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DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 1 – CONCEITO Obrigação alternativa é aquela que tem por objeto duas ou várias prestações que são devidas de tal maneira que o devedor se libera inteiramente executando uma só dentre elas. Como são duas ou mais as prestações e só uma delas deve ser cumprida, momento chega em que se impõe selecionar o objeto ou o serviço a ser prestado. Esse momento é o da escolha. A introdução desse elemento escolha aproxima a obrigação alternativa da obrigação de dar coisa incerta. Enquanto na obrigação alternativa o perecimento de alguns dos objetos da obrigação faz com que a prestação se concentre no remanescente, o fenômeno da concentração é inconcebível na obrigação de dar coisa incerta, pois o gênero não perece. A obrigação alternativa se distingue da obrigação com cláusula penal porque, enquanto a primeira é complexa, a segunda é simples; isto é, enquanto na hipótese de cláusula penal a prestação é uma, só sendo devida a pena em caso de inadimplemento relativo ou absoluto, na obrigação alternativa encontram-se, desde a origem, dois ou mais objetos na obrigação, embora baste a prestação de um para que sua execução se aperfeiçoe. A obrigação alternativa oferece vantagem tanto para o devedor como para o credor. Para o devedor é vantajosa, pois lhe permite selecionar, dentre vários objetos da obrigação, o que for menos oneroso. Para o credor é útil o estabelecimento da alternativa, pois, através dela, melhor assegura o adimplemento do contrato. Se a obrigação for alternativa, o perecimento de uma das coisas da obrigação não extingue o liame entre as partes e o credor pode reclamar o pagamento da prestação que permaneceu possível. 2 – A ESCOLHA E SEUS EFEITOS Para se tornar possível a execução da obrigação alternativa, necessário se faz proceder à escolha. Feita a escolha, a obrigação, de complexa que era originalmente, passa a ser simples. Uma vez escolhido o objeto da obrigação, apenas este é devido; a dívida se concentra na prestação selecionada, desaparecendo, desse modo, o caráter múltiplo que caracterizava a obrigação. 3 – DIREITO DE ESCOLHA O legislador concede às partes, nas obrigações alternativas, liberdade para estipularem a quem cabe o direito de escolha. Apenas em caso de silêncio do contrato supre-lhes a omissão, entendendo competir ao devedor a prerrogativa de eleger a prestação devida (art. 252 do CC). Quando a escolha é deferida ao devedor, não pode este forçar o credor a receber parte em uma, parte em outra prestação (art. 252, § 1º), pois o credor não é obrigado a receber por partes aquilo que ajustou receber por inteiro. O preceito, porém, não se aplica se a obrigação for de prestações anuais, pois, nessa hipótese, entende-se que o direito à opção é conferido para ser exercido cada ano. Encontram-se, entretanto, duas hipóteses em que o direito de escolha, por força de lei, muda de mãos. Se ao devedor cabe a opção e este não solve a obrigação, deixando de oferecer qualquer das prestações da obrigação, o credor poderá obter sentença judicial alternativa e intimará o devedor para, dentro de 10 dias, cumprir uma das prestações, prosseguindo-se na execução, conforme a natureza da prestação escolhida. Se o executado, naquele prazo, deixar de oferecer uma das prestações, devolver-se-á ao exequente o direito à escolha (art. 571 do CPC). Se o direito de escolha foi conferido ao credor e este não o exercer, o devedor o citará para tal fim, sob cominação de perder sua prerrogativa e ser depositada a coisa que o devedor escolher (art. 342 do CC). 4 – DA IMPOSSIBILIDADE OU INEXEQUIBILIDADE DE UMA DAS PRESTAÇÕES Cumpre analisar a hipótese de uma das obrigações se tornar impossível, remanescendo a outra. Se a escolha competir ao devedor, o problema de seu comportamento, culposo ou inocente, não se propõe, e a obrigação se concentra na prestação remanescente (art. 253 do CC). O devedor não se pode furtar a esse dever alegando a perda da alternativa. Vale notar que o mesmo efeito se apresenta ainda que o devedor tenha culpa pela impossibilidade. Se, entretanto, a escolha competir ao credor e uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, mudam-se os termos do problema. Realmente, neste caso, a negligência ou imprudência do devedor pode causar dano ao credor, a quem talvez interessasse escolher justamente a prestação tornada impossível. Por conseguinte a lei, atendendo a tal possibilidade, defere ao credor a prerrogativa ou de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, acrescida das perdas e danos (art. 255, 1ª parte do CC). 5 – DA IMPOSSIBILIDADE DE TODAS AS PRESTAÇÕES Convém distinguir a existência ou não de culpa do devedor, tendo em vista, por outro lado, a circunstância de a escolha caber ao credor ou ao devedor. a) se todas as prestações se tornarem impossíveis, sem culpa do devedor, aplica-se a regra geral já analisada a respeito das obrigações de dar, fazer ou não fazer: a obrigação se extingue, pura e simplesmente (art. 256 do CC). b) se, cabendo-lhe a escolha, não puder o devedor, por sua própria culpa, cumprir nenhuma das prestações, ficará este obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, acrescido das perdas e danos (art. 255, 2ª parte do CC). O perecimento antecipado de uma das prestações fez com que a obrigação se concentrasse na outra, passando a constituir o objeto único da relação jurídica. Se a prestação remanescente também se impossibilita, por culpa do devedor, é ele responsável pelo inadimplemento, ficando sujeito à reparação do prejuízo (art. 389 do CC). c) se todas as prestações se impossibilitam, por culpa do devedor, cabendo a escolha ao credor, pode este último reclamar o valor de qualquer delas, adicionado das perdas e danos.
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