Buscar

Ciências Humanas Fascículo 01 Farias Brito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO
Olá amigos estudantes. Neste fascículo, iremos 
demonstrar a evolução dos Estados Nacionais à partir da 
Baixa Idade Média, observando sua estruturação política 
e as práticas econômicas que adotaram à partir de então. 
Faremos uma análise da história dos estados europeus e 
seus processos de industrialização, que levou a disputas que 
findaram nas duas grandes guerras que marcaram a história 
do século XX. Esperamos oferecer-lhes uma boa compreensão 
dos assuntos abordados, oferecendo subsídios para uma 
adequada preparação para o ENEM.
OBJETO DO CONHECIMENTO
Estados Nacionais – 
Atuação histórica
Na Baixa Idade Média começaram a se formar os 
Estados nacionais ou Estados modernos à partir do processo de 
centralização do poder político nas mãos do rei ou monarca, que 
começava a impor sua autoridade aos poderes e autoridades 
locais tipicamente feudais. O Estado moderno que se formava 
se caracterizava por um território defi nido onde a autoridade 
real centralizada se impunha, um idioma nacional, moeda e 
exército, que garantia a manutenção da ordem interna, a defesa 
das fronteiras e o cumprimento dos desejos reais.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
1
Fascículo
ENEM EM FASCÍCULOS - 2013
Este material didático, elaborado pelos professores da Organização Educacional Farias Brito, e estruturado em 16 fascículos, segundo as 
Matrizes de Referência do Enem, segue o seu principal eixo norteador, que é aproximar os conteúdos teóricos de sua aplicação em nosso 
cotidiano.Aqui você encontrará uma breve revisão teórica dos principais Objetos de Conhecimento trabalhados nesse exame em cada Área do 
Conhecimento, além da interação com outros importantes recursos pedagógicos, como a apresentação de questões comentadas e de diferentes 
tipos de exercícios, que serão resolvidos pela equipe de professores da Organização Educacional Farias Brito e disponibilizados na FBTV. 
Tudo isso é parte integrante de um projeto maior, pensado para apoiar e garantir o seu ingresso na Universidade.
Com a evolução dos processos seletivos, mais do que nunca, faz-se necessário ir muito além da aquisição de informações. É preciso apropriar-se 
delas, saber com clareza quando, como e para que fi nalidade elas servirão e reconhecê-las nas mais simples situações do nosso dia a dia, ou 
seja, transformá-las em conhecimento. Para apoiar esse processo, as Competências e Habilidades referentes a essas Áreas do Conhecimento 
também foram consideradas na construção de cada fascículo e serão apresentadas de forma integrada, no material, de maneira a facilitar 
o seu estudo.
Neste primeiro fascículo trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, buscando abordar diferentes assuntos que tratam 
do aspecto humano do homem, relacionados aos Estados Nacionais, às conferências e principais acordos ambientais e à fi losofi a moral.
Venha aprender conosco!
CARO ALUNO,
O processo de centralização política deu ao rei uma 
autoridade ilimitada dentro das fronteiras de seu país, 
materializando o regime absolutista, marcado ainda pelo 
controle estatal das atividades econômicas nacionais através 
das práticas mercantilistas. O Estado absolutista assumiu 
postura dúbia ao conceder privilégios políticos e jurídicos a 
classes aristocráticas tradicionais – nobreza e clero, ao mesmo 
tempo que concedia privilégios econômicos à burguesia, 
que se estruturava nos momentos iniciais do capitalismo, 
através das práticas mercantilistas. A verdade é que o Estado 
absolutista se beneficiava do conflito entre burguesia e 
aristocracia, fortalecendo-se ainda mais e colocando-se acima 
de todos os grupos sociais. A fundamentação ideológica para 
o poder absolutista fi cou a cargo de vários autores, como 
Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes e Jacques Bossuet.
O florentino Maquiavel (Niccolò di Bernardo dei 
Machiavelli – 1469-1527) escreveu obras como A Arte da Guerra 
e Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio. Todavia, sua 
mais importante obra foi O Príncipe, considerado por muitos o 
grande manual para os políticos modernos, sendo também um 
fundamento para o poder absolutista. Em sua obra, expõe uma 
visão contrária à ética cristã medieval, para a qual as atitudes 
dos governantes estavam subordinadas a Deus e a ações 
humanas destinavam-se à salvação da alma e à glória de Deus. 
Assim, as ações do Estado deviam priorizar a manutenção da 
ordem interna e o bem do Estado, sendo válidas quaisquer 
ações por parte do monarca para preservar sua autoridade e 
manter a ordem interna.
Thomas Hobbes (1588-1679) foi um fi lósofo inglês que 
escreveu a obra O Leviatã, na qual expôe um ponto de vista sobre 
a natureza humana, que considera que o homem em seu estado 
natural é mau, egoísta e mesquinho. Estas características levaram 
a confl itos que poderiam ocasionar a extinção da espécie humana. 
Enem em fascículos 2013
2 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Assim, para garantir sua sobrevivência, os homens se 
organizaram sob a tutela do Estado, através de um contrato 
social, abrindo mão de seu estado de natureza e aceitando se 
submeter à autoridade do Estado, que deveria ser muito forte 
– absolutista – para preservar a ordem e garantir a paz interna.
O bispo e teólogo francês Jacques Bossuet (1627-1704) 
escreveu a obra A política segundo a sagrada escritura, na qual 
defendeu a concepção de um poder real de origem divina, 
segundo a qual Deus delegava poderes ao rei e concedia-lhe 
autoridade ilimitada e incontestável.
O século XVIII foi marcado por um pleno desenvolvimento 
capitalista, que pode ser exemplificado com a Revolução 
Industrial iniciada na Inglaterra, além é claro da ampliação 
das relações comerciais entre países e metrópoles e colônias. 
A consolidação do capitalismo fez da burguesia uma classe 
desenvolvida, economicamente estável, madura e consciente 
da necessidade de grandes mudanças econômicas, sociais 
e políticas que permitissem maior desenvolvimento de suas 
atividades, bem como sua ascensão em termos políticos.
Neste contexto, surgiram as ideias iluministas que 
representavam os interesses burgueses de superação dos 
entraves do Antigo Regime. Foram contestados o poder 
absolutista e seu caráter ilimitado e incontestável; os privilégios 
políticos, jurídicos e fi scais de nobreza e clero; a intolerância e 
o dogmatismo religioso. 
Os iluministas defendiam as liberdades individuais, 
políticas e econômicas; o fi m dos privilégios e a igualdade 
jurídica; a tolerância religiosa e fi losófi ca; e a razão como fonte 
única e infalível de conhecimento. Estes princípios eram expostos 
nas obras de John Locke, Voltaire, Rousseau e Montesquieu. 
Este último, por sinal, autor da concepção de divisão de poderes 
em Legislativo, Executivo e Judiciário, tão presentes na realidade 
da maioria dos países atuais.
As ideias iluministas serviram de fundamento para 
importantes movimentos revolucionários de rompimento com 
as estruturas do Antigo Regime, como a Independência dos EUA 
(1776), primeiro exemplo de rompimento dos laços coloniais 
europeus na América; e a Revolução Francesa (1789-1799), 
marco do fi m do absolutismo na França e que exerceu grande 
infl uência na história ocidental. 
http://www.brasilescola.com/upload/e/Francesa%20Eugene%20-%20
EDUCADOR.jpg. Acesso: 17 jun. 2013.
Entre os princípios iluministas, merece destaque o 
liberalismo, amplamente difundido no século XIX e que serviu 
de base para importantes movimentos na Europa, como as 
revoluções Liberais de 1820, 1830 e 1848, responsáveis pela 
derrota de resquícios que ainda restavam do Antigo Regime 
em vários países do velho mundo com a ascensão defi nitiva 
da burguesia em termos sociais e políticos; e na América, 
onde ocorreram movimentos de independência das colônias 
europeias, como o Brasil, observando o rompimeto do pacto 
colonial, apesarda manutenção de estruturas arcaicas, como 
a economia agroexportadora, a dependência externa, a 
escravidão e a exclusão da maioria da população de direitos 
civis e políticos.
A ascensão burguesa em vários países da Europa ao 
longo do século XIX foi um importante fator de estímulo 
ao capitalismo industrial e à expansão da industrialização, 
o que abriu espaço para disputas imperial istas por 
mercados consumidores para os produtos industrializados e 
matérias-primas vitais para sua produção, bem como áreas 
de investimentos de capitais excedentes e que pudessem 
receber o excedente populacional que não era aproveitado 
pelo setor fabril.
A imigração europeia foi intensa no século XIX, 
especialmente em direção aos EUA, que puderam assim 
viabilizar a expansão de seu território em direção ao oeste; e para 
o Brasil, onde foram amplamente utilizados nas lavouras em 
substituição à mão de obra escrava, notadamente nos cafezais 
da região sudeste. Estes imigrantes seriam utilizados ainda no 
processo de industrialização brasileira no início do século XX.
Ainda no século XIX, houve casos de aliança da 
burguesia com a aristocracia na região da península Itálica e 
dos Estados germânicos viabilizando as unifi cações de Itália e 
Alemanha em 1871. As unifi cações contribuíram para romper 
defi nitivamente o já frágil equilíbrio europeu em virtude do 
acirramento das disputas imperialistas, visto que os novos países 
exigiram uma nova divisão das colônias africanas e asiáticas.
As disputas imperialistas associadas a questões 
nacionalistas motivaram tensões internacionais, corrida 
armamentista e a formação de alianças que desencadiariam 
na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Ao fi nal da mesma, 
além de mortes e destruição, a Europa viu e conviveu com a 
barbárie das trincheiras, que anunciaram o fi m da Belle Époque. 
Grandes impérios como o alemão, o turco e o austro-húngaro 
ruíram e na Rússia, a Revolução de Outubro de 1917 signifi cou 
a vitória do bolchevismo e do socialismo. 
A destruição e o declínio da Europa contrastavam com a 
ascensão dos EUA, que passaram a uma situação hegemônica 
e a viver anos de prosperidade que seriam interrompidos pela 
crise de 1929. O combate aos efeitos da crise signifi cou a 
crise do liberalismo econômico com a introdução de práticas 
intervencionistas, bem como o início de políticas de bem-estar 
social decorrentes do New Deal.
Na Europa, a crise econômica e o medo do crescimento 
político dos partidos comunistas e socilalistas levaram a uma 
mobilização de setores burgueses, conservadores, aristocráticos 
e militares que favoreceram a ascensão de regimes totalitários 
em países como Alemanha, Itália, Polônia, Aústria, Portugal e 
Espanha. Até o Brasil teve sua versão de regime fascista com 
o Estado Novo. Modelos políticos parlamentares e liberais não 
eram mais vistos com frequência, sendo mantidos em países 
como Inglaterra e França.
A manutenção de disputas imperialistas associada a 
revanchismos, bem como o fracasso da diplomacia europeia 
na Liga das Nações, associadas ao totalitarismo nazifascista 
foram os principais responsáveis pela Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945).
Enem em fascículos 2013
3Ciências Humanas e suas Tecnologias
A Segunda Guerra Mundial trouxe várias consequências 
para o mundo, especialmente a criação da Organização das 
Nações Unidas – ONU, que seria uma instituição permanente 
de luta pela paz e cooperação entre as nações, além de ser 
responsável por estimular, através de vários órgãos, a educação, 
a cultura e o combate a problemas da humanidade como a 
miséria, a fome e o subdesenvolvimento.
A geopolítica mundial passou a ser marcada pela disputa 
bipolar pela hegemonia do mundo entre EUA e URSS – a 
Guerra Fria – que deixou o mundo em permanente estado de 
tensão motivada pelo medo de uma guerra nuclear.
 
http://2.bp.blogspot.com/-Lr4FslGxZYI/TjrUv5G5GwI/AAAAAAAAAF0/
akaKGD6hhZ4/s400/CHARGE%257E2.JPG. Acesso: 17 jun. 2013.
Ainda em consequência da Segunda Guerra Mundial 
teve início o processo de descolonização afro-asiática, 
favorecido pela decadência econômica e militar das 
metrópoles europeias e pelo apoio dos EUA e URSS, que 
pretendiam aumentar suas áreas de influência. Outro 
importante apoio à descolonização foi dado pela ONU, que 
defendia o princípio da autodeterminação dos povos. 
A descolonização produziu rupturas políticas e abriu 
espaço para grandes lideranças como Gandhi, ou para 
iniciativas interessantes como a formação do bloco dos países 
não alinhados, estruturado na Conferência de Bandung, 
mas que não signifi cou avanços sociais ou econômicos. 
Ao contrário, os vários confl itos étnicos, especialmente na 
África, só serviram para aumentar os problemas de fome e 
subdesenvolvimento no continente, que passou a conviver 
com o drama de refugiados em enormes campos mantidos 
por ações fi lantrópicas internacionais, além da falta de 
controle de doenças como a AIDS. 
Vale frisar a luta de Nelson
Mandela contra o apartheid na África 
do Sul, que lhe rendeu inicialmente uma 
condenação à prisão perpétua na 
década de 1960, mas que no início dos 
anos 1990 lhe rendeu o reconhecimento 
internacional com o agraciamento em 
1993 com o prêmio Nobel da Paz e a 
grande vitória obtida com o fi m do 
regime, em 1994, quando o mesmo foi 
eleito presidente do país e deu início a um processo de luta pela 
redução das desigualdades internas.
O século XX no Brasil foi marcado por avanços e 
retrocessos, especialmente em termos políticos e sociais. 
Uma primeira grande mudança foi favorecida pela 
Primeira Guerra Mundial, pois no período o País pôde iniciar 
seu processo de industrialização, o que levou à formação ou 
fortalecimento de novos atores sociais, como a burguesia, 
o operariado e as camadas médias urbanas, que passaram 
a contestar as estruturas oligárquicas vigentes a apoiaram o 
rompimento representado pela Revolução de 1930.
No poder, Getúlio Vargas imprimiu uma marca 
personalista ao governo que teve muitas facetas: nacionalista, 
incentivador da industrialização, trabalhista, modernizante, 
defensor dos pobres, mas também autoritário e repressor, 
especialmente no período do Estado Novo.
Após a Segunda Guerra Mundial, a volta da democracia 
no Brasil foi repleta de percalços: cassação do Partido 
Comunista; disputas entre nacionalistas e defensores de 
maior abertura ao capital estrangeiro; suicídio de Vargas; 
ameaça de golpe contra a posse de Juscelino Kubistchek; 
renúncia de Jânio Quadros; impedimento da posse de João 
Goulart seguida pela implantação do Parlamentarismo por 
meio de emenda constitucional em 1961; plebiscito em 1963 
e volta do presidencialismo; e deposição de Jango através de 
um golpe militar em 1964.
Depois do longo período militar (1964-1985), o Brasil 
viu renascer uma democracia que se buscou solidifi car com 
a promulgação da Constituição de 1988, que ampliou os 
limites da cidadania e da participação política, bem como 
a garantia das liberdades individuais e políticas. Apesar de 
graves problemas econômicos e escândalos políticos, a jovem 
democracia brasileira tem demonstrado evoluções, que vão 
do impeachment do presidente Fernando Collor Mello, em 
1992, às discussões acerca da forma e sistema de governo 
mais adequados, que levaram à vitória do regime republicano 
e presidencialista no plebiscito realizado em 1993, previsto pela 
própria Constituição de 1988.
A normalidade dos processos eleitorais e a opção da 
nação pelas reeleições dos presidentes Fernando Henrique e 
Lula, bem como a eleição da primeira mulher – Dilma Rousseff 
– para o cargo de mandatário máximo do país também devem 
ser ressaltados. 
Merecem destaque ainda a estabilidade econômica 
resultante do Plano Real implantado àpartir de 1994, no governo 
de Itamar Franco e mantido nos governos subsequentes, que 
permitiram a redução do número de miseráveis no Brasil e têm 
garantido a ascensão social.
Enem em fascículos 2013
4 Ciências Humanas e suas Tecnologias
v
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das 
sociedades.
C-5 H
-23
• (UFMS/2010-Adaptada) “Class i f i car, de l inear, 
dividir, sistematizar, criar um mapa-múndi do saber. 
Esta era a ideia dos iluministas Diderot e D’Alembert: 
ordenar o mundo em categorias em uma enciclopédia com 
17 volumes de texto. O projeto enciclopedista talvez seja a 
infl uência mais visível do Iluminismo em nosso cotidiano. 
A escola, a divisão do conhecimento em disciplinas 
específicas, os livros didáticos, os telejornais revelam 
claramente essa busca classifi catória. A Enciclopédia iniciava 
com um quadro esquemático do conhecimento humano, 
uma permanência que perpassa desde organogramas de 
empresas até as classifi cações da biologia.”
DARNTON, Robert – O Grande Massacre de Gatos. 
RJ: Graal, 1986, p. 272-273.
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o 
assunto, assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas afi rmativas 
a respeito do Iluminismo e depois assinale a opção que 
apresenta a sequência correta.
( ) O impulso renovador das ideias i luministas 
provocou, na Europa, um grande interesse pelos 
problemas da vida em sociedade, possibilitando o 
surgimento de novas ideias e de teorias econômicas. 
( ) Em seu conjunto, os iluministas sustentavam a 
tese de que só um Estado ditatorial, controlado 
pela classe trabalhadora, seria capaz de eliminar a 
resistência burguesa e abolir as desigualdades entre 
as classes sociais. 
( ) O espírito renovador, presente no Iluminismo, 
conduziu a um profundo estudo das ciências, campo 
onde ocorreu um grande avanço. 
( ) Originado na Inglaterra, difundido pela França, o 
Iluminismo pregava a razão, a liberdade do espírito, 
a livre crítica e a tolerância religiosa, contrapondo-se, 
assim, ao peso da tradição, do dogmatismo religioso 
e fi losófi co e ao absolutismo monárquico. 
( ) O Iluminismo, em seu conjunto, fazia uma incisiva 
crítica ao mundo civilizado e propunha um retorno 
às formas de vida da sociedade primitiva. 
a) V – F – V – V – F d) F – V – F – F – F
b) V – V – F – V – V e) V – V – F – F – V
c) F – F – V – F – V
Comentário
A ideologia iluminista traz os fundamentos seguintes: 
defesa do direito à liberdade e a igualdade de direitos; a razão é o 
principal caminho para o conhecimento; oposição ao dogmatismo e 
a intolerância religiosa e fi losófi ca; crítica ao mercantilismo e defesa 
das liberdades econômicas. A ideologia iluminista se contrapunha 
ao Antigo Regime e estabeleceu as bases teóricas para as revoluções 
que levariam ao estabelecimento de governos representativos, com 
destaque para a Independência dos EUA e a Revolução Francesa, 
além de contribuir signifi cativamente para o avanço das ciências, 
em virtude de sua ênfase no racionalismo. 
Resposta correta: A
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações 
políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
01. 
Documento I: Funcionamento do parlamentarismo 
no período monárquico introduzido a partir de 1847.
http://www.google.com.br/imgres?q=parlamentarismo+no+brasil&um=1&
hl=pt-BR&sa=N&rlz=1T4RNRN_pt-BRBR436BR437&tbm=isch&tbnid=POVzj
cCnYBzu0M:&imgrefurl=http://ricafonte.com/historia/textos/Historia_Brasil/
Imp%2525C3%2525A9rio/Brasil%252520Imp%2525C3%2525A9rio%2525
20exe.htm&docid=6sJMjbbVAhcTjM&w=380&h=215&ei=qT03To2FDIGWtwfM
5f3mAg&zoom=1&iact=hc&vpx=892&vpy=105&dur=5913&hovh=169&hovw
=299&tx=98&ty=116&page=1&tbnh=100&tbnw=176&start=0&ndsp=19&ved
=1t:429,r:17,s:0&biw=1280&bih=543
Documento II: Renúncia de Jânio e cartaz da campanha 
do Plebiscito (referendo) de 1963.
http://3.bp.blogspot.com/_0IOS5PczAMA/
TJn3gpj11wI/AAAAAAAAC9M/f4JyL6eGoIM/
s1600/plebiscito+jornal+de+04.01.63.jpg
http://www.politicaparapoliticos.com.br/
interna.php?pagina=2&t=756642
Documento III: Alguns fatos que marcaram o ano de 
1993 no Brasil.
• 21 de abril – Realização no Brasil do Plebiscito de 1993 
sobre a forma e sistema de governo em que funcionaria 
o Estado brasileiro. O plebiscito indicou que o Brasil 
continuaria a ser uma República Presidencialista.
• 19 de maio – Elizeu Resende deixa o Ministério da 
Fazenda e Fernando Henrique Cardoso assume o cargo.
• 23 de julho – Chacina da Candelária, no Rio de Janeiro, 
deixa 7 pessoas mortas.
• 1º de agosto – A moeda brasileira passa a Cruzeiro Real 
(1000 cruzeiros = 1 cruzeiro real)
• 20 de agosto – Seiscentos garimpeiros brasileiros matam 
30 índios ianomanis, incluindo dez crianças.
• 29 de agosto – Chacina de Vigário Geral, no 
Rio de Janeiro, deixa 21 pessoas mortas.
• 7 de dezembro – O Ministro da Fazenda, Fernando 
Henrique Cardoso, anuncia o programa de estabilização 
econômica. O chamado Plano FHC cria a URV 
(Unidade Real de Valor), indexador que será base para 
a nova moeda, o Real.
http://pt.wikipedia.org/wiki/1993. Acesso em 02/08/2011.
Enem em fascículos 2013
5Ciências Humanas e suas Tecnologias
Sobre as experiências parlamentaristas no Brasil, assinale 
a opção correta.
a) A primeira experiência parlamentarista no Brasil 
ocorreu durante o I Reinado com outorga da 
Constituição de 1824 e foi mantido até a proclamação 
da República em 1889. Seguia o modelo inglês e 
foi fator de estabilidade durante todo o período 
monárquico.
b) A adoção do parlamentarismo no período republicano 
foi uma iniciativa popular que através de um plebiscito 
buscava uma solução para a crise institucional 
resultante da renúncia de Jânio Quadros que poderia 
ter levado o país a uma guerra civil.
c) Embora não sendo uma prática constante na história 
do Brasil republicano, a realização de plebiscitos 
despertou forte interesse popular devido ao momento 
de estabilidade e prosperidade em que foram 
realizadas tais consultas.
d) Os momentos em que o parlamentarismo vigorou 
no Brasil foi expressamente referendado pela 
vontade popular através de consultas plebiscitárias, 
conseguindo empolgar a maioria da população, 
constatados pelos baixos índices de abstenções, de 
votos brancos e nulos.
e) No período republicano foram realizadas duas 
consultas populares sobre forma e sistema de 
governo, sendo a primeira em 1963, no governo 
João Goulart, e a segunda em 1993, como parte das 
propostas de revisão da Constituição de 1988. 
contruCompreendendo a Habilidade
– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para 
mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às 
mudanças nas legislações ou nas políticas públicas..
C-3
C-5
H-13
H-22
02. A África do Sul, que foi palco da última Copa do Mundo 
de futebol, teve a sua história marcada pela segregação 
racial. Desde a colonização, iniciada no século XVII por 
europeus de origem holandesa e posteriormente de origem 
inglesa, existe a segregação racial e a exclusão dos negros. 
Após a independência, em 1948, foi oficialmente 
implantado o regime de apartheid, imposto pela elite 
branca que detinha o poder no novo país. O regime 
fundamentava-se na ideia da existência separada de duas 
nações no interior do Estado sul-africano, compondo-se de 
uma segregação que se caracteriza por ser
a) geográfi ca, pois os negros deveriam ocupar somente 
áreas reservadas a eles, conhecidas como Bantustões; 
e política, sendo vedados aos negros quaisquer direitos 
no Estado.
b) educacional, pois somente negros de algumas etnias 
podiam frequentar escolas e universidades;e política, 
pois uma minoria da população negra tinha acesso aos 
cargos públicos.
c) cultural, sendo impostos valores europeus à maioria 
negra da população que tinha seus valores culturais 
desrespeitados; e ideológica, sendo vedados aos negros 
o acesso à fi losofi a.
d) política, sendo os negros proibidos de exercer cargos 
eletivos, mas com acesso a empregos públicos; e 
econômica, com a proibição dos negros movimentarem 
contas bancárias.
e) religiosa, com a proibição das práticas de magia e rituais 
considerados macabros; e educacional, sendo vedados 
aos negros o acesso a escolas e universidades públicas.
DE OLHO NO ENEM
O GIGANTE ACORDOU
O mês de junho de 2013 se tornou marcante para 
o Brasil, não pela realização da Copa das Confederações – 
evento teste para o mundial de 2014 – e muito menos pelos 
tão propagados legados que eventos como a Copa do Mundo 
de Futebol ou Olimpíadas podem deixar para a população do 
país, em especial das cidades sede. 
Facebook.
É exatamente o contrário. Se existe ou vai existir um 
legado, questiona-se o custo e a corrupção para que se chegue 
a ele. Na verdade se questiona tanta coisa, que não sabemos 
por onde começar.
Facebook.
Os meios de comunicação são unânimes em colocar que 
São Paulo foi o epicentro das manifestações, onde o movimento 
Passe Livre questionava o aumento das passagens do transporte 
público em vinte centavos. 
 
http://img2.ne10.uol.com.br/
repositorio/noticia/6bba9e73a91e0b6210bd3d31ee5b8fac.jpg, 
Acesso: 28 jun. 2013.
Enem em fascículos 2013
6 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Dali em diante viu-se uma avalanche de manifestações e 
demonstrações de cidadania pelo país: o povo brasileiro saiu às 
ruas em todas as capitais e diversas cidade do interior de vários 
estados, foi aos estádios para se manifestar: O gigante acordou!
Essa frase foi muito dita em conversas e reproduzida 
em cartazes nas manifestações e em postagens em redes 
sociais. Foi marcante quando o povo de Brasília ocupou um 
espaço construído para que os interesses coletivos fossem 
defendidos e que se tornou símbolo da corrupção no país: 
o Congresso Nacional.
http://i0.wp.com/jornaldachapada.com.br/
wp-content/uploads/2013/06/Congresso-Nacional-Valter-Campanato-ABr.
jpg?resize=630%2C416. Acesso: 28 jun. 2013.
A verdade é que na história brasileira prevaleceram o 
desrespeito ao povo, a corrupção, os desmandos políticos, os 
desvios, os arranjos, conchavos, promessas não cumpridas, ... 
Político só aparecendo em época de eleição, prometendo saúde, 
educação, moradia, empregos, honestidade na administração, 
blá, blá, blá, ... Passadas as eleições, pouco ou quase nada, até as 
próximas eleições com os mesmos discursos. Na maioria das vezes, 
“o povo assistia a tudo bestializado”, tornando verdadeira outra 
famosa frase: “o Brasil não tem povo, tem público”.
Claro que houve reações. Desde os índios que lutaram 
contra os conquistadores a negros que resistiram à escravidão 
lutando em Palmares, passando pelos baianos Lucas Dantas e 
Luís Gonzaga das Virgens, mineiros inconfi dentes, seguidores 
do Beato Conselheiro, Ligas Camponesas e MST questionaram 
e questionam os latifúndios. Revolta de Quebra Quilos, Revolta 
do Vintém... Contra os maus-tratos se levantaram os Marinheiros 
e João Cândido. Contra os desmandos coronelísticos, a Coluna 
percorreu o Brasil. No Araguaia formaram-se focos que lutavam 
pelo socialismo. Foram muitas lutas até que a anistia chegasse 
e as “Diretas Já!” acontecessem. A Constituição é “Cidadã”, 
mas, na maioria das vezes, o povo não. Por falta de informação, 
falta de educação, descaso ou desgosto, na maioria das vezes o 
povo simplesmente não reagia e isso favorecia os desmandos e a 
corrupção. O gigante passava a maior parte do tempo adormecido.
Na nossa história recente, três grandes mobilizações 
sacudiram o país e a esperança em melhorias concretas prevaleceu. 
Infelizmente, nos dois primeiros casos, houve arrefecimento – 
“o negócio esfriou” – e os desmandos dos políticos se 
mantiveram. Espero que isso não aconteça novamente. 
Os dois primeiros casos a que me refi ro foram as Diretas Já! e 
o movimento pelo impeachment do presidente Collor. 
http://wp.clicrbs.com.br/diariosdebrasilia
/fi les/2010/04/diretas-ja-brasalia.jpg, acesso 28 jun. 2013.
O povo foi às ruas, pressionou e os políticos cederam. 
O voto é livre, direto e secreto. Mas os políticos são os mesmos... 
A esperança de que tudo mudaria realmente e de que a 
corrupção acabaria de fato foi muito intensa no movimento dos 
“Caras Pintadas” ou “Fora Collor”.
 
http://4.bp.blogspot.com/-3t3pyT3Wpek/UGcN5LL7N9I/AAAAAAAAMgc/
FKFz_TFALwc/s1600/pol%C3%ADtica+-+collor_impeachment.jpg, 
acesso 28 jun 2013.
Hoje, Fernando Collor é senador...
Novamente, em 2013, o povo ocupou as ruas – e os 
estádios. Ocupou as redes sociais e os noticiários internacionais. 
Saltam aos olhos algumas características:
Apartidário, o movimento excluía bandeiras, bem 
como militantes de partidos políticos não foram aceitos 
e chegaram a ser hostilizados. Não há uma liderança. 
Entidades como a CUT, que assumiram papel importante 
nos dois movimentos citados anteriormente, também não 
foram aceitas pelos manifestantes, face ao descrédito geral. 
A insatisfação é contra a classe política. Contra a corrupção. 
Os desvios de verbas e os superfaturamentos. Contra a PEC 
37 e a não punição dos “mensaleiros”. Contra a violência 
e a impunidade. O gigante acordou incomodado com 
altos impostos e péssimas condições de transporte, saúde, 
educação. Paga-se demais e os benefícios são mínimos.
Facebook.
Nas redes sociais encontramos os grandes responsáveis 
pelas mobilizações e difusão das ideias: os “posts”:
 
Facebook.
Enem em fascículos 2013
7Ciências Humanas e suas Tecnologias
No facebook, twitter ou instagran, as notícias caminham 
com rapidez sem igual, as manifestações eram e são marcadas e 
rapidamente divulgadas. Quem vai, posta fotos e informações. 
Quem não vai, fica na frente do computador, tablet ou 
smartphone publicando, republicando, postando... ameaçando.
Se minha cidade está
descuidada, a Saúde
doente e a Educação
triste, por que tenho que 
votar nos mesmos
governantes?
Facebook.
A classe política tremeu. Os governantes ficaram 
atordoados e rápidas respostas foram dadas: As passagens 
foram reduzidas. Os deputados trabalham como nunca. A PEC 
37 foi derrubada por 431 votos a 9 (nas redes sociais foram 
denunciados os que votaram contra). Os royalties do petróleo 
vão para saúde e Educação. A presidenta convocou um grande 
pacto por melhorias nos transportes e serviços públicos.
Está claro que o gigante tem poder e acordado pode 
muito. Espero que não volte a dormir e que a memória curta 
dos brasileiros seja uma característica que entre em desuso.
Não podemos esquecer dois detalhes das atuais 
manifestações: o vandalismo de uma minoria, que nos 
reservamos ao direito de ignorar; e o bom humor, tipicamente 
brasileiro, que não podia faltar.
Zilfran Varela Fontenele. Historiador – 
Professor da Organização Educacional Farias Brito.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade aos nossos estudos na área de 
Ciências Humanas e suas Tecnologias, nessa seção trataremos 
das principais conferências sobre os acordos ambientais, desde 
Estocolmo 72 até a Rio+20. 
OBJETO DO CONHECIMENTO
Conferências e principais 
acordos ambientais
No início da década de 1970, as principais correntes 
de pensamento sobre as causas da degradação ambiental 
culpavam a busca incessante do crescimento econômico 
e a “explosão demográfi ca” pelo aumento da exploração 
dos recursos naturais, pela poluição e pelo desmatamento. 
Em 1971 foi publicado um estudo chamado Limites do 
crescimento, realizado por um grupo de cientistas de 
vários países, que se reuniam com a intençãode estudar os 
problemas mundiais e fi cou conhecido como Clube de Roma. 
Esse estudo analisou cinco variáveis: tecnologia, população, 
nutrição, recursos naturais e meio ambiente, concluindo que 
o planeta entraria em colapso até o ano 2000 caso fossem 
mantidas as tendências de produção e consumo vigentes. 
Para evitar o colapso, sugeriam a redução tanto do crescimento 
populacional quanto do crescimento econômico, política que 
fi cou conhecida como “crescimento zero”.
ESTOCOLMO – 72
Estocolmo 72
Estocolmo 1972
A Conferência contou com representantes de 113 
países, 250 organizações não governamentais e dos 
organismos da ONU. A Conferência produziu a Declaração 
sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios 
de comportamento e responsabilidade que deveriam governar 
as decisões concernentes a questões ambientais.
Essa Conferência foi marcada pelo confronto entre 
as perspectivas dos países desenvolvidos e dos países 
em desenvolvimento. Os países desenvolvidos estavam 
preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre 
a Terra, propondo um programa internacional voltado para 
a conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, 
pregando que medidas preventivas teriam que ser encontradas 
imediatamente, para que se evitasse um grande desastre. 
Por outro lado, os países em desenvolvimento argumentavam 
que se encontravam assolados pela miséria, com graves 
problemas de moradia, saneamento básico, atacados por 
doenças infecciosas e que necessitavam desenvolver-se 
economicamente, e rapidamente.
A política do “crescimento zero” propunha o controle 
da natalidade e o congelamento do crescimento econômico 
como única solução para evitar que o aumento dos impactos 
ambientais levasse a uma tragédia ecológica mundial. 
Essa era uma péssima solução para os países em desenvolvimento, 
os que mais necessitavam de crescimento econômico para 
promover as melhorias da qualidade de vida da população.
A Declaração de Estocolmo, documento elaborado no 
fi nal do encontro, composto por uma lista de 26 princípios, 
estipulou ações para que os países buscassem resolver os 
confl itos inerentes entre as práticas de preservação ambiental 
e o crescimento econômico. Ficou estabelecido o respeito 
à soberania das nações, isto é, a liberdade de os países em 
desenvolvimento buscarem o crescimento econômico e a justiça 
social explorando de forma sustentável seus recursos naturais.
Enem em fascículos 2013
8 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Outras decisões importantes
desse encontro foram a criação do 
Programa das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente (Pnuma) e a instituição 
do dia 5 de junho, data do seu início, 
como o Dia Internacional do Meio 
Ambiente.
O desenvolvimento sustenvável
Em 1983, a Assembleia
Geral da ONU indicou a então 
primeira-ministra da Noruega, Gro 
Harlem Brundtland, para presidir 
uma comissão encarregada de 
estudar o tema ambiental . 
Em 1987 foi publicada pela 
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 
da ONU um estudo denominado Nosso futuro comum, mais 
conhecido como Relatório Brundtland. Esse estudo, que 
defendia o desenvolvimento para todos, buscava um equilíbrio 
entre as posições antagônicas surgidas na Estocolmo-72 e criou 
a noção de desenvolvimento sustentável, aquele que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de 
as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. 
Já as sociedades sustentáveis estariam baseadas em igualdade 
econômica, justiça social, preservação da diversidade cultural, 
da autodeterminação dos povos e da integridade ecológica. 
Isso obrigaria pessoas e países a mudanças, não apenas 
econômicas, mas sociais, morais e éticas.
Protocolo de Montreal
 
O Protocolo de Montreal sobre substâncias que 
empobrecem a camada de ozônio é um tratado internacional 
em que os países signatários se comprometem a substituir 
as substâncias que se demonstrou estarem reagindo com 
o ozônio (O
3
) na parte superior da estratosfera (conhecida 
como ozonosfera). O tratado esteve aberto para adesões a 
partir de 16 de setembro de 1987 e entrou em vigor em 1º de 
janeiro de 1989. Ele teve adesão de 150 países e foi revisado 
em 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999. Devido à essa grande 
adesão mundial, Kofi Annan disse sobre ele: “Talvez seja o mais 
bem-sucedido acordo internacional de todos os tempos…”
Rio-92
A Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, também conhecida 
como Cúpula da Terra, Rio-92 ou 
Eco-92, foi realizada em 1992 no 
Rio de Janeiro e reuniu representantes 
de 178 países, além de milhares de 
membros de organizações não governamentais (ONGs), numa 
conferência paralela. Esse encontro, que na fase preparatória 
teve como subsídio o Relatório Brundtland, defi niu uma série 
de resoluções, visando alterar o atual modelo consumista de 
desenvolvimento para outro, ecologicamente mais sustentável.
O objetivo fundamental era tentar minimizar os impactos 
ambientais do planeta, garantindo, assim, o futuro das próximas 
gerações. Na busca do desenvolvimento sustentável, foram 
elaboradas duas convenções, uma sobre biodiversidade, outra 
sobre mudanças climáticas; uma declaração de princípios 
relativos às fl orestas e um plano de ação.
A Convenção sobre Biodiversidade
e a Convenção sobre Mudanças Climáticas 
têm como agente fi nanciador um organismo 
denominado Fundo Global para o Meio 
Ambiente – GEF (do inglês, Global 
Environment Facility). Criado em 1990, o 
GEF é dirigido pelo Banco Mundial e recebe 
apoio técnico e científi co dos Programas das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(Pnud) e para o Meio Ambiente (Pnuma).
A Convenção sobre Biodiversidade traçou uma série 
de medidas para a preservação da vida no planeta. Em vigor 
desde 1993, essa convenção tenta frear a destruição da fauna 
e da fl ora, concentradas principalmente nas fl orestas tropicais, 
as mais ricas em biodiversidade.
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento
Trata-se de uma carta contendo 27 princípios que visa 
estabelecer um novo estilo de vida, um novo tipo de presença 
do homem na Terra, através da proteção dos recursos naturais 
e da busca do desenvolvimento sustentável e de melhores 
condições de vida para todos os povos.
A Convenção sobre Mudanças Climáticas, em vigor 
desde 1994, estabeleceu várias medidas para diminuir a emissão 
de poluentes pelas indústrias, automóveis e outras fontes 
poluidoras, com o objetivo de atenuar o agravamento do efeito 
estufa, o avanço da desertifi cação etc. Nessa convenção, foi 
assinado o Protocolo de Kyoto (Japão, 1997), visando à redução 
da emissão de poluentes na atmosfera.
A Declaração de Princípios Relativos às Florestas é uma 
série de indicações sobre manejo, uso sustentável e outras 
práticas voltadas à preservação desses biomas.
Agenda 21 é um ambicioso
programa para a implantação de um 
modelo de desenvolvimento sustentável 
em todo o mundo durante o século XXI. 
Esse objetivo, entretanto, requer 
vo lumosos recur sos e os pa í ses 
desenvolvidos comprometeram-se em 
canalizar 0,7% de seus PIBs para essa 
fi nalidade. Com o objetivo básico de fi scalizar a aplicação da 
Agenda 21, foi criada a Comissão de Desenvolvimento 
Sustentável. O órgão, sediado em Nova York e vinculado à ONU, 
agrega 53 países-membros, entre os quais o Brasil. 
Muitos países, contudo, não estão cumprindo o compromisso, 
com raras exceções, como os países nórdicos.
Enem em fascículos 2013
9Ciências Humanas e suas Tecnologias
Protocolo de Kyoto
O que é o Protocolo de Kyoto
GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL • PARATODOS
O Protocolo de Kyoto foi
assinado em 1997 por 180
países membros da
Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança Climática
reunidos no Japão.
lei por pelo menos 55 países, que
respondam por55% das emissões
do anexo 1.
Ele divide o mundo em
países industrializados ( o
chamado anexo 1) e países
em desenvolvimento (não anexo 1)
e prevê que os primeiros devem
cortar em 5,2% suas emissões de
gases de efeito estufa em relação aos
níveis de 1990, entre 2008 e 2012.
Até agora, 126 países já
ratificaram o acordo, 34
deles membros do anexo 1,
com 61,6% da emissões.
Os EUA, que respondem
sozinhos por 36% das
emissões de dióxido de
carbono do anexo 1, desistiram do
protocolo em março de 2001.
Para entrar em vigor, o
protocolo precisava ser
ratificado, ou seja,
confirmado domesticamente como
ENTRADA EM VIGOR: O Protocolo
de Kyoto deve passar a vigorar em
fevereiro do ano que vem, após
ajustes finais no texto a serem feitos
em dezembro, em Buenos Aires.
O Protocolo de Kyoto é um instrumento internacional, 
ratifi cado em 15 de março de 1998, que visa reduzir as emissões 
de gases poluentes. Estes, são responsáveis pelo efeito estufa e 
o aquecimento global. O Protocolo de Kyoto entrou ofi cialmente 
em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, após ter sido discutido 
e negociado em 1997, na cidade de Kyoto (Japão).
No documento, há um cronograma em que os países 
são obrigados a reduzir, em 5,2%, a emissão de gases poluentes, 
entre os anos de 2008 e 2012 (primeira fase do acordo). 
Os gases citados no acordo são: dióxido de carbono, gás metano, 
óxido nitroso, hidrocarbonetos fl uorados, hidrocarbonetos 
perfl uorados e hexafl uoreto de enxofre. Estes últimos três são 
eliminados principalmente por indústrias.
A emissão desses poluentes deve ocorrer em vários 
setores econômicos e ambientais. Os países devem colaborar 
entre si para atingirem as metas. O protocolo sugere ações 
comuns, como, por exemplo:
– aumento no uso de fontes de energias l impas 
(biocombustíveis, energia eólica, biomassa e solar);
– proteção de fl orestas e outras áreas verdes;
– otimização de sistemas de energia e transporte, visando o 
consumo racional;
– diminuição das emissões de metano, presentes em sistemas 
de depósito de lixo orgânico;
– defi nição de regras para a emissão dos créditos de carbono 
(certifi cados emitidos quando há a redução da emissão de 
gases poluentes).
Os especialistas em clima e meio ambiente esperam que 
o sucesso do Protocolo de Kyoto possa diminuir a temperatura 
global entre 1,5 e 5,8 ºC até o fi nal do século XXI. Dessa forma, 
o ser humano poderá evitar as catástrofes climáticas de alta 
intensidade que estão previstas para o futuro. 
Rio+10
A Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável, conhecida 
como Rio+10, fo i real izada em 
Johanesburgo, África do Sul, entre os 
dias 26 de agosto e 4 de setembro de 
2002, reunindo delegações de 191 
países. O principal objetivo do encontro 
foi realizar um balanço dos resultados práticos obtidos depois 
da Rio-92.
Nesse encontro foram discutidos basicamente quatro 
temas, escolhidos como mais importantes para a busca do 
desenvolvimento sustentável:
• erradicação da pobreza; 
• mudanças no padrão de produção e consumo; 
• utilização sustentável dos recursos naturais; 
• possibilidades de se compatibilizar os efeitos da 
globalização com a busca do desenvolvimento 
sustentável. 
Desde o início das discussões fi cou acordado entre os 
participantes que na ocasião não seriam discutidos os temas 
das duas Convenções assinadas na Rio-92 (Biodiversidade 
e Mudanças Climáticas), mas sim os mecanismos que 
possibil itassem ampliar sua implantação na prática. 
Essa intenção fi cou descrita na documentação fi nal do encontro: 
Plano de Implementação da Agenda 21, no qual se propõem 
alterações no padrão de produção e consumo, com utilização 
racional dos recursos naturais e busca de modelos sustentáveis 
que utilizem menor quantidade de energia e produzam menos 
resíduos.
Porém, o Plano de Implementação da Agenda 
21 acabou se restringindo a um conjunto de diretrizes 
que cada país signatário pode ou não realizar na prática. 
Como não há nenhum órgão internacional de controle, os 
acordos realizados nas conferências da ONU constituem 
o consenso mínimo atingido sobre os temas abordados, 
conquistado após as nações presentes apresentarem suas 
posições.
Rio+20
A C o n f e r ê n c i a d a s N a ç õ e s U n i d a s s o b re 
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada de 
13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. 
A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos 
de realização da Conferência das Nações Unidas sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para 
definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as 
próximas décadas.
O objetivo da Conferência foi a renovação do 
compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por 
meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação 
das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto 
e do tratamento de temas novos e emergentes.
• Principais temas que foram debatidos:
– Balanço do que foi feito nos últimos 20 anos em relação 
ao meio ambiente;
– A importância e os processos da Economia Verde;
– Ações para garantir o desenvolvimento sustentável do 
planeta;
– Maneiras de eliminar a pobreza;
– A governança in te rnac iona l no campo do 
desenvolvimento sustentável. 
Enem em fascículos 2013
10 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Resultados da Rio+20
Infelizmente o resultado da Rio+20 não foi o esperado. 
Os impasses, principalmente entre os interesses dos países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, acabaram por frustrar 
as expectativas para o desenvolvimento sustentável do planeta. 
O documento fi nal apresenta várias intenções e joga para os 
próximos anos a defi nição de medidas práticas para garantir a 
proteção do meio ambiente. Muitos analistas disseram que a 
crise econômica mundial, principalmente nos Estados Unidos 
e na Europa, prejudicou as negociações e tomadas de decisões 
práticas.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais 
em diferentes contextos histórico-geográfi cos.
C-6
H-8
• Em junho de 2012, foi realizada na Cidade do Rio de Janeiro 
a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento 
Sustentável, a Rio+20. O objetivo desse encontro foi a 
renovação do compromisso político com o desenvolvimento 
sustentável, que apresenta como uma de suas propostas
a) evitar o uso de recursos naturais e de matérias-primas 
na indústrias para não comprometer o meio ambiente.
b) investir em pesquisas sobre alimentos geneticamente 
modifi cados com a fi nalidade de acabar com a fome 
no mundo.
c) desenvolver economicamente todas as nações para 
que estas possam ter o mesmo padrão de consumo 
dos Estados Unidos.
d) atender às necessidades da atual geração, sem 
comprometer a capacidade das futuras gerações em 
prover suas próprias necessidades.
e) incentivar os países desenvolvidos a ampliar o setor 
agroindustrial para garantir que não faltem alimentos 
para os países subsenvolvidos.
Comentário
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades 
da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações 
futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, signifi ca 
possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível 
satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização 
humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos 
recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
Relatório Brundtland.
Resposta correta: E
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Identifi car em fontes diversas o processo de ocupação dos meios 
físicos e as relações da vida human com a paisagem.
C-6
H-26
03. 
www.politicalcartoons.com
Um problema ambiental e seu efeito sobrea Terra, 
diretamente relacionados à charge, estão corretamente 
apresentados na opção:
a) A destruição da camada de ozônio pelo despejo de 
resíduos de CFC nos mares, rios e lagos promove a 
contaminação das águas, a perda da biodiversidade e 
alterações na dinâmica das massas de ar.
b) O acúmulo de enxofre e metano pela fertilização dos 
solos e a expansão das queimadas contaminam os 
lençóis freáticos, provocando a alteração do ecossistema 
de rios, lagos e mares e a destruição de fl orestas.
c) A intensifi cação do efeito estufa, decorrente da queima 
de combustíveis fósseis pelas indústrias, resulta em 
efeitos sobre a dinâmica das chuvas e dos ventos, além 
de alterar os níveis dos oceanos e extinguir espécies.
d) A formação de ilhas de calor, como decorrência do 
acúmulo de energia nas superfícies impermeabilizadas, 
reduz os efeitos da radiação solar sobre a superfície 
terrestre e aumenta gradativamente a umidade relativa 
do ar.
e) O aumento no uso de produtos químicos destinados 
a melhorar a produtividade da agricultura resulta na 
contaminação do solo, poluição dos mananciais de água 
e alteração da cadeia alimentar de pragas e predadores.
Enem em fascículos 2013
11Ciências Humanas e suas Tecnologias
Compreendendo a Habilidade
– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio 
físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográfi cos.
C-6
H-27
04. Foram necessários bilhões de anos, com uma complexidade 
e uma evolução irrepetíveis, para construir o patrimônio 
biológico de uma única espécie; nos próximos decênios, 
a intervenção do homem será responsável pelo 
desaparecimento de uma espécie viva a cada quarto de 
hora. Mas a cultura ecológica permanece à margem da 
política e da cultura ofi cial. No máximo toma-se posição, 
no discurso, a favor do meio ambiente, mas quando os 
problemas ambientais opõem-se às vantagens econômicas 
e à manutenção do emprego dentro da estrutura social 
existente, a tendência sempre é de minimizar a gravidade 
das consequências que recairão sobre as vidas futuras. 
O principal ponto a discutir hoje é o crescimento material 
sem limites nem objetivos. Para isso, é preciso rediscutir 
as relações de produção e trabalho, mas também o quê, 
como, onde, quando produzir etc.
TIEZZI, Enzo. Tempos históricos, tempos biológicos. 
São Paulo: Nobel, 1988. Adaptado.
Conforme as ideias do texto, é correto afi rmar que
a) o crescimento sustentável é possível conservando-se os 
padrões de produção, emprego e consumo atuais.
b) os ritmos biológicos e geológicos são mais rápidos que 
os ritmos da produção capitalista de mercadorias.
c) a sociedade superdimensiona os problemas ecológicos 
para poder reduzir os empregos dos trabalhadores.
d) o crescimento desenfreado tem de ser reavaliado para 
decidirmos novas bases para nosso modo de vida.
e) a gravidade do problema ecológico é levada a sério na 
prática dos Estados e da maior parte da sociedade.
DE OLHO NO ENEM
EGITO
Tripoli
TunisMelílaCeuta
Em 1880
A DIVISÃO COLONIAL DA ÁFRICA
SENEGAL
GÂMBIA
Bamaco
Lagos
SERRA
LEOA
GUINÉ
PORTUGUESA
COSTA
DO OURO
GABÃO
ANGOLA
Possessões britânicas
Fonte: Atlas Geográfico
Creditos: Aldenir Barbosa/João Lima
Possessões francesas
Possessões espanholas
Possessões portuguesas
Possessões turcas
Repúblicas bôeres
Independentes
MOÇAMBIQUE
SULTANATO
DE
ZANZIBAR
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO ATLÂNTICO
MADAGASCAR
TRANSVAALUNIÃO
SUL-AFRICANA
Colônia do Cabo
ESTADO LIVRE
DE ORANGE
em 1914
Territórios Britânicos
Territórios Franceses
Territórios Espanhoís
Territórios Portugueses
Territórios Belgas
Territórios Alemães
Territórios Italianos
LíbiaArgélia
Marrocos Tunísia
(Ocupação
Britânica)
(Condomínio)
(Protetorado Britânico)
Walvis
Bay
Egito
Sudão
Anglo-egípcio
Eritreia
Somália
Britânica
Somália
Francesa
Império
da
Etiópia
Somália
Italiana
África
Oriental
Britânica
África
Oriental
Alemã
Oceano
Índico
Niassalândia
Madagascar
Suazilândia
Basutolândia
União
Sul-africana
Bechuanalândia
Sudoeste
Africano
Moçambique
Rodésia
do Norte
Angola
Cabinda
Congo
Belga
Costa do
Ouro
Oceano Atlântico
Rio MuniLibéria
Serra
Leoa
Darfur
Togo
Nigéria
do
Norte
Camarões
Gâmbia
África Ocidental
Francesa
Guiné Port.
Rio
de
Ouro
A DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA
Durante a expansão marítima e comercial, a África era fornecedora de mão de obra; a exploração dos recursos minerais 
iniciou-se apenas no fi nal do século XIX, com o Congresso de Berlim (1884-1885). Nesse congresso, quinze nações europeias 
organizaram a partilha do continente africano, surgindo as fronteiras artifi ciais, quase sempre retas. Os objetivos eram as explorações 
de recursos minerais, por meio de colônias, e o afastamento da população nativa das funções administrativas dessas colônias.
O grande erro desse congresso foi o desrespeito aos territórios tribais, ou seja, na hora de dividir o continente, as metrópoles 
europeias não consideravam antagonismos existentes entre as tribos, juntando as rivais em um mesmo território colonial. 
Aqui está uma das matrizes fundamentais dos confl itos africanos atuais.
Enem em fascículos 2013
12 Ciências Humanas e suas Tecnologias
INTRODUÇÃO
“Até então os fi lósofos limitaram-se a interpretar o 
mundo. Cabe, agora, transformá-lo”.
Karl Marx (fi lósofo alemão)
“Conhece-te a ti mesmo!” Esta frase estava escrita na 
entrada do santuário dedicado ao deus Apolo, na cidade de 
Delfos. É uma mensagem signifi cativa que serviu de base para 
a iniciação da atitude fi losófi ca no mundo grego. 
O homem, sendo um ser biopsíquico e social destinado 
à felicidade, ainda que viva num mundo de solidão e 
individualismo, precisa compreender as fronteiras que delimitam 
o seu espaço e o do “outro”, em outras palavras, precisa 
interiorizar o conceito de ética.
Nunca o conhecimento e a educação foram tão 
importantes para a preservação do planeta. É evidente que para 
melhorar a qualidade de vida e crescer, tanto material quanto 
moral e espiritualmente, temos que responder aos desafi os 
que estão colocados nesse princípio de milênio. E é nesse 
sentido que a Filosofi a e a Sociologia tornam-se componentes 
essenciais e permanentes, devendo estar presentes em 
todos os níveis e modalidades do processo educativo. 
Por seu caráter humanista, holístico, interdisciplinar e 
participativo, elas podem contribuir na renovação do processo 
educativo, trazendo permanente avaliação crítica, adequação 
dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos indivíduos 
em ações concretas de transformação da realidade.
A valorização da Filosofi a e da Sociologia no meio 
educacional objetiva sensibilizar os indivíduos para a importância 
do nosso patrimônio histórico e ecológico, possibilitando o 
acesso à aprendizagem por meio da vivência e do contato direto 
com a natureza. Procura-se estimular a mudança de atitudes e 
hábitos por meio da compreensão dos limites e potencialidades 
de cada um, bem como pelo desenvolvimento da consciência 
ética, que possibilita às pessoas entender e respeitar a si próprias 
e ao planeta como coexistentes e interdependentes. 
OBJETO DO CONHECIMENTO
Filosofi a Moral: Ética e Moral
Existe alguma confusão entre o Conceito de Moral 
e o Conceito de Ética. A etimologia desses termos ajuda a 
distingui-los, sendo que Ética vem do grego “ethos”, que 
signifi ca modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que 
vem de “mores”, signifi cando costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o estudo em 
paralelo dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto 
de normas que regulam o comportamento do homemem 
sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, 
pela tradição e pelo cotidiano. É a “ciência dos costumes”. 
A Moral tem caráter normativo e obrigatório.
Já a Ética é o “conjunto de valores que orientam o 
comportamento do homem em relação aos outros homens na 
sociedade em que vive, garantindo, assim, o bem-estar social”, 
ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no 
seu meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui 
a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no 
contexto em que vive, surgindo realmente quando o homem 
passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas 
sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido 
com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga 
e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por 
tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção 
e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e refl exiva, a 
Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra.
Em nome da amizade, deve-se guardar 
silêncio diante do ato de um traidor?
O comportamento é o resultado de normas já 
estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois 
todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença 
prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim 
Ética é uma espécie de legislação do comportamento moral 
das pessoas.
Ainda podemos dizer que a ética é um conjunto 
de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou 
chamam para si a autoridade de guiar, as ações de um grupo 
em particular, ou, também, o estudo da argumentação sobre 
como nós devemos agir.
Também a simples existência da moral não signifi ca 
a presença explícita de uma ética, entendida como fi losofi a 
moral, pois é preciso uma refl exão que discuta, problematize e 
interprete o signifi cado dos valores morais.
Podemos dizer, a partir dos textos de Platão e 
Aristóteles, que, no Ocidente, a ética ou filosofia moral 
inicia-se com Sócrates.
Para Sócrates, o conceito de ética iria além do senso 
comum da sua época, o corpo seria a prisão da alma, que 
é imutável e eterna. Existiria um “bem em si” próprios da 
sabedoria da alma e que podem ser rememorados pelo 
aprendizado. Esta bondade absoluta do homem tem relação a 
uma ética anterior à experiência, pertencente à alma e que o 
corpo para reconhecê-la terá que ser purifi cado.
Aristóteles subordina sua ética à política, acreditando 
que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, 
já que esta é um privilégio de poucos indivíduos. Também diz 
que na prática ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o 
homem é moldado à medida em que faz escolhas éticas e sofre 
as infl uências dessas escolhas.
O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, 
ideia compartilhada pelo fi lósofo grego antigo Aristóteles. 
No pensamento filosófico dos antigos, os seres humanos 
aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados 
pela conduta virtuosa. Para a ética essencialista, o homem 
era visto como um ser livre, sempre em busca da perfeição. 
Esta, por sua vez, seria equivalente aos valores morais que 
estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma – para 
ser ético –, o homem deveria entrar em contato com a própria 
essência, a fi m de alcançar a perfeição. A ética era uma maneira 
de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar 
a harmonia entre este e os valores coletivos, sendo ambos 
virtuosos.
Com o cristianismo romano, através de S. Tomás de 
Aquino e Santo Agostinho, incorpora-se a ideia de que a virtude 
se defi ne a partir da relação com Deus e não com a cidade ou 
com os outros. Deus nesse momento é considerado o único 
mediador entre os indivíduos. As duas principais virtudes são 
a fé e a caridade.
Enem em fascículos 2013
13Ciências Humanas e suas Tecnologias
Através deste cristianismo, se afirma na ética o 
livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade 
dirige-se para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, 
pecador, dividido entre o bem e o mal. O auxílio para a melhor 
conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. 
Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta: 
a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a 
indiferente à moral.
As profundas transformações que o mundo sofre a 
partir do século XVII com as revoluções religiosas, por meio de 
Lutero; científi ca, com Copérnico e fi losófi ca, com Descartes, 
oprimem um novo pensamento na era Moderna, caracterizada 
pelo Racionalismo Cartesiano – agora a razão é o caminho para 
a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, 
um método. Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo 
da razão de discernir, distinguir e comparar. Este é um marco 
na história da humanidade, que a partir daí acolhe um novo 
caminho para se chegar ao saber: o saber científi co, que 
baseia-se num método, e o saber sem método é mítico ou 
empírico.
A ética moderna traz à tona o conceito de que os 
seres humanos devem ser tratados sempre como fim da 
ação e nunca como meio para alcançar seus interesses. Essa 
ideia foi contundentemente defendida por Immannuel Kant. 
Ele afi rmava que: “não existe bondade natural. Por natureza 
somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, 
ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais 
matamos, mentimos, roubamos”.
De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos 
seres morais era necessário nos submetermos ao dever. 
Essa ideia é herdada da Idade Média na qual os cristãos 
difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar 
o bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios 
divinos, cristalizando assim a ideia de dever. Kant afi rma que 
se nos deixarmos levar por nossos impulsos, apetites, desejos 
e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza nos 
conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as 
coisas como instrumentos para o que desejamos. Não podemos 
ser escravos do desejo.
No século XIX, Friedrich Hegel traz uma nova perspectiva 
complementar e não abordada pelos fi lósofos da Modernidade. 
Ele apresenta a perspectiva Homem – Cultura e História, 
sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. 
Como sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva deve 
ser submetida à vontade social, das instituições da sociedade. 
Desta forma, a vida ética deve ser “determinada pela harmonia 
entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural”.
Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais 
de tal maneira que passamos a praticá-los instintivamente, ou 
seja, sem pensar. Se isso não ocorrer é porque esses valores 
devem estar incompatíveis com a nossa realidade e por isso 
devem ser modifi cados. Nesta situação podem ocorrer crises 
internas entre os valores vigentes e a transgressão deles.
Já na atualidade, o conceito de ética se fundiu nestas 
duas correntes de pensamento:
A ética praxista, em cuja visão o homem tem a 
capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas 
leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. 
O homem tem uma corresponsabilidade frente às suas ações.
A ética pragmática, com raízes na apropriação de 
coisas e espaços, na propriedade, tem como desafio a 
alteridade (misericórdia, responsabilização, solidariedade), 
para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos 
para a solidariedade, contribuindo para a igualdade entre os 
homens: “distribuição equitativa dos bens materiais, culturais 
e espirituais”.
O homem é visto como sujeito histórico-social e, como 
tal, sua ação não pode mais ser analisada fora da coletividade. 
Por isso, a ética ganha novamente um dimensionamento político: 
uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui para 
o aumento da justiça, distribuiçãoigualitária do poder entre os 
homens. Na ética pragmática o homem é politicamente ético – 
“todos os aspectos da condição humana têm alguma relação 
com a política” –, há uma corresponsabilidade em prol de uma 
fi nalidade social: a igualdade e a justiça entre os homens.
Na Contemporaneidade, Nietzsche atribui a origem dos 
valores éticos, não à razão, mas à emoção. Para ele, o homem 
forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não 
se submete à moral demagógica e repressora. E para coroar essa 
mudança radical de conceitos, surge Freud com a descoberta 
do inconsciente, instância psíquica que controla o homem, 
burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade 
represada e que o neurotiza. Porém, Freud em momento algum 
afi rma dever o homem viver de acordo com suas paixões, apenas 
buscar equilibrar e conciliar o id com o superego, ou seja, o ser 
humano deve tentar equilibrar a paixão e a razão.
Hoje, em uma era em que cada vez mais se fala de 
globalização, da qual somos todos funcionários e insumos 
de produção, o conhecimento de nossa cultura passa 
inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas. 
Entretanto, essa tarefa antropológica não é sufi ciente para o 
homem comum superar a crise da ética atual, conhecendo o 
outro e suas necessidades para se chegar à sua convivência 
harmônica. Ao contrário, ser feliz hoje é dominar progresso 
técnico e científi co, ser feliz é ter. Não há mais espaço para 
uma ética voltada para uma comunidade. Hoje se aposta no 
individualismo, no consumo, na rapidez de produção.
No momento histórico em que vivemos existe um 
problema ético-político grave. Forças de dominação têm se 
consolidado nas estruturas sociais e econômicas, mas através da 
crítica e no esclarecimento da sociedade seria possível desvelar 
a dissimulação ideológica que existe nos vários discursos da 
cultura humana. Sabendo disso, essas mesmas forças têm 
procurado controlar a mídia.
Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação 
do dever e a ética fundamenta-se em seguir normas. 
Trata-se da “Ética da Obediência”, que impede o homem 
de pensar e descobrir uma nova maneira de se ver, e assim 
encontrar uma saída em relação ao conformismo de massa que 
está na origem da banalidade do mal, do mecanismo infernal 
em que estão ausentes o pensamento e a liberdade do agir.
Enfi m, Ética e Moral são os maiores valores do homem 
livre. O homem, com seu livre-arbítrio, vai formando seu meio 
ambiente ou o destruindo, ou ele apoia a natureza e suas 
criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele 
mesmo se forma no bem ou no mal neste planeta.
Enem em fascículos 2013
14 Ciências Humanas e suas Tecnologias
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das 
sociedades.
C-5
H-23
Ofi cial nazista e seus auxiliares descansam no 
campo de concentração de Auschwitz (ao lado), 
indiferentes ao massacre dos judeus e aos 
maus-tratos impostos aos prisioneiros (abaixo).
Fo togra f i a s t i r adas em campos de 
concentração nazistas, durante a Segunda 
Guerra Mundial. Acima, oficiais nazistas 
em momento de descontração, indiferentes 
ao massacre de milhões de prisioneiros. 
A o l a d o , p r i s i o n e i r o s e m s e u 
dormitório. A rotina desses locais era de 
maus-t ratos , humi lhações , t raba lho 
forçado, torturas e assassinatos coletivos 
impostos, pr inc ipalmente, a judeus, 
c iganos, homossexuais e def ic ientes 
físicos. Tais atos eram vistos simplesmente 
como tarefas a cumprir, de acordo com 
um sistema de valores morais que previa 
o respeito às ordens e à hierarquia, mas 
restringia a compaixão a um pequeno 
grupo de seres humanos.
• O genocídio promovido pelo nazismo está entre 
os episódios mais abomináveis de nossa História. 
Concretizou-se por meio de ações, valores e princípios 
supostamente “morais”. Porém, a sua imoralidade 
pode ser afirmada com base em diferentes concepções 
filosóficas.
Por exemplo, comparando as imagens e informações 
anteriores à visão de Kant sobre a lei moral como 
imperativo categórico, podemos afi rmar que a atuação 
dos nazistas é imoral porque
a) estabelece a desigualdade e ignora o sentimento 
moral originário de compaixão frente aos sofrimentos 
alheios.
b) fere os sentimentos morais de benevolência e 
compaixão, substituindo-os pela crueldade e pela 
violência sem culpa contra os seus semelhantes.
c) decorre do vício de um grupo que se afastou 
da razão para submeter-se a paixões tristes e 
destrutivas, como o ódio.
d) não considera o ser humano como um fim e se 
baseia em um princípio subjetivo que atende a 
interesses particulares, não podendo jamais se 
tornar uma lei universal.
e) desrespeita os direitos humanos, as liberdades e 
necessidades que os seres humanos têm em comum.
Comentário
O imperativo categórico kantiano consiste em agir 
apenas de acordo com princípios que se deseje universalizar 
(o que os nazistas certamente não aceitariam, já que isso os 
colocaria sob o risco de um martírio semelhante).
Além disso, ele exige que se reconheça a humanidade do 
outro, entendendo sempre a humanidade como um fi m e não um 
meio para realizar interesses particulares (posição evidentemente 
contrária à que os nazistas assumiram em relação aos prisioneiros 
dos campos de concentração). As demais alternativas apresentam 
argumentos válidos para demonstrar a imoralidade do genocídio 
nazista, porém com base nas teorias éticas de outros fi lósofos. 
São eles: Rousseau, Hume, Espinosa e Savater, respectivamente.
Resposta correta: D
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das 
sociedades.
C-5
H-23
05. Considere o texto a seguir:
A moral estabelece princípios, normas e regras de 
comportamento. Ela pertence, portanto, ao domínio da 
prática. A ética é a refl exão sobre a moral. Mas, à medida 
que a ética pode mudar nossas decisões sobre como nos 
comportamos, ela infl ui em nossas ações. 
A ética não consiste em um conjunto de ordens 
e proibições. Ela indica caminhos para a procura e a 
prática de uma boa maneira de ser e de agir, de acordo 
com o bem e contrária ao mal. Se a teoria refl ete sobre 
a prática, ela também a inspira, indicando possibilidades 
diferentes de ação. 
Carmem Bassi Barbosa, José J. Queiroz, Julia Falivene Alves. 
Núcleo Básico. Ética Profi ssional e Cidadania Organizacional, 
Fundação Anchieta, S. Paulo, 2011. Adaptado
Assinale a alternativa correta de acordo com o texto.
a) A Ética refere-se ao pensamento e possibilita refl etir 
sobre a Moral, e esta se refere aos comportamentos 
dos indivíduos e às suas ações, isto é, à vida prática.
b) O texto defende que Ética e Moral são sinônimos e que 
ambas referem-se ao comportamento dos indivíduos 
e às ações dos indivíduos.
c) O texto possibilita ver um confl ito entre a Moral e a 
Ética, porque a Moral procura questionar as ações dos 
indivíduos e refl etir se elas fazem bem a todos.
d) O texto defende que Ética e Moral referem-se ao 
mesmo campo de signifi cados: a Moral refere-se aos 
valores e aos comportamentos aceitos pela sociedade, 
e a Ética refere-se à refl exão sobre os valores e o 
comportamento.
e) O texto possibilita ver um consenso entre a Moral e a 
Ética, não permitindo haver confl ito entre ambas.
Enem em fascículos 2013
15Ciências Humanas e suas Tecnologias
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das 
sociedades. 
C-5
H-23
06. Considere a situação-problema ocorrida em uma 
organização de saúde brasileira:
ENFERMEIRA TROCA VACINA POR 
INSULINA E BEBÊS MORREM
São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997.
Dois bebês com dois mesesde idade morreram em 
Santa Maria de Cambucá, no agreste de Pernambuco, após 
receberem injeções de insulina em vez de vacina tríplice.
Segundo o secretário da Saúde do Estado, outras 
duas crianças entraram em convulsão por causa do erro, 
mas não correm risco de vida.
A troca dos frascos – que, segundo o secretário, 
são parecidos – foi feita por uma enfermeira de nome 
não revelado, que trabalha no posto de saúde da cidade. 
De acordo ainda com o secretário, 30 crianças receberam a 
injeção do medicamento, usado no tratamento de diabetes. 
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff100513.htm – 
Acesso em: 01 de julho de 2013.
Bebês morreram vítimas de um erro da auxiliar de 
enfermagem de um posto de saúde municipal a qual, 
ao invés da vacina tríplice (contra coqueluche, tétano 
e difteria), aplicou neles insulina. A enfermeira foi 
descuidada, desatenciosa, irresponsável e, por isso, deve 
ser julgada como a única causadora de tamanha desgraça? 
A pergunta implica muitos questionamentos. Será que 
ela recebeu formação profi ssional efi ciente? A instituição 
educacional que a habilitou ofereceu a ela um bom curso 
e fez corretamente a avaliação de suas competências? 
E o posto de saúde? Ela ocupava a função que realmente lhe 
competia? No entanto, é importante percebermos que não 
são apenas os indivíduos isoladamente que precisam atuar 
na sociedade guiando-se pelos princípios da cidadania.
Considere as afi rmações.
I. A situação-problema expressa no texto coloca um 
dilema: a auxiliar de enfermagem foi a única responsável 
ou o posto de saúde (a organização) também pode ser 
responsabilizado?
II. O texto sugere que o trabalhador, no mundo atual, 
deve ter competências éticas e de cidadania, mas as 
organizações também devem ser cidadãs.
III. O texto defende que, atualmente, a responsabilidade 
por erros cometidos por trabalhadores também pode 
ser das organizações que empregaram o trabalhador.
É correto o que se afi rma em
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
DE OLHO NO ENEM
É impossível falar de ética hoje sem falar de ética 
aplicada. O conceito “Ética Aplicada” surgiu nos anos 60 do 
século XX, por analogia com outras disciplinas, como a física 
aplicada, a sociologia aplicada, etc. e pretendeu, sobretudo, 
dar uma resposta às incertezas relativamente ao futuro das 
próximas gerações humanas provocadas pelo desenvolvimento 
tecnocientífi co.
Os desastres ecológicos, a manipulação genética, a 
energia nuclear, etc., criaram preocupações relativamente à 
perversão das características únicas e essenciais do homem e 
relativamente aos efeitos remotos, cumulativos e irreversíveis 
da intervenção tecnológica sobre a natureza.
Além disso, depois da queda do muro de Berlim (1989), 
acelera-se o fenômeno da globalização, com os novos problemas 
econômicos, políticos, sociais e culturais. Mudou a natureza do 
capital: apareceram os fl uxos fi nanceiros internacionais, com 
as multinacionais. Mudou a natureza do trabalho – antes, os 
fatores de produção eram três: o Trabalho, o Capital e a Terra; 
– hoje, a produção tornou-se mais intensiva no conhecimento. 
O saber constitui um fator de diferenciação no trabalho. 
O que vale é o trabalho qualifi cado e criativo. Mudou o papel 
do Estado. Com a globalização, o Estado tem de saber conciliar 
o nacional e o internacional e criar condições estruturais de 
competitividade em escala global.
A moral tradicional (normativa), fundada na consciência 
individual, revela-se totalmente incapaz de responder aos 
problemas de um novo mundo e de uma nova sociedade. 
É prec iso uma moral que parta dum conceito de 
responsabilidade solidária.
Vivemos num “novo mundo”: a aldeia global. 
Nesta aldeia global o que mais conta é a informação e 
conhecimento.
Vivemos numa “nova sociedade”: a sociedade 
do conhecimento. O conhecimento exige capacidade de 
organizar a informação. E isso exige capacidade de dar à 
informação um valor, traçar-lhe um sentido e uma fi nalidade.
É preciso uma ética que, sem abandonar as convicções, 
seja capaz de responder às seguintes questões: Para que 
serve a informação? Qual o sentido de tanta informação? 
Como poderemos utilizar a informação? Quais são os nossos 
deveres para com as novas gerações?
O paradigma ético tradicional baseava-se numa 
concepção do mundo que dominou a cultura tradicional. 
As ciências da vida (homem, animal, vegetal e, até, mineral) 
tiveram um progresso vertiginoso sem terem em conta as 
ciências do homem (antropologia, sociologia, filosofia). 
Este progresso transformou-se numa perigosa ameaça à própria 
sobrevivência do homem e da natureza.
É preciso criar uma ética que conjugue o saber científi co 
com o saber antropológico e cultural, que se harmonize com 
a globalização e a sociedade do conhecimento.
A ética aplicada procura harmonizar-se com um 
mundo da complementaridade, supondo uma razão 
comunicativa e solidária. Parte da realidade (é indutiva) e 
serve-se de princípios para avaliar as consequências das ideias 
que orientam a intervenção na realidade. 
Enem em fascículos 2013
16 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Tais princípios resumem-se a quatro:
1º Princípio da autonomia (PA): “Não faças a outrem 
(pessoa ou grupo) aquilo que ele não faria a si mesmo, 
e faz-lhe aquilo que te prometeste a fazer-lhe de acordo 
com ele.”
2º Princípio da não malefi cência: “Na ignorância das reais 
consequências da nossa ação devemos ser cautelosos, 
de modo a que se não cause a terceiros malefi cências 
que podem ser evitadas”.
3º Princípio da benefi cência: “Faz aos outros o que é bom 
para eles”.
4º Princípio da justiça: “Os iguais devem ser tratados de 
igual forma e os diferentes de forma diferente”.
A ética aplicada apela ao diálogo: a gravidade dos 
problemas da tecnociência (imprevisibilidade das consequências 
da capacidade da técnica científi ca) tornou as questões da 
aplicação da técnica científi ca em questões de cidadania.
Três exigências orientam a ética aplicada:
1º exige-se que a opinião pública manifeste sua posição;
2º exige-se que os interesses particulares de cada grupo social 
se subordinem aos interesses coletivos;
3º exige-se que os objetivos econômicos, sociais, culturais e 
políticos sejam articulados entre si e com o princípio de 
um progresso orientado pelo respeito da solidariedade 
antropocósmica.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Compreendendo a Habilidade
– Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.C-5
H-24
01. (Enem-2012) É verdade que nas democracias o povo 
parece fazer o que quer; mas a liberdade política não 
consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o 
que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o 
direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão 
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais 
liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. 
São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997. Adaptado.
A caracter íst ica de democracia ressa l tada por 
Montesquieu diz respeito
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao 
tomar as decisões por si mesmo.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à 
conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, 
nesse caso, livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é 
proibido, desde que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo 
com seus valores pessoais.
Compreendendo a Habilidade
– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos 
analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza 
histórico-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
C-3
H-14

Outros materiais