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Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos DISPEPSIA FUNCIONAL Os distúrbios funcionais gastrointestinais são caracterizados pela presença de sintomas relacionados ao aparelho digestivo de longa duração, que não podem ser atribuídos a qualquer anormalidade estrutural ou anatômica, ou a alterações bioquímicas e metabólicas. O conceito e a classificação desses distúrbios foram estabelecidos em reuniões internacionais de consenso, que se iniciaram após o Congresso Internacional de Gastroenterologia, realizado em Roma, em 1988. As conclusões da última reunião de consenso – elaboradas por 87 pesquisadores representantes de 18 países – foram publicadas em um suplemento do periódico Gastroenterology, em abril de 2006, com nome Critérios de Roma III. Definição e classificação: De acordo com os Critérios de Roma III, a dispepsia funcional (DF) é definida por meio da presença de sintomas os quais se acredita serem originados na região gastroduodenal, na ausência de doenças orgânicas, sistêmicas ou metabólicas que possam explica-los. Os sintomas que caracterizam a DF são: dor epigástrica, queimação epigástrica, empachamento (plenitude) pós-prandial e saciedade precoce. A pirose ou azia – isto é, a sensação de queimação no epigástrico que se irradia para a região retro-esternal – não faz parte da definição de DF. Diagnóstico da DF: Sintomas nos últimos 3 meses, com inicio há pelo menos 6 meses. Para a conduta na prática clinica é aconselhável dividir a DF relacionada a: 1. Sintomas desencadeados por refeição 2. Sintomas caracterizados por dor ou queimação epigástrica Síndrome do desconforto pós-prandial: É necessária a presença de um ou dois sintomas relacionados a seguir e estes, por sua vez, devem ocorrer várias vezes durante a semana: 1. Empachamento (plenitude) pós-prandial após uma “refeição normal”; 2. Saciedade precoce que impede o término de uma “refeição normal”. Síndrome da dor epigástrica: É caracterizada pelos seguintes sintomas: 1. Dor ou queimação no epigástrico, de intensidade pelo menos moderada, que ocorre pelo menos uma vez por semana; 2. Dor intermitente; 3. Dor não generalizada nem localizada em outra região do abdômen ou tórax; 4. Não alivio da dor por meio de eliminação de fezes ou flatos; Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos 5. Ausência de critérios para diagnostico de distúrbios da vesícula biliar ou do esfíncter de Oddi. Epidemiologia: Sintomas dispépticos crônicos recorrentes são relatados por 20% a 30% da população adulta (prevalência), com incidência (casos novos) de 1 % ao ano. Esses dados, baseados em investigações epidemiológicas, não distinguem os pacientes com DF da dispepsia orgânica. Vários estudos demonstram, entretanto, que a maioria (mais de 60%) dos indivíduos com queixas de dispépticas, quando investigados, preenche os critérios para diagnósticos de DF. Etiopatogenia: x Fatores genéticos e ambientais Alguns trabalhos sugerem que fatores genéticos podem predispor o desenvolvimento de DF, mas a agregação de distúrbios funcionais gastrintestinais, presentes em membros de uma mesma família, parece ser influenciada pelo comportamento dos pais. Para citar apenas um dos argumentos, foi verificado que filhos de pacientes com distúrbios funcionais procuram atenção médica com maior frequência do que os controles. Com base em trabalhos publicados, os autores de Critérios de Roma III afirmam que a dieta, o fumo e o álcool não são considerados fatores de risco para a DF. x Fatores emocionais Embora a presença de distúrbios psicossociais não seja necessária para estabelecer o diagnóstico de DF, diversos trabalhos demonstraram que esses pacientes costumam ser mais neuróticos, hipocondríacos, ansiosos e deprimidos quando comparados a controles assintomáticos. Na avaliação de pacientes acompanhados na UNICAMP, foi observada a presença de ansiedade, muitas vezes associada à depressão, em 70% dos casos. Fatores psicossociais têm importante influência na decisão do paciente de procurar atendimento médico. É evidente que o estresse psicológico exacerba sintomas dispépticos e provoca sintomas, mesmo em indivíduos saudáveis. Emoções intensas ou estresse ambiental provocam um aumento da motilidade gastrointestinal em indivíduos normais, mas essa influencia é ainda maior em pacientes com DF. x Distúrbios na motilidade Alterações da motilidade gastrointestinal são demonstradas em, aproximadamente, 50% dos paciente com DF: esvaziamento gástrico lento, hipomotilidade antral, relaxamento inadequado do fundo gástrico, maior retenção alimentar no antro gástrico e dismotilidade intestinal. O esvaziamento gástrico lento é mais frequente nas mulheres, e nos dispépticos com queixas de empachamento, náusea e vômitos. x Hipersensibilidade visceral Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Cada vez mais a importância da hipersensibilidade visceral é reconhecida na fisiopatologia da DF. Estudos com distensão de balões introduzidos no tubo digestivo demonstram que os pacientes com distúrbios funcionais apresentam limiar de dor menor do que os controles normais. A hipersensibilidade decorre de alterações no eixo cérebro- intestinal, envolvendo o sistema nervoso aferente. x Secreção ácida Muitos trabalhos sugerem que um subgrupo de pacientes com DF apresenta sintomas relacionados à acidez gástrica. Já que pacientes com DF apresentam secreção ácida normal, os sintomas podem ser explicados por uma hipersensibilidade ao ácido gástrico ou duodenal. x Helicobacter pylori A associação causal entre gastrite pelo H. pylori e a DF é um tema ainda controverso. Estudos epidemiológicos bem controlados demonstram que a prevalência dessa infecção entre os pacientes com DF é similar à encontrada na população assintomática. Os trabalhos mostram, entretanto, que um pequeno subgrupo de pacientes com DF apresenta melhora ou cura dos sintomas após a erradicação da bactéria. Diagnóstico: Embora não seja possível fazer o diagnóstico diferencial entre DF e dispepsia orgânica com base apenas na historia clinica, é importante identificar os chamados sintomas e sinais de alarme – perda de peso, vômitos recorrentes, disfagia progressiva, perda de sangue – que alertam para o risco de doença orgânica e obrigam a realização de exames complementares. Durante a anamnese, deve ser interrogada com insistência a ingestão de medicamentos, em especial aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroidais, que possam ser a causa dos sintomas. Sinais de alarme – PROVA ¾ Perda de peso ¾ Disfagia ¾ Vômitos frequentes ¾ Sangramento ¾ Anemia ¾ Massa palpável ¾ Historia familiar de Ca gástrico ¾ Mudança no padrão dos sintomas Diagnóstico: De acordo com os Critérios de Roma III, para o diagnóstico definitivo de DF, além da história clínica característica e do exame físico normal, é aconselhável a realização de endoscopia digestiva alta durante o período sintomático, na ausência de medicação inibidora de acidez. É também recomendada a realização de biopsias gástricas, durante a endoscopia, para investigar a presença de H. pylori, que deve ser erradicada quando encontrada. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Em nosso meio, o exame parasitológico de fezes deve ser também solicitado, uma vez que as parasitoses, especialmente a giardíase e estrongiloidiase, podem ter relação com o quadro dispéptico e devem ser erradicadas antes do diagnostico de DF. Muitos especialistas, no Brasil, recomendam o tratamento empírico das parasitoses, visto que o exame de fezes pode revelar resultados falso-negativos. O exame ultrassonográfico do abdômen é realizado, com frequência, na avaliação dos pacientes com DF, especialmente quando o exame endoscópico é normal. Noentanto, não é recomendado na rotina, já que os sintomas de calculose na via biliar são característicos e não fazem parte da definição de DF. Recomendações para a realização de endoscopia na dispepsia funcional - PROVA ¾ Idade: > 40/45 anos ¾ Sintomas que não melhoram com o tratamento empírico ¾ Uso habitual de AINE ¾ Sintomas e sinais de alarme: Anemia, perda de peso, disfagia, hemorragia digestiva, vômitos recorrentes, massa palpável, Antecedentes familiares de Ca gástrico, Alterações nas características dos sintomas. Tratamento: Não existe nenhum medicamento especificamente indicado para todos os pacientes com DF. Além disso, a avaliação da terapêutica farmacológica é dificulta da pela alta resposta ao placebo (20% a 60%). Os medicamentos são indicados para aliviar os sintomas predominantes que, muitas vezes, modificam-se durante a evolução do quadro clinico. Relação médico-paciente: A eficácia do tratamento, ou seja, a melhora dos sintomas e da qualidade de vida, depende, principalmente, da boa relação médico-paciente. O ato médico- que inclui a postura confiável e amigável do profissional, inspirando empatia e demonstrando interesse genuíno para compreender as queixas do paciente – é fundamental para o sucesso. O ritual do exame físico cuidadoso, focado com maior atenção na região abdominal, onde localiza-se a preocupação fundamental do paciente, além de ser importante para o diagnostico diferencial, reforça a boa relação médico paciente. Dietas e hábitos de vida: A necessidade de aderir a uma dieta saudável, evitando excesso de alimentos gordurosos, doces, café, álcool, fumo, é de conhecimento geral, mas deve ser enfatizada pelo médico, que também pode ajudar na identificação dos alimentos e das situações que agravam ou desencadeiam os sintomas. Medicamentos: A prescrição de medicamentos deve ser caso a caso. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos x Antiácidos Os inibidores da acidez continuam sendo os de primeira linha. Os antiácidos (hidróxido de alumínio, trissilicato de magnésio) são frequentemente utilizados como auto-medicação, mas sua eficácia não foi avaliada por estudos cientificamente controlados e bem conduzidos. Medicamentos: A prescrição de medicamentos deve ser caso a acaso. Os antagonistas dos receptores H, (cimetidina, ranitidina, famotidina, nizatidina) são mais eficientes do que o placebo, com um numero necessário para tratar (NNT) de 8 – isto é, para cada oito pacientes tratados, apenas um relata melhora dos sintomas. Entretanto, esses dados foram obtidos a partir de estudos com casuística pequena e heterogênea. Os inibidores da bomba protônica (IBP) são superiores ao placebo, com NNT de 7, de acordo com estudo metanalítico recente. As doses habitualmente utilizadas dos IBPs devem ser administradas antes da primeira refeição e compreendem: 20 a 40mg de omeprazol, 30mg de lanzoprazol, 20mg de rabeprazol, 40mg de pantoprazol e 40mg de esomeprazol. Muitas vezes, metade da dose-padrão já é o suficiente. Inibidores de bomba de prótons Omeprazol 40mg Lanzoprazol 30mg Pantoprazol 40mg Rabeprazol 20mg Esomeprazol 40mg Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos DRGE Doença do Refluxo Gastroesofágico ¾ Doença crônica e recorrente ¾ Limita a qualidade de vida ¾ 12% dos brasileiros ¾ Aumentando a incidência (bebidas, cigarro, refeições copiosas). Grupos: ¾ DRGE EROSIVA ¾ DRGE NÃO EROSIVA ¾ DRGE COMPLICADA Sintomas: (PROVA) ¾ Pirose/ regurgitação ácida ¾ Pirose retroesternal/ >2x semana ¾ Odinofagia, disfagia, eructações, náuseas, sialorréia, plenitude pós-prandial ¾ IDOSO – perda ponderal, pneumonia de repetição Sintomas atípicos: (PROVA) ¾ Asma ¾ Tosse ¾ Laringite ¾ Dor torácica Causas e fatores de risco: ¾ Fatores genéticos ¾ Incompetência do esfíncter esofágico inferior. ¾ Hérnia de hiato. ¾ Obesidade ¾ Alimentação hiperlipídica ou apimentada ¾ Uso de antiinflamatorios não hormonais (AINEs) Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Classificação de Esofagites: Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Diagnóstico Diferencial: (PROVA) ¾ Esofagite infecciosa (vírus, bactérias, Candida albicans). ¾ Esofagite medicamentosa. Esofagite por estase ¾ Esofagite química ¾ Dor torácica de origem cardíaca (isquemia miocárdica). ¾ Alterações funcionais do esôfago (acalasia, espasmo esofágico, hipomotilidade). ¾ Câncer de esôfago. Ulcera péptica duodenal. ¾ Pericardite Exames Complementares: (PROVA) ¾ Endoscopia digestiva alta ¾ Rx do esôfago contrastado ¾ pHmetria de 24 horas (indicada nos casos atípicos) ¾ Manometria esofágica Complicações: ¾ Esôfago de Barret. Estenose esofágica. Ulcera esofágica. ¾ Hemorragia digestiva. Anemia por perda crônica de sangue. ¾ Desgaste do esmalte dentário. Aftas ¾ Complicações pulmonares (asma, bronquite, bronquiectasia, pneumonia de repetição). Recomendações: (PROVA) ¾ Elevação da cabeceira da cama ¾ Moderar ou eliminar os seguintes alimentos (na dependência da correlação com sintomas) – Gordurosos, cítricos, café, bebidas alcoólicas, bebidas gasosas, menta, hortelã, produtos à base de tomate, chocolate. ¾ Cuidados especiais com medicamentos anticolinérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio, alendronato, AINESs. ¾ Evitar deitar-se nas duas horas posteriores às refeições. ¾ Evitar refeições copiosas. ¾ Suspensão do tabaco. ¾ Redução do peso corporal em obesos. Tratamento Cirúrgico – Fundoplicatura ¾ Pacientes que não respondem ao tratamento clínico ¾ Pacientes que necessitam tratamento de manutenção com inibidores de bomba de protônica, especialmente aqueles com menos de 40 anos de idade. ¾ Pacientes com esôfago de Barret com dispepsia de alto grau. ¾ Pacientes com estenose esofágica. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Terapia Medicamentosa: (PROVA) Inibidores de bomba de prótons Omeprazol 40mg Lanzoprazol 30mg Pantoprazol 40mg Rabeprazol 20mg Esomeprazol 40mg Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos GASTRITE CRO NICA Introdução Classificação e Estagiamento Prevalência Relação com Outras Doenças Diagnóstico Prevenção do Câncer Gástrico x Inflamação do revestimento gástrico associada à lesão da mucosa gástrica x Representa a resposta do estômago a uma agressão x Pode afetar diferentes regiões do estomago e exibir graus diferentes de lesões da mucosa x PANGASTRITE / PREDOMINANTE DE ANTRO / PREDOMINANTE DE CORPO x Assintomática x Sem aspectos específicos: o Radiológicos o Gastroscópicos o Sorológicos x Diagnóstico essencialmente histopatológico x Fator etiológico mais comum: Helicobacter pylori Gastrite Crônica – Resultado Clinico da Infecção pelo H pylori x Modos de interação diferentes entre a secreção ácida gástrica e a gastrite associada ao H. pylori. o Perfil secretor do hospedeiro antes da infecção o Diferentes resultados clínicos Alta Produção de ácido -> Ulcera Duodenal (Areas Industrializadas) Infecção pelo H. pylori Baixa Produção de ácido -> Atrofia -> Ulcera Gátrica (Camadas Menos Privilegiadas Câncer Gastricoda População) SISTEMA SYDNEY ATUALIZADO x Diretriz prática x Quais aparências morfológicas são importantes e devem ser observadas x Como essas alterações devem ser graduadas e relatadas x Expressar de maneira compreensível o tipo e o grau das lesões da mucosa gástrica Inflamação Crônica x Ausente / Leve / Moderada / Intensa Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos x Aumento de linfócitos e plasmocitos o Desaparece lentamente após erradicação do H. pylori Antro 1 ano Corpo 4 anos ATROFIA GLANDULAR x Perda das glândulas especializadas de antro e/ou corpo o Processo inflamatório prolongado e difuso o Lesão tecidual acentuada (erosão, úlcera) x Consequências: o Mucosa torna-se adelgaçada o Redução da função secretora gástrica METAPLASIA INTESTINAL x Ausente / Leve / Moderada / Intensa x Reação adaptativa à inflamação crônica da mucosa o Células foveolares são substituídas por dois tipos de epitélio intestinal (HE) Enterocitos absortivos, com bordo em escova e células caliciformes (semelhante ao intestino delgado) Células colunares com citoplasma esponjoso e sem bordão em escova. ETIOLÓGICO x H. pylori x Autoimune o Etc... SISTEMA SYDNEY ATUALIZADO x Diferente extensão e distribuição topográfica da atrofia expressa uma diferente situação clinico-biológica. x Múltiplos fragmentos de biopsias para explorar os diferentes compartimentos da mucosa: o Antro o Corpo o Incisura angulatória x Não proporciona ao clínico: o Informações terapêuticas e prognósticas imediatas. o Percepção dos diferentes riscos associados aos diferentes termos utilizados. o Identificação dos candidatos que devem ser seguidos endoscopicamente. SISTEMA DE ESTAGIAMENTO DA GASTRITE x OLGA o Operative Link for Gastritis Assesment o Atrofia gástrica é o marcador de risco para câncer gástrico x OLGIM o Operative Link on Intestinal Metaplasia Assessment Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos o Metaplasia intestinal é o marcador do risco para câncer gástrico Sistema OLGA x Ordenar a gastrite crônica numa escala de risco progressivo para o câncer gástrico x Marcador de risco: atrofia gástrica x Protocolo de biópsias é essencial para o estagiamento x Risco de câncer gástrico relaciona-se com a extensão e intensidade da gastrite atrófica x Maior risco: o Gastrite atrófica acentuada o Afetando todo estômago x Proporciona percepção imediata, global, da extensão da doença gástrica. x Informa o risco de câncer gástrico (intestinal) x Orienta o manejo do paciente de acordo com seus diferentes riscos para câncer gástrico Sistema OLGIM x Substitui o escore “global” de atrofia por uma avaliação semi-quantitativa de metaplasia intestinal (MI)- local e extensão – no estomago próximo e distal x A MI é mais fácil de avaliar histologicamente que o espectro “global” das lesões atróficas do sistema OLGA o Aumenta a concordância entre observadores x Estágios III e IV significamente associados ao câncer gástrico x Qual o mais eficiente: OLGA ou OLGIM: Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos o Ambos são consistentes para estratificar pacientes com gastrite em diferentes classes de risco para câncer gástrico o Recomenda-se vigilância para os pacientes estágios III e IV OLGA/OLGIM PREVALÊNCIA DA GASTRITE CRÔNICA x Idade o Prevalência aumenta com a idade o Rara em crianças de países industrializados x Posição socioeconômica da população o Mais frequente em populações ou países com baixo padrão de cuidados básicos de saúde. x Idade média do inicio da infecção pelo H. pylori o Populações com alta prevalência de gastrite crônica tem inicio precoce de infecção e vice-versa RELAÇÃO COM OUTRAS DOENÇAS x Câncer gástrico x Úlcera péptica x Outras doenças: o Pólipos o Tumores neuroendócrinos tipo I (NET I) o Anemia perniciosa GASTRITE CRÔNICA – CÂNCER GÁSTRICO x A gastrite crônica é uma condição pré-cancerosa o Relacionado ao câncer gástrico do tipo intestinal o Prevalência da gastrite com alterações (GA, MI, displasia) precedem por anos a formação de carcinomas clinicamente evidentes. x A extensão e intensidade da inflamação da mucosa gástrica bem como o desfecho clínico da infecção depende de inúmeros fatores. x Interação de: o Fatores genéticos do hospedeiro Secreção ácida gástrica Polimorfismos nas citocinas pro-inflamatórias o Diversidade genética do H. pylori Presença ou não de fatores virulentos Cepas com ilha de patogenicidade cag intactas o Resposta imune o Idade que ocorreu a infecção inicial o Fatores ambientais Hábitos dietéticos Higiene pessoal x Cascata de Pelayo Correa* (modelo de múltiplas etapas) *Processo sequenciais temporais de alterações fenotípicas pré-cancerosas Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Gastrite crônica superficial (H. pylori) Atrofia Metaplasia Intestinal Displasia Carcinoma GASTRITE CRÔNICA – ÚLCERA PEPTICA (UP) x A gastrite é mais comum que o esperado em pacientes com úlcera péptica x A gastrite crônica parece preceder a úlcera o Fator de risco real x Pode aumentar ou diminuir o risco de UP (grau e topografia) o Gastrite e atrofia do antro: aumentam o Gastrite a atrofia do corpo: diminuem x Padrão da gastrite o Úlcera duodenal: gastrite predominante de antro o Úlcera gástrica: gastrite difusa ou predominante de corpo GASTRITE CRÔNICA – TUMORES NEURO-ENDOCRINOS TIPO I (NET-I) x Gastrite crônica com atrofia acentuada de corpo o Hipergastrinemia o Hiperplasia das células enterocromoafins x Pequenos x Multifocais x Limitados à mucosa e submucosa o Metástases em menos de 2,5% (fígado e linfonodos) QUADRO CLÍNICO – GASTRITE CRÔNICA x Assintomática o Dispepsia Funcional o DRGE x Sintomas variados o Estufamento pós-prandial o Náuseas o Vômitos o Dor epigástrica DIAGNÓSTICO x Endoscopia digestiva alta com biópsias gástricas x Histologia das biópsias gástricas SISTEMA SYDNEY ATUALIZADO – Divisão Endoscópica x “Gastrite Endoscópica” o Alterações inflamatórias Mudanças estruturais Alterações de cor Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos GASTRITE AUTOIMUNE Sistema Sydney – 1990 x Tentativa de padronização para diagnóstico das gastrites x Correlação o Endoscopia / Histologia / Topografia / Etiologia x Diferentes fases evolutivas x Correlação com doenças associadas (ulceras, neoplasias, pólipos) x Reclassificação das gastrites com foco na evidencia do Hp e d outras causas bem determinadas de injuria mucosa sem inflamação. x Histologia é fundamental e inseparável! Classificação das gastrites baseadas na topografia, morfologia e etiologia – Sistema Sydney modificado Tipos de Gastrite Fatores Etiológicos Sinônimos Empregados Não atrófica H. pylori Outros fatores? Superficial Gastrite antral difusa Gastrite antral crônica Hipersecretora Atrófica Autoimune Autoimunidade Difusa de corpo Associada com Anemia Perniciosa Gastrite Atrófica do Tipo A x Inflamação crônica difusa da mucosa do corpo gástrico x Destruição de células parietais que produzem HCL e FL levando a anemia por deficiência de B12 conhecida como Anemia Perniciosa. Gastrite Autoimune x Idosos x Sexo Feminino x Escandinavos – Ingleses – Irlandeses x Outras doenças autoimunes associadas Fisiopatologia x Anticorpos anticélulas parietais 90% dos casos x Antifator intrínseco em de 50 a 70% dos casos x Associa com DM 1, Tireoidite autoimune, Vitiligo, Dç Celíaca... x HISTOLOGIA – Atrofia mucosa gástrica predominante do corpo Preserva ou tem menos intensidade no antro comHp (-), mas Infecção crônica por Hp evolui de superficial para Atrófica em 50% dos casos, só que a gastrite é Multifocal e acomete o Antro e pode ter importante papel na patogênese da gastrite autoimune. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos QUADRO CLÍNICO x Pode ser ausente. Se presente: o Desconforto epigástrico, saciedade precoce, plenitude pós-prandial x A manifestação mais comum é de Anemia: o Astenia, cefaleia, taquicardia x Sinais clínicos das doenças autoimunes DIAGNOSTICO LABORATORIAL x Hemograma – anemia macrocitica x Vitamina B12 < 200pg/ml (200 a 350) x Ac anticélulas parietais (+) em 90% dos casos x Ac Antifator intrínseco (+) em 50-70% dos casos ENDOSCOPIA DIGESTIVA x Atrofia de mucosa do corpo gástrico x Biopsia de corpórea antro x Exame histológico x Em cerca de 50% dos casos observa-se acometimento do antro pelo processo inflamatório, com atrofia em 27% TRATAMENTO x Reposição de B12 IM x 5mg de cianocobalamina 5 dias a cada 3 meses x Monitorar Fesso e Ferretina sérica OBS: Gastrite autoimune está associadas ao desenvolvimento de Adenoca Gástrico 0,14% Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos U LCERA PE PTICA A úlcera péptica (UP) ou doença ulcerosa péptica decorrente de um desequilíbrio entre os fatores agressivos (HCL, Pepsina, Sais Biliares e Helicobacter pylori) e defensivos, responsáveis por manter a integridade da mucosa (barreira mucosa, fluxo sanguíneo, regeneração epitelial). Brasil: 10% da população teve, tem ou terá UP. A tendência, porem, é que a prevalência da doença esteja caindo, porque, com os tratamentos de erradicação do H. pylori, as úlceras estão sob controle e há ainda a melhora das condições de vida dos indivíduos, o que contribui para a não contaminação. As úlceras da primeira porção do duodeno são cinco vezes mais frequentes do que as gástricas. De um modo geral, as ulceras são mais frequentes no sexo masculino (1,5 a 3 vezes). Em relação à idade, a úlcera gástrica, entre 50-70 anos. A doença ulcerosa péptica representa a causa mais comum de hemorragia digestiva alta, responsável por, aproximadamente, 50% dos casos, em sua maioria associados às úlceras duodenais e com taxas de mortalidade que variam de 5% a 10%. O sangramento é a complicação mais frequente da doença ulcerosa péptica – sua ocorrência gira em torno de 15% a 20% dos casos. QUADRO CLÍNICO Os sintomas referidos pelos pacientes não permitem diferenciar UD e UG, e algumas vezes, são muito discretos, atípicos ou mesmo ausentes. Quando presente, a dor não é habitualmente intensa, em queimação, localizada no epigástrio, circunscrita e descrita como “dor de fome, queimadura ou desconforto na boca do estomago”. A dor mantém-se por semanas, de forma rítmica. A frequência é a relação íntima da dor com a alimentação: a melhora da dor com a ingestão de alimentos é relativamente frequente nos portadores de UD. DOR COM RITMO ALIMENTAR: x UD dor em três tempos: “dói-come-passa” x UG dor em quatro tempos: “dói-come-passa-dói” Outra característica da dor UP é a periodicidade: períodos de acalmia (desaparecimento da dor por meses ou mesmo anos) intercalados por outros de atividade. O fato de o paciente ser despertado pela dor no meio da noite (clocking) é sugestivo da presença da úlcera, particularmente duodenal. A pirose ou azia é comum em pacientes com UD, em virtude da associação da UD ao refluxo gastroesofágico. Outros sintomas dispépticos, como eructação, flatulência, sialorréia, náuseas, vômitos não são próprios da UP, mas podem estar associados. Beatriz Lodi Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos O exame físico nada acrescenta, anão ser em casos de complicações, como hemorragia, estenose ou perfuração. Caso Clínico: Executivo de 37 anos volta à clinica para acompanhamento de dor recorrente na região superior do abdome. Apresentou-se há três semanas queixando-se de aumento na frequência e na intensidade da dor epigástrica, com sensação de queimação, a qual vem sentindo ocasionalmente há mais de dois anos. Agora sofre com a dor de 3 a 4 vezes por semana, em geral quando está com o estômago vazio, e é frequentemente acordado por ela a noite. A dor quase sempre é aliviada em minutos com ingestão de alimentos ou com antiácidos, mas volta em 2 ou 3 horas. Ele admite que as tensões no trabalho aumentam recentemente e que, por causa de longos períodos de trabalho, está ingerindo mais cafeína e se alimentando mais de fast foods. Sua histórica e a revisão dos sistemas não tem nada digno de nota, salvo os antiácidos. Seu exame físico é normal, incluindo o guaiaco nas fezes, que foi negativo para sangue oculto. Você aconselhou mudança na dieta e prescreveu um inibidor de bomba de prótons. Os sintomas regrediram completamente com as mudanças na dieta e o uso diário da medicação. Os exames laboratoriais feitos na primeira consulta não mostraram anemia, mas o teste de anticorpos contra H pylori foi positivo. x Qual é o diagnóstico? Úlcera péptica (UP) x Qual deve ser o próximo passo? Tratamento antibiótico triplo da infecção por H. pylori e supressão de acidez. Considerações: Nesse paciente, os sintomas sugerem úlcera duodenal. Ele não tem “sintomas de alarme”, como perda de peso, sangramento e anemia, e sua juventude e cronicidade dos sintomas tornam tumor maligno de estomago uma causa improvável de seus sintomas. O H. pylori está comumente associado à UP e precisa ser erradicado para promoção de cura da úlcera e prevenção de recidivas. Os sintomas desse paciente também podem representar uma dispepsia não ulcerosa. ABORDAGEM À ULCERA PÉPTICA – DEFINIÇÕES Dispepsia: Dor ou desconforto na parte superior do abdome (principalmente na linha média ou em torno dela), que pode ser associado à plenitude, saciedade precoce, distensão abdominal e náusea. A dispepsia pode ser intermitente ou continua e pode ou não estar relacionada com a refeições. Dispepsia Funcional (Não Ulcerosa): Os sintomas descritos persistem por pelo menos 12 semanas, mas sem evidências de úlcera na endoscopia. Helicobaster pylori: Bacilo microaerófilo gram-negativo que reside na camada mucosa gástrica e causa infecção gástrica persistente e inflamação crônica. Produz uma uréase que quebra a ureia, aumentando o pH local e permitindo sua sobrevivência no meio acido. O H. pylori está associado a 50 a 60% das ulceras gástricas e a 70 a 90% das úlceras duodenais. Úlcera Péptica (UP): Presença de ulceração mucosa gástrica ou duodenal demonstra por endoscopia ou por exame das vias digestivas altas com bário. ABORDAGEM CLÍNICA Dor no abdome superior é uma das queixas mais comuns no primeiro atendimento. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Muitos pacientes tem doenças funcionais benignas (isto é, sem patologia específica identificável após os exames diagnósticos), mas outros têm doenças potencialmente mais graves, como UP ou câncer gástrico. Os dados da história, o conhecimento da epidemiologia das doenças e algumas avaliações laboratoriais simples podem ajudar a identificar as causas de dor benignas e as mais graves. No entanto, frequentemente é necessária a endoscopia para confirmar o diagnóstico. A dispepsia refere-se à dor ou ao desconforto na região superior do abdome, que pode ser causada por UP, mas que também pode ser produzida por várias outras doenças gastrintestinais. O refluxo gastresofágico normalmente produz pirose ou dor em queimação epigástrica ou retroesternal, geralmente depois das refeições, que piora ao reclinar-se. Na cólica biliar causada por cálculos normalmente a dor é aguda e localizada no quadrante superior direito ou no epigástrio. Ela normalmente é precipitadapelas refeições, em especial pela ingestão de alimentos gordurosos, dura de 30 a 60 minutos, com resolução espontânea, e é mais comum em mulheres. A síndrome do intestino irritável é um diagnóstico de exclusão, mas sugerido por sintomas crônicos de dismotilidade (distensão, cólicas), quase sempre aliviados após a evacuação, por vexes, alternando constipação e diarreia, sem perda de peso ou sangramento GI. E essas causas forem excluídas pela historia e por outros exames, ainda assim é difícil distinguir clinicamente os paciente com UO daqueles sem ulcera, com a chamada dispepsia não ulcerosa. Os sintomas clássicos das ulceras duodenais são causados pela presença de acidez sem alimento ou outros tampões. Os sintomas normalmente são produzidos depois que o estomago se esvazia, mas ainda persiste a produção de ácido estimulada pelo alimento, o que ocorre por 2 a 5 horas depois das refeições. Eles também podem acordar o paciente à noite, quando o ritmo circadiano aumenta a produção de acido. A dor em geral, é aliviada em minutos pela neutralização do ácido por alimentos ou antiácidos (p.ex., carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio-magnésio). As ulceras gástricas, ao contrario, são mais variáveis na apresentação. O alimento, na verdade, pode piorar os sintomas em pacientes com ulcera gástrica, ou a dor pode não ser aliviada por antiácidos. De 5 a 10% das ulceras gástricas são malignas e, por esse motivo, devem ser investigadas por endoscopia e biopsia para excluir a hipótese de malignidade. Os canceres gástricos podem apresentar-se com sintomas de dor acompanhados de disfagia se forem localizados na região da cárdia; de vômitos persistente, se bloquearem o canal pilórico, ou de saciedade precoce pelos seus efeitos de massa ou de infiltração da parede estomacal. Em virtude de as chances de câncer gástrico aumentarem com a idade, pacientes com mais de 45 anos que apresentarem dispepsia de instalação recente geralmente devem ser submetidos à endoscopia. Tal exame deve também ser realizado em pacientes com sintomas de alarme (p.ex., perda de peso, vômitos recorrentes, disfagia, evidencia de sangramento GI ou anemia ferropriva). Por fim, a endoscopia deve ser recomendada para paciente cujos sintomas não responderam ao tratamento empírico. Nesse procedimento, além de visualizar a ulcera, pode-se fazer biopsia, para excluir a possibilidade de malignidade, e obter amostras para teste de uréase ou exame microscópico para comprovar a vigência da infecção por H. pylori. Em pacientes mais jovens sem sintomas de alarme, uma boa alternativa é fazer um teste não invasivo para detectar H. pylori, como a sorologia, o teste respiratório de ureia ou o Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos teste do antígeno de H. pylori fecal. Os dois testes mais comumente usados são o teste respiratório de ureia, que fornece evidencia de infecção ativa, e os testes de anticorpos contra H. pylori, que fornecem evidencia previa, mas permanecem positivos durante toda a vida, mesmo depois de tratamento bem-sucedido. Como a infecção crônica por H. pylori é encontrada na maioria das ulceras duodenais e gástricas, o tratamento padrão consiste na realização de exames para detectar a infecção, que, se presente, é tratada com esquema de antibióticos combinados durante 14 dias e supressão de acidez com inibidor de bomba de prótons ou bloqueador H2. Vários regimes são usados, como omeprazol e claritromicina, acrescidos de metronidazol ou amoxilina. Um composto de bismuto, como o subssalicilato de bismuto, também é frequentemente incluído. Para melhorar a adesão do paciente, alguns regimes anti-H.pylori são disponibilizados em formulações prontas. Além da associação com UP, o H.pylori está associado ao desenvolvimento de carcinoma gástrico e de linfoma do tecido linfoide associado à mucosa gástrica. Não se sabe se o tratamento da infecção por h. pylori diminui ou elimina os sintomas dispépticos na ausência de ulceras (dispepsia não ulcerosa). Do mesmo modo, não está claro se o tratamento de pacientes assintomáticos H. pylori-positivos é benéfico. Em pacientes H. pylori-positivos com dispepsia, o tratamento antibiótico pode ser considerado, mas recomenda0se consulta de acompanhamento em 4 a 8 semanas. Se os sintomas persistirem ou piorarem, indica-se prontamente a endoscopia digestiva alta. Além do H. pylori, outra causa comum de ulceras duodenais e gástricas é o uso de anti- inflamatórios não esteroides (AINEs). Eles promovem formação de ulcera pela inibição da síntese de prostaglandinas gastroduodenais, resultando na diminuição da secreção de muco e bicarbonato e na redução do fluxo sanguíneo mucoso. Em outras palavras, diminuem as defesas locais contra lesão por ácido. Uma causa rara de ulcera é a síndrome de Zollinger-Ellison (SZE) (PROVA), doença na qual um tumor produtor de gastrina (geralmente pancreática) causa hipersecreção ácida, ulceração péptica e muitas vezes diarreia. Deve-se suspeitar dessa doença se os pacientes tiverem ulceras refratarias à terapia médica-padrão, ulceras em locais inusitados (além do bulbo duodenal) ou ulceras sem historia de uso de AINE nem infecção por H. pylori. Cerca de 25% dos gastrinomas ocorrem em pacientes com síndrome da neoplasia endócrina múltipla I (NEM I), que é um distúrbio genético autossômico dominante caracterizado pelo desenvolvimento de neoplasias da paratireoide, do pâncreas e da hipófise. Para diagnosticar a SZE, o primeiro passo é medir os níveis de gastrina de jejum, que podem estar marcantemente elevados (>1.000pg/ml), e então tentar localizar o tumos com estudo de imagem. A hemorragia é a complicação grave mais comum da UP e pode apresentar-se por meio de hematêmese ou melena. Junto à hemorragia, algumas vezes pode ocorrer perfuração livre para a cavidade abdominal, com dor súbita e desenvolvimento de peritonite. Se a perfuração for adjacente ao pâncreas, pode induzir pancreatite. Alguns pacientes com ulceras crônicas desenvolvem, com o passar do tempo, obstrução da via de saída gástrica, com vomito persistente e perda de peso, mas sem distensão abdominal. Os casos de perfuração e obstrução constituem indicações cirúrgicas. QUESTÕES DE APRENDIZADO 1. Mulher de 42 anos, sadia, mas com sobrepeso, apresenta dor súbita em cólica no quadrante abdominal superior direito 45 minutos depois de ingerir uma refeição Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos composta de galinha frita. A dor está associada a náuseas e vômitos, e qualquer tentativa de alimentação desde então causou piora da dor. A causa mais provável é: A. Úlcera gástrica B. Colelitíase C. Úlcera duodenal D. Hepatite Aguda 2. Qual das seguintes afirmações é a mais verdadeira em relação a infecção por H. pylori: A. É mais comum em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento B. Está associada ao desenvolvimento de câncer de colo. C. Acredita-se que seja a causa da dispepsia não ulcerosa. D. Acredita-se que a infecção seja sexualmente transmissível E. Acredita-se que seja uma causa comum de ulceras gástricas e duodenais. 3. Qual dos seguintes pacientes deve ser prontamente encaminhado para endoscopia? A. Um homem de 65 anos com dor epigástrica recente e perda de peso B. Um individuo de 32 anos cujos sintomas não são aliviados com ranitidina C. Um individuo de 29 anos H. pylori-positivo com sintomas dispépticos D. Uma mulher de 49 anos com dor no quadrante superior direito intermitente após as refeições DICAS CLÍNICAS x As causas mais comuns de ulceras gástricas e duodenais são infecção por h. pylori e uso de AINE. x O H. pylori está associado a ulceras gástricas e duodenais, gastrite crônica ativa, adenocarcinoma gástrico e linfoma MALT. x O tratamento de UP necessita de supressão ácida com um bloqueador H2 ou com um inibidor de bombade prótons para cura da ulcera, assim como o tratamento antibiótico para H. pylori, se presente para evitar recidiva. x Pacientes com dispepsia e sintomas de alerta vermelho (dispepsia de inicio recente depois dos 45 anos, perda de peso, disfagia, evidencia de sangramento ou anemia), devem ser encaminhados para exame endoscópico imediatamente. x Outros pacientes (com dispepsia e sem sintomas de alerta vermelho) podem ser, primeiramente, testados e tratados para H. pylori. Os testes de anticorpos evidenciam o contato prévio com a infecção, mas permanecem positivos durante toda a vida, mesmo depois do tratamento bem-sucedido. Já o teste respiratório de ureia evidencia infecção atual. x Esquemas comuns de tratamento para a infecção por H. pylori incluem um ciclo de 14 dias de um inibidor da bomba de prótons em altas doses aliado a um antibiótico (que pode ser a claritromicina, amoxicilina, metronidazol ou tetraciclina) com um composto de bismuto. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos ÚLCERA PÉPTICA - DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO PELO H. PYLORI (PROVA) Método Diagnóstico Sensibilidade Especificidade Utilidade Comentários INVASIVOS (Endoscópicos): Histologia 90-95% 90-95% Teste padrão ouro para diagnóstico na rotina hospitalar Necessário patologista experiente; dados adicionais sobre atrofia e inflamação Cultura 80-90% >95% Padrão ouro alternativo Permite Teste de sensibilidade Ureare 90% 90% Rápido, boa relação custo- benefício Exige teste adicional para confirmação da infecção Não-invasivos (Não endoscópicos) Teste respiratório com uréia marcada >95% >95% Padrão ouro alternativo Muito útil para controle da erradicação; pouco disponível Pesquisa do antígeno fecal >90% >90% Ainda pouco utilizado Não confiável para controle de erradicação Sorologia 80-90% 80-90% Mais utilizado em estudos epidemiológicos Pouca utilidade na prática clínica TESTE RESPIRATÓRIO COM URÉIA MARCADA x Pode servir para indicar cura 8 semanas após o tratamento do Hp 1. Paciente ingere uréia marcada com carbono 13 ou 14 2. Hp transforma uréia em amônia e dióxido de carbono marcado 3. Carbono marcado é expirado e detectado num balão de coleta CICLO VITAL DAS ÚLCERAS PÉPTICAS Fase ativa Æ Base recoberta por espessa camada de fibrina, bordas a pique ----------------> Margens Fase de Cicatrização hiperemiadas -> Convergência de pregas ----------------------------Æ Úlcera rasa Æ Cicatriz Fase de Cicatriz vermelha -----------------------Æ Cicatriz branca Æ ÚLCERA PÉPTICA A principal finalidade do exame endoscópico da úlcera gástrica é a diferenciação entre lesões ulceradas benignas e malignas, uma vez que estas podem mimetizar benignidade ao exame macroscópico em 20% dos casos. (PROVA) Sempre deve-se repetir a endoscopia das lesões gástricas seis semanas após o inicio do tratamento para avaliar sua cicatrização e tomar decisões terapêuticas, uma vez que, apesar das biopsias múltiplas, em alguns casos, uma neoplasia gástrica pode não ser Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos diagnosticada. Durante esse exame, a lesão deve ser minuciosamente investigada, principalmente o modo de terminação das pregas. SE o estudo histológico for negativo para malignidade e houver redução significativa do tamanho da úlcera, isto é, acima de 50% do tamanho inicial, o prazo de tratamento com a mesma droga poderá ser prolongado, seguindo-se nova avaliação ao final do mesmo. SE a redução não foi significativa, isto é, menor do que 50% do tamanho inicial, outros tipos de tratamentos devem ser instituídos por mais 45 dias, repetindo-se todo o procedimento anterior ao final do mesmo. O PROBLEMA DIMINUI SE... Esse número diminui se os exames forem realizados um pouco mais tarde (seis a oito semanas). No Brasil, o 2º Consenso Brasileiro sobre Helicobacter pylori recomenda o controle somente dois meses após o termino da terapia em todos os casos de UG, UD e linfoma MALT de baixo grau. DIAGNÓSTICO DOS FATOES ETIOLOGICOS x Drogas anti-inflamatórias (AINE) o Deve-se pesquisar, durante a anamnese, o uso de drogas anti-inflamatórias, particularmente em pacientes idosos, nos quais há maior consumo pela elevada prevalência de doenças osteomusculares. o Ingestão regular de doses baixas de aspirina como profilaxia de fenômenos cardiovasculares. TRATAMENTO O tratamento da úlcera péptica, seja ela gástrica ou duodenal, tem como finalidade o alívio dos sintomas, a cicatrização das lesões e a prevenção das recidivas e complicações. Hoje sabemos que não basta cicatrizar a lesão no tratamento da úlcera: é preciso erradicar a bactéria, tornando mínima a possibilidade de recidiva da lesão ulcerosa; o avanço no conhecimento da fisiopatologia nos levou a um resultado que, há bem pouco tempo, era impensável, ou seja, a cura da úlcera. É necessário explicar ao paciente a natureza de sua doença: a relação médico-paciente é fundamental, inclusive do ponto de vista emocional, o que evita que o paciente receba tranquilizantes ou psicoterapia especializada. No plano dietético, nem o tipo nem a consistência da dieta afetam a cicatrização da ulcera, mas é claro que alguns alimentos aumentam ou estimulam a produção de ácido clorídrico e outros são irritantes da mucosa gástrica. As drogas que promovem a cicatrização da ulcera agem por dois mecanismos: fortalecendo os componentes que mantém a integridade da mucosa gastroduodenal (pró-secretores) e diminuindo a ação cloridropéptica (anti-secretores). Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Dois grupo são atualmente utilizados: os bloqueadores H2 e os inibidores da bomba de prótons (IBP). O primeiro bloqueador H2 que, praticamente, revolucionou o tratamento da úlcera péotica, nos anos 1970, foi a cimetidina, que diminuiu, drasticamente, o numero de cirurgias indicadas. Posteriormente, surgiram, no mercado brasileiro, a ranitidina, famotidina e nizatidina. Cimetidina Ranitidina Famotidina Nizatidina 800 mg 300 mg 40 mg 300 mg x Dose única matinal ou noturna mais frequentemente dividida em duas doses x Quatro Semanas x Mais quatro semanas IBP Bloqueia diretamente ATPase K+ ativada (enzima responsável pela união do H+ com o CL- no canalículo da célula parietal, origem do HCL. Atualmente, no Brasil, os representantes desse grupo são o omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol e esomeprazol, igualmente eficazes, que permitem índices de cicatrização em torno de 70% após duas semans de tratamento e, entre 92 a 100%, após quatro semanas. (PROVA) Hemorragia Digestiva Alta é a maior complicação de úlcera. Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Beatriz Lodi Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos HDA – Hemorragia Digestiva Alta INTRODUÇÃO Boca __________________ Ângulo de Treitz___________________ Anus Ap. Digestivo Alto Ap. Digestivo Baixo HDA Evidenciada clinicamente por Hematêmese ou Melena. Mas, DHA de grande vulto pode produzir enterorragia. HDA POR VARIZES ESOFAGIANAS x Sangramento de varizes esofagianas (VE) e/ou gástricas (VG) é a principal complicação da Hipertensão Portal e cursa com expressiva mortalidade. o Nas HEPATOPATIAS CRÔNICAS 70% dos pacientes com Hipertensão Portal sangram.x TRATAMENTO o Corrigir choque hipovolêmico o Parar sangramento o Prevenir ressangramento precoce CLASSIFICAÇÃO FORREST Incidência Ressangramento Sangramento em jato – I A 10 – 18% 90% Sangramento em babação – I B 20% 30% Vaso visível vermelho – II A 17 – 25% 40 – 50% Coágulo aderido 10 – 17% 22 – 30% Vaso visível escuro ou branco – II B 10 – 15% 25 – 30% Coágulo plano – II C 20% 10% Base limpa - III 35% < 5% x Drogas que promovem vasoconstrição esplâncnica: o Terlipressina o Somatostatina o Octreotídeo Está indicada de imediato, assim que se presuma ser a HDA secundária à hipertensão portal. HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos x Ligadura Elástica o Melhores índices de controle da HDA varicosa o Menores taxas de complicações x Escleroterapia o Pode ser útil no sangramento agudo onde a ligadura elástica demonstrar-se tecnicamente difícil. 10 a 20% dos pacientes podem não ter sucesso no controle do sangramento ou ressangrar dentro das primeiras 24 horas mesmo com as medidas endoscópicas e/ou farmacológicas. Persistindo o sangramento: x Balão de Sengstaken-Blakemore o Risco de complicações: aspiração traqueal, migração, necrose e perfuração esofagiana, com mortalidade de até 20%. Antibioticoterapia profilática – 7 dias x Para todo paciente cirrótico com HDA varicosa deve ser iniciada no momento da admissão hospitalar. x Norfloxacina 400 mg, via oral, 12/12h x Ciprofloxacina endovenosa pode ser usada quando a administração oral não for possível. A alimentação por via oral x O mais precoce possível 24 horas após estabilização do sangramento. x Menos proteína animal para aqueles com encefalopatia hepática, até melhora clínica. HDA DE CAUSA NÃO VARICOSA (PROVA – Causas de HDA ñ varicosa) x Úlcera péptica gastroduodenal x Lesão aguda de mucosa gastroduodenal. x Laceração aguda da TEG (Mallory-Weiss) x Câncer gástrico x Esofagites Causas mais raras: x Lesões vasculares (angiodisplasias, lesões de Dieulafoy) e pólipos. Reposição volêmica A intensidade da ressuscitação deve ser proporcional à gravidade do sangramento. Após a obtenção de dois acessos venosos calibrosos, a reposição rápida de volume com cristaloides (solução fisiológica 0,9%). A transfusão de concentrado de hemácias tem como objetivo a manutenção do hematócrito em torno de 30% em idosos, 20 a 25% podem ser bem tolerados em indivíduos jovens. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos TERAPIA ANTISSECRETORA x IBP em casos de HDA por úlcera x Reduz as taxas de ressangramento x Diminui a necessidade cirúrgica ou retratamento endoscópico, se comparado a placebo ou bloqueadores H2 ENDOSCOPIA DIGESTIVA x Método mais sensível e especifico o Acurácia de 92 a 95% x Realizar nas primeiras 24 horas de internação, já com o paciente hemodinamicamente estável. x Terapêutica endoscópica: o Injeção de substâncias esclerosantes com o intuito de provocar uma reação inflamatória e a subsequente hemostasia. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos ESO FAGO DE BARRET Epitélio Escamoso Estratificado Esôfago Epitélio Colunar Esôfago de Barrret (EB) é a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar, de qualquer um dos três tipos (fúndico, cárdico ou intestinalizado), em qualquer extensão do órgão. CLASSIFICAÇÃO x Esôfago de Barret curto: quando a extensão da metaplasia colunar é inferior a 3 cm. x Esôfago de Barret longo: quando a extensão é maior ou igual a 3 cm. SE o esôfago distal tinha epitélio colunar sem metaplasia intestinal não era considerados EB e, sim, esôfago revestido por epitélio colunar... MAS até 20% ou mais dos casos de esôfago revestido por epitélio colunar têm diagnóstico de metaplasia intestinal em exames subsequentes, o que indica a coexistência de mosaicos de células metaplásica do cárdicas, fúndicas e intestinalizadas nesses pacientes. DIAGNÓSTICO O exame endoscópico tem papel fundamental no diagnóstico do EB com “epitélio de cor vermelho-róseo semelhante à mucosa gástrica recobrindo a porção proximal à junção esofagogástica (JEG)”. A mucosa metaplásica pode assumir aspecto de projeção(ões) digitiforme(s), ilhotas ou recobrir parcial ou totalmente a circunferência do esôfago. Pelo estigma que o diagnóstico de EB pode trazer, pelo risco de neoplasia maligna, é prudente na conclusão do relatório endoscópico anotar: epitélio colunar no esôfago distal. TRATAMENTO As metas do tratamento preconizadas para os portadores de EB são as mesmas para a DRGE: controlar os sintomas e manter a mucosa cicatrizada. É fundamental o controle do refluxo ácido, já que este é o patógeno primário que causa as alterações histológicas do EB. IBP pode ocasionar regressão parcial da metaplasia intestinal do EB, entretanto, a dose de IBP que controla os sintomas nem sempre é suficiente para normalizar o refluxo ácido em todos os pacientes. 70% dos pacientes tratados com IBP 2x dia tem acidificação do pH intragástrico à noite: escape ácido noturno. 50% dos portadores de EB apresentarão exposição ácida noturna no esôfago, mesmo com 40mg de omeprazol. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Omeprazol 40mg 2x ao dia pode apresentar resultados mais efetivos no controle do refluxo esofágico ácido noturno em longo prazo, inclusive com redução na área do EB. A obesidade deve ser controlada, por causa da maior intensidade de refluxo gastresofágico e alterações do esfíncter esofágico inferior. O consumo de tabaco e a ingestão de etanol devem ser desestimulados. Alimentos redutores do risco de adenocarcinoma: fibras, niacina, vitamina B6, ferro e zinco. TRATAMENTO CIRÚRGICO EB SEM NEOPLASIA O tratamento por fundoplicatura foi preconizado por alguns autores como de escolha para o EB, hipoteticamente por prevenir o refluxo ácido e duodenoesofagogástrico. Estudos longitudinais comparando a evolução de pacientes tratados clinicamente (IBP alta dose) e cirurgia (fundoplicatura) demonstraram que nenhum dos tipos de tratamento foi capaz de reduzir a extensão de mucosa metaplásica. TRATAMENTO ENDOSCÓPICO EB SEM NEOPLASIA Os resultados da ablação da mucosa colunar do EB, sem neoplasia intraepitelial (displasia), têm se mostrado duvidosos. Apesar do tratamento clínico ou cirúrgico, a incidência de adenocarcinoma continua evidente. A reepitelização com mucosa escamosa completa ou parcial pode ser obtida, porém, a persistência de glândulas remanescentes permanece como dúvida. O potencial maligno das glândulas remanescentes foi descrito em relato de caso de paciente de 68 anos sem displasia que desenvolveu adenocarcinoma intramucoso após 18 meses, com mucosa escamosa reepitelizada pós-ablação com cautério de argônio e altas doses de omeprazol. Convém considerar também a taxa de complicações (perfuração, hemorragia, dor), que varia conforme a técnica e os custos, que não são baixos. O tratamento por terapia fotodinâmica, por exemplo, requer várias sessões, necessitam de altas doses de IBP, exames de acompanhamento e não há garantia que previna contra o câncer. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos PANCREATITE CRO NICA DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO A pancreatite crônica (PC) corresponde a uma doença progressiva que substitui o parênquima pancreático por fibrose e cursa com dor recorrente e insuficiência exócrina e/ou endócrina do pâncreas. CLASSIFICAÇÃO 1 Maseille-Roma – Pancreatite crônica (1988) x Calcificante x Obstrutiva o Obstrução do duto pancreático benignao Obstrução de duto pancreático maligna x Inflamatória CLASSIFICAÇÃO 2 Pancreatite crônica – TIGAR-O (Etemad e Whitcomb – 2001) x Tóxico-metabólica x Idiopática x Genética x Autoimune x Recorrente x Obstrutiva Duas condições devem ser levadas em consideração: I. A forma obstrutiva que uma vez tratada pode involuir e não desenvolver fibrose. II. A forma inflamatória em que a pancreatite autoimune pode regredir seu quadro histopatológico com corticoterapia. ETIOLOGIAS A mais frequente no mundo ocidental e especialmente no Brasil é o alcoolismo. Considera-se que o tabagismo também afete o desenvolvimento de pancreatite associado ao álcool. Atualmente, cresce a identificação de formas genéticas, obstrutivas e autoimunes que sempre devem ser pesquisadas criteriosamente, em especial, na ausência de alcoolismo. Doença complexa que envolve: predisposição genética resposta imune e inflamatória; fatores ambientais (álcool, tabagismo, nutrição) e metabólicos de forma isolada ou interativa. DIAGNÓSTICO CLÍNICO A dor é o sintoma cardinal da pancreatite crônica. x Epigástrica Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos x Recorrente x Por vezes irradiando-se em barra ou cinto x Duração de poucos dias intercalados por períodos de acalmia. DIAGNÓSTICO CLÍNICO A dor é o sintoma cardinal da pancreatite crônica. Precipitantes da dor a libação alcoólica e a ingestão excessiva de alimentos gordurosos, podendo por vezes, diminuir ou desaparecer com o agravamento da doença. Em geral, não existe correlação, entre o grau de disfunção pancreática e a gravidade da dor. Quando há insuficiência exócrina, ocorre diarreia e esteatorreia, síndrome disabsortiva que decorre do déficit na secreção enzimática que se torna incapaz de manter a digestão normal de gorduras e proteínas. Apesar de a intolerância à glicose ser frequentemente observada no inicio da PC, o diabetes mellitus é visto somente em casos mais avançados da doença, em geral, quando 80% da glândula já está afetada. O emagrecimento e a desnutrição são achados muito frequentes nos pacientes com PC, principalmente nos alcoolistas. O EXAME FÍSICO x Na PC leve a moderada oferece poucos achados. x Na PC mais avançada a perda ponderal e a desnutrição são evidentes. A avaliação complementar, laboratorial e por imagem são essenciais na confirmação do diagnostico, na etiologia e, em especial, na detecção de complicações. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Avaliação da função exócrina da glândula. Amilase e lipase possuem baixa sensibilidade, embora quando elevadas no contexto de dor abdominal crônica e recorrente nos induzem ao diagnóstico de PC. Os testes de avaliação funcional do pâncreas são poucos disponíveis, dispendiosos e costumam mostra-se alterados em fases mais tardias da doença. O mais utilizado, no momento, é a dosagem da elastase-1 nas fezes. Os testes, com avaliação de secreções exócrinas do pâncreas, por meio de tibagem duodenal após estimulo por secretina e colescistoquinina endovenosas, apesar de referidos como padrão-ouro são indisponíveis em nosso meio e, logo, não utilizados. DIAGNÓSTICO IMAGEM A radiologia convencional não visibiliza diretamente a glândula pancreática. A calcificação, em território pancreático (L1 a L3) aponta para a afecção pancreática crônica. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos A ultrassonografia é um método importante na avaliação e, sobretudo, no acompanhamento de coleções como pseudocistos. A ultrassonografia transabdominal é um método amplamente disponível, mas não é suficientemente acurada na avaliação da doença crônica não calcificante. A tomografia computadorizada é, entre os diversos métodos, o mais versátil por sua particular capacidade na avaliação de todos os compartimentos, independente de sua composição, é capaz de avaliar o compartimento vascular, coleções líquidas e abscessos com gás no seu interior, demonstrando alterações morfológicas da glândula (aumento ou atrofia), calcificações parenquimatosas e irregularidades dutais. TERAPÊUTICA O paciente com pancreatite crônica deve ser abordado por uma equipe multidisciplinar, recebendo suporte psicológico para que consiga se abster do álcool e do tabaco e se reintroduzir na sociedade e no trabalho. A analgesia propriamente dita deve ser iniciada com as drogas mais simples, como acetaminofeno (paracetamol) associado ou não aos derivados opiáceos do tipo sulfato de codeína ou tramadol. Caso não haja uma resposta adequada, deve-se introduzir um anti-inflamatório não hormonal – inibidores da COX-2 – ao esquema anterior. Além disso, deve-se associar sempre um “protetor de mucosa”, bloqueador de H2 ou inibidor de bomba de prótons. Os analgésicos mais potentes do tipo oxicodona e morfina oral são drogas indutoras de dependência e/ou vício, sendo, por isso, administrados em pacientes selecionados e acompanhados cuidadosamente. O diabetes é uma grave complicação da pancreatite crônica calcificante e sua frequência está diretamente relacionada ao tempo de curso da doença. A terapêutica especifica do diabetes relacionado à pancreatite crônica calcificante não apresenta diferenças marcantes em relação ao tratamento usual dos diabetes dos tipos I e II. Um grupo considerável de pancreatopatas crônicos pode se beneficiar de cirurgias (pancreatojejunostomia). Aqueles com cálculos ou estenoses intradutais respondem respectivamente a litotripsia e endopróteses pancreáticas. Os pacientes com dor intratável e sem dilatação dos dutos pancreáticos podem necessitar da pancreatectomia total como forma terapêutica de exceção. COMPLICAÇÕES O pseudocisto pancreático é a lesão cística mais comum associada à doença pancreática. VÍDEO: Pancreatite Aguda – Formas Evolutivas Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos INÍCIO PANCREATITE AGUDA 1º - 4º Dia Intersticial Necrosante 6º - 21º Dia Resolução Necrose Estéril Necrose infectada 4ª – 7ª Semana Pseudocisto Abscesso Pancreatite Aguda - Classificação Diagnóstico: x Dor abdominal sugestiva x Amilase e/ou lipase ≥ 3 x limite superior x Anormalidade à TC Lembrar que: x Amilase e lipase podem ser normais x Lipase pode permanecer elevada por mais tempo x Níveis de enzima não traduzem gravidade x Lipase é mais específica Terapêutica: x Dieta Zero x Hidratação venosa generosa Hipovolemia: x Perda para terceiro espaço x Vômitos x Sudorese x Perspiração Vasodilatação: (mediadores inflamatórios) x Isquemia pancreática x Isquemia intestinal Reposição Volêmica: 1. Generosa: x Solução cristaloide x Solução coloide 2. Monitorização: Formas Evolutivas Mortalidade Leve (Intersticial) 3% Grave (necrosante) Necrose estéril Necrose infectada 17% 12% 30% Global 5% Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos x FC – PA – Débito urinário x Hmt – 12 e 24 h x PVC Suporte Respiratório Precoce - Avaliar: x Frequencia respiratória x Taqui / dispneia x Saturação de O2 ≤ 95% x Gasometria – PO2 < 60 mmHg x Hipotensão refratária a fluido EV x Entubação precoce Suporte Nutricional x Parenteral x Enteral (jejunal) Vantagens da Enteral: x Bem tolerada x Efeitos colaterais x Infecções x Custo (5x) Conduta: Indicar alimentação enteral na ausência de íleo substancial.Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos DOENÇAS DAS VIAS BILIARES COLECISTOLITÍASE CRÔNICA FISIOPATOLOGIA: A bile é composta por sais biliares, colesterol e proteínas, quando ocorre um desbalanço nesses componentes ocorre o cálculo. A impactação do cálculo gera uma obstrução transitória do fluxo de bile pelo ducto cístico, constituindo a causa mais importante do sintoma da doença: Cólica biliar. Algumas situações de obstrução persistente da via de saída da vesícula pode levar à formação da vesícula hidrópica. x Cálculo x Vesícula obstruída absorve a bile e secreta muco, aumenta seu volume. Vesícula hidrópica A vesícula biliar hidrópica é caracterizada por estar distendida, tensa, de morfologia arredondada, geralmente com diâmetro transversal maior eu 4,0 cm. Principais causas: x Obstruções no infundíbulo vesicular, ducto cístico e hepatocolédoco. Vesícula Biliar Medidas Habituais: x Comprimento < 120 mm x Transverso < 40 mm x Espessura da parede < 4 mm COLECISTOLITIASE CRÔNICA: x Vesícula em Porcelana: Devido deposição de cálcio na parede da VB, é rara e pode ser vista no RX. Quadro Clínico 60% dos pacientes assintomáticos: x Metade destes podem permanecer assim por toda vida x Outra metade pode apresentar como primeiro sintoma alguma complicação: o Cole cistite aguda o Pancreatite o Coledocolitíase o Câncer Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Quadro típico: Cólica biliar x Inicia com dor epigástrica forte em cólica irradiada para o hipocôndrio direito acompanhada de vômitos Exame físico: Durante a crise, aparece dor à palpação do hipocôndrio, principalmente quando se palpa o fundo da vesícula biliar (ponto de Murphy) Diagnóstico x Ultrassonografia o Litíase vesicular: Imagem hiperecogenica com sombra acústica posterior x Dados que possam auxiliar na indicação cirúrgica o Avaliar o tamanho e mobilidade dos cálculos o Avaliar a presença de irregularidades da parede vesicular o Abscesso perivesiculares o Gás no interior da vesícula (Colecistite enfisematosa) Tratamento x Tratamento definitivo: Colecistectomia – indicada eletivamente a pacientes sintomáticos x Alguns grupos de pacientes merecem considerações: 1) Sintomáticos de alto risco cirúrgico; 2) Assintomáticos com risco de complicações biliares, como portadores de micro cálculos, ou imunodeprimidos por medicação ou doença. Pacientes assintomáticos Colecistectomia Analise do tamanho dos cálculos Microcalculos: diâmetro menor do que 1 mm podem migrar para a via biliar principal e para a região papilar, determinando icterícia ou surtos de pancreatite aguda. Surto de colangite aguda por litíase do colédoco ou de pancreatite aguda x Microcáculos: diâmetro menor do que 1 mm o Todos os pacientes portadores de microcálculos devem ser tratados cirurgicamente. Cálculos assintomáticos Analise do tamanho dos cálculos De maiores dimensões que, raramente, migram para a via biliar principal, existe divergência de opiniões quanto à conduta terapêutica expectante ou intervencionista Esses pacientes estão sujeitos a crises de colecistite aguda ou ao câncer da vesícula biliar Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Aspectos Macroscópicos x Vesícula Normal: o Mucosa aveludada o Serosa Lisa e brilhante o Parede fina x Vesícula Biliar – Colecistite crônica: o Mucosa opaca o Parede espessada o Mucosa com fibrose (traves) o Agudizada: Mucosa com ulcerações e focos hemorrágicos COLECISTITE AGUDA 90% decorre de litíase vesicular 4% está associado ao Câncer de Vesícula Biliar Colecistites Alitiásicas Causas: Escherichia coli, Klebsiella, Proteus, Streptococcus fecali, Peptostreptococcus, Clostridium perfringens. A redução da imunidade por medicamentos ou doenças, diabetes e idade avançada são fatores que aumentam a gravidade da colecistite aguda. Quadro Clínico: Inicia-se como cólica biliar que não regride A dor localiza-se no hipocôndrio e aparecem sinais e sintomas de irrigação peritoneal localizada ou generalizada. Febre alta é comum e a icterícia é mais frequente em crianças, mas aparece em 20% do adultos, e é decorrente de inflamação, com regressão prevista em 24 horas. O quadro típico está ausente em um terço dos pacientes: idosos, crianças e pacientes graves. Quadros de inflamação repetidos acarretam a fibrose da parede vesicular que se contrai sobre os cálculos, causando perda total da função, porém permanecendo a sintomatologia. Os cálculos vesiculares podem ulcerar a parede vesicular e perfurar um órgão adjacente, como o colédoco: Síndrome de Mirizzi Os cálculos vesiculares podem ulcerar a parede vesicular e perfurar o duodeno: Fistula colecisto-duodenal propiciando a migração de grandes cálculos que podem causar obstruçãi intestinal, em geral, o íleo terminal. Exames Complementares Os exames laboratoriais, poucos específicos, contribuem indiretamente. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos O hemograma, geralmente, apresenta leucocitose que pode ser enganosamente pouco acentuada em pacientes mais graves. Sobre Bilirrubinas: Heme Biliverdina (cor esverdeada) Bilirrubina redução Bilirrubina indireta (BI) Bilirrubina + albumina BI + BD = BT BI fígado BI Bilirrubina + acido glicuronico Albumina vai para o sangue I. Grosso I. Delgado Bile Bilirrubina direta (BD) No colon do i. grosso a BD sofrerá Mais solúvel em meio aquoso ação de bactérias, sendo então reduzidas por enzimas da flora bacteriana. Estercobilinogenio 50% fezes Estercobilinogênio é muito 30% solúvel em H2O por isso Sangue Rins Urina ele é reabsorvido pelo sangue e é eliminado na urina. Urobilinogênio A bilirrubina indireta na circulação chega ao fígado nos capilares sinusoides e nos hepatócitos tem-se o desligamento da albumina e a associação com o acido glicuronico. Exames Complementares A bilirrubina direta pode ou não estar aumentada, e a elevação acentuada e progressiva sugere coledocolitíase. A amilase pode atingir níveis de até 500 UI, elevações maiores sugerem pancreatite. x Valor de referencia: de 28 a 100 U/L Os exames de imagem têm papel fundamental no diagnostico. Na exploração inicial do abdome agudo, a radiografia simples pode afastar outras etiologias como perfuração de vísceras ocas. Os exames indicados especificamente no diagnóstico de colecistite aguda são a ultrassonografia e cintilografia das vias biliares com tecnécio. Ultrassonografia A ultrassonografia pode demonstrar a presença de cálculos impactados no colo da vesícula ou ducto cístico. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos O diagnóstico pode ser corroborado por espessamento ou separação das camadas da parede vesicular, perfuração da vesícula, lama biliar, coleções liquidas perivesiculares, distensão acentuada da vesícula e o sinal de Murphy sonografico, obtido pela compressão do transdutor exatamente no local onde está a vesícula. Murphy sonográfico: Esse sinal, somado à presençade cálculos, tem 90% de positividade diagnóstica. O espessamento da parede vesicular, acima de 3 mm, somado à presença de cálculos, também tem 90% de valor preditivo positivo. A separação de camadas é muito mais frequente em colecistite aguda do que em outras afecções que alteram a espessura da vesícula, como hipertensão portal, edema por insuficiência cardíaca e renal, hipoalbuminemia, hepatite e mieloma múltiplo. A gangrena da vesícula descola a mucosa, que pode ser vista ao ultrassom como uma linha paralela à serosa. TRATAMENTO A colecistectomia deve ser indicada precocemente, já que pacientes operados nas 48 horas iniciais apresentam os melhores resultados. COLEDOCOLITIASE Quadro clínico Cerca de 10 a 25% dos pacientes podem ser totalmente assintomáticos. Os paciente sintomáticos referem-se à dor do tipo cólica no hipocôndrio direito e epigástrio, por vezes, acompanhada por náuseas e vômitos. Icterícia Anormalidade em qualquer etapa do metabolismo da BB A icterícia, quando presente, costuma ser de caráter flutuante e intensidade variável. Em alguns casos, pode ser permanente ou mesmo progressiva, tornando difícil o diagnóstico diferencial com icterícia de natureza neoplásica. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos A instalação da icterícia, geralmente, ocorre de 24 a 48 horas após o surto de dor, mas pode também ser a ele concomitante. Diagnóstico A diversidade das manifestações clínicas nem sempre permite que o diagnóstico seja feito em bases puramente clínicas. Os exames bioquímicos tem maior valor diagnóstico em doentes com estase biliar com ou sem icterícia. Em pacientes ictéricos, ocorre elevação da bilirrubinemia, principalmente da fração conjugada. Em casos de cálculos secundários à hemólise, os níveis séricos de bilirrubina não conjugada podem encontrar-se mais elevados. Níveis de bilirrubinemia superiores a 6,2 mg/dL são altamente sugestivos de coledocolitíase. Os níveis de fosfatase alcalina e gama glutamil transferase podem elevar-se, atingindo valores nem sempre relacionados aos níveis da bilirrubinemia, uma vez que sua elevação decorre da presença de colestase e de surtos de colangite mesmo na ausência de icterícia. O diagnóstico por imagem da colédoco colitiase tem por objetivo demonstrar a presença de cálculos no colédoco. Entretanto a sensibilidade diagnostica dos vários métodos disponíveis é muito variável. A ultrassonografia abdominal é útil para demonstrar a dilatação do colédoco, mas é falha para o diagnóstico da presença de cálculos coledocianos, principalmente em sua porção terminal devido à interposição do conteúdo gasoso duodenal. Uma maior sensibilidade da ultrassonografia no diagnostico da coledocolitiae foi possível com a introdução da ecoendoscopia, que contorna a dificuldade técnica da ultrassonografia convencional. Com o uso desse método, podem-se obter índices de sensibilidade e especificidade maiores do que 90%. A colangiografia endoscópica retrograda (CPRE), embora possibilite uma elevada precisão diagnóstica de até 95%, representa um método invasivo com índices de complicações relativamente altos. CPRE x Seu uso para o diagnóstico da coledocolitiase deve restringir-se a casos selecionados em que os estudos ultrassonográficos e das enzimas hepáticas sejam sugestivos de coledocolitiase. TC x Para o diagnostico da coledocolitiase tem sido relatado, em alguns estudos, com elevados índices de sensibilidade e especificidade. Para tanto, é necessária a utilização de técnicas apropriadas para a investigação tomográfica do paciente ictérico, que Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos incluem a realização de uma fase do exame sem a utilização de contrastes intravenoso e oral. RNM x Apesar de algumas limitações, essa técnica não invasiva deve ser utilizada em casos selecionados de pacientes com suspeita de coledocolitiase. CIO colangiografia intra-operatoria x Quando usada, rotineiramente, nas operações realizadas para tratamento da litíase biliar, a colangiografia reduz, de modo significativo, as coledocotomias desnecessárias e aumenta a detecção de cálculos não suspeitos. x Quando realizada de maneira padronizada, sua precisão é de 98%, entretanto, resultados falsos positivos podem ocorrer em 12 a 16% e falsos negativos em 0,6 a 2,3% dos casos. CIO x Possibilita o diagnostico de coledocolitía se não suspeita em 6 a 8% das colecistectomias realizadas por litíase biliar e, quando realizada sistematicamente em colecistectomias laparoscópicas, possibilita o diagnostico de colédoco litíase não suspeita em até 25% dos pacientes. TRATAMENTO O tratamento da coledocolitiase consiste na remoção dos cálculos da via biliar quer cirurgicamente (por laparotomia ou laparoscopia) quer endoscopicamente. Quando a colangiografia intra-operatoria, realizada por ocasião da colecistectomia para tratamento de litíase biliar, faz o diagnostico de coledocolitiae, esta deve ser geralmente tratada por meio de coledocolitotomia. Finalizada a coledocolitotomia, uma colangiografia pós-exploratoria deve ser realizada para a detecção de eventuais cálculos residuais. Considerando que a cirurgia realizada por via aberta representa uma alternativa eficiente e segura para o tratamento da colelitiase com coledocolitiase, a escolha entre esse procedimento e a cirurgia laparoscópica associadas à esfincterotomia endoscópica deve ser feita na dependência das disponibilidades locais e da experiência do serviço com cada um dos métodos. Síndrome de MIRIZZI Obstrução da via biliar principal por uma compressão extrínseca causada por um calculo impactado no ducto cístico. Cálculos impactados no ducto cístico ou na bolsa de Hartmann podem levar à compressão extrínseca, por contiguidade, da via biliar principal. Entretanto, episodio de inflamação local também podem levar a obstrução local. Gastroenterologia – 2016/01 – Prof. Célio Thaís Anjos Tipos: 1. Tipo 1, em que somente há compressão da via biliar, levando a obstrução; 2. Tipo 2, em que há erosão do calculo para a via biliar principal, levando a formação de fistula colecisto-coledociana envolvendo menos de um terço da circunferência da via biliar; 3. Tipo 3, em que a fistula envolve de um terço a dois terços da via biliar; 4. Tipo 4, em que há destruição total da parede do ducto cístico, formando ampla comunicação deste com a via biliar. Quadro clínico A maioria dos pacientes apresenta um quadro de icterícia, febre e dor abdominal no hipocôndrio direito. Isso se deve à presença de colangite por coledocolitiase. Diagnóstico A investigação começa, geralmente com a realização de ultrassonografia abdominal, que pode revelar a presença de coledocolitiase e demonstrar uma vesica biliar contraída. TC de abdome pode demonstrar a presença de dilatação da via biliar acima da confluência com o ducto cístico, presença de calculo na via biliar e mudança abrupta do tamanho da via biliar após o calculo. A presença de tumor também pode ser parcialmente excluída com a CT. A colangiografia endoscópica demonstra, com exatidão, a presença da fistulas. A CPER pode ter intuito diagnostico e terapêutico com a passagem de protease para tratar o quadro de colangite. A CPER não é o tratamento definitivo desses pacientes e deve ser reservada aos casos em que os pacientes não tenham condições de serem submetidos a tratamento cirúrgico, servindo como ponte para cirurgia. Tratamento A cirurgia constitui o tratamento de escolha, pois retira o calculo e trata a via biliar.
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