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Profa. Ms. Alice canuto Psicologia e Políticas Públicas: Violência e Direitos Humanos - “Nenhuma forma de violência vale a pena” - “Os dominandos não tem direito ao ódio? Os dominados não têm direito à violência?” Violência e direitos humanos? A violência é um dos mais desafiadores fenômenos enfrentados pelo pensamento humano, além de ser uma das práticas que mais inquietam os indivíduos em sociedade. É um evento que nos convida a refletir sobre sua origem, natureza e razão de ser e, na mesma medida, nos perturba, ameaça e, não muito raro, constitui o cerne de nossas ações no mundo. A violência como instrumento de controle e/ou aniquilação do outro, isto é, do seu emprego contra os direitos humanos, afeta às noção de dignidade humana. Criação da onu As atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial levaram a comunidade internacional à busca de mecanismos que pudessem inibir a repetição da violência, assim como estabelecer parâmetros de relações entre os seres humanos. Em 1945 => logo após a guerra, nascia a Organização das Nações Unidas (ONU), que teria papel fundamental no estabelecimento de marcos contra os conflitos entre países e abusos contra as pessoas. Declaração universal dos direitos humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada em 1948, na Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU). O documento é a base da luta universal contra a opressão e discriminação, defende a igualdade e dignidade das pessoas e reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados a cada cidadão do planeta. Genealogia da violência Brasil Colônia => como eram tradadas as “crianças”? Quem tinha o direito de ser “criança” no Brasil colonial? Não existia a categoria universal de criança. Ou seja, não existiam crianças indígenas, africanas e portuguesas compartilhassem uma mesma natureza humana. As crianças indígenas, escravas, possuíam um status inferior, não sendo consideradas propriamente humanas. “Filho de família”, “filho legítimo” X “órfãos”, “expostos” Genealogia da violência Quando analisamos a história da criança no Brasil constatamos até meados do Império, a palavra “menor” não era usada para designar as crianças, a não ser de maneira muito específica. O sistema caritativo, por um lado, só se ocupada de “órfãos” e de “expostos”, que eram categorias bem precisas. Genealogia da violência No Brasil colônia até o Império a palavra “menor abandonado” não foi encontrada em pesquisas. O que se constata, nos relatórios do Ministério da Justiça, é uma preocupação constante com a situação das prisões, que eram consideradas masmorras imundas, fétidas e insalubres (prisão - escola do crime). (Modelo do panóptico – Michel Foucault/crítica). Genealogia da violência Até a Lei do Ventre Livre não se encontra menção alguma à categoria “menor abandonado” nos relatórios do Ministério da Justiça. A partir das leis abolicionistas e do crescente processo de urbanização e também com a leva de migrantes em busca de aventura ou de trabalho, outro tipo de criança começa a existir nas cidades, ou seja, crianças pobres mas livres. O que fazer com essas crianças que, no entanto, eram livres, mas a quem não se queria dar o status de filhos de família? “Criminalidade juvenil”: passa a aparecer e ser um problema Passou-se a denominar as crianças pobres que trabalhavam nas ruas, vendendo jornais, pedindo esmolas, brincando e eventualmente praticando algum furto, como “menores abandonados”. Que eram sim crianças órfãs de pais vivos e que, embora ainda não fossem criminosas, certamente o seriam no futuro. Daí que a assistência pública à criança (porque abandonada materialmente), deveria incluir sua regeneração (porque abandonada moralmente). Cria-se o primeiro código de menores do brasil Em 1927 => promulgado o primeiro Código de Menores do Brasil (Decreto nº 17943-A, de 12 de outubro de 1927) no qual a criança merecedora de tutela do Estado era o “menor em situação irregular”. Para alguns teóricos(as) este conceito tentou superar, naquele momento histórico, a dicotomia entre menor abandonado e menor delinquente, numa tentativa de ampliar e melhor explicar as situações que dependiam da intervenção do Estado. Juízado de menores O Poder Judiciário cria e regulamenta o Juizado de Menores e todas suas instituições auxiliares. O Estado assume o protagonismo como responsável legal pela tutela da criança órfã e abandonada. A criança desamparada, nesta fase, fica institucionalizada, e recebe orientação e oportunidade para trabalhar. interstício entre o Código de menores e o ECA 1930-1945 => cresce o centralismo do Estado assistencialista, denominado Estado Novo, especialmente a organização dos serviços públicos de atendimento. Até 1935 => os menores abandonados e infratores eram, indistintamente, apreendidos nas ruas e levados a abrigos de triagem. Em 1940 => se edita o atual Código Penal Brasileiro, onde a idade para a imputabilidade penal se define aos 18 anos. interstício entre o Código de menores e o ECA Em 1942 => Formula-se, então, uma Assistência Pública ao Menor (Serviço de Assistência ao Menor – SAM) como auxiliar da Justiça, assistência que seria correcional, repressiva e ao mesmo tempo preventiva – ou seja, um escândalo jurídico, mas que foi justificado em nome da proteção da criança. O SAM se estruturou sob a forma de reformatórios e casas de correção para adolescentes infratores e de patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos para menores carentes e abandonados. interstício entre o Código de menores e o ECA Essas discussões tiveram início no final do Império, após a Lei do Ventre Livre, mas a República aprofundou esse modelo e passou a recolher crianças nas ruas e encaminhá-las inicialmente para o juíz de Órfãos e depois para o juiz de Menores, para receberem destino. Qual era o destino que o juíz dava às crianças? O trabalho, como medida judicial, como sentença, como forma de reescravização das crianças em tempo de pós-abolição e mão de obra escassa, já que da decisão judicial a criança não podia escapar. E, assim, se construiu um modelo de assistência repressiva, correcional, assistência como braço da Justiça, até a Constitução. Surgimento do eca No Brasil, os adolescentes (12 a 18 anos) não são tratados da mesma forma que os adultos porque não são julgados pelo Código Penal Brasileiro e sim pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O ECA foi criado em 13 de julho de 1990, por meio da lei 8.069, com o objetivo de preservar os direitos dos indivíduos que ainda estão em fase de desenvolvimento. É o conjunto de normas do ordenamento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral da criança e do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos para o juiz. eca A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, incumbindo ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. A inscrição de postulantes à adoção de crianças e adolescentes será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Tipos de medidas socioeducativas ADVERTÊNCIA: Repreensão verbal feita pelo representante do Ministério Público. OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO: Restituir ou promover o ressarcimento do dano caso haja possibilidade. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE: Realização de tarefas gratuitas por meio de entidades assistenciais por, no máximo, seis meses. LIBERDADE ASSISTIDA: Acompanhamento e orientação ao adolescente por meio de programa social. O prazo mínimo é de seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida. O serviço deve promover socialmente o adolescente e sua família, supervisionar o aproveitamento escolar e encaminhá-lo ao mercado de trabalho. Tipos de medidas socioeducativas REGIME DE SEMILIBERDADE: Os adolescentes se recolherem à Casa de Semiliberdade durante a noite e tem a possibilidade de realizar atividades externas durante o dia. É obrigatório que o jovem permaneça recebendo escolarização e profissionalização. INTERNAÇÃO: Constitui em medida privativa de liberdade de no mínimo seis meses e, no máximo, três anos. O prazo total de cumprimento depende da evolução do adolescente dentro do sistema socioeducativo. Ele pode ficar internado até os 21 anos. As avaliações ocorrem a cada seis meses e são encaminhadas ao juiz que, por sua vez, decide se o adolescente deve continuar internado. Tipos de medidas socioeducativas A internação deve ser aplicada quando o ato infracional foi cometido mediante grave ameaça ou violência, por reiteração no cometimento de outras infrações graves e por descumprimento de medida socioeducativa anterior. A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente.
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