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Ciências Humanas Fascículo 13 Farias Brito

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INTRODUÇÃO
Olá, pessoal! estamos de volta para fechar o ciclo de 
preparação para o Enem 2013 na área de Ciências Humanas 
e suas Tecnologias na disciplina de História. Dessa vez vamos 
trabalhar um assunto que sem dúvida é marcado por polêmicas 
e controvérsias. Vamos estudar a evolução das leis e do direito 
ao longo da história e mais especifi camente na história recente 
do Brasil. Ainda que tenhamos como foco principal a habilidade 
12 da Matriz de Referência do Novo Enem que destaca o papel 
da justiça como instituição na organização das sociedades, 
poderemos sem dúvida contemplar outras habilidades 
neste mesmo contexto, afi nal cidadania e democracia estão 
diretamente associadas ao cumprimento de deveres e na 
garantia de direitos (H24). Outra situação que poderemos 
relacionar ao direito diz respeito às lutas sociais e conquistas 
obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas 
políticas públicas (H22).
OBJETO DO CONHECIMENTO
Movimentos sociais – junho de 2013: 
O que estará nos livros de história 
está sendo escrito agora!
sossus Juntos por um
Brasil melhor
Educaç
ão
Saúde
Para
Todos
A transformação é
Resultado de
Mobilização.
VivaO povo!
Fora
Corrupção!
#vemprarua
Ao que parece, a afi rmativa de Sérgio Buarque de 
Holanda de que o brasileiro é um povo cordial, e que despertou 
tantos debates, precisará ser revista. Ainda é cedo para avaliar, 
pois o processo ainda não está concluído, mas, ao que parece, 
junho de 2013 poderá representar um novo marco na história 
dos movimentos sociais brasileiros.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
13
Fascículo
ENEM EM FASCÍCULOS - 2013
No mundo, a realização de manifestações sociais não é 
nenhuma novidade. Estudiosos, principalmente historiadores, 
sociólogos, antropólogos e até jornalistas costumam atribuir 
determinados rótulos a muitas dessas manifestações de acordo 
com as características e com o contexto que gerou cada 
movimento.
Nos momentos fi nais do século XX e no início do século 
XXI assistimos a várias dessas manifestações, e ainda que 
possuíssem objetivos distintos, mostravam o desejo de mudança 
por uma parcela signifi cativa da população. Consequência 
da globalização, em que a informação é instantânea devido 
especialmente ao uso da Internet, as redes sociais passaram 
a desempenhar um papel fundamental na organização de 
eventos como passeatas, greves, comícios, entre outros. Como 
exemplo disso podemos fazer referência aos movimentos que 
na Europa exigiam do Estado soluções para a crise econômica 
de seus países. Nesse caso, a elevada carga tributária, as altas 
taxas de desemprego e a recessão econômica fi guram entre 
os principais problemas que mobilizaram a população desses 
países a irem às ruas.
No Oriente Médio e no norte da África, a população, 
a despeito de todo o controle exercido pelo Estado, usando 
da força das redes sociais, saiu às ruas para protestar contra 
governantes autoritários que se perpetuavam no poder. 
Nesses países, o desejo de ter direitos políticos foi o principal 
mobilizador das manifestações que fi caram conhecidas como 
“Primavera Árabe”.
Desde o período colonial, passando pelo Império até chegar 
à fase republicana, tivemos movimentos sociais de composições 
e objetivos diversos, mas poucos ganharam uma dimensão 
nacional como o que estamos presenciando em 2013. 
Em junho de 2013, no Brasil, irromperam dezenas de 
manifestações que se espalharam por todo o país, e porque não 
dizer, pelo mundo. Brasileiros espalhados pelo mundo fi zeram 
manifestações de apoio e solidariedade ao movimento no Brasil. 
Com este fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, encerramos nossa contribuição para o seu sucesso no Enem 
2013, após tratarmos de relevantes objetos do conhecimento dessa Área ao longo do nosso projeto.
Para fi nalizar, no fascículo 13, trataremos dos Movimentos Sociais, da Crise Alimentar Global, do Agronegócio no 
Brasil e da Ideologia, Cultura e Meios de Comunicação de Massa. 
Bom estudo para você! 
CARO ALUNO,
http://paroutudo.com/2013/06/18/protesto-com-criatividade-fi ca-melhor-
ainda-conhecam-os-melhores-cartazes-e-virais-da-internet-bcq/protestos-
manifestacao-todo-brasil-brasilia-cartazes-criativos-vem-pra-rua-babado-
confusao-queirda-11-2/
Enem em fascículos 2013
3Ciências Humanas e suas Tecnologias
Tudo teria iniciado com os protestos da população em São 
Paulo contra o aumento de R$ 0,20 determinado em conjunto pela 
prefeitura e pelo governo do Estado sobre as tarifas de ônibus. 
Embora não existisse alguém que personifi casse uma liderança 
única, a mobilização foi articulada pelo movimento Passe Livre 
(MPL), que, segundo alguns, teria se inspirado nas lutas sociais 
de 13 anos antes, de grupos do PT em Florianópolis com 
refl exos em Salvador. Em São Paulo, aos poucos o movimento 
foi ganhando a adesão de vários grupos insatisfeitos com 
as políticas públicas em nível municipal, estadual e mesmo 
federal. As declarações do prefeito Fernando Haddad (PT) e do 
governador Geraldo Alkmim (PSDB) sobre a impossibilidade 
de retroceder no que se refere ao aumento já decretado fez o 
movimento crescer, obrigando a ambos reverem suas posições. 
Depois de receberem representantes do Movimento Passe Livre 
o aumento acabou revogado em São Paulo. 
Nesse contexto, podemos destacar que não se tratava 
apenas de um movimento em busca da redução da tarifa de 
ônibus, pois vários cartazes diziam: “NÃO É SOMENTE PELOS 
R$ 0,20”; afi nal, mesmo com o avanço das negociações e 
da declaração do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, 
que revogava o aumento, o movimento não arrefeceu. De 
fato, nos cartazes escritos à mão, nas faixas ou nas pinturas 
nos rostos de muitos jovens que participavam do movimento 
fi cava claro que existia uma grande e heterogênea pauta de 
reivindicações, como a necessidade de maiores investimentos 
na saúde e na educação, a crítica aos Projetos de Emenda 
Constitucional de número 30 e 37, além do questionamento 
dos gastos do governo em megaeventos esportivos (Copa do 
Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos). Aliás, neste período 
muitos protestos ocorreram em dias de jogos da Copa das 
Confederações nas cidades-sedes.
http://frasesdatelinha.blogspot.com.br/2013/06/frases-protestos-2013-brasil.
html#.Ud3-O9i2Yek
http://s2.glbimg.com/DymcqJWYZKm4m3gUd8i0BE6yXbo=/620x470/s.glbimg.
com/es/ge/f/original/2013/06/19/gata_cartaz_protesto_brasil_mexico_reu.jpg
Tais manifestações e questionamentos ocorrem em 
meio a um contexto de avanço da infl ação e das ameaças das 
organizações econômicas internacionais de classifi cação de risco 
de rebaixar a classifi cação do Brasil, contribuindo para diminuir 
os índices de aceitação do governo da presidente Dilma.
Outra situação que chama a atenção é que os 
manifestantes buscaram um distanciamento de grupos e 
legendas políticas. Os que insistiam em levar para os protestos 
bandeiras de partidos logo foram hostilizados pela grande 
maioria dos manifestantes.
 As redes sociais, assim como na Primavera Árabe, 
tiveram um papel importantíssimo, conseguindo mobilizar 
milhares de pessoas em curto espaço de tempo. No Twiter era 
comum a conclamação da população com #vemprarua ou ainda 
#ogiganteacordou. Vídeos no Youtube, fotos no Instagran, 
grupos no Facebook trouxeram a maior mobilização desde o 
“Fora Collor”, nos anos 1990, e da campanha das Diretas Já, 
nos anos 1980. 
 
http://ecosdaslutas.blogspot.com.br/2013/06/sao-luis-
vem-pra-rua-maior-arquibancada.html
http://www.macacosmemordam.com/os-melhores
-cartazes-dos-protestos-no-brasil/ 
Embora fossem as manifestações de composição 
bastante heterogênea, pode-se observar que, embora 
predominassem jovens, não era raro encontrar representantes 
de diversas gerações.
http://paroutudo.com/2013/06/18/protesto-com-criatividade-fica-melhor-
ainda-conhecam-os-melhores-cartazes-e-virais-da-internet-bcq/protestos-
manifestacao-todo-brasil-brasilia-cartazes-criativos-vem-pra-rua-babado-
confusao-queirda-8/
Enem em fascículos 2013
4 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Nesses dias observou-se que o sentimento de brasilidade 
escondido e adormecido parecia ter tomado conta do País. 
Mesmo durante os jogos da Copa da Confederações esse 
sentimento não se reduzia a um ufanismo pela atuação do 
Brasil. Mesmo com algumas substanciais diferenças, naquele 
momento fazíamos um exercício histórico de resgate na 
memória de momentos marcantes como os que ocorreram em 
1992, quando a população foi às ruas exigir o impeachment 
do presidente Collor, ou mesmo em 1983, na Campanha das 
Diretas Já, quando multidões cantavam o hino nacional com o 
orgulho que tem aquele que é verdadeiramente cidadão e que 
luta por seus direitos. 
Nem tudo, no entanto, é motivo de comemoração 
nesses movimentos. Em muitas localidades houve confrontos 
entre manifestantes e a polícia, que se por um lado mostra o 
despreparo do poder público para lidar com essa nova realidade, 
por outro evidenciou também extrapolação de alguns elementos 
que, infi ltrados no movimento, atuaram incitando a violência, 
promovendo depredação do patrimônio público e particular ao 
praticar atos de vandalismo.
http://www.ceschini.com.br/wp-content/uploads/2013/06/p4.jpg
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/06/por-que-levam-
coqueteis-molotov-a-manifestacoes-pacifi cas/
A atuação desses movimentos, seus métodos e 
resultados tem despertado discussões nos mais variados 
segmentos da sociedade. Alguns questionam o abuso dos 
manifestantes que impedem o direito de ir e vir dos demais 
cidadãos ao fecharem uma rua ou avenida.
http://2.bp.blogspot.com/-Ni8ZXkdzX10/UcY1rxaRJ6I/AAAAAAAASUk/
GV5qVOruX-M/s1600/cartaz7.jpg
E os resultados práticos? O que de fato mudou depois 
dessas dezenas de manifestações por todo o Brasil? 
De fato, o clamor das ruas obteve algumas respostas 
imediatas. Antes mesmo do auge dos protestos ocorridos no dia 
20/06, quando mais de 80 cidades promoveram manifestações, 
pelo menos 7 gestores anunciaram a redução das tarifas de 
ônibus em suas localidades. Outra evidência que foi resultado da 
pressão popular veio com a votação de projetos no Congresso 
Nacional, que adotou uma agenda “positiva” abordando temas 
que estavam na pauta das reivindicações vindas das ruas.
A Câmara dos Deputados em Brasília rejeitou por ampla 
maioria (430 votos), no dia 25/06, em votação extraordinária, 
a famigerada PEC 37, que na prática limitava a atuação do 
Ministério Público em investigações, sendo conhecida por alguns 
como PEC da impunidade. Nessa mesma sessão, que seguiu 
pela madrugada, também foi votado o projeto enviado pelo 
Governo que previa o uso de 100% dos recursos dos royalties 
do petróleo para educação. O texto original foi alterado pelos 
parlamentares com os recursos sendo divididos da seguinte 
forma: 75% destinados à educação e 25% para a saúde. Na 
sessão do dia 26 de junho, a CCJ (Comissão de Constituição 
e Justiça) aprovou a Proposta de Emenda à Constituição que 
estabelece o voto aberto para os casos de perda de mandato 
de deputados e senadores, por exemplo, por falta de decoro 
parlamentar. A proposta, que já foi aprovada no Senado, vai 
agora a uma comissão especial da Câmara que será criada 
para analisá-la. Em seguida, precisa ser aprovada em dois 
turnos no plenário da Casa, afi rmava a notícia do provedor 
UOL1 . O presidente da Câmara, Henrique Alves, comentou o 
resultado das votações. “Foi um dia de encontro com as ruas, 
que são as nossas ruas. Aliás, para dizer a verdade, cumprimos 
simplesmente o nosso dever”. O Senado também debateu 
temas de interesse popular. Parado há dois anos, voltou a ser 
discutido pelos senadores o projeto que torna a corrupção crime 
hediondo, como afi rma o site de notícias G12.
 Dias antes, mais precisamente no dia 21/06, a 
presidente Dilma fez um discurso em rede nacional afi rmando 
seu respeito e admiração aos movimentos que ocorreram em 
todo o País, mas confi rmou a necessidade de manter a lei e a 
ordem combatendo e punindo a atuação de uma minoria de 
vândalos e baderneiros. Aproveitou para tentar esclarecer uma 
das maiores críticas dos manifestantes em todo o País sobre a 
origem dos recursos investidos na construção de estádios para 
sediar a Copa do Mundo de 2014, afi rmando: “O dinheiro do 
Governo Federal, gasto com as arenas, é fruto do fi nanciamento 
que será devidamente pago pelas empresas e governo que 
estão explorando esses estádios. Jamais permitiria que esses
recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando 
setores prioritários como a saúde e a educação.” No dia 
24/06, em reunião com prefeitos e governadores, a presidente 
Dilma apresentou um conjunto de medidas, uma espécie de 
grande pacto, como resposta às manifestações que tomaram 
conta do País. Questões como a reforma política, combate à 
corrupção com leis mais severas, aceleração de investimentos 
na saúde foram os principais temas do seu pronunciamento. 
No discurso, o pacto pela responsabilidade fiscal e pela 
estabilidade econômica que permitisse o controle da infl ação 
tiveram lugar de destaque. Algumas de suas propostas geraram 
polêmicas, como a questão que envolve a realização de um 
plebiscito ou referendo que autorizasse a convocação de 
uma Constituinte específi ca para tratar da reforma política e
1 ttp://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/06/26/comissao-
 da-camara-aprova-fim-do-voto-secreto-em-processos-de-cassacao-de-
 parlamentares.htm 
2 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/06/congresso-vota-projetos-
 cobrados-nas-ruas-e-derruba-pec-37.html 
Enem em fascículos 2013
5Ciências Humanas e suas Tecnologias
que provocou várias críticas de especialistas e de membros dos 
demais poderes. Outro ponto que gerou polêmica foi a questão 
da contratação, quando da falta de médicos brasileiros, de 
profi ssionais da saúde estrangeiros para atenuar os problemas 
da saúde.
Há pouco mais de dois meses do auge das manifestações, 
continua sendo difícil promover uma avaliação sobre o que 
presenciamos nesses protestos. Saber até que ponto as 
manifestações vão provocar mudanças estruturais no sistema 
político e no quadro social do País ainda não se sabe, porém 
podemos afi rmar que houve uma mudança prognosticada no 
samba-enredo do Carnaval de 1989 Made In Brazil. Yes, Nós 
Temos Banana:
Já é hora, oi
Do gigante adormecido despertar (despertar)
Do jeito que a coisa anda
Não pode continuar
A serra que é pelada até no nome, oi
Pelada há muito está
Quero é saber de todo ouro
Onde está nosso “tesouro”
Onde estará
Quero é saber de todo ouro
Onde está nosso “tesouro”
Oh tesouro, onde estará
Parece brincadeira mas não é (mas não é)
O dólar valorizado
O coitado do cruzado
Não pode se envolver na transação
O aço volta manufaturado
Jacaré vira sapato
Lembrando até piada de salão
Exportam até nossa gasolina
Por quantia pequenina
E também nosso melhor café
Os craques se mandando de montão
Já está faltando craque
Pra jogar na nossa Seleção
Eu choro, eu grito
E falo porque amo meu país (meu país)
Só não podem exportar (bis)
A esperança desse povo ser feliz
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e 
a importância da participação da coletividade na transformação da 
realidade histórico-geográfi ca.
C-2
H-10
• (Sampaio/2013 )
http://noticias.gospelmais.com.br/fi les/2013/06/protesto.jpg
http://www.macacosmemordam.com/os-melhores-cartazes-dos-protestos-no-
brasil/ 
 A partir das imagens acima e dos conhecimentos sobre a 
onda de protestos que tomou conta do Brasil em junho de 
2013, pode-se afi rmar historicamente que
a) os protestosno Brasil ocorreram pelas mesmas razões 
que mobilizaram milhares de pessoas no Oriente Médio e 
norte da África em 2010, na chamada Primavera Árabe. 
Devido à censura nesses países, só no Brasil as redes 
sociais tiveram importância na mobilização popular.
b) embora com ampla repercussão no Brasil e no Mundo, 
as manifestações tiveram até então alcance limitado, 
não conseguindo mais do que impedir o aumento das 
tarifas de transporte público de algumas cidades.
c) para a grande mobilização popular foi determinante o 
uso das redes sociais e a participação de vários partidos 
políticos que se solidarizaram com clamor das ruas. Foi 
essa pressão popular que provocou a aprovação imediata 
de mecanismos de controle da corrupção.
d) embora seja complexo, é possível perceber que os 
protestos tiveram sua composição estritamente ligada 
aos setores mais pobres que criticavam as políticas de 
transporte público, não contando com a adesão dos 
segmentos médios.
e) as manifestações, embora tivessem pautas diversifi cadas, 
em linhas gerais, criticavam a corrupção e exigiam 
maiores investimentos na área social. A pressão popular 
fez com que o Congresso adotasse uma “agenda 
positiva”, discutindo temas de interesse popular.
Comentário
A onda de protestos que ganhou intensidade em Junho 
de 2013 no Brasil é o tema dessa questão. Na verdade ainda é 
cedo para avaliar o que foi, o que representou e qual o legado 
das manifestações que ganharam as ruas do Brasil neste período. 
Observe que na letra “a” existe uma comparação entre os protestos 
no Brasil e as manifestações que foram denominadas de Primavera 
Árabe. Nos dois casos é possível verifi car a infl uência da tecnologia 
da era da globalização, pois as redes sociais se tornaram importantes 
instrumentos de mobilização, ainda que em algumas áreas no Oriente 
Médio e no norte da África existam restrições ao uso das informações 
da rede mundial de computadores. Mas as diferenças não param por 
aí, pois na grande maioria das manifestações da chamada Primavera 
Árabe havia um clamor contra os regimes ditatoriais. O povo buscava 
liberdade e desejava exercer a cidadania na sua plenitude. Em síntese, 
era uma luta por direitos Civis e políticos. No caso do Brasil, essa luta 
remonta aos momentos fi nais do Regime Militar em meados dos 
anos 1980. As manifestações de hoje são voltados principalmente 
contra a corrupção e em favor de investimentos nas áreas sociais 
como saúde e educação, sem esquecer, é claro, do questionamento 
dos altos investimentos em megaeventos esportivos (Copa FIFA e 
Olimpíadas). No caso da letra “b” precisamos estar atentos. Sem 
querer ser depreciativo, podemos afi rmar que o “estouro da boiada”, 
como se diz na linguagem popular, veio com os protestos em São Paulo 
contra a elevação de 0,20 centavos nas tarifas de ônibus liderados pelo 
Movimento Passe Livre (MPL). Aos poucos outras reivindicações foram 
sendo incorporadas aos protestos. Tinha de tudo um pouco: da pressão 
contra a aprovação da PEC 37 que limitava a atuação do Ministério 
Público à crítica ao projeto da Cura Gay. Como disse anteriormente, 
ainda é cedo para avaliar os resultados. Mas é certo que a pressão 
popular provocou alguns efeitos imediatos além da decisão de São 
Paulo de recuar da manutenção do aumento das tarifas de ônibus.
A Presidente Dilma fez pronunciamento enumerando algumas medidas 
que iam ao encontro do clamor das ruas, propondo uma reforma política 
Enem em fascículos 2013
6 Ciências Humanas e suas Tecnologias
e convocação de um plebiscito. O Congresso Nacional (deputados 
e senadores) adotou o que eles chamaram de “agenda positiva”, 
trabalhando em “regime especial”, debatendo temas que também se 
relacionam à pauta de reivindicação dos protestos. Mesmo que a maior 
parte dessas discussões não tenham se materializado em medidas 
claras e efetivas, podemos perceber que ao menos saímos da inércia.
Na letra “c” percebemos dois equívocos. Primeiro que os 
protestos procuraram ao máximo se distanciar dos grupos e partidos 
políticos, além do que, passado mais de um mês do epicentro desses 
manifestos, não foram aprovadas ainda medidas efetivas de combate à 
corrupção. Na letra “d” a avaliação de que os protestos eram compostos 
estritamente por elementos das camadas mais pobres da sociedade 
é um equívoco. Era visível a participação de diversos grupos sociais, 
em especial jovens da classe média. Fica fácil então chegar à resposta 
correta, no caso, a letra “e”.
Resposta correta: e
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e 
a importância da participação da coletividade na transformação da 
realidade histórico-geográfi ca.
C-2
H-10
01. (Sampaio/2013) Veja as notícias abaixo.
JORNAL DO BRASIL
16 de abril de 1984 – “Diretas Já” 
reúne 1 milhão e 300 mil pessoas
No vale do Anhangabaú, no Centro de São 
Paulo, 1 milhão e 300 mil pessoas (1 milhão e 500 
mil, segundo a Polícia Militar) reuniram-se no último 
e maior comício realizado no Brasil pela aprovação 
da emenda Dante de Oliveira, que restabeleceria 
e le i ções d i re tas para Pres idente da Repúbl ica 
imediatamente. O povo reuniu-se às 17h30 na Praça da 
Sé e começou a dispersar-se cerca de três horas depois.
Disponível em: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=20637 
Capa da Tribuna do Norte (RN) sobre
o movimento das Diretas Já, em 1984
Reprodução disponível em: http://tribunadonorte.com.br
/news.php?not_id=221192
MAIS DE 80 CIDADES REALIZAM
MANIFESTAÇÕES HOJE NO BRASIL
Após redução da tarifa, atos são mantidos. Além 
de São Paulo e Rio, mais de 80 cidades do País realizam 
manifestações nesta quinta-feira, 20.
Postado em: 20 jun 2013 às 12:14.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/06/
mais-de-80-cidades-realizam-manifestacoes-hoje-no-brasil.html 
 As manchetes acima se referem à Campanha Diretas Já que 
ocorreu entre 1983 e 1984 e à Primavera Brasileira, termo 
usado por alguns especialistas para designar o conjunto de 
manifestações que ocorreram a partir de junho de 2013. 
Comparando esses dois momentos de grande mobilização 
da história do Brasil, podemos afi rmar corretamente que
a) diferentemente do que aconteceu em 2013, quando as 
redes sociais tiveram grande importância na mobilização 
de milhares de pessoas, nos anos 1980, a campanha das 
Diretas só repercutiu no eixo Rio-São Paulo.
b) nos dois casos a mobilização popular teve objetivos 
idênticos. Ambas só obtiveram sucesso nas suas 
reivindicações centrais devido à mobilização de milhares 
de pessoas em todo o País.
c) embora a emenda que garantia o retorno das eleições 
diretas para presidente não tenha sido aprovada, 
a mobilização social nos anos 1980 contribuiu 
decisivamente para a redemocratização.
d) ambas representam importantes exemplos de 
movimentos suprapartidários em que se destacaram a 
atuação de políticos de diversas legendas que superaram 
antigas divergências ideológicas.
e) nos dois momentos o quadro era de estabilidade e 
crescimento econômico, o que prova o alto grau de 
consciência dos manifestantes, que exigiam em seus 
respectivos momentos melhorias nas políticas públicas.
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para 
mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
C-3
H-13
02. (PUCCAMP) “Nesses 25 anos, acompanhei com entusiasmo 
cada fase da vida política nacional. Depositei fé no país 
em momentos como as Diretas Já, em 1984. Vibrei com 
a eleição, mesmo indireta, de Tancredo Neves e chorei 
com sua morte. No Plano Cruzado, fui fi scal do Sarney e 
fi quei nas fi las do leite e da carne. Meu maior momento 
de descrença e pessimismo foi o confi sco da poupança, 
promovido pelo assaltante que se instalou no Planalto. No 
ano passado fui paraas ruas pedir sua saída.”
 Sobre o período relatado no texto (1968-1993), é correto 
afi rmar que
a) a campanha das Diretas Já foi desencadeada após a morte 
de Tancredo Neves como reação à posse de José Sarney.
b) a Emenda Dante de Oliveira foi votada e rejeitada 
pelo Congresso em Brasília, com a capital sob estado 
decretado de emergência.
c) o confisco da poupança como parte do plano de 
estabilização da moeda pelo governo Collor foi a causa 
imediata do movimento pelo seu impeachment.
d) o voto direto para Presidente da República, retirado do 
cidadão brasileiro pelo Estado Novo, só lhe foi restituído 
pela Constituição de 1988.
e) o período da Ditadura Militar, tal como o da Ditadura 
Vargas, foi resultante de um golpe de Estado articulado 
pelo imperialismo norte-americano.
Enem em fascículos 2013
7Ciências Humanas e suas Tecnologias
DE OLHO NO ENEM
Se for para elevar o padrão político em geral, a moralidade 
do Congresso e combater a corrupção, três medidas são 
indispensáveis. Sem elas, pode haver remendo em um outro 
ponto, mas não haverá reforma política. Mas nenhum dos três 
está nas discussões.
Fim do arrastão
É preciso que só se tornem deputados os que recebam 
votos para tanto. A legitimidade da Câmara depende dessa 
obviedade eleitoral. O sistema vigente faz a alta quantidade 
de votos de um candidato completar a votação insufi ciente 
de outros e torná-los deputados. É, portanto, um arrastão às 
avessas, em favor de quem perdeu.
Já houve deputada com 200 votos, entre os puxados pelo 
exótico recordista Enéas. A cada legislatura, a Câmara recebe 
um contingente desses deputados não eleitos. A deformação 
eleitoral é ainda agravada pelas coligações partidárias. Partidos 
miúdos, tantos deles formados como vias para o enriquecimento 
fácil, fazem deputados ao aproveitarem a votação nos partidos 
maiores a que se coligam.
Ao arrastão devem-se, além da ilegitimidade da 
representação parlamentar, outros três efeitos devastadores. 
Um, o baixíssimo nível mental (nem se pode dizer nível 
intelectual ou cultural) preponderante na Câmara. Outro, a 
falta de sentido de uma Câmara tão grande, com seus 513 
integrantes a um custo imoralmente gigantesco. E ainda o 
altíssimo nível da corrupção no ambiente, desde a corrupção 
implícita no “é dando que se recebe” com o governo à 
corrupção pelos negócios com projetos e votos.
Acabar com os suplentes de senador, como convém 
fazer, e manter a posse de não eleitos é contraditório. Mas 
o arrastão não está sozinho nas responsabilidades negativas.
Fim das doações empresariais
Uma das grandes fontes de corrupção, seja política ou 
administrativa, é o sistema de doações em nome de empresas 
para as campanhas eleitorais. Sua fi nalidade mais comum é a 
compra mesmo. Na melhor hipótese, como um seguro contra 
más eventualidades. Como regra, para ter um intermediário, 
um agente nos governos, no Legislativo e, nada raro, também 
no Judiciário.
A doação empresarial é usada para encobrir identidades 
e, com isso, dificultar possíveis comprometimentos e 
responsabilizações legais de doadores-compradores.
O fi nanciamento das campanhas, no entanto, precisa ser claro 
e objeto de fi scalização rigorosa em mão dupla: da Justiça 
Eleitoral, na contabilidade do candidato ou partido, e da Receita 
Federal na parte doadora.
Toda obscuridade eleitoral deslegitima o processo 
democrático e amplia a corrupção.
Fim do Fundo Partidário e alguns outros 
Na democracia, os partidos têm de viver por seus 
próprios meios – mensalidades, eventos, edições, doações até 
um total determinado. Dinheiro público na sustentação dos 
partidos é uma forma de autoritarismo: impõe a contribuição 
dos cidadãos, ainda que indireta, para a propagação de ideias 
e propósitos que não são os seus. Ou até contrários aos seus.
As coligações para absorção de um tempinho a mais 
na propaganda eleitoral dita gratuita, em TV e rádio, resultam 
em corrupção maior a cada eleição. Tornaram-se comuns as 
coligações para que dirigentes de partidos pequenos vendam 
o tempo de propaganda que caberia à sua sigla.
Junte-se esse negócio ao dinheiro do fundo partidário, e aí 
está a razão de ser de muitos dos partidos miúdos, como também 
da pretendida formação de outros (mais 30, a somar-se ao outro 
tanto já existente). Dinheiro fácil, tomado dos contribuintes em 
geral, para os bolsos de grupelhos profi ssionais em degeneração 
eleitoral.
Reforma política que não contribui para a moralização 
e a representação legítima não é reforma. Com sorte, não é 
apenas embuste.
Daniel Marenco/Folhapress
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho 
Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas 
brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões 
políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno 
“Poder” aos domingos, terças e quintas-feiras.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2013/07/1305938-o-
essencial-esta-fora.shtm
INTRODUÇÃO
Nesta seção, trataremos sobre dois temas de suma 
importância para a compreensão da realidade brasileira e 
mundial: o formidável desenvolvimento do agronegócio no 
Brasil e a crise de alimentos no mundo.
OBJETO DO CONHECIMENTO
Agropecuária no Brasil
O agronegócio pode ser defi nido como a soma total 
das operações de produção e distribuição de insumos e 
novas tecnologias agrícolas, produção propriamente dita, 
armazenamento, transporte, processamento e distribuição 
dos produtos e seus derivados. Essa atividade é um dos 
alicerces da moderna economia brasileira, uma vez que 
o país é considerado o “celeiro do mundo”. Segundo 
dados da OMC (Organização Mundial do Comércio), o 
Brasil é o terceiro maior produtor global de alimentos, com 
Enem em fascículos 2013
8 Ciências Humanas e suas Tecnologias
157 milhões de toneladas de grãos, só perdendo para os 
Estados Unidos e para a União Europeia. Contudo, deveremos 
nos tornar, nas próximas décadas, a maior potência do setor 
devido aos vários fatores presentes no nosso território: 
• Grandes extensões de áreas agricultáveis, ainda não 
aproveitadas. Em um planeta onde vários países já 
esgotaram o seu espaço agrário, o Brasil utiliza apenas 
6% das terras disponíveis para o plantio;
• Abundância de recursos hídricos, já que a agricultura é 
o segundo maior consumidor desse recurso;
• A diversidade climática, que possibilita duas ou mais 
safras por ano, e o plantio de gêneros de diferentes 
zonas de temperatura, variando do equatorial ao 
temperado;
• Tecnologias modernas, por conta dos avanços 
tecnológicos realizados pela Embrapa.
O desenvolvimento do nosso espaço agrário deu-se 
de modo pontual. Ocorreu, inicialmente, na região Sudeste 
do País, em particular no interior paulista, quando ocorreu 
a penetração de capitais e tecnologia no campo. Na mesma 
época, o espaço agrário da região Sul também foi incorporado 
ao novo modelo capitalista de produção, especialmente os 
estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Nas décadas de 1970 
e 1980, a região central do Brasil tornou-se a fronteira agrícola, 
com a incorporação da técnica de calagem, que corrigiu a acidez 
do solo local. Atualmente, essa nova fronteira se encontra nas 
bordas da Amazônia, em uma região denominada de arco de 
desmatamento, que corresponde à parte sul dos estados do 
Pará, Tocantins e Rondônia. Até mesmo a região Nordeste foi 
atingida pela ocupação de novos espaços, onde o sul do Piauí, 
Maranhão e o oeste da Bahia sofrem uma verdadeira revolução, 
com a chegada de agricultores sulistas e empresas de capital 
nacional e multinacionais.
O aumento da produção foi setorial, uma vez que 
não ocorreu em todos os gêneros agrícolas. Nota-se um 
aumento considerável na produção de gêneros voltados 
para o mercado externo, em particular, as commodities. 
O País destaca-se no cenário internacionalcomo grande 
exportador, apresentando uma pauta de exportação agrícola 
diversifi cada, na qual os principais produtos são: café, suco de 
laranja, grãos, farelo e óleo de soja, açúcar, fumo e cigarros, 
papel e celulose, carnes bovina, suína e de aves. Entretanto, 
para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade 
de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo.
BALANÇA DO AGRONEGÓCIO
De Janeiro a outubro (US$ bilhões)
75.000
18.000 16,424
8,477
9,689
7,608
5,829
3,465
2,320
3,311
2,347
4,4053,7064,4534,162
10,462
China
Fonte: Ministério da Agricultura.
Países Baixos Estados Unidos Rússia Alemanha
4,438
2,243
7,624
11,044
15,833
11,376
Complexo
soja
Complexo
sucroalcooleiro
Produtos
florestais
CaféCarnes
15.000
12.000
9.000
6.000
1.000
0
10.000
12.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
60.000 54,894
Saldo
Soja puxa embarques
Liderança chinesa
Principais produtos exportados de janeiro a outubro (US$ bilhões)
Destinos das exportações de janeiro a outubro (US$ bilhões)
2009
46,944 53,243
2010
63,989
Exportações
2009 2010
Importações
7,950 10,746
45.000
30.000
15.000
0
2009 2010
O País apresenta a segunda maior concentração de 
terras do planeta, só perdendo para o Paraguai. No Brasil, 1% da 
população concentra cerca de 47% das terras. Essa concentração 
é histórica e teve início na época da colônia, mas se intensifi cou 
nas últimas décadas em um processo denominado de fagocitose 
rural. Essa concentração é responsável pelos vários confl itos 
existentes que têm como foco principal a região denominada 
de “Bico de Papagaio” (Tocantins, Pará e Maranhão). Desde a 
morte do ambientalista Chico Mendes, já foram registradas mais 
de 1500 mortes no país ligadas à questão fundiária. 
A agropecuária emprega 20% da população 
economicamente ativa e representa cerca de 12% do PIB 
nacional, considerando-se apenas o valor da produção.
Se considerarmos todas as etapas da produção, a participação 
alcança mais de 35% do PIB, evidenciando o efeito multiplicador 
que esse setor exerce sobre a economia como um todo e sobre 
o interior do País, em particular. Já na pauta de exportações 
brasileiras, a participação da agricultura, apesar de ter recuado 
signifi cativamente com o processo de industrialização do País, 
ainda é fundamental. Mais de 1/3 das exportações ainda são 
oriundas deste setor.
Enem em fascículos 2013
9Ciências Humanas e suas Tecnologias
O Ministério da Agricultura esperava que as exportações 
do agronegócio brasileiro ultrapassem US$ 90 bilhões em 
2011. No primeiro semestre desse ano, foram embarcados 
US$ 43,2 bilhões, com destaque para o complexo soja – 
o Brasil é o segundo maior exportador mundial – responsável 
por US$ 12,7 bilhões. Uma alta de 9% no Produto Interno Bruto 
do setor, o dobro da expansão esperada para o PIB nacional.
O cenário aquecido pela demanda internacional por alimentos, 
puxada pelos países emergentes, principalmente a China, e 
o aumento no poder de compra da classe C brasileira estão 
entre os fatores apontados como âncoras para o excelente 
desempenho do setor.
Saldo da Balança Comercial dos Agronegócios. Brasil, 1997-2009
Fonte: Elaborado pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
50,00
45,00
40,00
35,00
U
S$
 b
ilh
õe
s
US$ bilhões
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
1997
12,2810,7712,56 12,3116,45 18,3823,92 31,3136,23 40,1844,6749,7849,03
1998 1999 2000 2001 20022003 2004 20052006 200720082009
Crise de alimentos
Em 2011, os preços dos gêneros alimentícios atingiram 
a maior alta, pela segunda vez, em menos de quatro anos. 
Na outra crise, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas 
atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria. A atual 
crise alimentar tem duas formas de expressão: o aumento dos 
preços e a escassez de alimentos nos mercados. Atualmente, 
cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome em diferentes partes 
do globo. A crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na 
relação econômica entre oferta e procura. A população mundial 
é estimada em 6,7 bilhões de habitantes, enquanto que a 
produção de alimentos é sufi ciente para abastecer mais de 8 
bilhões de pessoas, o que coloca em descrédito os defensores 
da Teoria Malthusiana. 
Segundo as previsões da FAO, as reservas mundiais de 
cereais caíram para o seu nível mais baixo em 25 anos, com 405 
milhões de toneladas. A crise afeta principalmente países pobres 
e dependentes da exportação de alimentos, mas também está 
por trás da maior onda de manifestações ocorridas no Oriente 
Médio, que derrubou ditadores da Tunísia e do Egito e que agora 
ameaça o regime na Líbia.
O fi m da comida barata vai coincidir com a explosão 
populacional. Entre 2011 e 2012, a estimativa era que a população 
mundial atingisse 7 bilhões. Para 2050, serão 9 bilhões de pessoas 
na Terra. Por conta disso, as potências incluíram a alta dos 
alimentos na lista de suas preocupações, junto com as fi nanças 
mundiais. O assunto foi parar no topo da agenda do G20 (grupo 
formado pelas 19 maiores economias, mais a União Europeia). Os 
líderes discutem medidas como pacotes de estímulo à agricultura.
O desafi o de alimentar a população nas próximas quatro décadas 
vai exigir política, tecnologia e, sobretudo, mudança de hábitos 
das sociedades modernas.
 Maiores
 perdedores
(balança comercial
piorando mais de 1% do
PIB de 2005)
A ALTA DOS ALIMENTOS
AMÉRICA DO NORTE
Impacto do aumento projetado dos preços de alimentos no comércio exterior em 2007 e 2008
 Perdedores
 moderados
(balança comercial
piorando menos que
1% do PIB de 2005)
 Ganhadores
 moderados
(balança comercial
melhorando menos que
1% do PIB de 2005)
 Maiores
 ganhadores
(balança comercial
melhorando mais que
1% do PIB de 2005)
Sem
informação
Fonte: FMI
AMÉRICA DO SUL
ÁFRICA
OCEANIA
ÁSIA
EUROPA
Principais causas da crise de alimentos
Aumento do consumo
A população mundial está comendo mais, especialmente 
nas economias que têm registrado maior expansão, como a da 
China, que tem 1,4 bilhão de habitantes, a Índia, com 1,2 bilhão 
e o Brasil. Com mais gente comprando, vale a lei da oferta e da 
procura: os produtos se valorizam no mercado e fi cam mais caros. 
Alta do petróleo
A agricultura demanda grande quantidade de óleo no 
maquinário, em fertilizantes e no transporte de produtos, até 
que esses cheguem ao consumidor. O petróleo passa a ser mais 
procurado e, por consequência, tem seu preço elevado, fazendo 
com que o preço fi nal dos alimentos também aumente. Hoje, 
a agricultura é totalmente industrializada e depende, em boa 
medida, do petróleo, usado como matéria-prima para uma 
série de produtos, como defensivos agrícolas e químicas de 
preparação da lavoura. 
Enem em fascículos 2013
10 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Especulação
Com a queda do dólar, investidores que ganhavam dinheiro 
investindo na moeda norte-americana migraram para a aplicação 
em outras commodities, como os produtos agrícolas. Muitos 
fundos têm usado as bolsas de mercadorias para especular com 
a antecipação da compra de safras futuras, em busca de melhor 
rentabilidade. 
Condições climáticas
O clima é outro fator que reduziu a quantidade de 
alimentos produzida no mundo, segundo relatório da ONU. 
As condições climáticas desfavoráveis devastaram culturas na 
Austrália e reduziram as colheitas em muitos outros países, em 
particular na Europa, segundo a FAO. 
Biocombustíveis
Nos Estados Unidos, o etanol é produzido a partir do 
milho; com a redução da oferta de milho subiu o preço dos 
derivados, o que fez começar um processo em cadeia: aumentouo preço da ração dos animais e, consequentemente, das carnes. 
No Brasil (onde o etanol é feito a partir da cana-de-açúcar), 
a realidade é bem diferente, tanto que, no nosso histórico dos 
últimos 30 anos, aumentamos a produção não só de etanol, 
mas também de alimentos.
Subsídios agrícolas
Os subsídios dos países ricos à agricultura contribuem 
para a elevação dos preços e escassez de alimentos no mundo. 
A assistência que a União Europeia dá aos agricultores de 
países membros como França, Inglaterra e Alemanha, entre 
outros, barateia seus custos, mas inibe a produção nos países 
em desenvolvimento. Apenas no contexto da chamada Política 
Agrícola Comum, a União Europeia injeta US$ 50 bilhões 
por ano para seus agricultores. Nos EUA e em outros países 
industrializados, os subsídios chegam a US$ 1 bilhão por dia. 
Seguem algumas soluções apontadas para tentar 
minorar a atual crise alimentar:
• Promover a autossufi ciência alimentar dos países e 
comunidades locais;
• Melhorar a eficiência energética no processo de 
produção alimentar;
• Reduzir os desperdícios alimentares.
grave
Índice Mundial da Fome 2009
moderada
mínima
não há dados
país industrializado
muito preocupante
preocupante
Ação Agrária Alemã, IFPRI, Concern.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo as Habilidades
– Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas
 e suas implicações socioespaciais.
– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam 
as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
C-4
H-18
H-19
• Analise o gráfi co para responder à questão.
GRANDES REGIÕES
ESTRUTURA FUNDIÁRIA
Regiões Grande propriedade Média propriedade Pequena propriedade
1
2
3
4
5
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80
% % %
FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfi co: espaço mundial.
São Paulo: Moderna, 2010. p. 143.
A leitura do gráfi co permite afi rmar que 1
a) e 2 correspondem, respectivamente, ao Centro-Oeste e ao 
Norte, regiões de ocupação agropecuária mais recente.
b) e 2 apresentam a distribuição das propriedades de terra 
nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, ambas com forte 
concentração fundiária.
c) identifica a estrutura fundiária do Sul, tradicionalmente a 
região com maior avanço tecnológico no setor agropecuário.
d) destaca o predomínio das grandes propriedades 
no Nordeste, historicamente a região com maiores 
desigualdades sociais.
e) apresenta a distribuição das propriedades no Norte, região 
com fraca participação da agricultura familiar em pequenas 
propriedades. 
Comentário
A estrutura fundiária diz respeito ao tamanho e à forma 
como estão distribuídas as propriedades rurais de um país.
O Brasil possui atualmente a maior concentração fundiária 
do planeta, onde 1% da população concentra 47% das terras 
agricultáveis. Observando o gráfico, podemos constatar que a 
maior concentração ocorre nas regiões Centro-Oeste e Norte, que 
compõem a atual fronteira agrícola, onde terras são incorporadas 
e destinadas ao plantio da soja e de pastos destinados à pecuária 
extensiva.
Resposta correta: A
Enem em fascículos 2013
11Ciências Humanas e suas Tecnologias
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo as Habilidades
– Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas
 e suas implicações socioespaciais.
– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam 
as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
C-4
H-18
H-19
03. Examine o mapa.
EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
E ALIMENTOS NO MUNDO, EM 2010
América
do Sul
e Central
53
8 27
10
40
5
América
do Norte
36
44
80
Europa
832
37
33
6
15 26 30
20 África
11
71
29 34
14
14
22
20
61
Oriente
Médio
8
9
39
CEI
13
413
Ásia
300
78
62
O comércio intrarregional é representando
por círculos, por motivos de legibilidade.
Caso contrário, as setas teriam os tamanhos
representados abaixo.
Em bilhões de dólares EUA
Intrarregional (superfície dos círculos)
Inter-regional (espessura das setas)
Somente os valores superiores a
5 bilhões de dólares são representados.
Fonte: Organização Munidal do Comércio (OMC),
International Trade Statistics 2011, www.wto.org
Europa Ásia África CEI
América
do Sul
e Central
América
do Norte
Oriente
Médio
http://cartographie.sciences-po.fr/fr/exporta-o-de-produtos-agr-colas-ealiment-
cios-no-mundo-2010
 Sobre a geografia do comércio mundial de produtos 
agrícolas e alimentícios, representada no mapa acima, é 
correto afi rmar:
a) O comércio mundial de produtos agrícolas e alimentícios é 
dominado pelos países mais pobres, que não dispõem das 
tecnologias necessárias para a produção de manufaturas.
b) A maior parte do comércio europeu de produtos agrícolas 
e alimentícios é realizada entre os países do próprio 
continente.
c) Considerando-se apenas o comércio inter-regional, 
a Europa e a Ásia ocupam, respectivamente, as duas 
primeiras posições entre os principais polos exportadores 
de produtos agrícolas e alimentícios do mundo.
d) A África apresenta no comércio inter-regional 
de produtos agrícolas e alimentícios, pois as exportações 
superam as importações.
e) Mais da metade das exportações de produtos agrícolas 
e alimentícios realizada pela América do Sul e Central é 
direcionada para o mercado europeu.
Compreendendo as Habilidades
– Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas
 e suas implicações socioespaciais.
– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam 
as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
C-4
H-18
H-19
04. Analise o gráfi co.
160.000.000
140.000.000
120.000.000
100.000.000
80.000.000
60.000.000
40.000.000
20.000.000
0
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
89
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
Cereais, leguminosas e oleaginosas
Área e Produção – Brasil
1980 a 2011
Produção (t)
Área (h)
%
%
www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/
lspa/lspa_201107comentarios.pdf
 A partir da leitura do gráfi co e dos conhecimentos sobre 
a dinâmica territorial da agricultura brasileira, é correto 
afi rmar que, no período analisado,
a) a produtividade agrícola do país apresentou crescimento 
signifi cativo.
b) a maior parte da área cultivada no país destinou-se à 
produção de cereais.
c) o fraco aumento da área cultivada indicou o esgotamento 
da fronteira agrícola.
d) a instabilidade da produção esteve relacionada aos 
problemas climáticos.
e) a região Sudeste é a que apresenta maior área e 
produção agrícola do País.
DE OLHO NO ENEM
A África oriental vive hoje a “crise alimentar mais grave 
do mundo”, que afeta cerca de 10 milhões de pessoas de 
Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda.
O alerta emitido pelo Escritório das Nações Unidas para a 
Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informa que a 
Somália é o país mais atingido da região, com relatos de mortes 
em algumas áreas, além do alarmante índice de desnutrição.
“Não estamos mais à beira de um desastre humanitário; 
já estamos no meio dele. Está acontecendo e ninguém está 
ajudando”, ressaltou o presidente Isaq Ahmed, da Organização 
Mubarak de Ajuda e Desenvolvimento (MURDO), ONG local 
que trabalha no baixo Shabelle, região da Somália, ao OCHA 
no dia 28 de junho – segundo reporta o IRIN, serviço de notícias 
e análisehumanitária.
A pior seca desde 1950
Segundo o OCHA, em muitas zonas pastoris registra-se 
a estação mais seca desde 1950. A seca na Somália traz 
implicações regionais, fazendo com que os refugiados fujam 
para o Quênia, Etiópia e Djibuti.
Um assistente de ajuda humanitária em Mogadício, que 
preferiu não ser identifi cado, contou à IRIN que o número de 
pessoas que chegam aos campos de refugiados de Afgooye, 
provenientes das regiões de Bay, Bakol e do baixo Shabelle têm 
aumentado nos últimos meses.
Enem em fascículos 2013
12 Ciências Humanas e suas Tecnologias
De acordo com a organização Save the Children, as 
crianças que chegam da Somália no campo de refugiados 
Dadaab, localizado ao norte do Quênia, estão exauridas, 
desnutridas e gravemente desidratadas.
Somente na Etiópia 3,2 milhões de pessoas necessitam
urgentemente de alimentos
Na Etiópia, a estimativa do número de pessoas com 
necessidade emergencial de alimentos e outros itens subiu de 
2,8 milhões para 3,2 milhões.
Quase dois terços dos pedidos vêm do sul das regiões 
do sul da Somália e Oromia, assim como da região das Nações, 
Nacionalidades e Povos do Sul, onde foi registrada escassez de 
água e alimentos.
Alimentos caros e infl ação alta
Ali, os preços dos cereais continuam a subir, com o índice 
de infl ação na casa de 30% registrado em abril.
O fórum regional, Grupo de Trabalho para a Segurança 
Alimentar e Nutrição, relata que a taxa de refugiados somalis 
que chegam ao sul da Etiópia saltou de 5000 pessoas por mês 
para mais de 30000, somente na segunda semana de junho.
Taxa de desnutrição grave chega a 45%
Entre os recém-chegados a dois campos da área de Dolo 
Ado, a taxa de Desnutrição Aguda Global (GAM, acrônimo em 
inglês) é de 45%, superando em 15% o patamar emergencial 
estabelecido pela Organização Mundial da Saúde.
Djibuti, preços de alimentos disparam
Em Djibuti, a chuva escassa de março e maio deste 
ano prejudicou a segurança alimentar familiar e provocou a 
disparada de preços.
O preço médio da farinha de trigo aumentou 17% 
entre janeiro e fevereiro de 2011, chegando a US$ 620,00/ton., 
segundo o Sistema Global de Alerta Antecipado (GVIEWS) da 
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Quase todas as crianças ou pais relatam que eles não 
fogem apenas da luta na Somália, a seca e a crise alimentar 
também são igualmente perigosas.
Quênia: Preço dos alimentos triplica
O crescente aumento nos índices de infl ação também 
afetou o poder de compra de alimentos. Os preços de itens 
essenciais, como o milho, mais que triplicaram, de 13.300 xelins 
(R$ 22,50) em janeiro para 45.000 (R$ 78,00), por saca de 90 kg.
A IRIN relata que, recentemente, o governo anunciou 
a isenção de tributos sobre o milho importado em anúncio 
de licitação para aliviar a pressão sobre os consumidores.
Os plantadores de milho dizem que o aumento global do preço 
do milho terá pouco impacto sobre o preço do produto local.
As “longas chuvas” que caem de março a maio no 
Quênia foram insufi cientes pela segunda ou terceira safra 
seguida na maior parte das regiões montanhosas e das planícies 
plantadas, sendo que muitas dessas áreas receberam apenas 
de 10 a 15% de chuvas normais, observou a Rede de Sistemas 
de Alerta Antecipado sobre a Falta Extrema de Alimentos 
(FEWSNET).
Menos água, menor área de pastagem e morte do gado
A escassez de água e a deterioração das terras 
de pastagens causaram a morte do gado. Ao norte, área 
predominantemente pastoril, o baixo fornecimento de leite 
contribuiu para o elevado nível de desnutrição de 35%. O índice 
GAM em Turcana, no noroeste do país, atingiu 37,4%, o mais 
elevado do distrito.
Em todo o país, pelo menos 3,2 milhões de pessoas 
vivem a insegurança da fome, com aumento na projeção de 1,6 
para 2,4 milhões, respectivamente, em janeiro e abril.
Até mesmo na região costeira do Quênia, milhares 
enfrentam a escassez de alimentos, ressaltou o gerente regional 
Gerald Bombe, da Sociedade da Cruz Vermelha do Quênia (KRCS).
INTRODUÇÃO
Olá, querido estudante,
Qual é a infl uência dos meios de comunicação de 
massa, como a TV, sobre uma sociedade? Como as pessoas 
são mobilizadas a acompanhar um noticiário como se 
estivessem assistindo a uma telenovela? Os primeiros fi lósofos 
que detectaram a dissolução das fronteiras entre informação, 
consumo, entretenimento e política, ocasionada pela mídia, 
bem como seus efeitos nocivos na formação crítica de uma 
sociedade, foram os pensadores da Escola de Frankfurt.
Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno 
(1903-1969) são os principais representantes da escola, fundada 
em 1924 na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. No local, um 
conjunto de teóricos, entre eles Walter Benjamin (1892-1940), 
Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898-1979) e 
Erich Fromm (1900-1980), desenvolveram estudos de orientação 
marxista.
Os estudos dos fi lósofos de Frankfurt fi caram conhecidos 
como Teoria Crítica, que se contrapõe à Teoria Tradicional.
A diferença é que enquanto a tradicional é “neutra” em 
seu uso, a crítica busca analisar as condições sociopolíticas 
e econômicas de sua aplicação, visando à transformação da 
realidade. Um exemplo de como isso funciona é a análise dos 
meios de comunicação caracterizados como indústria cultural.
Em um texto clássico escrito em 1947, Dialética do 
Iluminismo, Adorno e Horkheimer defi niram indústria cultural 
como um sistema político e econômico que tem por fi nalidade 
produzir bens de cultura – filmes, livros, música popular, 
programas de TV etc. – como mercadorias e como estratégia 
de controle social.
A ideia é a seguinte: os meios de comunicação de 
massa, como TV, rádio, jornais e portais da Internet, são 
propriedades de algumas empresas que possuem interesse 
em obter lucros e manter o sistema econômico vigente que as 
permitem continuar lucrando. Portanto, vendem-se fi lmes e 
seriados norte-americanos, músicas (funk, pagode, sertaneja 
etc.) e novelas não como bens artísticos ou culturais, mas 
como produtos de consumo que, neste aspecto, em nada se 
diferenciariam de sapatos ou sabão em pó. Com isso, ao invés 
de contribuírem para formar cidadãos críticos, manteriam as 
pessoas “alienadas” da realidade.
Para Adorno, os receptores das mensagens dos meios 
de comunicação seriam vítimas dessa indústria. Eles teriam o 
gosto padronizado e seriam induzidos a consumir produtos 
de baixa qualidade. Por essa razão, indústria cultural substitui 
o termo cultura de massa, pois não se trata de uma cultura 
popular representada em novelas da Rede Globo, por exemplo, 
mas de uma ideologia imposta às pessoas.
E como a indústria cultural torna-se mecanismo de 
dominação política? Adorno e Horkheimer vislumbraram os 
meios de comunicação de massa como uma perversão dos 
ideais iluministas do século 18. Para o Iluminismo, o progresso 
da razão e da tecnologia iria libertar o homem das crenças 
mitológicas e superstições, resultando numa sociedade mais 
livre e democrática.
Mas os pensadores da Escola de Frankfurt, que eram 
judeus, se viram alvos da campanha nazista com a chegada 
de Hitler ao poder nos anos 30, na Alemanha. Com o apoio 
de uma máquina de propaganda que, pela primeira vez, usou 
Enem em fascículos 2013
13Ciências Humanas e suas Tecnologias
em larga escala os meios de comunicação como instrumentos 
ideológicos, o nazismo era uma prova de como a racionalidade 
técnica, que no Iluminismo serviria para libertar o homem, estava 
escravizando o indivíduo na sociedade moderna.
Nas mãos de um poder econômico e político, a 
tecnologia e a ciência seriam empregadas para impedir que 
as pessoas tomassem consciência de suas condições de 
desigualdade. Um trabalhador que em seu horário de lazer 
deveria ler bons livros, ir ao teatro ou a concertos musicais, 
tornando-seuma pessoa mais culta, questionadora e engajada 
politicamente, chega em casa e senta-se à frente da TV para 
esquecer seus problemas, absorvendo os mesmos valores que 
predominam em sua rotina de trabalho. É dessa forma que 
a indústria cultural exerceria controle sobre a massa. Como 
resultado, ao invés de cidadãos conscientes, teríamos apenas 
consumidores passivos.
Adorno e Horkheimer tiveram o mérito de serem os 
precursores da denúncia de um “totalitarismo eletrônico”, em 
que diversão e assuntos importantes são “mixados” num só 
produto; em que representantes políticos são escolhidos como 
se fossem sabonetes. Nesse sentido, a crítica permanece atual.
OBJETO DO CONHECIMENTO
Ideologia, cultura e meios de 
comunicação de massa
A partir da Segunda Revolução Industrial no século XIX 
e prosseguindo no que se denomina agora sociedade 
pós-industrial ou pós-moderna (iniciada nos anos 70 do século 
passado), as artes foram submetidas a uma nova servidão: as 
regras do mercado capitalista e a ideologia da indústria cultural, 
baseada na ideia e na prática do consumo de “produtos 
culturais” fabricados em série. As obras de arte são mercadorias, 
como tudo o que existe no capitalismo.
Perdida à aura, a arte não se democratizou, massifi cou-se 
para consumo rápido no mercado da moda e nos meios de 
comunicação de massa, transformando-se em propaganda e 
publicidade, sinal de status social, prestígio político e controle 
cultural.
Cabe à indústria cultural o trabalho de massifi car a 
cultura. Em primeiro lugar, porque separa os bens culturais 
pelo seu suposto valor de mercado: há obras “caras” e 
“raras”, destinadas aos privilegiados que podem pagar por 
elas, formando uma elite cultural; e há obras “baratas” e 
“comuns”, destinadas à massa. Assim, em vez de garantir o 
mesmo direito de todos à totalidade da produção cultural, a 
indústria cultural introduz a divisão social entre elite “culta” e 
massa “inculta”. O que é a massa? É um agregado sem forma, 
sem rosto, sem identidade e sem pleno direito à cultura. Em segundo 
lugar, porque cria a ilusão de que todos têm acesso aos mesmos 
bens culturais, cada um escolhendo livremente o que deseja, 
como o consumidor num supermercado. No entanto, basta 
darmos atenção aos horários dos programas de rádio e televisão 
ou ao que é vendido nas bancas de jornais e revistas para 
vermos que, através dos preços, as empresas de divulgação 
cultural já selecionaram de antemão o que cada grupo social 
pode e deve ouvir, ver ou ler. Em terceiro lugar, porque inventa 
uma fi gura chamada “espectador médio”, “ouvinte médio” 
e “leitor médio”, aos quais são atribuídas certas capacidades 
mentais “médias”, certos conhecimentos “médios” e certos 
gostos “médios”, oferecendo-lhes produtos culturais “médios”. 
Que signifi ca isso?
A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve 
seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não 
pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações 
novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova 
aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A “média” é o senso 
comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara 
de coisa nova. Em quarto lugar, porque defi ne a cultura como 
lazer e entretenimento, diversão e distração, de modo que tudo 
o que nas obras de arte e de pensamento signifi ca trabalho da 
sensibilidade, da imaginação, da inteligência, da refl exão e da crítica 
não tem interesse, não “vende”. Massifi car é, assim, banalizar a 
expressão artística e intelectual. Em lugar de difundir e divulgar a 
cultura, despertando interesse por ela, a indústria cultural realiza 
a vulgarização das artes e dos conhecimentos.
Um último traço da indústria cultural que merece nossa 
atenção é seu autoritarismo, sob a aparência de democracia. 
De fato, como a mídia nos infantiliza, diminui nossa atenção e 
capacidade de pensamento, inverte realidade e fi cção e promete, 
por meio da publicidade, colocar a felicidade imediatamente 
ao alcance de nossas mãos, transforma-nos num público dócil 
e passivo. Uma vez que nos tornamos dóceis e passivos, os 
programas de aconselhamento, longe de divulgar informações 
(como parece ser a intenção generosa dos especialistas) tornam-se 
um processo de inculcação de valores, hábitos, comportamentos 
e ideias, pois não estamos preparados para pensar, avaliar e julgar 
o que vemos, ouvimos e lemos. Por isso, fi camos intimidados, 
isto é, passamos a considerar que nada sabemos, que somos 
incompetentes para viver e agir se não seguirmos a autoridade 
competente do especialista. Dessa maneira, um conjunto de 
programas e publicações que poderiam ter verdadeiro signifi cado 
cultural tornam-se o contrário da cultura e de sua democratização, 
pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, 
desinformada e passiva.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos
 históricos.
C-1
H-3
Abóbora só se for com carne seca – Raloim 
Caipira. Desenho de José Luis Ohi.
• Atente para as informações abaixo: 
 A mobilização de políticos, 
artistas e educadores pela 
comemoração do Dia do Saci 
em 31 de outubro não tem 
agradado todo mundo. A ideia de 
se homenagear o personagem 
do folclore nacional no Dia
das Bruxas, deixando fantasias 
e abóboras de lado, não é 
aprovada por empresários, nem 
por bruxas.
SANTINI, Daniel. Bruxas e criadores de Saci disputam o dia 31 
de outubro. 2006. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/
SaoPaulo/0,,AA1329256-5605,00.html. 
Acesso: 17 nov. 2011. 
Enem em fascículos 2013
14 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Jô Amado, jornalista e um dos fundadores da Sosaci 
[Sociedade dos Observadores de Saci], diz que o perneta é 
“dentre todos os mitos e lendas do nosso folclore, a essência 
da brasilidade”. Isso porque ele integra as diversas raízes do 
povo brasileiro – indígena, africana e europeia. “O mito do Saci 
nasceu entre os indígenas da região de Missões. [...] Quando 
o mito entrou em contato com a mitologia africana, ele virou 
um negrinho que perdeu uma perna [...] e herdou também 
[...] o inseparável pito”, disserta. E, fi nalmente, ele encontra a 
mitologia europeia quando herda o gorrinho vermelho chamado 
píleo, que os romanos davam aos escravos libertos. “Portanto, 
o Saci também é símbolo do Homem Livre, o que tem tudo a 
ver com resistência cultural”, afi rma Amado. 
Saci pode se tornar arma brasileira no combate a bruxas americanas. 2005. 
Disponível em: http://www.midiaindependente.org/pt/
red/2005/11/335690.S.html.
Acesso: 17 nov. 2011.
 A análise atenta das informações anteriores nos permite 
concluir que dizem respeito
a) à infl uência direta de culturas estrangeiras na formação 
da cultura brasileira. O mito do Saci, por exemplo, de 
acordo com as informações, apresenta, efetivamente, 
traços de culturas europeias, sendo, por isso, a maior 
expressão da infl uência de culturas estrangeiras no Brasil.
b) à tentativa de preservação de padrões culturais 
brasileiros, buscando reduzir a infl uência de culturas 
estrangeiras. Aponta, ainda, o Saci como o mito que 
melhor representa a formação da cultura nacional, por 
sofrer infl uências dos principais grupos que se fundiram 
no Brasil desde os tempos da colonização. 
c) à originalidade no processo de criação da cultura brasileira. 
No mito do Saci, por exemplo, podemos observar que 
apenas padrões culturais existentes no país, antes e durante 
o processo de colonização, se combinaram para sua criação 
e difusão por todo o território. 
d) ao processo de formação da cultura brasileira, 
representado pela fi gura do Saci. De acordo com as 
informações, o mito não apresenta nada de original, 
tendo sido criado por meio da fusão de padrões culturais 
estrangeiros, como os europeus e os africanos.e) à tentativa de preservação da cultura brasileira. Aponta, 
ainda, o mito do Saci como sendo a única expressão 
cultural nativa do Brasil, apesar de receber infl uências 
de culturas estrangeiras, como a europeia, trazida pelos 
colonizadores, e a africana, trazida pelos escravos.
Comentário
O Saci é reconhecido como uma força da resistência cultural 
à invasão da indústria cultural moderna, proveniente principalmente 
dos EUA e da Europa. Na fi gura simpática e travessa do insigne 
perneta, esbarram hoje, impotentes, os X-men, os Pokémon, os 
Vingadores e os jogos de guerra, como esbarravam ontem os 
personagens da Disney.
A cultura popular é um elemento essencial à identidade 
de um povo. As tentativas insidiosas de apagar do imaginário do 
povo brasileiro sua cultura, seus mitos, suas lendas, representam 
a tentativa de destruir a identidade do nosso país. A história de 
todas as culturas até hoje existentes é a história de opressores e 
oprimidos. Hoje, como ontem, o Saci apoia, em qualquer lugar e 
em qualquer tempo, qualquer iniciativa no sentido de contestar 
a arrogância, a prepotência e a destruição de que é portadora a 
indústria cultural do império.
O Saci de Monteiro Lobato tem a força de um arquétipo 
racial e é o símbolo do Brasil mestiço e do sangrento período da 
escravidão. Originariamente, o Saci é um ente lendário da cultura 
indígena. Era um menino ameríndio de uma perna só. Tinha como 
função defender a natureza. Era uma espécie de guarda fl orestal.
As escravas, que eram ótimas contadoras de histórias, transformaram 
o Saci indígena em Saci negro. Neste caso, o alinhamento foi fácil. 
Tudo aconteceu no período da escravidão. Naquela época, quando 
os negros fugiam das senzalas iam se refugiar nos quilombos dentro 
das fl orestas. Assim como o Saci armava ciladas para os índios que 
destruíssem desnecessariamente as árvores, os arbustos, as fl orestas 
etc., do mesmo modo os negros, que já tinham desenvolvido a dança 
ou luta Capoeira, armavam ciladas para os portugueses que iam 
até lá armados, tentando recapturá-los e levá-los de volta para o 
trabalho forçado. Algumas lendas até explicam que o Saci teria 
perdido a outra perna durante uma luta de capoeira na fl oresta 
(devia ser um quilombo). Então a reconfi guração do símbolo foi 
praticamente automática. Foi só tirar uma perna do escravo e dar cor 
negra ao Saci. Estava pronta a lenda do Saci que Monteiro Lobato 
ouviu das escravas. Visto por este ponto de vista, o imaginário 
coletivo daquela sociedade criou o arquétipo racial ou cultural 
como elemento representativo do tipo étnico brasileiro, o Saci. Ele 
então passa a ter uma carga cultural imensa.
Resposta correta: b
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Identifi car o papel dos meios de comunicação na construção da vida 
social.
C-5
H-21
05. Analise a charge e leia o texto seguintes.
No limiar deste século XXI, desponta um fenômeno que 
tende a alterar toda a relação dos movimentos sociais com os 
meios de comunicação. Organizações não governamentais e 
entidades civis dos quatro quadrantes estão utilizando cada vez 
mais a Internet para divulgar suas reivindicações e desenvolver 
espaços de interação e de mobilização pelos direitos da 
cidadania. Está surgindo um modelo de militância que espelha 
as vias orgânicas, descentralizadas e interligadas da Internet. 
A Internet contribui para dinamizar as lutas em favor da 
justiça social num mundo que globaliza desigualdades de toda 
ordem. A rede digital maximiza intercâmbios entre produtores, 
emissores e receptores. Entra em curto-circuito a imagem 
clássica dos aparelhos de divulgação no topo da pirâmide e 
dos destinatários confi nados na base. Na Internet, os usuários 
têm a chance de assumirem-se como atores comunicantes, 
ou, se preferirmos a bela metáfora do escritor Jöel de Rosnay, 
como “neurônios de um cérebro planetário”, que nunca para 
de produzir, de pensar, de analisar e de combinar. 
http://www.semiosfera.eco.ufrj.br/anteriores/semiosfera03
/perfi l/mat1/frmat1.htm
Enem em fascículos 2013
15Ciências Humanas e suas Tecnologias
 A Internet revelou-se um poderoso instrumento para a ação 
política de ONGs e de movimentos sociais. A respeito das 
formas de expressão de necessidades coletivas no mundo 
globalizado, assinale a alternativa correta.
a) As ONGs e os novos movimentos sociais têm como 
característica comum a construção de estruturas 
hierarquizadas e rígidas para a realização das lutas 
coletivas.
b) Como toda luta política, a conquista do poder de Estado 
é o referencial a partir do qual se constroem as ações das 
novas reivindicações coletivas de ONGs e movimentos 
sociais.
c) Demandas ligadas ao trabalho perderam sua importância 
para as novas lutas coletivas expressas pelas ONGs e 
pelos recentes movimentos sociais.
d) Nas novas lutas coletivas há o predomínio dos novos 
sujeitos sociais, os grupos sociologicamente minoritários, 
com um projeto defi nido e uniforme de construção da 
sociedade.
e) O ativismo de ONGs e de movimentos sociais nas redes 
virtuais diversifi ca as agendas políticas e as práticas que 
buscam inovar o modo de fazer política.
Compreendendo a Habilidade
– Identifi car registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na 
organização do trabalho e/ou da vida social.
C-4
H-16
06. Leia o texto.
“[...] uma grande marca enaltece e acrescenta um maior 
sentido de propósito à experiência, seja o desafi o de dar o 
melhor de si nos esportes e nos exercícios físicos ou a afi rmação 
de que a xícara de café que você bebe realmente importa [...] 
Segundo o velho paradigma, tudo o que o marketing vendia 
era um produto. De acordo com o novo modelo, contudo, o 
produto sempre é secundário ao verdadeiro produto, a marca, 
e a venda de uma marca adquire um componente adicional 
que só pode ser descrito como espiritual”. O efeito desse 
processo pode ser observado na fala de um empresário da 
Internet comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em 
seu umbigo: “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho 
para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar 
a cada dia como tenho de agir”.
KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta
vendido. Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 45-76.
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, 
é correto afi rmar:
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir 
marcas que estimulam a conscientização em detrimento 
dos processos de alienação.
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano 
desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas 
quanto ao ideal humano.
c) Graças às marcas e à infl uência da mídia, em sua atuação 
educativa, as pessoas tornaram-se menos sujeitas ao 
consumo.
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou 
as crises vividas desde a década de 1970 pelo capital 
oligopólico.
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do 
capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual 
se refl ete na resposta social às marcas.
DE OLHO NO ENEM
MÍDIA X COMPORTAMENTO: A NOVELA DA VIDA REAL
Como já havia dito o tão carismático Hitler: “Que sorte 
para os líderes que os homens não pensam”. E esse dilema 
vem carregando a sociedade atual, já que é fácil manipular 
uma massa ignorante, e a mídia do grande público atualmente 
vem fazendo um papel de Goebbels nessa sociedade moderna, 
fazendo com que o povo goste daquilo que a elite delimita.
Espetáculos, como novelas vazias ou f i lmes 
hollywoodianos, fazem com que as massas não tenham 
que pensar, e distraem a maioria da população para os reais 
problemas da humanidade. O povo até pensa em se revoltar, 
mas aparecem glúteos sambando na televisão, e esquece-se 
de toda desigualdade que vem envolvendo o Brasil. A mídia 
exerce a política de Pão e Circo, distraindo a população, efazendo as massas esquecerem dos grandes problemas que 
estão destruindo a sociedade.
As pessoas estão tão preocupadas com os mistérios de 
Sangue Bom e Amor à vida e acabam fi cando felizes com as 
migalhas que recebem do governo, sendo que um engravatado 
ladrão está organizando banquetes e comendo um pão inteiro 
enquanto ri das massas e curte férias com a família em Miami. 
– viajando em avião da FAB e pagando suas contas com cartão 
corporativo para nós pagarmos com nossos inúmeros impostos. 
E a mídia vai manipulando a mente das pessoas, pois quando 
ocorrem movimentos como Ocupally Wall Street ou mesmo 
os recentes protestos organizados pelas redes sociais, a Rede 
Globo exibe pequenas notas sobre o assunto, já que se a bolha 
estourar vai cair tudo em cima de aliados corruptos da emissora.
As massas fi cam com preguiça de mudar de canal, e 
assim são entorpecidos com casos idiotas que são transmitidos, 
enquanto aquilo que realmente importa é ocultado. Até mesmo 
o trabalho serve para distrair a população, já que um homem 
trabalha por toda a tarde e quando chega em casa está cansado 
demais para entender sobre os “causos” do mundo, assim 
opta por assistir algo light como algum fi lme tão inútil quanto 
Transformers.
A música também é um inteligente instrumento de 
alienação. Pois existem muitas bandas boas com letras de 
protesto que conseguem ser inteligentes, porém a grande 
mídia ignora bandas inteligentes e abre espaço para outras 
que possuem letras mais leves, monossilábicas e açucaradas 
nos holofotes.
Isso tudo ocorre porque a televisão empanturra nossos 
ouvidos com música ruim. Nós não gostamos da banda tal, 
mas eles vão ao programa do Faustão, Eliana, Gugu e fazem 
parte das Trilhas Sonoras de Novelas. Assim, decoramos aquele 
refrão tocado repetidas vezes e sem perceber nos pegamos a 
cantarolar mais um “oi, oi, oi”, “tchu, tcha” ou coisa parecida. 
O mundo conspira para manter as massas ignorantes e 
infl uenciáveis, eles roubam todo nosso tempo e energia, para 
poder continuar roubando com tranquilidade. A mídia torna 
a sociedade escrava do consumismo, somos apenas mais uma 
forma de renda da elite, nossa vida não vale nada além do nosso 
poder de compra. A mídia e o trabalho árduo deixa a população 
distraída, sem tempo para enxergar a tenebrosa realidade em 
que o mundo está envolvido.
Quando alguns políticos querem fugir da punição já 
estabelecida pelo Supremo aos envolvidos no “Escândalo do 
Mensalão”, colocam o caso Carlinhos Cachoeira nos holofotes 
e mantêm a população ocupada com um caso que já sabiam 
há muito tempo, para esquecerem do julgamento de um dos 
maiores casos de corrupção da história brasileira. 
Enem em fascículos 2013
16 Ciências Humanas e suas Tecnologias
O mais deprimente de toda essa situação é que isso ocorre 
em todo o mundo, não sendo diferente em nenhum continente. 
Quando Franklin Roosevelt quis entrar na guerra, ele simplesmente 
permitiu os ataques em Pearl Harbor, para contar com o apoio da 
população, e é assim que ao longo dos anos a sociedade vai sendo 
dominada por aquilo que a mídia fala. Políticos respeitam apenas 
emissoras de televisão que vão incitar a população, aliando-se a 
elas e deixando as massas ocupadas para tomar providências, mas 
quando necessitam do apoio da população, exigem que a mídia 
condicione o povo a isso.
Tanto que em todas as ditaduras que ocorreram, o governo 
sempre censurava a mídia. Na Ditadura Militar brasileira, os políticos 
de extrema direita contaram com o apoio da mídia para deixar a 
população com medo de João Goulart e infl uenciar as massas a 
fi carem contra o político. Logo após o Presidente largar o cargo, 
os militares tomaram conta do poder e censuraram os meios de 
comunicação. Isso prova como a mídia é poderosa, e quão grande 
é o poder dela para alienar nossa população.
Em resumo, é necessário um acordar da sociedade 
moderna para dar um basta ao modo de vida enraizado pela 
própria indústria capitalista, que mecaniza o ser humano e o trata 
como objeto descartável. Essa indústria que produz uma cultura 
(chamada pelos teóricos críticos de “cultura de massa”) que 
estimula a dependência da sociedade ao consumismo, vendendo 
estilos de vida, oculta, dessa maneira, a verdadeira função dos bens. 
O hedonismo, por sua vez, mostra-se como uma prática criada 
a partir da inversão de valores da sociedade, que, infl uenciada 
pela indústria cultural, segue o que for tomado como padrão ou 
o que for julgado como perfeição para o alcance de um prazer 
utópico. A essa indústria que possui como membros os meios de 
comunicação, às grandes empresas e às marcas, é a quem interessa 
o bom funcionamento e a adaptação rápida da sociedade para 
com seus produtos. 
Os consumidores da cultura industrial passam por 
um processo de alienação, no qual podemos identifi car uma 
dependência da sociedade com o ter e acumular, não refl etindo 
sobre uma utilidade essencial que o produto pode favorecer. 
Esse produto pode ser também, além de bens materiais, as 
informações passadas pelos meios de comunicação, em que 
a maioria das pessoas não procura ter um discernimento para 
filtrá-las no intuito de desmistificar posições tendenciosas.
Os sistemas de televisão possuem opiniões obscuras e posições 
políticas que não são divulgadas. No aspecto econômico, temos 
a participação desses na promoção de campanhas publicitárias 
capitalistas e o fomento na continuidade desses valores.
O impacto na sociedade é imediato e poderoso, afastando o ser 
humano de seu senso crítico e denegrindo sua intelectualidade.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Compreendendo a Habilidade
– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações políticas e 
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
01. (Enem/2011) É difícil encontrar um texto sobre a 
Proclamação da República no Brasil que não cite a 
afi rmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São 
Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa 
versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, 
que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram 
a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da 
fórmula implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro 
teria nascido em 1930.
MELLO, M. T. C. A república consentida: 
cultura democrática e científi ca no fi nal do Império.
Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).
 O texto defende que a consolidação de uma determinada 
memória sobre a Proclamação da República no Brasil 
teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos 
mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 
procuraram construir uma visão negativa para os eventos 
de 1889, porque esta era uma maneira de 
a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais 
vitoriosas.
b) resgatar simbolicamente as fi guras políticas ligadas à 
Monarquia.
c) criticar a política educacional adotada durante a 
República Velha.
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada 
desse grupo ao poder.
e) destacar a ampla participação popular obtida no 
processo da Proclamação.
Compreendendo a Habilidade
– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos 
ou ambientais ao longo da história.
C-3
H-15
02. (Sampaio/2013) Ainda que o termo revolução seja discutido 
por sociólogos e historiadores quando aplicado aos episódios 
de 1930, não podemos ignorar as transformações que 
resultaram deste processo. Além disso, a Revolução de 
1930 inaugurou um período que duraria 15 anos em que 
o comando do país estaria nas mãos da mesma pessoa. No 
Governo Provisório, iniciado em 1930 e que durou quase 
quatro anos, já era possível perceber as pretensões de Vargas, 
que governou sem uma Constituição, tendo fechado o Poder 
Legislativo, além de ter indicado interventores para os estados. 
Nesse período era visível também

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