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INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO FUNCIONAL Disciplina: Nutrição Funcional Profa. Alessandra Frasnelli Faria CONCEITO É uma ciência integrativa e profunda. Focaliza os aspectos bioquimicamente únicos de cada indivíduo, montando intervenções para restaurar o equilíbrio fisiológico e bioquímico de cada um. Têm ênfase na pesquisa e sua aplicação clínica busca equilibrar os sistemas de base do funcionamento do corpo humano, pois através destes, fornece as ferramentas para que o organismo expresse um estado de vitalidade positiva. Textbook of Functional Medicine, 2005 PRINCÍPIOS Individualidade Bioquímica; Centrada no paciente e não apenas na doença; Equilíbrio dinâmico de fatores internos e externos; Interconexões em teia de fatores fisiológicos; Saúde como uma vitalidade positiva; VITALIDADE POSITIVA 100 trilhões de células 50 bilhões de células se renovam a cada dia Garantir seu funcionamento perfeito Vitalidade Positiva NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL Identifica todos os sinais e sintomas relacionados aos déficits ou superávits de nutrientes Revela as hipersensibilidades alimentares Avaliação dos exames bioquímicos relacionados a avaliação de nutrientes Outros exames: mineralograma, espectrofotômetro (OligoScan®) Rastreamento metabólico e sistema ATMS (antecedentes, triggers, mediadores e sintomas) INDIVÍDUO Sistema ATMS de Diagnóstico Nutricional PONTO DE VISTA FUNCIONAL Antecedentes; Gatilhos; Mediadores; Condições. ANTECEDENTES Estão relacionados com a história de vida do paciente e com sua herança genética; Foco está na prevenção → nos fatores de risco a que ele está exposto no momento e que podem anteceder o aparecimento de alguma doença; Doença instalada → importante aprofundamento em toda a história do paciente, desde o nascimento até o momento da consulta: Experiências de vida, desempenho escolar, tipo de alimentação consumida durante toda a vida (principalmente o aleitamento materno exclusivo), utilização de suplementos (quais e quando), utilização de medicamentos, lugares onde mora ou morou, atividades de lazer, experiências sexuais, histórias de doenças familiares, etc. TRIGGERS (GATILHOS) Os gatilhos são acionados pelo: estresse emocional e mental, radiação, estresse oxidativo, traumas, lipopolissacarídeos bacterianos (LPS), vírus e parasitas; Uma vez acionados, eles desencadearão a ativação de mediadores, como por exemplo, a ativação do fator de transcrição para genes inflamatórios - NFkẞ, responsáveis pelo aparecimento dos sintomas da doença. MEDIADORES Os mediadores são quaisquer substâncias, enzimas ou fatores ambientais que causam os sintomas, a destruição dos tecidos e o comportamento em relação à doença; Podem variar em forma e tipo de substância; São sintetizados a partir da atividade dos gatilhos. Mediadores bioquímicos → hormônios, neurotransmissores, neuropeptídeos, citocinas, radicais livres, fatores de transcrição; Mediadores subatômicos → íons, elétrons; Mediadores cognitivos e emocionais → medo da dor e perda, crença em relação à doença, baixa autoestima; Mediadores sociais e culturais → falta de apoio social e solidão, relação profissional - paciente, condições comportamentais. ESTUDO DE CASO OBJETIVO →utilizar a teia da nutrição funcional e o sistema ATMS para realizar a hipótese diagnóstica do paciente Principais sintomas e história atual Paciente D.G.A, 29 anos, sexo feminino, 160 cm de estatura, 72 kg Histórico de obesidade desde a adolescência. Fez uma lipoaspiração e uma cirurgia para redução dos seios há 7 meses – antes da cirurgia pesava 83 kg Sente fortes dores de cabeça, dores de estômago, refluxo, dores na região lombar das costas e nos joelhos, é obstipada, sente muita flatulência, tem língua esbranquiçada, queda de cabelo (grandes quantidades), irritabilidade, ciclo menstrual irregular e muito corrimento Está sob estresse mental (acabou de entrar num novo emprego) e estresse emocional (acabou de se separar de um segundo relacionamento – mudou de casa e está reconstruindo a vida) Para amenizar a flatulência e a obstipação está tomando um chá de 30 ervas por indicação de uma amiga Para amenizar as dores de estômago, esporadicamente, utiliza medicamento à base de cimetidina ou ranitidina. Também tem algumas crises de asma e utiliza broncodilatadores Tem muita acne no rosto e por todo o corpo (desde a adolescência). Atualmente está tomando medicamento à base de isotretinoína (Roacutan®) por indicação médica Quando tem tempo e dá vontade faz academia (esteira e musculação) Principais sintomas e história atual HÁBITOS ALIMENTARES Faz grandes intervalos de refeições e come grandes porções. Gosta muito de pão e café com leite e frequentemente substitui as refeições por algum tipo de guloseima (salgados fritos, biscoitos recheados, pão de queijo, pão com presunto ou peito de peru, etc.) Não gosta de verduras nem cruas e nem cozidas, só come alface e tomate Como mora sozinha, come muitos alimentos industrializados como macarrão instantâneo, pratos prontos congelados, sucos prontos de caixinha, carnes empanadas, batatas congeladas pronta para fritar, etc. Gosta de algumas frutas, mas habitualmente come banana, laranja, pera, melancia e melão Quando sente fome come leite condensado com chocolate em pó Tem a sensação que está sempre com fome História pregressa e antecedentes Nasceu de parto cesariano com 4 kg, sua mãe não teve diabetes gestacional, porém já engravidou acima do peso por conta da primeira gestação e engordou 20 kg durante sua gestação Durante a gravidez sua mãe viveu muito estresse e tomou alguns antidepressivos para se manter calma. Além disso, tinha uma alimentação totalmente inadequada muito rica em doces, alimentos com farinha branca e gordura Foi introduzida aos alimentos sólidos aos 4 meses, porém foi amamentada ao peito até os 4 anos de idade. Na primeira infância já tomava refrigerante e comia muito pão Aos seis anos de idade apresentou muitas infecções de garganta e tomava frequentemente antibióticos até os 13 anos de idade Quando criança sofria muita comparação com a irmã mais velha e se sentia muito mal com isso. Na escola, tinha pouca concentração e alguns pedagogos diagnosticaram déficit de atenção, porém não foi tratada História pregressa e antecedentes Toma anticoncepcional desde os 18 anos de idade, quando teve um diagnóstico de SOP, que segundo avaliação recente do ginecologista está controlada Já tomou diversos medicamentos e fitoterápicos para emagrecer como: anfepramona, fempreporex, fluoxetina, bromazepan, dietilpropiona, cascara sagrada e seni. Por um tempo os medicamentos funcionaram, mas voltou a engordar muito e resolveu fazer a lipoaspiração Antecedentes familiares: obesidade, hipertensão, cardiopatia, obstipação, diabetes Realizou alguns exames laboratoriais há 3 meses e os resultados são: TG = 580 mg/dl LDL = 180 mg/dl HDL = 40 mg /dl Colesterol Total = 300 mg/dl Glicemia = 126 mg/dl HISTÓRICO SOCIAL Nunca ficou mais de um ano num emprego, porque sempre arranjou algum tipo de desentendimento Tem poucos amigos Teve dois relacionamentos conturbados e de muito estresse Atualmente mora sozinha e não sai à noite Tem um bom relacionamento com a mãe, mas tem muitas brigas com o pai MEDICAMENTOS ATUAIS Esporadicamente: medicamento à base de cimetidina ou ranitidina para as doresde estômago Isotretinoína (Roacutan®) para acne = 2 comprimidos de 20mg após o jantar Anticoncepcional OBJETIVO DA PACIENTE Procurou tratamento nutricional para ajudar na redução de peso após a lipoaspiração LPS: gatilho ativador do sistema imune Os lipopolissacarídeos (LPS) são gatilhos originários da parede celular das bactérias intestinais gram-negativas que atravessam a barreira intestinal (num quadro de alteração da permeabilidade intestinal) e geram o aumento da produção de citocinas próinflamatórias. Este gatilho da resposta imunológica é mediado por macrófagos (do sistema imune inato e da inflamação). Como tratar? Dieta anti-inflamatória Reduzir a ingestão de AGSA e AG trans ↑ Ingestão de ácidos graxos ômega-9 (oleaginosas, azeite de oliva, óleo de macadâmia) Adequar relação ômega-6:ômega-3 (5:1) ↑ ingestão de peixes, linhaça ou suplementos alimentares de ômega-3 ↑ Ingestão de CHO complexo e fibras verificar intolerância alimentar ↑ Ingestão de alimentos ricos em arginina oleaginosas, peixes e soja ↑ Ingestão de frutas e verduras ↑ oferta de fitoquímicos que inibem o NF-kappa B ↑ Ingestão de antioxidantes BASU A; DEVARAJ S; JIALAL I. Arterioscler Thromb Vasc Biol., 26: 995-1001, 2006 IF (Inflammation Factor) Rating® Fornece uma estimativa do efeito do alimento na inflamação IF Rating ® Negativo O alimento é considerado inflamatório, por possuir em sua composição nutrientes com ação inflamatória IF Rating ® Positivo O alimento é considerado antiinflamatório, por possuir em sua composição nutrientes com ação anti- inflamatória (relação dos lipídios essenciais e índice glicêmico) Fator de Inflamação (FI) – Cardápio convencional Fator de Inflamação (FI) – Cardápio Funcional Fator de Inflamação (FI) – Cardápio Funcional XENOBIÓTICOS Do grego, xenos = estranho; São compostos químicos estranhos a um organismo ou sistema biológico; O termo é também aplicado a substâncias presentes em concentrações muito mais elevadas que o nível normal; O organismo remove os xenobióticos através do denominado metabolismo ou desintoxicação de xenobióticos. Desintoxicação de XENOBIÓTICOS Consiste na neutralização e excreção; A neutralização ocorre principalmente no fígado e as principais vias de excreção são a urina, as fezes, a respiração e o suor; O metabolismo de xenobióticos é efetuado por enzimas hepáticas em diversos passos: O xenobiótico é inicialmente ativado por oxidação, redução, hidrólise ou hidratação; É então conjugado a moléculas como sulfato, glucuronato ou glutationa, sendo posteriormente excretado na bili ou urina. A modificação química anterior à excreção torna o xenobiótico hidrossolúvel. O grupo de enzimas do citocromo P450 é um dos envolvidos na desintoxicação de xenobióticos no fígado. P-GLICOPROTEÍNA (Pgp) – SISTEMA DE FASE III TOXINAS Qualquer substância que possa criar irritação e/ou efeitos danosos em um organismo, reduzindo a vitalidade, tensionando as funções bioquímicas e o funcionamento orgânico” - Krohn TOXINAS DE ORIGEM INTERNA ERROS INATOS DO METABOLISMO: acúmulo de compostos intermediários com efeitos deletérios, tóxicos – ex.: fenilcetonúricos; DESEQUILÍBRIO METABÓLICO: causado por fatores ambientais ou polimorfismos genéticos – ex.: aceleração excessiva da fase 1, gerando intermediários reativos; POLIMORFISMOS GENÉTICOS E INDIVIDUALIDADE BIOQUÍMICA: pode gerar acúmulo de substâncias tóxicas como resultado de um mau processamento determinado por individualidade genética; MICROBIOTA INTESTINAL: produção de enzimas e toxinas a partir do seu metabolismo que aumentam a permeabilidade intestinal. TOXINAS DE ORIGEM EXTERNA Metais Tóxicos; Medicamentos (cimetidina, paracetamol); Drogas restritas/ilegais (cocaína, anfetaminas, barbitúricos); Aditivos Alimentares; Pesticidas, herbicidas, fungicidas, agrotóxicos; Álcool (bebidas alcoólicas, solventes); Poluentes do ar; Migrantes de embalagens (p.ex.: plásticos); Produtos químicos usados em casa; Toxinas alimentares: açucar, gorduras trans, gluten, alergenos alimentares Toxinas emocionais, mentais e espirituais PRINCIPAIS FONTES DE EXPOSIÇÃO TÓXICA Nutrição Funcional 1. RADIAÇÃO Raios solares; Raio X; Radiação atômica; Radiação eletromagnética (telefone celular vs. saúde) A radiação pode ↑ formação de ROS; Exposição prolongada: danos ao DNA, acelerando morte celular (células neuronais e espermatozóides) Processos neurodegenerativos e carcinogênese celular e testicular. 2. Agentes climáticos e físicos HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (HAP) Queima de carvão, madeira, lixo, tabaco, derivados de petróleo e alimentos (óleos, carnes, gorduras e açúcares); Contamina solo, água, plantas e animais; Contato desde a gestação e amamentação; Efeitos: alterações hepáticas, tireoideanas e neoplasias. 2. Agentes climáticos e físicos BIFENIS POLICLORADOS (PCB’S) e POLIBROMADOS (PBB´S) Usados em plásticos, adesivos, tintas, corantes, equipamentos elétricos (proteção anti-incêndio) principalmente na década de 70 e 80 – efeito de refrigeração por sua resistência ao calor e baixa flamabilidade; Uso descontinuado devido ao seu efeito carcinogênico (linfoma e tumores hepáticos em funcionários de indústrias); Alterações hormonais (ligação ao receptor de estrogênio e dos hormônios tireoidianos); Induzem a diferenciação adipocitária, potencializa o estado inflamatório na obesidade, além de promover a aterosclerose; Alta capacidade de bioacumulação – peixes, aves e leite (inclusive materno). 3. Toxinas em alimentos de origem animal 4. Aditivos alimentares Outros 5. Tabaco 6. Incenso 7. Álcool 8. Medicamentos 9. Plásticos 10. Metais tóxicos Ciclos viciosos criado pela ingestão frequente de antibióticos 9. Plásticos Ftalatos Químicos industriais largamente utilizados em produtos de consumo, plásticos e brinquedos infantis. Os riscos a sua exposição, especialmente no período pré-natal, e uma preocupação crescente justificando a necessidade de mais estudos. Composta por mais de 50 substancias que garantem flexibilidade e cheiro característico, sendo que 40% deles se volatilizam ao longo dos anos. BIBLIOGRAFIA Paschoal, Valéria; Naves, Andréia; Fonseca, Ana Beatriz. Nutrição Clínica Funcional: dos princípios à prática clínica. VP Editora - São Paulo, 2013. Caso clínico: apostila do curso de Pós Graduação Nutrição Clínica Funcional - VP Consultoria Nutricional.
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