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Direito Civil 1.2

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DA INCAPACIDADE
O Estatuto da Pessoa com Deficiência provocou uma profunda alteração no regime da capacidade civil, alinhando-se à Convenção Internacional da Pessoa com deficiência, de 2007 (Nova York). O Brasil ratificou a Convenção em 2008 e a incorporou no direito brasileiro por meio do Decreto nº 3949/2009, já na forma do art. 5º § 3º, CRFB, recebendo, portanto, o status de emenda constitucional.
Para facilitar a visualização das alterações, segue quadro comparativo:
Incapacidade absoluta (art. 3º, CC):
	REDAÇÃO ORIGINAL DO CÓDIGO CIVIL
	REDAÇÃO APÓS O ESTATUTO
	I - Menores de 16 anos
	Apenas os menores de 16 anos
	II - Os que, por enfermidade ou doença mental não tiverem o discernimento necessário para a prática dos atos da vida civil
	
	III - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade
	
Incapacidade relativa (art. 4º, CC):
	REDAÇÃO ORIGINAL DO CÓDIGO CIVIL
	REDAÇÃO APÓS O ESTATUTO
	I - Os maiores de 16 e menores de 18 anos
	Os maiores de 16 e menores de 18 anos
	II - Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido
	II - Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos
	III - Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo
	III - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade
	IV - Os pródigos
	IV - Os pródigos
Observação: o Estatuto da Pessoa com Deficiência fez uma pequena alteração no parágrafo único do art. 4o, CC, sem, contudo, modificar o conteúdo: a capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial (a redação original do dispositivo falava que a capacidade dos índios será regulada por legislação especial).
SUPRIMENTO E CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE CIVIL. E O ESTATUTO DASPESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Os absolutamente incapazes somente poderão praticar atos da vida civil mediante representação, enquanto os relativamente incapazes devem ser assistidos.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência provocou alteração com relação ao suprimento da incapacidade: a nova redação do art. 1767, CC, determina que apenas os que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir a sua vontade; os ébrios habituais e viciados em tóxicos e os pródigos estarão sujeitos à curatela. 
Outro ponto importante de modificação do Estatuto da Pessoa com Deficiência foi a introdução da Tomada de Decisão Apoiada. 
A Tomada de Decisão Apoiada = consistente no "processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre os atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer a sua capacidade". A Tomada de Decisão Apoiada prestigia, portanto, a autonomia da pessoa com deficiência.
Há muitas dúvidas sobre como o Estatuto da Pessoa com Deficiência irá conviver com institutos bastante conhecidos e tradicionais do direito civil brasileiro, como a interdição e a curatela. 
Regra geral, a incapacidade cessa quando a pessoa atinge os 18 anos de idade, momento em que atinge a capacidade civil plena. No entanto, é possível que o menor tenha a aquisição de sua capacidade plena antecipada de virtude das hipóteses elencadas nos incisos do parágrafo único do art. 5°. É o que se chama de emancipação.
Enunciado n. 397, da V Jornada de Direito Civil: a emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por ato de vontade.
Enunciado n. 530, VI Jornada de Direito Civil: a emancipação, por si, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente.
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 13.146/2015 - Dentre as principais alterações trazidas pela Lei 13.146/2015 podemos destacar as que se seguem:
1. CAPACIDADE CONFORME A LEI 13.146/2015: Aqueles que não podem exprimir a vontade por causa transitória passam a ser considerados relativamente incapazes.
O inciso II do art. 3º foi revogado. Foi dada nova redação ao art. 4º, suprimindo aqueles que por deficiência mental tem seu discernimento reduzido e os excepcionais do rol dos relativamente incapazes.
IMPORTANTE! Embora no plano civil, a regra passe a ser a capacidade do deficiente mental (a ser avaliada caso a caso), para o Direito Penal, continuam a ser inimputáveis (art. 26, Código Penal)
2. QUANTO A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR: Nos termos do art. 928 do Código Civil, o incapaz responde subsidiariamente com seus próprios bens.
Pela Lei 13.146/2015: Não mais prevalece regra da subsidiariedade: deficiente mental responde diretamente com seus bens.
3. QUANTO A CURATELA: Pelo Código Civil atual, portadores de deficiência mental, em regra, eram submetidos ao instituto da Curatela.
Pela Lei 13.146/2015: Curatela passa a ter caráter excepcional (art. 84, Estatuto) e compreende apenas aspectos patrimoniais e negociais, conservando-se a autonomia do deficiente no que tange a seu próprio corpo, sexualidade, matrimônio, educação, saúde e voto. Juiz é apoiado por equipe multidisciplinar na decisão. Juiz deve levar em conta vontade e preferência do interditando na escolha do curador (1.772 Código Civil). Com a entrada em vigor do NCPC, extingue a equipe multidisciplinar, mas juiz pode contar com auxílio de especialista (art. 751, novo CPC).
Art. 1772 do Código Civil será revogado (preferência do interditando para escolher curador).
4. OS LEGITIMADOS PARA REQUERER A INTERDIÇÃO, segundo disposição do art.1768 do Código Civil seriam os pais ou tutores, cônjuge ou qualquer parente, MP.
Pela Lei 13.146/2015: foi incluído o inciso IV no artigo 1768, Código Civil pelo qual o próprio deficiente passa a figurar como legitimado.
5. QUANTO À POSSIBILIDADE DE PRESTAR TESTEMUNHO: os que por enfermidade ou retardamento mental não tivessem discernimento para os atos da vida civil não eram admitidos como testemunha (228, II CC, redação antiga).
Pela Lei 13.146/2015: o inciso II do art.228, foi revogado e foi inserido o §2ºe assim: deficientes podem ser admitidos como testemunha, em igualdade de condições com as demais pessoas, assegurados todos os recursos de tecnologia assistida.
6. QUANTO À NULIDADE DO CASAMENTO: de acordo com o art. 1548, I, do Código Civil o casamento daquele que não pudesse manifestar sua vontade era considerado nulo. 
Pela Lei 13.146/2015: o portador de deficiência mental em idade núbil poderá contrair matrimônio ou união estável, constituindo família, expressando sua vontade diretamente ou por meio de responsável ou curador (1550 §2º). Poderá também exercer a guarda e adoção, como adotando ou adotante em igualdade com as demais pessoas (6, VI estatuto).
7. QUANTO AO SUFRÁGIO, o art. 76 da Lei 13.146/2015 passa a assegurar o direito de votar e ser votado, garantindo a acessibilidade no local de votação, bem como a possibilidade de o deficiente ser assistido por pessoa de sua escolha no momento do voto. Garante-se também a acessibilidade ao conteúdo de propagandas e debates eleitorais, como, por exemplo, intérprete de Libras.
SUPRIMENTO E CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE CIVIL - EMANCIPAÇÃO
De acordo com o Código civil, ao completar dezoito anos a pessoa está apta a praticar todeos os atos da vida civil. O que denominamos de CAPACIDADE PLENA 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Entretanto, o Código Civil também prevê a possibilidade de um menor de 18 anos obter a capacidade plena, na forma do parágrafo único do artigo, 5º, pela EMANCIPAÇÂO.
EMANCIPAÇÃO: é a antecipação da capacidade plena para os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos nas hipóteses previstas no parágrafo único do artigo 5º do CC.
Art. 5º Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiverdezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
ESPÉCIES DE EMANCIPAÇÃO:
EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA (art. 5, parágrafo único, I, primeira parte): pela concessão dos pais, em comum acordo, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicia 
OBS.1 : É indispensável o consentimento harmônico dos pais, pois ambos são titulares do poder familiar (art. 1.631, CC/2002). Só é aceita, nesta espécie de emancipação, o consentimento de apenas um dos pais na falta ou impedimento do outro, pois, nesta hipótese, o poder familiar é exercido com exclusividade.
OBS. 2: A emancipação voluntária, por ser uma concessão, não pode ser requerida pelo menor e independe de homologação judicial.
EMANCIPAÇÃO JUDICIAL:): é concedida pelo juiz em dois casos:
- Na discordância entre os pais;
- Quando o menor encontra-se sob tutela (art. 5°, parágrafo único, I, segunda parte). Neste caso, o tutor deve requerer a emancipação ao juiz, que decidirá de modo a melhor proteger o interesse do menor.
EMANCIPAÇÃO LEGAL: independe de concessão dos pais ou do juiz, pois opera ope legis nos seguintes casos:
a- Casamento (art. 5°, parágrafo único, II): o menor casado deve ter poderes suficientes para praticar pessoalmente os atos da vida civil.
OBS.: A idade núbil (16 anos) e os 18 anos completos, assim, o menor precisa de autorização dos pais ou representantes legais para que possam se casar. 
OBS.: a pessoa com deficiência que contrair matrimônio não será emancipada, eis que a emancipação se destina apenas ao menor de idade, excluindo, pois, as outras hipóteses de incapacidade.
OBS.: A separação judicial não possui o condão de retornar o menor ao estado de incapacidade. O casamento nulo só faz retornar ao estado de incapacidade quando o menor agir de má-fé, pois o casamento nulo produz efeitos ao cônjuge de boa-fé.
 
b- Exercício de emprego público efetivo (art. 5°, parágrafo único, III). A lei usou o termo emprego público para referir-se tanto a cargo, quanto emprego. Exige-se que seja efetivo, excluindo, dessa forma, os temporários.
 
c- Colação de grau em curso de ensino superior (art. 5°, parágrafo único, IV). 
 
d- Empresa ou existência de relação de emprego, desde que o menor, em decorrência disso, possa prover seu próprio sustento (art. 5°, parágrafo único, V).
Discute-se sobre a possibilidade de o menor empresário estar sujeito à falência, pois a emancipação não importa em antecipação da imputabilidade penal. Por isso, há quem entenda que o menor empresário submete-se às regras da insolvência civil, e não da falência.
MODOS DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
Da interação social, ou seja, do convívio das pessoas em sociedade, nascem as relações jurídicas de natureza negociais e familiares principalmente. É essencial que os sujeitos dessas diversas relações sejam individualizados, perfeitamente identificados como titulares de direitos e deveres na Ordem Civil. Essa identificação interessa, tanto às partes envolvidas e interessadas, quanto a terceiros e ao Estado para fins de segurança jurídica, ou seja, segurança dos negócios como p.e., contratar, da família e da sociedade.
Elementos individualizadores da pessoa:
1. O NOME CIVIL.
O registro civil do nascimento da pessoa natural dota de formalidade e publicidade aquele fato jurídico que é o nascimento com vida, início da personalidade civil; apresenta o indivíduo à sociedade, dando eficácia à sua personalidade. 
Natureza jurídica do registro civil - sua natureza é declaratória, afinal, "a pessoa humana dele não precisa para receber a sua qualidade de pessoa, [...]. Assim, a personalidade civil começa do nascimento com vida [...]"
O nome, assim como o pseudônimo utilizado para finalidades lícitas (art. 19, CC), por ser direito de personalidade, goza de proteção jurídica, não podendo ser empregado em publicações ou representações que exponham a pessoa ao desprezo público (art. 17, CC), nem utilizado sem autorização para fins comerciais (art. 18, CC). 
Enunciado n. 278, IV Jornada de Direito Civil: A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identifica-la, constitui violação a direito de personalidade.
PSEUDÔNIMO: nome adotado por autor ou responsável por uma obra (literária ou de qualquer outra natureza), que não usa o seu nome civil verdadeiro ou o seu nome consuetudinário, por modéstia ou conveniência ocasional ou permanente, com ou sem real encobrimento de sua pessoa.
ELEMENTOS QUE INTEGRAM O NOME
De acordo com o art. 16, CC, o nome é composto pelo prenome ou nome próprio e pelo sobrenome, patronímico ou apelidos de família. 
NOME = PRENOME + SOBRENOME 
Outros elementos que compõem o nome ( não obrigatórios)
agnome, que é um elemento diferenciador dos demais membros da família que têm o mesmo nome (Junior, Neto, Bisneto, Segundo etc.). 
vocatório ou profissional, que consiste em uma espécie de abreviação do nome completo da pessoa (ex. o vocatório da jurista Rosa Maria Barreto Boriello de Andrade Nery é Rosa Nery).
 
O PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO NOME
Como regra o nome não pode ser alterado, salvo em circunstâncias especiais e extraordinárias, previstas principalmente na Lei dos Registros Públicos. Lei 6,015/73 
A jurisprudência e a legislação esparsa têm reconhecido outros casos de temperamento do princípio da imutabilidade do nome.
Assim é que fogem à regra da imutabilidade do nome as seguintes situações:
a) Correção de registro errado;
b) Nomes que exponham seu portador ao ridículo (art. 55, Lei 6.015/73). Por vezes não é só o prenome, mas sim a composição do prenome e sobrenome que caracterizam o nome vexatório.
c) Nome de registro não é o que a pessoa é reconhecida na sociedade;
d) Inclusão de apelido público e notório;
e) Proteção de vítimas e testemunhas (Lei 9.907/99 e art. 58 da LRP)
f) Cônjuges;
g) Uso prolongado;
h) Inclusão de nome de descendente;
i) Inclusão de sobrenome de padrasto ou madrasta;
j) Nomes homônimos;
k) Modificação do prenome do adotado (art, 47, ECA).
l) União Estável: Enunciado n. 99, I Jornada de Direito Civil: O Art. 1.565, § 2º, do Código Civil não é norma destinada apenas às pessoas casadas, mas também aos casais que vivem em companheirismo, nos termos do Art. 226, caput e §§ 3º e 7º, e não revogou o disposto na Lei nº 9.263/96
m) Tradução de nome estrangeiro (art. 43, III, EE). O Estrangeiro também pode alterar o nome se estiver comprovadamente errado e se tiver sentido pejorativo ou expuser o titular ao ridículo.
n) Transgenitalização. Enunciado n. 42, I Jornada de Saúde do CNJ: quando comprovado o desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto, resultando numa incongruência entre a identidade determinada pela anatomia de nascimento e a identidade sentida, a cirurgia de transgenitalização é dispensável para a retificação de nome no registro.
o) Maioridade civil (art. 56, LRP). Nessa e na hipótese de retificação o nome pode ser alterado pela via administrativa. Nos demais casos apenas judicialmente. 
Obs: atentar para o prazo decadencial de 1 ano após completada a maioridade, salvo em circunstâncias especiais devidamente justificadas no pedido de alteração.
Importante referir que as hipóteses acima são exemplificativas, constantemente a jurisprudência traz novas situações. Jurisprudência do STJ sobre alteração do nome:
DIREITO CIVIL. REGISTROS PÚBLICOS. POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO DE PATRONÍMICO PATERNO NO FINAL DO NOME DO FILHO, AINDA QUE EM ORDEM DIVERSA DAQUELA CONSTANTE DO NOME DO PAI. REsp 1.323.677-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013.
DIREITO CIVIL. REGISTRO CIVIL. RETIFICAÇÃO PARA O NOME DESOLTERIA DA GENITORA. REsp 1.072.402-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/12/2012.
ACRÉSCIMO DE SOBRENOME DO CÔNJUGE APÓS A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO. ). REsp 910.094-SC, Rel. Raul Araújo, julgado em 4/9/2012.
SOBRENOME. SUPRESSÃO. REsp 1.189.158-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/12/2010.
REGISTROS. FILHOS. RETIFICAÇÃO. NOME. GENITORA. REsp 1.123.141-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/9/2010.
RETIFICAÇÃO. REGISTRO. NASCIMENTO. REsp 1.069.864-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/12/2008.
2. ESTADO CIVIL
Ao nascer, como ao longo da existência, a pessoa possui determinadas características que a qualificam juridicamente. 
Ao complexo de atributos, com efeitos jurídicos, que determina a condição da pessoa perante a sociedade, chamamos estado. 
ESTADO CIVIL é a posição jurídica que alguém ocupa, em determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. Segundo o Prof. Francisco Amaral:
"O estado nasce de fatos jurídicos, como o nascimento, a idade, a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o divórcio, a interdição. Tais circunstâncias levam a caracterização de três estados: o familiar, o político e o pessoal ou individual".
Para o Direito Civil, importa o estado do indivíduo de filho, de solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado. Tudo isso gera efeitos jurídicos no âmbito do direito de família, como também importa o estado de maior idade, menor idade, emancipação, interdição, ausência, sexo masculino ou feminino, gerando efeitos no âmbito dos direitos da personalidade. O estado político, de brasileiro ou estrangeiro, importa ao direito constitucional. Em relação ao nosso estudo, destaca-se o estado individual, em que se enquadra o sexo (status sexual).
Os estados individuais, em geral, são atributos da personalidade, ou seja, integram-na. E, por isso, são protegidos pelos direitos da personalidade .. Além disso, é também objeto de um direito subjetivo, o direito de estado, que protege o interesse da pessoa no reconhecimento e no gozo desse estado . Amaral releva, ainda, o fato de constituir um direito absoluto, oponível a toda a sociedade, que, portanto, todos devem respeitar; e público por ser reconhecido e protegido pelo Estado. (AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 2ª ed. aum. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 1998)
O registro gera a presunção relativa do estado da pessoa, vez que é ele que dota de oponibilidade erga omnes as situações jurídicas da pessoa perante a sociedade. Contudo, nem sempre a realidade jurídica retrata a realidade fática e, por isso, existem as ações de estado, afinal, é muitas vezes necessário defender seu estado contra eventuais atentados aos direitos dele decorrentes. Elas têm por objetivo criar, modificar ou extinguir um estado, e aí, a sentença será constitutiva; ou reconhecer um estado pré-existente o guarnecendo de eficácia jurídica, quando a sentença será declaratória. 
Os atos que produzem alterações no estado das pessoas devem ser registrados ou averbados, conforme determinam os arts. 9o e 10, respectivamente, CC.
A QUESTÃO DO TRANSEXUAL
Ocorre que, o transexual, quando do seu nascimento, no registro civil, foi classificado segundo o seu aspecto sexual anatômico externo como pertencente a um dos sexos, ou feminino ou masculino. Este, assentado em registro público, é o sexo civil. Porém, ressalvamos, neste momento, que a avaliação da fisionomia não é a única para a determinação do sexo de um indivíduo. A averiguação do status sexual requer a conjugação dos aspectos biológico, psíquico e comportamentais. Somente o conjunto desses aspectos será capaz de apontar com maior fidelidade e compromisso a qual dos dois sexos pertence a pessoa. A regra, contudo, é que os três aspectos correspondam revelando uma identidade sexual, mas esta convergência harmônica pode não ocorrer.
No caso do transexual operado, que possuía, em primeiro plano aquela inadequação corporal com a psiquê, o sexo civil, determinando comportamento na vida civil, na esfera jurídica e social em geral, imporá barreira para a realização da identidade sexual da pessoa.
Existe um interesse juridicamente relevante no gozo da identidade sexual. O conteúdo de tal interesse da pessoa é representado, essencialmente, no reconhecimento, sob todos os aspectos da vida social, privada e pública, como sendo a mesma pertencente ao próprio sexo.
Com o transexual isso não acontece. Nesse segundo momento, então, a principal inadequação é a factual com a jurídico-formal. Se o registro tem publicidade, autenticidade, eficácia, não existe reconhecimento social da situação daquele indivíduo, do seu estado. A identidade sexual transcende o aspecto morfológico, encontra-se no campo da identificação psíquica de se pertencer a determinado gênero sexual que se externa com o comportamento. 
A identidade sexual integra a identidade pessoal. O Professor Leoni, sobre o direito à identidade, citando Lorenzetti, sinaliza que o indivíduo possui identidade estática e dinâmica. "A identidade estática" compreende o nome, a identificação física, a imagem. Isto está protegido pelas leis referentes ao nome, à capacidade e ao estado civil. Essa é, então, a resguardada pelo direito à identidade. O direito à identidade sexual como direito à identidade pessoal, constitui direito da personalidade e integra aspecto do estado do indivíduo. (OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Direito Civil: teoria geral do direito civil. 2ª ed. atual. e amp. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000).
Obs: atentar para o prazo decadencial de 1 ano após completada a maioridade, salvo em circunstâncias especiais devidamente justificadas no pedido de alteração.
Enunciado n. 43, I Jornada de Direito de Saúde do CNJ: é possível a retificação do sexo jurídico sem a realização da cirurgia de transgenitalização.
3. DOMICÍLIO
O conceito de Domicílio Civil da pessoa natural é determinado pela combinação dos artigos 70 e 71 do NCC. Apenas encontraremos o domicílio civil se preenchermos os dois requisitos determinados no artigo 70 do NCC que são:
Residência - é o objeto do conceito, sendo este palpável. É o elemento externo e visível. Ex: uma casa, um prédio, um apartamento.
Ânimo definitivo - este é o elemento

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