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Geometria Diferencial/Analise Exercicios (3).pdf Aula 1 Equações paramétricas das cônicas Ao estudarmos as retas no plano, vimos que a reta r que passa por dois pontos distintos P1 = (x1, y1) e P2 = (x2, y2) é dada pelas seguintes equações paramétricas: r : x = x1 + t(x2 − x1)y = y1 + t(y2 − y1) ; t ∈ R Essas equações expressam os valores das coordenadas cartesianas x e y de um ponto qual- quer da reta r em função de apenas uma variável, a variável t, denominada parâmetro. As retas não são as únicas curvas planas que podem ser representadas por equações paramétricas. Definição 1 Seja C uma curva plana. Dizemos que uma aplicação γ : D −→ R2, γ(t) = (x(t), y(t)), é uma parametrização de C se a sua imagem γ(D) coincide com C, ou seja, C = γ(D) = {(x(t), y(t)) | t ∈ D} , onde D é um subconjunto de R (geralmente um intervalo ou uma reunião finita de intervalos). A imagem γ(D) ⊂ R2 é também chamada o traço de γ. Parametrização de um círculo Seja C : x2 + y2 = r2 o círculo de centro na origem e raio r > 0. Seja t a medida, em radianos, do ângulo P̂0OP (tomada no sentido anti-horário), onde O é a origem do sistema cartesiano de coordenadas, P0 = (r, 0) é a interseção do círculo com o semi-eixo positivo OX e P = (x, y) é um ponto pertencente a C. Considere o ponto P ′ = (x, 0). Como o triângulo OPP ′ é retângulo em P ′, as expressões das coordenadas x e y, em função do parâmetro t, são: x = x(t) = r cos t e y = y(t) = r sen t Geometria Analítica II - Aula 1 2 Fig. 1: Círculo C : x2 + y2 = r2 Fazendo t percorrer os valores do intervalo [0, 2pi), obtemos todos os pontos do círculo. Se quisermos, podemos considerar t percorrendo tam- bém todos os valores reais. Isto implica realizar um nú- mero infinito de voltas sobre o círculo. Portanto, uma possibilidade de equações paramétricas para o círculo C é: C : x = r cos ty = r sen t ; t ∈ R . Note que, para qualquer valor real a 6= 0, as equa- ções x = r cos(at) e y = r sen(at), com t ∈ R , também são equações paramétricas para o círculo C, pois: x2 + y2 = r2 cos2(at) + r2 sen2(at) = r2 . Observe que as equações paramétricas C : x = r cos ty = r sen t ; t ∈ [0, pi] , definem apenas o semi-círculo de P0 = (r, 0) a P1 = (−r, 0) percorrido no sentido positivo (anti- horário). Seja, agora, o círculo C : (x− x0)2 + (y− y0)2 = r2 de centro (x0, y0) e raio r > 0. Fig. 2: Círculo C :: (x − x0)2 + (y − y0)2 = r2 Por uma translação do sistema de eixos OXY, obte- mos um novo sistema de eixos OXY, com O = (x0, y0). Nas coordenadas x e y, onde x = x+ x0 e y = y+ y0, a equação cartesiana do círculo é dada por x2+y2 = r2, pois, no sistema de eixos OXY, o círculo C tem raio r e está centrado na origem. Sendo x = r cos t e y = r sen t, t ∈ R, as equações paramétricas de C nas coordenadas x e y, temos que: C : x = x0 + r cos ty = y0 + r sen t ; t ∈ R , são equações paramétricas do círculo C nas coordenadas x e y. IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 3 Geometria Analítica II - Aula 1 Exemplo 1 Parametrize o círculo C : x2 + y2 − 4x− 6y = 12. Solução. Completando o quadrado: x2 − 4x+ y2 − 6y = 12⇐⇒ (x− 2)2 + (y− 3)2 = 12+ 4+ 9 = 25 , obtemos que C é o círculo de centro C = (2, 3) e raio r = 5. Logo, pelo visto acima, C : x = 2+ 5 cos ty = 3+ 5 sen t ; t ∈ R , são equações paramétricas do círculo C. � Parametrização de uma elipse Seja E : x 2 a2 + y2 b2 = 1 uma elipse de centro na origem. Seja C : α2 + β2 = 1 o círculo de centro na origem e raio r = 1. Como (x, y) ∈ E se, e só se, (α,β) = ( x a , y b ) ∈ C, e C : α = cos tβ = sen t ; t ∈ R, é uma parametrização de C, temos que E : x = a cos ty = b sen t ; t ∈ R , é uma possível parametrização da elipse E . O significado geométrico do parâmetro t ∈ R pode ser visto do seguinte modo. Sejam Ca : x2 + y2 = a2 o círculo de centro na origem e raio a e Cb : x2 + y2 = b2 o círculo de centro na origem e raio b. Fig. 3: Círculos Ca e Cb, a > b > 0 K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 4 Considere, para cada t ∈ R, os pontos Pa = (a cos t, a sen t) ∈ Ca e Pb = (b cos t, b sen t) ∈ Cb, tais que os vetores −−−→OPa e −−−→OPb fazem um ângulo t, medido em radianos, no sentido anti- horário, com o semi-eixo positivo OX. A interseção da reta ra : x = a cos t, paralela ao eixo−OY que passa pelo ponto Pa, com a reta rb : y = b sen t, paralela ao eixo−OX que passa pelo ponto Pb, nos dá o ponto P = (a cos t, b sen t) pertencente à elipse E : x 2 a2 + y2 b2 = 1. Fig. 4: Construção da elipse E Seja, agora, a elipse E : (x− x0) 2 a2 + (y− y0) 2 b2 = 1 de centro (x0, y0). Por uma translação dos eixos coordenados, obtemos um sistema de eixos OXY, onde O = (x0, y0) é o centro da elipse. Nas novas coordenadas x e y, a equação cartesiana da elipse fica na forma E : x 2 a2 + y2 b2 = 1 e, portanto, E : x = a cos ty = b sen t ; t ∈ R, é uma parametrização da elipse nas coordenadas x e y. Como x = x+ x0 e y = y+ y0, obtemos que: E : x = x0 + a cos ty = y0 + b sen t ; t ∈ R , é uma parametrização da elipse nas coordenadas x e y. Exemplo 2 Parametrize a elipse x2 + 4y2 − 2x− 16y = −1. IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 5 Geometria Analítica II - Aula 1 Solução. Completando os quadrados: x2 − 2x+ 4y2 − 16y = −1 ⇐⇒ (x− 1)2 + 4(y− 2)2 = −1+ 1+ 16 = 16⇐⇒ (x− 1)2 16 + (y− 2)2 4 = 1 , obtemos que a elipse E tem centro no ponto (1, 2), reta-focal y = 2 paralela ao eixo−OX, a = 4 e b = 2. Então, E : x = 1+ 4 cos ty = 2+ 2 sen t ; t ∈ R , é uma parametrização de E . � Parametrização de uma hipérbole Consideremos a hipérbole H : x2 − y2 = 1 equilátera (a = b = 1) de centro na origem cuja reta-focal é o eixo−OX. Sejam cosh t = e t + e−t 2 e senh t = e t − e−t 2 , t ∈ R, respectivamente, as funções cosseno hiperbólico e seno hiperbólico. Os pontos (cosh t, senh t) e (− cosh t, senh t) pertencem à hi- pérbole H, pois, (cosh t)2 − (senh t)2 = e 2t + 2+ e−2t 4 − e2t − 2+ e−2t 4 = 1 para todo t ∈ R. Fig. 5: Gráficos de cosh t e senh t Além disso, variando t ∈ R, vemos que x = ± cosh t percorre todos os valores em (−∞,−1]∪ [1,+∞), enquanto y = senh t percorre todos os valores reais. Portanto, x = cosh ty = senh t ; t ∈ R, é uma parametrização para o ramo H+ de H que intesecta K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 6 o semi-eixo positivo OX, e x = − cosh ty = senh t ; t ∈ R, é uma parametrização para o ramo H− de H que intesecta o semi-eixo negativo OX. Fig. 6: Gráfico de H = H+ ∪H− Seja, agora, a hipérbole H : (x− x0) 2 a2 − (y− y0) 2 b2 = 1 de centro (x0, y0) e reta-focal paralela ao eixo−OX. Considere a hipérbole H0 : α2 − β2 = 1. Como (x, y) ∈ H se, e só se, (α,β) = ( x− x0 a , y− y0 b ) ∈ H0 e H0 : α = ± cosh tβ = senh t ; t ∈ R , é uma parametrização de H0, temos quex = x0 ± a cosh ty = y0 + b senh t ; t ∈ R , são equações paramétricas da hipérbole H. De modo análogo, podemos verificar quex = x0 + b senh ty = y0 ± a cosh t ; t ∈ R , são equações paramétricas da hipérbole H : (y− y0) 2 a2 − (x− x0) 2 b2 = 1 de centro (x0, y0) e reta- focal paralela ao eixo−OY. Observação 1 Podemos obter outras equações paramétricas para a hipérbole H : x 2 a2 − y2 b2 = 1, utilizando as funções trigonométricas. IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 7 Geometria Analítica II - Aula 1 A seguir, assumimos 0 < b < a (faça as adaptações necessárias para o caso em que 0 < a < b). Acompanhe o procedimento na Figura 7. Fig. 7: Hipérbole H : x2 a2 − y 2 b2 = 1 . Sejam as retas s1 : x = b e s2 : x = a. Consideremos um ponto P = (x, y) ∈ H no primeiro quadrante. Seja P1 = (x1, y1) o ponto de interseção de s1 com a reta paralela ao eixo OX que passa por P. Seja t a medida (em radianos) do ângulo do semi-eixo positivoOX para a semi-retaOP1 no sentido anti-horário. Da Trigonometria, temos P1 = (x1, y1) = (b, b tg t). Note que as segundas coordenadas de P e P1 são iguais. Daí concluímos que y = y1 = b tg t. Ou seja, P = (x, y) = (x, y1) = (x, b tg t) . Para obter a coordenada x do ponto P, seja P2 o ponto de interseção da semi-reta OP1 com a reta s2 . Então |OP2| = |a sec t|. O círculo de centro na origem e raio |OP2| intersecta o semi-eixo positivo OX no ponto P0 = (x0, 0) , onde x0 = |OP2| = |a sec t|. Como t é um arco do primeiro quadrante, a sec t é um número positivo. Logo, x0 = a sec t. Afirmamos que x = x0 , isto é, P = (x, y) = (x, b tg t) = (x0, b tg t) = (a sec t, b tg t) . Para verificar a afirmativa, basta mostrar que o ponto de coordenadas (a sec t, b tg t) satisfaz a equação cartesiana da hipérbole H: (a sec t)2 a2 − (b tg t)2 b2 = sec2 t− tg2 t = 1 . Finalmente, observe que, conforme t percorre todos os valores do intervalo [0, pi 2 ), o ponto P percorre todos os pontos da hipérbole que estão no primeiro quadrante. Veja a Figura 7. Fig. 8: Ramo de H no quarto quadrante. K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 8 Para obter os pontos do quarto quadrante, fazemos a mesma construção, variando t no intervalo (−pi 2 , 0]. Neste caso, o ponto P = (x, y) da hipérbole tem a sua segunda coordenada negativa coincidindo com b tg t, que é também um número negativo. Veja a Figura 8. Para obter o ramo da hipérbole que intersecta o semi-eixo negativo OX, repetimos a construção, variando t no intervalo (pi 2 , 3pi 2 ) sendo, agora, t o ângulo (em radianos) que o semi-eixo positivo OX faz com o vetor −−−→ OP ′1 , no sentido horário, onde P ′ 1 é o ponto de interseção da reta s ′ 1 : x = −b com a reta paralela ao eixo−OX que passa por P. Fig. 9: Ramo de H no semi-plano x < 0. Observe que: a sec t < 0 , para t ∈ ( pi 2 , 3pi 2 ) , e b tg t ≤ 0 , para pi2 < t ≤ pib tg t > 0 , para pi < t < 3pi 2 . Com essa análise, chegamos às seguintes equações paramétricas da hipérboleH : x2 a2 − y 2 b2 = 1 : H : x = a sec ty = b tg t , t ∈ (−pi2 , pi2 ) ∪ (pi2 , 3pi2 ) Quando t varia no intervalo (−pi 2 , pi 2 ), obtemos o ramo da hipérbole H que intersecta o semi- eixo positivo OX, e quando t varia no intervalo (pi 2 , 3pi 2 ), obtemos o ramo de H que intersecta o semi-eixo negativo OX. Observação 2 Podemos determinar equações paramétricas de cada ramo da hipérbole isoladamente, fazendo variar t num mesmo intervalo. De fato, já sabemos que as equações paramétricas: H+ : x = a sec ty = b tg t , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) , descrevem as coordenadas dos pontos do ramo H+ de H que intersecta o semi-eixo positivo IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 9 Geometria Analítica II - Aula 1 OX. Também, como t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) se, e somente se, t+ pi ∈ ( pi 2 , 3pi 2 ) , e: a sec(t+ pi) = −a sec t e b tg(t+ pi) = b tg t , vemos que as coordenadas dos pontos do ramo H− de H, que intersecta o semi-eixo negativo OX, são dadas pelas equações paramétricas: H− : x = −a sec ty = b tg t , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) Portanto, H é descrita completamente pelas equações paramétricas: H+ : x = a sec ty = b tg t , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) , H− : x = −a sec ty = b tg t , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) De modo geral, podemos verificar que H : x = ±a sec t+ x0y = b tg t+ y0 , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) , são equações paramétricas da hipérbole H : (x− x0) 2 a2 − (y− y0) 2 b2 = 1 de centro (x0, y0) e reta- focal paralela ao eixo−OX, e H : x = b tg t+ x0y = ±a sec t+ y0 , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) são equações paramétricas da hipérbole H : (y− y0) 2 a2 − (x− x0) 2 b2 = 1 de centro (x0, y0) e reta- focal paralela ao eixo−OY. Exemplo 3 Parametrize a hipérbole H : x2 − 4y2 + 2x− 8y = 7 de duas maneiras diferentes. Solução. Completando os quadrados, temos: x2 + 2x− 4y2 − 8y = 7 ⇐⇒ (x+ 1)2 − 4(y+ 1)2 = 7+ 1− 4 = 4⇐⇒ (x+ 1)2 4 − (y+ 1)2 = 1 . Logo H é uma hipérbole de centro (−1,−1), reta-focal y = −1 paralela ao eixo−OX, a = 2 e b = 1. Assim, pelo visto acima, K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 10 H : x = ±2 cosh t− 1y = senh t− 1 ; t ∈ R , e H : x = ±2 sec t− 1y = tg t− 1 ; t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) , são duas parametrizações possíveis para hipérbole H. � Exemplo 4 Parametrize a hipérbole H : −x2 + 9y2 + 18y− 2x− 1 = 0 de duas maneiras. Solução. Completando o quadrado, obtemos: 9(y2 − 2y) − (x2 + 2x) = 1⇐⇒ 9(y+ 1)2 − (x+ 1)2 = 1+ 9− 1 = 9⇐⇒ (y+ 1)2 − (x+ 1)2 9 = 1 . Logo H é a hipérbole de centro (−1,−1), reta-focal x = −1 paralela ao eixo−OY, a = 1 e b = 3. Então, H : x = 3 senh t− 1y = ± cosh t− 1 , t ∈ R e H : x = 3 tg t− 1y = ± sec t− 1 , t ∈ ( − pi 2 , pi 2 ) são duas parametrizações distintas da hipérbole. � Parametrização de uma parábola As equações cartesianas canônicas das parábolas se caracterizam por apresentar uma das variáveis no primeiro grau. Isso permite expressar essa variável como dependente da variável do segundo grau. Fig. 10: P : (x − a)2 = k(y − b) . Assim, por exemplo, na parábola P de equação cartesiana (x− a)2 = k(y− b)⇐⇒ y = 1 k (x− a)2 + b, de vértice (a, b) e reta-focal paralela ao eixo−OY, escolhendo a variável independente t como sendo x − a, a variável dependente y se expressa como y = 1 k t2 + b. Portanto, P tem por equações paramétricas: P : x = t+ ay = 1 k t2 + b , t ∈ R IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 11 Geometria Analítica II - Aula 1 Exemplo 5 Parametrize a parábola P : y2 − 2x+ 4y = 0. Solução. Completando o quadrado: y2 + 4y− 2x = 0 ⇐⇒ (y+ 2)2 = 2x+ 4 = 2(x+ 2) , vemos que P é uma parábola de vértice V = (−2,−2) e reta-focal y = −2 paralela ao eixo−OX. Então, como x = (y+ 2) 2 2 − 2, temos que: P : x = t2 2 − 2 y = t− 2 ; t ∈ R , são equações paramétricas da parábola P. � Observação 3 O procedimento utilizado para obter equações paramétricas das parábolas se aplica para obter equações paramétricas de partes de elipses e hipérboles. Exemplo 6 Considere a elipse: E : x 2 a2 + y2 b2 = 1 . Colocando em evidência a variável y, obtemos: y2 b2 = 1− x2 a2 =⇒ y2 = b2(1− x2 a2 ) =⇒ y = ±√b2 a2 (a2 − x2) =⇒ y = ±b a √ (a2 − x2). Note que a expressão que aparece no radicando, no lado direito da última igualdade, está defi- nida somente para os valores de x tais que a2 − x2 ≥ 0, ou seja, −a ≤ x ≤ a. Para cada escolha de sinal na expressão de y, descrevemos uma parte da elipse E . Fazendo x = t, obtemos as equações paramétricas: E+ : x = ty = b a √ a2 − t2 , t ∈ (−a, a] , E− : x = ty = −b a √ a2 − x2 , t ∈ [−a, a) , onde E+ é a semi-elipse contida no semiplano superior incluindo o vértice V1 = (a, 0) e excluindo o vértice V2 = (−a, 0). Analogamente, E− é a semi-elipse contida no semiplano inferior, incluindo o vértice V2 = (−a, 0) e excluindo o vértice V1 = (a, 0). Veja as Figuras 11, 12 e 13. Nos exemplos abaixo veremos como parametrizar cônicas que não estão na forma canônica. K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 12 Fig. 11: Semi-elipse E+ . Fig. 12: Semi-elipse E− . Fig. 13: Elipse E = E+ ∪ E− . Exemplo 7 Determine a equação cartesiana e equações paramétricas da hipérbole equilátera H que passa pelo ponto P0 = (−1,−5) e tem os eixos coordenados como assíntotas. Solução. Como as assíntotas se intersectam na origem e uma de suas bissetrizes é a reta-focal, temos que C = (0, 0) é o centro da hipérbole e a reta-focal é a reta y = x ou a reta y = −x. Fig. 14: Hipérbole H Além disso, como o ponto P0 = (−1,−5) ∈ H está no terceiro quadrante, vemos que a reta-focal deH é a reta y = x. Por uma rotação de 45o em torno da origem no sentido positivo, obtemos um novo sistema de eixos ortogonais OXY, sendo: x = √ 2 2 (x− y) y = √ 2 2 (x+ y) (1) e x = √ 2 2 (x+ y) y = √ 2 2 (−x+ y) (2) as equações de mudança de coordenadas. Nesse novo sistema de eixos, a hipérbole é equilátera, tem centro na origem e reta-focal = eixo−OX. Então, H : x 2 a2 − y2 a2 = 1 ⇐⇒ H : x2 − y2 = a2 , é a equação da hipérbole nas coordenadas x e y. Como −1 e −5 são, respectivamente, as coordenadas x e y do ponto P0, temos, por (2), que: x = √ 2 2 (−1− 5) = −3 √ 2 y = √ 2 2 (1− 5) = −2 √ 2 , IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 13 Geometria Analítica II - Aula 1 são as coordenadas deste ponto no sistema de eixos ortogonais OXY. Assim, a2 = (−3 √ 2)2 − (−2 √ 2)2 = 18 − 8 = 10 , já que (−3 √ 2,−2 √ 2) satisfaz a equação x2 − y2 = a2 da hipérbole nas coordenadas x e y. Finalmente, fazendo x = √ 2 2 (x+ y) e y = √ 2 2 (−x+ y) na equação x2 − y2 = 10, obtemos: 2 4 (x+ y)2 − 2 4 (−x+ y)2 = 10 ⇐⇒ (x2 + 2xy+ y2) − (x2 − 2xy+ y2) = 20 ⇐⇒ 4xy = 20 ⇐⇒ xy = 5 , que é a equação cartesiana da hipérbole nas coordenadas x e y. Para parametrizar a hipérbole H, parametrizamos primeiro a hipérbole H : x2 − y2 = 10, com a = b = √ 10: H : x = ± √ 10 cosh t y = √ 10 senh t ; t ∈ R . Utilizando a mudança de coordenadas (1), obtemos que: H : x = √ 2 2 ( ±√10 cosh t−√10 senh t ) y = √ 2 2 ( ±√10 cosh t+√10 senh t ) ; t ∈ R , são equações paramétricas para a hipérbole H. Podemos também parametrizar a hipérbole H fazendo y = s, s ∈ R− {0}, e x = 5 y = 5 s . Para s ∈ (0,+∞), a parametrização x = 5 s y = s cobre a parte da curva situada no primeiro quadrante e, para s ∈ (−∞, 0), a parametrização x = 5 s y = s cobre a parte da curva situada no terceiro quadrante. � Exemplo 8 Determine uma parametrização da cônica dada pela equação do segundo grau: 9x2 − 24xy+ 16y2 − 20x+ 110y− 50 = 0 . Solução. Os coeficientes da equação são A = 9, B = −24, C = 16, D = −20, E = 110, F = 50 e seu indicador é I = B2 − 4AC = (−24)2 − 4× 9× 16 = 0. Portanto, a equação é do tipo parabólico. K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Geometria Analítica II - Aula 1 14 Como A 6= C, temos que tg(2θ) = B A− C = −24 9− 16 = 24 7 > 0 e cos 2θ = √ 1 1+ (tg 2θ)2 = √ 1 1+ 576/49 = 7√ 625 = 7 25 , de onde obtemos: cos θ = √ 1+ cos 2θ 2 = √ 1+ 7/25 2 = 4 5 , sen θ = √ 1− cos 2θ 2 = √ 1− 7/25 2 = 3 5 , onde θ é o ângulo que devemos girar os eixos OX e OY para obter um novo sistema de eixos OXY, no qual a cônica se escreve na forma canônica. As relações de mudança de coordenadas são: x = 1 5 (4x− 3y) y = 1 5 (3x+ 4y) (1) e x = 1 5 (4x+ 3y) y = 1 5 (−3x+ 4y) (2) , e a equação da cônica nas coordenadas x e y fica na forma: Ax2 + Cy2 +Dx+ Ey+ F = 0 , onde F = F = −50; ( A 0 0 C ) = 1 5 × 1 5 ( 4 3 −3 4 )( 9 −12 −12 16 )( 4 −3 3 4 ) = 1 25 ( 0 0 −75 100 )( 4 −3 3 4 ) = ( 0 0 0 25 ) , ou seja, A = 0 e C = 25; ( D E ) = 1 5 ( 4 3 −3 4 ) ( −20 110 ) = ( 50 100 ) , ou seja, D = 50 e E = 100. Logo, a equação da cônica nas coordenadas x e y é dada por: 25y2 + 50x+ 100y− 50 = 0⇐⇒ y2 + 2x+ 4y− 2 = 0 . Completando o quadrado, temos: y2 + 4y = −2x+ 2⇐⇒ (y+ 2)2 = −2x+ 2+ 4 = −2(x− 3) . Assim, a curva representa uma parábola de vértice V = (3,−2), parâmetro p = +1 2 , reta-focal ` : y = −2, foco F = ( 3− 1 2 ,−2 ) = ( 5 2 ,−2 ) e diretriz L : x = 3+ 1 2 = 7 2 . Portanto, IM-UFF K. Frensel - J. Delgado 15 Geometria Analítica II - Aula 1 x = −t 2 2 + 3 y = t− 2 ; t ∈ R , é uma parametrização da parábola nas coordenadas x e y. Então, usando a mudança de coordenadas (1), obtemos que: P : x = 1 5 ( 4 ( − t2 2 + 3 ) − 3(t− 2) ) = − 1 5 (2t2 + 3t− 18) y = 1 5 ( 3 ( − t2 2 + 3 ) + 4(t− 2) ) = 1 5 ( − 3 2 t2 + 4t+ 1 ) ; t ∈ R , é uma parametrização da cônica no sistema de coordenadas OXY. � Fig. 15: Parábola 9x2 − 24xy + 16y2 − 20x + 110y − 50 = 0 K. Frensel - J. Delgado IM-UFF Equações paramétricas das cônicas modeloParametrização de um círculo modeloParametrização de uma elipse modeloParametrização de uma hipérbole modeloParametrização de uma parábola Geometria Diferencial/Análise Complexa e Geometria Diferencial de certas Superfícies do Espaço hiperbólico.pdf Bol. Soc. Paran. Mat. (3s.) v. 21 1/2 (2003): 1–20. c©SPM Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial de certas Superf´ıcies do Espac¸o hiperbo´lico Ricardo Sa Earp abstract: Desde os tempos de Gauss, Riemann e de outros que a Geometria Diferencial entrelac¸a-se com a Ana´lise Complexa. Um dos mais belos efeitos disto e´ a bem conhecida representac¸a˜o de Weierstrass para superf´ıcies mı´nimas de IR3, con- sistindo de dados meromorfos (f, g) que descrevem inteiramente uma tal superf´ıcie. O estudo da ana´lise complexa aplicado neste contexto, ao longo das u´ltimas de´cadas, tem produzido vertiginosos resultados e tem desenvolvido esta teoria para ale´m das expectativas. Ja´ e´ bem conhecido que a`s superf´ıcies mı´nimas simplesmente conexas de IR3 pode-se associar suas primas no espac¸o hiperbo´lico tridimensional IH3 que possuem curvatura me´dia igual a 1. Tal relac¸a˜o segue do teorema fundamental da Geometria, calcado nas equac¸o˜es de Gauss e de Codazzi-Mainardi. O fato e´ que tambe´m existem dados meromorfos sobre as superf´ıcies de curvatura me´dia 1 em IH3, o que sob um ponto de vista filoso´fico e´ de se esperar. Este e´ o escopo destas notas: Explicar um pouco as origens desta teoria e suas ligac¸o˜es com a teoria cla´ssica das superf´ıcies mı´nimas de IR3 e apresentar os dados meromorfos e exemplos, se- gundo um trabalho recente do autor com Toubiana. Como o espac¸o hiperbo´lico possui va´rios modelos naturais, diferentemente do espac¸o Euclideano, existem va´rios pontos de vistas alternativos nesta teoria- revelando a riqueza iniguala´vel da Geome- tria Hiperbo´lica. Isto tem sido estabelecido por R. Bryant, Umehara,Yamada que sa˜o os pioneiros na moderna abordagem deste assunto. Nota´veis trabalhos nesta a´rea tambe´m teˆm sido compilados por Rossman, Small, Rosenberg, Collin, Hauss- wirth e Toubiana. De modo que fervilham resultados que exibem a pujanc¸a do link Ana´lse Complexa, Geometria Hiperbo´lica & Geometria Diferencial. 1 Contents 1 Introduc¸a˜o 2 2 A linguagem proveniente da ana´lise complexa e as superf´ıcies mı´nimas de IR3 5 3 O espac¸o hiperbo´lico IH3 8 4 Superf´ıcies de curvatura me´dia pre´-determinada em IR3 11 5 A famı´lia cateno´ide-helico´ide 12 1 Durante a elaborac¸a˜o deste artigo o autor foi parcialmente apoiado pelo CNPq e PRONEX. 1 Typeset by BSPMstyle. c© Soc. Paran. Mat. 2 Ricardo Sa Earp 6 Teorema de representac¸a˜o e teorema de dados meromorfos 13 1. Introduc¸a˜o Recentemente, o autor destas notas e Toubiana iniciaram certa pesquisa sobre as superf´ıcies com curvatura me´dia 1 no espac¸o hiperbo´lico; a`s quais chamaremos de primas das superf´ıcies mı´nimas de IR3, ou simplesmente primas das mı´nimas (tal terminologia sera´ justificada adiante). O approach utilizado e´ inovador, tendo como resultado a determinac¸a˜o de meromorphic data e um teorema de representac¸a˜o para tais superf´ıcies em IH3, via um constructo bem geome´trico (veja [32], [33], [34]). Como ja´ enfatizamos no Abstract, a abordagem na˜o e´ a u´nica. Vamos abrir agora um pareˆnteses para discorrer um pouco sobre a histo´ria deste assunto a` luz de descobertas modernas. O leitor fica advertido que na˜o faremos um survey com- pleto sobre o assunto, apenas sublinharemos em seguida alguns fatos e progressos marcantes das u´ltimas duas de´cadas: No limiar dos anos 80 R. Bryant estabeleceu a sua famosa representac¸a˜o, con- hecida atualmente como representac¸a˜o de Bryant (veja [3]). Manfredo Do Carmo e Alexandre Magalha˜es da Silveira usufruindo de certas ide´ias de Bryant que, essen- cialmente, consistem num aprofundamento de propriedades de func¸o˜es meromorfas, mostraram que o ı´ndice de Morse de uma imersa˜o completa com curvatura me´dia 1 em IH3 e´ finito se, e somente se a curvatura total e´ finita (veja [7]). E´ inter- essante notar que Javier Ordo´n˜ez em sua tese de doutorado na PUC-Rio mostrou que as superf´ıcies de rotac¸a˜o com curvatura me´dia 1 em IH3 tem curvatura total finita (veja [20]). Para completar esta histo´ria queremos observar que Alexandre Magalha˜es da Siveira, mostrou que uma imersa˜o completa com curvatura me´dia 1 fracamente esta´vel (veja [8]) e´ necessariamente uma horosfera (veja [36]). Nos idos dos anos 90, a representac¸a˜o de Bryant foi magistralmente explorada por Umehara e Yamada que deduziram resultados e te´cnicas muito poderosas, fazendo um liame interessante com as Varia´veis Complexas. Pode-se afirmar que Umehara e Yamada tiveram papel fundamental no desenvolvimento do assunto. Por exemplo, eles in- troduziram o importante conceito de fins regulares (tais fins sa˜o discos perfurados cuja aplicac¸a˜o de Gauss hiperbo´lica se estende meromorficamente ao puncture). Tambe´m estabeleceram equac¸o˜es fundamentais baseadas na teoria das equac¸o˜es diferenciais de segunda ordem lineares singulares regulares, construindo exemplos de primas das mı´nimas completas com fins regulares e fins irregulares (veja [39], [40], [41]). Em seguida Rossman se juntou a dupla e obtiveram va´rios resultados que enriqueceram a teoria, exibindo exemplos de primas de geˆnero g, com muitas simetrias e fins mergulhados (veja [25], [26], [27], [28]). Por outro lado, o presente autor junto com Toubiana, usando certas te´cnicas desenvolvidas por Umehara e Ya- mada sobre a representac¸a˜o de Bryant, estabeleceram que se E e´ um fim regular, mergulado em IH3, com curvatura me´dia 1 e curvatura total finita, enta˜o E e´ ou Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 3 bem assimpto´tico a uma prima do cateno´ide, ou bem assimpto´tico a uma horosfera. Mais precisamente, no modelo do semi-espac¸o tal E e´ assimpto´tico, como gra´fico Euclideano vertical, a um fim de horosfera ou a um fim de prima do cateno´ide (veja [31]). Assim, similarmente ao resultado de Schoen no espac¸o Euclideano sobre fins mı´nimos mergulhados com curvatura total finita em IR3 (veja [35]), obtivemos uma classificac¸a˜o geome´trica no espac¸o hiperbo´lico dos fins mergulhados de cur- vatura total finita das chamadas primas das mı´nimas. Lima junto com Rossman escreveram um artigo no qual este comportamento assimpto´tico estava impl´ıcito (veja [18]), pore´m no´s inferimos fo´rmulas expl´ıcitas que acarretaram nesta clas- sificac¸a˜o. De fato, o comportamento assimpto´tico como gra´ficos Euclideanos que estabelecemos, acreditamos ter sido muito surpreendente. Usando a referida classi- ficac¸a˜o geome´trica dos fins, Collin, Hauswirth e Rosenberg, demonstraram que um fim propriamente mergulhado em IH3, de curvatura me´dia 1, tem que ser regular e de curvatura total finita (veja [4]). Existe uma fo´rmula para as superf´ıcies de curvatura me´dia 1 de IH3 conhecida por fo´rmula de Small, baseada em me´todos da geometria alge´brica (veja [37]). O nosso referido trabalho sobre meromorphic data delineia e estabelece uma deduc¸a˜o alternativa desta fo´rmula. Os brasileiros Lima e Roitman, explicaram a fo´rmula de Small do ponto de vista do me´todo de Bianchi que remonta ao in´ıcio do se´culo 20 (veja [17]). Por outro lado, Kokubu, Umehara e Yamada, escreveram uma demonstrac¸a˜o elementar da fo´rmula de Small e outros desenvolvimentos similares (veja [15]). O conhecimeno de te´cnicas das Varia´veis Complexas das func¸o˜es el´ıpticas propiciou a Costa descobrir a sua famosa superf´ıcie mı´nima (veja [5]). Costa junto com Souza Neto construiu uma prima ana´loga no espac¸o hiperbo´lico (veja [6]). Finalmente, queremos observar que Galva˜o e Go´es estabeleceram um approach alternativo das primas das mı´nimas (veja [9]). Vamos fechar agora este pareˆnteses histo´rico e continuar nossa discussa˜o. ∗ ∗ ∗ Ha´ uma grande afinidade entre nossa ide´ia ou concepc¸a˜o demeromorphic data, a qual estamos nos propondo a comunicar nestas linhas, com o trabalho de Kenmotsu publicado em 1979 (veja [14]), sobre uma representac¸a˜o de tipo Weierstrass para superf´ıcies de curvatura me´dia constante (na˜o nula) em IR3. De fato, considere a seguinte equac¸a˜o num domı´nio simplesmente conexo U do plano complexo C : Ezz = 2 EEzEz 1 + EE Observe que toda soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Kenmotsu origina uma imersa˜o conforme (possivelmente com pontos de ramificac¸a˜o) com curvatura me´dia constante em IR3. Todavia e´ dif´ıcil encontrar soluc¸o˜es na˜o triviais da equac¸a˜o de Kenmotsu. Por outro lado, observamos que Ritore´ usou a equac¸a˜o de Kenmotsu para construir superf´ıcies 4 Ricardo Sa Earp perio´dicas com curvatura me´dia constante em IR3 (veja [23]). No nosso estudo apareceu naturalmente uma equac¸a˜o similar para superf´ıcies de curvatura me´dia 1 no espac¸o hiperbo´lico para as primas das mı´nimas: Pense que E(z) e´ a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana usual em IH3 e que z ∈ U, onde U e´ um domı´nio simplesmente conexo. Considere a equac¸a˜o (∗) Ezz = EEzEz 1 + EE No´s conseguimos resolver completamente a equac¸a˜o (∗), expressando qualquer soluc¸a˜o E via uma representac¸a˜o que pode ser escrita em termos de dados mero- morfos (h, T ) em U . Na verdade, dada qualquer soluc¸a˜o E, demonstramos que E origina uma imersa˜o conforme ramificada de curvatura me´dia 1 em IH3, sendo que os pontos de ramificac¸a˜o, caso existirem, sa˜o isolados e sa˜o explicitamente deter- minados como zeros de Ez (veja [32]). Ale´m disso, a func¸a˜o altura w, a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana E, a me´tricas e a segunda forma fundamental sa˜o exibidas explicitamente em termos do par meromorfo (h, T ). Por exemplo, w = |h2Tz|2 |(Th)z|2 + |hz|2 E =h · ( Thz + hTz h2Tz )( T + ( hz Thz + hTz )) (1) Agora, gostar´ıamos de observar que a componente horizontal u+ iv esta´ dada por uma integrac¸a˜o complexa envolvendo (h, T ), ou seja ∫ h2dT. De certo modo, e´ poss´ıvel manter controle sobre os pontos de ramificac¸a˜o a fim de se obter imerso˜es regulares conformes de primas das mı´nimas (veja [33]). Finalmente, a` guisa de conclusa˜o, realc¸amos o fato que tivemos que olhar as primas das mı´nimas dentro do contexto geral das imerso˜es conformes em IH3 com curvatura me´dia arbitra´ria. De fato, inferimos fo´rmulas gerais para uma qualquer imersa˜o conforme que fazem um papel prepoderante na teoria. Por exemplo, as seguintes fo´rmulas sa˜o essenciais: u+ iv = G− wE (2) Gz = wEz (3) onde u + iv e´ a componente horizontal, w e´ a altura, E e´ a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana e G e´ a aplicac¸a˜o de Gauss hiperbo´lica. De posse de tais fo´rmulas ob- tivemos um teorema de representac¸a˜o tipo Weierstrass-Kenmotsu para superf´ıcies de curvatura me´dia pre´-determinada no espac¸o hiperbo´lico (veja [34]). Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 5 2. A linguagem proveniente da ana´lise complexa e as superf´ıcies mı´nimas de IR3 Vamos fixar agora certa linguagem complexa e vamos fazer uma breve incursa˜o na a´rea das superf´ıcies mı´nimas de IR3. Nesta discussa˜o seguiremos um plano fundamentado no nosso livro com Toubiana sobre a Geometria Hiperbo´lica e as Superf´ıcies de Riemann (veja [30]). Seja U ⊂ C um domı´nio simplesmente conexo do plano hiperbo´lico. Dizemos que f : U → C uma func¸a˜o complexa definida em U e´ holomorfa se f possui derivada complexa f ′(z) em todos os pontos de U, ou seja o limite lim h→0 f(z + h)− f(z) h := f ′(z) existe e e´ finito para todo z ∈ U. Dizemos que f e´ conforme, se f preserva aˆngulos orientados. Um fato que pode ser provado via as equac¸o˜es de Cauchy-Riemann (veja adiante), e´ que f e´ conforme se e somente se f e´ holomorfa e f ′(z) 6= 0, ∀z ∈ U. Uma func¸a˜o holomorfa f em U, exceto num conjunto de pontos isolados S de U, tal que lim |f(z)| =∞, quando z tende a` algum destes pontos isolados e´ chamada de func¸a˜o meromorfa. Cada ponto de S e´ chamado de po´lo de f. A` toda func¸a˜o f : U → C, (na˜o necessariamente holomorfa) que possui derivadas parciais fx e fy (z = x+ iy), e´ costume associar as derivadas com respeito a z e a z fz = 1 2 (fx − ify) fz =12(fx + ify) ou equivalentemente fx =fz + fz fy = ifz − ifz Outra notac¸a˜o corrente e´ fz = ∂f ∂z e fz = ∂f ∂z . Pode ser facilmente verificado que se f e´ holomorfa em U, enta˜o ∂f ∂z ≡ 0, em U (equac¸o˜es de Cauchy-Riemann). Neste caso, tem-se que f ′(z) = ∂f ∂z . O teorema de Looman-Menchoff fornece a rec´ıproca (veja [19] pgina 7): Seja f uma func¸a˜o cont´ınua em U e assuma que as derivadas parciais fx e fy existem, em U, e satisfazem as equac¸o˜es de Cauchy-Riemann, i.e ∂f ∂z ≡ 0. Tem-se enta˜o que f e´ holomorfa em U. Agora considere o espac¸o IR3 munido do produto escalar usual ·, ou seja, para cada par de vetores −→a = (a1, a2, a3) e −→b = (b1, b2, b3) tem-se que 6 Ricardo Sa Earp −→a · −→b = a1b1 + a2b2 + a3b3. Dizemos que uma aplicac¸a˜o X : U → IR3, z 7→ X(z) e´ uma imersa˜o conforme, se Xx ·Xy = 0, Xx ·Xx = Xy ·Xy 6= 0, ∀z ∈ U. Ale´m disso exige-se que {Xx, Xy, N} seja uma base positiva de IR3, onde N e´ a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana (normal unita´rio) definida por N = Xy ×Xy ‖Xx ×Xy‖ sendo que o s´ımbolo × refere-se ao produto vetorial de IR3. Superf´ıcies que mini- mizam a´rea teˆm sido estudadas em va´rios contextos. Tais superf´ıcies sa˜o mı´nimas com a definic¸a˜o usual de um primeiro curso de Geometria Diferencial: a soma das curvaturas principais e´ nula. Uma definic¸a˜o equivalente mais bem ajustada ao nosso enfoque e´ que a composta da aplicac¸a˜o normal de Gauss com a aplicac¸a˜o estereogra´fica Π do po´lo norte e´ uma func¸a˜o meromorfa; isto e´ Π ◦N := g e´ mero- morfa. Vamos agora descrever sumariamente a representac¸a˜o de Weierstrass para as superf´ıcies mı´nimas de IR3. Suporemos que o leitor esteje familiarizado com inte- grac¸a˜o complexa e com o teorema de Cauchy (veja [1]). Considere uma func¸a˜o meromorfa g(z) e uma diferencial holomorfa ω = f(z) dz, definidos em U. Assuma que po´los de g e os zeros de ω satisfazem a seguinte condic¸a˜o: Um ponto c ∈ U e´ um zero de ordem 2n de ω se e somente se c e´ um po´lo de ordem n de g. Suponha ainda que tenhamos: < ∫ γ (1− g2)f dz = 0 < i∫ γ (1 + g2)f dz = 0 < ∫ γ fg dz = 0 para todo caminho fechado γ em U. Neste caso, fixando-se um ponto z0 ∈ U, temos que a aplicac¸a˜o X(z) = < z∫ z0 (1− g2)f 2 dz, i z∫ z0 (1 + g2)f 2 dz, z∫ z0 fg dz esta´ bem definida em U, posto que a integral na˜o depende do caminho ligando z0 a` z. A condic¸a˜o sobre os po´los de g e zeros de ω, assegura queX e´ uma imersa˜o conforme de U em IR3. Logo g tem um importante significado geome´trico: e´ a composta da aplicac¸a˜o normal de Gauss com a aplicac¸a˜o estereogra´fica Π do po´lo norte. Note que com isso fica a disposic¸a˜o todas as poderosas ferramentas da Ana´lise Complexa que sa˜o muito aplicadas na explorac¸a˜o de propriedades das superf´ıcies mı´nimas. Por exemplo: existem teoremas e ate´ mesmo conjecturas abertas sobre os valores omitidos da aplicac¸a˜o normal de Gauss que sa˜o teoremas “tipo Picard” (veja [21], [2] [30]). O par (g, ω) e´ chamado de representac¸a˜o de Weierstrass-Enneper, ou Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 7 simplesmente de representac¸a˜o de Weierstrass. De fato, pode ser mostrado que toda imersa˜o mı´nima conforme de U em IR3, pode ser obtida desta maneira. A me´trica ds2 e a curvatura de Gauss K da imersa˜o podem ser explicitamente dadas em termos do par (g, f) : ds2 = ( |f | 2 (1 + |g|2) )2 |dz|2 K = − ( 4|g′| |f |(1 + |g|2)2 )2 As superf´ıcies mı´nimas completas de curvatura total finita, tem sido muito estu- dadas com nota´veis descobertas (veja, por exemplo [11]). Vamos explicar agora o conceito: Dada uma superf´ıcieM, dizemos que γ e´ uma curva divergente, se γ “sai” de todo compacto de M. Dizemos que M e´ completa se toda curva divergente tem comprimento infinito. Seja K(p) a curvatura de Gauss de M em um ponto p. A curvatura total de M, denotada por C(M) esta´ definida por C(M) = ∫ M K(p) dA onde dA e´ o elemento de a´rea. Note que no caso das mı´nimas e´ fa´cil provar que K 6 0, logo a integral acima sempre converge. Pode ainda ser mostrado que a curvatura total tem o seguinte significado geome´trico: representa a a´rea esfe´rica da aplicac¸a˜o normal de Gauss contada com multiplicidades (veja exemplos adiante). Outra propriedade importante das superf´ıcies mı´nimas de IR3 e´ o princ´ıpio de reflexa˜o que diz o seguinte: uma superf´ıcie mı´nima que conte´m um segmento de reta no seu bordo pode ser prolongada analiticamente fazendo-se a simetria com respeito a` reta (veja [16]). Na verdade tal princ´ıpio esta fundamentado no bem conhecido princ´ıpio de simetria de Schwarz para func¸o˜es holomorfas (veja [1]). Vamos agora reproduzir o par de Weierstras (g, ω) de algumas superf´ıcies mı´nimas cla´ssicas: Cateno´ide Sabe-se que o cateno´ide e´ a u´nica superf´ıcie mı´nima de revoluc¸a˜o cuja curva geratriz e´ a catena´ria: U = C \ {0}, g(z) = z, ω = dz z2 . Note que a curvatura total do cateno´ide e´ −4pi, ja´ que a imagem da aplicac¸a˜o normal de Gauss e´ a esfera menos os po´los norte e sul. Helico´ide O helico´ide e´ localmente isome´trico ao cateno´ide e, sem contar com o plano, e´ a u´nica superf´ıcie mı´nima regrada: U = C, g(z) = ez, ω = i e−z dz. O cateno´ide e´ uma superf´ıcie mı´nima perio´dica, logo possui curvatura total −∞. 8 Ricardo Sa Earp Enneper A superf´ıcie de Enneper tem a seguinte parametrizac¸a˜o. U = C, g(z) = z, ω = dz. O compeˆndio cla´ssico sobre superf´ıcies mı´nimas e´ o texto de Osserman (veja [21]), cujas pesquisas em meados do se´culo vinte introduziram a geometria conforme no estudo das mı´nimas, suscitando desde enta˜o muito interesse no assunto. Tambe´m existem os opu´sculos de Costa que desenvolve a teoria das func¸o˜es el´ıpticas e as- pectos da teoria das superf´ıcies de Riemann explicando a construc¸a˜o da superf´ıcie mı´nima com seu nome (veja [5]) e de Barbosa -Colares (veja [2]) que descreve va´rios exemplos e propriedades das superf´ıcies mı´nimas de IR3. 3. O espac¸o hiperbo´lico IH3 Vamos agora perambular no espac¸o hiperbo´lico fixando notac¸o˜es e evocando certas noc¸o˜es que sera˜o u´teis aos nossos propo´sitos. A nossa refereˆncia central sobre o assunto sa˜o o referido livro (veja [30]) e o trabalho sobre meromorphic data ( [32]), ambos elaborados com Toubiana. Vamos focalizar o chamado modelo do semi-espac¸o do espac¸o hiperbo´lico, denotado por IH3, ou seja IH3 = {(u, v, w) ∈ IR3; w > 0} munido da me´trica 1 w2 (du2 + dv2 + dw2) o que significa dizer que, denotando por 〈, 〉 o produto interno de IH3, para cada par de vetores tangentes −→a = (a1, a2, a3) −→b = (b1, b2, b3) no ponto (u, v, w) ∈ IH3 tem-se que 〈 −→a , −→b 〉 = 1 w2 −→a · −→b . O plano Euclideano horizontal {w = 0}∪ {∞} e´ chamado de bordo assimpto´tico ( e e´ denotado por ∂∞IH3). A Geometria Difer- encial das superf´ıcies de IH3 pode ser desenvolvida nos moldes do contraparte Euclideano; por exemplo as va´rias noc¸o˜es geome´tricas de geode´sicas, curvaturas ( e.g. curvaturas principais, curvatura de Gauss, curvatura me´dia), assim como as equac¸o˜es fundamentais da geometria (e.g segunda forma fundamental, equac¸o˜es de curvatura de Gauss e de Codazzi-Mainardi) sa˜o inferidas similarmente. Por exem- plo, as curvas que minimizam o comprimento de arco entre dois pontos quaisquer por onde ela passa, chamadas de geode´sicas de IH3, sa˜o as semi-retas verticais e os semi-c´ırculos ortogonais ao bordo assimpto´tico, inteiramente contidos em IH3. No espac¸o Euclideano aparecem logo o plano e as esferas que sa˜o superf´ıcies com Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 9 propriedades geome´tricas importantes, sendo estas as u´nicas superf´ıcies totalmente umb´ılicas, i.e com curvaturas principais iguais em todos os pontos. E´ sabido que no caso do plano tal curvatura e´ zero e no caso da esfera e´ constante diferente de zero. No espac¸o hiperbo´lico aparecem novidades revelando que em certo sentido este e´ “ maior” que o espac¸o Euclideano. As superf´ıcies totalmente umb´ılicas de IH3 sa˜o as seguintes: Os planos totalmente geode´sicos Estes sa˜o os semi-planos verticais e as semi- esferas ortogonais ao bordo assimpto´tico, inteiramente contidos em IH3. Tais planos tem curvaturas principais iguais a zero e sa˜o “co´pias ” do plano hiperbo´lico bidimensional possuindo curvatura de Gauss K = −1. As esferas hiperbo´licas Estas podem ser descritas geometricamente como o lu- gar geome´trico dos pontos de IH3 que esta˜o a uma mesma distaˆncia ρ de um ponto fixado p. Tal esferas sa˜o tambe´m esferas Euclideanas inteiramente contidas em IH3, possuindo curvaturas principais em mo´dulo > 1 iguais a coth ρ. As horosferas As horosferas tem curvaturas principais em mo´dulo iguais a 1 e sa˜o as esferas Euclideanas tangente ao bordo assimpto´tico e os planos Euclideanos horizontais inteiramente contidos em IH3. As superf´ıcies equidistantes Estas sa˜o o lugar dos pontos que esta˜o a uma mesma distaˆncia de um plano totalmente geode´sico fixado. Tais superf´ıcies sa˜o semi-planos inclinados e calotas esfe´ricas que fazem um aˆngulo 0 < θ < pi/2 com o bordo assimpto´tico, inteiramente contidos em IH3. Estas superf´ıcies teˆm em mo´dulo curvaturas principais constantes entre 0 e 1. Poder´ıamos neste momento citar tambe´m os cilindros hiperbo´licos que sa˜o o lugar dos pontos equidistantes de uma geode´sica fixada. Por exemplo, o cone Euclideano vertical com ve´rtice na origem (0, 0, 0) e´ o cilindro hiperbo´lico equidistante da geode´sica vertical {(u, v, w); u = v = 0, w > 0}. Tais cilindros sa˜o “planos”, i.e com curvatura de Gauss K = 0 e possuem curvatura me´dia H˜ > 1. Um conceito central em Geometria e´ o conceito de isometria: Dizemos que um difeomorfismo f : IH3 → IH3 e´ uma isometria se f preserva a me´trica hiperbo´lica. Por exemplo e´ fa´cil ver que as translac¸o˜es Euclideanas horizontais, as rotac¸o˜es em torno de uma geode´sica vertical e as homotetias com foco no bordo assimpto´tico que preservam IH3 sa˜o isometrias positivas (preservam orientac¸a˜o) do espac¸o hiperbo´lico. Estas u´ltimas sa˜o translac¸o˜es hiperbo´licas, ao longo de uma geode´sica vertical. Na verdade, toda isometria positiva de IH3 e´ a composta de uma translac¸a˜o Euclideana horizontal, de uma translac¸a˜o hiperbo´lica e de uma rotac¸a˜o hiperbo´lica. Ale´m disso, toda isometria positiva f : IH3 → IH3 e´ a extensa˜o de uma transformac¸a˜o de Mo¨bius de 10 Ricardo Sa Earp T : C ∪ {∞} → C ∪ {∞} (veja [30]). Na verdade, baseado nas equac¸o˜es fundamentais de Codazzi-Mainardi pode- se mostrar que numa superf´ıcie de curvatura me´dia constante, tanto no espac¸o Euclideano quanto no espac¸o hiperbo´lico, existe uma certa diferencial quadra´tica holomorfa globalmente definida cujos zeros sa˜o os pontos umb´ılicos, usualmente chamada de diferencial de Hopf. Tal estrutura traz muitas informac¸o˜es. De fato, usando-a Hopf demonstrou seu teorema segundo o qual uma superf´ıcie imersa fechada (compacta sem bordo) de curvatura me´dia constante (na˜o nula) de genus 0 e´ uma esfera ” redonda” (veja [12]). Vamos agora rever a definic¸a˜o da aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana e dar a definic¸a˜o da aplicac¸a˜o de Gauss Hiperbo´lica: Seja X : U ⊂ C→ IH3 uma imersa˜o conforme de um domı´nio simplesmente conexo U do plano complexo no espac¸o hiperbo´lico IH3. Seja N = (N1, N2, N3) a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana orientada tal como definimos anteriormente. Seja Π : S2 → C ∪ {∞} a aplicac¸a˜o estereogra´fica canoˆnica. Seja E = Π ◦N = N1 + iN2 1−N3 Vamos chamar E tambe´m de aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana orientada de X. Note que podemos recuperar N pela fo´rmula N = (2<E, 2=E,EE − 1) EE + 1 Note ainda que na teoria das superf´ıcies mı´nimas de IR3, E e´ o pequeno g. Seja p = X(z), e considere γ+ o raio geode´sico de IH3 partindo de p no sentido deN. Seja ζ ∈ ∂∞IH3 = C ∪ {∞}, o ponto do que γ+ encontra o bordo assimpto´tico de IH3. Definimos a aplicac¸a˜o G : U → C ∪ {∞}, colocando G(z) := ζ. Tal G e´ chamada de aplicac¸a˜o normal de Gauss hiperbo´lica. Na introduc¸a˜o exibimos uma fo´rmula ba´sica que relaciona G, E e as coordenadas da imersa˜o u, v, w. Vamos denotar doravante a curvatura me´dia hiperbo´lica (semi-soma das curvaturas principais) da imersa˜o X por H˜. Um fato nota´vel descoberto por Bryant no trabalho referido na introduc¸a˜o e´ o seguinte: A imersa˜o conforme X tem curvatura me´dia H˜ = 1, se e somente se a aplicac¸a˜o normal de Gauss hiperbo´lica G e´ meromorfa. Note que X e´ uma imersa˜o mı´nima conforme em IR3, se e somente se g e´ meromorfa. Isto ja´ revela uma analogia entre as superf´ıcies com curvatura me´dia 0 de IR3 e as superf´ıcies com curvatura me´dia H˜ = 1 de IH3. Estes fatos tambe´m podem ser deduzidos do acervo de fo´rmulas que inferi- mos no modelo do semi-espac¸o do espac¸o hiperbo´lico (veja fo´rmulas (1), (2) e (3) na introduc¸a˜o); mais precisamente, podem ser deduzidos das seguintes fo´rmulas Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 11 (E(z) 6=∞, ∀z ∈ U): (4) ds2 = |Gz − wEz|2 w2 |dz|2 (5) 2 Gz 1 + EE = (1− H˜)(Gz − wEz) (6) H = −2Ez (1 + EE)(Gz − wEz) (7) wz = E 1 + EE (Gz − wEz) onde (repetimos) H˜ e´ a curvatura me´dia hiperbo´lica, H e´ a curvatura me´dia Eu- clideana (“esquecendo-se a me´trica hiperbo´lica”), E,G sa˜o as aplicac¸o˜es de Gauss Euclideana e hiperbo´lica, respectivamente. Agora gostar´ıamos de realc¸ar a ligac¸a˜o entre as superf´ıcies mı´nimas de IR3 e suas primas em IH3 : Dada uma imersa˜o conforme mı´nima X : U ⊂ C → IR3, de um domı´nio simplesmente conexo U em IR3, segue das equac¸o˜es de Codazzi-Mainardi e de curvatura de Gauss (teorema fundamental da geometria), que podemos associar uma imersa˜o conforme de curvatura me´dia 1 em IH3; e vice-versa (veja [12], [38]). Este e´ um fato importante que esta´ subjacente e sempre presente na teoria. 4. Superf´ıcies de curvatura me´dia pre´-determinada em IR3 Toubiana observou que certos resultados que ja´ sa˜o considerados cla´ssicos de Kenmotsu (veja [14]) podem ser recuperados e re-demonstrados via as fo´rmulas que no´s inferimos no espac¸o hiperbo´lico: De fato, pode-se pensar que um “pedac¸o” da imagem de uma superf´ıcie imersa em IR3, esteja contida no semi-espac¸o superior {w > 0}; ou seja tal superf´ıcie pode ser considerada um subconjunto do espac¸o hiperbo´lico, esquecendo-se a estrutura hiperbo´lica. Vamos esboc¸ar alguns detalhes disto aqui. Note que das fo´rmulas (6) e (7) pode-se extrair uma fo´rmula geral para a derivada em relac¸a˜o a z da func¸a˜o altura w de uma superf´ıcie de curvatura me´dia pre´-determinada na˜o nula H em termos da aplicac¸a˜o normal de Gauss Euclideana E, de sua derivada em relac¸a˜o a z e de H. Agora observe que da fo´rmula (6) segue imediatamente uma fo´rmula para Gz em termos da func¸a˜o altura de E, de Ez e de H. Levando-se em conta a fo´rmula para Gz dada pela equac¸a˜o (3), deduz-se, apo´s algumas contas fa´ceis, a seguinte equac¸a˜o de Kenmotsu (Th. 3, pg. 96 de [13]): H ( Ezz − 2EEzEz 1 + EE ) = HzEz 12 Ricardo Sa Earp Pode-se trabalhar um pouco mais e verificar que a equac¸a˜o acima e´ a condic¸a˜o de compatibilidade de certo sistema de equac¸o˜es a fim demostrar um teorema de re- presentac¸a˜o (parametrizac¸a˜o ramificada) relativo a superf´ıcies de curvatura me´dia pre´-determinada na˜o nula H; dependendo apenas de E (satisfazendo a equac¸a˜o acima). Este e´ o teorema principal de Kenmotsu em na refereˆncia citada. Compare com o resultado obtido em [34]. 5. A famı´lia cateno´ide-helico´ide A famı´lia Cateno´ide-helico´ide de superf´ıcies mı´nimas localmente isome´tricas sa˜o dadas pela representac¸a˜o de Weierstrass (g(z), f(z) dz) = (ez, λ eiθ e−z dz), z ∈ C onde λ > 0 e´ uma constante positiva e θ ∈ [0, 2pi). Sendo fixada λ, quando θ varia no intervalo [0, 2θ), obte´m -se uma famı´lia de imerso˜es mı´nimas isome´tricas ligando continuamente os cateno´ides (quando eiθ = ±1) aos helico´ides (quando eiθ = ±i). Lembramos que a cada elemento desta famı´lia corresponde a associada ∼ com cur- vatura me´dia 1 (“ prima”) no espac¸o hiperbo´lico. Um fato surpreendente e´ que quando eiθ = −1 e λ = 1/4 a superf´ıcie associada no espac¸o hiperbo´lico e´ uma superf´ıcie invariante por um grupo cont´ınuo de translac¸o˜es Euclideanas horizon- tais, cuja curva geradora ja´ tinha sido estudada por Poleni em 1729. Tal curva e´ conhecida como “courbe des forc¸ats” (veja ref [22]). Em seguida , escrevemos a parametrizac¸a˜o da curva de Poleni, esboc¸amos seu perfil e usamos o MAPLE para desenhar a superf´ıcies em IH3.Veja Figura 1. Note que E(z) tem uma representac¸a˜o da forma: func¸a˜o holomorfa, func¸a˜o anti-holomorfa vezes a soma de uma func¸a˜o holomorfa com uma func¸a˜o anti-holomorfa. Tal estrutura se revelara´ verdadeira em geral. “Courbe des forc¸ats” Poleni-1729 Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 13 Courbe des Forc¸ats: u = s− 2 tanh s, w = 2/ cosh s Figura 1 E = 1 2 e− z 2 e z 2 (− ez +e−z) ∗ ∗ ∗ Agora, vamos fazer uma sinopse histo´rica dos fatos e resultados que giram em torno da famı´lia cateno´ide-helico´ide e sua associada em IH3. Lembramos que famı´lia cateno´ide-helico´ide associada em IH3 esta´ dada por g(z) = ez, f(z) = λ eiθ e−z, λ > 14 Ricardo Sa Earp 0, θ ∈ [0, 2pi[. Em 1987 Bryant mostrou que as primas dos cateno´ides sa˜o obtidas fazendo eiθ = 1 or, eiθ = −1 e λ < 1/4. A superf´ıcie de Poleni tem sido enfocada por va´rios geoˆmetras tais como Gomes [10], Ordo´n˜es [20] e Sa´ Earp-Toubiana [31]. Esta´ determinada pela seguinte representac¸a˜o: eiθ = −1, and λ = 1/4. As superf´ıcie de translac¸a˜o hiperbo´lica sa˜o associadas a um cateno´ide de IR3, e sa˜o dadas por eiθ = −1, and λ > 1/4. As demais superf´ıcies helicoidais propriamente ditas em IH3 correspondem a todos os outros casos. Ale´m disso vale a seguinte fo´rmula: E = e−γz︸︷︷︸ h eγz︸︷︷︸ S ( (1 + γ) e−z︸ ︷︷ ︸ T + γ · 1 + γ 1 + γ · ez︸ ︷︷ ︸ R ) (8) onde γ satisfisfaz γ2 + γ − λ eiθ = 0 6. Teorema de representac¸a˜o e teorema de dados meromorfos Nas pro´ximas linhas faremos um suma´rio dos resultados obtidos com Toubiana, segundo [32]. Para outros exemplos segundo o nosso approach veja [33]. De fato, em seguida enunciamos um teorema existeˆncia que mostra que toda soluc¸a˜o na˜o trivial da equac¸a˜o (∗) da´ origem a uma imersa˜o conforme em IH3 com curvatura me´dia 1, veja Teorema 1. Ale´m disso, tal soluc¸a˜o e´ u´nica a menos de uma homotetia e de uma translac¸a˜o Euclideana horizontal. Depois, escrevemos a representac¸a˜o de toda soluc¸a˜o de (∗) em termos de dados meromorfos. Finalmente, nas u´ltimas pa´ginas exibimos alguns exemplos. Theorem 1 (Teorema de representac¸a˜o) Seja U ⊂ C um domı´nio simples- mente conexo e seja E : U → C uma func¸a˜o na˜o -holomorfa de classe C2 satis- fazendo a equac¸a˜o (∗). Colocamos: U∗ = {z ∈ U, Ez(z) 6= 0} (U \ U∗ e´ discreto). Temos enta˜o que existe uma aplicac¸a˜o X : U → IH3 tal que a restric¸a˜o de X a` U∗e´ uma imersa˜o conforme com curvatura me´dia 1 de U∗ em IH3 cuja aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana e´ E. Mais precisamente, temos que w(z) = e −2< ∫ EEz 1 + EE dz G(z) = ∫ wEzdz (u+ iv)(z) = (G− wE)(z) Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 15 A me´trica hiperbo´lica induzida por X e´ dada por ds = |Ez| · |dz| Ale´m disso, X esta´ unicamente determinada, a menos de uma isometria positiva de IH3. Mais precisamente, se X̂ : U∗ → IH3 e´ uma outra imersa˜o conforme com curvatura me´dia 1, cuja aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana e´ E, enta˜o existe um nu´mero real positivo λ > 0 e um nu´mero complexo α ∈ C tal que X̂(z) = λ.X(z) + (α, 0). Os pro´ximo resultados revelam a estrutura complexa que mencionamos obtida na procura de soluc¸o˜es na˜o triviais de (∗), em termos de dados meromorfos . Proposition 6.1 (Proposic¸a˜o fundamental) E e´ uma soluc¸a˜o na˜o trivial da equac¸a˜o Ezz = E 1 + EE EzEz ∗ da forma E = hS(T + R), definida num conjunto simplesmente conexo U se e somente se existem nu´meros complexos a, a 6= 0 e b tal que S = (b+ aT )hz + ahTz h2Tz R = b a + 1 a · hz (b+ aT )hz + ahTz h 6= 1 αT + β for any complex numbers α, β Reciprocamente, para quaisquer func¸o˜es meromorfas h, e T, e quaisquer nu´meros complexos a e b, a 6= 0, a func¸a˜o E = hS(T +R), onde R e S esta˜o definidos acima e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o (∗). Theorem 2 (Dados meromorfos) Seja U ⊂ C um domı´nio simplesmente conexo e seja X : U → IH3 uma imersa˜o conforme na˜o-totalmente umb´ılica. Seja E a aplicac¸a˜o de Gauss Euclideana orientada de X. Assuma que X tenha curvatura me´dia 1 com respeito a E (logo, E satisfaz a equac¸a˜o (∗)). Temos enta˜o que existem duas func¸o˜es meromorfas h, T em U tal que E = h · ( Thz + hTz h2Tz )( T + ( hz Thz + hTz )) Ale´m disso, a menos de uma constante positiva multiplicativa temos que 16 Ricardo Sa Earp w = |h2Tz|2 |Thz + hTz|2 + |hz|2 Gz = h2Tz enta˜o, a menos de uma constante positiva multiplicativa e de uma constante com- plexa aditiva, temos que u+ iv = G− wE Portanto, ds = |Ez dz| = |hTzhzz − 2h 2 zTz − hhzTzz| |hTz|2 ( 1 + |T |2)|dz| Π = <(2hTzhzz − 2h2zTz − hhzTzz h2Tz (dz)2 ) + ds2 g = T e f = − 1 Tz · hTzhzz − 2h 2 zTz − hhzTzz h2Tz (4) Vamos agora exibir famı´lias de superf´ıcies completas e de curvatura me´dia 1 de IH3. Para saber maiores detalhes sobre as figuras consulte as refereˆncias citadas. Na Figura 2, fazemos γ = −1 + i (o paraˆmetro γ e´ o mesmo da equac¸a˜o (8)). Figura 2 Nas Figura 3 e 4, sa˜o mostradas primas com fins imersos rodando em volta do eixo z (Metade desenhada). Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 17 Figura 3 rodando duas vezes Figura 4 rodando treˆs vezes Nas Figuras 5 e 6 sa˜o mostradas primas com fins mergulhados rodando em volta do eixo z (Metade desenhada). 18 Ricardo Sa Earp Figura 5 Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 19 Figura 6 References 1. L. Ahlfors. Complex Analysis. McGraw-Hill, 1979. 2. J. L. Barbosa e G. Colares. Minimal surfaces in IR3. Monografias de matema´tica, No 40, IMPA . 20 Ricardo Sa Earp 3. R. Bryant. Surfaces of mean curvature one in hyperbolic space. Asterisque 154-155, Soc. Math de France, 321-347, 1987. 4. P. Collin. L. Hausswirth e H. Rosenberg. The geometry of finite topology Bryant surfaces. Ann. of Math. 153, 623-659, 2001. 5. C. J. Costa. Func¸o˜es el´ıpticas, alge´bricas e superf´ıcies mı´nimas. 18o colo´quio brasileiro de matema´tica. 6. C. J. Costa e V. F. Sousa Neto. Mean curvature 1 surfaces of Costa type in hyperbolic three-space. Tohoku Math. J. 53, 617-628, 2001. 7. M. do Carmo e A. M. da Silveira. Index and total curvature surfaces with constant mean curvature. Proc. Amer. Math. Soc. 110, 1009-1015, 1990. 8. M. do Carmo. The index of constant mean curvature surfaces in hyperbolic 3 -space. Matem. Contemporaˆnea 4, 75-78, 1993. 9. M. E. Galva˜o e C. C. Go´es. A Weierstrass type representation for surfaces in hyperbolic space with mean curvature one. Note Mat. 18, 43-61, 1998. 10. J. M. Gomes. Sobre hipersuperf´ıcies com curvatura me´dia constante no espac¸o hiperbo´lico. Tese de Doutorado, IMPA, 1985. 11. D. Hoffman e H. Karcher. Complete minimal surfaces of finite total curvature. Encyclopae- dia of mathematical sciences 90, Geometry V, R. Osserman Editor, Springer, 5-93, 1997. 12. H. Hopf. Differential geometry in the large. Lecture Notes in Mathematics 1000, Springer,1980. 13. K. Kenmotsu. Lectures on deformable surfaces in IR3. Preprint, 1995. 14. K. Kenmotsu. Weierstrass formula for surfaces of prescribed mean curvature. Math. Ann. 245, 89-99, 1979. 15. M. Kokubu, M.Umehara e K. Yamada. An elementary proof of Small’s formula for null curves in PSL(2, C) and an analogue for Legendrian curves in PSL(2, C). Preprint. 16. B. Lawson Jr. Lectures on minimal submanifolds. Mathematics lecture series 9, Publish or Perish, 1980. 17. L. L. de Lima e P. Roitman. CMC−1 surfaces in hyperbolic 3-space using the Bianchi-Calo` method. Preprint, 2001. 18. L. L. de Lima e W. Rossman. On the index of mean curvature 1 surfaces in H3. Indiana Univ. Math. J. 47, 685-723, 1998. 19. R. Narasimhan e Y. Nieverget. Complex analysis in one variable. Birka¨user, 2001. 20. J. Ordo´n˜es. Superf´ıcies helicoidais com curvatura constante no espac¸o de formas tridi- mensionais. Tese de Doutorado, PUC-Rio, 1995. 21. R. Osserman. A survey of minimal surfaces. Dover, N. Y, segunda edic¸a˜o, 1986. Ana´lise Complexa e Geometria Diferencial... 21 22. Poleni. Revue du Palais de la De´couverte, 45, pg 106, 1995. 23. M. Ritore´. Examples of constant mean curvature surfaces obtained from harmonic maps to the two sphere. Math. Z. 226, 127-146, 1997. 24. W. Rossman e K. Sato. Constant mean curvature surfaces in hyperbolic 3-space with two ends. J. Exp. Math. 7, No 1, 101-119, 1998. 25. W. Rossman, M. Umehara e K. Yamada. Irreducible constant mean curvature 1 surfaces in hyperbolic space with positive genus. Toˆhoku Math. J. 49 449-484, 1997. 26. W. Rossman, M. Umehara e K. Yamada. A new flux for mean curvature 1 surfaces in hyperbolic 3-space, and applications. Proc. Amer. Math. Soc. 127, 2147-2154, 1999. 27. W. Rossman, M. Umehara e K. Yamada. Mean curvature 1 surfaces in hyperbolic 3-space with low total curvature II. Tohoku math. J. 55, No 3, 2003. 28. W. Rossman, M. Umehara e K. Yamada. Mean curvature 1 surfaces in hyperbolic 3-space with low total curvature I. Preprint; math.DG/0008015. 29. W. Rossman, M. Umehara e K. Yamada. Constructing mean curvature 1 surfaces in H3 with irregular ends. Preprint. 30. R. Sa´ Earp and E. Toubiana. Introduction a` la ge´ome´trie hyperbolique et aux surfaces de Riemann. Diderot Editeur, Paris, 1997. Segunda edic¸a˜o, ed. Cassini, Paris (No Prelo). 31. R. Sa Earp e E. Toubiana. On the geometry of constant mean curvature one surfaces in hyperbolic space. Illinois J. Math. 45, No 2, 371-401, 2001. 32. R. Sa Earp e E. Toubiana.Meromorphic data for mean curvature one surfaces in hyperbolic space. A ser publicado no Tohoku Math. J. 33. R. Sa Earp e E. Toubiana.Meromorphic data for mean curvature one surfaces in hyperbolic space, II. Clay Mathematics Procedings volume 3,521-540,2003. 34. R. Sa Earp e E. Toubiana. A Weierstrass-Kenmotsu formula for prescribed mean curvature surfaces in hyperbolic space. Se´minaire de The´orie Spectrale et Ge´ome´trie de l’Institut Fourier de Grenoble 19 9-23, 2001. 35. R. Schoen. Uniqueness, symmetry, and embeddedness of minimal surfaces. J. Diff. Geom. 18 791-809, 1983. 36. A. M. da Silveira. Stability of complete noncompact surfaces with constant mean curvature. Math. Ann. 277 629-638, 1987. 37. A. J. Small. Surfaces of constant mean curvature 1 in IH3 and algebraic curves on a quadric. Proc. Amer. Math. Soc. 122 , 1211-1220, 1994. 38. M. Spivak. A comprehensive introduction to differential geometry . Volume IV, second edition, 1979. 39. M. Umehara e K. Yamada. Complete surfaces of constant mean curvature-1 in the hyper- bolic 3-space. Annals of Math. 137, 611-638, 1993. 22 Ricardo Sa Earp 40. M. Umehara and K. Yamada. A parametrization of the Weierstrass formulae and pertur- bation of some minimal surfaces in R3 into the hyperbolic 3-space. J. Reine Angew. Math. 432, 93-116, 1992. 41. M. Umehara and K. Yamada. Surfaces of constant mean curvature c in H3(−c2) with prescribed Gauss map. Math. Ann. 304, 203-224, 1996. Ricardo Sa Earp Pontif´ıcia Universidade Cato´lica do Rio de janeiro Depto de matema´tica Rua Marqueˆs de Sa˜o Vicente 225 24 453-900 Rio de Janeiro-RJ, Brazil fax:55-021-3114 1282 email: earp@mat.puc-rio.br Geometria Diferencial/Curves and Surfaces - Montiel.pdf Geometria Diferencial/Curves and Surfaces DJVU.djvu Geometria Diferencial/gd14.pdf Geometria Diferencial Curvas no plano e no espac¸o - Segundo semestre de 2007 Versa˜o 14 compilada com o pdflatex no dia 2 de Agosto de 2007. Departamento de Matema´tica - UEL Prof. Ulysses Sodre´: ulysses(a)uel(pt)br Matema´tica Essencial: http://www.mat.uel.br/matessencial/ Resumo: Notas de aulas geradas com materiais usados em aulas na UEL em 1985. Elas devem ser usadas como roteiro e na˜o espero que elas venham a substituir qualquer livro sobre o assunto. Alguns conceitos foram obtidos em livros citados na Bibliografia, mas os assuntos foram modificados de acordo com o meu interesse. Sugiro que o leitor pesquise na Internet para obter materiais de dom´ınio pu´blico para os seus estudos. Mensagem: ‘No princ´ıpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princ´ıpio com Deus. Todas as coisas foram feitas por interme´dio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas na˜o prevaleceram contra ela. (...) Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por interme´dio dele, e o mundo na˜o o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus na˜o o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, aos que creˆem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais na˜o nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do vara˜o, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre no´s (...)’ A B´ıblia Sagrada, Joa˜o 1:1-15 CONTEU´DO ii Conteu´do 1 Introduc¸a˜o a` Geometria Diferencial 1 2 Conceitos topolo´gicos na reta real 2 2.1 Conjuntos abertos em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2.2 Conjuntos fechados em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2.3 Conjuntos conexos em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2.4 Conjuntos compactos em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2.5 Aplicac¸o˜es cont´ınuas em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 Vetores no plano e no espac¸o 5 3.1 O espac¸o vetorial R3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3.2 Dependeˆncia linear em R3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 3.3 Bases para R3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 3.4 Produto escalar e suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3.5 Bases ortogonais e ortonormais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 3.6 Produto vetorial e suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . 10 3.7 Produto misto e suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 4 Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel real 12 4.1 Func¸o˜es vetoriais com um paraˆmetro real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 4.2 Func¸o˜es limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 4.3 Limites de func¸o˜es e as suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . 13 4.4 Continuidade e as suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4.5 Derivadas de func¸o˜es e suas principais propriedades . . . . . . . . . . . . . . 14 4.6 Classes de diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.7 Fo´rmula de Taylor com resto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4.8 Func¸o˜es anal´ıticas reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 4.9 S´ımbolos de Landau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 CONTEU´DO iii 5 Curvas no plano e no espac¸o 18 5.1 Curvas parametrizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 5.2 Projec¸o˜es ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 5.3 Representac¸a˜o impl´ıcita de curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 5.4 Vetor tangente unita´rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 5.5 Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5.6 Vetor normal unita´rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5.7 Vetor binormal unita´rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 5.8 Torc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5.9 A teoria das curvas e o triedro de Frenet-Serret . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5.10 Complementos sobre a teoria de curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 Sec¸a˜o 1 Introduc¸a˜o a` Geometria Diferencial 1 1 Introduc¸a˜o a` Geometria Diferencial Geometria Diferencial(1.) e´ o ramo da Geometria no qual os conceitos de Ca´lculo sa˜o aplicados a curvas, superf´ıcies e outros objetos geome´tricos. A Geometria Diferencial cla´ssica usa a geometria de coordenadas, como geometria anal´ıtica, coordenadas cartesianas, etc, embora no se´culo XX os me´todos de Geometria Diferencial teˆm sido aplicados a outras a´reas de Geometria, como Geometria Projetiva. A Geometria Diferencial foi estudada por Gaspard Monge e Carl F. Gauss no in´ıcio do se´culo XIX. Trabalhos importantes no se´culo XIX foram feitas por matematicos como: B. Riemann, E. B. Christoffel e C. G. Ricci, que foram colecionados e sistematizados no final do se´culo por J. G. Darboux e Luigi Bianchi. A importaˆncia da Geometria Diferencial e´ vista no estudo da Teoria da Relatividade Geral que Einstein formulou inteiramente em func¸a˜o da Geometria Diferencial de uma variedade tetra-dimensional combinando espac¸o e tempo, usando a notac¸a˜o tensorial. No estudo de curvas, se um ponto r = r(s) se move atrave´s de uma curva cujo comprimento do arco e´ s a partir de um ponto fixo, enta˜o T = dr ds e´ um vetor tangente unita´rio a` curva em r = r(s). O vetor normal N e´ perpendicular a` curva neste ponto, indicando a direc¸a˜o da taxa de variac¸a˜o de T , isto e´, a tendeˆncia de T se desviar da curva original no plano contendo r e T , e o vetor binormal B e´ perpendicular a ambos T e N , indicando a tendeˆncia da curva sair para fora do plano contendo T e N . Os treˆs vetores T , N e B, esta˜o relacionados por treˆs fo´rmulas do matema´tico franceˆs Jean Fre´de´ric Frenet, que sa˜o fundamentais no estudo de curvas no espac¸o: dT ds = κN , dN ds = −κT + τ B e dB ds = −τ N , onde as constantes κ e τ sa˜o a curvatura e a torc¸a˜o da curva, respectivamente. Curvas importantes sa˜o a evoluta e a involuta. A evoluta de uma curva e´ uma outra curva cujas tangentes sa˜o normais a` curva original e a involuta de uma curva e´ uma curva cuja evoluta e´ a curva dada. No estudo de superf´ıcies, pontos sobre uma superf´ıcie podem ser descritos na˜o somente com respeito a`s coordenadas do espac¸o onde a superf´ıcie esta´ imersa, mas tambe´m com respeito a um sistema de coordenadas intr´ınsecas, definido em func¸a˜o de curvas sobre a pro´pria superf´ıcie. As curvas na superf´ıcie que representam localmente a menor distaˆncia entre pontos na superf´ıcie sa˜o as geode´sicas. Geode´sicas no plano sa˜o segmentos de reta. Vetores Tangente e Normal tambe´m sa˜o definidos para uma superf´ıcie, mas a relac¸a˜o entre eles e´ muito mais complexa que no caso de curvas no espac¸o, pois em um dado ponto de uma superf´ıcie existe um c´ırculo completo formado por vetores tangentes unita´rios. Os resultados da teoria de superf´ıcies sa˜o mais facilmente representados na notac¸a˜o tensorial. Mostra-se que a curvatura total ou Gaussiana de uma superf´ıcie e´ um invariante, que e´ uma propriedade intr´ınseca da pro´pria superf´ıcie, independente do espac¸o no qual a superf´ıcie esta´ imersa. Sa˜o importantes as superf´ıcies de curvatura constante, planos, cilindros, cones, algumas superf´ıcies desenvolv´ıveis com curvatura zero, as superf´ıcies el´ıpticas da geometria na˜o-euclidiana que sa˜o superf´ıcies de curvatura constante positiva e as superf´ıcies hiperbo´licas da geometria na˜o-euclidiana que sa˜o superf´ıcies de curvatura constante negativa. 1Adaptado da sec¸a˜o sobre Geometria Diferencial de infoplease: http://www.infoplease.com/index.html Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 Sec¸a˜o 2 Conceitos topolo´gicos na reta real 2 2 Conceitos topolo´gicos na reta real 2.1 Conjuntos abertos em R Definic¸a˜o 1. (Bola aberta centrada em um ponto) Bola aberta de raio r centrada em um ponto p ∈ R, denotada por Br(p), e´ o conjunto de todos os x ∈ R tal que |x − p| < r. Se x pertence a esta bola aberta, denotamos tal fato por x ∈ Br(p). Dependendo das circunstaˆncias, uma bola aberta pode ser identificada com um intervalo aberto. Exemplo 1. (Bolas abertas) 1. B1(0) = {x ∈ R : −1 < x < 1 } = (−1, 1) e´ uma bola aberta em R. 2. Br(c) = {x ∈ R : c− r < x < c+ r } = (c− r, c+ r) e´ uma bola aberta em R. Definic¸a˜o 2. (Conjunto aberto) Um conjunto A ⊂ R e´ aberto se para cada x ∈ A e´ poss´ıvel construir uma bola aberta de raio r centrada em um ponto x, que esteja inteiramente contida em A. Exemplo 2. (Conjuntos abertos) 1. O intervalo aberto (a, b) e´ aberto em R. 2. Se x ∈ R, enta˜o a bola aberta Br(x) e´ um conjunto aberto em R. 3. O conjunto {x ∈ R : x > 0} e´ um conjunto aberto em R. 4. O conjunto {x ∈ R : x ≥ 0} na˜o e´ um conjunto aberto em R. Proposic¸a˜o 1. (Propriedades dos conjunto abertos em R) 1. ∅ e R sa˜o conjuntos abertos em R 2. Se (Ak) e´ uma colec¸a˜o de conjuntos abertos em R, enta˜o a reunia˜o de elementos dessa colec¸a˜o e´ um conjunto aberto em R. 3. Se (Ak) e´ uma colec¸a˜o finita de conjuntos abertos em R, enta˜o a intersec¸a˜o de elementos dessa colec¸a˜o e´ um conjunto aberto em R. Proposic¸a˜o 2. (Propriedade da separac¸a˜o de pontos em R) Dois pontos distintos p, q ∈ R podem ser separados por bolas disjuntas Br(p) e Bs(q), onde r > 0 e s > 0 sa˜o os respectivos raios dessas bolas. 2.2 Conjuntos fechados em R Definic¸a˜o 3. (Conjunto fechado) Um conjunto F ⊂ R e´ fechado em R se o seu complementar F c e´ um conjunto aberto em R. Exerc´ıcio 1. Apresentar exemplos de conjuntos fechados em R. Definic¸a˜o 4. (Ponto de acumulac¸a˜o) Um ponto p e´ ponto de acumulac¸a˜o de um conjunto S ⊂ R se toda bola Br(p) possui pontos de S, que sa˜o diferentes do pro´prio ponto p. Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 2.3 Conjuntos conexos em R 3 Definic¸a˜o 5. (Ponto isolado) Um ponto p e´ um ponto isolado em um conjunto S ⊂ R se existe uma bola Br(p) contendo apenas o ponto p. Definic¸a˜o 6. (Ponto de adereˆncia) Um ponto p e´ ponto de adereˆncia de um conjunto S ⊂ R se toda bola Br(p) possui pontos de S. Observac¸a˜o 1. Um ponto de adereˆncia de um conjunto S ⊂ R pode ser: ou um ponto isolado em S ou um ponto de acumulac¸a˜o de S. Proposic¸a˜o 3. (Ponto de acumulac¸a˜o implica ponto de adereˆncia) Se um ponto p e´ ponto de acumulac¸a˜o de um conjunto S ⊂ R, enta˜o p e´ ponto de adereˆncia do conjunto S. Proposic¸a˜o 4. (Conjunto fechado via ponto de acumulac¸a˜o) Um conjunto S ⊂ R e´ fechado se, e somente se, conte´m todos os seus pontos de acumulac¸a˜o. 2.3 Conjuntos conexos em R Definic¸a˜o 7. (Conjunto conexo) Um conjunto S ⊂ R e´ conexo quando na˜o pode decom- posto na reunia˜o disjunta de dois conjuntos abertos na˜o vazios de R. Exemplo 3. (Conexos na reta real) 1. (a, b), (a, b], [a, b) e [a, b] sa˜o conjuntos conexos em R. 2. (a,∞), (−∞, a), (−∞, b] e [a,∞) sa˜o conjuntos conexos em R. 3. Se x ∈ R, enta˜o Br(x) = (x− r, x+ r) e´ um conjunto conexo em R. 4. R e´ um conjunto conexo em R. Exerc´ıcio 2. (Conjuntos conexos) 1. Sera´ que o conjunto vazio e´ conexo? 2. Definir o que e´ um intervalo na reta real. Proposic¸a˜o 5. (Conexo equivale a intervalo) Um conjunto S e´ conexo em R se, e somente se, S e´ um intervalo em R. 2.4 Conjuntos compactos em R Definic¸a˜o 8. (Conjunto limitado) Um conjunto K ⊂ R e´ limitado se existe uma bola Br(p) contendo inteiramente o conjunto K para todo p ∈ K. Definic¸a˜o 9. (Conjunto compacto) Um conjunto K ⊂ R e´ compacto se K e´ limitado e fechado em R. Observac¸a˜o 2. Existem va´rias maneiras equivalentes de definir conjuntos compactos. Exerc´ıcio 3. Apresentar exemplos de conjuntos compactos em R. Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 2.5 Aplicac¸o˜es cont´ınuas em R 4 2.5 Aplicac¸o˜es cont´ınuas em R Definic¸a˜o 10. (Aplicac¸a˜o cont´ınua) Uma aplicac¸a˜o f : S ⊂ R → R e´ cont´ınua em p ∈ S se, dado ε > 0 arbitra´rio, existe δ > 0 tal que se |t − p| < δ implica que |f(t) − f(p)| < ε. Neste caso, usamos o limite para indicar este fato lim t→p f(t) = f(p) Definic¸a˜o 11. (Aplicac¸a˜o cont´ınua) Uma aplicac¸a˜o f : S ⊂ R → R e´ cont´ınua em p ∈ S se para cada bola aberta Bε(f(p)) contida na imagem f(S) existe uma bola aberta Br(p) contida em S tal que f(Br(p)) ⊂ f(Bε(f(p))) Definic¸a˜o 12. (Aplicac¸a˜o cont´ınua) Uma aplicac¸a˜o f : S ⊂ R → R e´ cont´ınua em p ∈ S se, para todo conjunto aberto V contendo f(p)) tem-se que f−1(V ) e´ um conjunto aberto contendo p ∈ S. Observac¸a˜o 3. (Aplicac¸a˜o cont´ınua em um conjunto) Uma aplicac¸a˜o f e´ cont´ınua sobre um conjunto S se e´ cont´ınua em todo ponto p ∈ S. Definic¸a˜o 13. (Conjunto conexo por caminhos) Um conjunto S ⊂ R e´ conexo por caminhos se, dados dois pontos quaisquer p, q ∈ S, existe uma aplicac¸a˜o cont´ınua f : [0, 1] → S tal que f(0) = p e f(1) = q. Proposic¸a˜o 6. (Conexo equivale a conexo por caminhos) Um conjunto S e´ conexo por caminhos em R se, e somente se, S e´ conexo em R. Teorema 1. (Continuidade e conexa˜o) Se f : S → R e´ uma aplicac¸a˜o cont´ınua sobre S ⊂ R e A ⊂ S e´ um conjunto conexo, enta˜o f(A) tambe´m e´ um conjunto conexo em R. Teorema 2. (Continuidade e compacidade) Se f : S → R e´ uma aplicac¸a˜o cont´ınua sobre S ⊂ R e A e´ um conjunto compacto em S, enta˜o f(A) e´ um conjunto compacto em R. Teorema 3. (Teorema dos valores extremos) Se f : S → R e´ uma aplicac¸a˜o cont´ınua sobre S ⊂ R e K um conjunto compacto em S, enta˜o f assume o seu valor ma´ximo e tambe´m o seu valor m´ınimo sobre K. Teorema 4. (Homeomorfismo) Uma aplicac¸a˜o f : S → T e´ um homeomorfismo entre os conjuntos S e T , se f e´ uma aplicac¸a˜o cont´ınua cuja inversa f−1 : T → S tambe´m e´ uma aplicac¸a˜o cont´ınua. Quando existe um homeomorfismo f : S → T , diz-se que S e T sa˜o homeomorfos. Exemplo 4. (Conjuntos homeomorfos) 1. Todo intervalo (a, b) e´ homeomorfo ao intervalo (0, 1). 2. Todo intervalo (a, b) e´ homeomorfo ao intervalo (−1, 1). 3. Todo intervalo (a, b) e´ homeomorfo a` reta real R. Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodre´ - Matema´tica - UEL - 2007 Sec¸a˜o 3 Vetores no plano e no espac¸o 5 3 Vetores no plano e no espac¸o Vetores no plano e no espac¸o tridimensional sa˜o segmentos de reta orientados com direc¸a˜o, sentido e intensidade. Um vetor e´ uma classe formada por todos os segmentos de reta com a mesma direc¸a˜o, mesmo sentido e mesma medida. Um vetor pode ser denotado por uma letra v, mas pela forma como definimos, deveria ser denotado por [v]. Podemos construir um vetor no espac¸o tridimensional com a direc¸a˜o vertical, tendo o ponto inicial no plano z = 0 e
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