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Conscientização ambiental
A coleta seletiva de lixo aparece hoje como uma das possibilidades de redução de alguns dos principais problemas ambientais, como a criação de lixões e a transmissão de doenças por vias indiretas. Com a organização de grupos de trabalhadores autônomos, projetos das prefeituras e voluntários, os municípios de São Bernardo, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra ampliaram em 28,5% a coleta seletiva em relação ao ano de 2006. Em 2007, juntas, as cidades coletaram 202,1 toneladas a mais do que no ano anterior, que era 144 toneladas. ( SOPHIA NERY)
Mesmo com o aumento de 28,5% da coleta seletiva na região, ambientalistas alertam que resultado ainda é insuficiente
A coleta seletiva de lixo aparece hoje como uma das possibilidades de redução de alguns dos principais problemas ambientais, como a criação de lixões e a transmissão de doenças por vias indiretas. Com a organização de grupos de trabalhadores autônomos, projetos das prefeituras e voluntários, os municípios de São Bernardo, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra ampliaram em 28,5% a coleta seletiva em relação ao ano de 2006. Em 2007, juntas, as cidades coletaram 202,1 toneladas a mais do que no ano anterior, que era 144 toneladas.
De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos, em 2006 foram recolhidas 1.286 toneladas de material reciclável em São Bernardo. Já em 2007 foram retiradas 1.551 toneladas, o que representa um aumento de 20,60% em relação ao ano anterior. Apesar desse aumento a professora doutora em Ciências Biológicas, coordenadora do Núcleo e Agência Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo, Waverli Maia Matarazzo Neuberger, afirmou que a região do ABC tem sérios problemas com a destinação final do lixo, principalmente porque não existem mais áreas disponíveis para aterros sanitários.
“Portanto é extremamente importante destinar menos lixo para essas áreas, separando o lixo reciclado como foi feito ou usando outras estratégias. O material destinado a coleta seletiva permite reaproveitamento de matéria prima e diminui a retirada de recursos da natureza, bem como, em geral, diminui o consumo de energia na produção de novos bens”, ressaltou.
Para o infectologista Nilton Oliveira Silva, gerente do Laboratório HealthServ, o lixo contribui para a poluição visual, do ar, do solo e da água e, indiretamente atinge os seres humanos por meio de doenças transmitidas por pragas, insetos ou animais. “As doenças mais comuns transmitidas pelo acumulo inadequado de lixo são: cisticercose, cólera, febre tifóide, filariose, giardíase, leishmaniose, leptospirose, peste bubônica, salmonelose, toxoplasmose e outras”, afirmou.
Muitos animais se desenvolvem e mantêm a sua cadeia alimentar no lixo. O maior perigo dessa proliferação são as doenças que podem provocar, muitas vezes em níveis endêmicos. “O rato transmite leptospirose, tifo murino e peste bubônica. Já as moscas, verminoses, febre tifóide e disenteria. As baratas provocam doenças gastrintestinais, febre tifóide, cólera e giardíase e, por fim, os mosquitos transmitem a malária e a dengue”, explicou Silva.
A coleta seletiva pode minimizar esse problema, pois proporciona ao homem e à saúde pública diversos benefícios, como a geração de empregos, a conservação do meio ambiente, diminuição de doenças transmitidas pelo acúmulo de lixo orgânico, a redução de custos municipais e estaduais nos aterros e lixões.
O processo de reciclagem de papel, por exemplo, economiza mais de 50% da energia utilizada no processo convencional. Já a reciclagem de plástico economiza 90% da energia e ainda evita a utilização de recursos não renováveis como o petróleo. A reciclagem de uma garrafa de vidro economiza energia suficiente para manter acesa uma lâmpada de 100 W durante quatro horas.
O projeto Usina de Triagem e Reciclagem de Papel de Santo André é exemplo de trabalho que reintegra meninos em situação de rua ou da periferia na sociedade pela conscientização ambiental.
Adolescentes de 14 a 18 anos utilizam o lixo reciclado como matéria-prima para fabricar produtos artesanais. “Com o lucro da venda do artesanato, os jovens ganham a bolsa-auxílio, e o projeto pode seguir adiante, ajudando outros meninos”, afirmou Vilma Rosa, agente ambiental de Departamento de Resíduos Sólidos do Serviço Municipal de Saneamento de Santo André.
“O país tem evoluído em relação à questão ambiental, especialmente o ABC. O que precisa acontecer é que esta preocupação se transforme em ações em prol da melhoria do meio ambiente”, conclui Waverli.
A coleta seletiva pode ser realizada por uma pessoa ou por um grupo, como em condomínios e escolas.
Reciclagem resgata cidadania
A reciclagem de papel gera milhares de empregos: dos catadores de papel aos empregados em empresas de intermediação e recicladoras. Estima-se que 100 mil pessoas vivem exclusivamente de coletar latas de alumínio para reciclagem.
Contudo, a forma inadequada de descarregar lixo sobre o solo, sem preocupação ambiental, provoca doenças e prejudica a saúde de quem depende da reciclagem para sobreviver. Os lixões são caracterizados pela falta de controle em relação aos tipos de resíduos depositados e sua disposição no solo. Lixos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são armazenados a céu aberto junto aos industriais e hospitalares, de alto poder poluidor.
Como forma de combater a exposição inadequada do lixo, a Prefeitura de São Bernardo fechou o ‘Lixão do Alvarenga’, (onde catadores trabalhavam em condições precárias e perigosas) e, em 2001, criou dois centros de ecologia e sob, a Campanha: “Criança no lixo nunca mais”, passou a fazer a separação dos materiais adquiridos nos ecopontos. Esse sistema de coleta seletiva é parte integrante do programa Lixo e Cidadania, que, por meio da preservação do meio ambiente, gera renda para diversas famílias.
Um desses centros, o Raio de Luz, localizado no bairro Rudge Ramos, tem como principais objetivos a preservação do meio ambiente e a melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores pela inclusão social.
“Eu era catadora do lixão de Alvarenga. Lá o trabalho era sofrido. Nós trabalhávamos no sol, na chuva, no meio da sujeira. Além disso, as brigas para pegar material eram freqüentes, porque não havia regra. Não era um lugar bom para trabalhar. Quando a Prefeitura propôs a criação do centro de ecologia, nos empenhamos, porque gostamos da idéia. Fizemos vários cursos, como de cabeleireiro, corte e costura. Tiramos documentos, pois a maioria das pessoas do lixão era indigente. Levamos as crianças para o posto de saúde e para a escola. Hoje temos um espaço para trabalhar”, disse com orgulho, a presidente da Associação, Simone Oliveira da Silva, 33, mãe de 6 filhos.
Uniformizadas, com jalecos, botas e luvas, cedidos pela Prefeitura, 35 pessoas (ex-catadores do Lixão e catadores de rua) trabalham no Centro Raio de Luz. Com direito a salário fixo mensal e carga horária equilibrada, os trabalhadores conquistaram não só uma forma de sobreviver por meio da reciclagem, mas, principalmente, descobriram o que é ser cidadão.
A assessoria da Prefeitura é essencial para o sucesso do projeto. Maria Cristina Panchiare, assistente social, explicou que “um dos objetivos dos centros de ecologia é eliminar o intermediário, como sucateiros, entre os catadores e a indústria. Assim os próprios associados negociam diretamente com a indústria e obtêm um lucro mais expressivo. A Prefeitura cedeu o terreno e os maquinários e ajuda a encontrar novas parcerias com indústrias que reciclam materiais. Recentemente, eles formaram uma nova parceria com a Termomecânica. Quanto mais parceiros, mais materiais recicláveis recebem e mais crescem”.
O material é vendido para a indústria, 10% do lucro é destinado para a manutenção da casa. E o restante do dinheiro é dividido em horas trabalhadas no mês.
O trabalho é organizado. O lixo de condomínios, por exemplo, é retirado em datas acertadas com o síndico, e o material é transportado por caminhões cedidos pela Prefeitura.
Josédos Santos, 48, ex-catador de lixo do Alvarenga, disse que no lixão não se trabalhava de forma digna. “A vida no lixão era uma vida de cão. Muita briga, muita violência. Eu trabalhava a noite toda até as 4 horas da manhã. Chegava em casa, tomava banho, tomava café. Quando amanhecia, voltava para trabalhar até as 4 horas da tarde. Depois voltava para casa tomava banho, tomava café e esperava até as 7 horas. Eram quase 24 horas, sem descanso. Nós trabalhávamos de lamparina acesa, senão não dava para ver nada na escuridão”, disse Santos, marido de Simone.
Simone acredita que o cumprimento das regras garante a harmonia do grupo. “Aqui, temos horário para entrar e para sair. Temos intervalos para o almoço e para tomar o café da tarde. Nosso trabalho é baseado no respeito mútuo”. A vida da família de Simone e José mudou significativamente com o novo método de trabalho. “Todos os meus filhos estão na escola. Assim, eu e minha mulher podemos trabalhar aqui. O salário é mais digno e temos uma qualidade de vida que nem se compara”, falou José.
Fonte: Rudge Ramos Jornal

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