Buscar

penal IV Aula transcrita de

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Rio de Janeiro, 22/02/2017. 
 
 
Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a 
administração em geral 
 
 
Conceito de funcionário público, art. 327 do cp. 
 
No que tange o conceito de funcionário público no código penal adota-se uma teoria 
ampliativa. 
 
 
Algumas classificações... 
 
Crimes funcionais próprios: É aquele que exige uma capacidade especial do 
agente, uma capacidade especial do autor do crime. São aqueles que se retirarmos 
a condição de funcionário público da conduta a ação passa a ser um irrelevante 
penal, tornando-se atípica. 
 
Simplificando – crime de prevaricação: é o funcionário público praticar ou deixar de 
praticar um ato seu funcional para satisfazer um interesse próprio. 
 
Este crime de prevaricação é um crime específico de funcionário público. Não é 
qualquer pessoa que pode praticar, somente o próprio funcionário. 
 
Crimes funcionais impróprios: Mesmo retirando a qualidade de funcionário público 
ainda sim persiste uma conduta penal, uma conduta com relevância penal. Não o 
crime funcional, mas um outro crime. 
 
Simplificando – crime de peculato: É aquele crime cometido pelo funcionário público 
que furta um bem da administração. O camarada entra em um setor da adm. 
Pública e as outras pessoas acham que ele é funcionário. O sujeito entra e furta um 
apagador e sai. Quando o responsável do setor percebeu foi atrás e procurou saber 
do rapaz. Descobriu-se que o sujeito não é funcionário público. O rapaz não 
praticou mais um crime funcional da função e sim crime de furto. Então retirando-se 
a capacidade de funcionário dele ainda persisti um tipo penal. 
 
Diferente de; 
 
Crimes comuns: pode ser praticada por qualquer pessoa. Por exemplo; o homicídio, 
qualquer um pode matar uma pessoa. 
 
Crimes próprios: exige uma capacidade especifica da pessoa. Pode ser funcional 
ou não. Pode ser uma condição de funcionário ou não. Por exemplo; o infanticídio é 
um crime próprio da mãe. 
 
 
Norma penal incriminadora: definem as infrações penais proibindo a prática de 
condutas (crimes comissivos) ou impondo a prática de condutas (crimes omissivos), 
sob a ameaça expressa e específica de uma pena. As normas incriminadoras 
compõem-se de dois preceitos: um preceito primário e um preceito secundário. O 
preceito primário descreve com objetividade, clareza e precisão, a infração penal. 
Já o preceito secundário representa a cominação abstrata e individualizada da 
respectiva sanção penal. 
 
Norma penal não incriminadora: Algumas dessas normas são permissivas, por 
exemplo; excludente de ilicitude: permite que a pessoa mate em circunstâncias de 
legitima defesa. Algumas dessas normas também são explicativas, onde existe 
somente para explicar o conceito e não para permitir nada, por exemplo, o art. 327 
que só vem para explicar o conceito de funcionário público e não para aplicar nada. 
 
 
Explicação de Cargo, emprego e função 
 
*Cargo: É uma locação de uma pessoa na administração que venha previsto em lei, 
que tenha atribuições próprias e com remuneração própria. Todo cargo tem sua 
função. Pressupõe uma função e o vínculo com o Estado, e este vinculo é chamado 
de estatutário. Depois de três anos o funcionário cria uma estabilidade e para ser 
exonerado precisará cometer algo muito grave. 
 
*Emprego público: É a pessoa que está vinculada e prestando serviços para o 
Estado, mas é regido pelo sistema da CLT. O Estado também contrata pelo regime 
celetista. O celetista está submetido as leis trabalhistas e com isso pode ser 
mandado embora com muito mais facilidade. O vínculo dele não é igual à do 
estatutário, mas também possui uma função pública. 
 
*Função: Aqui pode ser que se tenha uma pessoa sem cargo e sem emprego. Um 
bom exemplo seria o mesário em épocas de eleições. E essa pessoa em exercício 
de uma função pública se praticar crime será equiparado ao funcionário público. 
 
 
Explicativa do parágrafo primeiro: O Estado exerce a sua função de forma direta; 
contratando e executando. Por exemplo; saúde, educação, segurança... O estado 
ele presta diretamente a função de prestação de serviços. 
Às vezes, o Estado presta aquela função, mas de forma indireta. Quando isso 
acontece o Estado se vale de outras pessoas jurídicas para exerce-las. Desta forma 
surgem as autarquias com as fundações públicas. Por exemplo; o DETRAN é uma 
autarquia. O Estado em alguns serviços se distancia um pouco, não se afasta 
totalmente, mas se distancia. Existe casos em que o Estado não participa de forma 
direta, mas ele fomenta, incentiva, às vezes até financia, são os casos das 
paraestatais chamadas de terceiro setor. Por exemplo; as ONG’s que prestam 
serviços sócias. 
Desta forma se alguma pessoa dessa ONG subtrai um objeto, rouba, desvia ou se 
apropria ela também é equiparada a funcionário público para efeitos penais. 
 
 
 
Rio de Janeiro, 08/03/2017 
 
Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a 
administração em geral – continuação... 
 
 
Art.312 – Peculato (crime próprio): Pressuposto é ter a posse. Neste caso é ter a 
posso de algo desvigiada (desvio do bem). O valor que se refere o tipo penal é 
qualquer papel que possa ter uma conotação econômica (títulos de credito, 
cheques, promissórias), qualquer valor econômico ainda que não seja dinheiro, mas 
que possa ser convertido em tal. 
 
Este tipo penal não tutela o patrimônio da administração pública. A tutela é da 
moralidade pública. Para que as pessoas as quais exerçam a função pública 
guardem os bens de forma correta. Seja da administração ou de terceiros confiados 
em decorrência da sua função. Qualquer bem pode servi para esse fim. Aqui 
também cabe os bens particulares que estejam sobre um ato de constrição da 
administração pública. 
Alguns bens públicos possuem algumas destinações especificas. Se ele der 
destinação (desviar) diversa da qual está prevista na norma irá incidir nesse tipo 
penal. 
 
§ 1° - Peculato de furto (crime impróprio): O agente não detém a posse nem 
direta nem indireta do bem. O que ele terá é uma facilidade de acesso ao bem 
devido a sua função de funcionário público. 
 
Exemplo*: O sujeito é funcionário público e para furta um determinado bem em uma 
repartição pública ele a invade, quebra o vidro e entra. Subtrai o bem e foge. O que 
ele fez qualquer um faria, neste caso ele não responderá por peculato furto e sim 
por crime de furto mesmo. Não é pelo fato do sujeito ser funcionário público que 
responderá por peculato furto não. No peculato furto a sua condição deve criar uma 
facilidade para tal ato. 
 
Exemplo**: O funcionário Pedro trabalha no primeiro andar de uma repartição 
pública e tem acesso e autonomia até o terceiro andar. Pedro resolve ir até o 
terceiro andar e de lá subtrai um bem. Um grampeador que estava esquecido em 
uma das salas que na atualidade encontra-se vazia e leva para casa. Isso se 
caracteriza como peculato furto. Não é da sessão dele e muito menos do setor o 
qual trabalha. Não está sob a responsabilidade dele. Mas conseguiu chegar até o 
terceiro andar em decorrência a sua função pública. 
Entretanto, se o grampeador lhe foi confiado e é da sua sessão, neste caso Pedro 
irá se apropriar dele. Neste caso é peculato de apropriação. 
 
Existe duas correntes referente a posse, se atinge a detenção ou não e estes 
conceitos foram transportadas do direito civil. 
 
1° corrente: Afirma que não incluía nesse conceito de posse a mera detenção. 
 
2° corrente predominante: A posse que está estabelecida no art. 312 também 
abrange a mera detenção. 
 
Então para o nosso entendimento a mera detenção do bem seja pública ou 
particular sob a responsabilidade do servidor, se ele apropriar-se do bem estará em 
curso do caput de apropriação indébita e não no curso do § 1°. 
 
Esse tipo penal tutela a moralidade pública e não o patrimônio.O objeto aqui deste 
tipo penal é proteger, tutelar e salvaguardar a moralidade pública. A eficiência, a 
legalidade da administração pública. Ou seja, que a administração pública exerça a 
sua função de forma regular. 
 
*Simplificando: Um servidor em seu próprio pega uma folha, somente uma folha, e 
leva pra casa para fins próprios. Levou para fazer anotações. Esse servidor 
responderá por peculato por se apropriar por essa única folha? Sim, 
responderá por peculato, pois aqui está sendo tutelado a moralidade pública e não 
o patrimônio. Desta forma também não se enquadra o “princípio da insignificância 
(cabe está medida quando o bem tutelado não é lesionado)”, pois não se trata de 
patrimônio. 
 
***Não se aplica o “princípio da insignificância” no crime de peculato. Posto que o 
tipo penal tutela a moralidade pública e não o patrimônio. **** 
 
**Simplificação: O militar Severo pega uma das viaturas para dar uma volta, apenas 
usa-la para ostentar. Quando retorna com o veículo ainda para pra abastecer o que 
gastou. Neste caso esse militar responderá por algum peculato? Não, pois não 
causou nenhum prejuízo ao bem e não tirou nem um proveito econômico. 
O entendimento que predomina é que o desvio ou uso do bem se não causar 
prejuízo é uma conduta atípica. 
 
***O “peculato de uso” sem nenhuma intenção de proveito próprio ou alheio não 
configura crime, pois é um irrelevante penal. Pode configurar um ilícito 
administrativo, uma falta funcional, mas não um crime. *** 
 
Excepcionando a regra existe somente um caso em que “o peculato de uso” 
só é tipificado quando o agente for prefeito (decreto lei 200/67). Se o prefeito 
usar o bem responderá por peculato de uso. 
Ressaltaremos também que o uso do bem na relação militar, uma legislação 
especifica, configura uma infração militar e também pode configurar crime 
militar. 
 
O peculato tem que ser em proveito próprio ou alheio. Não existe peculato quando 
o proveito é da própria administração pública. 
 
O bem jurídico tutelado é a moralidade pública. O sujeito ativo é o servidor público. 
O sujeito passivo é o ente da administração que teve o seu patrimônio fruído. 
Porque dependendo da competência prevalecia a competência da união. Esse é 
um crime que em regra tem a sua consumação instantânea, ou seja, se consuma 
no momento em que a pessoa se apropria, se comporta como se dona fosse do 
bem, já está consumado a apropriação. Tal como o desvio. É para ser dado um 
determinado fim e o funcionário público dá outro, tá configurado. Praticado de forma 
livre. Não existe uma forma especifica de se praticar. É um crime uni subjetivo, pois 
pode ser praticado por um único agente, podendo ser praticado até por mais, mas 
não existe uma regra exigindo pluralidade de agentes. Pode ser passivo de 
tentativa porque a sua conduta pode ser fracionada. A unissubsistente dele ou a 
plurissubsistente pode estar na forma de tentar ou não. Quando eu consigo 
fracionar a conduta em atos isolados e no decorrer desses atos a consumação não 
ocorre por sustentação da minha vontade, ocorre a tentativa. 
Desta forma os crimes de apropriação, peculato, desvio ou furto são passiveis de 
tentativa. 
 
A doutrina faz a seguinte classificação; chama-se de peculato próprio o 
apropriação e desvio e chama de peculato impróprio o peculato furto. Desta forma 
não se deve confundir ambos. A diferença entre eles é a facilidade que o servidor 
tem para ter acesso ao bem. 
 
 
§ 2° - Peculato culposo: Neste a punição é pela desídia do servidor que causa um 
prejuízo ao bem público. Ele puni a designa do servidor que não toma as cautelas 
devidas para zelar pelo bem e nessa falta de cautela ele contribui culposamente e 
outrem subtrai o bem. 
 
Simplificando: O sujeito saiu da sessão e deixou a porta aberta. Alguém entrou e 
subtraiu o bem. Aquele servidor era pra ter trancado a porta e não trancou. Se 
deixou a porta aberta vai responder pela forma culposa pelo descuido. 
 
***Não cabe tentativa de algo que eu não queria fazer. Caso caiba não e culposo e 
sim dolo. *** 
 
§ 3° - Resumindo, no peculato culposo se pagar antes da sentença irrecorrível e 
transitar em julgado é uma causa da extinção da punibilidade. O sujeito vai ter que 
pagar o bem que ele culposamente contribuiu para que se perdesse. Se for 
posterior reduz a pena até a metade. Aqui se for até o trânsito em julgado, até a 
sentença irrecorrível cabe o juízo competente, se for posterior a competência passa 
a ser da vara de execuções penais. 
 
 
Art. 313 – Peculato mediante erro de outrem: Neste nós temos dito pela 
doutrina como peculato por estelionato. A doutrina chama o art. 313 caput A e B de 
peculatos cibernéticos. 
 
1° - Obs.: O funcionário público não pode contribuir para o erro de outrem. Se ele 
contribuir pratica outro ato que é o de estelionato. 
 O que é estelionato? É aquele servidor que recebe uma quantia, uma vantagem 
erroneamente pelo particular. Percebe o erro, fica calado e se apropria daquela 
quantia. Desta vantagem indevida. Mas percebe-se que em momento algum o 
servidor fez nada para induzir aquela pessoa ao erro, pois se fizesse responderia 
por estelionato. 
 
Simplificando*: O particular foi ao banco para pagar um imposto que custa 
R$1.500,00 e na hora de pagar entregou um valor de R$2.000,00 sem perceber e 
acabou pagando a mais e o servidor percebeu. Não falou nada e embolsou aquela 
diferença. Desta forma o servidor pratica o ato de peculato por estelionato. 
 
Simplificando**: Se o particular chega no banco e diz para o servidor que não sabe 
ao certo o valor da guia e o mesmo percebe que pode induzir ao erro e diz um valor 
acima para embolsar o restante, mesmo sabendo o verdadeiro valor da guia para 
lucrar com isso, responderá pelo crime de estelionato e não pelo crime de peculato 
por estelionato. 
 
Aqui o crime se consuma não no momento do erro, mas no momento que o servidor 
percebe o erro e se apodera do erro. 
 
*Sum. 147 do STJ e sum. 18 STF: Aquela classifica a competência da união e esta 
classifica esse resíduo administrativo que está configurado um tipo penal. 
 
 
Art. 313 – A – Inserção de dados falsos em sistema de informação: Neste o 
agente tem acesso e faz sem autorização. 
 
Art. 313 – B – Modificação ou alteração de não autorizada de sistema de 
informação: Neste o agente não tem autorização, invade o sistema e altera. 
 
Estes são os estelionatos cibernéticos classificados pela doutrina. E ambos são 
crimes patrimoniais. 
 
No decorrer dessa inserção por modificação, às vezes, pode haver um concurso de 
crimes. Se o servidor encobre o dinheiro para afastar uma inserção ele responde 
pela corrupção passiva ou pelo crime de concussão mais o tipo penal de inserção e 
modificação. Uma acumulação de tipos penais. 
 
Art. 316 – Concussão: Esta é a exigência do servidor público de uma vantagem 
indevida. 
 
Desta forma começamos a definir e entender o que seria essa exigência. Porque se 
eu diferenciar a concussão que ele exige da corrupção passiva que ele solicita é 
diferente. 
A doutrina tenta definir; exigir é condicionar o ato a percepção da vantagem 
indevida (eu só faço se me der o dinheiro, pois se não me der eu não faço. Por 
exemplo). Neste exigir existe uma controvérsia e dois posicionamentos. Será que 
esse exigir abrange a ameaça ou não? Quando eu exijo, funcionário público, a sua 
exigência para obter a vantagem, se tiver violência, eu saio da concussão (art. 316) 
e vou para extorsão (art. 158). O servidor que mediante a exigência praticar a 
violência não estará praticando concussão e sim extorsão. 
 
 
1° posicionamento: Diz que não, pois a exigência da concussão não abrange a 
ameaça. 
 
2° posicionamento: A doutrina mais moderna opta por inserir a ameaça como 
intrínseca a própria exigência. 
 
Este crime é um crime formal que se consuma com a mera exigência. Trata-setambém de um crime instantâneo, pois exigiu, consumou. A obtenção da vantagem 
é mero exaurimento da conduta. A conduta já se consumou, mas produz seus 
efeitos. É um pós facto impunível. A Jurisprudência vem entendendo é que no 
crime de concussão quando o agente mantém a vítima sobre ameaça, o delito 
que é como uma regra instantânea, se torna eventualmente permanente. Mas 
lembre-se tem que manter a exigência. Se pediu e não pediu mais só foi pegar o 
dinheiro é mero exaurimento pós facto impunível. Não quer dizer que o camarada 
não será responsabilizado, só não vou poder prender ele em flagrante delito. 
O art. 316 menciona-se o proveito próprio ou alheio e a doutrina faz uma 
observação; e se for em proveito da própria administração? Será que configuraria 
um delito? A Jurisprudência vem admitindo que no crime de concussão, 
mesmo quando a vantagem indevida é revertida em prol da própria 
administração pública. 
 
§ 1° - excesso de exação: Observe, se neste caso o funcionário for fiscal de renda 
existe uma lei especifica que se aplica a ele; a lei 8.137/90, art.3, II. Então se for 
fiscal de renda não responderá por aquele paragrafo lá, e sim pela forma da lei 
desta. Esta trata de crimes da ordem tributária, que tem lá uma forma especial do 
fiscal de renda. 
 
§ 2°: Aqui é uma especialização do desvio mencionado no art.312 que neste art. 
316, § 2° é relacionado a tributo e imposto. Lá é desvio de qualquer dinheiro, mas 
se for relacionado a qualquer tributo ou imposto, aplica-se este. 
 
Art. 317 – Corrupção passiva: Neste percebemos o legislador usou o verbo 
solicitar. Neste caso não será condicionado o ato a percepção da vantagem. Eu 
solicito, mas não condiciono o ato. Assim como no crime de concussão, este 
também é um crime formal e instantâneo, pois se consuma com a mera solicitação. 
Pode ser também eventualmente permanente, se a pessoa mantiver a sucessão 
(cobrando todo dia). 
 
Possuímos um tipo penal da corrupção ativa que é a figura do corruptor. Estamos 
vendo a figura do corrompido, tanto na concussão quanto na corrupção passiva. 
Mas eu não preciso ter a figura do corruptor para ter a do corrompido e nem 
ao contrário. Então ambos os crimes (concussão e corrupção passiva) não são de 
concurso necessário. Desta forma um tipo não necessariamente pressupõe o outro. 
Pode ser que haja o encontro dos dois? Sim, mas não necessário e sim eventual. 
 
Correção do caso 1 – Em datas ou horários diversos.... Ronaldo Esperto.... 
 
a-R: Sim, Ronaldo Esperto equiparasse a função de funcionário pública na forma do 
art. 327 do cp. 
 
b-R: O crime praticado pelo funcionário foi o de corrupção passiva na sua 
modalidade consumada. 
 
Questão obj. – A 
 
 
Rio de Janeiro, 15/03/2017. 
 
 
Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a 
administração em geral – continuação... 
 
A vantagem não precisa ser necessariamente econômica. Pode ser qualquer outra 
vantagem. Mas como assim uma vantagem não econômica? Pode ser uma 
vantagem honorifica, uma vantagem sexual, uma vantagem administrativa. Pouco 
importa, pois não estamos nos crimes praticados contra o patrimônio. 
 
Art.317 – corrupção passiva (continuação): Não é um crime de encontro 
necessário, ou seja, não é um crime que necessariamente para ter o corrompido 
tem que ter o corruptor. Pode ter ou não. Não é um crime de concurso necessário. 
Aqui para sabermos se vai haver corrupção passiva equivalente a ativa (art. 333 – 
corrupção ativa) precisaremos analisar os verbos existente neste artigo. 
 
• Verbos na corrupção passiva: solicitar ou receber para si ou para outrem, ou 
aceitar promessa. 
• Verbos na corrupção ativa: oferecer ou prometer vantagem indevida a 
funcionário público. 
 
Nem sempre quem solicita o outro vai aceitar. O crime de corrupção passiva é um 
crime formal. A pessoa independente do funcionário público praticar ou não o ato, 
independente de causar prejuízo ou não para a administração pública, o simples 
fato de solicitar já configura delito, encontra-se consumado. Na ação de receber ou 
aceitar a promessa é porque alguém está do outro lado me corrompendo e aí nas 
outras ações nos teremos um encontro bilateral. Percebam que o verbo não existe 
na corrupção ativa. É importante entender isso, pois tanto na concussão quanto na 
corrupção passiva o agente particular que cede a solicitação ou exigência na 
concussão ele não pratica crime. O ato de dar não partiu dele e sim do funcionário 
público. Isso é totalmente diferente do particular que barganha, negocia preço. 
A doutrina critica a incoerência da norma, pois o crime de concussão é muito pior, 
pois o funcionário exigi, ameaça o particular e no crime de corrupção passiva o 
funcionário solicita a vantagem. Entretanto, esta tem a pena mais alta que aquela, o 
que para a doutrina não é correto de acordo com a gravidade do ato. 
 
Art. 337 – B: É uma corrupção passiva especifica para vantagem indevida a 
funcionário público estrangeiro. Esta é mais especial que o art. 317. 
 
Art. 343: Também tem uma especialização da corrupção passiva voltado para as 
testemunhas, peritos e outros específicos. 
 
*Cuidado na hora do caso concreto! Deverá ser observado quem é a pessoa do 
corrompido, pois de acordo com cada caso se enquadrará no artigo especifico. 
 
Existe outro caso específico quando se tratar de crime eleitoral... 
 
Art. 299 – código eleitoral: É uma especialização da corrupção passiva no âmbito 
eleitoral. 
 
Art. 41-C – Estatuto do torcedor: É uma especialização da corrupção passiva no 
âmbito do torcedor. 
 
A doutrina faz uma classificação entre a corrupção passiva própria e imprópria. 
 
Quando o agente solicita a vantagem indevida para praticar um ato ilícito que não 
está dentro das suas funções, ele prática corrupção própria, pois está violando o 
seu dever funcional. 
Quando ele solicita a vantagem indevida para praticar um ato lícito dentro do seu 
dever funcional, que seja correto e tudo de acordo com a lei, quando quer agilizar o 
processo o mais rápido. Neste caso estamos falando da corrupção impropria 
classificada pela doutrina. 
E se o agente praticar mediante essa violação um outro crime? Responderá por 
concurso de crimes. 
 
Na corrupção passiva incide o princípio da insignificância, desde que seja objetos 
de pena monta. Já no crime de peculato não cabe esse princípio. 
O entendimento que prevalece é que os objetos e bens de pequenos valores não 
caracterizam o tipo penal de corrupção. Não caracteriza nesta vantagem 
econômica. 
 
Art. 317, § 1° - aumento da pena: É o que a doutrina classifica de corrupção 
passiva exaurida. 
O crime do caput é um crime formal, independe de o agente praticar ou não o ato, 
independe de ter ou não prejuízo para a administração, esta é a corrupção do 
caput. Já no § 1° o crime se torna material porque eu tenho que ter uma modificação 
no meio exterior que é na corrupção passiva exaurida, onde o agente de fato tem 
que praticar o ato para caracterizar esse aumento da pena. Isso reforça que no 
caput do artigo o ato do agente tem que ser licito ou ilícito. 
 
Existe outra classificação da corrupção que a doutrina chama de corrupção com 
antecedente (o funcionário solicita para depois praticar o ato) ou corrupção 
subsequente (neste o funcionário pratica o ato para depois solicitar). Na corrupção 
passiva pouco importa, ambos são crime. Na corrupção ativa eu vou querer 
convencer o funcionário a pratica do ato, mas se ele já praticou, sem vantagem 
alguma e depois do ato eu ofereço uma vantagem a ele, neste caso eu não pratico 
a corrupção ativa, pois é um ato atípico. 
 
Art. 317, § 2°- condição passiva privilegiada: Este nome é dado pela doutrina. É 
o funcionário que pratica o ato com violação do seu dever funcional ou não para 
atender o pedido de outrem. 
 
Existe uma grande diferença entre o crimedo Art. 317, § 2° e o crime de 
prevaricação. 
 
 
Art. 318 – Facilitação de contrabando e descaminho: O contrabando é quando a 
mercadoria tem a sua entrada no país vedada. Ou as exigências para a sua entrada 
que não são observadas. No caso do descaminho é aquela mercadoria que pode 
entrar, mas não é recolhido o imposto legal, o tributo devido. Aqui tal qual na 
corrupção também ocorre a não incidência da teoria monista. Neste é um exemplo 
clássico que se adota a teoria dualista ou pluralista de agentes onde um responde 
pelo crime e o participe que deveria responder pelo mesmo crime responde pelo 
crime autônomo, que é facilitar o contrabando de descaminho. Só vai responde por 
esse crime o funcionário que tem dentro das suas obrigações o dever de impedir o 
descaminho. Não é qualquer funcionário. Se for qualquer outro funcionário público 
que não tenha nas suas funções a obrigação de impedir este contrabando ele vai 
ser participe ou coautor do próprio contrabando. 
 
Art.29 – Doção da teoria monista: Todo mundo que pratica conduta típica ou 
concorre para ela responde por aquele crime. 
 
O tipo penal do contrabando de descaminho faz menção expressa ao art. 334, isso 
é um equívoco da lei. Este artigo antigamente englobava o contrabando de 
descaminho, entretanto, atualmente esses tipos penais foram separados. Então o 
código tem que possuir o art. 334 e o art. 334-A. Desta forma gerou a controvérsia 
se o tipo penal de facilitar o contrabando de descaminho ainda engloba as duas 
ações, pois é citado o contrabando de descaminho no art. 334. Não cita o art.334-A, 
pois este foi mudado em 2014. Só que o legislador quando mudou o crime de 
contrabando de descaminho deveria ter mudado a facilitação do contrabando de 
descaminho. Entretanto não fez. 
O entendimento que predomina largamente é que pouco importa, pois se aplica a 
ambos. 
O crime de contrabando e descaminho, adentramos em processo penal, é 
competente processar e julgar, como regra, a Justiça Federal. Porque teoricamente 
os impostos que são devidos no contrabando são impostos da entrada do país, 
referidos a importação ou exportação. Só não poder ser devidos a União, porque 
isso como regra são crimes Federais. 
 
Qual o Juízo competente de uma mercadoria que entrou na Argentina, mas foi 
apreendida no RJ? O entendimento que prevaleceu referente a essa observação é 
que competente é o local da apreensão da mercadoria contrabandeada (Sum. 151 
do STJ). 
 
Outra observação a ser feita referente a este artigo; é um crime formal que 
independe de o contrabando de descaminho acontecer ou caracterizar o dano a 
administração pública. A conduta se consuma desde o momento que o agente 
facilitar por ser tratar de um crime formal. 
 
Art. 319 – Prevaricação: O funcionário pratica um ato ou deixa de praticar para 
satisfazer o seu interesse pessoal ou sentimental. Interesse esse que pode ser de 
conteúdo econômico ou não. No Art. 317, § 2° existe um agente externo que o 
motiva e aqui não. Neste aqui o agente pratica o ato por vontade própria, não há 
influência externa. 
 
Art. 319-A: A doutrina classifica o caput do artigo como prevaricação própria e este 
como prevaricação imprópria. 
Observação a esse tipo penal; não é só qualquer funcionário, o funcionário tem 
quer ser os listados no artigo. Uma pequena observação que gera uma grande 
controvérsia é o seguinte; o legislador foi infeliz, devido os componentes listados. O 
funcionário não poderá deixar entrar aparelho telefônico de rádio ou similar que 
permita a comunicação. E se o agente for pego com carregador, bateria ou até 
mesmo chip? O artigo penal não fala... Desta forma existem dois posicionamentos 
dobre isso; 
 
A doutrina fala que eu não posso dar uma interpretação extensiva em normal 
penal incriminadora. Se o legislador foi infeliz, o problema é dele, não é do réu. Se 
menciona em telefone, as peças que o compõe não é isso. Caso o agente seja 
pego com isso a conduta será atípica para o agente penitenciário ou diretor. 
 
Na Jurisprudência, mesmo que minoritário vem ganhando força na Juris e na 
Doutrina, esses critérios são estendidos para essas peças também citada no art. 
319-A. Mas ainda é algo recente que está sendo discutido no âmbito da Juris. 
 
Art. 320 – Com descendência criminosa: Aqui quer se punir na verdade aquele 
superior hierárquico que toma conhecimento da infração do seu subordinado e não 
adota medidas cabíveis para responsabiliza-lo. A condescendência criminosa não 
está vinculada necessariamente a punição do subalterno. 
 
Mesmo um particular pode praticar crimes funcionais, desde que se alie ao 
funcionário público. E dependendo for responderá de acordo com a tipificação 
penal. 
 
 
 
Rio de Janeiro, 22/03/2017. 
 
 
Direito penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração 
em geral – continuação... 
 
 
 
Art. 321- Advocacia Administrativa: Isso é um crime próprio, pois só pode ser 
praticado por funcionário público. Quando se diz patrocinar, dar-se-á uma ideia de 
advogar, defender, neste caso ele defende interesse particular junto a 
administração. Esse interesse não precisa ser ilegítimo. No parágrafo único diz que 
se for ilegítimo terá uma pena diferenciada. O patrocínio do Caput pode ser legitimo 
pode ser o deveria ser o patrocínio do interesse que o particular teria direito, mas 
ele se valendo da qualidade de funcionário público, do prestigio que goza, vai 
influenciar no outro funcionário público. Se eu prometer vantagem indevida ao 
funcionário irei responder pela advocacia administrativa e pela minha corrupção 
ativa. Então é possível o concurso entre o crime de corrupção ativa e o crime de 
advocacia administrativa. 
 
A doutrina e a jurisprudência, em especial a doutrina, alguns defendem que a 
advocacia administrativa quando envolver uma relação parentesca, ou seja, você 
atuar ou defender causa de seus parentes, não incidiria esse tipo penal. Até por 
uma excludente de culpabilidade, inexigibilidade de conduta adversa. Isso ainda 
não é pacifica. 
O que prevalece é que se patrocinar interesse responde por esse tipo penal. 
 
Mas um funcionário público condenado por um crime administrativo poderá sofrer 
as sanções do art. 92 do cp. Poderá levar a perda do cargo do servidor. 
 
Art. 323 – Abandono de função: Só pode ser praticado por funcionário púbico. A 
conduta especifica aqui é abandonar cargo público, fora os cargos permitidos em 
lei. O abandono que trata tal artigo não se confundi com abandono de função ou 
cargo estabelecido pela lei ou pela esfera administrativa. 
Se pegarmos a lei 8.112 que fala dos servidores públicos federais iremos ver que lá 
se estabelece o abandono no prazo de trinta dias para ser caracterizada. O tipo 
penal não estabelece prazo. Não se pode confundir o abandono administrativo com 
o abandono criminal. Para a doutrina seria um tempo relevante, mas vai depender 
do caso concreto. Este tempo seria um tempo que traga uma relevância jurídica. 
Entretanto, não sabemos ao exato, pois o tipo penal não menciona. 
Este abandono visa tutelar e defender a administração pública em seu princípio da 
continuidade dos seus serviços públicos. Isso significa que determinados serviços 
públicos são essenciais e não podem ser interrompidos, como regra. 
No caput, independe de causar prejuízo ou não porque o que se preza aqui é o 
princípio da eficiência da administração pública. 
No parágrafo segundo é mencionado a fronteira por ser considerado um local mais 
sensível para o Estado como um todo. Existe uma controvérsia. O abandono na 
fronteira tem que causar prejuízo ou não? Existem dois posicionamentos: 
 
1° corrente: Alega que sim, porque topograficamente, a qualificadora do parágrafo 
segundo veio posterior ao parágrafo primeiro do prejuízo, presume-se que está a se 
tratar também do prejuízo e não só do caput. 
 
Entretanto,não é a melhor interpretação, pois a sua penalidade é bem superior. 
 
2° corrente que prevalece: Independente de causar prejuízo ou não, porque o tipo 
penal do parágrafo segundo não exige. Se o funcionário abandonar o seu cargo e 
for de fronteira ele irá responder por essa qualificadora. As linhas defensivas tentam 
dar uma função sistêmica a esse tipo penal. 
 
Art. 324 – Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado: Também 
é um tipo de penal próprio, pois só pode ser praticado por funcionário público. A 
suspensão que trata este artigo é referente a suspensão de função no âmbito 
administrativo. Porque se for uma suspensão de decisão judicial ele não estará 
nesse tipo penal e sim no art. 359 do cp. 
 
Art. 325 – Violação de sigilo funcional: Crime do funcionário mexeriqueiro. Mas 
tem que ser em razão do cargo. Se o funcionário mexeriqueiro obtém uma 
informação de um serviço público, mas que não é em decorrência do cargo do 
mesmo, está passando pela rua e ver um outro funcionário conversando, não está 
nesse tipo penal. Claro que aqui deve ser protegida as informações sigilosas, se 
não for sigilosa poderá ser divulgada. Aqui tenta-se tutelar o segredo da 
administração pública. 
Se o funcionário revelar o segredo de um particular, não estará nesse tipo penal e 
sim no art. 154 do cp. 
O art. 325 está no capitulo dos crimes praticados por funcionários públicos contra a 
administração pública. Então aqui o funcionário revela uma informação da 
administração pública. Porque se ele for funcionário público e revelar um segredo 
de um particular ainda que tenha sido em fase da razão do cargo, estará no art. 153 
ou 154. 
 
§ 1°, I e II: Se a pessoa tiver a informação e alterar o sistema, há um concurso de 
crimes. 
§ 2°: A violação do sigilo funcional por si só não pressupõe dano a administração 
pública. Se o sigilo for de fato relacionado a segurança nacional, a lei 7.170, art. 21, 
tem um tipo penal especifico. 
 
 
Direito penal – Dos crimes praticados por particulares contra a administração em 
geral 
 
Art. 328 – Usurpação da função pública: Crime comum, qualquer um pode 
praticar. Vai se consumar com a pratica de um ato da administração pública. Será 
necessário a pratica de um ato da função. 
(Ex: Um rapaz fingiu ser bombeiro durante alguns meses para conquistar uma 
menina, entretanto, aconteceu um fato na residência desta e o rapaz não soube 
como agir. O rapaz se enquadra neste artigo? Não, pois ele não pratica ato de 
ofício e sim finge ser um funcionário público.). Lei de contravenções penais 3.688, 
art. 45, este é um tipo penal especifico. 
A função usurpada que ele praticou não pressupõe vantagem indevida. 
 
P.Ú: Essa vantagem não é necessariamente econômica e não necessariamente 
ilícita. Se o sujeito trabalhou terá direito a receber. Mas como a função que o sujeito 
exerceu é indevida tem uma causa de aumento de pena aí, uma qualificadora. 
 
Art. 329 – Resistência: Já iniciaremos com uma posição majoritária referente a 
diferença entre o crime de resistência e o crime de roubo. 
 
Art. 157 – Roubo: No caput existe o roubo próprio, que pode ser praticado 
mediante uma violência própria, que é exatamente a primeira parte do deste artigo, 
ou a segunda parte a qual contém o roubo próprio com a violência imprópria. A 
violência imprópria reduz a capacidade de resistência da vítima para a subtração. 
 
***Não podemos confundir com o parágrafo primeiro.**** 
 
§ 1°: No roubo impróprio o sujeito já subtraiu. 
 
A questão é, no roubo próprio ele emprega a violência e diminui a resistência para 
subtrair. A violência, seja ela própria ou imprópria, antecederá a subtração. No 
roubo impróprio o sujeito já subtraiu e é empregada a violência posterior para 
garantir a subtração. 
 
E esse é o nosso ponto central para o crime de resistência. Imaginemos; o sujeito 
rouba um telefone e sai correndo, vem um policial para tentar prender o sujeito, 
neste momento o policial é empurrado pelo ladrão para que não perca o aparelho 
que o mesmo acabou de subtrair. 
 
A questão é; o sujeito responderá pelo art. 157, § 1°; ou pelo art.155 em concurso 
com o art. 329? 
 
Alguns vão aplicar primeiro o art. 155 (furto), e o que o camarada fizer após será 
considerado o crime do art. 329 (resistência), desta forma cabe a fiança. Seria um 
concurso de crimes. Entretanto, para outros a aplicação se dará pelo art. 157, § 1° 
(roubo impróprio), neste não cabe a fiança. Este tema é bastante controvertido. 
 
Outra observação a ser feita seria sobre; a resistência ao ato legal pode ser de 
forma passiva? O entendimento que predomina largamente é que a resistência 
passiva não configura crime. 
O sujeito se nega a entrar no carro da polícia quando é detido. Não é típica a 
resistência passiva para esse tipo penal. Pode configurar o crime de desobediência, 
pois é uma ordem legal direta. 
A resistência pressupõe um ato legal, não existindo de ato ilegal. Então se o agente 
praticar um ato ilegal seja por não estar previsto em lei ou por ele não ter 
competência, a ilegalidade pode ocorrer por falta de previsão ou por falta de 
atribuição para o ato. A resistência pressupõe que o particular se opõe ao ato legal, 
se for um ato ilegal do agente público, ele não irá responder por resistência. A 
resistência ela pode ser praticada mediante a violência ou a grave ameaça. Se a 
pessoa não tem a atribuição para fazer, ainda que funcionário público, terceirizada, 
contratada para serviços administrativos, esta pessoa resolve fazer uma revista 
pessoal em um sujeito e o mesmo se opõe, se ele se opor mediante violência ou 
grave ameaça não praticará resistência, porque o ato é ilegal, mas pode responder 
pela lesão ou pela ameaça. Uma conduta não exclui a outra. 
 
§ 1° (qualificadora): quando ocorrer na resistência à não execução do ato, o ato se 
qualifica. 
 
§ 2°: (Uma cumulação de crimes): A resistência pode ser praticada mediante 
violência ou grave ameaça e se a pessoa resistir praticando ou aplicando a 
violência, ela responde pelo crime de violência que ela praticou, lesão corporal em 
concurso com o crime de resistência. 
 
Se discute se é possível o crime de resistência e desobediência, mas existe uma 
controvérsia a ser enfrentada.... 
Na desobediência não existe violência nem grave ameaça. A pessoa simplesmente 
desobedece. Desta forma se torna difícil configuração desse concurso da 
resistência com a desobediência. Porque é ínsito na resistência você não obedecer. 
 
Em tese vem uma doutrina bem minoritária defendendo a possibilidade desse 
concurso desses dois crimes. O que vem prevalecendo é que não poderia existir 
concurso entre esses dois crimes, porque é ínsito na resistência desobedecer. 
 
Resistencia Vs Desobediência / Resistencia Vs Desacato (humilhar um servidor público) 
 
*A quem entenda que pode haver um concurso entre resistência e desobediência, 
mas o que vem prevalecendo é a não possibilidade do concurso porque é ínsito de 
resistir de desobedecer. Desta forma, a resistência absolveria a desobediência. 
Aquela tem a pena maior. O quem vem prevalecendo é a não concorrência. 
*Com relação ao desacato o Samuel ficou de verificar a jurisprudência para passar 
pra turma qual está prevalecendo atualmente, se existe ou não concurso entre 
resistência e desacato. Se o desacato for praticando mediante um dolo com a 
intenção de humilhar, será que a pessoa responderá por resistência, pela posição 
de uma norma, ou pelo desacato? Na opinião do professor Samuel cabe esse 
concurso e existe gente que defende está possibilidade. Se o agente diz que vai 
levar o carro do sujeito e o mesmo diz que não vai levar e dá um tapa na cara do 
agente, neste caso o cara responde por desacato e pela resistência ao mesmo 
tempo. 
Dê qualquer forma o Samuel ficou de confirmar para ver qual prevalece. 
Para quem defende, vai alegarque não caberia, pois quando o desacato fala de 
forma delinear, não dizendo qual meio será o desacato, pois isso poderia ser feito 
através até mesmo de uma violência. Se o seu dolo for só desacatar, não 
responderá por resistência somente por desacato. Mas isso é uma tese mais 
defensiva. 
 
Art. 330 – Desobediência: É um ato legal e tem quer ser funcionário público para 
ter atribuição para o ato. Enquanto o crime de resistência é classificado como 
resistência ativa, esta é chamada pela doutrina de resistência passiva. A 
desobediência pode ser praticada por ação ou por omissão. A ordem legal tem que 
ser expressa, direta e determinada. 
A doutrina afirma que quando é por ação, instantâneo, “não faz” e a pessoa fez já 
se consumou o delito. Quando é por omissão se torna um crime eventualmente 
permanente. 
 
Outra observação e que é feita pelo próprio STF; não cabe desobediência quando o 
agente for funcionário público. 
Ex: O MP tem poder requisitório e requisita ao Dr. Samuel uma diligencia, o mesmo 
pede um pouco de paciência para cumprir com o pedido. 
O MP pode falar que o Samuel desobedeceu uma ordem dele. Porque o crime de 
desobediência ele é dado aos particulares contra a administração pública e não aos 
funcionários públicos. Mas no caso supracitado caberá uma medida administrativa 
ou disciplinares, menos crime de desobediência de funcionário público para outro 
funcionário público. Esse posicionamento do STF não é pacifico. O STF falou que 
defende a possibilidade de o funcionário público praticar o crime de desobediência, 
porque ele diz que nessa hipótese o funcionário público se equipararia ao particular. 
Então é possível funcionário público praticar crime de desobediência? 
Existem dois posicionamentos; 
 
 1° posicionamento Majoritário: Não pode! Porque o crime de desobediência é do 
particular ou da administração e não do funcionário público contra a administração. 
 
2° posicionamento: É possível porque nessa hipótese o funcionário público se 
equipararia ao particular. 
 
Outra observação; não cabe desobediência ao investigado e ao réu que não 
compareça ao juízo ou para ato processual. Porque é ínsito o seu direito ao silêncio 
a não autoincriminação por gerir provas contra si. 
 
Art. 331 – Desacato: Sempre em razão da função. Uma breve observação seria a 
respeito da embriagues, a Jurisprudência vem entendendo que a embriagues retira 
o dolo do agente em ofender o funcionário público e por isso que não responde por 
esse crime. Esta não seria a melhor interpretação por existir vários tipos de 
embriagues. 
Tirando o caso fortuito ou força maior, porque desta forma sim exclui totalmente, a 
embriagues pré-determinada ou voluntária deverá ser avaliada não no momento em 
que o indivíduo pratica a conduta, mas sim avaliar o dolo antes de ser praticado a 
conduta, porque se for avaliar a conduta dele no meio do ato o sujeito será 
inimputável. Por isso que se deve avaliar antes. Então a questão é, o bêbado 
pratica crime de desacato? Existe dois posicionamentos... 
 
Primeiro entendimento: A pessoa alcoolizada só será isenta da conduta se for a 
embriagues proveniente de caso fortuito ou força maior. Desta forma não há o que 
se discutir. 
Agora na voluntaria ou pré-ordenada para quem quer isentar a pessoa de pena, só 
se ela fosse completa e tirasse totalmente a capacidade de discernimento. 
 
Segundo entendimento: Dê acordo com este o sujeito responde, menos no caso 
furtuito ou força maior, pois a embriagues nestes dois modos são exclusos. Mas ele 
responde na completa seja ela voluntaria ou pré-ordenada aplicando a teoria da 
“actio libera in causa”, ação liberta da causa, será avaliado a inimputabilidade dele 
antes dele beber. E aí ele irá responder. 
 
Tendo em vista que predomina a primeira corrente... 
 
 
 
Rio de Janeiro, 29/03/2017. 
 
 
Direito penal – Dos crimes praticados por particulares contra a administração em 
geral – Continuação... 
 
Observação referente ao crime de desacato; se um funcionário público estiver 
executando um ato contra um agente e este começar a ofender o funcionário 
responderá por desacato. Entretanto, se o funcionário precisar da ajuda de um 
terceiro, sendo este particular, e o agente começar a ofender este particular 
também o agente responderá por concurso formal de crimes que será entre o crime 
de desacato em concurso com crime contra honra. 
 
Outra controvérsia que iremos enfrentar é se é possível desacato de funcionário 
para com funcionário; a doutrina em sua maioria afirma que é possível. Então se 
houver no caso concreto uma circunstância que o funcionário se equipara ao 
particular ele pode responder por desacato. Mas se houver uma relação hierárquica 
com a previsão de sanção administrativa, neste caso não tem desacato. 
 
Art. 332 – Tráfico de influência: É um crime formal, pois a mera consumação já 
configura o delito. Obter vantagem ou promessa de vantagem, então a lei não 
defini, não restringe essa vantagem como econômica podendo ser qualquer 
vantagem. Se o funcionário público a qual estamos falando for realmente 
influenciável, precisamos observar a conduta que será utilizada para a 
influenciação, pois se for de forma econômica será de “corrupção passiva” e se for 
uma influência devido a amizade do funcionário com o particular se caracterizará 
como “crime de prevaricação”. Neste caso por qual crime o particular irá 
responder? Existem dois posicionamentos... 
 
Primeiro posicionamento: Não existe a consunção neste artigo não. O sujeito 
responderá pelos dois tipos penais, que no caso seria pelo “tráfico de influência” 
mais por “corrupção” se ele oferecer o dinheiro. 
 
Segundo posicionamento: A quem entenda que o crime final dele que é a 
corrupção deva absorver o crime inicial que é o de tráfico. Entretanto a questão não 
é pacifica. 
 
E esse funcionário público, por qual crime irá responder? Se for influenciado 
pelo dinheiro responderá por corrupção. Agora se foi relacionado a um pedido, ele 
pratica a prevaricação privilegiada que é aquela de aceitar pedido de outrem. 
 
Art. 357 – Exploração de prestigio: O tráfico, muitas das vezes, as pessoas 
confundem ele com essa exploração, mas lá são crimes praticados por particulares 
contra funcionário público. Já a exploração de prestigio, as funções citadas no 
artigo também são funcionários públicos, mas é como se fosse uma especialização 
desse tráfico. Então tal artigo funciona como uma clausula especial, por ser 
especifica, em relação a uma causa geral do funcionário público do tráfico de 
influência. 
 
Art. 333 – Corrupção ativa: O crime é formal, ou seja, basta oferecer para 
caracterizar o delito. 
 
Atenção: O particular que paga a solicitação feita pelo funcionário público na 
corrupção passiva estará cometendo uma conduta atípica, não está praticando 
crime e sim cedendo a chantagem do funcionário. Tal como na corrupção passiva 
como na concussão, pois seja solicitado ou exigido. Já o particular que negocia 
preço, a famosa barganha, já está negociando, oferecendo a contraproposta. A 
conduta se torna atípica se o particular só der o dinheiro. 
 
Outro tópico que devemos nos atentar neste artigo é sobre o flagrante preparado, o 
qual existe até uma sumula 145 do STF. O que seria isso? São circunstancias na 
qual o agente público cria uma situação para instigar o indivíduo a vir praticar o 
delito. Às vezes, pode ocorrer isso no crime de corrupção ativa. Essa hipótese na 
verdade a pessoa não pode responder por ela, pois se torna um crime impossível. 
Se a pessoa fomenta, instiga outra a pratica de um delito, mas se cerca dos meios 
necessários para que ocorra a consumação, isso é um flagrante preparado que 
torna a conduta impossível. 
 
O particular vai oferecer a vantagem ou a promessa para o funcionário público 
praticar, deixar de praticar ou retardar o ato. Agora se o particularoferecer após a 
pratica do ato esta conduta é atípica. Em que pese o funcionário público responder 
por corrupção passiva. Neste caso o particular não responde por nada, mas o 
funcionário responde. 
 
Parágrafo Único: Se o particular oferece e o funcionário deixa de fazer, é este 
parágrafo com causa de aumento. É por isso que a doutrina chama essa corrupção 
ativa exaurida. Porque além dele ter praticado a corrupção ela ainda se exauriu, 
teve uma modificação no mundo exterior, que foi a pratica do ato de dolo com o 
dever funcional. 
 
Art. 334 – Descaminho: É quando a mercadoria ingressa no país, mas não são 
recolhidos os impostos. No todo ou em partes. Alguns lugares são definidos por lei 
como se fosse verdadeiras zonas de fronteira dentro do nosso próprio pais. Um 
exemplo claro disso é a zona fronte de Manaus, pois para efeitos penais ela se 
equipara a uma fronteira, porque lá é um polo industrial. Então sair da zona fronte 
de Manaus sem pagar os impostos para qualquer parte do território brasileiro se 
equipara ao ingresso estrangeiro dessa mercadoria. Então é possível mesmo 
estando dentro do país responder pelo crime deste artigo. 
Lembra que; a pessoa que favorece o descaminho responde independente se 
ocorrer ou não o descaminho. Porque aqui houve a cisão da teoria monista. Agora 
a nossa teoria é dualista. Em que o participe responde pelo crime autônomo 
diferente do crime do executor. Então se o fiscal na barreira fiscal deixa o particular 
passar com a mercadoria e não cobra o imposto, ele responde por facilitação de 
descaminho, contrabando e o particular por descaminho. Agora se o particular 
combina com o funcionário que vai passar com os produtos dentro daquela mala, 
mas na hora o particular desiste, mas o funcionário já criou a facilidade este vai 
responder por descaminho independente do particular ter desistido ou não, pois o 
funcionário já havia facilitado o descaminho. 
 
Observação em relação a este artigo; não há a necessidade de ser constituir o 
credito tributário para praticar o crime. Existem crimes da relação tributária, única e 
exclusivamente da relação tributária, que para a pessoa responder seria pela lei 
8.137. Para a pessoa responder por esse crime o Estado precisa dizer o que ela 
deve. Então só quando o credito tributário está constituído é que o particular 
praticou o crime de sonegação fiscal. É uma exigência da constituição do credito 
tributário. 
Já para os crimes de descaminhos como são crimes contra a justiça pouco importa 
se o credito está constituído ou não. Ou seja, o não pagamento do imposto por si só 
já configura o crime. 
Apesar do tipo penal não exigir o crédito em si, a doutrina e a jurisprudência 
equiparam esse tipo penal aos crimes de sonegação previsto na lei 8.137. Os 
crimes de sonegações fiscais aplicam-se a eles o princípio da insignificância. Por 
que se aplica tal princípio e qual o parâmetro para a aplicação? Os crimes da 
insignificância na relação tributária levam em consideração a lei de execução fiscal. 
Falava-se que até dez mil reais a união não tem interesse em cobrar esse credito, 
porque vai gastar muito mais com a cobrança disso. Não faz sentido ela mover toda 
a máquina do Estado para mover uma peça de execução fiscal com uma cobrança 
de dez mil reais se a despesa dela é de vinte mil reais. Então a lei permite que a 
própria união dispense a cobrança desse valor. Entretanto a lei foi alterada e 
passou esse patamar de dez mil, lei 9.249/95, está cita que a união só irá cobrar os 
créditos a partir de vinte mil. 
Na época só se cobraria o valor de dez mil reais, posicionamento do STJ. 
Posteriormente teve uma lei que alterou esse dispositivo, uma portaria na verdade, 
alterando esse valor de dez mil para vinte mil. Atualmente a união não cobra 
créditos fiscais até vinte mil, pois não há interesse pela união em cobrar tornando-
se insignificante. 
A jurisprudência e a doutrina procuram aplicar esse parâmetro da lei 8.137 e da 
9.249, art. 34, para os crimes de descaminho em uma analogia “in bonam partem”. 
Tal como se uma vez instaurado o procedimento quanto ao crime de relação 
tributária, se a pessoa pagar o crédito até o recebimento da denúncia ocorre a 
extinção da punibilidade nos crimes contra a relação tributária. Isso ainda não é 
uma posição pacifica, mas o STF já se manifestou permitindo isso em relação a 
analogia. 
 
 
Art. 334-A – Contrabando: É a entrada de mercadorias sem as formalidades legais 
ou não autorizadas. Aqui existem duas circunstancias; uma é que a mercadoria não 
pode entrar. Segunda, é a mercadoria poder entrar, mas não observar as normas 
legais. Pode entrar, mas tem que passar por uma fiscalização a qual é burlada. 
 
Quase tudo que vale para o crime de descaminho vale para o crime de 
contrabando... 
 
No contrabando a doutrina e a jurisprudência não admitem a aplicação do princípio 
da insignificância. Logo a mercadoria não pode entrar, então não é por questão 
tributária e sim por questão de defesa do nosso Estado, soberania, de poder evitar 
a entrada de determinadas mercadorias que não são permitidas. O contrabando ele 
cede espaços para as legislações especiais como tráfico de drogas e tráfico de 
armas. 
 
 
 
Direito penal - Dos crimes contra a administração da justiça 
 
Art. 339 – Denúncia caluniosa: É uma especialização da própria calúnia. O que 
caluniar alguém? Caluniar é atribuir fatos tido como crime a alguém. 
A denunciação caluniosa só compreende o dolo direto. Então a pessoa tem que 
saber que a questão é falsa com relação a pessoa. Não admite dolo eventual (o 
fato de não saber ou de não ter certeza). A falsidade aqui pode ser tanto com 
relação ao fato ou com relação ao autor, mas tem que ter a imputação do crime. A 
imputação falsa de forma genérica sem atribuir a pessoa não configura a 
denunciação caluniosa. Pode até configurar a falsa comunicação de crime porque a 
denunciação caluniosa tem que ser com a pessoa determinada. A mera notícia de 
fato sem atribuir a alguém ou a conduta não configura denunciação caluniosa. Aqui 
fala qualquer ato investigatório. Então por parte da polícia, da denunciação 
caluniosa não necessita a instauração de inquérito policial. Porque fala em 
investigação policial, então atos investigatórios se forem iniciados ainda que não 
instaurados o devido procedimento já configura a denunciação caluniosa. 
É possível a tentativa a pesar de difícil a configuração na pratica. Imaginemos que 
uma pessoa faça uma petição dando noticia falsa de um crime imputando pessoa 
falsa e nisso a petição se perde, antes do delegado ou do promotor ter acesso a 
esta. Então vem ser extraviada e uma terceira pessoa acha e não é autoridade e 
comunica o fato. É possível a tentativa, mas é difícil a configuração. Este crime não 
é um crime formal, pois ele depende da modificação no mundo exterior, depende de 
um ato material para configurar. O crime aqui é material. 
 
§ 1°: A construção veda o anonimato. 
 
Neste aqui entra a questão do disque denúncia, pois este visa em não identificar as 
pessoas e a doutrina critica essa denúncia caluniosa pelo fato de poder estar 
prejudicando alguém que realmente seja inocente e não poderá recorrer, se 
defender daquela calunia devido a esse tipo penal. 
 
Art. 340 – Comunicação falsa de crime ou de contravenção: Neste não se 
atribui o crime a ninguém. Não aponto o autor, simplesmente narrarei o fato que 
não existiu. Aqui não é que a denunciação caluniosa possa ser praticada de todas 
as formas. Aqui só se pode ocorrer pela inexistência do fato com uma ação que eu 
não possa atribuir a alguém. Estes dois artigos (art. 339 e art.340) muito se 
aproximam. 
 
Art. 341 – Autoacusação falsa: Se for praticado durante o depoimento de uma 
pessoa identificada como testemunha ela não responde pela autoacusação e sim 
por falso testemunho. Porque o falso testemunho vaiprevalecer em relação a 
autoacusação, pois existe um tipo penal especifico. Não cabe tentativa neste tipo 
penal, mas a doutrina cria um exemplo para poder aplicar uma possível tentativa a 
questão da carta escrita, em que a pessoa se acusa, mas apesar da doutrina falar 
que não cabe tentativa, a mesma afirma que é possível a tentativa se for fracionada 
a conduta. Mas perceba que o tipo penal da falsidade ele exige que seja perante a 
autoridade. Em regra, não cabe tentativa. 
 
Será que o direito ao silencia a não autoincriminação compreenderia isso? 
Existe decisões jurisprudenciais que vem em sentido contrário, porque aqui a 
pessoa estaria abusando do direito, estaria prejudicando a administração da justiça. 
Então o autor tem direito a mentir em relação aos seus fatos. E aí o sujeito 
responderia mesmo no exercício do seu direito ao silêncio, ele responderia por esse 
tipo penal de autoacusação falsa. Muito cuidado porque o direito ao silêncio não 
compreende essa conduta aqui. A questão não é pacifica, mas é o que vem sendo 
decidido. 
 
Observe; os três últimos artigos são muito parecidos, mas não são. No art. 339 eu 
imputo o fato falsamente a alguém, não tenho autoria a quem eu imputo, o fato é 
completamente falso. Não compreende dolo eventual. Já no art. 340 o fato é 
inexistente, falso, mas eu não atribuo a ninguém. E no art. 341 eu me acuso, 
pratiquei o fato quanto na verdade eu não pratiquei. 
 
Art. 342 – Falso testemunho ou falsa pericia: Uma coisa é a pessoa mentir na 
fase do inquérito. O dispositivo é um crime de mão própria, podendo só ser 
praticado por aquela pessoa, não permitindo a co-autoria. 
 
§ 1°: O falso testemunho no processo é uma causa de aumento na fase processual. 
As pessoas que são descompromissadas, praticam falso testemunho? Em 
regra, algumas pessoas (ascendente, descendentes, cônjuges e irmãos) com a 
relação que elas têm com o réu, das partes, a lei as isentam de prestarem 
depoimento. Salvo, se de outra forma não puder se constituído a prova. Mas e se a 
pessoa mentir, pratica o crime de falso testemunho? Existem dois 
posicionamentos... 
 
Primeiro posicionamento minoritário: Diz que não, pois se a pessoa não tem 
compromisso com a verdade é porque ela pode mentir. Então se ela mentiu não 
poderei puni-la por esse crime. 
 
Segundo posicionamento majoritário: Afirma que sim, mesmo as pessoas 
descompromissadas, se mentir responde pelo tipo penal. E em que se pauta esta 
corrente? É porque no art. 342 ele não menciona testemunha compromissada, ele 
só fala em testemunha. Não é um elemento constitutivo do tipo penal o 
compromisso legal. Desta forma pouco importa se ela é descompromissada ou não. 
Se mentir responderá por esse tipo penal. Este é o entendimento que prevalece. 
 
E a participação, é possível? Existem duas correntes.... 
 
O entendimento que predomina é que sim, é possível a participação em crime de 
falso testemunho. Por exemplo; o advogado que orienta o cliente a mentir. Pois 
bem, se o advogado instruir a testemunha responderá pelo tipo penal. 
 
Já o entendimento minoritário é que não cabe a participação. O crime de mão 
própria só pode ser praticado pela própria pessoa. 
 
A falsidade é objetiva ou subjetiva? Imaginemos o seguinte, sou chamado como 
prestador de testemunha, estou prestando depoimento, eu acho que foi Joãozinho, 
estava escuro, mas acho que era ele. Passado mais tempo se investiga e 
descobrem que na verdade foi Pedrinho e não Joãozinho. Que se parecem muito, 
mas eu me confundi. Na verdade, eu menti, pratiquei uma falsidade objetiva. O que 
é o falso? Não corresponder com a verdade. Responderá por crime de falso 
testemunho? Não, eu não pratico porque o crime de falso testemunho é doloso. 
Depende do dolo e tem que ter a intenção de prejudicar. 
Neste exemplo supracitado o agente não teve a intenção subjetiva de praticar, o 
dolo. Ocorreu devido a um equívoco ou engano, mas não por dolo. 
 
A falsidade deste dispositivo é subjetiva. A conduta é dolosa. O sujeito tem que 
saber que está fazendo o falso. 
 
§ 2°: Com base nesse paragrafo já se gera uma controvérsia. Se é possível a 
prisão em flagrante do crime de falso testemunho? O primeiro fato que 
devemos separar é se o falso testemunho ocorreu na fase do inquérito ou na fase 
processual. Esta controvérsia recai muito mais na fase processual. 
 
A doutrina e a jurisprudência afirmam que não é possível a prisão em flagrante do 
falso testemunho na fase do processo com base no § 2°, porque até o final do 
processo a pessoa pode se retratar. Pois é de acordo com o tal parágrafo que a 
jurisprudência se vale para poder aplicar a interpretação de que não é possível a 
prisão em flagrante nesse se o falso testemunho ocorrer no processo. 
 
Por que entendemos que se faz na fase do processo e não na fase de 
investigatória? Porque a que se fala na retratação do processo e a quem entenda 
que não cabe na fase do inquérito. Mas o artigo fala no parágrafo segundo o fato de 
ser punível antes da sentença do processo em que ocorreu o ilícito que se retrata. 
Aqui incidi uma questão interpretativa. A pessoa até ser finalizado o processo se ela 
mentiu, ela pode se retratar que não será punida. Agora quando o § 2° ele citar até 
o final do processo... 
Será que compreende só a fase processual ou também compreende a fase pré 
processual? Se você entender que o § 2° se aplica a toda essa extensão eu não 
poderia prender a pessoa em flagrante. O Samuel compreende que essa questão 
do § 2° só vai se ocorrer no processo. Porque a ideia é não atrapalhar a 
administração da justiça. 
 
O entendimento minoritário fala que o § 2° não se aplica a fase pré-processual e 
por isso caberia a prisão de flagrante. O § 2° se reservou o que é mais importante 
que é o processo. 
 
Mas dependendo da interpretação que nós dermos ao § 2° não caberá prisão em 
flagrante nem na fase inquérito pré-processual. Porque se até o final do processo o 
indivíduo se retratou o camarada não será punido. 
 
Outa questão também seria o falso testemunho praticado no tribunal do júri. Este 
tribunal julga os crimes dolosos contra a vida. É composto por um juiz magistrado 
de carreira, mas quem é que vai julgar mesmo são os jurados que são pessoas do 
povo. Os sete jurados formam o conselho de sentença. Desta forma com a tese da 
defesa ou da acusação o juiz presidente vai perguntar para os jurados. Pois bem, 
se ocorrer um falso testemunho durante o tribunal do júri a acusação a defesa 
podem pedir para o juiz presidente quesitar isso aos jurados e quem vai decidir se 
ocorreu ou não o falso testemunho são os jurados e não o juiz presidente. 
Uma questão relevante neste dispositivo é que precisa ser de fato relevante. Então 
se a mentira for sobre circunstancias que não afeta a avaliação do caso concreto 
não a tipificação por mais que ela tenha mentido. 
 
Art. 343: Anteriormente citamos a influência de um advogando incentivando o seu 
cliente, mas existem outras pessoas que também podem corromper a testemunha. 
Se eu oferecer um dinheiro para a testemunha mentir eu não estou participando do 
falso testemunho dela. O art. 343 tem um tipo penal autônomo para isso. Então, por 
exemplo, se eu sou um parente do autor e eu conheço a testemunha da ação e vou 
lá e ofereço dinheiro para ela, estarei enquadrado no art. 343 e não no art. 342. 
Pois eu não estou participando do tipo penal dela. O falso testemunho aqui também 
não vai ser caracterizado quando se confrontar com o direito de autoincriminação. 
Por exemplo, se eu sou qualificado como testemunha, mas se eu responder aquela 
pergunta eu vou me auto incriminar, eu não pratico o crime de falso testemunho. 
Então não se classifica como falso testemunho a pessoa considerada testemunha 
que diante de uma pergunta concreta iria se auto criminar. 
 
Art. 345 – Exercício arbitrário das próprias razões: Refere-se a fazerjustiça com 
as próprias mãos, embora legitima, salvo quando a lei o permite. E quando a lei 
permite que fazermos justiça com as próprias mãos? Na legitima defesa e o 
esforço imediato para a defesa da posse, isso não configura o tipo penal. Aqui a 
predominação tem que ser legitima. Neste dispositivo se compreende a grave 
ameaça e a violência para o tipo penal. Um ótimo exemplo seria o da namorada 
que comprou uma moto e deixou na posse do namorado. O rapaz sumiu com o 
veículo. Após alguns dias o irmão e o pai da menina foram atrás do rapaz e 
esperaram ele parar para capturar o veículo. Empurraram o rapaz e bateram nele 
(roubo e lesão corporal), entretanto não se configura nestes artigos, pois se 
enquadra neste devido a situação. 
Se a pessoa achar que o ato é legitimo e não for a pessoa estará em erro de tipo. É 
o cara que achou que tinha o direito, mas na verdade não tinha. 
O satisfazer aqui também e a doutrina aceita isso, fazer justiça com as próprias 
mãos, tem que ser uma justiça alegada pelo direito. Não pode, por exemplo, o 
marido estuprar a esposa sobe a alegação de que ela tem o dever conjugal de ter 
relação com ele. Neste caso o sujeito pratica o crime de estupro. Não está dentre 
os direitos deste dispositivo. 
Neste artigo diferente dos outros tipos penais, ele faz a conjunção da violência. 
Aqui é um crime necessário se houver violência. O tipo penal faz a ressalva. Por 
exemplo, o pai e o irmão do exemplo responderam por violência. 
Uma coisa que a doutrina e a jurisprudência não admitem, ainda que a pretensão 
seja de legitima, que extrapola essa atmosfera do razoável, seria o cárcere privado 
e o sequestro. 
 
 
Rio de Janeiro, 05/04/2017. 
 
 
Direito penal - Dos crimes contra a administração da justiça – Continuação... 
 
Art. 347 – Fraude processual: É um crime material, pois depende da modificação. 
Primeira observação; em relação a fraude processual para causar erro no processo 
civil administrativo, este já tem que ter sido instaurado. Se não tiver sido instaurado 
o processo crime a minha conduta é atípica. A letra da lei é observada na 
pendência, ou seja, ela tem que ter sido instaurado. 
Segunda observação; a lei fala em processo administrativo. Então eu não posso 
fazer analogia a “malam partem” para incluir as sindicâncias que precedem o 
processo administrativo disciplinar. Na fraude processual tem que ter sido 
instaurado o processo civil ou administrativo, é processo administrativo mesmo, não 
serve sindicância, esta é um ato anterior ao PAD. 
Terceira observação; se correr a fraude processual no meio de uso de documento 
falso ou falsificação documental, e esta tiver a finalidade de fraudar o processo. 
Será necessário saber se a pessoa responde pelos dois crimes em concurso 
ou se ela responde apenas por um crime? Aqui a doutrina diverge... 
• A quem afirme que nesse caso há o concurso. O indivíduo responde pelo 
falso que ele praticou mais a fraude processual. Já pode-se notar que esse 
não é o entendimento que prevalece. 
• O que predomina é que o sujeito responde somente pelo crime de falsidade. 
Pois nesse caso a fraude processual fica absolvida pelo crime de falsidade. 
Então se ele praticar uma falsidade documental com a finalidade de fraudar 
um processo para induzir o juiz a erro. O camarada responderia apenas pelo 
crime de falsidade que praticou. Não há concurso de crimes nesse caso 
porque se aplica o princípio da consunção. 
 
Se a falsidade ocorrer no transito para ludibriar as autoridades no transito e por 
um artifício um acidente de transito com vítima. O CTB é a norma especial e tem 
lá uma previsão, art. 312. 
 
P. Único: Mas se essa fraude for para processo penal a pena dobra. Aqui 
diferente do que ocorre no caput a fraude processual vai ocorrer seja no 
processo iniciado ou não. Então caberia a fraude processual mesmo na fase pré-
processual. Este parágrafo é autônomo em relação ao caput. 
Este é um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 
O direito a autoincriminação para com o réu não se auto incriminar poderia 
mudar o local das coisas? 
 
Fraude Processual (predominante) A não autoincriminação (minoritária) 
A corrente que predomina na 
Jurisprudência é que o réu 
responde por fraude processual. 
O direito de autoincriminação ele 
pode ser exercido, mas não pode 
ser abusado. Quando o réu inova 
mesmo ele ali na cena do crime, 
ele está prejudicando a própria 
justiça. O direito do réu não é tão 
extenso assim. Não pode 
compreender e comprometer a 
justiça, porque o motivo da fraude 
processual é atrapalhar a justiça. 
A tutela que está sendo protegida 
aqui é a administração da justiça. 
A questão não é pacificar, apesar de 
bem definida pelo STF. Ora, o direito 
a não autoincriminação para o 
primeiro entendimento, ele abrange 
toda e qualquer ação por parte do 
réu para não se auto incriminar, 
inclusive modificando, inovando a 
cena do crime. Isso é um 
entendimento defensivo. O primeiro 
entendimento que é minoritário 
prevalece a não autoincriminação. 
Ocorre uma tipicidade de 
conglobante, pois a conduta é 
criminosa formalmente e 
materialmente, mas se outro ramo 
do direito permiti aquela conduta não 
se pode dizer que está conduta é 
criminosa (Luta de MMA). 
 
 
A pessoa que oculta um cadáver não irá responder por fraude processual, pois 
seria “bis in idem”. Responderá só por ocultação de cadáver. 
 
Se o indivíduo altera, modifica o sinal identificador de arma, ainda que com a 
finalidade de induzir o juiz a erro, responderá apenas pelo artigo da lei 10.826, 
contra o desarmamento e não pela fraude processual. 
 
Art. 348 – Favorecimento pessoal: A lei fala em crime e não contravenção 
penal. Então se eu auxilio alguém a fugir e essa pessoa praticou uma 
contravenção, a minha conduta é atípica. O meu auxilio tem que ser posterior ao 
fato delituoso antecedente. Porque eu tenho que estar fora da relação causal do 
crime. Se não eu serei coautor ou participe. 
 
Se o indivíduo do crime anterior for absolvido ainda persiste o meu crime 
de favorecimento pessoal? É largamente predominante que não! Se a pessoa 
for absolvida é porque ela não era criminosa, então eu nunca prestei auxilio a um 
criminoso. O posicionamento majoritário é que se a pessoa for absolvida a minha 
conduta é atípica. 
 
A quem defenda que a pessoa responderia mesmo com a absolvição do crime 
anterior. Porque o dolo dele já foi exercido no sentido de atrapalhar a busca do 
autor do crime que até então é alto. Mas esse entendimento é minoritário. 
 
O auxilio prestado ao fugitivo se compreender a “res furtiva” a pessoa pode 
responder por concurso de favorecimento pessoal e favorecimento real. Pode 
existir o concurso entre o favorecimento pessoal (que é ajudar o criminoso) e o 
favorecimento real (que é ajudar a esconder os proventos do crime). 
 
§ 1°: É considerado pela doutrina de favorecimento privilegiado, pois tem uma 
pena menor. Por que se a pessoa tiver praticado um crime de reclusão ela está 
no caput. Se a pessoa que eu ajudei a fugir pegar detenção se enquadra no § 
1°. 
 
§ 2°: Isso é uma causa de inexigibilidade da conduta adversa legal. Não posso 
exigir que uma mãe entregue o filho. Não posso puni-lo por isso. 
 
Art. 349 – Favorecimento Real: A lei menciona em proventos do crime, não diz 
em instrumentos do crime. Se eu guardar o instrumento do crime para que a 
polícia não saiba que aquela pessoa praticou o crime. Não estarei em 
favorecimento real e sim no pessoal. Esse auxilio para esconder o provendo do 
crime não pode conter obtenção de vantagem nenhuma. O ajuste tem que ser 
prévio se não irá se enquadrar na coautoria ou participação. 
O provento do crime pode ser direto (assalto a banco, roubo de joalheria, eu 
guardo os proventos) ou indireto (assaltou um banco e depois comprou um 
carro, eu escondi esse carro).Não se pode confundir o crime de favorecimento real com lavagem de dinheiro, 
porque esta tem uma tipificação própria. 
 
Art. 357 – Exploração de prestigio: Trata-se de um dolo especial, ou seja, dolo 
especifico, solicitar é pedir e aceitar é receber para influir nas autoridades 
descritas. Entenda-se, esta utilidade na observação do artigo é uma utilidade 
econômica. Neste caso não caberia aqui como exemplo; uma vantagem sexual 
ou moral. Não é o juiz pedindo o intermédio a pessoa, é a pessoa dizendo que 
irá influenciar no juiz. O juiz, promotor, perito, funcionário público não sabe que 
este particular está explorando o prestígio que eles gozam (Ex: Deixa que eu 
conheço o promotor. Entrega-me o dinheiro que eu vou lá e resolvo). Agora se é 
um desses cargos mencionado que solicita, usa de interposta a pessoa em 
comum, neste caso não se configura exploração de prestigio e sim corrupção, na 
verdade o particular responde por concurso de crimes, pois foi o elo entre essas 
duas pessoas. Entenda, neste artigo o funcionário não sabe que está sendo 
explorado por ter um prestigio. É um crime formal. Se não pediu já explorou o 
prestigio, se pediu já consumou o delito (independente se faça, pois pediu com 
essa finalidade). Agora se o articular estiver mentido, não conhece funcionário 
algum, neste caso responderá por estelionato. 
 
P. Ú: O explorador de prestigio quando faz a solicitação de dinheiro é para ele e 
não para o juiz, se ele alegar que o valor solicitado é para o juiz responderá pelo 
crime com aumento da pena. 
 
Art. 359 – Desobediência à ordem judicial: Não compreende as decisões 
administrativas. Aqui a decisão é judicial. Se a pessoa desobedece a decisão 
administrativa para exercer um cargo, ela pode ser incursa no art. 330. 
 
Medida protetiva de urgência descumprida: A lei 11.340 é a lei maria da penha. 
Esta lei não traz crimes, traz institutos processuais para proteger a mulher. Mas 
quais são esses institutos processuais? São as medidas protetivas de 
urgência. São mediadas processuais que o juiz pode decretar retirando os 
direitos e suspendendo os direitos do autor. É uma ordem judicial com 
suspensão de direitos. (Direitos de visitação, de contato, por exemplo.) 
 
Será que o descumprimento de medida de urgência a pessoa vai responder 
por esse crime do art.359? 
O entendimento majoritário hoje é que a pessoa não responde por este 
dispositivo. E por que não responde? Porque só será utilizado o crime de 
desobediência quando for para cumprir uma ordem. Então se o instituto já tiver 
mecanismo para força a pessoa a cumprir, não será necessário o direito penal. E 
a lei maria da penha já traz essas possibilidades, o autor que descumpri as 
medidas protetivas a lei tem como mecanismo forçar, por exemplo a prisão. 
Cabe a prisão cautelar, prisão preventiva para o autor que descumpri a medida 
protetiva de urgência. 
 
Com relação a exercer a função que o legislador quer dar o sentido, porque a 
palavra exercer pressupõe a habitualidade, mas não é essa a interpretação 
doutrinaria jurisprudencial. O que a lei quer dizer é que a pratica de um único ato 
suspenso ou retirado já configura o crime. 
 
 
Lei 8.072/90 – Crimes Hediondos – lei especial – Tentados ou Consumados 
 
Esse comando criativo desses crimes hediondos, parte da própria constituição. 
O pilar de sustentação inicial dos crimes taxados como hediondos equiparados, 
pois são equiparados, encontra-se no art. 5, inc. 43 da CF/88. A lei estabeleceu 
os crimes hediondos e os equiparados que são; Tráfico de drogas (11.343/06), 
tortura (9.455/97) e terrorismo (13.260/16). Irão receber a mesma disciplina que 
tange a lei 8.072. Em que tese, o que conflitar com as suas particularidades 
prevalece as particularidades da lei. 
No que tange a classificação de hediondos existem três sistemas para 
estabelecer o que é hediondo; sistema judicial (quem vai dizer se o crime é 
hediondo ou não é o juiz no caso concreto), sistema legal (quem vai dizer se é 
hediondo ou não é a lei. É o que nós adotamos) e sistema misto (A lei 
estabelece um rol exemplificativo e o juiz pode completar estabelecendo outros 
crimes não hediondos). Mesmo no sistema legal a lei de crimes hediondos ela 
não inovou os crimes, não criou crime novo taxado de hediondo. Simplesmente 
utilizou de uma forma que o Humberto Silva Franco fala do sistema do 
etiquetamento. E o que seria isso? No sistema legal ele escolheu alguns 
crimes do código penal e os rotulou como hediondos. 
Os crimes hediondos são prescritíveis. 
 
Art. 5, XLIII da CF/88: São insuscetíveis de graça e anistia. A graça é uma 
clemencia, um perdão que o presidente concede por meio de decreto aquela 
pessoa e tem caráter pessoal. Está relacionado a punição. Não afeta o fato, 
afeta a punição. O indulto nada mais é do que a graça só que no âmbito coletivo. 
A anistia é concedida pelo congresso por meio de lei e é a impunidade do fato. A 
constituição só vedou a graça e a anistia não falou do indulto. 
 
Será que o indulto também é vedado? 
É obvio que para o entendimento majoritário também é. A graça está ali 
estabelecida a tipo de exemplo. Então compreende o outro gênero que é o 
indulto. O entendimento majoritário é que não cabe indulto para crime hediondo. 
 
Existe uma tortura por omissão a qual não é hedionda. Segundo a explicação do 
Samuel é uma tortura que foi criada para o delegado. Na qual ele sabe que o 
preso está sendo torturado, mas se omiti. Falam que a construção da lei foi 
criada neste sentido para poder abrangi a conduta do delegado que é omisso. 
Responderá por crime de tortura, mas não como hedionda. 
 
Encontra-se descrito em seu dispositivo que os crimes hediondos e equiparados 
são insuscetíveis e inafiançáveis. A liberdade provisória pode ser com fiança ou 
sem fiança. O que a constituição vedo foi a liberdade provisória com fiança e 
desta forma gera a seguinte dúvida; cabe liberdade provisória sem fiança 
para crimes hediondos e equiparados? Havia uma controvérsia aqui.... 
 
Uma primeira corrente afirmava que a constituição vedou a fiança ela 
indiretamente também vedou a sem fiança. Para esta corrente não cabia 
nenhuma liberdade provisória para crimes hediondos e equiparados. Não é a 
que predomina... 
 
A segunda corrente diz que só não vai caber a liberdade com fiança, mas a sem 
fiança cabe. É porque para o legislador o capital estaria acima dos bens 
protegidos e tutelados pelos criminosos. Porque pagar para sair causa uma 
revolta. O entendimento que predomina é que cabe liberdade provisória sem 
fiança... 
Além da liberdade provisória, o juiz pode aplicar ao réu outras medidas 
cautelares que estão descritas no art. 319 do CPP. Além da prisão cautelar 
existem outras medidas que são cautelares diversas das prisões. Tal como a 
maria da penha que estabelece medidas protetivas, agora o art. 319 do CPP foi 
alterado e permite isso também. 
 
Lei 8.072/90 
 
Inc. I – Homicídio (art.121 do CP): Homicídio simples não é hediondo, salvo se 
for praticado em ação típica de grupo de extermínio (o código penal cita a milícia, 
entretanto não é mencionado no crime de hediondo. Não será na letra fria da lei, 
mas é impossível não caber aqui.) 
A doutrina fala que trabalhar o homicídio simples praticado em um grupo de 
extermínio é ser redundante. Porque todo homicídio praticado por grupo de 
extermínio vai ter uma outra qualificadora. Pelo menos um motivo fútil ou torpe... 
Mas em que pese a doutrina vem a criticar a desnecessidade do que está na lei, 
precisamos entender que no concurso afirma-se isso. Um homicídio simples não 
é hediondo, mas se for simples e é praticado em grupo de extermínio passa a 
ser hediondo. 
A lei já foi alterada e estabeleceu outros homicídios qualificados como hediondos 
e são eles; Art. 121, § 2°, I – Paga ou promessa; II – motivo fútil; III – emprego 
de veneno, fogo, explosivo,

Outros materiais