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APS Jogo das cores proibidas UNIP

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Tabela 9 desempenho de memória com uso de cartões
	Criança
	Idade
	Tarefa 1
	Tarefa 2
	Tarefa 3
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
CURSO DE PSICOLOGIA 
CAMPUS PARAÍSO
Anna Daniela Vieira Pontes, RA N797AJ-7, 4º semestre
Jae Keum Oh, RA D081DH-4, 4º semestre
Larissa Emi Inoue, RA D019GD-6, 4º semestre
Liliane de Souza Gimenez, RA B47OII-8, 4º semestre
Ludmila Montandon Piros, RA D059CB-2, 4º semestre
Nathália Moura Bertelli, RA N910FB-9, 4º semestre
Vitória de Toledo Sobral, RA C815390, 4º semestre
APS – JOGO DAS CORES PROIBIDAS
São Paulo 
2017 
Anna Daniela Vieira, RA N797AJ-7, 4º semestre
Jae Keum Oh, RA D081DH-4, 4º semestre
Larissa Emi Inoue, RA D019GD-6, 4º semestre
Liliane de Souza Gimenez, RA B47OII-8, 4º semestre
Ludmila Montandon Piros, RA D059CB-2, 4º semestre
Nathália Moura Bertelli, RA N910FB-9, 4º semestre
Vitória de Toledo Sobral, RA C815390, 4º semestre
APS – JOGO DAS CORES PROIBIDAS
Trabalho apresentado à disciplina APS – Psicologia Sociointeracionista, do curso de Psicologia, como requisito parcial de avaliação.
Orientadora: Professora Doutora Ana Karina Checchia 
São Paulo
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2. METODOLOGIA	6
2.1 Sujeitos	6
2.2 Instrumentos	6
2.3 Procedimentos	6
2.4 Etapas do jogo	9
3. RESULTADOS E ANÁLISES	11
CONSIDERAÇÕES FINAIS 	18
REFERÊNCIAS	19
ANEXOS	20
1. INTRODUÇÃO
Vygotsky trabalha, então, com a noção de que a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas, fundamentalmente, uma relação mediada. 
(OLIVEIRA, 1997, p. 26)
O presente trabalho refere-se à disciplina Psicologia Sociointeracionista, e tem por objetivo verificar a habilidade da criança na utilização de instrumentos e signos culturais como auxiliares na lembrança (memória) de instruções em situações de jogos observando a existência e a frequência da fala egocêntrica usada pela criança na tentativa de dirigir e organizar suas ações, assim como observar como a capacidade das crianças de memorizar instruções, oferecidas em três situações de jogo, vai se construindo no decorrer de seu desenvolvimento físico e intelectual. 
Para Vygotsky (1984) a aprendizagem é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. Para o autor o único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento. 
O presente trabalho pretende estudar o desempenho de crianças de 4 (quatro) a 9 (nove) anos de idade, de nível socioeconômico semelhante, em tarefas que envolvem o uso da memória, verificado em habilidade da criança na utilização de instrumentos e signos culturais como auxiliares na lembrança e instruções em situação de jogo.
Procurou-se verificar como essas crianças, nesta faixa etária, usam os instrumentos e signos, como dois elementos mediadores, e culturalmente transmitidos, no processo de formação das funções psicológicas superiores, mecanismos psicológicos mais sofisticados, mais complexos e que para Vygotsky “envolvem o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presentes” (OLIVEIRA, 1997, p. 26). 
Para tanto, utilizamos o conceito de mediação sobre o funcionamento psicológico para Vygotsky, como “processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento” (OLIVEIRA, 1997, p. 28). 
A pesquisa experimental foi realizada com 4 (quatro) pré-escolares e escolares entre 4 e 9 anos de idade, de nível socioeconômico médio da cidade de São Paulo. As crianças foram examinadas individualmente em uma situação de jogo onde foram realizados três tipos de tarefas envolvendo a memória. Os resultados sugeriram que as crianças se beneficiaram do auxílio de instrumentos externos (cartões coloridos servindo de auxílio mnemônico) e da ajuda do adulto, pois estes seriam elementos mediadores, intermediários entre o estímulo e a resposta e assim a verificamos a teoria de Vygotsky de que a “relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas, fundamentalmente, uma relação mediada […] a presença de elementos mediadores introduz um elo a mais nas relações organismo/meio, tornando-as mais complexa”. (OLIVEIRA, 1997, p. 29)
Para Vygotsky a utilização de marcas como ajudas mnemônicas faz com que a operação de memória vá além das dimensões biológicas do sistema nervoso humano, permitindo a incorporação dos estímulos artificiais e autogerados que são os signos. (VYGOTSKY apud OLIVIERA, 2000, p. 63) Estes resultados se mostraram com maior evidência na medida em que aumentou a faixa etária das crianças estudadas.
2. METODOLOGIA
2.1 Sujeitos
Foram convidados para 4 crianças de idade 4 (quatro), 6 (seis), 7 (sete) e 9 (nove) anos, de nível socioeconômico médio, moradores da cidade de São Paulo, para participarem individualmente do jogo das cores proibidas de Vygotsky.
Antes da realização do jogo das cores proibidas todos os 4 (quatro) sujeitos foram testados individualmente para verificação de conhecimento das cores e se o nome das cores correspondiam com os dos cartões usados ao longo do jogo.
2.2 Instrumentos
Foram utilizados 8 (oito) cartões de papelão nas cores: alaranjado, amarelo, azul, branco, marrom, verde, vermelho e preto, assim como três roteiros com 18 questões cada, cada roteiro com uma instrução específica. E objetos que aparecem nos roteiros com as cores indicadas, como por exemplo, uma caixa vermelha, uma bolsa marrom, lápis de várias cores entre outros.
2.3 Procedimentos
Os procedimentos da pesquisa foram os mais fiéis possíveis ao proposto na Orientação para trabalho de Jogo das Cores Proibidas – APS, baseadas nos experimentos de Leontiev e referidos por Vygotsky conforme o conteúdo da disciplina Psicologia Sociointeracionista.
Assim, o instrumento utilizado possui 18 (dezoito) questões, referentes a 8 (oito) cores de cartões (alaranjado, amarelo, azul, branco, marrom, preto, verde e vermelho) de objetos familiares como banana, grama, céu, sangue entre outros.
Dentre os objetos que aparecem nas questões, na tarefa 1 e 2 temos sete cores e na tarefa 3, temos nove das cores questionadas como cores percebidas, ou seja, de objetos colocados sobre a mesa do jogo ou no campo visual no momento da aplicação do instrumento. As outras 11 ou 9 cores questionadas se referem a objetos conhecidos, porém ausentes no campo visual no momento da aplicação do instrumento. 
Em casos de o sujeito mostrar algum tipo de desconforto no momento da aplicação do instrumento, o pesquisador utilizou algumas questões de caráter interativo somente para conseguir manter o interesse do sujeito até o término do jogo, essas questões não foram objetos de análise.
O jogo das cores proibidas consiste em três tarefas, com 18 (dezoito) questões variadas cada. Como no exemplo da tarefa 1 a seguir:
Tarefa 1
1. Qual é a cor deste brinquedo? (azul)
2. Qual é a cor do sangue?
3. Qual é a cor deste lápis? (amarelo)
4. Qual é a cor da terra?
5. Qual é a cor do sol?
6. Qual é a cor das folhas das árvores?
7. Qual é a cor da banana?
8. Qual é a cor da maçã?
9. Qual é a cor desta bolsa? (marrom)
10. Qual é a cor da grama?
11. Qual é a cor deste lápis? (verde)
12. Qual é a cor da Coca-Cola?
13. Qual é a cor deste lenço? (branco)
14. Qual é a cor da laranja?
15. Qual é a cor desta bexiga? (verde)
16. Qual é a cor desta caneta? (preta)
17. Qual é a cor do leite?
18. Qual é a cor do céu?
19. Você acha que ganhou ou perdeu? O que não podia falar? O que mais?
As três tarefas com as instruções encontram-se anexas ao trabalho. 
O instrumento foi aplicado individualmente e em uma única sessão. Dois sujeitos participaram da pesquisa por dia, totalizando 2 (dois) dias para a realização total da pesquisa.
As aplicações foram divididas entre os sete pesquisadores, assim, um pesquisador convidava o sujeito para jogar, outro fazia a verificação de conhecimento das 8 (oito) cores, mostrando os cartões para o sujeito e repetindo em voz alta o nome das cores e também de alguns objetos sobre a mesa, como por exemplo a pasta vermelha, em seguida, outro pesquisador explica como é o jogo, composto de uma série de questões e dividida em três tarefas, cada uma com uma regra diferente, e que só se ganha o jogo quando o sujeito responde sem erros, ou seja, segue à risca as instruções. Um terceiro pesquisador é designado para fazer as anotações na tabela de experimentos, indicando qual sujeito, sua idade, e quais e quantos erros foram cometidos pelos sujeitos.
As instruções dadas aos sujeitos individualmente foram:
	não dizer o nome das duas cores proibidas (para cada uma das três tarefas o pesquisador instruía o sujeito sobre as duas cores que não poderiam ser nomeadas, para isso foi mostrado os cartões com as duas cores proibidas e conferido pedindo aos sujeitos para repetissem as cores proibidas em voz alta;
	não repetir o nome das cores já mencionadas nas questões anteriormente respondidas.
	
	O sujeito foi orientado a responder “eu não posso falar essa cor”, para as situações em que ela seja proibida ou repetida.
	Foi considerado como Erro A quando o sujeito dizia o nome das cores proibidas, e Erro B quando o sujeito repetia as cores já respondidas anteriormente nas tabelas de experimento, como codificação para a análise dos resultados do mesmo.
	As três tarefas contêm cada uma 18 (dezoito) questões sobre cores e mais uma que finaliza cada uma das três tarefas que compõem o jogo perguntando ao sujeito se este pensava ter ganho ou perdido o jogo. 
	
2.4 Etapas do jogo
	
	Seguem as etapas do jogo proposta no roteiro do jogo:
	Tarefa 1: sem cartões e sem ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – amarelo e verde
Segunda regra: não repetir as cores
	Tarefa 2: com cartões e sem ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – azul e vermelho
Segunda regra: não repetir as cores
	Tarefa 3: com cartões e com ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – marrom e alaranjado
Segunda regra: não repetir as cores
	
	Assim, o sujeito era instruído a responder as questões primeiramente na tarefa 1 sem os cartões e sem a ajuda de adulto, em seguida na tarefa 2, já em posse dos cartões coloridos, responder oralmente ou então responder a questão usando o cartão, apontando-o ou pegando e levantando a cor proibida ou as outras cores para não repetir as cores oralmente, e por fim na tarefa 3 responder sobre as cores oralmente, usando os cartões coloridos ou mesmo pedindo ao pesquisador dicas e explicações de como usar os cartões para ganhar o jogo. 
	
	TAREFA 1 – Jogo sem cartões auxiliares e sem ajuda dos pesquisadores
Responder a um total de 18 questões sem repetir as cores e nem falar as duas cores proibidas.
	TAREFA 2 – Jogo com cartões auxiliares e sem ajuda dos pesquisadores
As regras são as mesmas da tarefa 1; no entanto, fornecer à criança 8 cartões coloridos que pode ser utilizado da forma que desejar. Sinalizar que os cartões podem ajudá-la a ganhar o jogo.
	TAREFA 3 – Jogo com cartões auxiliares e com ajuda dos pesquisadores
Os pesquisadores sugerem o uso de cartões para o sujeito com o objetivo de ganhar o jogo e mostram à criança, por exemplo, como virar o cartão da cor correspondente na medida em que cada uma é mencionada.
	
	Ao fim de cada uma das três tarefas era conferido oralmente se o sujeito achava que tinha ganho ou perdido o jogo, com o objetivo de averiguar se o sujeito havia compreendido corretamente as instruções.
	 Entre uma questão e outra, são feitas outras questões para não “cansar” a criança.
3. RESULTADOS E ANÁLISES
Foi montada uma tabela com identificação dos sujeitos, a idade, o número e tipo de erros em cada uma das três tarefas executadas pelos sujeitos.
Assim, na Tabela 1 (abaixo) podemos verificar que a idade dos sujeitos mostrou diferenças na quantidade de erros cometidos de Erro A (dizer o nome das cores proibidas) e Erro B (repetir o nome de cores já nomeadas). Pois quanto maior a idade, menor foi a quantidade de erros cometidos no jogo de modo geral, em que os sujeitos de sete e nove anos apresentaram melhor performance em seguir a regra de não dizer as cores proibidas, enquanto os sujeitos de quatro e seis anos produziram mais erros na tarefa de não repetir as cores, com exceção na Tarefa 1, erro B, em que não houve grande diferença entre a quantidade de erros apesar da diferença de idade.
	
	Tabela 1. Controle 
Tabela 1 controle produzida durante o experimento para análise comparativa entre os erros de tipo A e B, sendo o Erro A quando o sujeito falou as cores proibidas e o Erro B quando o sujeito repetiu as cores nas 4 (quatro idades) e entre as três tarefas onde ocorreu mais erros.
Seguimos o projeto de trabalho com perguntas a serem respondidas no final do trabalho prático:
1 Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas?
Os sujeitos apresentam menos erros conforme avançam nas tarefas, pois todos os sujeitos cometeram erros na tarefa 1, e mesmo com a diferença de idade, todos tiveram um declínio na quantidade de erros, mesmo os sujeitos de menor idade deixaram de errar a mesma quantidade na Tarefa 3, indicando que a memória influencia no desempenho de seguir as instruções, pois quanto mais vezes eles ouvem as instruções, melhor eles conseguem segui-las, como mostram a diminuição de erros cometidos por todos.
Uma notável diferença aparece no sujeito de 7 anos, pois o modo de encarar as instruções de jogo foi diferente dos sujeitos menores, correspondendo aos resultados obtidos por Mozzer já em 1994, em que os sujeitos do grupo de sete anos pareciam tentar obedecer as regras mesmo quando estas pareciam difíceis para elas.
2 Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos consistindo em cartões coloridos?
O desempenho do sujeito nas tarefas envolvendo memória de instruções que são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos consistindo em cartões coloridos ou Tarefa 2, mostrou pouca diferença nos sujeitos entre 4 e 6 anos e significativa entre os de 7 e 9 anos.
Para o sujeito de 4 anos (tabela 2) houve um aumento no número de erros na Tarefa 2 com uso de cartões, assim para este sujeito não houve melhora da memória de instruções apresentando resultados piores do que quando não lhe foi ofertado o uso de cartões coloridos, tanto em não falar as cores proibidas quanto em repetir as cores.
Para o sujeito de 6 anos (tabela 3) houve uma ligeira diminuição na quantidade de erros na Tarefa 2 em relação à Tarefa 1, sem o uso de cartões coloridos.
	Assim também confirmamos o resultado de Mozzer (1994) quanto aos sujeitos de seis anos, que apesar de demonstrarem maior interesse em seguir as instruções e conseguir demonstrar que compreenderam-na de fato, houve queda entre o número de erros cometidos na Tarefa 1 em comparação à Tarefa 2, mas ainda mostravam que obedecê-las ainda eram muito difíceis para sujeitos dessa idade.
Para o sujeito de 7 anos houve um aumento no erro A de zero erros para 1 (um) erro, enquanto que no Erro B, houve considerável diminuição de erros, pois caiu de 5 para 2 erros na Tarefa 2, o que pode indicar que houve uma memória de instrução bem aproveitada pelo sujeito.
Para o sujeito de 9 anos (tabela 5) o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos consistindo em cartões coloridos teve um efeito de zerar os erros na Tarefa 2, sugerindo a compreensão plena da instrução.
Assim, também pudemos confirmar os resultados de Mozzer (1994) de que sujeitos de até cinco anos, ainda não são capazes
de usar cartões como auxílio mnemônico. Mostrando que elas não entenderam como os cartões poderiam ajudá-las a ganhar o jogo, como ocorreu com o sujeito de quatro anos, que além de não compreender o jogo também demonstrou não conseguir prestar atenção nas instruções e consequentemente segui-las.
3 Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos, consistindo em cartões coloridos, e contar com a ajuda do adulto?
O desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos, consistindo em cartões coloridos, e contar com a ajuda do adulto ou Tarefa 3, apresentou melhoras no desempenho de todos os 4 sujeitos do experimento. Pois em todas as Tarefas houve diminuição na ocorrência de Erro B (tabela 1b) 
	4 Há variação do desempenho da criança, quando comparada consigo mesma nas três diferentes condições estudadas?
O sujeito de 4 anos (tabela 6) apresentou melhora ao diminuir um pouco o número de erros A, ou seja, em não falar as cores proibidas, porém continuou a cometer praticamente o mesmo número de erros B, ao continuar repetindo as cores ditas anteriormente. Assim, comparando com os resultados de Mozzer (1994), sujeitos de até cinco anos puderam com as explicações e as interferências do adulto, começar a entender o papel dos cartões como facilitadores externos na lembrança das instruções do jogo.
O sujeito de 6 anos (tabela 7) diminuiu bem pouco a quantidade de erro A em relação à Tarefa 1, porém aumentou em relação à Tarefa 3, mostrando que não houve compreensão das instruções das cores proibidas ou erro A, porém é visível uma queda nos erros B, caindo pela metade o número de repetição de cores ditas anteriormente na Tarefa 3, com o uso de cartões e ajuda de adultos. Corroborando com a análise de Mozzer (1984) de que há queda no número de erros em que o sujeito pode contar com a ajuda de um adulto, como no caso da diminuição de Erros B ao longo do experimento. Consideramos que o fato de compreenderem as instruções, mas ainda apresentarem dificuldade em usá-las para ganhar o jogo, utilizando-as somente para lembrarem das cores proibidas as fez não apresentar uma grande alteração nos resultados da Tarefa 3.
O sujeito de 7 anos (tabela 8) mostrou que compreendeu as instruções ao não errar mais na Tarefa 3.
O sujeito de 9 anos (tabela 9) continuou com desempenho notável em relação aos sujeitos de 4 e 6 anos, tendo mostrado já na Tarefa 2 que havia compreendido as instruções, repetindo o desempenho na Tarefa 3 quanto ao erro A ao não falar as cores proibidas, porém tornou a repetir 50% das cores já faladas, deixando dúvidas quanto à execução de instruções pelo sujeito.
Esses resultados positivos da Tarefa 3 também confirmam os resultados de Mozzer (1994) sobre a importância do adulto em todas as faixas etárias observadas em que o adulto pode favorecer no desenvolvimento e aprendizagem de crianças.
5 Que estratégias verbais e não verbais a criança utiliza durante a execução das tarefas propostas nas condições estudadas?
Foi observado, no sujeito de 4 anos, um pouco de inquietude na aplicação do jogo, pois demonstrava não estar muito atento no jogo, no momento em que era questionado sua cor, ficava observando outros objetos ao redor do ambiente e os pesquisadores que estavam aplicando o jogo, bem pouco participativo, no colo da mãe, respondendo em um tom baixo, deixando de responder uma questão na Tarefa 1, quando lhe fora perguntado a cor da terra. E um segundo erro ocorreu na Tarefa 3, onde a criança respondeu vermelho ao ser perguntado a cor da mexerica, mostrando uma fala egocêntrica ao balbuciar as cores que conhecem, demonstrando estar tentando lembrar a cor certa do objeto questionado.
Já o sujeito de 6 anos, que participou do jogo pela manhã, deu a perceber que a criança não estava muito disposta a participar do jogo, seja pela questão do horário, ou por outro motivo qualquer. Tentamos chamar sua atenção com os brinquedos coloridos que integram o jogo e despertar seu interesse. A partir daí, ele alterna entre momentos de curiosidade e desinteresse. Um exemplo disso é que quando outra criança começaria a jogar, ele quis estar presente, mas ao chegar sua vez, ele disse não querer participar mais. Essa ambivalência também é percebida no decorrer de suas respostas. A criança demonstra querer comprovar que é capaz de dizer as cores perguntadas, respondendo prontamente, na maioria das vezes de maneira correta; no entanto, parece não entender ou não dar importância às regras do jogo. Isso se reflete em erros consecutivos, falando cores proibidas e repetindo cores o tempo todo. Além disso, em alguns momentos ele fala cores que não estão entre aquelas do jogo, como por exemplo, a cor dourada, quando questionado sobre a cor do ouro. E em outros momentos responde cores erradas, como quando questionado sobre a cor interna da melancia, cuja resposta foi verde e quando diz que a cor da bolsa é azul, sendo que já tinha respondido marrom e acertado anteriormente. Ao ser perguntado sobre seu desempenho, ele diz que achou fácil, mas que não acha que foi muito bem. 
Fazendo uma comparação com as outras crianças entrevistadas, percebemos que o desempenho desse menino foi mais próximo do sujeito na faixa dos quatro anos do que de outra criança na faixa dos sete. Podemos atribuir esse resultado a alguns fatores, como, por exemplo, ao estágio de desenvolvimento em que esse menino se encontra. De acordo com a teoria do desenvolvimento moral de Piaget, podemos dizer que ele estaria em um estágio de anomia, uma fase em que a criança ainda não compreende ou segue regras. Isso também pode ser justificado quando pensamos que essa criança se encontra no estágio de desenvolvimento cognitivo pré-operatório, o que a leva a ter um raciocínio pré-lógico. Mas, além disso, é importante mencionarmos também a influência que o humor pode ter tido em seu desempenho.
O sujeito de 6 anos também buscou a mãe diversas vezes durante o jogo.
Já os sujeitos de sete e nove anos, responderam as questões oralmente e também quando puderam aproveitaram para usar os cartões e indicar por gestos as cores proibidas, mostrando uma melhor interação com os pesquisadores além de se apropriarem do signo, no caso os cartões como representação das cores.
6 Como se dá a interação com o adulto na condição em que a criança pode contar com sua ajuda? Em qual faixa etária essa situação é mais eficiente?
Foi observado, no sujeito de quatro anos, um pouco de inquietude na aplicação do jogo. A criança não parecia muito atenta no objeto, no momento em que era questionado sua cor, ficava observando outros objetos ao redor do ambiente e os pesquisadores que estavam aplicando o jogo. Ele ficou acanhado, no colo da mãe, respondendo em um tom baixo demonstrando não compreender o jogo e nem suas regras. 
Já o sujeito de 6 anos demonstra querer comprovar que é capaz de dizer as cores perguntadas, respondendo prontamente, na maioria das vezes de maneira correta; no entanto, parece não entender ou ainda não conseguir seguir as regras do jogo. Assim, os sujeitos de 4 e 6 anos pouco tiraram proveito da interação com o adulto na condição em que a criança pode contar com sua ajuda, pois não pediam ajuda. 
Enquanto que para os sujeitos de 7 e 9 anos essa situação se mostrou mais eficiente pois houve pedido de dica sobre o que seria um urubu pelo sujeito de 9 anos, o que o ajudou a conseguir terminar o jogo respondendo todas as perguntas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
		Percebeu-se que a idade dos sujeitos altera a quantidade de erros cometidos no jogo, ora por não compreender as regras do jogo, ora por não seguir ou conseguir seguir as regras. Também percebemos que para algumas faixas etárias, como os de sete e nove anos foi mais fácil obedecer a uma das instruções, mas em todas as faixas se observou que os sujeitos pareceram ter bastante dificuldade em guardar mais
de uma instrução ao mesmo tempo em um curto prazo de tempo, como nos resultados no sujeito de quatro anos quando este se mostrou com mais dificuldade em participar do jogo, conforme foram introduzidos mais elementos no jogo para o sujeito memorizar, ou seja, além de não poder falar as cores proibidas e não repetir as cores, apareceu mais um elemento para guardar na memória que eram os cartões que deveriam ser utilizados.
	
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, M. K. A mediação simbólica. In: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
MALUF, Maria Regina; MOZZER, Geisa Nunes de Souza. Operações com signos em crianças de 5 a 7 anos. In: Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 16, n. 1, jan./abr., p. 63-69, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722000000100009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 ago. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722000000100009.
MOZZER, Geisa Nunes de Souza. Um Estudo sobre a Memória em Crianças de 5 a 7 anos. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Educação) 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1994. 
VYGOTSKY, L.S. O instrumento e o símbolo no desenvolvimento da criança. In: VYGOTSKY L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 2008. 
ANEXOS
Tarefa 1: sem cartões e sem ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – amarelo e verde
Segunda regra: não repetir as cores
1. Qual é a cor deste brinquedo? (azul)
2. Qual é a cor do sangue?
3. Qual é a cor deste lápis? (amarelo)
4. Qual é a cor da terra?
5. Qual é a cor do sol?
6. Qual é a cor das folhas das árvores?
7. Qual é a cor da banana?
8. Qual é a cor da maçã?
9. Qual é a cor desta bolsa? (marrom)
10. Qual é a cor da grama?
11. Qual é a cor deste lápis? (verde)
12. Qual é a cor da Coca-Cola?
13. Qual é a cor deste lenço? (branco)
14. Qual é a cor da laranja?
15. Qual é a cor desta bexiga? (verde)
16. Qual é a cor desta caneta? (preta)
17. Qual é a cor do leite?
18. Qual é a cor do céu?
19. Você acha que ganhou ou perdeu? O que não podia falar? O que mais?
Tarefa 2: com cartões e sem ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – azul e vermelho
Segunda regra: não repetir as cores
1. Qual é a cor desta bexiga? (azul)
2. Qual é a cor deste brinqudo? (verde)
3. Qual é a cor do algodão?
4. Qual é a cor do tronco das árvores?
5. Qual é a cor do morango?
6. Qual é a cor desta folha de papel?
7. Qual é a cor do café?
8. Qual é a cor desta caixa? (vermelha)
9. Qual é a cor deste lápis? (preto)
10. Qual é a cor da casca da maçã?
11. Qual é a cor deste lápis? (azul)
12. Qual é a cor deste brinquedo? (alaranjado)
13. Qual é a cor da grama?
14. Qual é a cor da terra?
15. Qual é a cor da piscina?
16. Qual é a cor da laranja?
17. Qual é a cor deste brinquedo? (amarelo)
18. Qual é a cor do cabelo loiro?
19. Você acha que ganhou ou perdeu? O que não podia falar? O que mais?
Tarefa 3: com cartões e com ajuda de adulto
Primeira regra: cores proibidas – marrom e alaranjado
Segunda regra: não repetir as cores
1. Qual é a cor da melancia?
2. Qual é a cor deste lenço? (branco)
3. Qual é a cor desta pasta? (vermelha)
4. Qual é a cor deste lápis? (laranja)
5. Qual é a cor desta borracha? (azul)
6. Qual é a cor do abacate?
7. Qual é a cor desta bolsa? (marrom)
8. Qual é a cor das nuvens?
9. Qual é a cor deste brinquedo? (verde) deste outro brinquedo? (alaranjado)
10. Qual é a cor deste outro brinquedo? (alaranjado)
11. Qual é a cor do ouro?
12. Qual é a cor do céu?
13. Qual é a cor deste brinquedo? (marrom)
14. Qual é a cor da terra?
15. Qual é a cor do urubu?
16. Qual é a cor deste brinquedo? (amarelo)
17. Qual é a cor da mexerica?
18. Qual é a cor do chocolate?
19. Você acha que ganhou ou perdeu? O que não podia falar? O que mais?
	
	Tabela controle 
	Criança
	Idade
	Tarefa 1
	Tarefa 2
	Tarefa 3
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	LU
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	Tabela 1b controle 
	Criança
	Idade
	Tarefa 1
	Tarefa 2
	Tarefa 3
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	LU
	4
	7
	4
	9
	5
	5
	5
	BR
	6
	7
	5
	5
	4
	6
	2
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	5
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	Tabela 2 desempenho de memória com uso de cartões
	Criança
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	Tarefa 3
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	Erro A
	Erro B
	LU
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	Tabela 3 desempenho de memória com uso de cartões
	Criança
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	Tarefa 1
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	Erro A
	Erro B
	BR
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	Tabela 4 desempenho de memória com uso de cartões
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