria Pública é órgão criado para servir de instrumento de acesso à justiça? Justifique a resposta? Aponte o fundamento legal
a) Sim, a Defensoria é um importante instrumento de acesso à justiça, pois atende a camada social mais desfavorecida economicamente e frágil da população (CF, arts 5º, LXXIV e 134, caput). Destaca-se que, onde estão instalados órgãos da Defensoria Pública, chega a ser a que mais promove ação em juízo. A procura dos jurisdicionados é grande diante da possibilidade de obter a assistência judiciária gratuita, na grande maioria dos casos.
. b) O prazo em dobro concedido à Defensoria Pública infringe o princípio da igualdade das partes? Justifique. b) Não. Tal previsão serve justamente para garantir um tratamento igualitário às partes. Verificar o posicionamento do STF sobre a chamada inconstitucionalidade progressiva, na medida em que esses órgãos nacionalmente se organizaram e estão, de fato, em perfeitas condições de oferecer às partes um atendimento adequado. Essa previsão é até possível, no futuro, perderá o seu sentido e aí sim será considerada inconstitucional, ou seja, quando estiver suficientemente aparelhada, quer em sentido físico (instalações) ou de pessoal.
c) Analisando o quadro de evolução histórica do Direito Processual Civil, em que fase nos encontramos? Qual a preocupação do processualista moderno?  Justifique as respostas. 
c) Fase instrumentalista. A preocupação do processualista moderno é garantir que o processo seja efetivamente um instrumento de acesso à justiça. A Constituição da República no seu art. 5º, inciso LVXXVIII, incluído na reforma do Poder Judiciário, estabelece que o processo deva ser conduzido pelo juiz e pelas partes de forma a ter duração razoável (tempestividade) e celeridade.
Aula 3
Meios adequados de solução de conflitos
Principais espécies de meios adequados de solução de conflitos.
Negociação, conciliação, mediação e arbitragem
Evolução histórica e panorama atual
O tratamento dado aos meios adequados pelo novo CPC
As Leis n°s 13.129 e 13.140 de 2015 (arbitragem e mediação)
A mediação e a conciliação no CPC/2015
Arbitragem 
Aspectos constitucionais
Princípios e características
A arbitragem no CPC/2015 e na Lei n° 13.129/15
Introdução
Nesta aula, estudaremos os meios adequados de solução de controvérsias – negociação, conciliação, mediação e arbitragem –, enfatizando sua evolução, a questão da constitucionalidade, seus princípios e suas características marcantes.
Além das noções gerais, dos conceitos edo exame comparativo entre esses institutos, veremos como são tratados no Novo Código de Processo Civil (NCPC/2015) e na lei n° 13.129/2015, que alterou as leis n° 9.307/1996 – Lei da Arbitragem – e nº 13.140/2015 – aquela que regula a mediação judicial e extrajudicial.
Diferença entre meios alternativos
Um conflito pode ser solucionado pela via estatal – jurisdição – ou pelos meios alternativos. Com efeito, é cada vez mais comum o uso desses últimos métodos durante o processo judicial.
No intuito de registrar as principais diferenças entre os meios puros de solução alternativa, apresentamos, a seguir, alguns conceitos básicos. Vejamos:
Negociação
Mediação
Conciliação
Arbitragem
Negociação
Processo pelo qual as partes envolvidas no litígio buscam, de forma direta e sem a interveniência de uma terceira pessoa, chegar a uma solução consensual.
A negociação envolve sempre esse contato direto entre as partes ou entre seus representantes. Portanto, não há, aqui, um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro ou um juiz. Por meio de processos de conversação, as partes procuram fazer concessões recíprocas, reduzindo suas diferenças, e, através delas, chegam à solução pacificadora.
Obviamente, em razão do comprometimento emocional e, muitas vezes, da falta de habilidade dessas partes para chegar a uma solução, a negociação acaba se frustrando – razão pela qual se escolhe a segunda modalidade de solução alternativa: a mediação.
Histórico: mediação e conciliação
A primeira iniciativa legislativa em direção aos meios alternativos de solução de conflitos ganhou forma com o Projeto de Lei (PL) nº 4.827/1998, oriundo de proposta da Deputada Zulaiê Cobra.
O texto inicial levou à Câmara uma regulamentação concisa, estabelecendo a definição de mediação e elencando algumas disposições a respeito. Após longo e acidentado percurso, o PL foi arquivado em 2006.
Entretanto, em 2010, dentro de um contexto mais amadurecido sobre o tema, o CNJ implementou, de forma definitiva, o denominado sistema multiportas e editou a Resolução n° 125, com base nas seguintes premissas:
a) O direito de acesso à Justiça (artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição) implica, além da vertente formal perante os órgãos judiciários, acesso à ordem jurídica justa;
b) Cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar em âmbito nacional não somente os serviços prestados nos processos judiciais mas também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos – em especial, os consensuais, como a mediação e a conciliação;
c) Há necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios.
Atenção
De acordo com a Resolução nº 125/2010 do CNJ:
Art. 1º Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade.
Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão.
Histórico: arbitragem
As raízes da arbitragem datam de período tão antigo que há notícia da matéria até mesmo na mitologia grega.
No Brasil, apesar de suas antigas previsões, a edição da lei nº 9.307/1996 foi um marco determinante que regulamentou e difundiu o instituto – atualmente em verdadeira ascensão no País.
A consolidação da arbitragem em território nacional deveu-se, especialmente, ao prestígio dado pelos tribunais brasileiros a sua utilização, conferindo eficácia às sentenças e às convenções arbitrais.
Nesse contexto legislativo, em 17 de março de 2015, foi publicada a lei n° 13.105 (NCPC), que deve observar prazo de um ano até que entre em vigor (artigo 1.045).
O NCPC prestigia, de maneira inovadora, as conciliações e mediações judiciais, além de valorizar, claramente, o instituto da arbitragem, demonstrando uma verdadeira modificação de paradigma em relação a determinadas questões.
NCPC/2015 e lei n° 13.140/2015: mediação e conciliação
No NCPC/2015 – em especial, em seus artigos 165 a 175 –, é possível identificar a preocupação da Comissão dos Juristas com os institutos da conciliação e da mediação.
Já em suas Normas Fundamentais, ao tratar do princípio da inafastabilidade, o NCPC afirma que é dever do Estado promover a solução consensual dos conflitos, e a conciliação, a mediação e outros métodos devem ser estimulados pelos juízes, advogados, defensores públicos e membros do Parquet (artigo 3º, parágrafos 2º e 3º).
O legislador se preocupou, especificamente, com a atividade de conciliação e mediação feita dentro da estrutura do Poder Judiciário. Isso não exclui, contudo, a mediação e conciliação prévias ou mesmo a possibilidade de utilização de outros meios de solução de conflitos (artigo 175).
O tema também é tratado sob a rubrica “Auxiliares da Justiça” (Parte Geral, Título IV, Capítulo III, Seção V). Resolvendo, portanto, antiga discussão, fica claro que conciliadores e mediadores judiciais são auxiliares do juiz. Isso se coaduna com o artigo 139, inciso V, do NCPC, que dispõe sobre a incumbência do magistrado em promover, a qualquer tempo, a autocomposição – preferencialmente com o auxílio dos conciliadores e mediadores judiciais.
A atividade deve ser conduzida por mediador profissional, imparcial e que não tenha proximidade com o conflito. Em outras palavras, a função de mediar não deve, como regra, ser acumulada por outros profissionais – como juízes, promotores e defensores públicos. O NCPC prestigia esse entendimento.
De acordo com os conceitos adotados pelo Código, o conciliador pode sugerir soluções para o litígio. Aliás, essa é a ferramenta mais adequada para os conflitos puramente patrimoniais.
Não obstante à possibilidade de sugerir propostas, o ideal é que as próprias partes cheguem a um consenso, de forma que tenham consciência plena da obrigatoriedade de cumprir aquilo que acordaram.
Por sua vez, o mediador auxilia as pessoas em conflito a identificarem, por si mesmas, alternativas de benefício mútuo, indicadas para as hipóteses em que se desejem preservar ou restaurar vínculos, ou seja, aquelas situações em que a pauta subjetiva interfere diretamente na objetiva e, por isso, deve ser tratada como tal.
Nesses casos, o objetivo da mediação é restabelecer a comunicação entre as partes envolvidas com a preservação da relação que existia anteriormente.
Na versão sancionada e publicada do NCPC, prestigiou-se o entendimento de que qualquer profissional pode exercer as funções de mediador, não havendo exclusividade para advogados ou psicólogos.
Limites objetivos e subjetivos da arbitragem
O campo de atuação da arbitragem no Brasil é muito amplo. De acordo com o artigo 1º da lei nº 9.307/1996, apenas podem ser objetos da arbitragem os direitos patrimoniais disponíveis, isto é, aqueles passíveis de conversão monetária e que se encontram na livre disposição de seu titular.
Ficam, portanto, excluídos da arbitragem os direitos não patrimoniais e os indisponíveis. Além disso, são excluídas as matérias de natureza familiar ou de Estado, bem como as de ordem fiscal e tributária.
As causas de falência – concordata – que envolvam objetos fora do comércio ou que exijam a participação do Ministério Público também não podem ser submetidas à solução pela via arbitral.
As questões excluídas do objeto da controvérsia podem ser apreciadas incidentalmente, com o escopo de esclarecer ou servir de sustentação à matéria de fundo. Mas essa apreciação incidental NÃO equivale à ação declaratória incidental. Se o árbitro não tem jurisdição para conhecer determinadamatéria em sede principal, tampouco poderá conhecê-la em sede incidental.
A questão anteriormente controvertida na doutrina era a arbitragem que envolvia entidades de Direito público. Essa questão analisava se os interesses da Administração Pública eram sempre indisponíveis e, por isso, não suscetíveis à arbitragem.
O fato é que, nem sempre, o interesse público se confunde com o interesse da Administração Pública, e, mais do que considerá-lo indisponível, precisamos compreender que ele gera efeitos disponíveis. Por exemplo, há a possibilidade de a Administração Pública transigir a respeito de interesses a ela referidos em processos judiciais, como acontece nos Juizados Especiais (artigo 10 da lei nº 10.259/2001).
Dessa forma, em se tratando de direito disponível ou de direito com efeitos disponíveis, não há empecilho para que a Administração Pública se submeta à arbitragem.
Esse entendimento já vinha sendo prestigiado pela doutrina mais moderna (SALLES, 2012, p. 5) e pela jurisprudência. Agora, por força da lei n° 9.307/1996, artigo 1º, parágrafo 1º – inserido pela lei n° 13.129/2015 –, a questão se pacificou.
Em relação ao sujeito, apenas podem se submeter à arbitragem pessoas capazes (artigo 1º da lei nº 9.307/1996) e Pessoas Jurídicas. Exige-se, ainda, que os sujeitos possam livremente manifestar sua vontade, não bastando que apenas uma das partes deseje que o litígio não seja levado ao Poder Judiciário.
Principiologia da arbitragem
Vamos conhecer, agora, os princípios da arbitragem. São eles:
1. Autonomia da vontade e autonomia privada
As partes maiores e capazes – Pessoas Físicas ou Jurídicas – podem, por livre manifestação de vontade e escolhendo o juízo arbitral no lugar do estatal, decidir se submetem à arbitragem:
•A lei aplicável – nacional ou estrangeira;
• O julgamento por equidade;
• O número de árbitros;
• O procedimento da arbitragem;
• O prazo em que a sentença será proferida – caso a conciliação seja frustrada.
2. Eleição da lei aplicável – nacional ou estrangeira
Esta eleição não deve violar os bons costumes e a ordem pública – artigo 2º da Lei da Arbitragem e artigos 9º e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).
3. Devido processo legal
A escolha do procedimento não pode ofender as garantias constitucionais da(o):
• Igualdade;
• Contraditório;
• Ampla defesa;
• Imparcialidade dos árbitros;
• Livre convencimento motivado.
4. Efeito vinculante da cláusula arbitral
As partes ficam submetidas à sentença arbitral, qualquer que seja o resultado da demanda.
5. Inevitabilidade dos efeitos da sentença arbitral
A sentença arbitral é acobertada pela coisa julgada material e constitui título executivo judicial, ficando vedado às partes rediscutir a questão no Poder Judiciário.
6. Autonomia entre a cláusula arbitral e o contrato
A eventual irregularidade ou invalidade do contrato não compromete a cláusula arbitral.
7. Kompetenz-kompetenz (competência-competência)
Este é um dos princípios-chave da arbitragem, que classifica o árbitro como juiz de sua competência. Cabe a ele definir se determinada questão deve ou não se submeter à arbitragem. Em outras palavras, o árbitro deve decidir sobre a existência, a validade e a eficácia da convenção de arbitragem – sobre a qual vamos discutir a seguir.
Fonte: Macrovector / Shutterstock
Convenção de arbitragem
Convenção de arbitragem é o acordo no qual as partes interessadas submetem a solução de seus litígios ao juízo arbitral – seja por meio de cláusula compromissória, seja por meio de compromisso arbitral (artigo 3º da lei nº 9.307/1996).
A cláusula compromissória e o compromisso arbitral são, portanto, espécies de convenção de arbitragem.
A cláusula compromissória refere-se ao futuro e é inserida no contrato para que qualquer litígio que se origine deste seja submetido à arbitragem. Por isso, chamamos essa cláusula de antecedente natural da arbitragem. Ela deve sempre ser estipulada por escrito e nunca pode ser presumida (artigo 4º, parágrafo 1º, da lei nº 9.307/1996).
Ao redigi-la, os contratantes podem ou não instituir algum tribunal arbitral ou entidade especializada. Nesse caso, se houver necessidade de instauração da jurisdição privada, sua instituição e seu processamento se realizarão de acordo com as respectivas regras internas da entidade escolhida.
Fonte: venimo / Shutterstock
Contudo, em se tratando de contratos de adesão – frequentes nas relações de consumo –, a cláusula compromissória só terá eficácia se observar um dos seguintes requisitos:
• Redação em documento separado, firmado pela parte aderente;
• Cláusula redigida em negrito, dentro do contexto contratual, com a assinatura ou com o visto do aderente – especialmente lançados para tal cláusula.
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que foi inserida. Trata-se, na verdade, de subcontrato ou contrato acessório, que se reveste de autonomia em relação ao vínculo principal, de forma que a nulidade deste não importa na nulidade daquela.
NCPC/2015: arbitragem
O NCPC/2015 traz diversos dispositivos relativos à arbitragem. Alguns deles são mera repetição de regras já existentes no CPC/1973, com algum aperfeiçoamento na redação. Outros apresentam inovações já em sintonia com a lei nº 13.129/2015, que atualizou a lei nº 9.307/1996, conforme já estudamos.
De um modo ou de outro, o NCPC vem como forma de aprimorar antigos pontos sensíveis, tais como:
• A estabilização do efeito vinculante da convenção de arbitragem;
• A análise das medidas urgentes pré-arbitrais;
• A efetivação de medidas urgentes e constritivas;
• A ação de anulação da sentença arbitral;
• O cumprimento e a homologação da sentença arbitral.
Fonte: Biro Emoke / Shutterstock
Atividade – aula 03
Mario promove ação em face de Companhia Real de Sapatos para postular a condenação do réu a lhe pagar indenização por danos morais e materiais. Citado, o réu aduz em sua peça de resistência a existência entre as partes de cláusula compromissória na convenção por arbitragem, pelo que o processo deve ser extinto sem resolução de mérito Indaga-se: 
a) Sim. O estabelecimento da cláusula compromissória, quando alegada pelo réu em sua defesa, inibe a atuação do Poder Judiciário. Nesse caso, a solução do conflito ocorrerá pela arbitragem prevista na lei nº 9.307/1996.
a) Tem razão o réu na sua defesa? Fundamente a resposta. b) O juiz pode conhecer de ofício da convenção de arbitragem para extinguir o processo sem resolução do mérito? Justifique.
b) Não. Essa é uma das únicas hipóteses do elenco do artigo 337 do NCPC/2015 que o juiz não pode conhecer de ofício (parágrafo 5º). A outra arguição é de incompetência relativa: considera-se que a falta de arguição do compromisso resulta em renúncia à arbitragem – um direito das partes.
Aula 4
A jurisdição e os Juizados Especiais
A Jurisdição 
Teorias quanto à sua natureza jurídica
Características
Princípios
Elementos
Espécies
Jurisdição voluntária
Os Juizados Especiais e seus conceitos básicos
Noções gerais
Princípios
Introdução
Introducción
Nesta quarta aula, estudaremos a jurisdição, a função jurisdicional e os seus principais desdobramentos.
Veremos, ainda, as noções gerais do instituto, as funções não jurisdicionais do poder judiciário e a jurisdição voluntária.
Num segundo momento, examinaremos os conceitos básicos dos Juizados Especiais e a importância desse instrumento para o acesso à justiça e para a efetividade dos direitos, sobretudo dos consumidores.
A jurisdição é uma das funções essenciais do Estado. A partir dela, organiza-se todo o sistema judiciário brasileiro, o que será visto na próxima aula.
Funções do Poder Estatal
Podemos distinguir as manifestações do poder estatal apresentando suas funções e características.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando‑os juridicamenteirrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Reveste‑se de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, torna‑se imutável.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando‑os juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Reveste‑se de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, torna‑se imutável.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando‑os juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Reveste‑se de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, torna‑se imutável.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando‑os juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Reveste‑se de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, torna‑se imutável.
Função Legislativa
- Objetiva criar leis, normas abstratas que possuem comando genérico;
- Ato emanado, em regra, do Poder Legislativo;
- Reveste‑se de generalização; atividade exercida sem provocação; imparcial; é passível de revogação, mediante a realização de outro ato incompatível com o primeiro, ou de ser considerado nulo, mediante controle de constitucionalidade.
Função Legislativa
- Objetiva criar leis, normas abstratas que possuem comando genérico;
- Ato emanado, em regra, do Poder Legislativo;
- Reveste‑se de generalização; atividade exercida sem provocação; imparcial; é passível de revogação, mediante a realização de outro ato incompatível com o primeiro, ou de ser considerado nulo, mediante controle de constitucionalidade.
Jurisdição
Em latim, significa “ação de dizer o direito”, resulta da soberania do Estado e, junto com as funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando‑os juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Reveste‑se de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
Além dessas funções típicas, há também as funções atípicas, as quais servem para manter o sistema de freios e contrapesos, buscando garantir a harmonia sem violar a independência.
Assim, o Executivo indica os Ministros do STF, após sabatina pelo Legislativo. O Judiciário pode cassar o mandato do Chefe do Poder Executivo e deve julgar conforme as leis e a Constituição, que não foram por ele elaboradas. Por outro lado, pode declarar uma lei inconstitucional.
Tais exemplos não são considerados usurpações de competência, justamente pelo fato de serem estipulados constitucionalmente.
O Judiciário manifesta função atípica legislativa, pois cabe a ele a iniciativa das leis que regem a atividade judiciária. Podemos dar como exemplo leis que disciplinam a estrutura de varas especializadas, como a Vara da Violência Doméstica ou a Vara do Idoso.
Conceito de Jurisdição
Segundo Giuseppe Chiovenda (2000, p. 59-60), jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do Estado.
Conceito de Jurisdição
Esse entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do juiz, pois a vontade do povo é expressada pela lei, a qual é o produto da atividade do legislador. Através do seu exercício, declaram‑se direitos preexistentes (Teoria Declaratória ou Dualista do ordenamento).
Por outro lado, Francesco Carnelutti (1999) afirma que a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição da lide. Sendo, esta última, o conflito de interesses qualificado pela pretensão de uma das partes (caracterizada pela exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio), bem como pela resistência da outra (Teoria Constitutiva ou Unitarista).
Só haveria processo e jurisdição se houvesse lide. Como ninguém teria qualquer direito até que o Judiciário (e não o Legislativo) o conferisse, a jurisdição teria o intuito de resolver o litígio.
Características da Jurisdição
As principais características da jurisdição ou, em outras palavras, aquelas capazes de distingui-la das demais funções estatais e que, em regra, estão presentes em todas as suas manifestações, são: a inércia, a substitutividade e a natureza declaratória.
Inércia
O juiz, via de regra, não age de ofício, necessita de provocação, manifestada pela pretensão de uma das partes, em consonância ao disposto no princípio da inércia ou demanda, esposado nos arts. 2º e 262 do CPC/1973 e nos arts. 2º e 141 do CPC/2015.
A inércia dos órgãos jurisdicionais relaciona‑se a sua própria natureza de órgão voltado ao fim último da pacificação social, porquanto o exercício espontâneo da atividade acabaria fomentando conflitos e divergências onde não existiam. Por outro lado, a iniciativa estatal acabaria gerando um envolvimento psicológico indesejado do juiz, afetando sua imparcialidade.
Tal princípio traz como decorrência a norma da adstrição da sentença ao pedido ou da congruência entre sentença e demanda, que impede que o magistrado julgue fora dos limites do que é pedido. Dessa forma, é vedado em nosso ordenamento, por força do art. 128 do CPC/1973 e do art. 141 do CPC/2015, proferir decisões extra, ultra e citra petita, isto é, de forma diversa, além ou aquém do que for pleiteado.
Inércia
O juiz, via de regra, não age de ofício, necessita de provocação, manifestada pela pretensão de uma das partes, em consonância ao disposto no princípio da inércia ou demanda, esposado nos arts. 2º e 262 do CPC/1973 e nos arts. 2º e 141 do CPC/2015.
A inércia dos órgãos jurisdicionais relaciona‑se a sua própria natureza de órgão voltado ao fim último da pacificação social, porquanto o exercício espontâneo da atividade acabaria fomentando conflitos e divergências onde não existiam. Por outro lado, a iniciativa estatal acabaria gerando um envolvimento psicológico indesejado do juiz, afetando sua imparcialidade.
Tal princípio traz como decorrência a norma da adstrição da sentença ao pedido ou da congruência entre sentença e demanda, que impede que o magistrado julgue fora dos limites do que é pedido. Dessa forma, é vedado em nosso ordenamento, por força do art. 128 do CPC/1973 e do art. 141 do CPC/2015, proferir decisões extra, ultra e citra petita, isto é, de forma diversa, além ou aquém do que for pleiteado.
Definitividade 
 
Devemos observar, entretanto, que, para parte majoritária da doutrina, a atividade jurisdicional não se pode pautar em caráter de definitividade indistintamente, pois nem sempre a atividade jurisdicional fará coisa julgada. Isso é o que ocorre no processo cautelar e nas demandas de jurisdição voluntária, cujas decisões são consideradas atividade jurisdicional, mas, em regra, não fazem coisa julgada (SILVA, 1997, p. 10). 
 
Alguns autores afirmam existir uma quarta característica da jurisdição, a saber, sua natureza declaratória. Segundo essa concepção, no exercício da função jurisdicional, o Estado não constitui direitos subjetivos, mas, sim, declara direitos preexistentes, que serão então reconhecidos por decisão judicial. 
 
No entanto, a existência de sentenças condenatórias ou constitutivas não infirmam a regra aludida, pois em tais decisões, além da parcela declaratória, haveria a condenatória (que impõe um comando, uma imposição dirigida ao réu) ou constitutiva (que cria novas situações jurídicas, não direitos subjetivos). 
 
Assim, a decisão proferida pode ter caráter meramente declaratório, declaratório e constitutivo ou declaratório e condenatório. A “natureza declaratória”não é característica da jurisdição, mas sim da cognição. Com efeito, embora na execução também exista atividade jurisdicional, ela não possui natureza declaratória.
Atividade – aula 04
Princípios da Jurisdição
A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos seguintes princípios:
Princípios da Jurisdição 
 
 
Investidura Está ligado à forma de ingresso dos legitimados a exercer o poder. O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de provas e títulos, como estabelece o art. 37, II, da CF. 
 
Territorialidade O juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite territorial fixado na lei. 
 
 
Indeclinabilidade O juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata-se da chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a matéria. Esse princípio está previsto no art. 126 do CPC/1973 e no art. 140 do CPC/2015. 
 
Indelegabilidade Significa que o exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Essa vedação se aplica integralmente no caso do poder decisório, pois violaria a garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões. São exemplos os casos previstos no art. 102, I, m e no art. 93, XI, ambos da CF. 
 
Inafastabilidade A inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF) fundamenta-se na ideia de que o direito de ação é abstrato e não se vincula à 
 
 
 
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procedência do que é alegado. Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria Constituição: art. 52, I e II. 
 
Juiz natural Consiste na exigência da imparcialidade e da independência dos magistrados. Essa garantia deve alcançar, inclusive, o âmbito administrativo, tanto em relação aos juízes dos tribunais administrativos quanto às autoridades responsáveis pela decisão de requerimentos nas repartições administrativas. 
 
Elementos 
 
Com base no direito romano, podemos identificar cinco elementos básicos à função: 
 
Cognitio (notio) É o poder de que o Estado dispõe para conhecer os processos. Engloba o exame dos pressupostos processuais, das condições de procedibilidade, das condições da ação e o recolhimento do material probatório. É a atividade do juiz pela qual ele toma contato com as questões de fato e de direito apresentadas pelas partes e forma seu juízo de valor acerca dessas questões. 
 
Vocatio Poder que o Estado possui para convocar ao processo todas as pessoas e objetos que possam esclarecer os fatos em discussão. 
 
Coertio Poder de determinar medidas coercitivas no curso do processo para reprimir eventuais ofensas feitas contra o magistrado. É a atribuição de força às diligências e providências tomadas pelo juiz. 
 
Providências são mais genéricas e amplas, como correr em segredo de justiça o processo. Já as diligências são mais concretas, como definir perícia em determinado 
 
 
 
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local. Com essa coerção, o juiz confere importância às providências ou diligências, permitindo o uso de força policial em caso de descumprimento. 
 
Juditio Poder de que o Estado-juiz dispõe de proferir o direito no caso concreto. É o ato do juiz que resolve uma questão suscitada no processo. 
 
Executio Poder de que o Estado-juiz dispõe para determinar o cumprimento obrigatório e coativo das decisões proferidas1. É o poder do juiz de implementar aquilo que foi decidido na sentença (ou nas outras decisões). 
 
Espécies de Jurisdição
A rigor, não haveria espécies de jurisdição, eis que esta, como manifestação da soberania estatal, é una e indivisível. Contudo, utiliza‑se tal classificação para sua melhor compreensão. Dessa forma, temos:
Quanto à pretensão (ou à natureza da norma que será aplicada no exame da pretensão): civil ou penal. Alguns admitem uma subdivisão da civil (lato sensu) em civil (stricto sensu) e trabalhista, comercial e outros. Assim, define‑se a pretensão civil por exclusão, ou seja, “como aquela que não é penal”.
Ressalte‑se, no entanto, que a distribuição de processos segundo esse critério atende apenas a uma conveniência de trabalho. Isto porque não se pode isolar completamente uma relação jurídica de outra a ponto de afirmar-se que nunca haverá pontos de contato entre elas como ocorre, por exemplo, na ambivalência da decisão proferida no juízo criminal e na prova emprestada.
Fonte da Imagem: 
Quanto à pretensão (ou à natureza da norma que será aplicada no exame da pretensão): civil ou penal. Alguns admitem uma subdivisão da civil (lato sensu) em civil (stricto sensu) e trabalhista, comercial e outros. Assim, define‑se a pretensão civil por exclusão, ou seja, “como aquela que não é penal”.
Ressalte‑se, no entanto, que a distribuição de processos segundo esse critério atende apenas a uma conveniência de trabalho. Isto porque não se pode isolar completamente uma relação jurídica de outra a ponto de afirmar-se que nunca haverá pontos de contato entre elas como ocorre, por exemplo, na ambivalência da decisão proferida no juízo criminal e na prova emprestada.
Quanto ao grau em que ela é exercida: superior (órgão que conhece a causa em grau de recurso – 2ª instância) e inferior (órgão que possui a competência originária para o julgamento – 1ª instância).
Em regra, corresponderia aos tribunais e juízes. Entretanto, pode acontecer de o tribunal deter competência originária para a causa, como no caso de mandado de segurança impetrado contra ato de Chefe de Poder; de juiz com competência recursal; e de Turma Recursal nos juizados especiais.
A essa classificação relaciona‑se o princípio do duplo grau de jurisdição que, apesar de não garantido constitucionalmente de modo expresso (trata‑se de decorrência do princípio do devido processo legal), é disciplinado por diversos diplomas legais.
Quanto ao grau em que ela é exercida: superior (órgão que conhece a causa em grau de recurso – 2ª instância) e inferior (órgão que possui a competência originária para o julgamento – 1ª instância).
Em regra, corresponderia aos tribunais e juízes. Entretanto, pode acontecer de o tribunal deter competência originária para a causa, como no caso de mandado de segurança impetrado contra ato de Chefe de Poder; de juiz com competência recursal; e de Turma Recursal nos juizados especiais.
A essa classificação relaciona‑se o princípio do duplo grau de jurisdição que, apesar de não garantido constitucionalmente de modo expresso (trata‑se de decorrência do princípio do devido processo legal), é disciplinado por diversos diplomas legais.
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Quanto ao grau em que ela é exercida: superior (órgão que conhece a causa em grau de recurso – 2ª instância) e inferior (órgão que possui a competência originária para o julgamento – 1ª instância).
Em regra, corresponderia aos tribunais e juízes. Entretanto, pode acontecer de o tribunal deter competência originária para a causa, como no caso de mandado de segurança impetrado contra ato de Chefe de Poder; de juiz com competência recursal; e de Turma Recursal nos juizados especiais.
A essa classificação relaciona‑se o princípio do duplo grau de jurisdição que, apesar de não garantido constitucionalmente de modo expresso (trata‑se de decorrência do princípio do devido processo legal), é disciplinado por diversos diplomas legais.
Quanto à submissão ao direito positivo: de direito e de equidade. No Brasil, é adotada a jurisdição de direito, conforme preceitua o art. 127 do CPC/1973 e o art. 140, parágrafo único, do CPC/2015, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal.
No caso da arbitragem (que, como já visto, não representaexpressão da atividade jurisdicional), verifica‑se que, de acordo com o art. 2º da Lei n. 9.307/96, as partes poderão optar livremente por um procedimento baseado no direito ou na equidade.
Tais exceções estão previstas, por exemplo, no art. 1.109 do CPC/1973 – procedimento de jurisdição voluntária – e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90, art. 6º).
Quanto à submissão ao direito positivo: de direito e de equidade. No Brasil, é adotada a jurisdição de direito, conforme preceitua o art. 127 do CPC/1973 e o art. 140, parágrafo único, do CPC/2015, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal.
No caso da arbitragem (que, como já visto, não representa expressão da atividade jurisdicional), verifica‑se que, de acordo com o art. 2º da Lei n. 9.307/96, as partes poderão optar livremente por um procedimento baseado no direito ou na equidade.
Tais exceções estão previstas, por exemplo, no art. 1.109 do CPC/1973 – procedimento de jurisdição voluntária – e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90, art. 6º).
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Quanto à submissão ao direito positivo: de direito e de equidade. No Brasil, é adotada a jurisdição de direito, conforme preceitua o art. 127 do CPC/1973 e o art. 140, parágrafo único, do CPC/2015, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal.
No caso da arbitragem (que, como já visto, não representa expressão da atividade jurisdicional), verifica‑se que, de acordo com o art. 2º da Lei n. 9.307/96, as partes poderão optar livremente por um procedimento baseado no direito ou na equidade.
Tais exceções estão previstas, por exemplo, no art. 1.109 do CPC/1973 – procedimento de jurisdição voluntária – e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90, art. 6º).
Quanto ao órgão que exerce a jurisdição: comum ou especial. A jurisdição comum pode ser federal ou estadual (ou do Distrito Federal), enquanto a especial pode ser do trabalho, militar ou eleitoral.
Quanto ao órgão que exerce a jurisdição: comum ou especial. A jurisdição comum pode ser federal ou estadual (ou do Distrito Federal), enquanto a especial pode ser do trabalho, militar ou eleitoral.
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Quanto ao órgão que exerce a jurisdição: comum ou especial. A jurisdição comum pode ser federal ou estadual (ou do Distrito Federal), enquanto a especial pode ser do trabalho, militar ou eleitoral.
Quanto à existência ou não da lide ou quanto à forma: contenciosa ou voluntária. A distinção entre a jurisdição contenciosa e a voluntária, embora sobreviva, perdeu muito de sua importância, especialmente em sistemas processuais, como o nosso, que adotam procedimentos praticamente idênticos em ambas as modalidades de jurisdição.
Também não é relevante a inclusão de processos sem lide em uma ou outra categoria. É mais simples aceitar que migrem desta para aquela conforme exista ou não efetiva contenciosidade entre dois sujeitos em posições subjetivas antagônicas. Por isso, a jurisdição contenciosa é exercida em face de um litígio, quando há controvérsia entre as partes.
Já a voluntária é exercida quando o Estado‑juiz limita‑se a homologar a vontade dos interessados, não havendo interesses litigiosos. Entretanto, a aceitação da jurisdição voluntária é uma das questões mais controvertidas na doutrina, suscitando diversas polêmicas. A respeito, cumpre salientar o posicionamento de duas importantes teorias, a clássica ou administrativista e a revisionista, como veremos a seguir.
Quanto à existência ou não da lide ou quanto à forma: contenciosa ou voluntária. A distinção entre a jurisdição contenciosa e a voluntária, embora sobreviva, perdeu muito de sua importância, especialmente em sistemas processuais, como o nosso, que adotam procedimentos praticamente idênticos em ambas as modalidades de jurisdição.
Também não é relevante a inclusão de processos sem lide em uma ou outra categoria. É mais simples aceitar que migrem desta para aquela conforme exista ou não efetiva contenciosidade entre dois sujeitos em posições subjetivas antagônicas. Por isso, a jurisdição contenciosa é exercida em face de um litígio, quando há controvérsia entre as partes.
Já a voluntária é exercida quando o Estado‑juiz limita‑se a homologar a vontade dos interessados, não havendo interesses litigiosos. Entretanto, a aceitação da jurisdição voluntária é uma das questões mais controvertidas na doutrina, suscitando diversas polêmicas. A respeito, cumpre salientar o posicionamento de duas importantes teorias, a clássica ou administrativista e a revisionista, como veremos a seguir.
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Quanto à existência ou não da lide ou quanto à forma: contenciosa ou voluntária. A distinção entre a jurisdição contenciosa e a voluntária, embora sobreviva, perdeu muito de sua importância, especialmente em sistemas processuais, como o nosso, que adotam procedimentos praticamente idênticos em ambas as modalidades de jurisdição.
Também não é relevante a inclusão de processos sem lide em uma ou outra categoria. É mais simples aceitar que migrem desta para aquela conforme exista ou não efetiva contenciosidade entre dois sujeitos em posições subjetivas antagônicas. Por isso, a jurisdição contenciosa é exercida em face de um litígio, quando há controvérsia entre as partes.
Já a voluntária é exercida quando o Estado‑juiz limita‑se a homologar a vontade dos interessados, não havendo interesses litigiosos. Entretanto, a aceitação da jurisdição voluntária é uma das questões mais controvertidas na doutrina, suscitando diversas polêmicas. A respeito, cumpre salientar o posicionamento de duas importantes teorias, a clássica ou administrativista e a revisionista, como veremos a seguir.
Jurisdição voluntária
A doutrina nacional majoritária afirma que a jurisdição voluntária não constituiria típica função jurisdicional, nem ao menos seria voluntária, eis que sua verificação decorreria de exigência legal, com o intuito de conferir validade a determinados negócios jurídicos escolhidos pelo legislador. Nesse sentido, ela é definida como “administração pública de interesses privados”.
A inexistência de voluntariedade na jurisdição voluntária é aceita tanto pela teoria administrativista quanto pela revisionista, em razão de se tratar de atividade necessária. A controvérsia entre tais teorias reside em ser a jurisdição voluntária autêntica atividade jurisdicional ou atividade meramente administrativa.
Dentre os argumentos levantados, destacam‑se, em linhas gerais:
Dentre os argumentos levantados, destacam‑se, em linhas gerais:
Por outro lado, vem avançando na doutrina a teoria revisionista. Tal teoria tem recebido a adesão de consagrados processualistas, que entendem ser a jurisdição voluntária verdadeiro exercício da função jurisdicional.
São exemplos de jurisdição voluntária a nomeação de tutores e curadores, a homologação de separação judicial, a emancipação e alienação judicial dos bens de menor, a autenticação de livros comerciais, a aprovação dos estatutos das fundações, a retificação dos atos do registro civil etc.
Seus defensores argumentam, em última análise:
 que a litigiosidade não deve ser considerada critério definidor, pois sequer seria essencial à jurisdição contenciosa, mas acidental;
 que o juiz intervém decidindo como um terceiro imparcial, mantendo sua independência quanto aos efeitos produzidos por sua decisão;
 que, além de constituir novos estados jurídicos, também possui função declaratória – típica da função jurisdicional; e, atentam os mais radicais;
 que só seria possível rediscutir a decisão prolatada em nova sede processual valendo‑se de nova causa de pedir – circunstância superveniente – com ação diversa, o que afastaria o argumento da não constituição da coisa julgada.
Ademais, asseveram que essa atividade, como a jurisdição contenciosa, visa à pacificação social mediante a eliminação de situações incertas ou conflituosas, tendo sidoeste o entendimento adotado pelo CPC.
Atenção
Compartilha dessa doutrina Leonardo Greco (2003, p. 18-19):
A função jurisdicional não se resume a solucionar litígios reais ou potenciais. Serve também para tutelar interesses dos particulares, ainda que não haja litígio (...) desde que exercida por órgãos e funcionários revestidos das garantias necessárias a exercer essa tutela com absolutas independência e impessoalidade, exclusivamente no interesse dos seus destinatários.
Assim, o que caracteriza a função jurisdicional é o fato de ser ela exercida com independência e impessoalidade, e, em nosso direito, somente o juiz está amparado por garantias que possibilitem o agir independente e impessoal.
Atenção
Compartilha dessa doutrina Leonardo Greco (2003, p. 18-19):
A função jurisdicional não se resume a solucionar litígios reais ou potenciais. Serve também para tutelar interesses dos particulares, ainda que não haja litígio (...) desde que exercida por órgãos e funcionários revestidos das garantias necessárias a exercer essa tutela com absolutas independência e impessoalidade, exclusivamente no interesse dos seus destinatários.
Assim, o que caracteriza a função jurisdicional é o fato de ser ela exercida com independência e impessoalidade, e, em nosso direito, somente o juiz está amparado por garantias que possibilitem o agir independente e impessoal.
Arnaldo  pretende promover ação visando a condenação do réu a lhe pagar o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais)e contrata um advogado que se adota o procedimento comum . Ao despachar a inicial, o juiz ordena a remessa dos autos a um dos juizados especiais cíveis, tendo em vista o valor da causa.
 a) Agiu corretamente o Juiz? Justifique. 
Gabarito
a) Não. A competência em relação ao valor da causa, quando não se extrapola o valor máximo dos juizados especiais cíveis, é relativa (CPC, art. 63, caput). Sendo relativa, não poderia ser conhecida de ofício pelo magistrado (súmula 33 do STJ).
b) Há diferença do procedimento dos juizados especiais para o procedimento comum? Justifique. 
Gabarito
b) Sim. No procedimento dos juizados, é acentuado o princípio da oralidade e da concentração dos atos processuais. O réu é citado para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento e nela produzir a sua defesa escrita ou oral.
Faz-se presente o princípio da concentração dos atos na audiência, tudo em homenagem a outro princípio, que é o da economia processual (mínimo de atividade jurisdicional com o máximo de resultado na prestação jurisdicional).
O procedimento comum é o único disciplinado de forma completa pelo CPC, por isso tem aplicação subsidiária aos demais e nele se assegura a amplitude de defesa. A cognição é ampla para se alcançar um grau máximo de segurança quanto à entrega da prestação jurisdicional.
Aula 5
Organização Judiciária
Organização Judiciária
Competência nacional
Órgãos do Poder Judiciário
Noções de competência 
Princípios que regem a competência
Critérios para a determinação da competência
Regras gerais de competência e cooperação internacionais
Competência internacional
Cooperação internacional
Introdução
Introducción
Nesta aula, estudaremos os limites da jurisdição brasileira e os instrumentos que viabilizam a cooperação internacional e nacional.
O CPC 2015 trata minuciosamente do tema. Além de prever as regras gerais e específicas para as competências interna e internacional do Poder Judiciário, trata também dos diversos instrumentos a serem utilizados com o intuito de viabilizar a cooperação.
Veremos ainda as noções gerais da organização judiciária e os princípios que informam a competência no processo brasileiro.
Órgãos integrantes do Poder Judiciário Nacional
A Constituição Federal, em seus arts. 92 a 126, determina os órgãos integrantes do Poder Judiciário Nacional, ao qual corresponde precipuamente o exercício da função jurisdicional.
Por força do art. 125, caput, da CF, cabe aos Estados‑membros, por meio das respectivas Constituições e leis de organização judiciária, dispor sobre a organização judiciária estadual, obedecendo aos princípios e regras da Lei Maior.
As normas ditadas pelos Estados deverão observar ainda as diretrizes fixadas pelo Estatuto da Magistratura (art. 93 da CF). No entanto, enquanto este não for aprovado, referidas diretrizes devem ser buscadas na Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC n. 35/79), que continua vigendo e desempenhando, por ora, o papel do Estatuto da Magistratura.
No intuito de preservar o objetivo e a missão constitucional do Poder Judiciário, bem como prevenir desvios de conduta e reprimir atos ilícitos, foi idealizado o controle externo do Poder Judiciário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, instituído pela Emenda Constitucional n. 45/2004.
Estrutura do Conselho Nacional de Justiça
Trata‑se de um órgão colegiado composto por quinze membros (incluindo membros do Ministério Público, advogados e cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada), nomeados pelo Presidente da República.
A eles compete, entre outras funções não jurisdicionais, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras atribuições que lhes forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura (art. 103‑B, § 4º, da CF).
O CNJ é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (Emenda Constitucional n. 61/2009); os membros são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Fonte: Evlakhov Valeriy / Shutterstock
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Estrutura do Conselho Nacional de Justiça
Fonte da Imagem: Evlakhov Valeriy / Shutterstock
Trata‑se de um órgão colegiado composto por quinze membros (incluindo membros do Ministério Público, advogados e cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada), nomeados pelo Presidente da República.
A eles compete, entre outras funções não jurisdicionais, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras atribuições que lhes forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura (art. 103‑B, § 4º, da CF).
O CNJ é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (Emenda Constitucional n. 61/2009); os membros são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Na forma do art. 103‑B, § 4º, além das funções já mencionadas, clique para saber quais se destacam.
Órgãos do Poder Judiciário
No Brasil, os órgãos que compõem o Poder Judiciário ocupam‑se, principalmente, da função j
O art. 92 da Carta de 1988 nos apresenta os Órgãos do Poder Judiciário, a saber:
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I – o Supremo Tribunal Federal;
I-A – o Conselho Nacional de Justiça;
II – o Superior Tribunal de Justiça;
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
urisdicional, à exceção do CNJ, visto acima, que possui função administrativa e regulamentar.
CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS ÓRGÃOS
CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS ÓRGÃOS
Supremo Tribunal Federal (STF)
Regulado nos arts. 101 a 103, é responsável pelo controle da constitucionalidade das leis – “guardião da Constituição”; é o órgão de cúpula do Poder Judiciário , cabendo lhe proferir a última palavra nas causas que lhe são submetidas.
Compõe se de onze ministros, possui sede na Capital Federal e competência que se estende sobre todo o território nacional, bem como competência originária e recursal (ordinária, art. 102, II, e extraordinária, art. 102, III).
Supremo Tribunal Federal (STF)
Regulado nos arts.

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