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DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

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DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
A obrigação, entendida como aquele vínculo jurídico pelo qual o credor pode exigir do devedor o cumprimento de uma prestação, nasce para ser cumprida, adimplida e, consequentemente, extinta. A sua extinção se dá, em regra, pelo pagamento que pode ser direto ou indireto (consignação, sub-rogação, imputação, dação, novação, compensação, confusão e remissão de dívida)
Estudaremos, a partir de agora, o cumprimento, pagamento direto de uma obrigação. (O pagamento não é só quantia em dinheiro nas obrigações, mas corresponde à sua extinção, ao seu cumprimento).
Pagamento = cumprimento de uma obrigação
No pagamento teremos a presença de três elementos:
Solvens – quem paga
Accipiens- quem recebe
Vínculo obrigacional: de onde se origina a obrigação. Se não houver esse vínculo o pagamento será indevido.
QUEM DEVE PAGAR
O pagamento pode ser feito: por pessoa interessada, por terceiro não interessado ou pela transmissão da propriedade.
Pagamento efetuado por pessoa interessada
O art.304 do CC estabelece que qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la usando, se o credor se opuser, dos meios disponíveis à exoneração do devedor.
O maior, principal interessado é o devedor. É ele que deve fazer o pagamento.
O pagamento pode ser feito não só pelo devedor como por qualquer outro interessado na extinção da dívida. Considera-se interessado quem tem interesse jurídico, ou seja, quem está vinculado ao contrato ou pode ter seu patrimônio afetado caso não ocorra o pagamento. Ex. fiador, o avalista o devedor solidário. Os juridicamente interessados são equiparados ao devedor e tem interesse legítimo em realizar o pagamento, sub-rogando-se de pleno jure nos direitos de credor. (346,III).
E a obrigação intuitu personae quem deve pagar? Somente o devedor. (O credor não é obrigado a receber de outrem a prestação imposta somente ao devedor ou só por ele exeqüível art.247).
Pagamento efetuado por terceiro não interessado
Além do devedor e dos terceiros juridicamente interessados, podem realizar o pagamento de uma obrigação, terceiros que não têm interesse jurídico na solução da dívida mas outra espécie de interesse como o moral (pai que paga obrigação de filho, namorado de namorada.
Como vimos, o art.304 do CC preceitua que qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la usando, se o credor se opuser, dos meios disponíveis à exoneração do devedor. O seu parágrafo único complementa: “Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor salvo oposição deste”. Essa oposição pode ser de ordem moral, pessoal, religiosa etc
Age, o terceiro não interessado como um representante, gestor de negócios do devedor. Se o terceiro não interessado fizer o pagamento em nome do devedor e sem oposição deste, poderá até mesmo em caso de recusa do credor, consignar o pagamento numa típica legitimação extraordinária (art.6º.CPC, em nome próprio pleiteia direito alheio). Se o devedor se opuser, dificilmente o credor não aceitará o pagamento pelo terceiro não interessado uma vez que seu objetivo é receber a prestação. Porém, caso se recuse a receber do terceiro não interessado que teve oposição do devedor, a conseqüência é que o terceiro não interessado não poderá promover a consignação.
O pagamento feito por pessoa não interessada em nome e por conta do devedor não dá direito a esse terceiro ao reembolso do que pagou, pois entende a doutrina ser uma mera liberalidade do não interessado, uma doação incondicional.
Pode ocorrer, ainda, que o terceiro não interessado pague a dívida em nome próprio e não por conta ou em nome do devedor. Neste caso terá direito ao reembolso, mas não se sub-roga, nos direitos de credor (305). Se pagar antes de vencida a dívida só terá direito do reembolso no vencimento (p.único 305). A ação para obter o reembolso de pagamento de dívida que não é sua em nome próprio chama-se “ação in rem verso” (para os casos de enriquecimento sem causa)
Por outro lado, o pagamento feito pelo terceiro não interessado em nome próprio com a oposição do devedor ou com o desconhecimento deste último, não obriga o devedor a reembolsar o terceiro desde que o devedor tivesse meios para ilidir a ação do credor, como, por exemplo, prescrição, compensação, decadência). Art.306.
Ex. dívida de 100 mas o devedor com o credor em outro negócio ficou credor de 50. Em virtude da compensação parcial operada a dívida foi para 50. mas o terceiro não interessado, em nome próprio e com oposição do devedor ou desconhecimento deste, paga 100. O terceiro só terá direito de reembolsar-se dos 50.
Pagamento efetuado mediante transmissão de propriedade
Pode ser de um bem móvel ou imóvel e caracteriza uma dação em pagamento.
Dispõe o art.307 que o pagamento efetuado mediante transmissão de propriedade só terá eficácia quando feito por quem tenha capacidade para alienar o objeto, ou seja, pelo titular do direito real.
Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá reclamar ao credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. P.único 307.
A QUEM SE DEVE PAGAR
O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente. Se não for feito ao credor ou a quem de direito o represente só valerá depois de ratificado ou se reverter ao seu proveito. Art.308.
Se o título for ao portador quem é credor? Quem o apresente para pagamento.
Há três espécies de representantes do credor: a) legal: decorre da lei Ex.pais, tutores, curadores respectivamente dos menores, tutelados e curatelados; b) Judicial: nomeado pelo juiz: inventariante, o síndico da falência e c) o convencional o que recebe procuração do credor com poderes especiais para receber e dar quitação;
Pode ocorrer que o pagamento seja feito a quem tem mandato tácito ou presumido pela lei, como aquele feito a quem apresente o recibo subscrito pelo credor. Nesse sentido, dispõe o artigo 311 que fica autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. Essas circunstâncias serão avaliadas pelo juiz no caso concreto. (Ex. se aparecer um mendigo portando o recibo dado pelo credor).
Pagamento efetuado a terceiro que não credor
Se o pagamento não for efetuado ao credor ou ao seu representante de direito mas sim a terceiro, esse só valerá depois de ratificado pelo credor (Ex. por meio de recibo) ou se o pagamento reverter em seu proveito (nesse caso para evitar o locupletamenteo ilícito do credor). A ratificação do credor retroage ao dia do pagamento e o ônus de provar que o pagamento reverteu em proveito do credor é do solvens.(Ex. terceiro depositou na conta do credor).
Pagamento efetuado ao credor putativo
Credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como verdadeiro credor. Ex. herdeiro aparente. Único herdeiro de uma pessoa seria seu sobrinho mas em testamento deixa para outro. Locador aparente que se intitula proprietário de um apartamento.
A lei estabelece que o pagamento de boa-fé feito ao credor putativo é válido ainda que provado depois que não era credor. Art.309.
Precisa ter boa-fé e o pagamento ser escusável, pois, se o erro for grosseiro não terá esse benefício.
Pagamento ao credor incapaz
O pagamento deve ser feita à pessoa capaz de fornecer quitação sob pena de não valer.
Dispõe o art.310 do CC que o pagamento feito cientemente a credor incapaz de dar quitação não vale se o devedor não provar que em benefício do incapaz ele se reverteu.
Pagamento feito ao credor cujo crédito foi penhorado
Hipótese em que o pagamento mesmo sendo feito ao verdadeiro credor não valerá.
Se o devedor pagar o credor mesmo sendo intimado da penhora do crédito deste último ou da impugnação oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra terceiros que poderão exigir que o devedor paga de novo, ficando ressalvado o regresso desse contra o credor. Art. 312.
DO OBJETODO PAGAMENTO
O objeto do pagamento é a prestação. Vimos quando tratamos das obrigações de dar coisa certa que o credor não é obrigado a receber prestação diversa ainda que mais valiosa (313). Princípio da identidade, inalterabilidade ou exatidão da prestação.
Ainda que a prestação seja divisível não pode ser o credor obrigado a receber e o devedor obrigado a pagar por partes se assim não se ajustou. 314
Pagamento em dinheiro e princípio do nominalismo
Dívida em dinheiro é aquela em que o objeto da prestação é o próprio dinheiro; Ex. contrato de mútuo, empréstimo de dinheiro.
Dívida de valor: é aquela em que o dinheiro valora o objeto da prestação. Obrigação de indenizar decorrente de ato ilícito é dívida de dinheiro ou valor? De valor.
O art.315 do CC adotou o princípio do nominalismo pelo qual se considera o valor da moeda aquele nominal que lhe atribui o Estado no ato da emissão. De acordo com esse princípio o devedor de uma dívida de dinheiro se libera entregando a mesma quantidade da moeda descrita no contrato. Se é 100 deve pagar 100....ainda que referida quantidade não possibilite comprar os mesmos bens quando contraída a obrigação. (como v.g pela inflação). Para fugir dos efeitos ruinosos, desastrosos da inflação adotaram os credores a cláusula de escala móvel.
O valor da prestação deve variar segundo os índices do custo de vida. Nada mais são do que cláusulas de correção monetária.
O art.316 permite a utilização de cláusulas de escala móvel ao dizer que e lícito às partes convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Não se confunde com a teoria da imprevisão, pois a cláusula de escala móvel é critério de atualização monetária estipulada previamente no contrato. Já a teoria da imprevisão está prevista no artigo 317 e pode ser aplicada pelo juiz quando fatos imprevistos e extraordinários tornem o cumprimento do contrato excessivamente oneroso para uma das partes contratantes, recomendando sua revisão.
O art.318 estabelece que o pagamento não pode ser feito em ouro ou em moeda estrangeira salvo nos casos previstos em lei especial, a saber: contratos de exportação e importação; contratos de compra e venda de câmbio; contratos com pessoas residentes e domiciliadas no exterior.
DA PROVA DO PAGAMENTO
Prova-se o pagamento pela quitação fornecida pelo credor. (recibo).
Tanto é verdade que se o credor se recusar a dar a quitação (recibo) do pagamento ao devedor pode este último retê-lo (319) ou consigná-lo. Art.335,I.
Os requisitos da quitação encontram-se no artigo 320 e são: o valor e espécie da dívida quitada, o nome do devedor ou quem por esse pagou, o tempo e o lugar do pagamento, a assinatura do credor ou seu representante. Mesmo sem esses requisitos, valerá a quitação se de seus termos ou das circunstãncias resultar haver sido paga a dívida. (p.único 320).
A quitação poderá ser dada por instrumento público ou particular (ainda que o contrato que originou a obrigação tenha sido feito por instrumento público), ou seja, vale qualquer que seja sua forma.
O CC estabelece, contudo, três hipóteses em que há a presunção do pagamento pelo devedor sem que lhe seja dada quitação: 1) quando o devedor está de posse do título de crédito que representa a obrigação; 2) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas e a última se encontra paga; 3) quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, presumem-se estes pagos. Emprestei 100 no banco e dois meses depois paguei sem obtendo o recibo sem reserva dos juros.
Quando o devedor está de posse do título de crédito
Dispõe o art.324 que a entrega do título ao devedor firma a presunção de seu pagamento.
Trata-se, contudo, de presunção júris tantum, que pode ser afastada pelo credor. O credor tem o prazo de sessenta dias, para provar a falta de pagamento nesse caso. (p.único 324). Ex. pode provar furto, extravio do título, conluio do devedor com o cobrador.
Se o título for perdido, o devedor pode reter o pagamento até que o credor faça uma declaração inutilizando o título de crédito perdido (321). Contudo, para ter efeitos contra terceiros, é necessário promover a ação de anulação e substituição de título do artigo 907 CPC.
Pagamento em quotas sucessivas
Dispõe o artigo 322 que o pagamento feito em quotas sucessivas, a quitação da última presume, até prova em contrário, que as anteriores estão pagas. Também a presunção é realtiva (júris tantum), admitindo prova em contrário.
Ex. condômino que paga o mês de abril mas não o de março porque quer discutir a cobrança de março. A administradora deve receber fazendo a ressalva de que não quita débitos anteriores. Se não fizer a ressalva deve provar o não pagamento pelos meios gerais de prova.
DO LUGAR DO PAGAMENTO
Aonde a obrigação deve ser cumprida, essa é a questão.
Salvo estipulação em contrário, o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor. Também não o será no domicilio do devedor se assim resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias (327). Designados dois ou mais lugares cabe ao credor a escolha. (p.único 327).
Ocorrendo motivo grave para que não se efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro sem prejuízo ao credor.(329). A lei não define motivo grave (acidente, doença, calamidade). O credor poderá ser indenizado se lhe houver prejuízo nesse caso salvo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. Ex. tinha que pagar em dinheiro mas faz depósito em conta.
No caso do pagamento ser feito no domicílio do devedor, a obrigação (dívida) se chama quérable, quesível. Se o pagamento for no domicílio do credor a obrigação, dívida, se chama portable (portável).
Fatos posteriores podem transformar uma dívida quesível em portável e vice versa. (330) O pagamento reiteradamente feito em lugar diverso do estipulado faz presumir renúncia do credor do local estabelecido no contrato. Acontece muito em locações em que o pagamento começa em um local e depois vai para outro. (locação pagamento no domicílio do credor mas o devedor faz por meio de depósito durante anos.)
Lei – uma lei pode determinar o pagamento também em domicílio diverso ao do devedor. Ex. Lei municipal determinando que determinado tributo só pode ser pago na prefeitura ou banco conveniado.
Natureza da obrigação: despacho de mercadoria por avião com frete a pagar. Deve ser pago pelo destinatário no lugar de seu destino na sua retirada.
Circunstâncias especiais: pintura de um apartamento, deve ser cumprida no próprio apartamento que for objeto da pintura e não no domicílio do pintor.
Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações (serviços, reparações, construções) relativas ao imóvel deve ser cumprida no local onde se situa o bem. 328.
TEMPO DO PAGAMENTO
Além de saber aonde também tenho que saber quando a obrigação deve ser cumprida, o seu vencimento.
O CC regulamenta o tempo de pagamento nas obrigações puras, distinguindo-as das condicionais. Trata das dívidas cujo vencimento foi convencionado no contrato e das que não o foram.
As obrigações puras, com data para pagamento, devem ser cumpridas nessa data sob pena de inadimplemento. A falta de pagamento constitui em mora o devedor de pleno direito, independentemente de interpelação ou notificação judicial. Trata-se de mora ex-re.
Essa regra que a obrigação deve ser cumprida no vencimento sofre, contudo, duas exceções: a) obrigações que tem o vencimento antecipado nos termos da lei (ex.art.333); b) pagamento antecipado, quando o prazo for feito em favor do devedor
Segundo o art.333 o credor pode antecipar o vencimento da dívida quando: I- falência do devedor ou concurso de credores; no caso dos bens hipotecados ou empenhados, forem penhorados por outro credor em execução; III- se acabarem, ou forem insuficientes, as garantias pessoais (fidejussórias) ou reais dadas ao débito e o devedor intimado a reforça-la se negar. E se houver solidariedade passiva reputa-se antecipadamente vencida a dívida quanto aosdemais devedores? Não, p.único 333.
Pagamento antecipado
Nos contratos, o prazo para pagamento se presume em favor do devedor, podendo este abrir mão e antecipar o pagamento. Porém, se o prazo para pagamento for estabelecido em favor do credor (Ex. juros de 1% ao mês até o dia do pagamento que é 10 abril), pode este não aceitar o pagamento antecipado para receber os juros até o vencimento da obrigação. Se o contrato for regido pelo CDC é obrigado a aceitá-lo. (art.57§ 2º. CDC).
Se não se ajustou época para pagamento, nas obrigações puras, o credor pode exigi-lo imediatamente (331), havendo, contudo, a necessidade de o credor notificar o devedor que quer receber, contando-se sua mora somente a partir daí. Trata-se de mora ex-persona.
Nas obrigações condicionais o pagamento deve ser realizado quando do implemento da condição, cabendo ao credor provar que deste implemento teve ciência o devedor. 332. Trata-se de condição.
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PAGAMENTO INDIRETO E OUTRAS MODALIDADES ESPECIAIS DE PAGAMENTO
PAGAMENTO INDIRETO E OUTRAS MODALIDADES ESPECIAIS DE PAGAMENTO
PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
A consignação significa o depósito (judicial ou extrajudicial) da coisa devida, da prestação, acarretando a extinção da obrigação. Ocorre quando há a mora do credor, mora accipiendi.
Veja a redação do artigo 334: Considera-se consignação em pagamento o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas legais.
É instituto de direito material e processual. O CC menciona os fatos que a autorizam o CPC o modo de fazer o pagamento em consignação.
Objeto da consignação
Pode ser objeto da consignação dinheiro, como bens móveis e imóveis. Ex. faço contrato com marceneiro para fazer um móvel e o pagamento mediante entrega. O marceneiro em dois dias apronta o móvel só que eu não quero receber para não ter que pagar logo. A mora é minha, do credor. Pode consignar o móvel. Imóvel é simbolicamente consignado depositando suas chaves em juízo.
Só admitida o pagamento em consignação das obrigações de dar devido a necessidade do depósito. Não há como admitir consignação das obrigações de fazer e não fazer.
Só podendo ser atinente às obrigações de dar, pode se dar o pagamento em consignação de dar coisa certa ou incerta.
Coisa certa: art.341. se o imóvel ou coisa devida for certa que deve ser entregue no lugar em que está pode o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-lo, sob pena de ser depositada.
Coisa incerta: se a escolha couber ao credor, será ele citado para escolher sob pena de perder o direito de escolha e ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha segue como o 341. (342)
Fatos que autorizam a consignação
O CC em seu artigo 335, apresenta um rol não taxativo de casos que autorizam a consignação (vide 341, 342, art.17, p.único Dec.Lei 58/37).
1) se o credor não puder ou sem justa causa se recusar a receber o pagamento ou dar quitação na forma devida; Ex. locador que se recusa receber o aluguel do locatário porque não incorporou ao aluguel o aumento legal. A recusa é justa e não cabe consignação. Veja que a consignação também caberá se o credor concordar em receber mas se recusar a dar o recibo. Contempla dívida portable.
2) Se o credor não for nem mandar receber a coisa no tempo, lugar e condição devidos. Trata-se de dívida quesível.
3) se o credor for incapaz de receber ou desconhecido, ter sido declarado ausente, ou residir em lugar incerto de acesso perigoso ou difícil. O incapaz desde que não tenha representante legal se tiver o pagamento deve ser feito a ele. Desconhecido ex. transferência de título ao portador, sucessão da morte do credor originário. Ausente dificilmente acontece porque cumpri a obrigação perante o curador.
4) Quando houver dúvida sobre quem deve receber o pagamento. Cita ambos. Dois municípios que se dizem credores de imposto de determinada empresa. A discussão permanece entre os eventuais credores se liberando o devedor da obrigação.
5) se pender litígio sobre o objeto do pagamento (até os pretendentes a credores podem requerer a consignação – art.345)
Requisitos de Validade
Para que a consignação tenha força de pagamento é necessário que concorram quanto às pessoas, ao objeto, ao modo e tempo todos os requisitos sem os quais o pagamento não seria válido. 336.
Pessoas – deve ser feita pelo devedor capaz ao verdadeiro credor capaz ou seu representante. Pode também promover a consignação o terceiro interessado e o não interessado se o fizer por nome e conta do devedor.
Objeto- exige-se a integralidade do depósito porque o devedor não é obrigado a receber pagamento parcial. Deve incorporar os juros e correção até o efetivo depósito sob pena de ser julgada improcedente a consignatória;
Modo – deve ser o convencionado não se admitindo o pagamento em prestações se foi estipulado à vista;
Quanto ao tempo: deve ser aquele fixado no contrato
O depósito deve ser feito no lugar do pagamento, cessando para o depositante os juros da dívida e o risco salvo se a ação for julgada improcedente. 337.
As despesas com o depósito da coisa se procedente correrão por conta do credor se improcedente por conta do devedor. 343.
Levantamento do depósito
A lei permite ao devedor que fez o depósito, antes do credor declara que o aceita ou impugná-lo, fazer o levantamento do mesmo. 338. Neste caso subsiste a obrigação com todas as suas conseqüências.
Depois que declarar que aceita o depósito ou impugnar, o credor que concordar com o levantamento do mesmo pelo devedor perde a preferência com relação à coisa consignada, ficando desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído.
Julgada procedente a ação o devedor não poderá levantar o depósito mesmo com a anuência do credor, salvo se os codevedores e fiadores concordarem (porque extinguiria a obrigação a procedência). Art.339.
OUTRAS MODALIDADES DE PAGAMENTO (CONTINUAÇÃO) E INADIMPLEMENTO
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
Sub-rogação é a substituição de uma pessoa, ou de uma coisa, por outra pessoa ou outra coisa, em uma relação jurídica. No primeiro caso a sub-rogação é pessoal; No segundo é real. Nesta a coisa que toma o lugar da outra fica com o mesmo ônus da primeira. Ex. Sub-rogação de imóvel por outro gravado com cláusula, vínculo, de inalienabilidade. O segundo imóvel que substitui o primeiro fica gravado com a mesma cláusula. Pode ainda ser legal (decorre da lei) ou convencional (decorre da vontade das partes).
Trata o CC no capítulo que aborda o pagamento por sub-rogação daquele em que se sub-roga-se nos direitos de credor, ou seja, da Sub-rogação pessoal.
A sub-rogação constitui exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação porque promove apenas uma alteração subjetiva, mudando o credor.
Espécies
1. Sub-rogação legal
Encontra-se regulada no art.346. Opera-se a sub-rogação de pleno direito, automaticamente, independentemente da manifestação das partes: I- do credor que paga a dívida do devedor comum (aqui o devedor tem mais de um credor e se paga um deles pode ficar sem bens para os demais credores. O que paga aguarda a melhor oportunidade para cobrar o devedor. Ex: Aquele credor que não tem a garantia que tem o outro credor e que paga para ter essa garantia.
2) II- em favor do adquirente de imóvel hipotecado que paga o credor hipotecário, assim como de terceiro que paga para não ser privado de direito sobre o imóvel (esse terceiro paga para se beneficiar – venceu indenização contra a pessoa que tem o imóvel hipotecado)
3) em favor do terceiro interessado – que pode ter o patrimônio afetado. Avalista, fiador, devedor solidário....
Sub-rogação convencional
Decorre da vontade das partes podendo se dar por iniciativa do credor ou do devedor. Está regulamentada no art.347.
Na sub-rogação convencional, o credor recebe o pagamento de terceiro não interessado e lhe transfere os direitos; 347, I. Neste caso, como dito, terceiro não interessado paga a dívida e o credormanifesta sua vontade  no sentido de que o terceiro fique colocado na sua posição, adquirindo os respectivos direitos. Pode ser feita sem anuência do devedor. É uma espécie de cessão de crédito, sendo que o art.348 dispõe: Na hipótese do inciso, I do 347 vigorará o disposto quanto a cessão de crédito. Diferença com cessão: a transferência dos direitos do credor na sub-rogação se opera por efeito do pagamento o que não ocorre na cessão de crédito.
Ocorre a sub-rogação convencional, ainda, quando terceiro empresta ao devedor a quantia para esse último solver a dívida com o credor primitivo  e sub-roga-se nos direitos de credor 347, II. Independe da anuência do credor, da vontade deste. Troca de credor.
Efeitos da sub-rogação
Seja a sub-rogação legal ou convencional ela produz dois efeitos:
1) liberatório: exonera o devedor do primitivo credor; 2) translativo: transmite ao terceiro que satisfaz o crédito originário todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo em relação à dívida, contra o devedor principal e fiadores. 349.
Na sub-rogação legal o sub-rogado não pode reclamar do devedor a totalidade da dívida mas só aquilo que houver desembolsado. Assim, quem pagar soma menor que a do crédito sub-roga-se pelo valor efetivamente pago. Na sub-rogação convencional onde prevalece a autonomia da vontade, pode se estabelecer que haverá sub-rogação-total mesmo não tendo havido o desembolso total da importância necessária à satisfação do crédito primitivo.(Há controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca desse tema)
Há a preferência do credor primitivo sobre o sub-rogado no caso de sub-rogação parcial e o patrimônio do devedor for insuficiente para responder pela integralidade. 351. No caso de pagamento parcial por terceiro o crédito fica dividido em duas partes: a parte não paga, que continua com o credor primitivo e a parte paga que transfere ao sub-rogado. Nesse caso, havendo insolvência do devedor, o credor primitivo terá preferencia sobre o sub-rogado.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Ocorre a imputação do pagamento quando o devedor encontra-se obrigado por dois ou mais débitos da mesma natureza com relação ao mesmo credor e indica a qual deles oferece o pagamento desde que sejam todos vencidos e líquidos. (352).
Exemplo: devedor tem uma dívida de 50, 100 e 200 (sendo que as duas últimas podem ser pagas em parcelas) e remete 50 reais, a imputação do pagamento pode ser feita para qualquer delas.
Requisitos da imputação do pagamento:
1.Pluralidade de débitos; 2. Identidade de credor e devedor; 3. Igual natureza das dívidas (fungíveis, todas em dinheiro pois se tiver uma em dinheiro e uma de entregar um carro não há que se falar em imputação do pagamento); 4.As dívidas devem ser líquidas e vencidas ( A questão do vencimento só importa se o prazo para pagamento é estabelecido em favor do credor, pois se foi estabelecido em favor do devedor poderá ser antecipado por este (133); 5. Possibilidade do pagamento resgatar mais de um débito.
ESPÉCIES DE IMPUTAÇÃO
A imputação do pagamento pode se dar por indicação do devedor; do credor ou em virtude de lei.
IMPUTAÇÃO PELO DEVEDOR
O devedor quando paga tem o direito de declarar qual débito está pagando, quando não declara esse direito passa ao credor.
Limitações do direito do devedor escolher: a) não pode imputar o pagamento de dívida não vencida se o prazo foi estipulado em favor do credor; b) não pode imputar o pagamento de dívida que é superior ao montante ofertado (caso contrário importaria pagamento parcelado do débito que só é permitido quando convencionado); c) não pode imputar o pagamento do capital antes dos juros vencidos (salvo estipulação em contrário ou se o credor passar a quitação do capital) 354. Razão: os juros não têm rendimentos como o capital e, portanto, o pagamento do capital antes dos juros prejudicaria o credor.
IMPUTAÇÃO PELO CREDOR
Se o devedor não indicar qual das dívidas quer pagar, o credor poderá imputar o pagamento de uma delas por conta própria mediante o fornecimento da quitação de uma delas, Se o devedor aceitar a quitação, não poderá reclamar da imputação feita pelo credor salvo se provar que este último agiu com dolo ou violência (353).
IMPUTAÇÃO PELA LEI
Não fazendo a imputação o devedor, tampouco o credor (recibo da quantia sem indicar a qual dívida se refere), a lei o fará observando as seguintes regras:
1. Se dará primeiro nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se todas forem líquidas e vencidas na mesma data, na mais onerosa (aquela que recaia juros ou juros mais elevado, penhor, hipoteca). 355. Nenhuma solução dá a Lei se forem todas onerosas.
DAÇÃO EM PAGAMENTO
Ocorre quando o credor concorda em receber do devedor prestação diversa da que lhe é devida. (356).
Devia 20.000 em dinheiro, dou Palio em pagamento. Posso substituir dinheiro por bem móvel ou imóvel ou título de crédito (neste caso ocorre verdadeira cessão 358), de uma coisa por outra, por obrigação de fazer etc.
Regra: determinado o preço da coisa dada em pagamento, a relação das partes passa a seguir as regras do contrato de compra e venda.357. Isso se for substituição de dinheiro por uma coisa, pois se for de um bem com outro ocorre troca ou permuta.
Como segue as regras do contrato de compra e venda, responde o alienante (no caso o devedor) pela evicção (não era o verdadeiro dono do bem quem o entregou para pagamento) . Nesse sentido, se o credor for evicto da coisa dada em pagamento restabelece-se a obrigação primitiva com todas as garantias prestadas pessoalmente pelo devedor (exceto as prestadas por terceiro como a fiança cf.art. 838,III CC), ficando sem efeito a quitação dada, ressalvado o direito de terceiros. (359).
NOVAÇÃO
É a criação de uma obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a substituição de uma dívida por outra extinguindo-se a primeira.
Decorre, única e exclusivamente da vontade das partes, e jamais por força de Lei. Portanto, tem natureza contratual e não pode ser presumida.
REQUISITOS
1.Existência de obrigação anterior válida, pois, não podem ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas. As obrigações anuláveis, (Ex. contrato de compra e venda celebrado por relativamente incapaz), pode ser objeto de novação. (367). Razão: não se pode novar o que não existe, nem extinguir o que não produz efeitos jurídicos. 
E as obrigações naturais comportam novação? Discussão doutrinária a respeito. Não porque seu pagamento não pode ser exigido compulsoriamente. Sim, porque a novação decorre da vontade das partes.
2. Constituição de nova dívida para substituir ou extinguir a anterior. Portanto, não há novação quando há a exclusão de uma garantia como hipoteca, penhor, alongamento ou encurtamento de prazo, estipulação de juros).
3. animus novandi: intenção do credor em novar, pois importa renúncia ao crédito primitivo e aos direitos acessórios que o acompanham. Segundo,o art.361, não havendo ânimo de novar, seja expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação somente confirma a primeira. Ex. Não há novação quando o credor dilata o prazo para pagamento, modifica taxa de juros, pois a dívida continua a mesma.
ESPÉCIES
A novação pode ser objetiva, subjetiva.
1.Novação Objetiva: é a hipótese do inciso I do art.360. Se dá quando ocorre a alteração do objeto da prestação. Tem que ter o ânimo novandi pois, senão, caracteriza verdadeira dação em pagamento. Nela o devedor celebra com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior mediante a substituição da prestação. Ex: Percebendo que não conseguirei cumprir a obrigação de entregar o Palio no dia 10 de dezembro, faço uma nova obrigação com o credor substituindo o Palio por três motos para serem entregues no dia 10 de dezembro. Diferença com a dação: Na dação, aceitando o credor prestação diversa da que lhe é devida, o devedor deixa de ser devedor porque houve o cumprimento da obrigação. Na novação objetiva só se altera a prestação, porém o devedorcontinua devedor.
2. Novação subjetiva: quando se dá a substituição dos sujeitos da relação jurídica. Pode se dar por: a) substituição do devedor (novação subjetiva passiva – hipótese do inciso II do 360, em que novo devedor substitui o antigo, ficando este quite com o credor); b) substituição do credor (novação subjetiva ativa – hipótese do artigo 360, III, em que, em virtude de obrigação nova, outro credor substitui o antigo, ficando o devedor quite com este).
A novação subjetiva passiva pode ser efetuada independentemente do consentimento do devedor (362) e denomina-se expromissão. Se for com o consentimento do devedor, ocorre delegação.
No caso de novação subjetiva passiva, se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro devedor, salvo se este usou de má-fé a substituição (conhecia a insolvência do outro). 363. Isto porque extingue o principal efeito da novação é extinguir a obrigação anterior.
Ocorrendo a novação entre o credor e um dos devedores solidários, os demais devedores solidários que não participaram da novação ficam exonerados da dívida pela sua extinção. (365).
Ocorrendo a novação entre credor e devedor principal sem o consentimento do fiador implicará na exoneração do fiador. 366.
Na novação subjetiva ativa há necessidade dos três acordarem (novo, antigo credor e devedor). A deve 50 para B que deve 50 para C. Os três acordam que A pagará direto  para C sendo que B se retira da relação jurídica. Extinto estará o crédito de B em relação a A por ter sido criado o de C em face de A. Não se trata de cessão de crédito por que surgiu dívida inteiramente nova.
Como ficam os acessórios e garantias da dívida na novação? Salvo estipulação em contrário, ela extingue os acessórios e garantias da dívida. Não adianta o credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia forem de um terceiro que não foi parte na novação. (364).
COMPENSAÇÃO
É meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. 368. Visa evitar a circulação inútil da moeda, evitando duplo pagamento. Ex. Paulo é credor de Pedro de 10.000 e este se torna credor do segundo por igual quantia, as duas dívidas extinguem-se automaticamente, dispensando o duplo pagamento. (há neste caso a compensação total). Se Pedro se tornar credor apenas de 5.000 há a compensação parcial.
ESPÉCIES DE COMPENSAÇÃO
Além de ser total ou parcial, a compensação pode ser legal, convencional ou judicial.
1.Legal: decorre da lei, independentemente da vontade das partes. Opera-se automaticamente, de pleno direito. O juiz apenas a reconhece. Pode ser alegada em contestação, reconvenção e em embargos à execução.
Requisitos da compensação legal
a)Reciprocidade de créditos; b) liquidez e exigibilidade das prestações; c) fungibilidade das prestações (dívidas da mesma natureza).
Reciprocidade de créditos ou de obrigações
Duas pessoas têm que ser ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra. Portanto, uma pessoa que se obriga por terceiro não pode compensar essa dívida com a que o credor lhe dever.376
Do mesmo modo, o terceiro não interessado, embora possa pagar em nome e por conta do devedor, não pode compensar a dívida com eventual crédito que tenha em face do credor.
A lei permite, contudo, que o fiador (terceiro interessado), alegue em seu favor a compensação que o devedor afiançado poderia arguir perante o credor. 371.
Liquidez e exigibilidade das prestações
Dispõe o artigo 369 que a compensação se faz entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Somente se compensam dívidas cujo valor seja certo e determinado, que estejam expressas por uma cifra. Também é necessário que as dívidas estejam vencidas, pois somente assim podem ser exigidas (isso torna incompensável a obrigação natural pela civil, a que depende de condição suspensiva com a pura e simples).
Fungibilidade das prestações, dos débitos
As prestações têm que ser da mesma natureza para serem compensáveis. Ex. dívida em dinheiro só se compensa com dívida em dinheiro, dívida de entregar sacas de café só se compensa com outra dívida de entregar sacas de café. Ou seja, as prestações têm que ser fungíveis entre si, homogêneas. Não posso compensar dívida em dinheiro com dívida de café.
Nesse sentido, não se compensam coisas fungíveis da mesma natureza verificando que diferem na qualidade quando essa é especificada no contrato. 370. Ex. uma das dívidas é de entregar café tipo “A” (qualidade especificada), só se compensará com outra dívida de café tipo “A”.
2. Compensação convencional: decorre da vontade das partes. As partes, de comum acordo, aceitam a compensação dispensando alguns de seus requisitos como liquidez e exigibilidade da dívida. Assim, por acordo das partes, dívida ilíquida ou não vencida compensa-se com dívida líquida e vencida, dívida de café compensa-se com de dinheiro... Mesmo decorrente da autonomia da vontade deve observar as restrições do art.373.
3. Compensação judicial: determinada pelo juiz quando presentes os requisitos da compensação já vistos. Ocorre principalmente nos casos de procedência da ação e da reconvenção. Ação de cobrança de 100 e o réu cobra em reconvenção 110 e ambas procedem, o juiz condena a pagar 10 fazendo compensação. Dos honorários.
Dívidas não compensáveis
A exclusão da compensação pode ser convencional ou legal. No primeiro caso as próprias partes contratantes a excluem por mútuo acordo 375. Pode ocorrer, ainda, a renúncia unilateral quando uma das partes abre mão do direito de argüir a compensação antes de preenchidos os seus requisitos. 375.
As dívidas não compensáveis por força de lei decorrem, em alguns casos, da causa de uma das dívidas. Nesse sentido, dispõe o art.373. A diferença de causa das dívidas não impedem a compensação exceto: a)se provém de esbulho, furto ou roubo; b)se uma se originar de comodato, depósito ou de alimentos; c)se uma for de coisa não suscetível de penhora. Razão: comodato e depósito resultam da confiança mútua somente se admitindo o pagamento mediante a restituição da própria coisa emprestada ou depositada. A satisfação das dívidas alimentares é indispensável para a subsistência do alimentando. Não posso compensar crédito proveniente de salário que é impenhorável com outro de natureza diversa.
Também não se admite a compensação em prejuízo do direito de terceiro. O devedor que se torna credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia. 380. (o prejuízo ocorreria se o devedor pudesse, para compensar sua dívida com seu credor, adquirir crédito já penhorado por terceiro). Antes de efetuada a penhora é possível a compensação.
REGRAS PECULIARES
Sendo a mesma pessoa obrigada por vários débitos, dívidas compensáveis, serão observadas ao compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento. 379.
CONFUSÃO
Ocorre a confusão quando a mesma pessoa reúne a qualidade de credor e devedor ao mesmo tempo, ocasionando a extinção da obrigação. (381). Razão: alguém poderia demandar a si próprio?
Em geral resulta da herança, filho que deve ao pai e é sucessor deste. Morto o pai o crédito transfere-se ao filho que é o devedor. Pode resultar a confusão também do casamento pela comunhão universal,  da cessão de crédito e da sociedade.
ESPÉCIES DE CONFUSÃO
A confusão pode ser total (a respeito de toda a dívida) ou parcial (a respeito de parte da dívida) 382. Ex. os sucessores do pai credor são dois filhos e o valor da quota recebida pelo descendente devedor é menor do que o de sua dívida. Neste caso subsiste o restante da dívida.
EFEITOS
A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a dívida até a respectiva parte no crédito ou débito, subsistindo a solidariedade quanto ao mais. (383).
Portanto, se houver solidariedade passiva e um só dos devedores reúne a qualidadede credor e devedor, a confusão operará somente até a concorrência da quota deste. Se ativa a solidariedade, a confusão será parcial e permanece a solidariedade quanto aos demais.
A confusão extingue não só a obrigação principal mas a acessória, como a fiança e o penhor. A recíproca, contudo não é verdadeira. Ou seja, a obrigação principal persiste se a confusão operar-se na pessoa do credor e do fiador, ou do devedor e fiador.
E se cessar a confusão?
Cessando a confusão, restabelece-se a obrigação anterior com todos os seus acessórios. 384. Ex. Sucessão provisória do ausente que posteriormente volta à sua casa, anulação de testamento cumprido.
REMISSÃO
Remissão é a extinção da obrigação pelo perdão da dívida efetuada pelo credor.
A remissão depende de aceitação do devedor, pois se reveste de caráter convencional. (O remitido pode recusar a remissão e consignar o pagamento). Extingue a obrigação sem prejuízo do direito de terceiros. 385.
ESPÉCIES
A remissão pode ser expressa (por escrito, falado, instrumento público, particular...) ou tácita (decorre do comportamento do credor incompatível com sua qualidade de credor). Ex. devolução voluntária do título de crédito da NP... Exige a capacidade do remitente para alienar e do remitido para consentir.386.
A devolução voluntária do bem dado em penhor (empenhado), prova a renúncia do credor somente com relação à garantia e não à dívida. 387. Ex. devolve o relógio dado em penhor.
A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente. Entretanto, reservando o credor a solidariedade quanto aos demais, não pode cobrar o débito sem descontar a parte remitida. 388 veja o 262.
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
O inadimplemento da obrigação corresponde ao seu descumprimento.
O inadimplemento pode decorrer de ato culposo do devedor (culpa no sentido lato abrangendo negligência, imperícia, imprudência ou dolo e neste caso é chamado de inadimplemento culposo), ou decorrer de fato não imputável ao devedor, como no caso fortuito ou força maior e aqui é denominado de inadimplemento fortuito.
Verifica-se o caso fortuito ou força maior no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. O caso fortuito pode ser conceituado como o fato ou ato alheio à vontade das partes decorrente do comportamento humano, do funcionamento de máquinas ou do risco da atividade, como greve, motim, guerra, queda de ponte.... A força maior corresponderia aos fenômenos da natureza como tempestade, raio, terremoto....
A doutrina costuma elencar como requisitos do caso fortuito ou força maior: a) o fato deve ser necessário, alheio ao devedor; b) o fato deve ser superveniente e inevitável; c) o fato deve ser irresistível fora do alcance do poder humano.
Estabelece o artigo 393 que o devedor não responde pelos prejuízos causados por caso fortuito ou força maior, se não tiver expressamente se responsabilizado por eles. Portanto, podem as partes convencionar no contrato que a indenização será devida mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. (lembram de dar coisa certa e incerta?).
Nós vimos, no começo do ano, que obrigação e responsabilidade não se confundem e a última só surge quando descumprida a obrigação. Porém, no caso de descumprimento da obrigação, o devedor responderia por o quê? Perdas e danos, juros e atualização monetária e honorários advocatícios. É o que dispõe o art.389.
Nas obrigações negativas, de não fazer, o devedor se torna inadimplente desde o dia que pratica o ato que se obrigou a se abster. 390. 
MORA
Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação.
Segundo o art.394 do CC, considera-se em mora o devedor que não fizer o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou o contrato estabelecer. Pode decorrer de infração à Lei como no art.398.
Responde o devedor em mora pelos prejuízos que der causa, mais juros, atualização monetária e honorários advocatícios. (inadimplemento relativo). 395.
Se, contudo, a prestação do devedor em mora se tornar inútil ao credor, este poderá rejeitá-la e o segundo responde por perdas e danos. P.único 395.
Havendo a hipótese de proveito, utilidade ao credor a hipótese será de mora e o inadimplemento relativo. Não havendo a hipótese será de inadimplemento absoluto (Ex. fornecer salgados e doces para festa de casamento, nada adianta se entregar no dia seguinte o credor pode recusar e pedir perdas e danos).
 ESPÉCIES DE MORA
Há duas espécies de mora: a do credor (mora accipiendi ou creditoris – mora de receber) e a do devedor (mora solvendi ou debitoris - mora de pagar).
A mora do devedor pode ser ex-re (independe de notificação do devedor) ou ex-persona (depende de notificação do devedor).
O inadimplemento do devedor nas obrigações líquidas e positivas, na data de seu vencimento (no seu termo), constitui o devedor em mora de pleno direito. 397. Se não houver data para vencimento, o devedor só estará em mora depois de notificado judicial ou extrajudicialmente. P.único 397.
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se em mora o devedor desde que o praticou. 398. Portanto, aqui os juros de mora são devidos desde a data do ato ilícito. Súmula 54 STJ: os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
Consequências do devedor em mora: Durante o atraso, o devedor responde pela impossibilidade da prestação ainda que decorra de caso fortuito ou força maior, salvo se provar que o dano ocorreria mesmo que a obrigação tivesse sido cumprida no seu vencimento.399. Entregar carro dia 30 de abril. Estou com o carro até hoje, ou seja, em mora ex-re, e cai um raio que incendeia o carro, respondo assim mesmo por essa força maior. Ambas as casas do credor e do devedor foram destruídas por um raio com todos os objetos e carros da garagem na pendência da mora. Neste caso teria sobrevindo dano à coisa de qualquer forma, mesmo que a restituição do carro tivesse sido cumprida no vencimento.
MORA DO CREDOR
Ocorre com o retardamento do credor em receber o pagamento, a prestação.
Consequências da mora do credor: a) o devedor que não incorrer com dolo, fica isento de conservar a coisa (se deixar a coisa abandonada está em dolo); b) o devedor tem o direito de ser ressarcido das despesas com sua conservação; c) o credor se sujeita a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido de pagamento e o seu pagamento efetivo. (Ex. aumentar o preço da arroba do gado arcará com a diferença).400.
Se houver mora de ambos (nenhum comparece ao local escolhido para pagamento), uma elimina a outra. A situação permanece como nenhuma tivesse incorrido em mora.
PURGAÇÃO E CESSAÇÃO DA MORA
Purgar ou emendar a mora é neutralizar os seus efeitos. A purgação só poder ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor. Se, em razão do retardamento, a obrigação tornou-se inútil ao outro contratante (inadimplemento absoluto) ou a conseqüência legal ou convencional for a resolução, não será mais possível emendar a mora.
O art.401 estabelece-se quando se dá a purgação da mora pelo devedor e pelo credor.
Pelo devedor: faz a oferta da prestação atrasada mais os prejuízos;
Pelo credor: oferece-se a receber o pagamento e sujeita-se aos efeitos da mora até essa data (paga a conservação, variação de preço etc.)
Não se confunde purgação com cessação da mora. Cessação da mora decorre da extinção da obrigação. Ex. devedor em mora tem sua dívida remitida pelo credor.
PERDAS E DANOS
Vimos que ocorrido o inadimplemento surge a responsabilidade pelas perdas e danos, juros, correção monetária e honorários advocatícios.
As perdas e danos abrangem o dano emergente (aquilo que o credor efetivamente perdeu) e os lucros cessantes (aquilo que o credor deixou de auferir com o inadimplemento do devedor). 402.
Exemplo de dano emergente: o que gasto para consertar oveículo danificado por outro;
Exemplo de lucro cessante: carro de taxista que fica 1 semana na oficina sem rodar.
Nas obrigações de pagamento em dinheiro, as perdas e danos serão pagas com atualização monetária, juros, custas e honorários advocatícios sem prejuízo da pena convencional. 404. Se ficar provado que os juros de mora não cobrem o prejuízo e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. 404. P.único. (juros servem para indenizar perdas e danos de pagamento em dinheiro).
O artigo 405 estabelece que os juros de mora contam-se desde a citação inicial. Trata-se de regra que se aplica no caso de inadimplemento decorrente de contrato pois se for de ato ilícito o devedor encontra-se em mora desde a data que praticou o ato conforme 398.
JUROS
São os rendimentos do capital. É o preço do uso do capital.
ESPÉCIES DE JUROS:
1) Compensatórios (remuneratórios): são aqueles devidos como compensação do uso de capital pertencente a outro; Devem ser previstos no contrato e não podem exceder a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional conforme determina o art.406. Há divergência na doutrina e jurisprudência sobre qual seria essa taxa. Para alguns seria a taxa SELIC, para outros, em razão do disposto no art.161, §1o. do CTN, seria de 1% a.m.
 O STJ já decidiu que os contratos de empréstimos de bancos não estão sujeitos ao limite do 406, pois a Lei de mercado de capitais 4595/64 é especial e prevaleceria sobre o CC. O mesmo STJ decidiu, também, que os contratos bancários estão sujeitos ao CDC (súmula 297) inclusive quanto aos juros moratórios sendo que a abusividade destes, contudo, terá que ser declarada caso a caso. Súmula: 383: A estipulação de juros remuneratórios superior a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. Isto porque a Lei 4595/64 que regula o mercado de capitais, no seu art.4º., IX, estabelece que as instituições financeiras podem praticar os juros no limite estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional.
2) Moratórios: aqueles que decorrem da mora, do inadimplemento da obrigação; Podem ser livremente convencionados sem taxa limite previamente estabelecida em lei. Se não convencionados será a taxa da lei. 406.
3)Simples: são calculados sobre o capital inicial;
4)Compostos: são juros sobre juros, ou seja, os que forem computados passam a integrar o capital. Ocorre, nesse caso, a capitalização dos juros ou o chamado ANATOCISMO que significa a cobrança de juros sobre juros.
Regulamentação legal dos juros
Para a maioria da doutrina pátria os juros entre particulares devem observar o patamar máximo do artigo 406 do CC conforme estabelecido pelo artigo 591 do CC que permite, ainda, a capitalização ANUAL dos juros.
Súmula 596 STF: a limitação dos juros do Dec.22.626/33 não se aplica às instituições financeiras.
Súmula 102 STJ: A incidência de juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.
Súmula 379 STJ: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios podem ser convencionados até o limite de 1% a.m.
Súmula 283 STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.
CLÁUSULA PENAL
A cláusula penal, também denominada de pena convencional ou multa contratual, é uma obrigação acessória que visa evitar o inadimplemento da parte e prefixar as perdas e danos.
Tanto é uma obrigação acessória que pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação principal ou em ato posterior sob a forma de adendo. (409).
Consiste geralmente no pagamento em dinheiro, mas pode tomar outras formas como a perda de um benefício, como desconto, a entrega de uma coisa etc.
Se a cláusula penal for nula o contrato é nulo? Não, porque é uma obrigação acessória e, como sabemos, o acessório segue o principal e não o contrário. Obrigação principal for nula a cláusula penal também o será.
Uma das funções da cláusula penal é prefixar as perdas e danos sem ter o credor a necessidade de provar o prejuízo no caso de inadimplemento do devedor. Se o prejuízo do credor for superior ao valor da cláusula penal, não pode este exigir indenização suplementar se assim não se convencionou. Se tiver convencionado essa indenização suplementar, a cláusula penal vale como mínimo de indenização devendo o credor provar o prejuízo excedente. 416. (não pode cumular).
VALOR DA CLÁUSULA PENAL
A cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação principal. 412. Do mesmo modo pode o juiz reduzi-la se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se a penalidade for manifestamente excessiva tendo em vista a natureza e a finalidade do negócio.413.
ESPÉCIES DE CLÁUSULA PENAL
1.Compensatória: quando é estipulada para o caso de total inadimplemento da obrigação. 410. Ou exige a obrigação ou a cláusula penal. Geralmente de valor elevado quase correspondente ao da obrigação principal. Do mesmo modo não pode cumular com indenização a multa, pois se quiser a indenização terá que comprovar o prejuízo.
2.Moratória: quando é estipulada para assegurar o cumprimento de outra cláusula determinada ou evitar o retardamento, a mora, o atraso da obrigação.411. Neste caso pode o credor exigir a obrigação principal juntamente com a cláusula penal. Ex. multa de 2% na cobrança de condomínio, pago a multa mais o valor do condomínio.
CLÁUSULA PENAL E PLURALIDADE DE DEVEDORES
Sendo a obrigação indivisível, todos os devedores, caindo em falta um deles incorrerão na pena, mas esta só poderá ser demandada integralmente do culpado enquanto os demais respondem somente por sua quota parte. 414. Os devedores não culpados terão ação regressiva contra àquele que deu causa à aplicação da pena. P.único 414.
Quando for divisível a obrigação só incorre na pena o devedor ou herdeiro do devedor que a infringir e proporcionalmente à sua parte na obrigação. 415.
ARRAS OU SINAL
É a quantia ou coisa entregue como princípio de pagamento para confirmação do negócio.
Assim como a cláusula penal, também é uma obrigação acessória.
Podem ser confirmatórias ou penitenciais:
Confirmatórias: são aquelas que têm a função de confirmar o contrato, que se torna obrigatório após sua entrega. Acarreta as conseqüências dos artigos 418 e 419, quais sejam:
Se a parte que deu o sinal não executar o contrato, pode a outra tê-lo por desfeito retendo as arras. Se, contudo, quem não executar o contrato for a parte que recebeu o sinal, pode a parte que deu tê-lo por desfeito e exigir a devolução do sinal em dobro (mais o equivalente), com atualização, juros e honorários advocatícios. 418.
A parte inocente pode pedir indenização suplementar se provar maior prejuízo, valendo o sinal como taxa mínima. Pode também exigir a execução do contrato com perdas e danos, valendo as arras como o mínimo de indenização.419. (Ou se contenta com o sinal ou o sinal e o equivalente ou pede o 419).
Penitenciais: São aquelas que decorrem do direito de arrependimento das partes. Prevista no art.420. Neste caso as arras terão função indenizatória. Quem as deu perde para outra parte quem as recebeu deve devolvê-la em dobro. Em ambos os casos não haverá indenização suplementar.
Funções das arras: confirmar o contrato, prefixar perdas e danos quando convencionado o direito de arrependimento e atuar como começo de pagamento conforme art.417.
LISTA DE EXERCÍCIOS DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
1 – Eduardo alugou o apartamento de Leonardo, sendo que a obrigação assumida pelo primeiro foi o pagamento de prestações mensais no valor de R$500,00 (quinhentos reais). Em janeiro do presente ano, Leonardo informou a Eduardo que este deveria pagar o IPTU, por se tratar de obrigação inerente a quem habita no imóvel. Explique se Leonardo informou corretamente, definindo quem deverá responder pela obrigação e por que.
Resposta: trata-sede obrigação real ou propter rem, que obriga o proprietário e não o mero possuidor. A exigência de Leonardo só tem fundamento se houver expressa convenção das partes.
2 – Ana firmou com Pedro a obrigação de entregar três sacas de café Conilon que estavam armazenadas em seu galpão ao final do mês de abril. Para tanto, Pedro adiantou a quantia de R$10.000,00 (dez mil reais). Ocorre que antes do termo fixado, uma chuva torrencial destruiu o galpão com as sacas destinadas ao credor. Nesse caso, como Pedro poderá reaver o prejuízo sofrido?
Resposta: trata-se de obrigação de dar coisa certa, com inadimplemento sem culpa do devedor. Nesse caso, aplica-se a regra do “res perit domino”. A dona das sacas de café, no caso, Ana, arcará com o prejuízo, devendo devolver a quantia adiantada por Pedro.
3 – João deve a Juca um caminhão da marca xxx, chassi yyy, placa www. Antes de entregar o bem, João, que estava na direção do veículo, ultrapassou outro carro em faixa contínua, vindo a causar um acidente de trânsito. O caminhão sofreu avarias, mas não se tornou inutilizável. Como Juca poderá reaver os prejuízos?
Resposta: trata-se de obrigação de dar coisa certa, com inadimplemento culposo por parte do devedor. Nesse caso, poderá o credor:
i) desfazer o pacto, pedindo perdas e danos.
ii) aceitar o bem no estado em que se encontra, com perdas e danos.
4 – Marcelo é comodatário de André e deve restituir o imóvel até o final do ano. Caso não devolva e construa benfeitorias no imóvel, quais serão as consequências?
Resposta: trata-se de obrigação de restituir. Se o imóvel não é restituído no tempo acertado, haverá posse injusta. Das benfeitorias realizadas, Marcelo só terá direito de reaver as necessárias (para preservar o bem), sem o direito de retenção.
5 – Rita firmou uma obrigação com Hélio no sentido de lhe dar 3kg de trigo. No dia do cumprimento da obrigação, Rita alegou que sua plantação foi assolada por gafanhotos e, portanto, não poderia mais entregar o prometido. Qual a providência a ser tomada por Hélio?
Resposta: trata-se de obrigação de dar coisa incerta. Como se sabe da regra, a coisa incerta nunca perece. Hélio poderá exigir o cumprimento da obrigação, ainda que o inadimplemento não tenha se dado por culpa de Rita.
6 – Diego foi contratado para prestar serviços de animação em uma festa infantil. No dia da festa, foi sequestrado, ficando impossibilitado de cumprir a obrigação. A contratante buscou as vias judiciais pleiteando danos materiais e morais, alegando que os convidados ficaram frustrados e a dona da festa, ela própria, ficou envergonhada. Há chances de o pleito ser procedente?
Resposta: o pleito não será procedente, visto que a obrigação de fazer não foi cumprida em razão de caso fortuito (sequestro), não cabendo a Diego o pagamento de perdas e danos.
7 – Ernesto foi proibido, judicialmente, de se aproximar de Cláudia. Que tipo de obrigação é essa? Como pode o juiz garantir o afastamento de Ernesto?
Resposta: trata-se de obrigação de não fazer. O  juiz poderá garantir o cumprimento da obrigação através da fixação das astreintes (multas diárias).
8 – Miguel tem o direito de receber de Vitor um carro, no valor de R$15.000,00 ou a quantia correspondente. O carro foi roubado uma semana antes do cumprimento da obrigação. Quais os efeitos jurídicos desse fato?
Resposta: trata-se de obrigação alternativa. A impossibilidade do cumprimento de uma obrigação não exige a outra. Nesse caso, deverá Vitor pagar a quantia correspondente ao carro.
9 – Roberto e Janete foram contratador por Isabela para a confecção de uma mesa de jantar de madeira. Quando o bem estava pronto, Janete se descuidou e deixou o objeto em lugar exposto, sem qualquer proteção. No dia seguinte, o bem foi roubado. Analise os efeitos civis da situação exposta.
Resposta: trata-se de obrigação de fazer. O descumprimento se deu por culpa de Janete, a devedora. Nesse caso, poderá Isabela pleitear perdas e danos, se a obrigação for imprestável. Caso ainda lhe preste, poderá requerer a tutela específica, além de perdas e danos.  
10 – Júlia pagou uma dívida de R$4.000,00 (quatro mil reais) que tinha para com Beatriz. Depois, descobriu que a dívida já estava prescrita quando efetuou o pagamento. Poderá Júlia reaver esse valor, alegando pagamento indevido? Justifique.
Resposta: por tratar-se de dívida natural, o pagamento foi devido, ainda que inexigível. Não é possível alegar pagamento indevido, mesmo que sem o conhecimento da inexigibilidade.
11 – Miguel deve R$8.000,00 (oito mil reais) a Tito. O pai de Miguel, querendo safar o filho da dívida, realiza o pagamento em nome daquele. Pode-se dizer que Miguel ficou exonerado de sua obrigação?
Resposta: sim, Miguel se exonerou da obrigação, pois houve doação por parte do pai, quando quitou em nome do filho.
12 – Um fiador que paga a dívida, paga dívida própria? Quais são os efeitos civis gerados?
Resposta: não. O fiador que paga a dívida de terceiro se sub-roga no lugar do credor, com todas as vantagens inerentes ao crédito.

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