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i FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE CONVERSORES ESTÁTICOS PARA MODO DE CONDUÇÃO CONTÍNUA Francisco Amaury Rios Filho Universidade Federal do Ceará Resumo – O objetivo deste trabalho é realizar a modelagem dos conversores não isolados Buck, Boost e Buck-Boost. Para tanto será utilizada a técnica de modelagem que utiliza o modelo da chave PWM para obter uma equação matemática que seja capaz de descrever o comportamento físico dos mesmos. Uma simulação destes conversores e a obtenção dos diagramas de Bode a partir da mesma serão realizadas de forma a validar os modelos. Palavras-Chave – Função de Transferência. Modelagem de conversores. Modo de condução contínua. Diagrama de Bode. I. INTRODUÇÃO Existem diversas técnicas de modelagem de conversores. Com elas é possível obter uma equação matemática que representa o comportamento físico de um conversor. As principais técnicas de modelagem utilizam os seguintes modelos: Modelo AC básico aproximado (the basic ac modeling approach); Modelo médio de espaços de estado (state-space averaging model); Modelo do circuito canônico (canonical circuit model); Modelo da chave média (averaged switch model); Modelo da chave PWM. O presente trabalho realiza a modelagem aplicando o modelo da chave PWM aos conversores. A partir desta técnica de modelagem, este trabalho objetiva determinar o ganho estático e algumas funções de transferência (FT) dos conversores não isolados Buck, Boost e Buck-Boost. Para tanto serão utilizados os modelos CC e os modelos CA de pequenos sinais da chave PWM. De forma a validar os resultados da modelagem, uma simulação dos conversores é realizada em um software de simulação de circuitos eletrônicos. Uma comparação entre os diagramas de Bode, resultantes da modelagem e das simulações, será realizada, sendo então o principal parâmetro de validação dos modelos. Fig. 1. Conversores Buck (a), Boost (b) e Buck-Boost (c) com suas chaves PWM II. MODELO DA CHAVE PWM As chaves ativas e passivas, ou controladas e não controladas, respectivamente, de um conversor podem ser agrupadas em um bloco, como representado na figura 1 através de um retângulo tracejado. Este bloco, que pode também ser definido nos demais conversores básicos que não estão representados na figura 1, representa a não linearidade dos conversores. Esse agrupamento pode ser enxergado como um dispositivo de três terminais, ativo, passivo e comum, conforme ilustrado na figura 2, representando a Chave PWM. Fig. 2. Chave PWM O terminal ativo está sempre relacionado a uma chave controlada. Já o terminal passivo está relacionado a uma chave não controlada, enquanto que o terminal comum está junto a uma fonte de corrente. Os conversores são obtidos através de uma simples permutação da chave PWM e a alocação adequada dos elementos externos com relação às portas de tensão e corrente. ii Nos conversores básicos as tensões (vap(t) e vcp(t)) e correntes (ia(t) e ic(t)) instantâneas nos terminais da chave PWM não variam, sendo elas ilustradas na figura 3. Fig.3 Tensões e correntes nos terminais da chave PWM A partir da análise das curvas da figura 3, baseada nos valores médios das mesmas resultam as seguintes equações. a cI D I 'cp ap e cV V r I D D ( )1 ( )2 A. Modelo CC da Chave PWM Utilizado para encontrar o ganho estático dos conversores, o modelo CC da chave PWM é um modelo de regime permanente obtido a partir das equações 1 e 2, sendo ilustrado na figura 4. O ganho estático é a relação entre as tensões de saída e de entrada do conversor. Fig.4 Modelo CC da Chave PWM B. Modelo CA da Chave PWM Também chamado de modelo de pequenos sinais da chave PWM, este modelo é obtido a partir de perturbações nas variáveis tensões, correntes e razão cíclica das equações 1 e 2. Perturbando-se todas as variáveis destas equações e realizando manipulações matemáticas obtêm-se as seguintes equações. aa a c c cI i D d I i i D i I d (3) cp cp àp ap c c eV v D d V v I i r D d 1 'cp ap ce Dv D v r D D i V d (4) Em que, 'D e c apV r I D D V O acento circunflexo representa o diferencial da variável nas equações 3 e 4. A figura 5 ilustra o modelo CA da Chave PWM. Fig. 5 Modelo CA da Chave PWM III. ESPECIFICAÇÕES DOS CONVERSORES As especificações dos conversores estão apresentadas na tabela I. Os demais componentes foram dimensionados a partir destas especificações. . TABELA I Especificações dos conversores Buck Boost Buck-Boost Potência de saída (Po) 500W 500W 200W Tensão de entrada (Vi) 200W 60V 24V Tensão de saída (Vo) 60V 200V 60V Frequência (fs) 30kHz 30kHz 30kHz Corrente mínima de saída (Iomin) 0,5A 0,5A 1A Ondulação da tensão de saída (ΔVo) 1V 1V 0,5V Depois de projetar os componentes passivos de cada conversor, foram realizados os cálculos das funções de transferência desejadas. Simultaneamente os conversores foram simulados no software de circuitos eletrônicos PSIM. Através deste software foi possível obter os diagramas de Bode das funções de transferências calculadas na modelagem. Os dados desses diagramas foram convertidos em um arquivo de texto (.txt) para posteriormente serem importados pelo software Mathcad. Uma vez realizados os cálculos e as simulações, os diagramas de Bode de ambos foram inseridos no software Mathcad, possibilitando assim a comparação mostrada na seção seguinte. IV. RESULTADOS A seguir serão apresentadas as modelagens dos conversores e as comparações entre os diagramas de Bode obtidos a partir da modelagem e os diagramas obtidos a partir da simulação dos conversores em no software PSIM. As figuras a seguir apresentam os resultados para a função de transferência do conversor Buck. Nas mesmas, as linhas cheias representam os resultados do modelo, enquanto que as linhas pontilhadas representam os resultados do software de simulação. A. Conversor Buck O ganho estático obtido a partir do modelo CC da Chave PWM foi obtido a partir do circuito equivalente apresentado na figura 6. iii Fig. 6 Circuito equivalente para ganho estático 0 v i V G V A modelagem CA da Chave resultou nas seguintes funções de transferência. 1) Primeira FT: 0 ˆ 0 ˆ iˆ d v v O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 7 Circuito equivalente para 1ª FT A tensão no secundário, desconsiderando RE, será: ˆ S iV v D Definindo as impedâncias: 1Z sL 2 2 11 \ \ 1 e e e R sR C Z R R Z sC sC R R A tensão de saída será: 2 0 1 2 ˆ iˆ Z v v D Z Z Assim a FT será: 0 2 1ˆ ( ) ˆ e i e e R sR Cv G s D v s LC R R s R RC L R A figura a seguir apresenta o diagrama de Bode. Fig. 8 Diagrama de Bode para a 1ª FT 2) Segunda FT 0ˆ 0 ˆ ˆ i v v d O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 9 Circuito equivalente para 2ª FT A tensão de entrada é modelada através de um capacitor em série com uma resistência. Assim definindo a impedância 1 i i i Z R sC A tensão de entrada será ˆˆ i a i v i Z A tensão do secundário será 10 100 1 10 3 1 104 80 60 40 20 0 20 log GVoVi s( ) BodeVoVi 1 s 2 BodeVoVi 0 10 100 1 10 3 1 10 4 150 112.5 75 37.5 0 arg GVoVi s( ) 180 BodeVoVi 2 s 2 BodeVoVi 0 iv ˆ ˆD S i V V d v D D Já a corrente îc é dada por ˆ ˆ ˆ D i c V d v D D i sL A corrente îa é dada por 2ˆˆ ˆˆ D i a C V v d D D i I d sL Substituindo a corrente e a impedância na equação da tensão de entrada 2ˆˆ 1ˆˆ i D i C i i V v d D D v I d R sL sC Assim a função de transferência será: 2 2 2 2 ˆ ( ) ˆ i i i C C i i i i i i i v s LR C I s LI R CV D V D G s s LC sR C D Dd A figura a seguir apresenta o diagrama de Bode Fig. 10 Diagrama de Bode para a 2ª FT 3) Terceira FT 0 ˆ 0 ˆ ˆ iv v d O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 11 Circuito equivalente para 3ª FT Definindo as impedâncias 1Z sL 2 2 11 \ \ 1 e e e R sR C Z R R Z sC sC R R A tensão no secundário será ˆ S DV V d A tensão de saída é obtida com um divisor de tensão 2 0 1 2 ˆˆ D Z v V d Z Z Assim a função de transferência será 0 2 ˆ 1 ( ) ˆ i e e e v V R sR C G s s LC R R s RR C L Rd A figura a seguir apresenta o diagrama de Bode 10 100 1 10 3 1 10 4 20 5 30 55 80 20 log GVid s( ) BodeVid 1 s 2 BodeVid 0 10 100 1 10 3 1 10 4 0 50 100 150 200 arg GVid s( ) 180 BodeVid 2 s 2 BodeVid 0 v Fig. 12 Diagrama de Bode para a 3ª FT 4) Quarta FT ˆ 0 ˆ ˆ i L v i d O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 13 Circuito equivalente para 3ª FT A tensão do secundário será: ˆ S DV V d Definindo as impedâncias 1Z sL 2 2 11 \ \ 1 e e e R sR C Z R R Z sC sC R R Assim 1 2 1ˆ ˆ ˆ 1 e D L L e R sR C V d Z Z i sL i sC R R Logo a função de transferência será 2 ˆ 1 ( ) ˆ ( ) eL i e e sC R Ri G s V s LC R R s R RC L Rd A figura apresenta o diagrama de Bode Fig. 14 Diagrama de Bode para a 4ª FT 5) Quinta FT 0ˆ ˆ 0 ˆ ˆ i L v v i d O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 15 Circuito equivalente para 3ª FT A tensão no secundário será ˆ S DV V d Assim 10 100 1 10 3 1 10 4 10 0 10 20 30 40 50 60 20 log GVod s( ) BodeVod 1 s 2 BodeVod 0 10 100 1 10 3 1 10 4 150 125 100 75 50 25 0 arg GVod s( ) 180 BodeVod 2 s 2 BodeVod 0 10 100 1 10 3 1 10 4 0 10 20 30 40 50 20 log GIld_vi0s( ) BodeIld_vi0 1 s 2 BodeIld_vi0 0 10 100 1 10 3 1 10 4 100 75 50 25 0 25 50 arg GIld_vi0s( ) 180 BodeIld_vi0 2 s 2 BodeIld_vi0 0 vi ˆ ˆ D LV d sL i Logo a função de transferência será ˆ ( ) ˆ iL Vi G s sLd A figura apresenta o diagrama de Bode Fig. 16 Diagrama de Bode para a 5ª FT 6) Sexta FT O 0 ˆˆ 0 ˆ ˆ i L v d v i O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 17 Circuito equivalente para 6ª FT Como vi=0, a tensão de secundário será: 0 1 0 S S VD V Já a tensão de saída é dada por: 0 1 ˆˆ 1 e L e R R Cs v i Cs R R Logo a função de transferência será 0 1ˆ ( ) ˆ 1 e eL R R Csv G s Cs R Ri A figura apresenta o diagrama de Bode Fig. 18 Diagrama de Bode para a 6ª FT 7) Sétima FT ˆˆ 0 ˆ ˆ o i L v d v i O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 19 Circuito equivalente para 7ª FT A função de transferência será: 10 100 1 10 3 1 10 4 0 20 40 60 80 20 log GIld_vi0_vo0s( ) BodeIld_vi0_vo0 1 s 2 BodeIld_vi0_vo0 0 10 100 1 10 3 1 10 4 100 80 60 40 20 0 arg GIld_vi0_vo0s( ) 180 BodeIld_vi0_vo0 2 s 2 BodeIld_vi0_vo0 0 10 100 1 10 3 1 10 4 20 10 0 10 20 20 log GVoIl s( ) BodeVoIl 1 s 2 BodeVoIl 0 10 100 1 10 3 1 10 4 60 45 30 15 0 arg GVoIl s( ) 180 BodeVoIl 2 s 2 BodeIld_vi0 0 vii 2 ( ) e e e D CD R R s G s s LC R R s RR C L R A figura 20 apresenta a seguir o diagrama de Bode. Fig. 20 Diagrama de Bode para a 7ª FT 8) Oitava FT ˆ 0 ˆ ˆ i in a d v Z i O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 21 Circuito equivalente para 8ª FT A tensão do secundário será: ˆ S iV D v A corrente do secundário será: ˆ a S i I D Pode-se obter a seguinte relação: ˆ1 ˆ 1 e a i e R R Cs i v D sL Cs R R D Logo a função de transferência será: 2 1ˆ 1 ( ) ˆ 1 ei ea R R Csv G s sL Cs R R Di A figura 22 apresenta a seguir o diagrama de Bode Fig. 22 Diagrama de Bode para a 8ª FT 9) Nona FT ˆˆ 0i o v d Z O circuito equivalente está ilustrado na figura abaixo. Fig. 11 Circuito equivalente para 9ª FT Definindo as impedâncias: 10 100 1 10 3 1 10 4 60 40 20 0 20 20 log GViIl s( ) BodeViIl 1 s 2 BodeViIl 0 10 100 1 10 3 1 10 4 100 68 36 4 28 60 arg GViIl s( ) 180 BodeViIl 2 s 2 BodeViIl 0 10 100 1 10 3 1 10 4 150 75 0 75 150 20 log GZin s( ) BodeZin 1 s 2 BodeZin 0 10 100 1 10 3 1 10 4 30 12 54 96 138 180 arg GZin s( ) 180 BodeZin 2 s 2 BodeZin 0 viii 1 2 1 e Z sL Z R sC A impedância de saída é obtida a partir da impedância equivalente do paralelo: 1 2( ) outG s Z Z Z R A figura a seguir apresenta o diagrama de Bode. Fig. 24 Diagrama de Bode para a 1ª FT V. CONCLUSÕES A modelagem do conversor permite a obtenção de uma equação matemática que representa o seu comportamento físico. O modelo da chave PWM está entre técnicas existentes para modelagem de conversores. O modelo CC da chave PWM é utilizado para determinar os parâmetros em regime permanente dosconversores. O modelo CA ou modelo de pequenos sinais da chave PWM é utilizado para determinar as funções de transferência dos parâmetros de controle do conversor. REFERÊNCIAS [1] V. Vorperian. Simplified analysis of PWM converters using model of PWM switch part I: Continuous conduction mode. IEEE transactions on aerospace and electronic systems.vol.26. 1990. [2] R. W. Erickson, D. Maksimovic. Fundamentals of power electronics, Kluwer 2.ed. New York, 2004. [3] D. W. Hart. Power electronics. McGraw-Hill. 1.ed. New York, 2010. [4] PSIM User´s guide. Powersim Inc. 2010. 10 100 1 10 3 1 10 4 40 25 10 5 20 20 log GZo s( ) BodeZo 1 s 2 BodeZo 0 10 100 1 10 3 1 10 4 230 120 10 100 arg GZo s( ) 180 BodeZo 2 s 2 BodeZo 0
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