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Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 1 de 19 Aula 01: 26/08/2016 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: É o conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais já foi atribuída competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado. Centralização: É a situação em que o Estado executa suas tarefas diariamente, por intermédio dos inúmeros órgãos e agentes administrativos que compõem a estrutura funcional. Desconcentração: O Estado desmembra órgãos para propiciar melhoria na sua organização estrutural. Descentralização: O Estado executa indiretamente as tarefas, pois delega a atividade para outras entidades DELEGAÇÃO 1 Legal (Art. 37, XIX CF – Administração Pública Indireta Ex. Agência Reguladora Negocial - transferência apenas da execução. Lei 8.987/85 Ex. Concessionária // Permissionária 1. ÓRGÃOS (Arts. 1º e 2º, I Lei 9.784/99) Não tem personalidade jurídica (Sem direitos e obrigações). Teoria da Imputação Volitiva: Atos do agente público são imputados à Pessoa Jurídica que ele pertence. Órgão está dentro da entidade / pessoa jurídica. Capacidade Processual: Por força de Lei (Ex.: MP/Defensoria) Capacidade Processual dos Órgãos Independentes (STF): O STF vem atribuindo capacidade processual para os órgãos do topo da cadeia, no que tange à defesa de suas prerrogativas e competências, quando em conflito com outro órgão independente. 1.1. Classificação dos órgãos: (IASU²) I Independentes (não se submete à ninguém) A Autônomos (Ministérios / Secretarias) SU Superiores (Todos com poder decisório SU Subalternos (os de mera execução) 1 Criada por Lei: Direito Público // Registrado: Direito Privado Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 2 de 19 1.2. Administração Indireta: Pessoas criadas para auxílio no Serviço Público. Obs.: Não há hierarquia com a Administração Pública Direta, existe relação de vinculação. a. Autarquias: Não visa lucro. Pessoa Jurídica de Direito Público. Criadas por Lei. Braço do Estado. Atividade típica do Estado. b. Empresas Públicas: Pessoa Jurídica de Direito Privado. Serviço Público ou atividade econômica visam lucro. c. Sociedades de Economia Mista: Pessoa Jurídica de Direito Privado. Serviço Público ou atividade econômica visam lucro. d. Fundações (Autárquicas / Fundação Pública / Autarquia Fundacional): Fundação Pública. Direito público: criada por Lei. Direito Privado: Autorizada por Lei. e. Associações Públicas (Art. 6º, §1º Lei 11.107/05): Consórcio Público. Entidade multifederativa. - Princípios da Administração Pública Indireta: a. Reserva Legal (Art. 37, XIX CF): Obrigatoriedade de Lei que crie ou autorize. b. Especialidade: Deve ser expressamente consignada na Lei a atividade que será exercida descentralizadamente pela entidade. c. Controle: A Entidade não pode atuar com liberdade integral, pois está submetida à fiscalização da Administração Pública Direta, através da pessoa jurídica que ela está vinculada (Supervisão Ministerial). 2. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 2.1. Legalidade: Toda e qualquer atividade estatal deve ser autorizada por Lei. 2.2. Impessoalidade: Objetiva a igualdade de tratamento que deve ser dispensada pela Administração a todos os administrados, pois a conduta deverá sempre estar voltada ao interesse público. 2.3. Moralidade: O Administrador deve observar preceitos éticos na sua conduta, agindo sempre de maneira honesta. 2.4. Publicidade (Art. 37, §3º, II e Lei 12.527/11) Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 3 de 19 Está relacionado com a transparência da Administração Pública. A publicidade dos atos da administração deve ser ampla. Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, só se admitindo o sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior da administração, em processo previamente declarado sigiloso. 2.5. Eficiência É aquele que impõe a todo agente público a obrigação de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. 2.6. Supremacia do Interesse Público Apesar de não encontrar previsão expressa no Texto Constitucional, tal princípio é decorrência do regime democrático e do sistema representativo. Através dele, presume-se que a atuação do Estado tenha por finalidade o interesse público. Sempre que o Estado estiver presente na relação jurídica, como representante da sociedade, seus interesses prevalecerão sobre os interesses particulares, visto que o Estado defende o bem comum. Tal princípio marca uma relação de verticalidade existente entre o Estado e os particulares. 2.7. Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses públicos são indisponíveis, ou seja, não pertencem à Administração ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão em prol da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que impliquem renúncia de direitos da Administração ou que, injustificadamente, onerem a sociedade. 2.8. Auto Tutela: Decorre do princípio da legalidade. Por esse princípio a Administração pode controlar seus próprios atos, anulando os ilegais (controle de legalidade) e revogando os inconvenientes ou inoportunos (controle de mérito). De forma sucinta, é o princípio que autoriza que a Administração Pública revise os seus atos e conserte os seus erros. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 4 de 19 Aula 02: 02/09/2016 2.9. Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: Os serviços públicos visam atender os reclamos da sociedade, que em sua maioria, são inadiáveis. Por esta razão, o serviço público não pode ser interrompido, visto que o interesse público não guarda adequação com paralisações na Administração Pública. - Consequências: Exceção de Contrato não cumprido (não aplicável no Direito Público) – Art. 476 CC C/C art. 78, XV Lei 8.666/93 e art. 39, § único Lei 8.987/95 Bens afetados das concessionárias são impenhoráveis Intervenção do Estado no serviço concedido (art. 58, V Lei 8.666/93 e art. 32 Lei 8.987) Militar não pode fazer greve (Art. 142, §3º, IV CF) Art. 142, § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) Greve no setor público: art. 37, VII CF Greve no setor privado e atividade essencial (Art. 9,§1º CF) - Suspensão da prestação de serviço público remunerado por tarifa: Emergência / reparo técnico / obras Falta de pagamento – mediante aviso prévio (art. 6, §3º Lei 8.987) 2.10. Princípio da Razoabilidade: Tal Princípio deve ser observado pela Administração Pública a medida em que a conduta do administrador deve se apresentar dentro dos padrões normais de aceitabilidade (fundamentado na Legalidade e na Finalidade). 2.11. Princípio da Proporcionalidade: O fundamento deste Princípio é o excesso de poder e o fim a que se destina é exatamente o de conter atos, decisões e condutas dos agentes públicos que ultrapassem os limites legais. 2.12. Princípio da Finalidade: O ato administrativo, para ser lícito e legítimo, deve atender os fins a que se destina. Ou seja, tal Princípiocorresponde a uma orientação obrigatória da atividade administrativa ao interesse público. 2.13. Princípio da Motivação: Significa dizer que a Administração Pública tem a obrigação de justificar, de fato e de direito, o motivo de seus atos. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 5 de 19 - Correntes: Só se motiva os atos se houver previsão legal. A obrigatoriedade é apenas para os atos dos tribunais. STF! Todos os atos administrativos devem ser motivados, pois, se até os tribunai, que fiscalizam a Administração Pública precisa motivar, a Administração Pública também está obrigada2. 2.14. Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: O Contraditório serve para que a parte contrária possa rebater os fatos alegados em seu desfavor, produzindo todas as provas possíveis. A Ampla Defesa resguarda o direto de se defender previamente antes de qualquer decisão que venha prejudicar a parte contrária. PODER PÚBLICO: É uma prerrogativa funcional de direito público atribuída ao cargo para viabilizar a atividade administrativa do agente público. 1.1. Poder Dever: Se para o particular o poder de agir é uma faculdade, para o Administrador Público é uma obrigação e sempre em benefício da comunidade, sob pena de responsabilidade. (Art. 11 Lei 9784/99). 1.2. Abuso de Poder: Se o Administrador Público não agir nos limites impostos pela Lei, estará agindo com abuso, sendo o seu ato passível de controle. a. Excesso de Poder: O agente atua fora dos limites de sua competência, invadindo atribuições de outro agente. b. Desvio de Poder / Finalidade: O agente, embora dentro da competência atribuída pela Lei, afasta-se do interesse público, buscando alcançar fim diverso daquele que a Lei permitiu. - Invalidação de Conduta abusiva: Autotutela: A própria Administração Pública pode invalidar o ato. Ação Judicial (MS / HC): O Judiciário, quando invocado, pode invalidar o ato. 1.3. Deveres do Administrador Público: a. Probidade: Ser honesto. Lei 8429/92 (Lei de Improbidade Administrativa)3 2 Só não se motiva quando a lei dispensar (Art. 37, II CF) 3 Será probo o administrador que: (i) não enriquecer ilicitamente; (ii) não causar prejuízo ao erário; (iii) não atentar contra os Princípios da Administração Pública. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 6 de 19 b. Prestar Contas (Arts. 70 e 71 CF): O Administrador Público deve prestar contas de sua atividade. Todos que recebem dinheiro público. c. Eficiência: Necessidade de tornar cada vez mais qualitativa a atividade administrativa, visando qualidade e eficiência da atividade para a comunidade. 1.4. Hierarquia: É o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração Pública, que tem por objetivo a organização da função administrativa. Exceção no judiciário: Súmula Vinculante. - Efeitos: Poder de mando e dever de obediência. Fiscalização das atividades Revisão dos atos administrativos Avocação – praticar o ato pelo subordinado4 (Art. 15 Lei 9.784/99) 4 É diferente da delegação (Art. 14 Lei 9.784) que é a transferência de atribuições genéricas e comuns de um órgão a outro no aparelho administrativo. Visa maior eficiência na ação dos administradores públicos. É feito por portaria. Em regra, o delegante não responde pelo ato do delegado, salvo se comprovado conluio. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 7 de 19 Aula 03: 09/09/2016 1. PODER HIERÁRQUICO É decorrente da estrutura orgânica do Estado, ou seja, da relação verticalizada dos Órgãos Públicos com a consequente relação hierárquica de subordinação. - Consequências: Poder de mando / dever de obediência Fiscalizar atividades do subordinado Avocar competência 2. PODER DISCIPLINAR Antes de ser punido, o agente deve ter direito à ampla defesa e ao contraditório e, necessariamente, deve ser aberto um PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Exceção: Art. 145 Lei 8.112/90 2.1. Conceito: Ao realizar o controle dos atos dos seus subordinados, entendendo o superior que houve cometimento de infração, deverá apurar o caso e aplicar sanção disciplinar (advertência / suspensão / demissão / cassação de aposentadoria etc.) Art. 127 Lei 8.112/90. Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. 2.2. Doutrina / Particulares: Segundo doutrina minoritária, um vencedor de licitação que não cumprir adequadamente o Contrato administrativo, poderia ser punido pela Administração Pública como exercício do Poder Disciplinar. Ex.: Descumprimento de Contrato. 2.3. Limites ao Poder Disciplinar: Necessidade de Sindicância ou PAD para instaurar irregularidades; Contraditório e ampla defesa; Motivação (disposição legal) na aplicação de penalidade (causa da sanção) Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 8 de 19 Obs.: Defesa técnica no PAD: Súmula 343 STJ e Súmula Vinculante 05.5 Súmula 343 - É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar. Súmula 5 - A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo não ofende a Constituição. 3. PODER REGULAMENTAR Ao editar as Leis, o Poder Legislativo nem sempre possibilita que elas sejam de pronto executáveis. Nesta situação, a Administração Pública edita atos gerais para complementar as Leis e permitir a sua efetiva aplicação. 3.1. Natureza: Derivada / Secundária. Não pode inovar/alterar a Lei. Art. 84, IV e 49, V CF. 3.2. Espécies: a. De primeiro Grau: Regulamentos / decretos b. De segundo Grau: Instruções c. expedidas por Ministros. 3.3. Controle de Constitucionalidade Não será possível controle do Decreto Regulamentar por ADIN, visto que ele só poderá ser considerado ilegal, em virtude da sua natureza e não inconstitucional diretamente. Resta apenas a possibilidade de controle por ADPF. 4. PODER VINCULADO A Lei apresenta os elementos e requisitos necessários a formalização dos ato, não existindo liberalidade operacional ao agente administrativo. Sendo assim, a Lei decide pelo agente, impondo a prática do ato e colocando o agente como mero executor. 5. PODER DISCRICIONÁRIO É a prerrogativa conferida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público. Ou seja, o agente possuía uma razoável liberdade de atuação. 6 5 Princípio da Adequação Punitiva (Art. 165, Lei 8.112/90) No momento de aplicar a pena, o julgador deverá observar a natureza da infração e a sua gravidade, os antecedentes, atenuantes e agravantes e prejuízos causados, com adequação da sanção à conduta (Art. 128 Lei 8.112/90) 6 Obs.: Os elementos do ato (competência, forma e finalidade) serão sempre vinculados. Motivo e objeto podem ser discricionários. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 9 de 19 5.1. Conveniência e oportunidade (Mérito Administrativo) A Conveniência indica em que condições o agente vai se conduzir.Já a oportunidade indica o momento em que a atividade deve ser produzida. Ex.: Arts. 130, § 2º e 91 Lei 8.112/90 Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. 5.2. Arbitrariedade: Sob o pretexto de agir com discricionariedade, o agente atua fora dos limites da Lei ou em direta ofensa a esta. Neste caso, o ato é ilegal e poderá ser anulado pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. 5.3. Limites da Discricionariedade: Adequar a escolha à finalidade prevista na Lei (interesse público); Proporcionalidade / razoabilidade. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 10 de 19 Aula 04: 16/09/2016 6. PODER DE POLÍCIA É a prerrogativa de Direito Público que, firmado na Lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade. 6.1. Atividades que envolvem o exercício do Poder de Polícia (formas de atuação) a. Legislação: Estabelece os limites do exercício dos direitos individuais. b. Consentimento: Possibilita ao particular o exercício da atividade controlada pelo Poder Público. c. Fiscalização: A Administração Pública verifica o cumprimento pelo particular das normas d. Sanção: A Administração Pública aplica penalidade àqueles que descumpriram as normas e as condições da permissão. 6.2. Delegação do Poder de Polícia: É Possível para as pessoas que integram a Administração Pública. Ao particular não é possível. - Requisitos para delegar: Pessoa integrante da Administração Pública Delegação por Lei Atos de consentimento e fiscalização (STJ RESP 817 534)7 RESP 817 534: “... No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). Somente o atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - aplicação de multas para aumentar a arrecadação...” a. Polícia Administrativa: É a atividade da Administração Pública que se exaure em si mesma, atuando sobre as atividades dos indivíduos. Possui caráter preventivo, evitando danos à coletividade. 7 STF (ARE 662 182) Aguardando julgamento sobre a possibilidade de delegar atos para aplicar sanções. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 11 de 19 b. Polícia Judiciária: Prepara a atuação da função jurisdicional penal, regulada pelo CPP, e é executada pelos órgãos de polícia judiciária, atuando sobre o indivíduo em si, aquele que cometeu ilícito penal. Possui caráter repressivo. 6.3. Finalidade do Poder de Polícia: Proteção dos interesses coletivos. 6.4. Limites do Poder de Polícia: Os direitos individuais devem ser restringidos na medida indispensável para a satisfação do interesse público. 6.5. Características do Poder de Polícia: a. Autoexecutoriedade: A Administração Pública pode agir de imediato para evitar danos a coletividade, sem que haja previa autorização judicial para tanto. b. Discricionariedade / Vinculação: O Poder de Polícia poderá ser discricionário quando o agente público puder analisar o que é melhor para a Administração Pública. Será vinculado quando estiver fixada a dimensão da limitação em lei, não podendo ampliá-lo em detrimento do particular. c. Coercibilidade: A polícia administrativa não poderá se curvar aos interesses dos administrados de obedecer ou não às imposições. Ou seja, o particular é obrigado a observar os seus comandos, sob pena de sanção. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 12 de 19 Aula 05: 23/09/2016 ATO ADMINISTRATIVO: É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar direitos ou impor obrigações aos administrados ou a si próprio. - São Necessários: d. A vontade é emanada unilateralmente por um agente da Administração Pública; e. O conteúdo deve produzir efeitos jurídicos com o fim Público; f. O ato deve ser regido pelo Direito Público 1. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO 1.1. Presunção da Legitimidade ou Legalidade: Milita em favor dos atos administrativo uma presunção relativa quanto à sua veracidade, ou seja, eles são tidos como verdadeiros até prova em contrário. 1.2. Imperatividade ou Coercibilidade: Segundo este Atributo, os atos administrativos se impõem a terceiros independentemente de sua concordância e decorre da prerrogativa do poder público de, por meio de atos unilaterais, impor a obrigação a terceiro. 1.3. Auto Executoriedade: Segundo este atributo, o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem a necessidade de intervenção do Poder Judiciário. 2. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (ART. 2º LEI 4.717/65) COM Competência Sempre Vinculados FI Finalidade FOR Forma M Motivo Podem ser vinculados ou discricionários OB Objeto 2.1. Competência É o círculo definido por Lei dentro do qual podem os agentes administrativos exercer legitimamente a sua atividade. A Lei dita os limites das atribuições cometidas às pessoas administrativas, órgãos e agentes públicos. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 13 de 19 - Características: a. Inderrogabilidade: A competência de um órgão ou agente não pode ser transferida a outro por acordos de vontade. b. Improrrogabilidade: A incompetência na esfera administrativa não se transmuda em competência, como ocorre, por exemplo, no Judiciário (competência relativa) c. Delegação e Avocação: Arts. 12 e 13 Lei 9.784/99 - Agente de fato necessário: Ocorre quando alguém exerce uma função pública para evitar danos à coletividade em situação excepcional. O exercício é sem investidura. É um mero colaborador que age de boa- fé, visando o interesse público. A urgência convalida o ato e pela Teoria da Aparência, a Administração Pública é responsável pelos danos gerados pelo ato. Ex.: Auxílio em acidente. - Agente de fato putativo: Este agente se encontra no interior da Administração Pública,desempenhando atividade Pública, de boa-fé, como se agente da Administração fosse. Perante terceiros, os seus atos são válidos em decorrência da segurança jurídica, Teoria da Aparência e boa-fé doas administrados. Internamente, o ato deverá ser ratificado para suprir o vício. - Agente usurpador da Função Pública: É aquele que, com violência ou fraude, se apodera da função pública para interesse particular. Perante terceiros o ato é inválido, não incidindo qualquer responsabilidade para a Administração Pública. Excepcionalmente, poderá haver responsabilidade perante terceiros quando comprovado que a Administração Pública não vigiou adequadamente a atividade. Ex.: Pessoa atendendo como médico em hospital sem CRM. - Atos Emanados por agente com incapacidade menta: Em regra, para o ato administrativo ser válido, o agente deverá ter competência legal e capacidade para praticar o ato. Porém,, o STJ entende que o ato administrativo vinculado que for emanado por agente incapaz terá validade, desde que forem editados nos ditames da Lei. Isso porque o agente é mero executor da Lei e não precisa fazer qualquer análise de mérito administrativo. 2.2. Finalidade: Sucede a prática do ato e corresponde a algo que a Administração Pública quer alcançar com a sua edição, ou seja, é o bem jurídico objetivado pelo ato. É o que o ato se compromete. Ex.: desapropriação para escola. Finalidade: educação. - Finalidade como elemento discricionário ou vinculado: Quando a lei conferir certa liberdade ao agente, a opção deste deverá estar atrelada ao interesse público, uma vez que a finalidade mediato do ato administrativo deve estar atrelada ao bem comum, sob pena de desvio de finalidade. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 14 de 19 2.3. Forma: É a maneira descrita em lei de como o ato deve ser praticado, ou seja, é o revestimento externo do ato. a. Regra: Escrita (Princípio da Solenidade das formas) b. Excepcionalmente: Livre gestos, palavras, sinais etc. - Silêncio Administrativo: Ocorrerá quando houver demora ou ausência de pronunciamento da Administração Pública, sendo caracterizado como mero fato jurídico administrativo, não importando em anuência da Administração, nem em sua negativa. Não é permitido, cabe MS. 2.4. Motivo: Antecede a prática do ato administrativo e corresponde à situação de direito que autoriza ou exige a prática do ato. Ex.: construção irregular é o motivo para o ato de embargar a obra; plantio de drogas é o motivo para o ato de desapropriar. a. Motivo de fato: Deixado a critério do Administrador (discricionário: oportunidade e conveniência) Ex.: desapropriação para escola. b. Motivo de direito: O motivo é previsto na Lei que obriga a prática do ato (vinculado). Ex.: desapropriação plantio de droga. c. Motivação: É a justificativa do pronunciamento tomado pela Administração Pública com a exposição de todos os motivos (pressupostos de fato) que determinaram a prática do ato. d. Teoria dos motivos determinantes: Segundo essa teoria, a validade do ato fica atrelada a veracidade do motivo (não pode ser falto sob pena de nulidade). 2.5. Objeto: É aquilo que o ato almeja alcançar, ou seja, é o que o ato se propõe. Ex.: nomeação de servidor visa ocupar cargo público. NÃO HÁ VAGAS NAS ESCOLAS Motivo Não há vagas Finalidade Educação Pública Objeto Desapropriação CONSTRUÇÃO IRREGULAR Motivo Construção irregular Finalidade Segurança da coletividade Objeto Embargo de obra [INCOMPLETO] Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 15 de 19 Aula 06: 30/09/2016 1. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.1. Controle de mérito A valoração de conduta que configura o mérito administrativo poderá ser alterada. Basta haver mudança dos fatores de conveniência e oportunidade separados pelo agente. Súmula 473 STF. Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 1.2. Controle Judicial (art. 5º, XXXV CF) O ato administrativo poderá ser controlado pelo Poder Judiciário em relação ao aspecto da Legalidade. Constatado o vício, o julgador anulará o ato administrativo. 2. FORMAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO: 2.1. Perfeição São aqueles atos que passaram por todas as fases de formação. Ex.: Decreto assinado pelo Presidente da República e Ministro da pasta. 2.2. Eficácia São os atos administrativos com aptidão para produzir efeitos 2.3. Exequibilidade: É a existência de operatividade do ato administrativo, ou seja, ele já pode ser colocado em execução. - Validade: É a conformidade do ato administrativo com a Lei. - Inexistente: São aqueles atos que não chegam a se aperfeiçoar. - Ato nulo e ato anulável 3. CLASSIFICAÇÃO A vontade do Estado pode ser exteriorizada de forma uma ou múltipla 3.1. Ato Simples: A vontade do Estado emana de um único órgão ou agente Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 16 de 19 3.2. Ato composto: No ato composto, a vontade da administração emana de dois órgãos ou agentes administrativos, da seguinte forma: 1º ato: há uma vontade autônoma de conteúdo próprio. 2º ato: há uma vontade instrumental que serve para ratificar a anterior (acessório). Ex.: dispensa de licitação, art. 26 da Lei 8.666 // locação com fiador. Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) 3.3. Ato complexo: 8 A vontade da Administração exige a manifestação autônoma de dois órgãos ou agentes administrativos. Ou seja, há a prática de um ato que se resulta da conjugação de duas ou mais vontades. Ex.: art. 71, III CF Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; 3.4. Ato de império: Caracterizam-se pelo pode de coerção decorrente da soberania do Estado, não intervindo a vontade dos administrados. 3.5. Atos de Gestão: Ocorrem quando o Estado atua no mesmo plano dos particulares, voltado para a gestão da coisa pública. Age como negociante. Ex.: venda de um imóvel pela Administração Pública. 3.6. Atos de Expediente: São atos internos da Administração que visam dar andamento aos serviços desenvolvidos por uma entidade, órgão ou repartição. Ex.: encaminhamento de ofício. 8 Processo administrativo é diferentede ato completo. No processo Administrativo há uma sequencia de atos e o ato complexo equivale a um único ato administrativo. No processo administrativo, poderá haver o questionamento a cada ato praticado, diferente do ato complexo que só pode ser questionado após a sua completa formação. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 17 de 19 3.7. Ato Normativo: São aqueles editados com a finalidade de suprir a lacuna da norma jurídica formal ou explicitar a sua execução. Ex.: Regulamentos / decretos 3.8. Atos Ordinários: São aqueles de eficácia interna que visam esclarecer sobre o desenvolvimento dos serviços de um órgão. Ex.: Resolução / avisos 3.9. Atos negociáveis: São os atos provocados por terceiros que se subordinam ao interesse público, gerando caráter de negócio jurídico, sem se tratar de um contrato. Ex.: Licença / autorização a. Licença: É ato administrativo vinculado e definitivo. Uma vez observados os requisitos legais, a Administração Pública é obrigada a conceder a licença. b. Autorização: É ato administrativo discricionário e precário, podendo ser revogado a qualquer tempo, sem indenização, salvo se concedida por prazo certo. c. Permissão (Art. 29, IV Lei 8.987/95): É ato administrativo discricionário e precário, que pode ser revogado a qualquer tempo, sem direito a indenização, salvo se concedida por prazo certo. Permissão: Serviço de utilidade pública. Ex.: Táxi Autorização: Serviço de interesse privado (Econômico exclusivamente) d. Concessão: É Contrato administrativo bilateral, através do qual transfere-se a execução do serviço público para particulares por prazo certo e determinado. Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 18 de 19 Aula 07: 07/10/2016 1. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 1.1. Anulação: Quando o ato administrativo for praticado em desconformidade com suas normas regulamentadoras ele poderá ser anulado (vício de legalidade) tanto pela própria administração (autotutela S. 473 STF) quanto pelo Poder Judiciário. - Anulação: Obrigação ou não? a. Corrente majoritária: Decorrente do art. 37 CF b. Carvalhinho: Afirma que o Administrador deverá anular o ato ilegal para restaurar a legalidade, porém, em determinadas situações, não poderá assim proceder, pois não terá escolha. Ele cita atos alcançados pela decadência e prescrição. - Efeitos: Ex Tunc, fulminando o que já ocorreu. Obs.: resguardar0se os direitos (Efeitos) para o terceiro de boa-fé.9 - Prazo para anulação: 05 anos (Art. 54 Lei 9.784/99). Salvo se houver má-fé, nesse caso, não opera decadência. 1.2. Convalidação (Aperfeiçoamento ou Sanatória) Art. 55 Lei 9.784 É o ato administrativo pelo qual a Administração Pública supre o vício de outro ato administrativo. a. Ratificação (vício de competência): A Administração Pública sana o vício através da ratificação do ato por agente competente. b. Reforma (vício de forma): A Administração Pública sanará o vício com a adoção da forma legal imposta para aquele ato. c. Conversão (objeto de conversão / Plúrimo): A Administração Pública converte um ato inválido em ato de outra categoria, pois a Lei prevê mais de uma possibilidade. Os outros elementos (finalidade / objeto único) não poderiam ser convalidados pois gerariam novo ato. 9 STF entende que devem ser resguardados o Contraditório e a Ampla Defesa aos interessados de forma prévia (antes da anulação). Salvo Súmula Vinculante 03: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” Direito Administrativo Professora: Estefânia Gonçalves Página 19 de 19 1.3. Revogação: A Administração Pública promove a retirada de um ato administrativo do mundo jurídico por razoes de conveniência e oportunidade. a. Pressuposto: Interesse Público b. Fundamento: Poder Discricionário c. Efeitos: Ex Nunc, ou seja, são respeitados os efeitos produzidos pelo ato revogado d. Indenização: Em regra não há indenização (salvo se conter prazo certo) e. Atos que não podem ser revogados: 1. Atos que já exauriram seus efeitos 2. Atos vinculados 3. Atos que a Lei declare irrevogáveis
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