Buscar

AULA 07 AÇÃO PENAL PRIVADA E AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AÇÃO PENAL PRIVADA e AÇÃO CIVIL EX DELICTO
Aula 07
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Titularidade
A ação de iniciativa privada se diferencia da ação pública no que tange ao direito de agir, uma vez que, esse direito, na ação privada, é dado ao particular. 
Porém, a ação continua sendo pública, mas com iniciativa privada.
Nesse tipo de ação, o Estado transfere ao ofendido ou ao seu representante legal a legitimidade para propor a ação penal.
O ofendido se dirige ao órgão jurisdicional para ver sua pretensão ser satisfeita, não só com o objetivo de punição do autor do fato mas, como uma forma de voltar-se ao interesse social, com a preocupação de punição para aqueles que infringem o dispositivo penal.
Trata-se de legitimação extraordinária e foi conferida essa legitimidade ao ofendido por razões de política criminal.
Modalidades De Ação Privada
A ação privada se divide em três modalidades: 
Ação penal privada propriamente dita: é aquela que só pode ser exercida pelo ofendido ou por seu representante legal, e, no caso de morte do ofendido ou declarada a sua ausência, por qualquer uma das pessoas elencadas no artigo 31 do Código de Processo Penal, quais sejam: cônjuge, ascendente, descendente e irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já instaurada.
Ação penal privada subsidiária da pública: iniciada através de queixa quando embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não tenha oferecido a denúncia no prazo legal. 
Nesse caso, a ação penal é originariamente de iniciativa pública mas, o Ministério Público não promove a ação penal no prazo estabelecido pela lei, e, por isso, o ofendido ou o seu representante legal poderão de forma subsidiária ajuizá-la. Previsão feita no art. 5º, LIX CRFB/88.
Ação privada personalíssima: O Ilustre Promotor de Justiça, Fernando Capez, afirma que a “Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência”. 
Só há um caso de ação penal privada personalíssima: crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento (art. 236 do Código Penal). 
	
Princípios Da Ação Penal Privada
1) Da oportunidade ou conveniência: significa que a vítima não está obrigada a promover a ação penal, mesmo estando presentes as condições necessárias para a propositura da ação. 
Logo, o ofendido tem a faculdade de propor a ação penal, se for de seu interesse, de acordo com a sua conveniência e oportunidade. E assim, o ofendido opta pela impunidade ou por dar publicidade ao fato que gerou a infração penal e que infringiu a vida íntima dele.
2)  Da Disponibilidade: entende que se o ofendido decidir ingressar com uma ação penal contra o autor do fato, aquele poderá a qualquer tempo desistir do prosseguimento do processo, ou seja, o ofendido é quem decide se quer prosseguir até o final.
	Essa disponibilidade pode se dar de duas formas, quais sejam, pela perempção ou pelo perdão do ofendido, que são causas de extinção da punibilidade.
	ATENÇÃO: A perempção e o perdão do ofendido, são aplicáveis a todos os tipos de ações privadas, com exceção da ação privada subsidiária da pública, uma vez que, nesta, o dever de agir cabe ao órgão do Ministério Público.
 O ofendido poderá dispor do processo até o trânsito em julgado da sentença.
3) Da Indivisibilidade: tem previsão expressa no artigo 48 do Código de Processo Penal: "A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.”
	O Estado dá ao ofendido a possibilidade de propositura da ação penal, mas, com base nesse princípio, o ofendido não tem a faculdade de propor a ação penal em face de apenas um autor do fato, quando, na verdade, existiu mais de um agente na infração penal. 
4) Da Intranscendência: decorre do Artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal e diz respeito ao fato de que a ação penal só deve ser proposta contra aquela pessoa que praticou a infração penal. 
		*Vale salientar que, os princípios norteadores são aplicáveis a todos os tipos de ação privada, com exceção do princípio da disponibilidade que não é aplicado às ações privadas subsidiárias da pública.
Decorrem Do Princípio Da Disponibilidade
a) Renúncia – É a abdicação do direito de exercer a ação penal privada (arts. 49 e 50 CPP)
	A renúncia acontece antes da queixa e não precisa comunicar o criminoso. É um ato unilateral.
	Não será admitida a queixa quando houver a renúncia tácita ou expressa.
	Renúncia tácita é aquela quando a prática de determinados atos, são incompatíveis com a vontade de queixa – art. 104 § único CP.
	Porém, a renúncia não se estende à esfera cível, quando for necessário para ressarcimento de danos.
	 Ex.: A vítima começa a namorar o criminoso. 
	A renúncia da queixa contra um criminoso, se estende aos demais conforme o princípio da indivisibilidade. 
	A renúncia acontece na ação penal privada, mas não ocorre na pública condicionada a representação. 
b) Perdão – O perdão do ofendido não obsta o prosseguimento da ação, acontece após a queixa, isto é, durante o processo (art.51 CPP e art. 105 CP)
	É um ato bilateral, pois o ofendido pode perdoar e o Acusado pode ou não aceitar o pedido do perdão. 
	Porém, se for o caso de diversos agentes e um dos agentes não aceitar o perdão, contra ele o perdão não surtirá efeito. Sendo certo que, com relação aos demais serão automaticamente perdoados. 
	 Isto ocorre, uma vez que a lei não pode retirar do outro agente o direito de prosseguir na ação penal, com a finalidade de provar a sua inocência. 
	Outrossim, se a lei obrigasse os demais agentes a aceitarem o perdão, ela estaria retirando o caráter da bilateralidade existente no referido instituto.
	Assim como a renúncia, o perdão vale para todos. 
	Aqui também temos o perdão expresso ou tácito.
c) Perempção - revela sanção à parte desidiosa que não movimenta o processo (art.60 CPP)
	Na ação privada, e somente nela, pode ocorrer a perempção, que gerará efeitos de extinção da punibilidade, nos termos do Artigo 107, Inciso IV do Código Penal.
	Ocorre depois do início da ação penal. 
QUEIXA-CRIME
A queixa-crime deverá conter os mesmos requisitos da denúncia, ou seja, a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimento pelos quais se possa identificá-lo, a qualificação legal do crime e, quando necessário o rol de testemunhas (art. 41 do CPP).
Requerimento: é o pedido de instauração de inquérito dirigido a Autoridade Policial (art. 5º, § 5º CPP). 
O requerimento NÃO interrompe o prazo decadencial.
Prazo Para Queixa-Crime
Prazo para queixa-crime: nos termos dos arts. 103 do CP e 38 do CPP, a parte decai do direito de queixa após seis meses a contar da data em que descobre a autoria do delito. 
	Esse prazo é para o oferecimento de queixa junto ao juízo, fazendo-se necessário orientar a vítima nesse sentido, pois o requerimento à Autoridade Policial para instauração de inquérito, não suspende o referido prazo.
No caso de morte do ofendido (art.31CPP) = os representantes terão o mesmo prazo para ofertar a queixa à partir da data em que qualquer dos representantes houver tomado conhecimento da autoria da conduta. 
Os menores de 18 anos = só os pais têm direito de oferecimento de queixa dentro do prazo de 6 meses do conhecimento da autoria.
A Súmula 594 do STF dispõe que se o ofendido for menor, teremos dois prazos, ou seja, o prazo será autônomo de 6 meses a partir da data em que completa 18 anos.
	Direito de preferência : a preferência se dá na ordem da lei: cônjuge ou companheiro(a), ascendente, descendente ou irmão. Queixa proposta por um deles, afasta o direito dos subsequentes – art. 36 CPP.
Na ação penal privada o MP atua como fiscal da lei (custos legis), no sentido de serem observados os procedimentos legais e os direitos das partes.
Aditamento Na Queixa-CrimeSegue o mesmo procedimento que a denúncia pelo MP.
Prazo: 03 dias contados da data em que o MP receber os autos – se este não se pronunciar dentro do prazo – entender-se-á que o MP não tem o que aditar, e o processo prosseguirá (art. 46 §2º CPP). 
Condições de aditamento: na ação penal privada só pode aditar para acrescentar circunstâncias que possam influir na caracterização do crime, sua classificação ou fixação da pena. 
Rejeição Da Queixa-Crime
A queixa poderá ser rejeitada, na forma do artigo 395 do Código de Processo Penal, quando: 
	a)For manifestamente inepta; 
	b)Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
	c)Faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
	
Se o querelante oferecer queixa que não abranja todos os ofensores, esta deverá ser rejeitada. 
Entende-se que, neste caso, houve renúncia tácita no tocante aos não incluídos e a renúncia tácita, sendo causa extintiva da punibilidade, se comunica a todos os querelados, como expresso no art. 49 CPP.
	O Professor Mirabete entende que esta rejeição da queixa somente é cabível se a não-inclusão de algum ofensor pelo querelante for voluntária. 
	Se a não-inclusão decorrer do fato de não possuir o querelante elementos indiciários contra os excluídos, entende Mirabete que o Ministério Público poderá aditar a queixa, nela incluindo os que involuntariamente foram excluídos. 
Principais Crimes De Ação Privada
Dentre os principais crimes de ação privada propriamente dita, enumeram-se:
 calúnia, difamação e injúria (CP, arts. 138, 139 e 140); 
fraude à execução; 
violação de direito autoral e de privilégio de invenção; 
concorrência desleal; 
exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem violência. 
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA DIGNIDADE SEXUAL
 
	 Com a entrada em vigor da Lei 12.015/2009, importantes modificações ocorreram no âmbito dos crimes contra a dignidade sexual e o art. 225 do Código Penal passou a ter a seguinte redação.
	“Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. 
	Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável”.
A partir deste artigo, em um primeiro momento, deduz-se que nos crimes contra a liberdade sexual (capítulo I) e nos crimes sexuais contra vulnerável (capítulo II) a ação penal será de iniciativa pública condicionada à representação. 
Lembre-se que, os crimes praticados contra vulnerável, estão previstos justamente no capítulo II (217-A, 218, 218-A e 218-B do Código Penal). 
Por conta disso, em apertada síntese, pode-se entender como vulnerável o menor de 14 (catorze) anos de idade (artigos 217-A, 218 e 218-A) ou o menor de 18 (dezoito) anos de idade (artigo 218-B). 
Portanto, a princípio, eles também seriam de ação penal pública condicionada à representação do ofendido – com fulcro no art. 225 caput (por estar no capítulo II). 
De outro lado, porém, o parágrafo único do artigo 225, com sua nova redação, determina que os crimes praticados contra vulnerável, são de ação penal pública incondicionada. 
 
Nesse aparente conflito, afinal de contas, qual regra deve prevalecer?
	
Em uma interpretação sistemática e atenta ao espírito do legislador de punir com maior rigor obviamente as condutas mais graves, entende-se que apenas os crimes previstos no capítulo I do Título VI (crimes contra a liberdade sexual) é que serão de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
Para os crimes tipificados no capítulo II (crimes contra vulnerável), a ação penal deverá ser pública incondicionada. 
QUADRO COMPARATIVO DAS LEGISLAÇÕES
	
	Situação
	Delito
	Pena anterior e
Ação penal
	Pena atual e
Ação penal
	
	1
	Estupro simples
	6-10 anos
APPI
	6-10 anos
APPC
	
	2
	Estupro com lesão grave
	8-12 anos
APPI
	8-12 anos
APPI
	
	3
	Estupro com morte
	12-25 anos
APPI
	12-30 anos
APPI
	
	4
	Estupro simples em concurso material com atentado violento ao pudor simples
	12-20 anos
APPI
	6-10 anos
APPC
	
	5
	Estupro de menor de 14 anos com grave ameaça ou violência real
(aplicava-se a causa de aumento de metade prevista na Lei n. 8.072/1990, art. 9º)
	9-15
APPI
	8-15
APPI
	
	6
	Estupro de menor de 14 anos sem grave ameaça ou violência real
	6-10
APPC ou APPr
	8-15
APPI
	
	7
	Estupro de pessoa com deficiência mental ou que não pode oferecer resistência
	6-10
APPC ou APPr
	8-15
APPI
	
AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA
Ação penal privada personalíssima caracteriza-se quando somente o ofendido pode propor a ação mediante queixa.
	Ex.: Art. 236, § único (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
Não há a possibilidade dos representantes legais do ofendido promover a ação penal, sendo inclusive causa de extinção da punibilidade a morte do ofendido, o que não está prevista no art. 107 do CP.
Condições Específicas Para Propositura Da Ação Penal Privada
Sabe-se que o primeiro requisito para o direito de queixa é a legitimação para o exercício da ação penal privada. 
O fato narrado na exordial deve ser em tese suscetível de sanção penal. 
É fato impeditivo, para o caso do artigo 236 do Código Penal, a inexistência de sentença transitada em julgado, que, em razão de erro ou impedimento, anule o casamento. 
São fatos extintivos da Ação Penal Privada, por sua vez: 
	a) A decadência do direito de queixa; 
	b) A renúncia a esse direito; 
	c) A extinção da punibilidade do fato antes de apresentada a queixa (artigo 107, do Código Penal); 
Sucessão Processual Na Ação Penal Privada
A ação penal privada pura admite o instituto da sucessão processual. Logo, se a vítima falecer, o processo poderá iniciar ou prosseguir através dos familiares.
Há uma ordem de preferência taxativa no início ou prosseguimento da ação pelos familiares (Artigo 31 do CPP): 1)Cônjuge; 2) Ascendente; 3)Descendente; 4) Irmão.
Ação Penal Privada Personalíssima – não há sucessão processual. 
AÇÃO CIVIL “EX DELICTO”:
A Ação Civil Ex Delicto pode ser definida simploriamente como uma ação ajuizada na esfera cível, requerendo a indenização de dano moral ou material juridicamente reconhecido em infração penal.
Portanto, tal ação somente caberá nas hipóteses em que a repercussão da infração penal também atingir a esfera da responsabilidade civil.
Apesar da legislação penal não tratar o tema de acordo com sua amplitude e relevância, o CP prevê em seu art. 91, I, a obrigação de reparação do dano quando houver condenação.
Nesse sentido, a legislação inclusive incentiva, através de concessão de benefícios aos agentes, a reparação dos ofendidos, conforme hipóteses citadas abaixo:
	1 - Causa de diminuição da pena quando o agente repara o dano ou restitua a coisa ao ofendido (art. 16 CP);
	2 - Reparação de dano como atenuante genérica (artigo 65, III, b CP);	
	3 - Substituição das condições genéricas da suspensão condicional da pena por condições específicas (art. 78,§2º CP);
	4 - Reparação do dano como condição para a concessão do livramento condicional, salvo impossibilidade efetiva (artigo 83, IV CP);
	5 - Condição para a reabilitação (artigo 94, III CP);
	6 - Extinção de punibilidade no caso de peculato culposo, quando o dano é ressarcido (artigo 312, § 3º CP).
Contudo, o Código de Processo Penal ao tratar deste tipo de ação prevê meios mais eficazes para a vítima buscar a reparação, além de prever a utilização do sequestro, da busca e apreensão, do arresto e da hipoteca legal.
Espécies de Reparação
Apesar de os artigos 63 e 64 do CPP remeterem-se aos termos “reparação” e “ressarcimento”, a satisfação do dano causado pode ocorrer através de 4 formas: restituição, ressarcimento, reparação e indenização:
(a) Restituição - é a espécie de reparação mais simples. Consiste na restituição da coisa,caso a lesão do bem jurídico se constitua na privação de um objeto (por exemplo, em casos de furtos).
	O pedido de restituição de bem pode ser requerido na própria instância criminal, por meio de incidente de restituição de coisas apreendidas, na hipótese de o bem já ter sido apreendido e de não haver dúvida quanto à sua propriedade.
(b) Ressarcimento - constitui, “pagamento do dano patrimonial, de todo o dano, isto é, do prejuízo emergente e do lucro cessante, do principal e dos frutos que lhe adviriam com o tempo e com o empregado da coisa”.
(c) Reparação - será cabível quando o dano não for ressarcível em espécie, ou seja, quando não puder ser estimado em dinheiro, por sua natureza não patrimonial, com o intuito de confortar a dor sofrida pelo ofendido.
(d) Indenização - figura como um meio de compensação por dano causado por ato ilícito praticado pelo Estado. 
	Como exemplo, podemos citar a absolvição em revisão, em que o Estado tem o dever de indenizar o interessado pelos danos sofridos (artigo 630 do CPP).
Em que pese a classificação citada, a própria legislação, e aqui inclui-se a Constituição Federal, não a obedece, definindo como indenização (termo genérico) qualquer pedido ressarcitório ou reparatório.
Legitimidade Ação Civil “Ex Delicto”:
Legitimidade ativa: vítima, representante legal, no caso de menor ou doente mental, ou herdeiros, no caso de morte ou ausência. 
Perceba-se que no caso de óbito ou ausência a lei não se limita ao cônjuge, ascendentes, descentes de irmãos, e sim a todos os herdeiros. 
O MP pode entrar com a ação no caso de vítima pobre, onde não houver defensoria pública.
Legitimidade passiva: autor do crime ou responsável civil. No Juizado Especial, se o responsável civil fizer parte do acordo, a sentença homologatória será título executivo contra sua pessoa.
A jurisprudência majoritária entende que o responsável civil, na ação ex delicto pode usar qualquer argumento, até mesmo a negativa de autoria ou inexistência do fato, o que seria impossível ao autor do crime.
Isso ocorre porque o responsável não participou da ação penal e não pode ser tolhido de sua defesa.
	Ex: dono de empresa de ônibus que está sendo processado civilmente por atropelamento causado culposamente por um de seus motoristas.
Competência Ação Civil “Ex Delicto”:
Tanto a ação ex-delicto executória como a de conhecimento correram no juízo cível.
	 Conforme o art. 100, CPC, a ação pode ser ajuizada tanto no domicílio do autor, como no local do fato, havendo concorrência de foros.
Sistemas Processuais- Ação Civil “Ex Delicto”:
	Sistema da confusão: as pretensões cíveis e penais desenvolvem-se na ação penal. O pedido engloba ao mesmo tempo a condenação e a pretensão dos danos.
	Sistema da solidariedade ou da união: as duas ações, cível e penal, desenvolvem-se em processo único.
	Sistema da livre escolha: o autor escolhe se vai demandar a reparação na esfera cível ou na penal.
	Sistema da separação ou independência: cada ação deve correr na justiça competente.
Hoje no Brasil existe a regra que a sentença penal pode arbitrar o valor mínimo de indenização, que é liquido e executável na esfera cível (art. 387, IV CPP).
	Percebe-se uma tentativa de adoção do sistema da confusão, pois as pretensões cível e penal estariam veiculadas na mesma ação, desde que haja pedido nesse sentido.
Suspensão da demanda civil: o juiz cível pode suspender a ação visando aguardar o resultado do processo criminal, essa suspensão pode ocorrer até mesmo antes do processo criminal ter início, sendo que prosseguirá se a ação penal não tiver início em 30 dias. 
Corrente majoritária, inclusive o STJ entende que a suspensão é uma faculdade do juiz.
Execução Da Sentença Condenatória Penal - Ação Civil “Ex Delicto”
Execução da sentença condenatória penal: a sentença penal que arbitre valor mínimo de indenização é título executivo judicial no cível, podendo ser liquidada, caso o juiz criminal não defina o valor, ou caso a vítima entenda que o valor seja insuficiente. 
Se houver fiança, a vítima pode pedir o levantamento em seu favor, numa verdadeira execução na esfera penal. 
O STJ entende que a sentença concessiva de perdão judicial, não pode ser executada, pois meramente declaratória. 
Havendo extinção da pretensão punitiva também não cabe execução, sendo ela possível quando houver extinção da pretensão executória, pois nesse caso os efeitos secundários da sentença são preservados.
Sentença absolutória e subordinação temática: As hipóteses de sentença absolutória estão no art. 386, CPP:
Absolvição pela prova de inexistência do fato: não haverá responsabilidade penal nem cível, pois a infração inexistiu. 
O pedido de arquivamento, pelo MP, do inquérito ou das peças de informação, não impede a ação cível.
Não houver prova de existência do fato: leva a absolvição, pois in dubio pro reo, mas nada impede a discussão na esfera cível.
Não constituir o fato infração penal: mesmo não sendo infração penal, pode constitui ilícito civil, cabendo indenização.
Estar provado que o réu não concorreu para a infração: havendo certeza de negativa de autoria, não cabe indenização.
Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração: a dúvida ocasiona a absolvição, mas isso não impede a discussão na esfera cível.
Existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência: havendo excludentes de ilicitude, isso impede o ajuizamento de ação indenizatória. 
Excepcionalmente pode subsistir a indenização: deterioração ou destruição de coisa alheia, quando o causador do perigo não é o dono da coisa (mesmo absolvido na esfera penal, terá de indenizar, tendo ação regressiva contra o causador do perigo); legítima defesa putativa ou aberratio ictus (erro de alvo); excludentes de culpabilidade.
Não existir prova suficiente para a condenação: não impede a ação cível.
Revisão criminal e ação rescisória: havendo revisão criminal procedente, ela desaparece com a sentença condenatória transitada em julgado, impedindo o início da execução no cível ou eliminando a já iniciada. Cabe restituição já tiver havido o pagamento. 
Se houver trânsito em julgado no cível primeiro reconhecendo a indenização, eventual sentença absolutória penal que ilida a indenização, serve de base para ação rescisória.
Prazo Prescricional: começa a correr com o trânsito em julgado da sentença criminal e prescreve em 3 anos

Outros materiais