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Rio de Janeiro, 22/02/2017. Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral Conceito de funcionário público, art. 327 do cp. No que tange o conceito de funcionário público no código penal adota-se uma teoria ampliativa. Algumas classificações... Crimes funcionais próprios: É aquele que exige uma capacidade especial do agente, uma capacidade especial do autor do crime. São aqueles que se retirarmos a condição de funcionário público da conduta a ação passa a ser um irrelevante penal, tornando-se atípica. Simplificando – crime de prevaricação: é o funcionário público praticar ou deixar de praticar um ato seu funcional para satisfazer um interesse próprio. Este crime de prevaricação é um crime específico de funcionário público. Não é qualquer pessoa que pode praticar, somente o próprio funcionário. Crimes funcionais impróprios: Mesmo retirando a qualidade de funcionário público ainda sim persiste uma conduta penal, uma conduta com relevância penal. Não o crime funcional, mas um outro crime. Simplificando – crime de peculato: É aquele crime cometido pelo funcionário público que furta um bem da administração. O camarada entra em um setor da adm. Pública e as outras pessoas acham que ele é funcionário. O sujeito entra e furta um apagador e sai. Quando o responsável do setor percebeu foi atrás e procurou saber do rapaz. Descobriu-se que o sujeito não é funcionário público. O rapaz não praticou mais um crime funcional da função e sim crime de furto. Então retirando-se a capacidade de funcionário dele ainda persisti um tipo penal. Diferente de; Crimes comuns: pode ser praticada por qualquer pessoa. Por exemplo; o homicídio, qualquer um pode matar uma pessoa. Crimes próprios: exige uma capacidade especifica da pessoa. Pode ser funcional ou não. Pode ser uma condição de funcionário ou não. Por exemplo; o infanticídio é um crime próprio da mãe. Norma penal incriminadora: definem as infrações penais proibindo a prática de condutas (crimes comissivos) ou impondo a prática de condutas (crimes omissivos), sob a ameaça expressa e específica de uma pena. As normas incriminadoras compõem-se de dois preceitos: um preceito primário e um preceito secundário. O preceito primário descreve com objetividade, clareza e precisão, a infração penal. Já o preceito secundário representa a cominação abstrata e individualizada da respectiva sanção penal. Norma penal não incriminadora: Algumas dessas normas são permissivas, por exemplo; excludente de ilicitude: permite que a pessoa mate em circunstâncias de legitima defesa. Algumas dessas normas também são explicativas, onde existe somente para explicar o conceito e não para permitir nada, por exemplo, o art. 327 que só vem para explicar o conceito de funcionário público e não para aplicar nada. Explicação de Cargo, emprego e função *Cargo: É uma locação de uma pessoa na administração que venha previsto em lei, que tenha atribuições próprias e com remuneração própria. Todo cargo tem sua função. Pressupõe uma função e o vínculo com o Estado, e este vinculo é chamado de estatutário. Depois de três anos o funcionário cria uma estabilidade e para ser exonerado precisará cometer algo muito grave. *Emprego público: É a pessoa que está vinculada e prestando serviços para o Estado, mas é regido pelo sistema da CLT. O Estado também contrata pelo regime celetista. O celetista está submetido as leis trabalhistas e com isso pode ser mandado embora com muito mais facilidade. O vínculo dele não é igual à do estatutário, mas também possui uma função pública. *Função: Aqui pode ser que se tenha uma pessoa sem cargo e sem emprego. Um bom exemplo seria o mesário em épocas de eleições. E essa pessoa em exercício de uma função pública se praticar crime será equiparado ao funcionário público. Explicativa do parágrafo primeiro: O Estado exerce a sua função de forma direta; contratando e executando. Por exemplo; saúde, educação, segurança... O estado ele presta diretamente a função de prestação de serviços. Às vezes, o Estado presta aquela função, mas de forma indireta. Quando isso acontece o Estado se vale de outras pessoas jurídicas para exerce-las. Desta forma surgem as autarquias com as fundações públicas. Por exemplo; o DETRAN é uma autarquia. O Estado em alguns serviços se distancia um pouco, não se afasta totalmente, mas se distancia. Existe casos em que o Estado não participa de forma direta, mas ele fomenta, incentiva, às vezes até financia, são os casos das paraestatais chamadas de terceiro setor. Por exemplo; as ONG’s que prestam serviços sócias. Desta forma se alguma pessoa dessa ONG subtrai um objeto, rouba, desvia ou se apropria ela também é equiparada a funcionário público para efeitos penais. Rio de Janeiro, 08/03/2017 Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral – continuação... Art.312 – Peculato (crime próprio): Pressuposto é ter a posse. Neste caso é ter a posso de algo desvigiada (desvio do bem). O valor que se refere o tipo penal é qualquer papel que possa ter uma conotação econômica (títulos de credito, cheques, promissórias), qualquer valor econômico ainda que não seja dinheiro, mas que possa ser convertido em tal. Este tipo penal não tutela o patrimônio da administração pública. A tutela é da moralidade pública. Para que as pessoas as quais exerçam a função pública guardem os bens de forma correta. Seja da administração ou de terceiros confiados em decorrência da sua função. Qualquer bem pode servi para esse fim. Aqui também cabe os bens particulares que estejam sobre um ato de constrição da administração pública. Alguns bens públicos possuem algumas destinações especificas. Se ele der destinação (desviar) diversa da qual está prevista na norma irá incidir nesse tipo penal. § 1° - Peculato de furto (crime impróprio): O agente não detém a posse nem direta nem indireta do bem. O que ele terá é uma facilidade de acesso ao bem devido a sua função de funcionário público. Exemplo*: O sujeito é funcionário público e para furta um determinado bem em uma repartição pública ele a invade, quebra o vidro e entra. Subtrai o bem e foge. O que ele fez qualquer um faria, neste caso ele não responderá por peculato furto e sim por crime de furto mesmo. Não é pelo fato do sujeito ser funcionário público que responderá por peculato furto não. No peculato furto a sua condição deve criar uma facilidade para tal ato. Exemplo**: O funcionário Pedro trabalha no primeiro andar de uma repartição pública e tem acesso e autonomia até o terceiro andar. Pedro resolve ir até o terceiro andar e de lá subtrai um bem. Um grampeador que estava esquecido em uma das salas que na atualidade encontra-se vazia e leva para casa. Isso se caracteriza como peculato furto. Não é da sessão dele e muito menos do setor o qual trabalha. Não está sob a responsabilidade dele. Mas conseguiu chegar até o terceiro andar em decorrência a sua função pública. Entretanto, se o grampeador lhe foi confiado e é da sua sessão, neste caso Pedro irá se apropriar dele. Neste caso é peculato de apropriação. Existe duas correntes referente a posse, se atinge a detenção ou não e estes conceitos foram transportadas do direito civil. 1° corrente: Afirma que não incluía nesse conceito de posse a mera detenção. 2° corrente predominante: A posse que está estabelecida no art. 312 também abrange a mera detenção. Então para o nosso entendimento a mera detenção do bem seja pública ou particular sob a responsabilidade do servidor, se ele apropriar-se do bem estará em curso do caput de apropriação indébita e não no curso do § 1°. Esse tipo penal tutela a moralidade pública e não o patrimônio.O objeto aqui deste tipo penal é proteger, tutelar e salvaguardar a moralidade pública. A eficiência, a legalidade da administração pública. Ou seja, que a administração pública exerça a sua função de forma regular. *Simplificando: Um servidor em seu próprio pega uma folha, somente uma folha, e leva pra casa para fins próprios. Levou para fazer anotações. Esse servidor responderá por peculato por se apropriar por essa única folha? Sim, responderá por peculato, pois aqui está sendo tutelado a moralidade pública e não o patrimônio. Desta forma também não se enquadra o “princípio da insignificância (cabe está medida quando o bem tutelado não é lesionado)”, pois não se trata de patrimônio. ***Não se aplica o “princípio da insignificância” no crime de peculato. Posto que o tipo penal tutela a moralidade pública e não o patrimônio. **** **Simplificação: O militar Severo pega uma das viaturas para dar uma volta, apenas usa-la para ostentar. Quando retorna com o veículo ainda para pra abastecer o que gastou. Neste caso esse militar responderá por algum peculato? Não, pois não causou nenhum prejuízo ao bem e não tirou nem um proveito econômico. O entendimento que predomina é que o desvio ou uso do bem se não causar prejuízo é uma conduta atípica. ***O “peculato de uso” sem nenhuma intenção de proveito próprio ou alheio não configura crime, pois é um irrelevante penal. Pode configurar um ilícito administrativo, uma falta funcional, mas não um crime. *** Excepcionando a regra existe somente um caso em que “o peculato de uso” só é tipificado quando o agente for prefeito (decreto lei 200/67). Se o prefeito usar o bem responderá por peculato de uso. Ressaltaremos também que o uso do bem na relação militar, uma legislação especifica, configura uma infração militar e também pode configurar crime militar. O peculato tem que ser em proveito próprio ou alheio. Não existe peculato quando o proveito é da própria administração pública. O bem jurídico tutelado é a moralidade pública. O sujeito ativo é o servidor público. O sujeito passivo é o ente da administração que teve o seu patrimônio fruído. Porque dependendo da competência prevalecia a competência da união. Esse é um crime que em regra tem a sua consumação instantânea, ou seja, se consuma no momento em que a pessoa se apropria, se comporta como se dona fosse do bem, já está consumado a apropriação. Tal como o desvio. É para ser dado um determinado fim e o funcionário público dá outro, tá configurado. Praticado de forma livre. Não existe uma forma especifica de se praticar. É um crime uni subjetivo, pois pode ser praticado por um único agente, podendo ser praticado até por mais, mas não existe uma regra exigindo pluralidade de agentes. Pode ser passivo de tentativa porque a sua conduta pode ser fracionada. A unissubsistente dele ou a plurissubsistente pode estar na forma de tentar ou não. Quando eu consigo fracionar a conduta em atos isolados e no decorrer desses atos a consumação não ocorre por sustentação da minha vontade, ocorre a tentativa. Desta forma os crimes de apropriação, peculato, desvio ou furto são passiveis de tentativa. A doutrina faz a seguinte classificação; chama-se de peculato próprio o apropriação e desvio e chama de peculato impróprio o peculato furto. Desta forma não se deve confundir ambos. A diferença entre eles é a facilidade que o servidor tem para ter acesso ao bem. § 2° - Peculato culposo: Neste a punição é pela desídia do servidor que causa um prejuízo ao bem público. Ele puni a designa do servidor que não toma as cautelas devidas para zelar pelo bem e nessa falta de cautela ele contribui culposamente e outrem subtrai o bem. Simplificando: O sujeito saiu da sessão e deixou a porta aberta. Alguém entrou e subtraiu o bem. Aquele servidor era pra ter trancado a porta e não trancou. Se deixou a porta aberta vai responder pela forma culposa pelo descuido. ***Não cabe tentativa de algo que eu não queria fazer. Caso caiba não e culposo e sim dolo. *** § 3° - Resumindo, no peculato culposo se pagar antes da sentença irrecorrível e transitar em julgado é uma causa da extinção da punibilidade. O sujeito vai ter que pagar o bem que ele culposamente contribuiu para que se perdesse. Se for posterior reduz a pena até a metade. Aqui se for até o trânsito em julgado, até a sentença irrecorrível cabe o juízo competente, se for posterior a competência passa a ser da vara de execuções penais. Art. 313 – Peculato mediante erro de outrem: Neste nós temos dito pela doutrina como peculato por estelionato. A doutrina chama o art. 313 caput A e B de peculatos cibernéticos. 1° - Obs.: O funcionário público não pode contribuir para o erro de outrem. Se ele contribuir pratica outro ato que é o de estelionato. O que é estelionato? É aquele servidor que recebe uma quantia, uma vantagem erroneamente pelo particular. Percebe o erro, fica calado e se apropria daquela quantia. Desta vantagem indevida. Mas percebe-se que em momento algum o servidor fez nada para induzir aquela pessoa ao erro, pois se fizesse responderia por estelionato. Simplificando*: O particular foi ao banco para pagar um imposto que custa R$1.500,00 e na hora de pagar entregou um valor de R$2.000,00 sem perceber e acabou pagando a mais e o servidor percebeu. Não falou nada e embolsou aquela diferença. Desta forma o servidor pratica o ato de peculato por estelionato. Simplificando**: Se o particular chega no banco e diz para o servidor que não sabe ao certo o valor da guia e o mesmo percebe que pode induzir ao erro e diz um valor acima para embolsar o restante, mesmo sabendo o verdadeiro valor da guia para lucrar com isso, responderá pelo crime de estelionato e não pelo crime de peculato por estelionato. Aqui o crime se consuma não no momento do erro, mas no momento que o servidor percebe o erro e se apodera do erro. *Sum. 147 do STJ e sum. 18 STF: Aquela classifica a competência da união e esta classifica esse resíduo administrativo que está configurado um tipo penal. Art. 313 – A – Inserção de dados falsos em sistema de informação: Neste o agente tem acesso e faz sem autorização. Art. 313 – B – Modificação ou alteração de não autorizada de sistema de informação: Neste o agente não tem autorização, invade o sistema e altera. Estes são os estelionatos cibernéticos classificados pela doutrina. E ambos são crimes patrimoniais. No decorrer dessa inserção por modificação, às vezes, pode haver um concurso de crimes. Se o servidor encobre o dinheiro para afastar uma inserção ele responde pela corrupção passiva ou pelo crime de concussão mais o tipo penal de inserção e modificação. Uma acumulação de tipos penais. Art. 316 – Concussão: Esta é a exigência do servidor público de uma vantagem indevida. Desta forma começamos a definir e entender o que seria essa exigência. Porque se eu diferenciar a concussão que ele exige da corrupção passiva que ele solicita é diferente. A doutrina tenta definir; exigir é condicionar o ato a percepção da vantagem indevida (eu só faço se me der o dinheiro, pois se não me der eu não faço. Por exemplo). Neste exigir existe uma controvérsia e dois posicionamentos. Será que esse exigir abrange a ameaça ou não? Quando eu exijo, funcionário público, a sua exigência para obter a vantagem, se tiver violência, eu saio da concussão (art. 316) e vou para extorsão (art. 158). O servidor que mediante a exigência praticar a violência não estará praticando concussão e sim extorsão. 1° posicionamento: Diz que não, pois a exigência da concussão não abrange a ameaça. 2° posicionamento: A doutrina mais moderna opta por inserir a ameaça como intrínseca a própria exigência. Este crime é um crime formal que se consuma com a mera exigência. Trata-setambém de um crime instantâneo, pois exigiu, consumou. A obtenção da vantagem é mero exaurimento da conduta. A conduta já se consumou, mas produz seus efeitos. É um pós facto impunível. A Jurisprudência vem entendendo é que no crime de concussão quando o agente mantém a vítima sobre ameaça, o delito que é como uma regra instantânea, se torna eventualmente permanente. Mas lembre-se tem que manter a exigência. Se pediu e não pediu mais só foi pegar o dinheiro é mero exaurimento pós facto impunível. Não quer dizer que o camarada não será responsabilizado, só não vou poder prender ele em flagrante delito. O art. 316 menciona-se o proveito próprio ou alheio e a doutrina faz uma observação; e se for em proveito da própria administração? Será que configuraria um delito? A Jurisprudência vem admitindo que no crime de concussão, mesmo quando a vantagem indevida é revertida em prol da própria administração pública. § 1° - excesso de exação: Observe, se neste caso o funcionário for fiscal de renda existe uma lei especifica que se aplica a ele; a lei 8.137/90, art.3, II. Então se for fiscal de renda não responderá por aquele paragrafo lá, e sim pela forma da lei desta. Esta trata de crimes da ordem tributária, que tem lá uma forma especial do fiscal de renda. § 2°: Aqui é uma especialização do desvio mencionado no art.312 que neste art. 316, § 2° é relacionado a tributo e imposto. Lá é desvio de qualquer dinheiro, mas se for relacionado a qualquer tributo ou imposto, aplica-se este. Art. 317 – Corrupção passiva: Neste percebemos o legislador usou o verbo solicitar. Neste caso não será condicionado o ato a percepção da vantagem. Eu solicito, mas não condiciono o ato. Assim como no crime de concussão, este também é um crime formal e instantâneo, pois se consuma com a mera solicitação. Pode ser também eventualmente permanente, se a pessoa mantiver a sucessão (cobrando todo dia). Possuímos um tipo penal da corrupção ativa que é a figura do corruptor. Estamos vendo a figura do corrompido, tanto na concussão quanto na corrupção passiva. Mas eu não preciso ter a figura do corruptor para ter a do corrompido e nem ao contrário. Então ambos os crimes (concussão e corrupção passiva) não são de concurso necessário. Desta forma um tipo não necessariamente pressupõe o outro. Pode ser que haja o encontro dos dois? Sim, mas não necessário e sim eventual. Correção do caso 1 – Em datas ou horários diversos.... Ronaldo Esperto.... a-R: Sim, Ronaldo Esperto equiparasse a função de funcionário pública na forma do art. 327 do cp. b-R: O crime praticado pelo funcionário foi o de corrupção passiva na sua modalidade consumada. Questão obj. – A Rio de Janeiro, 15/03/2017. Direito Penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral – continuação... A vantagem não precisa ser necessariamente econômica. Pode ser qualquer outra vantagem. Mas como assim uma vantagem não econômica? Pode ser uma vantagem honorifica, uma vantagem sexual, uma vantagem administrativa. Pouco importa, pois não estamos nos crimes praticados contra o patrimônio. Art.317 – corrupção passiva (continuação): Não é um crime de encontro necessário, ou seja, não é um crime que necessariamente para ter o corrompido tem que ter o corruptor. Pode ter ou não. Não é um crime de concurso necessário. Aqui para sabermos se vai haver corrupção passiva equivalente a ativa (art. 333 – corrupção ativa) precisaremos analisar os verbos existente neste artigo. • Verbos na corrupção passiva: solicitar ou receber para si ou para outrem, ou aceitar promessa. • Verbos na corrupção ativa: oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público. Nem sempre quem solicita o outro vai aceitar. O crime de corrupção passiva é um crime formal. A pessoa independente do funcionário público praticar ou não o ato, independente de causar prejuízo ou não para a administração pública, o simples fato de solicitar já configura delito, encontra-se consumado. Na ação de receber ou aceitar a promessa é porque alguém está do outro lado me corrompendo e aí nas outras ações nos teremos um encontro bilateral. Percebam que o verbo não existe na corrupção ativa. É importante entender isso, pois tanto na concussão quanto na corrupção passiva o agente particular que cede a solicitação ou exigência na concussão ele não pratica crime. O ato de dar não partiu dele e sim do funcionário público. Isso é totalmente diferente do particular que barganha, negocia preço. A doutrina critica a incoerência da norma, pois o crime de concussão é muito pior, pois o funcionário exigi, ameaça o particular e no crime de corrupção passiva o funcionário solicita a vantagem. Entretanto, esta tem a pena mais alta que aquela, o que para a doutrina não é correto de acordo com a gravidade do ato. Art. 337 – B: É uma corrupção passiva especifica para vantagem indevida a funcionário público estrangeiro. Esta é mais especial que o art. 317. Art. 343: Também tem uma especialização da corrupção passiva voltado para as testemunhas, peritos e outros específicos. *Cuidado na hora do caso concreto! Deverá ser observado quem é a pessoa do corrompido, pois de acordo com cada caso se enquadrará no artigo especifico. Existe outro caso específico quando se tratar de crime eleitoral... Art. 299 – código eleitoral: É uma especialização da corrupção passiva no âmbito eleitoral. Art. 41-C – Estatuto do torcedor: É uma especialização da corrupção passiva no âmbito do torcedor. A doutrina faz uma classificação entre a corrupção passiva própria e imprópria. Quando o agente solicita a vantagem indevida para praticar um ato ilícito que não está dentro das suas funções, ele prática corrupção própria, pois está violando o seu dever funcional. Quando ele solicita a vantagem indevida para praticar um ato lícito dentro do seu dever funcional, que seja correto e tudo de acordo com a lei, quando quer agilizar o processo o mais rápido. Neste caso estamos falando da corrupção impropria classificada pela doutrina. E se o agente praticar mediante essa violação um outro crime? Responderá por concurso de crimes. Na corrupção passiva incide o princípio da insignificância, desde que seja objetos de pena monta. Já no crime de peculato não cabe esse princípio. O entendimento que prevalece é que os objetos e bens de pequenos valores não caracterizam o tipo penal de corrupção. Não caracteriza nesta vantagem econômica. Art. 317, § 1° - aumento da pena: É o que a doutrina classifica de corrupção passiva exaurida. O crime do caput é um crime formal, independe de o agente praticar ou não o ato, independe de ter ou não prejuízo para a administração, esta é a corrupção do caput. Já no § 1° o crime se torna material porque eu tenho que ter uma modificação no meio exterior que é na corrupção passiva exaurida, onde o agente de fato tem que praticar o ato para caracterizar esse aumento da pena. Isso reforça que no caput do artigo o ato do agente tem que ser licito ou ilícito. Existe outra classificação da corrupção que a doutrina chama de corrupção com antecedente (o funcionário solicita para depois praticar o ato) ou corrupção subsequente (neste o funcionário pratica o ato para depois solicitar). Na corrupção passiva pouco importa, ambos são crime. Na corrupção ativa eu vou querer convencer o funcionário a pratica do ato, mas se ele já praticou, sem vantagem alguma e depois do ato eu ofereço uma vantagem a ele, neste caso eu não pratico a corrupção ativa, pois é um ato atípico. Art. 317, § 2°- condição passiva privilegiada: Este nome é dado pela doutrina. É o funcionário que pratica o ato com violação do seu dever funcional ou não para atender o pedido de outrem. Existe uma grande diferença entre o crimedo Art. 317, § 2° e o crime de prevaricação. Art. 318 – Facilitação de contrabando e descaminho: O contrabando é quando a mercadoria tem a sua entrada no país vedada. Ou as exigências para a sua entrada que não são observadas. No caso do descaminho é aquela mercadoria que pode entrar, mas não é recolhido o imposto legal, o tributo devido. Aqui tal qual na corrupção também ocorre a não incidência da teoria monista. Neste é um exemplo clássico que se adota a teoria dualista ou pluralista de agentes onde um responde pelo crime e o participe que deveria responder pelo mesmo crime responde pelo crime autônomo, que é facilitar o contrabando de descaminho. Só vai responde por esse crime o funcionário que tem dentro das suas obrigações o dever de impedir o descaminho. Não é qualquer funcionário. Se for qualquer outro funcionário público que não tenha nas suas funções a obrigação de impedir este contrabando ele vai ser participe ou coautor do próprio contrabando. Art.29 – Doção da teoria monista: Todo mundo que pratica conduta típica ou concorre para ela responde por aquele crime. O tipo penal do contrabando de descaminho faz menção expressa ao art. 334, isso é um equívoco da lei. Este artigo antigamente englobava o contrabando de descaminho, entretanto, atualmente esses tipos penais foram separados. Então o código tem que possuir o art. 334 e o art. 334-A. Desta forma gerou a controvérsia se o tipo penal de facilitar o contrabando de descaminho ainda engloba as duas ações, pois é citado o contrabando de descaminho no art. 334. Não cita o art.334-A, pois este foi mudado em 2014. Só que o legislador quando mudou o crime de contrabando de descaminho deveria ter mudado a facilitação do contrabando de descaminho. Entretanto não fez. O entendimento que predomina largamente é que pouco importa, pois se aplica a ambos. O crime de contrabando e descaminho, adentramos em processo penal, é competente processar e julgar, como regra, a Justiça Federal. Porque teoricamente os impostos que são devidos no contrabando são impostos da entrada do país, referidos a importação ou exportação. Só não poder ser devidos a União, porque isso como regra são crimes Federais. Qual o Juízo competente de uma mercadoria que entrou na Argentina, mas foi apreendida no RJ? O entendimento que prevaleceu referente a essa observação é que competente é o local da apreensão da mercadoria contrabandeada (Sum. 151 do STJ). Outra observação a ser feita referente a este artigo; é um crime formal que independe de o contrabando de descaminho acontecer ou caracterizar o dano a administração pública. A conduta se consuma desde o momento que o agente facilitar por ser tratar de um crime formal. Art. 319 – Prevaricação: O funcionário pratica um ato ou deixa de praticar para satisfazer o seu interesse pessoal ou sentimental. Interesse esse que pode ser de conteúdo econômico ou não. No Art. 317, § 2° existe um agente externo que o motiva e aqui não. Neste aqui o agente pratica o ato por vontade própria, não há influência externa. Art. 319-A: A doutrina classifica o caput do artigo como prevaricação própria e este como prevaricação imprópria. Observação a esse tipo penal; não é só qualquer funcionário, o funcionário tem quer ser os listados no artigo. Uma pequena observação que gera uma grande controvérsia é o seguinte; o legislador foi infeliz, devido os componentes listados. O funcionário não poderá deixar entrar aparelho telefônico de rádio ou similar que permita a comunicação. E se o agente for pego com carregador, bateria ou até mesmo chip? O artigo penal não fala... Desta forma existem dois posicionamentos dobre isso; A doutrina fala que eu não posso dar uma interpretação extensiva em normal penal incriminadora. Se o legislador foi infeliz, o problema é dele, não é do réu. Se menciona em telefone, as peças que o compõe não é isso. Caso o agente seja pego com isso a conduta será atípica para o agente penitenciário ou diretor. Na Jurisprudência, mesmo que minoritário vem ganhando força na Juris e na Doutrina, esses critérios são estendidos para essas peças também citada no art. 319-A. Mas ainda é algo recente que está sendo discutido no âmbito da Juris. Art. 320 – Com descendência criminosa: Aqui quer se punir na verdade aquele superior hierárquico que toma conhecimento da infração do seu subordinado e não adota medidas cabíveis para responsabiliza-lo. A condescendência criminosa não está vinculada necessariamente a punição do subalterno. Mesmo um particular pode praticar crimes funcionais, desde que se alie ao funcionário público. E dependendo for responderá de acordo com a tipificação penal. Rio de Janeiro, 22/03/2017. Direito penal – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral – continuação... Art. 321- Advocacia Administrativa: Isso é um crime próprio, pois só pode ser praticado por funcionário público. Quando se diz patrocinar, dar-se-á uma ideia de advogar, defender, neste caso ele defende interesse particular junto a administração. Esse interesse não precisa ser ilegítimo. No parágrafo único diz que se for ilegítimo terá uma pena diferenciada. O patrocínio do Caput pode ser legitimo pode ser o deveria ser o patrocínio do interesse que o particular teria direito, mas ele se valendo da qualidade de funcionário público, do prestigio que goza, vai influenciar no outro funcionário público. Se eu prometer vantagem indevida ao funcionário irei responder pela advocacia administrativa e pela minha corrupção ativa. Então é possível o concurso entre o crime de corrupção ativa e o crime de advocacia administrativa. A doutrina e a jurisprudência, em especial a doutrina, alguns defendem que a advocacia administrativa quando envolver uma relação parentesca, ou seja, você atuar ou defender causa de seus parentes, não incidiria esse tipo penal. Até por uma excludente de culpabilidade, inexigibilidade de conduta adversa. Isso ainda não é pacifica. O que prevalece é que se patrocinar interesse responde por esse tipo penal. Mas um funcionário público condenado por um crime administrativo poderá sofrer as sanções do art. 92 do cp. Poderá levar a perda do cargo do servidor. Art. 323 – Abandono de função: Só pode ser praticado por funcionário púbico. A conduta especifica aqui é abandonar cargo público, fora os cargos permitidos em lei. O abandono que trata tal artigo não se confundi com abandono de função ou cargo estabelecido pela lei ou pela esfera administrativa. Se pegarmos a lei 8.112 que fala dos servidores públicos federais iremos ver que lá se estabelece o abandono no prazo de trinta dias para ser caracterizada. O tipo penal não estabelece prazo. Não se pode confundir o abandono administrativo com o abandono criminal. Para a doutrina seria um tempo relevante, mas vai depender do caso concreto. Este tempo seria um tempo que traga uma relevância jurídica. Entretanto, não sabemos ao exato, pois o tipo penal não menciona. Este abandono visa tutelar e defender a administração pública em seu princípio da continuidade dos seus serviços públicos. Isso significa que determinados serviços públicos são essenciais e não podem ser interrompidos, como regra. No caput, independe de causar prejuízo ou não porque o que se preza aqui é o princípio da eficiência da administração pública. No parágrafo segundo é mencionado a fronteira por ser considerado um local mais sensível para o Estado como um todo. Existe uma controvérsia. O abandono na fronteira tem que causar prejuízo ou não? Existem dois posicionamentos: 1° corrente: Alega que sim, porque topograficamente, a qualificadora do parágrafo segundo veio posterior ao parágrafo primeiro do prejuízo, presume-se que está a se tratar também do prejuízo e não só do caput. Entretanto,não é a melhor interpretação, pois a sua penalidade é bem superior. 2° corrente que prevalece: Independente de causar prejuízo ou não, porque o tipo penal do parágrafo segundo não exige. Se o funcionário abandonar o seu cargo e for de fronteira ele irá responder por essa qualificadora. As linhas defensivas tentam dar uma função sistêmica a esse tipo penal. Art. 324 – Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado: Também é um tipo de penal próprio, pois só pode ser praticado por funcionário público. A suspensão que trata este artigo é referente a suspensão de função no âmbito administrativo. Porque se for uma suspensão de decisão judicial ele não estará nesse tipo penal e sim no art. 359 do cp. Art. 325 – Violação de sigilo funcional: Crime do funcionário mexeriqueiro. Mas tem que ser em razão do cargo. Se o funcionário mexeriqueiro obtém uma informação de um serviço público, mas que não é em decorrência do cargo do mesmo, está passando pela rua e ver um outro funcionário conversando, não está nesse tipo penal. Claro que aqui deve ser protegida as informações sigilosas, se não for sigilosa poderá ser divulgada. Aqui tenta-se tutelar o segredo da administração pública. Se o funcionário revelar o segredo de um particular, não estará nesse tipo penal e sim no art. 154 do cp. O art. 325 está no capitulo dos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração pública. Então aqui o funcionário revela uma informação da administração pública. Porque se ele for funcionário público e revelar um segredo de um particular ainda que tenha sido em fase da razão do cargo, estará no art. 153 ou 154. § 1°, I e II: Se a pessoa tiver a informação e alterar o sistema, há um concurso de crimes. § 2°: A violação do sigilo funcional por si só não pressupõe dano a administração pública. Se o sigilo for de fato relacionado a segurança nacional, a lei 7.170, art. 21, tem um tipo penal especifico. Direito penal – Dos crimes praticados por particulares contra a administração em geral Art. 328 – Usurpação da função pública: Crime comum, qualquer um pode praticar. Vai se consumar com a pratica de um ato da administração pública. Será necessário a pratica de um ato da função. (Ex: Um rapaz fingiu ser bombeiro durante alguns meses para conquistar uma menina, entretanto, aconteceu um fato na residência desta e o rapaz não soube como agir. O rapaz se enquadra neste artigo? Não, pois ele não pratica ato de ofício e sim finge ser um funcionário público.). Lei de contravenções penais 3.688, art. 45, este é um tipo penal especifico. A função usurpada que ele praticou não pressupõe vantagem indevida. P.Ú: Essa vantagem não é necessariamente econômica e não necessariamente ilícita. Se o sujeito trabalhou terá direito a receber. Mas como a função que o sujeito exerceu é indevida tem uma causa de aumento de pena aí, uma qualificadora. Art. 329 – Resistência: Já iniciaremos com uma posição majoritária referente a diferença entre o crime de resistência e o crime de roubo. Art. 157 – Roubo: No caput existe o roubo próprio, que pode ser praticado mediante uma violência própria, que é exatamente a primeira parte do deste artigo, ou a segunda parte a qual contém o roubo próprio com a violência imprópria. A violência imprópria reduz a capacidade de resistência da vítima para a subtração. ***Não podemos confundir com o parágrafo primeiro.**** § 1°: No roubo impróprio o sujeito já subtraiu. A questão é, no roubo próprio ele emprega a violência e diminui a resistência para subtrair. A violência, seja ela própria ou imprópria, antecederá a subtração. No roubo impróprio o sujeito já subtraiu e é empregada a violência posterior para garantir a subtração. E esse é o nosso ponto central para o crime de resistência. Imaginemos; o sujeito rouba um telefone e sai correndo, vem um policial para tentar prender o sujeito, neste momento o policial é empurrado pelo ladrão para que não perca o aparelho que o mesmo acabou de subtrair. A questão é; o sujeito responderá pelo art. 157, § 1°; ou pelo art.155 em concurso com o art. 329? Alguns vão aplicar primeiro o art. 155 (furto), e o que o camarada fizer após será considerado o crime do art. 329 (resistência), desta forma cabe a fiança. Seria um concurso de crimes. Entretanto, para outros a aplicação se dará pelo art. 157, § 1° (roubo impróprio), neste não cabe a fiança. Este tema é bastante controvertido. Outra observação a ser feita seria sobre; a resistência ao ato legal pode ser de forma passiva? O entendimento que predomina largamente é que a resistência passiva não configura crime. O sujeito se nega a entrar no carro da polícia quando é detido. Não é típica a resistência passiva para esse tipo penal. Pode configurar o crime de desobediência, pois é uma ordem legal direta. A resistência pressupõe um ato legal, não existindo de ato ilegal. Então se o agente praticar um ato ilegal seja por não estar previsto em lei ou por ele não ter competência, a ilegalidade pode ocorrer por falta de previsão ou por falta de atribuição para o ato. A resistência pressupõe que o particular se opõe ao ato legal, se for um ato ilegal do agente público, ele não irá responder por resistência. A resistência ela pode ser praticada mediante a violência ou a grave ameaça. Se a pessoa não tem a atribuição para fazer, ainda que funcionário público, terceirizada, contratada para serviços administrativos, esta pessoa resolve fazer uma revista pessoal em um sujeito e o mesmo se opõe, se ele se opor mediante violência ou grave ameaça não praticará resistência, porque o ato é ilegal, mas pode responder pela lesão ou pela ameaça. Uma conduta não exclui a outra. § 1° (qualificadora): quando ocorrer na resistência à não execução do ato, o ato se qualifica. § 2°: (Uma cumulação de crimes): A resistência pode ser praticada mediante violência ou grave ameaça e se a pessoa resistir praticando ou aplicando a violência, ela responde pelo crime de violência que ela praticou, lesão corporal em concurso com o crime de resistência. Se discute se é possível o crime de resistência e desobediência, mas existe uma controvérsia a ser enfrentada.... Na desobediência não existe violência nem grave ameaça. A pessoa simplesmente desobedece. Desta forma se torna difícil configuração desse concurso da resistência com a desobediência. Porque é ínsito na resistência você não obedecer. Em tese vem uma doutrina bem minoritária defendendo a possibilidade desse concurso desses dois crimes. O que vem prevalecendo é que não poderia existir concurso entre esses dois crimes, porque é ínsito na resistência desobedecer. Resistencia Vs Desobediência / Resistencia Vs Desacato (humilhar um servidor público) *A quem entenda que pode haver um concurso entre resistência e desobediência, mas o que vem prevalecendo é a não possibilidade do concurso porque é ínsito de resistir de desobedecer. Desta forma, a resistência absolveria a desobediência. Aquela tem a pena maior. O quem vem prevalecendo é a não concorrência. *Com relação ao desacato o Samuel ficou de verificar a jurisprudência para passar pra turma qual está prevalecendo atualmente, se existe ou não concurso entre resistência e desacato. Se o desacato for praticando mediante um dolo com a intenção de humilhar, será que a pessoa responderá por resistência, pela posição de uma norma, ou pelo desacato? Na opinião do professor Samuel cabe esse concurso e existe gente que defende está possibilidade. Se o agente diz que vai levar o carro do sujeito e o mesmo diz que não vai levar e dá um tapa na cara do agente, neste caso o cara responde por desacato e pela resistência ao mesmo tempo. Dê qualquer forma o Samuel ficou de confirmar para ver qual prevalece. Para quem defende, vai alegarque não caberia, pois quando o desacato fala de forma delinear, não dizendo qual meio será o desacato, pois isso poderia ser feito através até mesmo de uma violência. Se o seu dolo for só desacatar, não responderá por resistência somente por desacato. Mas isso é uma tese mais defensiva. Art. 330 – Desobediência: É um ato legal e tem quer ser funcionário público para ter atribuição para o ato. Enquanto o crime de resistência é classificado como resistência ativa, esta é chamada pela doutrina de resistência passiva. A desobediência pode ser praticada por ação ou por omissão. A ordem legal tem que ser expressa, direta e determinada. A doutrina afirma que quando é por ação, instantâneo, “não faz” e a pessoa fez já se consumou o delito. Quando é por omissão se torna um crime eventualmente permanente. Outra observação e que é feita pelo próprio STF; não cabe desobediência quando o agente for funcionário público. Ex: O MP tem poder requisitório e requisita ao Dr. Samuel uma diligencia, o mesmo pede um pouco de paciência para cumprir com o pedido. O MP pode falar que o Samuel desobedeceu uma ordem dele. Porque o crime de desobediência ele é dado aos particulares contra a administração pública e não aos funcionários públicos. Mas no caso supracitado caberá uma medida administrativa ou disciplinares, menos crime de desobediência de funcionário público para outro funcionário público. Esse posicionamento do STF não é pacifico. O STF falou que defende a possibilidade de o funcionário público praticar o crime de desobediência, porque ele diz que nessa hipótese o funcionário público se equipararia ao particular. Então é possível funcionário público praticar crime de desobediência? Existem dois posicionamentos; 1° posicionamento Majoritário: Não pode! Porque o crime de desobediência é do particular ou da administração e não do funcionário público contra a administração. 2° posicionamento: É possível porque nessa hipótese o funcionário público se equipararia ao particular. Outra observação; não cabe desobediência ao investigado e ao réu que não compareça ao juízo ou para ato processual. Porque é ínsito o seu direito ao silêncio a não autoincriminação por gerir provas contra si. Art. 331 – Desacato: Sempre em razão da função. Uma breve observação seria a respeito da embriagues, a Jurisprudência vem entendendo que a embriagues retira o dolo do agente em ofender o funcionário público e por isso que não responde por esse crime. Esta não seria a melhor interpretação por existir vários tipos de embriagues. Tirando o caso fortuito ou força maior, porque desta forma sim exclui totalmente, a embriagues pré-determinada ou voluntária deverá ser avaliada não no momento em que o indivíduo pratica a conduta, mas sim avaliar o dolo antes de ser praticado a conduta, porque se for avaliar a conduta dele no meio do ato o sujeito será inimputável. Por isso que se deve avaliar antes. Então a questão é, o bêbado pratica crime de desacato? Existe dois posicionamentos... Primeiro entendimento: A pessoa alcoolizada só será isenta da conduta se for a embriagues proveniente de caso fortuito ou força maior. Desta forma não há o que se discutir. Agora na voluntaria ou pré-ordenada para quem quer isentar a pessoa de pena, só se ela fosse completa e tirasse totalmente a capacidade de discernimento. Segundo entendimento: Dê acordo com este o sujeito responde, menos no caso furtuito ou força maior, pois a embriagues nestes dois modos são exclusos. Mas ele responde na completa seja ela voluntaria ou pré-ordenada aplicando a teoria da “actio libera in causa”, ação liberta da causa, será avaliado a inimputabilidade dele antes dele beber. E aí ele irá responder. Tendo em vista que predomina a primeira corrente... Rio de Janeiro, 29/03/2017. Direito penal – Dos crimes praticados por particulares contra a administração em geral – Continuação... Observação referente ao crime de desacato; se um funcionário público estiver executando um ato contra um agente e este começar a ofender o funcionário responderá por desacato. Entretanto, se o funcionário precisar da ajuda de um terceiro, sendo este particular, e o agente começar a ofender este particular também o agente responderá por concurso formal de crimes que será entre o crime de desacato em concurso com crime contra honra. Outra controvérsia que iremos enfrentar é se é possível desacato de funcionário para com funcionário; a doutrina em sua maioria afirma que é possível. Então se houver no caso concreto uma circunstância que o funcionário se equipara ao particular ele pode responder por desacato. Mas se houver uma relação hierárquica com a previsão de sanção administrativa, neste caso não tem desacato. Art. 332 – Tráfico de influência: É um crime formal, pois a mera consumação já configura o delito. Obter vantagem ou promessa de vantagem, então a lei não defini, não restringe essa vantagem como econômica podendo ser qualquer vantagem. Se o funcionário público a qual estamos falando for realmente influenciável, precisamos observar a conduta que será utilizada para a influenciação, pois se for de forma econômica será de “corrupção passiva” e se for uma influência devido a amizade do funcionário com o particular se caracterizará como “crime de prevaricação”. Neste caso por qual crime o particular irá responder? Existem dois posicionamentos... Primeiro posicionamento: Não existe a consunção neste artigo não. O sujeito responderá pelos dois tipos penais, que no caso seria pelo “tráfico de influência” mais por “corrupção” se ele oferecer o dinheiro. Segundo posicionamento: A quem entenda que o crime final dele que é a corrupção deva absorver o crime inicial que é o de tráfico. Entretanto a questão não é pacifica. E esse funcionário público, por qual crime irá responder? Se for influenciado pelo dinheiro responderá por corrupção. Agora se foi relacionado a um pedido, ele pratica a prevaricação privilegiada que é aquela de aceitar pedido de outrem. Art. 357 – Exploração de prestigio: O tráfico, muitas das vezes, as pessoas confundem ele com essa exploração, mas lá são crimes praticados por particulares contra funcionário público. Já a exploração de prestigio, as funções citadas no artigo também são funcionários públicos, mas é como se fosse uma especialização desse tráfico. Então tal artigo funciona como uma clausula especial, por ser especifica, em relação a uma causa geral do funcionário público do tráfico de influência. Art. 333 – Corrupção ativa: O crime é formal, ou seja, basta oferecer para caracterizar o delito. Atenção: O particular que paga a solicitação feita pelo funcionário público na corrupção passiva estará cometendo uma conduta atípica, não está praticando crime e sim cedendo a chantagem do funcionário. Tal como na corrupção passiva como na concussão, pois seja solicitado ou exigido. Já o particular que negocia preço, a famosa barganha, já está negociando, oferecendo a contraproposta. A conduta se torna atípica se o particular só der o dinheiro. Outro tópico que devemos nos atentar neste artigo é sobre o flagrante preparado, o qual existe até uma sumula 145 do STF. O que seria isso? São circunstancias na qual o agente público cria uma situação para instigar o indivíduo a vir praticar o delito. Às vezes, pode ocorrer isso no crime de corrupção ativa. Essa hipótese na verdade a pessoa não pode responder por ela, pois se torna um crime impossível. Se a pessoa fomenta, instiga outra a pratica de um delito, mas se cerca dos meios necessários para que ocorra a consumação, isso é um flagrante preparado que torna a conduta impossível. O particular vai oferecer a vantagem ou a promessa para o funcionário público praticar, deixar de praticar ou retardar o ato. Agora se o particularoferecer após a pratica do ato esta conduta é atípica. Em que pese o funcionário público responder por corrupção passiva. Neste caso o particular não responde por nada, mas o funcionário responde. Parágrafo Único: Se o particular oferece e o funcionário deixa de fazer, é este parágrafo com causa de aumento. É por isso que a doutrina chama essa corrupção ativa exaurida. Porque além dele ter praticado a corrupção ela ainda se exauriu, teve uma modificação no mundo exterior, que foi a pratica do ato de dolo com o dever funcional. Art. 334 – Descaminho: É quando a mercadoria ingressa no país, mas não são recolhidos os impostos. No todo ou em partes. Alguns lugares são definidos por lei como se fosse verdadeiras zonas de fronteira dentro do nosso próprio pais. Um exemplo claro disso é a zona fronte de Manaus, pois para efeitos penais ela se equipara a uma fronteira, porque lá é um polo industrial. Então sair da zona fronte de Manaus sem pagar os impostos para qualquer parte do território brasileiro se equipara ao ingresso estrangeiro dessa mercadoria. Então é possível mesmo estando dentro do país responder pelo crime deste artigo. Lembra que; a pessoa que favorece o descaminho responde independente se ocorrer ou não o descaminho. Porque aqui houve a cisão da teoria monista. Agora a nossa teoria é dualista. Em que o participe responde pelo crime autônomo diferente do crime do executor. Então se o fiscal na barreira fiscal deixa o particular passar com a mercadoria e não cobra o imposto, ele responde por facilitação de descaminho, contrabando e o particular por descaminho. Agora se o particular combina com o funcionário que vai passar com os produtos dentro daquela mala, mas na hora o particular desiste, mas o funcionário já criou a facilidade este vai responder por descaminho independente do particular ter desistido ou não, pois o funcionário já havia facilitado o descaminho. Observação em relação a este artigo; não há a necessidade de ser constituir o credito tributário para praticar o crime. Existem crimes da relação tributária, única e exclusivamente da relação tributária, que para a pessoa responder seria pela lei 8.137. Para a pessoa responder por esse crime o Estado precisa dizer o que ela deve. Então só quando o credito tributário está constituído é que o particular praticou o crime de sonegação fiscal. É uma exigência da constituição do credito tributário. Já para os crimes de descaminhos como são crimes contra a justiça pouco importa se o credito está constituído ou não. Ou seja, o não pagamento do imposto por si só já configura o crime. Apesar do tipo penal não exigir o crédito em si, a doutrina e a jurisprudência equiparam esse tipo penal aos crimes de sonegação previsto na lei 8.137. Os crimes de sonegações fiscais aplicam-se a eles o princípio da insignificância. Por que se aplica tal princípio e qual o parâmetro para a aplicação? Os crimes da insignificância na relação tributária levam em consideração a lei de execução fiscal. Falava-se que até dez mil reais a união não tem interesse em cobrar esse credito, porque vai gastar muito mais com a cobrança disso. Não faz sentido ela mover toda a máquina do Estado para mover uma peça de execução fiscal com uma cobrança de dez mil reais se a despesa dela é de vinte mil reais. Então a lei permite que a própria união dispense a cobrança desse valor. Entretanto a lei foi alterada e passou esse patamar de dez mil, lei 9.249/95, está cita que a união só irá cobrar os créditos a partir de vinte mil. Na época só se cobraria o valor de dez mil reais, posicionamento do STJ. Posteriormente teve uma lei que alterou esse dispositivo, uma portaria na verdade, alterando esse valor de dez mil para vinte mil. Atualmente a união não cobra créditos fiscais até vinte mil, pois não há interesse pela união em cobrar tornando- se insignificante. A jurisprudência e a doutrina procuram aplicar esse parâmetro da lei 8.137 e da 9.249, art. 34, para os crimes de descaminho em uma analogia “in bonam partem”. Tal como se uma vez instaurado o procedimento quanto ao crime de relação tributária, se a pessoa pagar o crédito até o recebimento da denúncia ocorre a extinção da punibilidade nos crimes contra a relação tributária. Isso ainda não é uma posição pacifica, mas o STF já se manifestou permitindo isso em relação a analogia. Art. 334-A – Contrabando: É a entrada de mercadorias sem as formalidades legais ou não autorizadas. Aqui existem duas circunstancias; uma é que a mercadoria não pode entrar. Segunda, é a mercadoria poder entrar, mas não observar as normas legais. Pode entrar, mas tem que passar por uma fiscalização a qual é burlada. Quase tudo que vale para o crime de descaminho vale para o crime de contrabando... No contrabando a doutrina e a jurisprudência não admitem a aplicação do princípio da insignificância. Logo a mercadoria não pode entrar, então não é por questão tributária e sim por questão de defesa do nosso Estado, soberania, de poder evitar a entrada de determinadas mercadorias que não são permitidas. O contrabando ele cede espaços para as legislações especiais como tráfico de drogas e tráfico de armas. Direito penal - Dos crimes contra a administração da justiça Art. 339 – Denúncia caluniosa: É uma especialização da própria calúnia. O que caluniar alguém? Caluniar é atribuir fatos tido como crime a alguém. A denunciação caluniosa só compreende o dolo direto. Então a pessoa tem que saber que a questão é falsa com relação a pessoa. Não admite dolo eventual (o fato de não saber ou de não ter certeza). A falsidade aqui pode ser tanto com relação ao fato ou com relação ao autor, mas tem que ter a imputação do crime. A imputação falsa de forma genérica sem atribuir a pessoa não configura a denunciação caluniosa. Pode até configurar a falsa comunicação de crime porque a denunciação caluniosa tem que ser com a pessoa determinada. A mera notícia de fato sem atribuir a alguém ou a conduta não configura denunciação caluniosa. Aqui fala qualquer ato investigatório. Então por parte da polícia, da denunciação caluniosa não necessita a instauração de inquérito policial. Porque fala em investigação policial, então atos investigatórios se forem iniciados ainda que não instaurados o devido procedimento já configura a denunciação caluniosa. É possível a tentativa a pesar de difícil a configuração na pratica. Imaginemos que uma pessoa faça uma petição dando noticia falsa de um crime imputando pessoa falsa e nisso a petição se perde, antes do delegado ou do promotor ter acesso a esta. Então vem ser extraviada e uma terceira pessoa acha e não é autoridade e comunica o fato. É possível a tentativa, mas é difícil a configuração. Este crime não é um crime formal, pois ele depende da modificação no mundo exterior, depende de um ato material para configurar. O crime aqui é material. § 1°: A construção veda o anonimato. Neste aqui entra a questão do disque denúncia, pois este visa em não identificar as pessoas e a doutrina critica essa denúncia caluniosa pelo fato de poder estar prejudicando alguém que realmente seja inocente e não poderá recorrer, se defender daquela calunia devido a esse tipo penal. Art. 340 – Comunicação falsa de crime ou de contravenção: Neste não se atribui o crime a ninguém. Não aponto o autor, simplesmente narrarei o fato que não existiu. Aqui não é que a denunciação caluniosa possa ser praticada de todas as formas. Aqui só se pode ocorrer pela inexistência do fato com uma ação que eu não possa atribuir a alguém. Estes dois artigos (art. 339 e art.340) muito se aproximam. Art. 341 – Autoacusação falsa: Se for praticado durante o depoimento de uma pessoa identificada como testemunha ela não responde pela autoacusação e sim por falso testemunho. Porque o falso testemunho vaiprevalecer em relação a autoacusação, pois existe um tipo penal especifico. Não cabe tentativa neste tipo penal, mas a doutrina cria um exemplo para poder aplicar uma possível tentativa a questão da carta escrita, em que a pessoa se acusa, mas apesar da doutrina falar que não cabe tentativa, a mesma afirma que é possível a tentativa se for fracionada a conduta. Mas perceba que o tipo penal da falsidade ele exige que seja perante a autoridade. Em regra, não cabe tentativa. Será que o direito ao silencia a não autoincriminação compreenderia isso? Existe decisões jurisprudenciais que vem em sentido contrário, porque aqui a pessoa estaria abusando do direito, estaria prejudicando a administração da justiça. Então o autor tem direito a mentir em relação aos seus fatos. E aí o sujeito responderia mesmo no exercício do seu direito ao silêncio, ele responderia por esse tipo penal de autoacusação falsa. Muito cuidado porque o direito ao silêncio não compreende essa conduta aqui. A questão não é pacifica, mas é o que vem sendo decidido. Observe; os três últimos artigos são muito parecidos, mas não são. No art. 339 eu imputo o fato falsamente a alguém, não tenho autoria a quem eu imputo, o fato é completamente falso. Não compreende dolo eventual. Já no art. 340 o fato é inexistente, falso, mas eu não atribuo a ninguém. E no art. 341 eu me acuso, pratiquei o fato quanto na verdade eu não pratiquei. Art. 342 – Falso testemunho ou falsa pericia: Uma coisa é a pessoa mentir na fase do inquérito. O dispositivo é um crime de mão própria, podendo só ser praticado por aquela pessoa, não permitindo a co-autoria. § 1°: O falso testemunho no processo é uma causa de aumento na fase processual. As pessoas que são descompromissadas, praticam falso testemunho? Em regra, algumas pessoas (ascendente, descendentes, cônjuges e irmãos) com a relação que elas têm com o réu, das partes, a lei as isentam de prestarem depoimento. Salvo, se de outra forma não puder se constituído a prova. Mas e se a pessoa mentir, pratica o crime de falso testemunho? Existem dois posicionamentos... Primeiro posicionamento minoritário: Diz que não, pois se a pessoa não tem compromisso com a verdade é porque ela pode mentir. Então se ela mentiu não poderei puni-la por esse crime. Segundo posicionamento majoritário: Afirma que sim, mesmo as pessoas descompromissadas, se mentir responde pelo tipo penal. E em que se pauta esta corrente? É porque no art. 342 ele não menciona testemunha compromissada, ele só fala em testemunha. Não é um elemento constitutivo do tipo penal o compromisso legal. Desta forma pouco importa se ela é descompromissada ou não. Se mentir responderá por esse tipo penal. Este é o entendimento que prevalece. E a participação, é possível? Existem duas correntes.... O entendimento que predomina é que sim, é possível a participação em crime de falso testemunho. Por exemplo; o advogado que orienta o cliente a mentir. Pois bem, se o advogado instruir a testemunha responderá pelo tipo penal. Já o entendimento minoritário é que não cabe a participação. O crime de mão própria só pode ser praticado pela própria pessoa. A falsidade é objetiva ou subjetiva? Imaginemos o seguinte, sou chamado como prestador de testemunha, estou prestando depoimento, eu acho que foi Joãozinho, estava escuro, mas acho que era ele. Passado mais tempo se investiga e descobrem que na verdade foi Pedrinho e não Joãozinho. Que se parecem muito, mas eu me confundi. Na verdade, eu menti, pratiquei uma falsidade objetiva. O que é o falso? Não corresponder com a verdade. Responderá por crime de falso testemunho? Não, eu não pratico porque o crime de falso testemunho é doloso. Depende do dolo e tem que ter a intenção de prejudicar. Neste exemplo supracitado o agente não teve a intenção subjetiva de praticar, o dolo. Ocorreu devido a um equívoco ou engano, mas não por dolo. A falsidade deste dispositivo é subjetiva. A conduta é dolosa. O sujeito tem que saber que está fazendo o falso. § 2°: Com base nesse paragrafo já se gera uma controvérsia. Se é possível a prisão em flagrante do crime de falso testemunho? O primeiro fato que devemos separar é se o falso testemunho ocorreu na fase do inquérito ou na fase processual. Esta controvérsia recai muito mais na fase processual. A doutrina e a jurisprudência afirmam que não é possível a prisão em flagrante do falso testemunho na fase do processo com base no § 2°, porque até o final do processo a pessoa pode se retratar. Pois é de acordo com o tal parágrafo que a jurisprudência se vale para poder aplicar a interpretação de que não é possível a prisão em flagrante nesse se o falso testemunho ocorrer no processo. Por que entendemos que se faz na fase do processo e não na fase de investigatória? Porque a que se fala na retratação do processo e a quem entenda que não cabe na fase do inquérito. Mas o artigo fala no parágrafo segundo o fato de ser punível antes da sentença do processo em que ocorreu o ilícito que se retrata. Aqui incidi uma questão interpretativa. A pessoa até ser finalizado o processo se ela mentiu, ela pode se retratar que não será punida. Agora quando o § 2° ele citar até o final do processo... Será que compreende só a fase processual ou também compreende a fase pré processual? Se você entender que o § 2° se aplica a toda essa extensão eu não poderia prender a pessoa em flagrante. O Samuel compreende que essa questão do § 2° só vai se ocorrer no processo. Porque a ideia é não atrapalhar a administração da justiça. O entendimento minoritário fala que o § 2° não se aplica a fase pré-processual e por isso caberia a prisão de flagrante. O § 2° se reservou o que é mais importante que é o processo. Mas dependendo da interpretação que nós dermos ao § 2° não caberá prisão em flagrante nem na fase inquérito pré-processual. Porque se até o final do processo o indivíduo se retratou o camarada não será punido. Outa questão também seria o falso testemunho praticado no tribunal do júri. Este tribunal julga os crimes dolosos contra a vida. É composto por um juiz magistrado de carreira, mas quem é que vai julgar mesmo são os jurados que são pessoas do povo. Os sete jurados formam o conselho de sentença. Desta forma com a tese da defesa ou da acusação o juiz presidente vai perguntar para os jurados. Pois bem, se ocorrer um falso testemunho durante o tribunal do júri a acusação a defesa podem pedir para o juiz presidente quesitar isso aos jurados e quem vai decidir se ocorreu ou não o falso testemunho são os jurados e não o juiz presidente. Uma questão relevante neste dispositivo é que precisa ser de fato relevante. Então se a mentira for sobre circunstancias que não afeta a avaliação do caso concreto não a tipificação por mais que ela tenha mentido. Art. 343: Anteriormente citamos a influência de um advogando incentivando o seu cliente, mas existem outras pessoas que também podem corromper a testemunha. Se eu oferecer um dinheiro para a testemunha mentir eu não estou participando do falso testemunho dela. O art. 343 tem um tipo penal autônomo para isso. Então, por exemplo, se eu sou um parente do autor e eu conheço a testemunha da ação e vou lá e ofereço dinheiro para ela, estarei enquadrado no art. 343 e não no art. 342. Pois eu não estou participando do tipo penal dela. O falso testemunho aqui também não vai ser caracterizado quando se confrontar com o direito de autoincriminação. Por exemplo, se eu sou qualificado como testemunha, mas se eu responder aquela pergunta eu vou me auto incriminar, eu não pratico o crime de falso testemunho. Então não se classifica como falso testemunho a pessoa considerada testemunha que diante de uma pergunta concreta iria se auto criminar. Art. 345 – Exercício arbitrário das próprias razões: Refere-se a fazerjustiça com as próprias mãos, embora legitima, salvo quando a lei o permite. E quando a lei permite que fazermos justiça com as próprias mãos? Na legitima defesa e o esforço imediato para a defesa da posse, isso não configura o tipo penal. Aqui a predominação tem que ser legitima. Neste dispositivo se compreende a grave ameaça e a violência para o tipo penal. Um ótimo exemplo seria o da namorada que comprou uma moto e deixou na posse do namorado. O rapaz sumiu com o veículo. Após alguns dias o irmão e o pai da menina foram atrás do rapaz e esperaram ele parar para capturar o veículo. Empurraram o rapaz e bateram nele (roubo e lesão corporal), entretanto não se configura nestes artigos, pois se enquadra neste devido a situação. Se a pessoa achar que o ato é legitimo e não for a pessoa estará em erro de tipo. É o cara que achou que tinha o direito, mas na verdade não tinha. O satisfazer aqui também e a doutrina aceita isso, fazer justiça com as próprias mãos, tem que ser uma justiça alegada pelo direito. Não pode, por exemplo, o marido estuprar a esposa sobe a alegação de que ela tem o dever conjugal de ter relação com ele. Neste caso o sujeito pratica o crime de estupro. Não está dentre os direitos deste dispositivo. Neste artigo diferente dos outros tipos penais, ele faz a conjunção da violência. Aqui é um crime necessário se houver violência. O tipo penal faz a ressalva. Por exemplo, o pai e o irmão do exemplo responderam por violência. Uma coisa que a doutrina e a jurisprudência não admitem, ainda que a pretensão seja de legitima, que extrapola essa atmosfera do razoável, seria o cárcere privado e o sequestro. Rio de Janeiro, 05/04/2017. Direito penal - Dos crimes contra a administração da justiça – Continuação... Art. 347 – Fraude processual: É um crime material, pois depende da modificação. Primeira observação; em relação a fraude processual para causar erro no processo civil administrativo, este já tem que ter sido instaurado. Se não tiver sido instaurado o processo crime a minha conduta é atípica. A letra da lei é observada na pendência, ou seja, ela tem que ter sido instaurado. Segunda observação; a lei fala em processo administrativo. Então eu não posso fazer analogia a “malam partem” para incluir as sindicâncias que precedem o processo administrativo disciplinar. Na fraude processual tem que ter sido instaurado o processo civil ou administrativo, é processo administrativo mesmo, não serve sindicância, esta é um ato anterior ao PAD. Terceira observação; se correr a fraude processual no meio de uso de documento falso ou falsificação documental, e esta tiver a finalidade de fraudar o processo. Será necessário saber se a pessoa responde pelos dois crimes em concurso ou se ela responde apenas por um crime? Aqui a doutrina diverge... • A quem afirme que nesse caso há o concurso. O indivíduo responde pelo falso que ele praticou mais a fraude processual. Já pode-se notar que esse não é o entendimento que prevalece. • O que predomina é que o sujeito responde somente pelo crime de falsidade. Pois nesse caso a fraude processual fica absolvida pelo crime de falsidade. Então se ele praticar uma falsidade documental com a finalidade de fraudar um processo para induzir o juiz a erro. O camarada responderia apenas pelo crime de falsidade que praticou. Não há concurso de crimes nesse caso porque se aplica o princípio da consunção. Se a falsidade ocorrer no transito para ludibriar as autoridades no transito e por um artifício um acidente de transito com vítima. O CTB é a norma especial e tem lá uma previsão, art. 312. P. Único: Mas se essa fraude for para processo penal a pena dobra. Aqui diferente do que ocorre no caput a fraude processual vai ocorrer seja no processo iniciado ou não. Então caberia a fraude processual mesmo na fase pré- processual. Este parágrafo é autônomo em relação ao caput. Este é um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O direito a autoincriminação para com o réu não se auto incriminar poderia mudar o local das coisas? Fraude Processual (predominante) A não autoincriminação (minoritária) A corrente que predomina na Jurisprudência é que o réu responde por fraude processual. O direito de autoincriminação ele pode ser exercido, mas não pode ser abusado. Quando o réu inova mesmo ele ali na cena do crime, ele está prejudicando a própria justiça. O direito do réu não é tão extenso assim. Não pode compreender e comprometer a justiça, porque o motivo da fraude processual é atrapalhar a justiça. A tutela que está sendo protegida aqui é a administração da justiça. A questão não é pacificar, apesar de bem definida pelo STF. Ora, o direito a não autoincriminação para o primeiro entendimento, ele abrange toda e qualquer ação por parte do réu para não se auto incriminar, inclusive modificando, inovando a cena do crime. Isso é um entendimento defensivo. O primeiro entendimento que é minoritário prevalece a não autoincriminação. Ocorre uma tipicidade de conglobante, pois a conduta é criminosa formalmente e materialmente, mas se outro ramo do direito permiti aquela conduta não se pode dizer que está conduta é criminosa (Luta de MMA). A pessoa que oculta um cadáver não irá responder por fraude processual, pois seria “bis in idem”. Responderá só por ocultação de cadáver. Se o indivíduo altera, modifica o sinal identificador de arma, ainda que com a finalidade de induzir o juiz a erro, responderá apenas pelo artigo da lei 10.826, contra o desarmamento e não pela fraude processual. Art. 348 – Favorecimento pessoal: A lei fala em crime e não contravenção penal. Então se eu auxilio alguém a fugir e essa pessoa praticou uma contravenção, a minha conduta é atípica. O meu auxilio tem que ser posterior ao fato delituoso antecedente. Porque eu tenho que estar fora da relação causal do crime. Se não eu serei coautor ou participe. Se o indivíduo do crime anterior for absolvido ainda persiste o meu crime de favorecimento pessoal? É largamente predominante que não! Se a pessoa for absolvida é porque ela não era criminosa, então eu nunca prestei auxilio a um criminoso. O posicionamento majoritário é que se a pessoa for absolvida a minha conduta é atípica. A quem defenda que a pessoa responderia mesmo com a absolvição do crime anterior. Porque o dolo dele já foi exercido no sentido de atrapalhar a busca do autor do crime que até então é alto. Mas esse entendimento é minoritário. O auxilio prestado ao fugitivo se compreender a “res furtiva” a pessoa pode responder por concurso de favorecimento pessoal e favorecimento real. Pode existir o concurso entre o favorecimento pessoal (que é ajudar o criminoso) e o favorecimento real (que é ajudar a esconder os proventos do crime). § 1°: É considerado pela doutrina de favorecimento privilegiado, pois tem uma pena menor. Por que se a pessoa tiver praticado um crime de reclusão ela está no caput. Se a pessoa que eu ajudei a fugir pegar detenção se enquadra no § 1°. § 2°: Isso é uma causa de inexigibilidade da conduta adversa legal. Não posso exigir que uma mãe entregue o filho. Não posso puni-lo por isso. Art. 349 – Favorecimento Real: A lei menciona em proventos do crime, não diz em instrumentos do crime. Se eu guardar o instrumento do crime para que a polícia não saiba que aquela pessoa praticou o crime. Não estarei em favorecimento real e sim no pessoal. Esse auxilio para esconder o provendo do crime não pode conter obtenção de vantagem nenhuma. O ajuste tem que ser prévio se não irá se enquadrar na coautoria ou participação. O provento do crime pode ser direto (assalto a banco, roubo de joalheria, eu guardo os proventos) ou indireto (assaltou um banco e depois comprou um carro, eu escondi esse carro).Não se pode confundir o crime de favorecimento real com lavagem de dinheiro, porque esta tem uma tipificação própria. Art. 357 – Exploração de prestigio: Trata-se de um dolo especial, ou seja, dolo especifico, solicitar é pedir e aceitar é receber para influir nas autoridades descritas. Entenda-se, esta utilidade na observação do artigo é uma utilidade econômica. Neste caso não caberia aqui como exemplo; uma vantagem sexual ou moral. Não é o juiz pedindo o intermédio a pessoa, é a pessoa dizendo que irá influenciar no juiz. O juiz, promotor, perito, funcionário público não sabe que este particular está explorando o prestígio que eles gozam (Ex: Deixa que eu conheço o promotor. Entrega-me o dinheiro que eu vou lá e resolvo). Agora se é um desses cargos mencionado que solicita, usa de interposta a pessoa em comum, neste caso não se configura exploração de prestigio e sim corrupção, na verdade o particular responde por concurso de crimes, pois foi o elo entre essas duas pessoas. Entenda, neste artigo o funcionário não sabe que está sendo explorado por ter um prestigio. É um crime formal. Se não pediu já explorou o prestigio, se pediu já consumou o delito (independente se faça, pois pediu com essa finalidade). Agora se o articular estiver mentido, não conhece funcionário algum, neste caso responderá por estelionato. P. Ú: O explorador de prestigio quando faz a solicitação de dinheiro é para ele e não para o juiz, se ele alegar que o valor solicitado é para o juiz responderá pelo crime com aumento da pena. Art. 359 – Desobediência à ordem judicial: Não compreende as decisões administrativas. Aqui a decisão é judicial. Se a pessoa desobedece a decisão administrativa para exercer um cargo, ela pode ser incursa no art. 330. Medida protetiva de urgência descumprida: A lei 11.340 é a lei maria da penha. Esta lei não traz crimes, traz institutos processuais para proteger a mulher. Mas quais são esses institutos processuais? São as medidas protetivas de urgência. São mediadas processuais que o juiz pode decretar retirando os direitos e suspendendo os direitos do autor. É uma ordem judicial com suspensão de direitos. (Direitos de visitação, de contato, por exemplo.) Será que o descumprimento de medida de urgência a pessoa vai responder por esse crime do art.359? O entendimento majoritário hoje é que a pessoa não responde por este dispositivo. E por que não responde? Porque só será utilizado o crime de desobediência quando for para cumprir uma ordem. Então se o instituto já tiver mecanismo para força a pessoa a cumprir, não será necessário o direito penal. E a lei maria da penha já traz essas possibilidades, o autor que descumpri as medidas protetivas a lei tem como mecanismo forçar, por exemplo a prisão. Cabe a prisão cautelar, prisão preventiva para o autor que descumpri a medida protetiva de urgência. Com relação a exercer a função que o legislador quer dar o sentido, porque a palavra exercer pressupõe a habitualidade, mas não é essa a interpretação doutrinaria jurisprudencial. O que a lei quer dizer é que a pratica de um único ato suspenso ou retirado já configura o crime. Lei 8.072/90 – Crimes Hediondos – lei especial – Tentados ou Consumados Esse comando criativo desses crimes hediondos, parte da própria constituição. O pilar de sustentação inicial dos crimes taxados como hediondos equiparados, pois são equiparados, encontra-se no art. 5, inc. 43 da CF/88. A lei estabeleceu os crimes hediondos e os equiparados que são; Tráfico de drogas (11.343/06), tortura (9.455/97) e terrorismo (13.260/16). Irão receber a mesma disciplina que tange a lei 8.072. Em que tese, o que conflitar com as suas particularidades prevalece as particularidades da lei. No que tange a classificação de hediondos existem três sistemas para estabelecer o que é hediondo; sistema judicial (quem vai dizer se o crime é hediondo ou não é o juiz no caso concreto), sistema legal (quem vai dizer se é hediondo ou não é a lei. É o que nós adotamos) e sistema misto (A lei estabelece um rol exemplificativo e o juiz pode completar estabelecendo outros crimes não hediondos). Mesmo no sistema legal a lei de crimes hediondos ela não inovou os crimes, não criou crime novo taxado de hediondo. Simplesmente utilizou de uma forma que o Humberto Silva Franco fala do sistema do etiquetamento. E o que seria isso? No sistema legal ele escolheu alguns crimes do código penal e os rotulou como hediondos. Os crimes hediondos são prescritíveis. Art. 5, XLIII da CF/88: São insuscetíveis de graça e anistia. A graça é uma clemencia, um perdão que o presidente concede por meio de decreto aquela pessoa e tem caráter pessoal. Está relacionado a punição. Não afeta o fato, afeta a punição. O indulto nada mais é do que a graça só que no âmbito coletivo. A anistia é concedida pelo congresso por meio de lei e é a impunidade do fato. A constituição só vedou a graça e a anistia não falou do indulto. Será que o indulto também é vedado? É obvio que para o entendimento majoritário também é. A graça está ali estabelecida a tipo de exemplo. Então compreende o outro gênero que é o indulto. O entendimento majoritário é que não cabe indulto para crime hediondo. Existe uma tortura por omissão a qual não é hedionda. Segundo a explicação do Samuel é uma tortura que foi criada para o delegado. Na qual ele sabe que o preso está sendo torturado, mas se omiti. Falam que a construção da lei foi criada neste sentido para poder abrangi a conduta do delegado que é omisso. Responderá por crime de tortura, mas não como hedionda. Encontra-se descrito em seu dispositivo que os crimes hediondos e equiparados são insuscetíveis e inafiançáveis. A liberdade provisória pode ser com fiança ou sem fiança. O que a constituição vedo foi a liberdade provisória com fiança e desta forma gera a seguinte dúvida; cabe liberdade provisória sem fiança para crimes hediondos e equiparados? Havia uma controvérsia aqui.... Uma primeira corrente afirmava que a constituição vedou a fiança ela indiretamente também vedou a sem fiança. Para esta corrente não cabia nenhuma liberdade provisória para crimes hediondos e equiparados. Não é a que predomina... A segunda corrente diz que só não vai caber a liberdade com fiança, mas a sem fiança cabe. É porque para o legislador o capital estaria acima dos bens protegidos e tutelados pelos criminosos. Porque pagar para sair causa uma revolta. O entendimento que predomina é que cabe liberdade provisória sem fiança... Além da liberdade provisória, o juiz pode aplicar ao réu outras medidas cautelares que estão descritas no art. 319 do CPP. Além da prisão cautelar existem outras medidas que são cautelares diversas das prisões. Tal como a maria da penha que estabelece medidas protetivas, agora o art. 319 do CPP foi alterado e permite isso também. Lei 8.072/90 Inc. I – Homicídio (art.121 do CP): Homicídio simples não é hediondo, salvo se for praticado em ação típica de grupo de extermínio (o código penal cita a milícia, entretanto não é mencionado no crime de hediondo. Não será na letra fria da lei, mas é impossível não caber aqui.) A doutrina fala que trabalhar o homicídio simples praticado em um grupo de extermínio é ser redundante. Porque todo homicídio praticado por grupo de extermínio vai ter uma outra qualificadora. Pelo menos um motivo fútil ou torpe... Mas em que pese a doutrina vem a criticar a desnecessidade do que está na lei, precisamos entender que no concurso afirma-se isso. Um homicídio simples não é hediondo, mas se for simples e é praticado em grupo de extermínio passa a ser hediondo. A lei já foi alterada e estabeleceu outros homicídios qualificados como hediondos e são eles; Art. 121, § 2°, I – Paga ou promessa; II – motivo fútil; III – emprego de veneno, fogo, explosivo,
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