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04 – SISTEMAS DE SUPERFÍCIE ATIVA 04.01 - Conceitos • Sistemas estruturais onde a transmissão dos esforços se dá por tensões distribuídas na superfície estrutural. • A superfície da edificação é a própria estrutura. • As espessuras são pequenas se comparadas com as dimensões em plantas, o que justifica a existência apenas de esforços de membrana. 04.01 - Conceitos • Denominações: – Cascas – Cascas delgadas – Shell structures • A forma da superfície é quem garante a rigidez. – Comparativo de uma folha de papel plana e uma folha dobrada. – A forma adquire importância 04.01 - Conceitos • Não se distingue a estrutura de seu invólucro (pele). – A estrutura não é mais um esqueleto revestido (Cristo Redentor). – O revestimento é a própria estrutura. • Mesmo as barras de treliças, ou de pórticos, podem ser entendidas como sistemas de superfície ativa, quando observado o que acontece ao longo da barra. 04.02 - Histórico • 27 ≈ 25 A.C.: Cúpula do Panteon (Roma): – Diâmetro de 42 metros. – Abertura central de 10 metros. • 532 ≈ 537: Cúpula de Santa Sofia - Constantinopla: – Artemio de Tralles. Isidoro de Milleto. • 1590: Cúpula de São Pedro (Roma) – 42 metros de vão. – Tijolos e nervuras de pedras pesando 4.000 toneladas. – O desvio contínuo entre as aduelas de pedras faz com que a resultante das cargas acima de uma aduela caia no núcleo de inércia do bloco inferior, gerando somente compressão na aduela inferior. – Projeto de Michelangelo. Santa Sofia Pantheon Cúpula de São Pedro 04.02 - Histórico • 1924: Primeira cúpula em concreto armado – Jena (Alemanha) – Projeto de Carl Zeiss. – Mesmo vão da cúpula de São Pedro. – Pesando apenas 330 toneladas. • Situação atual: – As espessuras são mínimas: 10 a 15 cm para vãos até de 100 metros. – Existem dificuldades executivas • Alto custo de fôrmas e escoramentos – Soluções alternativas para redução dos custos de fôrmas e escoramentos • Cascas em concreto armado infladas. • Sistemas de fôrmas em argamassa armada incorporadas à seção: Píer Luigi Nervi Cúpula em Jena CNIT - Paris 04.03 – Propriedades Geométricas das superfícies • Plano tangente: – Plano que tangencia a superfície em único ponto • Normal à superfície em um ponto: – Reta normal ao plano tangente que passa pelo ponto. • Plano normal: – Qualquer plano que contenha a reta normal. – Por um ponto passam infinitos planos normais. • Seção Normal: – Curva resultante da seção normal com a superfície. – Por um ponto da superfície existem infinitas seções normais. 04.03 – Propriedades • Círculo osculador: – Círculo que tangencia uma seção normal no ponto dado. – Para cada seção normal deve existir um único círculo osculador naquele ponto. • Raio de curvatura: – Raio do círculo osculador à seção normal à superfície no ponto. – Para cada plano normal, tem-se uma seção normal e um raio de curvatura diferente no ponto. – Rx: Raio do círculo osculador que contém o plano XZ – Ry: Raio do círculo osculador que contém o plano YZ. 04.03 – Propriedades • Curvatura: – É o inverso do raio de curvatura do círculo osculador. – Cx = 1/Rx; Cy = 1/Ry – Curvatura positiva; Curvatura negativa • Curvaturas principais: – Dada uma superfície, em um determinado ponto existem dois planos normais que definem seções normais, cujas curvaturas naquele ponto são máxima e mínima. – C1: Curvatura máxima; C2: Curvatura mínima. • Curvatura Gaussiana: – É o produto da curvatura máxima pela curvatura mínima. – K = C1.C2 04.04 – Classificação quanto à curvatura • Superfícies Sinclásticas: – Superfícies de dupla curvatura com curvatura gaussiana positiva. – K = C1.C2 > 0 – Exemplos: Cúpulas, Parabolóides Elípticos. • Superfícies Anticlásticas: – Superfícies de dupla curvatura com curvatura gaussiana negativa. – K = C1.C2 < 0 – Exemplos: Parabolóides Hiperbólicos, Conóides, Hiperbolóides. 04.04 – Classificação quanto à curvatura • Superfícies Desenvolvidas: – Superfícies de curvatura simples. – K = 0; C1 ou C2 =0. – Cascas cilíndricas, abóbodas. • Rigidez – As superfícies anticlásticas geram estruturas mais rígidas que as superfícies sinclásticas, que por sua vez geram estruturas mais rígidas que as superfícies desenvolvidas. – Vãos (superfícies anticlásticas) > Vãos (superfícies sinclásticas) – Vãos (superfícies sinclásticas) > Vãos (superfícies desenvolvidas) 04.05 – Classificação quanto à forma de geração • Superfícies de revolução: – Obtidas pela rotação de uma curva em torno de um eixo. – A curva que define a superfície é denominada Meridiano. 04.05 – Classificação quanto à forma de geração – Exemplos: • Cúpulas esféricas: Meridiano é um círculo. • Cúpulas parabólicas: Meridiano é uma parábola. • Hiperbolóide de revolução: Meridiano é uma hipérbole. – Pode ser gerado também com um meridiano constituído de uma reta reversa em relação ao eixo de revolução. Por isso é classificado também como superfície regrada. 04.05 – Classificação quanto à forma de geração • Superfícies de translação: – Obtidas pela translação de uma curva (geratriz) apoiada sobre uma ou duas curvas (diretrizes). – Exemplos: • Casca cilíndrica: Geratriz é um círculo. • Parabolóide hiperbólico: Geratriz é uma parábola, diretriz é uma parábola com curvatura oposta. • Parabolóide hiperbólico: Geratriz é uma reta, diretrizes são duas retas reversas. – Pelo fato de possibilitar a geração somente com retas a superfície é denominada de regrada. 04.05 – Classificação quanto à forma de geração • Superfícies de translação: – Exemplos: • Parabolóide elíptico: Geratriz é uma parábola, diretriz é uma parábola com curvatura de mesmo sentido. • Conóide: Geratriz é uma reta. Uma diretriz é uma reta a outra é uma curva (círculo ou parábola) não coplanar à primeira reta diretriz. Também pode ser entendido como uma superfície regrada. 04.06. Tipologia de superfícies espaciais • Cascas cilíndricas: – São superfícies desenvolvidas, geradas por translação. – A geratriz pode ser uma reta e a diretriz uma curva (círculo, parábola, elipse). – Podem ser entendidas também como geradas pela translação de uma curva geratriz (círculo, parábola ou elipse) apoiada sobre uma diretriz reta. 04.06. Tipologia de superfícies espaciais • Cúpulas: – São superfícies sinclásticas. – O meridiano pode ser: • Círculo: Cúpula esférica. • Parábola: Cúpula parabólica. • Elipse: Cúpula elíptica. – Os paralelos são círculos. 04.06. Tipologia de superfícies espaciais • Parabolóides: – São superfícies geradas pela translação de uma parábola apoiada em outro parábola. A geratriz e a diretriz são parábolas. – Se as duas têm curvaturas de mesmo sentido, a superfície é sinclástica. Se denomina Parabolóide Elíptico. – Se as duas têm curvaturas de sentidos opostos, a superfície é anticlástica. Se denomina Parabolóide Hiperbólico. – Parabolóide Hiperbólico: Seções paralelas ao plano XY (curvas de nível) definem hipérboles. Pode ser também uma superfície regrada. – Parabolóide Elíptico: Seções paralelas ao plano XY (curvas de nível) definem elipses. Parabolóides 04.06. Tipologia de superfícies espaciais • Elipsóide de revolução: – Supefície de revolução onde o meridiano é uma elipse. – Superfície sinclástica. – “Elipse no rolete”. • Hiperbolóide de revolução: – Pode ser gerado pela revolução de uma hipérbole em torno de uma eixo de rotação. – Pode ser gerado também pela revolução de uma reta reversa ao eixo de rotação. • Superfície regrada. – É uma superfície anticlástica. – Muita usada em telhas protendidas. Fatias da superfície. Hiperbolóides de revolução 04.06. Tipologia de superfícies espaciais • Conóide: – Pode ser gerado pela translação de uma reta (geratriz) apoiada em uma diretriz reta e outra curva (círculo, elipse). – È uma superfície anticlástica. • Embora uma das curvaturas seja nula, a da geratriz, a direção da mesma não é direção principal. • Nas direções principais as duas curvaturas têm sentidos opostos. – Exemplo de associação de conóides em uma cobertura tipo shed: Conóides 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Elementos principais: – Casca • Seção Circular, Parabólica ou Eliptica. – Viga ou tensor de bordo • Absorve os esforços de tração. • Altura (h) ≈ 15 cm. – Vão: L – Flecha: f – Tímpano: • Pode ser em formato de: • Arco • Maciço • Diafragma 30 Lhf Cascas cilíndricas Arcos apoiados em vigas Arco: Transmissão transversal. Viga: Transmissão longitudinal. Aberturas podem ser feitas na casca sem prejuízo da estabilidade. A altura da viga deve ser compatível com o vão L/10~L/15 Abóboda Todo o conjunto trabalha solidariamente. Tirante: Concentra esforço de tração. Aberturas não podem ser feitas na casca sem prejuízo da estabilidade. Analisar tensões. Não existe mais a viga trabalhando à flexão. 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Ação portante – Uma folha dobrada é mais rígida que uma folha plana. – Na direção longitudinal, a compressão na casca e a tração no tirante garantem o funcionamento como viga. – O efeito de arco é responsável pela distribuição transversal. – Tensões que se manifestam: • Tensão normal na direção longitudinal: NL • Tensão normal na direção transversal: NT • Esforço cortante na direção longitudinal: QTL • Esforço cortante na direção transversal: QLT 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Ação portante – Diagrama de tensões normais longitudinais NL: • Compressão na casca: – Máxima no vértice. – Nula junto ao tirante. – Tração constante no tirante. – Diagrama de tensões normais transversais NT: • Máximas no vértice. • Nulas nas extremidades inferiores. 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Isostáticas de tração e compressão: – Em cada ponto tem-se: NT, NL, QTL, QLT. – Para cada ponto, dado um ângulo , pode se calcular N, N+90, Q, Q+90. – Para cada ponto existe um ângulo tal que: • N = máximo (tração); N+90 = mínimo (compressão) • Q = 0; Q+90 = 0 – Os ângulos e +90 definem as direções principais. – As linhas que unem em cada ponto as direções principais são denominadas de isostáticas de: • Esforços máximos (isostáticas de tração). • Esforços mínimos (isostáticas de compressão). 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Influência da curvatura: – Caso a curvatura do arco obedeça a linha de pressão do carregamento, desaparece o funcionamento longitudinal do conjunto. A resistência longitudinal recai sobre o tensor, que passa a funcionar como viga. – O conjunto passa a funcionar como uma série de arcos paralelos apoiados sobre uma viga de bordo. • NL = 0 • QTL = QLT = 0 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Influência da curvatura: – Caso a curvatura do arco obedeça a linha de pressão do carregamento, desaparece o funcionamento longitudinal do conjunto. A resistência longitudinal recai sobre o tensor, que passa a funcionar como viga. – O conjunto passa a funcionar como uma série de arcos paralelos apoiados sobre uma viga de bordo. • NL = 0 • QTL = QLT = 0 04.07. Cascas cilíndricas - Abóbodas • Inclinação da casca no bordo: – O plano do tirante de bordo deve ser paralelo ao vértice inferior da casca. – Evitar transições bruscas. O desvio da força de compressão na casca gera um componente horizontal que empurra o tirante para fora.. – Usar curvas de transição quando necessário. – O desvio brusca da força de compressão na casca gera um força horizontal que produz flexão na extremidade da casca. • O problema pode ser minorado com o enrijecimento do bordo. Tensões na direção longitudinal Tensões na direção transversal Eladio Diestes Vitória Santo Antão (PE) Eladio Diestes Rio do Sul (SC) Viga horizontal para contenção da componente horizontal da força normal. Pier Luigi Nervi Hangar em Orvieto (IT) Oscar Niemeyer Oscar Niemeyer Memorial América Latina 04.08 - Cúpulas • Tensões de membrana: – Somente tensões normais ao longo dos meridianos e ao longo dos paralelos. – Condições para ocorrência somente de tensões de membrana: • Carregamento simétrico. • Apoio tangente à cúpula. – Apoio não tangente gera distúrbios de borda. • Apoio contínuo – Apoios discretos, pontuais, geram distorções nos esforços na região de aplicação. Solução adotada por Nervi no Palacete dos Desportes em Roma: Cúpulas 04.08 - Cúpulas • Ação portante de uma cúpula esférica com carga q uniformemente distribuída: – Acima do paralelo de 52 graus o carregamento comprime os anéis (paralelos). – Abaixo do paralelo de 52 graus o carregamento traciona os anéis (paralelos). – O ângulo de 52 graus corresponde ao ponto onde a Linha de pressão do carregamento, parábola, intercepta o eixo do meridiano. – Demonstrar através do equilíbrio de fatias de peso constante. Esforços Cúpulas cilíndricas X esféricas Na cúpula esférica o desvio do eixo do meridiano em relação à linha de pressão do carregamento é compensado com solicitações nos anéis (paralelos). Na cúpula parabólicas os anéis (paralelos) não são solicitados. Tensões nos paralelos Tensões nos meridianos 04.08 - Cúpulas • Perturbações de borda: – O apoio, quando não é tangente à cúpula, deve permitir a translação do meridiano, afim de não se gerar uma reação horizontal. – Uma eventual força horizontal introduz flexão na extremidade da placa. O bordo deve ser enrijecido à flexão. – A solução do apoio tangente elimina o problema. – Quando o apoio não é tangente pode se executar um anel de bordo afim de confinar as forças horizontais. • Este anel de bordo pode ser protendido. • Em cúpulas abatidas, muito rebaixadas, existe uma transição brusca de um paralelo comprimido para um anel de bordo tracionado. Pier Luigi Nervi Palacete dos Esportes (Roma) Pier Luigi Nervi Palacete dos Esportes (Roma) Pier Luigi Nervi Palacete dos Esportes (Roma) Palacete dos Esportes (Roma) Pier Luigi Nervi Palácio dos Esportes (Roma) Palácio dos Esportes (Roma) 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos • Características: – Pelo fato de serem formados por superfícies anticlásticas são muito rígidos, vencendo grandes vãos. – Podem ser empregados em coberturas de grandes, sapatas de fundações, coberturas isoladas. – Como são superfícies regradas são facilmente moldáveis em concreto armado. As fôrmas podem ser constituídos por faixas retas. – As superfícies regradas apresentam vantagens de associação, gerando fôrmas bastante criativas. 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos • Ação portante: – Pelo fato de ser uma superfície anticlástica, o parabolóide hiperbólico reúne o comportamento de arco em uma direção com o de cabo em outra direção. – Os arcos e cabos se apóiam nos bordos do parabolóide onde ocorrem somente esforços normais de tração e compressão, dependendo de como estejam apoiados: – Exemplo de uma superfície hypar (parabolóide hiperbólico), gerada com retas: 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos Parabolóide Hiperbólico 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos • Combinações de folhas hypar: – Superfícies hypar geradas com retas definem contornos regulares em planta, retângulo, quadrados. – O agrupamento destas folhas pode gerar outras formas muito criativas: • Cobertura do prédio da engenharia civil - EPUSP 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos • Combinações de folhas hypar: – Coberturas para ponto de ônibus – Fundações em sapatas. • Observar a figura invertida Exemplo de projeto Exemplo de projeto Exemplo de projeto Parabolóide Hiperbólico Associações de folhas hypar Superfícies Hypar regradas Superfícies Hypar regradas Superfícies Hypar regradas Exemplo •Cobertura 40X40 metros. Altura 10 metros. •Espessura de 10 cm. •Bordos 30X30 cm. •Pilar vazado, fe 80 cm, fi 50 cm. Altura 10 metros. Deformada Tensões máximas Tensões mínimas Esforços Normais nos bordos Superfícies Hypar regradas Catedral St Mary – San Francisco – P.L.Nervi Catedral St Mary – San Francisco – P.L.Nervi Catedral St Mary – San Francisco – P.L.Nervi Catedral St Mary Catedral St Mary Sagrada Família Kenzo Tange (Tokyo) Igreja da Virgem Milagrosa (Mexico) – Felix Candela Igreja da Virgem Milagrosa (Mexico) – Felix Candela Ponto de ônibus Ponto de ônibus 04.09 – Parabolóides Hiperbólicos • Combinações de folhas hypar: – Com bordos retos: Catedral de St Mary. – Com bordos curvos Superposição de Hypar’s Felix Candela Ópera de Sidney John Utzon Ópera de Sidney John Utzon Ópera de Sidney John Utzon Terminal TWA – Aeroporto JFK Arquiteto: Eero Saarinem Aeroporto St Louis
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