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AULA 05 (COMPLEMENTO) E 06 TEORIA GERAL DA AÇÃO PENAL

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TEORIA GERAL DA AÇÃO PENAL
Aula 05 (Complemento) e Aula 06
CONCEITO
Direito de ação é o direito subjetivo público de se dirigir ao Estado-juiz pedindo a aplicação do direito objetivo no caso concreto (conceito de Liebman). 
Apesar do direito de ação ser abstrato e autônomo, exige-se o preenchimento de certas condições para o seu exercício regular. 
Essas condições devem ser analisadas pelo juiz por ocasião do oferecimento da peça acusatória, já que ausente qualquer condição da ação, o caminho será a rejeição da peça acusatória, nos termos do art. 395, CPP.
A AÇÃO é um direito subjetivo processual que surge em razão da existência de um litígio, seja ele civil ou penal. 
Ante a pretensão satisfeita de que o litígio provém, aquele cuja exigência ficou desatendida propõe a ação, a fim de que o Estado, no exercício da jurisdição, faça justiça, compondo, segundo o direito objetivo, o conflito intersubjetivo de interesses em que a lide se consubstancia. 
O jus puniendi, ou poder de punir, que é de natureza administrativa, mas de coação indireta diante da limitação da autodefesa estatal, obriga o Estado-Administração, a comparecer perante o Estado-Juiz propondo a ação penal para que seja ele realizado. 
A ação é, pois, um direito de natureza pública, que pertence ao indivíduo, como pessoa, e ao próprio Estado, enquanto administração, perante os órgãos destinados a tal fim. (Mirabete)
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO 
Em relação às características do direito de ação, há uma comunhão entre as características do direito de ação no direito processual civil e no direito processual penal. São características da ação no Direito Processual Penal:
Direito subjetivo: a prestação de fazer justiça é de competência do Estado e o titular do direito subjetivo pode exigir dele a prestação jurisdicional.
Direito abstrato: o titular do direito tem a faculdade de provocar o poder Público, através dos órgãos judiciários, isso é decorrente da autonomia do direito de ação em relação ao direito material. Não importa se aquilo que está sendo alegado é verdadeiro ou não, pois independente disso o Estado deverá manifestar-se contra ou a favor do titular da pretensão punitiva.
Direito autônomo: para que o direito de ação seja exercido não é imprescindível que tenha sido transgredido um direito material. Isso se explica quando houve o exercício da ação penal, mas inexistiu o direito, que a ação tinha por fim tornar efetivo. 
Direito Público: o direito de ação é um Direito Público visto que serve para provocar o Estado através dos órgãos jurisdicionais, pois esta é uma função eminentemente pública e de relevante interesse social.
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL
A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. 
De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. 
1 - A AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA PODE SER:
	1.1 - Ação Penal Pública Incondicionada 
	1.2 - Ação Penal Pública Condicionada
		1.2.1 - Representação Do Ofendido 
		1.2.2 - Requisição Do Ministro Da Justiça 
	2 - A AÇÃO PENAL PRIVADA PODE SER:
	2.1 - Principal (Ou Exclusiva)
	2.2 - Personalíssima 
	2.3 - Subsidiária Da Pública. 
As terminologias utilizadas, quais sejam, ação penal pública e ação penal privada não estão de acordo com os conceitos que representam, pois, de acordo com as características apresentadas, o direito de ação é tido como um direito público tão somente e tem, sempre, natureza pública. Porém, essa classificação é baseada segundo o titular do interesse de agir que, nos casos de ações penais públicas, são promovidas pelo Ministério Público e nos casos de ação penal privada, esta será promovida pela vítima ou seu representante legal. 
O critério identificador da ação penal pública ou privada é estabelecido pelo Art. 100 do Código Penal ou pela legislação especial e através dele identificamos se a ação é pública incondicionada, condicionada ou privada. 
Na pública incondicionada, há silêncio da lei. 
Na pública condicionada, há expressa menção no texto legal, assim como, nas ações privadas.
CONDIÇÕES DA AÇÃO ou REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO
Os requisitos para o exercício do direito de ação (condições da ação) podem ser:
a) GENÉRICAS (quando sempre forem necessárias):
	a.1) LEGITIMIDADE AD CAUSAM (Doutrina Tradicional) - pertinência subjetiva da demanda.
	a.2) INTERESSE DE AGIR (Doutrina Tradicional) - A doutrina subdivide o tema interesse em: Necessidade + Utilidade + Adequação.
	
	Interesse-Necessidade: A satisfação do direito só pode ocorrer com a intervenção do Estado.
	Interesse-Utilidade: A máquina judiciária não deve ser movida apenas por uma motivação ideal.
	Interesse-Adequação: O provimento jurisdicional pretendido deve ser apto a corrigir o mal causado.
	a.3) POSSIBILIDADE JURÍDICA DA DEMANDA (Doutrina Tradicional) - Podemos citar alguns exemplos de demandas juridicamente impossíveis:
	a) O fato não configura uma infração penal (crime ou contravenção)
	b) A punibilidade está extinta.
	c) A inicial acusatória postula a aplicação de penas vedadas pela Constituição.
	a.4) ORIGINALIDADE (Professor Afrânio Silva Jardim + Professor André Nicolitt) - A originalidade consiste em: Ausência de Litispendência e Ausência de Coisa Julgada.
ATENÇÃO: Para a doutrina tradicional se trata de um pressuposto processual negativo.
O professor Afrânio Silva Jardim e André Nicolitt discordam: entendem como condição genérica da ação.
	a.5) JUSTA CAUSA - Compreendida pelos teóricos (antes mesmo da inclusão feita pela Lei 11.719/08) como a quarta condição da ação. Ou, também, como legítimo interesse – ou seja, interesse de agir. Também a jurisprudência já vinha admitindo a justa causa como condição da ação. 
		A justa causa é representada por um lastro mínimo de prova que justifique a viabilidade da pretensão punitiva.
b) ESPECÍFICAS (quando nem sempre forem necessárias): 
	b.1) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO/REPRESENTANTE LEGAL: Ação Penal Pública de Iniciativa Pública Condicionada à Representação. Natureza Jurídica da Representação: Condição Específica de Procedibilidade: Sendo assim, o Ministério Público só pode oferecer a denúncia, após a representação do ofendido ou de seu representante legal. 	
Ele não poderá, sequer, iniciar o processo sem a representação.
	b.2) REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA: Ação Penal Pública de Iniciativa Pública Condicionada à Requisição. DESTINATÁRIOS DA REQUISIÇÃO: O Ministério Público (na pessoa do Procurador-Geral). PARTES LEGÍTIMAS PARA OFERECER A REQUISIÇÃO: O Ministro da Justiça.
	b.3) NOVAS PROVAS: Súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”.
	b.4) LAUDO DE CONSTATAÇÃO: Se forem apreendidas drogas (Portaria 344/98 da ANVISA)
	b.5) CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE: Nestor Távora cita como exemplos a decisão judicial de anulação de casamento no crime do art. 236 do CP; ingresso no País, do autor de crime praticado no estrangeiro (art. 7º, parágrafos 2º, “a” e “b”, e 3º, CP); a decisão que decreta a falência, concede a recuperação judicial e homologa a extrajudicial nos crimes falimentares (Lei 11.105/05). 
OBS.:	No tocante à Lei de Falência, o texto é expresso ao referir-se “a condição objetiva de punibilidade”, mas Pacelli defende que também pode ser enquadrada como condição de procedibilidade. 
	Nos crimes materiais contra a ordem tributária, já pacificou o STF que o lançamento definitivo do tributo (Súm. Vinc. 24) é condição objetiva de punibilidade e não de procedibilidade.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS PENAIS - EXISTÊNCIA
PAULO RANGEL nos ensina que na relação jurídica processual que se instaura entre os sujeitos processuais deve estar sujeita, como toda e qualquer relação jurídica, a determinados requisitos que lhe são essenciais,sem os quais não haverá processo.
	
Assim é que surgem os Pressupostos Processuais De Existência Do Processo. 
São eles: as partes (autor e réu); o juiz (órgão investido do poder jurisdicional) e o pedido (ou demanda). 
A falta dos pressupostos processuais de existência impede, assim, a própria relação jurídico-processual, pois como imaginar-se relação processual sem quem deduza a pretensão (autor) ou sem o (réu)? Ou ainda, havendo estas, ausência do órgão incumbido constitucionalmente de substituir a vontade das partes (juiz). Porém, de nada adiantaria as partes e o juiz sem que houvesse o pedido, a demanda, ou seja, a postulação da prestação jurisdicional. 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS PENAIS - VALIDADE
PAULO RANGEL continua a explicar: “O processo é um actum trium personarum: judicis, actoris et rei - o processo é ato de três personagens: do juiz, do autor e do réu.
	- Primeiro (juiz) tem que ter o espaço, a medida dentro da qual irá prestar a tutela jurisdicional, a isto já chamamos de competência. Deve estar isento de qualquer sentimento ou relação com a causa que o impeça de julgar com imparcialidade (suspeição e impedimento). 
- O segundo (autor) deve ter capacidade para praticar atos válidos no processo (legitimatio ad processum), sem contar que somente poderá agir em juízo se estiver representado por um advogado ou tiver habilitação técnica para agir em seu próprio nome (capacidade postulatória). 
	- No que tange ao réu, deve ele ser chamado para exercer seu direito de ampla defesa e estabelecer o contraditório, ou seja, a citação é elemento indispensável para a validade da relação processual.”
	A tais exigências no processo chamamos Pressupostos Processuais De Validade Do Processo, pois a competência, a suspeição e o impedimento referem-se ao juiz, à capacidade processual e à capacidade postulatória do autor e, por último, a citação válida diz respeito ao réu. 
	Entretanto, não pode o réu ser trazido a juízo pelo mesmo fato que ainda pende de julgamento em outro juízo (litispendência), muito menos se este fato, pior do que pender de julgamento, já tiver sido objeto de julgamento com trânsito em julgado (coisa julgada). 
	A litispendência e a coisa julgada são pressupostos processuais negativos, pois o processo instaurado em face do réu deve ser originário. 
	A originalidade do processo, portanto, para nós, é um requisito negativo objetivo que, se presente, poderá ser arguido pelo réu em sua objeção processual, nos termos do art. 95 do Código de Processo Penal (Exceções).
Por fim, podemos concluir, de forma resumida, que há os pressupostos processuais de existência (juiz, partes e o pedido) e os pressupostos processuais de validade, estes dividindo-se em positivos (competência, capacidade processual e capacidade postulatória) e negativos (suspeição, impedimento, litispendência e coisa julgada).
NORBERTO AVENA explica: Por pressupostos processuais, cuja ausência conduz à rejeição, compreendem-se aqueles que condicionam a existência e a validade da relação processual, classificando-se em subjetivos e objetivos.
Os Pressupostos Subjetivos compreendem:
1. CAPACIDADE DE SER PARTE: na ação penal pública, possui capacidade para ser parte ativa o Ministério Público, facultando-se ao ofendido apenas auxiliá-lo na condição de assistente de acusação ou, excepcionalmente, ajuizar a lide penal quando o parquet mantiver-se injustificadamente inerte.
Por outro lado, na ação penal privada a capacidade para integrar o polo ativo é inerente ao ofendido, seu representante legal ou, no caso de morte ou declaração judicial de ausência, a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP). 
Tocante ao polo passivo, a capacidade para ser parte confunde-se com a imputabilidade penal decorrente da maioridade. Enfim, apenas o indivíduo maior de 18 anos poderá figurar como parte-ré no processo criminal.
2. CAPACIDADE POSTULATÓRIA: significa que a parte deverá estar representada no processo por pessoa legalmente habilitada a estar em juízo. Portanto, salvo raras exceções (impetração de habeas corpus em nome próprio, direito de petição ao juiz da execução e interposição de alguns recursos), deverá o réu defender-se por intermédio de advogado.
	
Já os Pressupostos Objetivos classificam-se em:
1. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS INTRÍNSECOS: respeitam à presença dos requisitos da inicial acusatória rotulados no art. 41 do CPP, cuja ausência conduz à inépcia da inicial, a qual já está considerada no art. 395, I, como motivo autônomo de rejeição. Também se considera pressuposto objetivo intrínseco a presença de instrumento de mandato outorgado ao advogado, sob pena de inexistência dos atos praticados. Desnecessária, contudo, essa formalidade quando se tratar de defensor ad hoc (nomeado pelo juiz para ato determinado) e de defensor dativo (nomeado pelo juiz para patrocinar os interesses do acusado sem defensor constituído).
2. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS EXTRÍNSECOS: são aqueles que se referem à ausência de fatos impeditivos à constituição válida do processo, como a litispendência e a coisa julgada.
	
	A tais exigências no processo chamamos PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE DO PROCESSO, pois a competência, a suspeição e o impedimento referem-se ao juiz, à capacidade processual e à capacidade postulatória do autor e, por último, a citação válida diz respeito ao réu. 
	
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
Quanto À Tutela Jurisdicional Invocada: 
1.a) Conhecimento – São aquelas em que se busca a declaração, constituição ou satisfação do direito.
		Constitutiva - criam, extinguem ou modificam direito. 
		Ex. Revisão Criminal – ação desconstitutiva
		Declaratória - declaram situação jurídica. 
		Ex. HC objetivando a extinção da punibilidade
		 Condenatória - regra
1.b) Cautelar - No processo penal, não existe um processo cautelar semelhante ao processo civil, dotado de autonomia, independência e etc. O que temos são as chamadas "medidas cautelares", ou seja, uma expressão genérica utilizada sempre que houver algum bem em risco no processo. Porém, essas medidas devem guardar os mesmos requisitos e características de um verdadeiro processo cautelar. 
Classificação das Cautelares 
	Reais - são aquelas que visam preservar um patrimônio para uma futura ação indenizatória. Ex: Arresto e especialização de hipoteca legal. 
	Probatórias - são aquelas que visam preservar e arrecadar uma prova para o processo penal. Ex: Busca e apreensão e interceptação telefônica. 
	Pessoais - Tradicionalmente no Brasil, elas eram prisionais. 
Porém, com a entrada em vigor do CTB (art. 294 da Lei 9503/97) e da Lei Maria da Penha, foram introduzidas as primeiras medidas cautelares restritivas de direito. Finalmente, com a entrada em vigor da Lei 12.403, foram criadas várias medidas cautelares restritivas de direito no art. 319 CPP. 
Obs: Com a última reforma do CPP, a prisão em flagrante deixou de ter natureza cautelar, passando a ser medida de pré-cautela, durando apenas 24 horas, cujo objetivo é viabilizar a verdadeira medida cautelar que é a prisão preventiva. 
Poder Geral de Cautela: 
	A doutrina discute sobre a possibilidade de existir no processo penal o chamado poder geral de cautela, ou seja, possibilidade do juiz decretar de ofício medidas cautelares com ou sem previsão legal. 
Ainda que esse poder seja admitido, em relação às cautelares pessoais, não é possível que o juiz crie novas medidas, pois elas se submetem ao rígido controle da legalidade. 
O art. 118 da LEP estabelece que a fuga do preso é considerada uma falta grave, sendo uma das hipóteses de regressão. Porém, o §2º desse dispositivo estabelece que nessa hipótese antes do juiz determinar a regressão deverá ouvir o preso. 
Como ele será ouvido se ele fugiu? Como determinar a ordem de captura sem a regressão? 
1. Ministra Maria Thereza e TJ/RJ - Em nome de um poder geral de cautela, o juiz deverá determinar a regressão cautelar e expedir as ordens de captura para após a localizaçãoe oitiva do preso, ela ser ou não convertida em definitiva. 
2. Tese Defensiva - O poder geral de cautela não permite ao juiz criar medidas cautelares pessoais, pois elas se submetem ao Princípio da Legalidade. Desta forma, o juiz deverá aguardar o comparecimento do preso para após determinar a regressão. 
3. TJ/RJ - Não há necessidade de recorrermos à regressão cautelar, a ordem de captura terá como fundamento a sentença condenatória transitada em julgado. Caso contrário, a fuga do preso estaria condicionando uma decisão judicial. 
1.c) Execução 
	Executiva - é aquela que tem como base um título judicial. 
	 Executória - é aquela baseada em título executivo extrajudicial. Não existe no processo penal. 
Classificação Quanto A Subjetividade
Quanto Ao Ponto De Vista Subjetivo (Quem As Promove): 
a) Públicas 
b ) Privadas
 
 a) Públicas
	A iniciativa dessa ação é de um órgão estatal representando o próprio interesse social. 
	A Constituição Federal, no art. 129, inciso I, estabelece, em outras palavras que, se a infração penal é sujeita à ação penal pública, somente o Ministério Público poderá propô-la, seja ela condicionada ou incondicionada. 
 
 a.1) Ação Penal Pública Incondicionada
	A ação penal pública incondicionada está prevista no artigo 100, caput, 1ª parte do Código Penal e no artigo 24, caput, 1ª parte do Código de Processo Penal.
 	Ela é regra no sistema penal brasileiro e, por isso, não tem previsão legal expressa.
	
Os princípios que regem as ações públicas incondicionadas:
Princípio da oficialidade: que diz respeito ao fato de que a ação pública é promovida pelo Ministério Público, ou seja, a legitimidade ativa cabe somente a um órgão do Estado.
Princípio da Obrigatoriedade ou da Legalidade: este princípio se mostra muito importante, pois se refere à obrigatoriedade que tem o órgão do Ministério Público de exercer o poder-dever de ação, isto é, o dever de oferecer a denúncia quando tiver elementos probatórios suficientes da existência de um fato criminoso e de sua autoria.
	 É o que prescreve o art. 24 do CPP, ao dispor que a ação penal será promovida por denúncia do Ministério Público.             
	Portanto, quando identificada a hipótese de atuação, não pode aquele órgão recusar-se a dar início a ação penal, não cabe àquele adotar critérios de conveniência e oportunidade.
Princípio da Indisponibilidade: Esse princípio está consagrado no art. 42 do CPP que trás a seguinte redação: "O Ministério Público não poderá desistir da ação penal".
	Esse princípio também é consagrado quando se trata da interposição de recursos, eis que, uma vez interposto não pode o Ministério Público desistir. 
	Há, sem dúvida, várias situações que mitigam a aplicação do princípio da indisponibilidade:
	a) ação de iniciativa privada, vigorando o princípio da disponibilidade; 
	b) suspensão condicional do processo para os casos de infrações de menor potencial ofensivo regidas pela lei 9.099/95. 
Princípio da Intranscendência: que diz respeito ao fato de que a ação penal condenatória é proposta contra a pessoa ou as pessoas a quem se imputa a prática do delito, não podendo passar da pessoa do infrator.
Princípio da Divisibilidade: existem alguns doutrinadores que aplicam à ação pública o princípio da indivisibilidade, defendendo-o com a tese de que, a ação penal pública, deverá abranger todos aqueles que cometerem o ato delituoso, não podendo o Ministério Público optar por processar apenas um dos investigados. 
	Porém, já é pacífica na jurisprudência a permissão dada ao Ministério Público de deixar de oferecer a denúncia contra aqueles acusados dos quais não houver reunido os indícios suficientes de autoria.
 Quando o MP pede absolvição em alegações finais, ele está dispondo da ação? O juiz é obrigado a absolver? A ação penal não é indisponível? 
1) Doutrina Majoritária (Tourinho, Afrânio Silva Jardim) - MP não pode dispor do que não lhe pertence, a pretensão punitiva não é dele, mas sim do Estado. Ademais, o que o MP faz em sede de alegações finais é opinar sobre o mérito, podendo fazê-lo livremente. Mesmo porque o pedido que vincula o juiz é aquele contido implícita ou explicitamente na denúncia, que é indisponível (art. 385 CPP). 
2) Paulo Rangel e Geraldo Prado (DP) - A pretensão punitiva é do Estado, o que o MP possui é a pretensão acusatória. Quando o MP pede a absolvição, ele retira a pretensão acusatória, e sem ela não pode haver condenação. Ademais, quando o MP pede a absolvição, ele retira da defesa o contraditório, e sem este não pode haver condenação. 
a.2) Ação Penal Pública Condicionada
	As ações penais públicas condicionadas estão dispostas no artigo 100, §1º do Código Penal e no artigo 24, caput, 2ª parte do Código de Processo Penal.
	Estão reguladas, basicamente, pelos mesmos princípios das ações públicas incondicionadas, podendo-se acrescentar, apenas, o princípio da oportunidade, uma vez que, esse tipo de ação depende da representação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça.
	São dois os tipos de ação pública condicionada: 
a.2.1) À representação do Ofendido: a titularidade da ação continua sendo do MP, mas este só irá atuar quando a vítima ou seu representante legal autorizarem e uma vez dada a autorização para o MP, este a assume incondicionalmente. 
	A REPRESENTAÇÃO é a manifestação de consentimento do ofendido, é uma condição de procedibilidade estabelecida pela lei e o MP só poderá promovê-la quando satisfeita essa condição sine qua non para a propositura da ação penal. 
Prazo Para Representação
Art. 38 – “Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou representação, se não o exercer no prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier, a saber, quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.”
OBSERVAÇÃO
Menor de 18 anos será representado pelas pessoas mencionadas na Lei Civil (pais, tutores ou curadores, ou curador especial nomeado pelo juiz), podendo este, ao completar 18 anos, também fazer a representação no prazo legal (STF – HC 75697/DF). 
Súmula 594 STF: Os direitos de queixa ou representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.
Da Retratação da Representação
	Atenção
	No art. 107, VI CP - quem se retrata é o autor do delito, acarretando isto, nos casos previstos em lei, extinção da punibilidade. 
	No art.25 do CPP - quem se retrata é a pessoa a quem couber o direito de exercê-la, ou seja, o ofendido, ou seu representante legal.
	A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia, (art. 102, CP e 25 do CPP).
	Exceção – art. 79 da Lei 9.099/95. 
	a.2.2) - À requisição do Ministro da Justiça: ocorre nas hipóteses de crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil; crimes contra a honra cometidos contra Chefe do governo estrangeiro; crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República; crimes contra a honra cometidos por meio de imprensa contra ministro do Supremo Tribunal Federal. 
A REQUISIÇÃO é ato de natureza política através do qual o Ministro da Justiça autoriza a propositura da ação penal por parte do Ministério Público em determinados delitos.
Retratação da Requisição
Para Mirabete, como não há previsão legal, a requisição é irrevogável, não admitindo retratação. 
Já para a jurisprudência, tratando-se de um ato de forte cunho político, a revogabilidade é inerente a ela.
Prazo da Requisição
	Qualquer momento, desde que não extinta a punibilidade pela prescrição ou outra causa.
DENUNCIA NA AÇÃO PENAL PÚBLICA
Conceito
Peça acusatória que inicia a ação penal (condicionada ou incondicionada).
Consiste na exposição por escrito dos fatos que, em tese, constituem o ilícito penal.
Deve conter, de forma manifesta, o interesse de que seja aplicada a lei penal ao presumido autor da infração, bem como a indicação das provasem que se fundamenta a pretensão punitiva.
Requisitos Da Denuncia Na Ação Penal Pública - (art. 41 do CPP)
a) ENDEREÇAMENTO - o endereçamento equivocado não impede o recebimento da vestibular acusatória, sanando-se, a irregularidade, com a remessa ou recebimento dos autos pelo Juízo realmente competente (STF, RHC 60.126).
b) QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO OU FORNECIMENTO DE DADOS QUE POSSIBILITEM SUA IDENTIFICAÇÃO - É necessário apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o denunciado, distinguindo-o das demais pessoas. Nome, sobrenome, endereço, filiação etc.
		Na impossibilidade de qualificação direta: nesses casos, a identificação poderá ser através do fornecimento de traços físicos característicos do autor (art. 259 do CPP).
c) DESCRIÇÃO DOS FATOS EM TODAS AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS - Correta delimitação do tema ou imputação do fato. Deve ser precisa, não podendo haver acusação vaga, pois tem por objetivo permitir a ampla defesa e viabilizar a aplicação da lei penal.
	c.1) CONCURSO DE AGENTES - quando não for o caso de ações uniformes, a denúncia deve precisar a conduta de cada um dos co-autores ou partícipes, afinal o art. 29 do CP prevê que a pena seja aplicada na medida da culpabilidade de cada agente (menor participação).
C.2) DENÚNCIA ALTERNATIVA - não é possível, pois torna a acusação incerta, além de dificultar ou até mesmo inviabilizar o exercício da defesa. 
c.3) CRIMES DE AUTORIA COLETIVA - STF e STJ - não mais admite a denúncia genérica nos delitos contra o Sistema Financeiro Nacional e também nos contra a ordem econômica. Entretanto com relação ao delito de tráfico de drogas, apesar de não admitir a denuncia genérica, não exige a individualização pormenorizada da conduta. (STF - HC 73.590-SP, STF - HC 70.763-DF, STJ - HC 35251/MG). 
d) CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DO FATO – correta classificação não é requisito essencial da denúncia, já que o juiz, consoante o art. 383 e 384 do CPP, poderá dar classificação diversa, ou seja, o Juiz só está adstrito aos fatos narrados na exordial.
e) DISPOSITIVO LEGAL - deverá estar expresso na peça acusatória os dispositivos legais imputados ao réu, não bastando somente a menção do nomen juris, face a importância no encaminhamento para a vara competente.
f) ROL DE TESTEMUNHAS - é facultativo, mas o momento de apresentá-lo, caso o acusador considere necessário, é por ocasião do oferecimento da denúncia. Caso não seja apresentado, há preclusão; havendo esquecimento, o máximo que se pode fazer, é indicar ao juiz as testemunhas relevantes ao deslinde da causa e esperar que ele as escute como suas testemunhas (209 do CPP).
g) PEDIDO DE CONDENAÇÃO - não precisa estar expresso, apenas implícito na peça acusatória.
h) NOME, CARGO E POSIÇÃO FUNCIONAL DO DENUNCIANTE
i) ASSINATURA - a falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidas quanto a autenticidade.
Prazo Para Oferecimento Da Denuncia Na Ação Penal Pública
Regra geral: réu preso - 5 dias; réu solto - 15 dias (art. 46).
Crime eleitoral: 10 dias
Crime contra a economia popular: 2 dias
Crime de abuso de autoridade: 48 horas
Crimes de entorpecentes: 10 dias, não fazendo diferença se o acusado encontra-se preso ou solto (art. 54 da Lei 11.343/2006)
OBS.: Nos crimes de menor potencial ofensivo previstos na Lei de Tóxicos (artigos 28, 33, 34, 35, 36 e 37 da Lei 11.343/200), como a competência para julgar referidos crimes pertence aos Juizados Especiais Criminais, a denúncia será feita oralmente em audiência (art. 77 da Lei 9.099/95)
OBS.: Prazo processual - portanto, exclui o dia do início e inclui o dia do fim.
Proposta De Suspensão Condicional Do Processo Na Denuncia Na Ação Penal Pública
Na própria denúncia, o MP poderá apresentar proposta de suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95.
Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do código de processo penal.
Rejeição Da Denuncia Na Ação Penal Pública
Denúncia inepta - quando não atende alguma das exigências constantes no art. 395 do CPP.
Rejeição da denúncia x RSE: quando houver rejeição da denúncia e o MP interpuser RSE, a defesa, mesmo que o acusado ainda não tenha sido citado, deverá ser notificada para contra-arrazoar o recurso.
Juízo de retratação - essa providência torna-se ainda mais necessária quando o magistrado, no juízo de retratação, resolve modificar a decisão e receber a denúncia.
Legitimidade Extraordinária Na Denuncia Na Ação Penal Pública
A substituição processual do art. 29 do CPP
	Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
Ela existe nos crimes de ação penal pública quando o MP deixa transcorrer o prazo da denúncia e permanece inerte.
Quando o querelante ofertar a queixa substitutiva, antes de recebê-la, o juiz abrirá vista ao MP para que emita parecer. Nesse momento, o MP poderá sinalizar algum motivo de natureza processual para que a queixa não seja recebida. Após a decisão do juiz, ele oferecerá denúncia (se for o caso).
Pedido de arquivamento inconsistente autoriza a ação penal privada subsidiária da pública? 
	1) Barbosa Moreira - um pedido feito nestes termos equivale à inércia, o que autorizaria a ação penal privada subsidiária da pública. 
	2) STF - não houve inércia, não sendo admitida essa ação. 
A, B e C foram indiciados pela prática de um crime de ação penal pública, porém o MP ofereceu a denúncia apenas em face de A e B, se omitindo em relação a C. Caberia ação penal privada subsidiária da pública em relação a C? 
	1) Tourinho - Sim, uma vez que em relação a C houve inércia. 
	2) STF - Não cabe, uma vez que inércia é a ausência de manifestação do membro do MP. 
Cabe perdão ou perempção na ação penal privada subsidiária da pública? 
	Como trata-se de um crime que na sua essência possui ação penal de natureza pública, esses institutos não são admitidos. Sem prejuízo, sinalizarão a falta de interesse do querelante fazendo com o que o MP retome a ação como parte principal. 
Qual a natureza do prazo de 6 meses dado ao querelante para ofertar a queixa na ação penal privada subsidiária da pública? 
	Para a doutrina, trata-se de prazo decadencial. Porém, como na hipótese não haverá a extinção da punibilidade, trata-se apenas de um prazo preclusivo, uma vez que a vítima perderá a sua faculdade processual. 
Qual a natureza Jurídica da atuação do MP na Ação Penal Privada Subsidiária da Pública?
	Interveniente adesivo obrigatório, ou seja, ele deve intervir em todos os termos da ação, sob pena de nulidade. 
Sucessão Processual Na Ação Penal Pública
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
        § 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
RENÚNCIA AO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO- LEI 9.099/95
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
        Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúnciaao direito de queixa ou representação.
No que toca à renúncia ao direito de representar, o que de fato se dá é na verdade uma retratação da representação, quando esta já foi oferecida na Delegacia de Polícia, o que ocorre ordinariamente. Não se pode renunciar a um direito que já foi exercido validamente.
Ora, como já dito acima, há casos em que a representação já foi oferecida, muitas vezes de forma expressa. Como então admitir renúncia a um direito já exercido regularmente? 
		Não se admite. E assim é, simplesmente porque somente se pode renunciar ao que ainda não se exerceu, por óbvio.
O que se vislumbra aqui é uma retratação da representação já oferecida, o que seria possível já que não houve oferecimento da denúncia. 
O art. 75, da lei n. 9.099/95, dispõe sobre o momento próprio para oferecimento da representação, somente podendo tal ser exercida em juízo. 
Pelo que se vê, a suposta vítima ao se dirigir à Delegacia de Polícia para narrar o ocorrido à Autoridade Policial, efetivamente manifestou seu desejo de ver os responsáveis punidos, não se podendo negar validade a tal representação, ainda mais quando, muitas vezes, assina Termo de Representação.
 Vários enunciados de Encontros de Trabalhos, acerca do J.E.C., reconhecem a validade dessas representações.
O reconhecimento da validade das representações realizadas na Delegacia de Polícia, visa também evitar a extinção da punibilidade pela decadência, pois por vezes o Termo Circunstanciado, demora mais de 06 meses para chegar ao Juízo. Desta forma a aplicação do art. 75 traz uma dificuldade intransponível.
RENÚNCIA NA LEI 11.340/2006
Qual a natureza das ações penais em casos de lesão corporal doméstica?
	A Lei 11.340/2006, não trouxe disposição específica, manteve-se silente, e após interpretação do STJ e de inúmeros estudiosos considerando que decisão mais ponderada é entender a ação como condicionada à representação, no dia 09 de fevereiro de 2012, por maioria de votos, o STF, na ADI 4424 entendeu que a ação penal deve ter natureza incondicionada.
Sendo a ação penal de natureza incondicionada, pode-se falar em renúncia? 
	 “... O STF assim entendeu: não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei 9.099/95, de maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública incondicionada. 
Sendo a ação penal de natureza incondicionada, pode-se falar em renúncia? 
	 Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de representação para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual. Consignou-se que o Tribunal, ao julgar o HC 106212/MS (DJe de 13.6.2011), declarara, em processo subjetivo, a constitucionalidade do art. 41 da Lei 11.340/2006 no que afastaria a aplicação da Lei dos Juizados Especiais relativamente aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista...”
	Logo, os crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, que são de natureza pública condicionada a representação, será possível a renúncia, ou melhor a retratação da representação, nos termos do o art. 16 da referida Lei. 
Art.16 - Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Art. 41 - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

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