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Direito Civil I Profª Adlênia Ismerim Santos e-mail: prof.adlenia@gmail.com Plano de Aula 5 PESSOA JURÍDICA Estrutura do conteúdo: PESSOA JURÍDICA 1. Conceito; natureza jurídica; classificação e constituição. 2. Nacionalidade e domicílio. 3. A desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. 4. Regime jurídico das associações e fundações. 5. Extinção das Pessoas Jurídicas 1. CONCEITO - NATUREZA JURÍDICA - CLASSIFICAÇÃO E CONSTITUIÇÃO. 1.1. Conceito A pessoa jurídica pode ser conceituada com o grupo humano criado na forma da lei para a realização de objetivos comuns, dotado de personalidade jurídica própria. São entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a ser sujeitos de direitos e obrigações. “Conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns” (CARLOS ROBERTO GONÇALVES). “Grupo humano criado por lei e com personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns” (PABLO STOLZE E RODOLFO PAMPLONA FILHO) “Conjunto de pessoas ou bens, arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma ficção legal” (FLÁVIO TARTUCE) Característica principal - atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem. Outras denominações - ao longo do tempo as pessoas jurídicas foram chamadas de pessoas: sociais, morais, coletivas, intelectuais, místicas, universais, etc. Cada país possui uma denominação para tais entidades: * França e Suíça => pessoas morais; * Portugal => pessoas coletivas; * Argentina => entes de existência ideal; * Brasil, Alemanha, Espanha e Itália => pessoa jurídica. 1.2. Natureza Jurídica – teorias. Tratar da natureza jurídica é observar a origem jurídica de determinados institutos ou conceitos jurídicos. No caso das pessoas jurídicas, existem diversas teorias visando justificar a sua existência ou suscitar sua inviabilidade jurídica. Existem teorias, em número reduzido, que negam a existência da pessoa jurídica (teorias negativistas), pois não aceitam que uma associação formada por um grupo de indivíduos possa ter personalidade própria, isto é, não admitem que pessoas jurídicas possam ser sujeitos de direito, pois para eles somente as naturais possuem essa qualidade. Contudo, existem outras (teorias afirmativistas), em maior número, que procuram explicar a existência desse fenômeno jurídico. As diversas teorias afirmativistas podem ser reunidas em dois grupos: o das teorias da ficção e os das teorias da realidade. TEORIA DA FICÇÃO TEORIAS AFIRMATIVISTAS TEORIA DA REALIDADE TEORIAS DA FICÇÃO - dividem-se em duas categorias: ficção legal e ficção doutrinária: FICÇÃO LEGAL: desenvolvida por Savigny, sustenta que a pessoa jurídica constitui uma criação artificial da lei. É um ente fictício, posto que somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direito subjetivo. FICÇÃO DOUTRINÁRIA: afirma que a pessoa jurídica é criação dos juristas, da doutrina. Para os seguidores dessa teoria, a pessoa jurídica não possui existência real, apenas intelectual, ou seja, é fruto da criação da inteligência dos juristas, sendo uma mera ficção criada pela doutrina. CRÍTICA => a crítica que se faz as duas teorias é que o Estado é uma pessoa jurídica. Dizer-se que o Estado é uma ficção é o mesmo que dizer que o direito, que dele emana, também o é. TEORIAS DA REALIDADE Para tais teorias, as pessoas jurídicas são realidades vivas, com existência própria do mesmo modo que os indivíduos. Divergem seus adeptos apenas no modo de apreciar a realidade, dando origem a várias concepções, dentre elas: realidade objetiva, realidade jurídica ou institucional e realidade técnica. REALIDADE OBJETIVA: sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, possuidora de vida própria, que nasce por imposição das forças sociais (GIERKE e ZITELMANN). REALIDADE JURÍDICA ou INSTITUICIONAL: assemelha-se à primeira. Considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício, e, por isso, personificadas (HAURIOU). REALIDADE TÉCNICA: entendem seus adeptos, especialmente IHERING, que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos, que se unem na busca de fins determinados. Isto é, a personificação é atribuída a grupos em que a lei reconhece vontade e objetos próprios (CAPITANT, COLIN e SALEILLES) (corrente mais aceita). REALIDADE TÉCNICA: corresponde a teoria adotada pelo direito brasileiro (art. 45, CC), sustentaria que a pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito. Seria, pois, uma teoria intermediária. “Art. 45, CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único – Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação e sua inscrição no registro.” CRÍTICAS => as primeiras (realidade objetiva e jurídica) são criticadas porque não explicam como os grupos sociais adquirem personalidade. Isto é, não explicam como os grupos sociais, que não possuem vida própria e personalidade, podem adquiri-la e se tornarem sujeitos de direitos e obrigações. Assim como, não esclarecem a existência das sociedades que se organizam sem a finalidade de prestar um serviço ou de preencher um ofício, como as fundações. Quanto à Teoria da Realidade Técnica, MARIA HELENA DINIZ prefere denominá-la como Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas (de HAURIOU) opinando que a “personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o merecem. Logo, essa teoria é a que melhor atende à essência da pessoa jurídica, por estabelecer com propriedade, que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica”. (FLÁVIO TARTUCE, p.234, 6ª ed.) CONCLUSÃO => a personalidade jurídica é um atributo que o Estado defere a algumas entidades que possuem merecimento para tal. Esse benefício não é outorgado pelo Estado de maneira arbitrária, mas sim tendo em vista determinada situação, que já se encontra devidamente concretizada, e desde que preenchidos determinados requisitos estabelecidos pelo Estado. 1.3. Classificação. Esquemas. - nacionais Quanto à Nacionalidade - estrangeiras - corporação Quanto à Estrutura Interna - fundação - p. j. de direito público Quanto à Função - p. j. de direito privado - CORPORAÇÕES => associações, sociedades civis simples e empresárias, partidos políticos e sindicatos. P. J. Direito Privado - - FUNDAÇÕES - EXTERNO => Nações estrangeiras, Santa Sé, Organismos Internacionais ADM. DIREITA => União, Estados, D.F., Territórios e Municípios. P. J. Direito Público - INTERNO ADM. INDIRETA => Autarquias (ANATEL), Fundações Públicas, etc.. 1.3. Classificação. QUANTO À NACIONALIDADE: ver Art. 11, Lei deIntrodução as normas do direito brasileiro. a) nacionais Nacional é a sociedade organizada em conformidade com a lei brasileira e que tenha no Brasil a sede de sua administração. (CC, art. 1.126 / CF, arts. 176, § 1º e 222) b) estrangeiras Sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. (CC, art. 1.134) QUANTO À ESTRUTURA INTERNA: a) Corporação (universitas personarum): Conjunto ou reunião de pessoas, reunidas para a melhor realização de seus objetivos. Aspecto dominante => é o pessoal (pessoas). Dividem-se em partidos políticos e entidades religiosas, associações e sociedades, que podem ser simples e empresárias. b) Fundação (universitas bonorum): Compõe-se de um patrimônio personalizado, destinado a um determinado fim. Aspecto dominante => é o patrimonial. CORPORAÇÃO FUNDAÇÃO Aspecto dominante => é o elemento pessoal. Patrimônio => elemento secundário. Aspecto dominante => é o patrimonial. Patrimônio => elemento essencial. Objetivo => realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios. Objetivos => voltados para o interesse e bem-estar de seus membros, visando atingir fins internos e comuns. Objetivo => são externos, estabelecidos pelo instituidor. QUANTO À FUNÇÃO (ou órbita de atuação) e CAPACIDADE : a) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: é o conjunto de pessoas e bens que visa atender a interesses públicos, sejam internos ou externos. a.1) EXTERNO (Nações estrangeiras, Santa Sé, Organismos Internacionais): São os Estados da comunidade internacional, isto é, todas as pessoas regidas pelo direito internacional público: as diversas nações estrangeiras, inclusive a Santa Sé (cúpula governativa da Igreja Católica) e os organismos internacionais (como a ONU, OEA, FAO, Unesco, etc.) (CC, art. 42). a.2) INTERNO: (CC,art. 41) Podem ser classificadas em: • Administração direta (União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios). • Administração indireta (Autarquias - Banco Central, USP,UFRJ, INSS, ANATEL, ANVISA, INPI, CVM,INMETRO -, inclusive as Associações Públicas – Conselhos de classe, etc. -, Fundações Públicas e as demais Entidades de caráter público criadas por lei). São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. (CC, art. 41) b) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: CC, art. 44. - CORPORAÇÕES => associações, sociedades civis (simples e empresárias), organizações religiosas, partidos políticos, empresas individuais de responsabilidade limitada (LEI 12.441/2011) e “sindicatos” (não consta no dispositivo) => reunião de pessoas. - FUNDAÇÕES PARTICULARES => reunião de bens. São ainda pessoas jurídicas de direito privado, como “exceções”: EMPRESA PÚBLICA, SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. (ver parágrafo único do artigo 41 do Código Civil) CORPORAÇÕES ASSOCIAÇÃO SOCIEDADE ART 53, CC. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. ART 981, CC. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, pra o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. ART 982, CC. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente do seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e simples a cooperativa. => PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: CC, art. 44. b.1) Associações => entidades que não têm fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, desportivos ou religiosos. (CC, art. 53) b.2) Sociedades simples => têm fim econômico e são constituídas, em geral, por profissionais liberais ou prestadores de serviços. b.3) Sociedades empresárias => também visam lucro. Distinguem-se das sociedades simples jurídicas porque têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no art. 967, CC. b.4) Organizações religiosas => têm fins pastorais e evangélicos e tratam da complexa questão da fé, distinguindo-se das demais associações civis. Enunciado 143 da Jornada de Direito Civil => “a liberdade religiosa consagrada constitucionalmente (CF, art. 19), restringe-se ao culto e a liturgia, não sendo admitido o desenvolvimento de atividades empresariais, jornalísticas e educacionais, ainda que os resultados econômicos sejam voltados para dar sustentação a projetos desenvolvidos pela respectiva comunidade religiosa”. b.5) Partidos políticos => têm fins políticos, não se caracterizando pelo fim econômico ou não. b.6) Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) => bifurcação do patrimônio do empresário individual em dois diferentes campos: o patrimônio da pessoa física e o patrimônio da pessoa jurídica. Somente podem ser constituídas por pessoas naturais, não se tolerando uma empresa individual de responsabilidade limitada criada por outra pessoa jurídica. (Enunciado 468, Jornada de Direito Civil) Não se trata de uma sociedade (até porque inexiste pluralidade de pessoas), mas de um novo ente personificado. (Enunciado 469, Jornada de Direito Civil) Art. 480-A do C.C. => regras para a criação de tais empresas => capital social superior a cem vezes o valor do salário mínimo vigente. b.7) Sindicatos => embora não mencionados no art. 44 do CC, têm a natureza de associação civil (art. 8º, CF; arts. 511 e 512, CLT). b.8) Fundações particulares => acervo de bens que recebe personalidade para a realização de fins determinados (art. 62, parágrafo único) => PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: exceções – parágrafo único do artigo 41, CC: EMPRESA PÚBLICA => entidade com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que tenha que ser exercida pelo governo. Ex.: Caixa Econômica Federal, Correios, etc.. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA => entidade criada por lei para exploração de atividade econômica sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria à União ou à Administração Indireta. Ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, Banco do Nordeste, etc.. “Art. 41, CC – parágrafo único – Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.” “Enunciado n. 141 do CJF/STJ – III Jornada de Direito Civil – a remissão do art. 41, parágrafo único, do CC, às ‘pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado’, diz respeito às fundações públicas e aos entes de fiscalização do exercício profissional.” - PARTIDOS POLÍTICOS: Associações civis que têm por escopo assegurar dentro do regime democrático, os direitos fundamentais estatuídos pelo CF/88. Foram considerados comopessoa jurídica de direito privado pela lei 9.096, de 19.09.1995, que dispõe em seu art. 1º: “O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal”. 1.4. Constituição. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA: Teorias. a) Sistema da livre formação A pessoa jurídica pode ser formada sem observância de quaisquer requisitos, bastando a instituição dos seus estatutos ou contratos sociais. b) Sistema do reconhecimento Indica que a pessoa jurídica somente adquire a personalidade jurídica após a chancela estatal. c) Sistema misto ou eclético Observa que a pessoa jurídica tem existência valida, condicionada ao respeito às estipulações legais. 1.4. Constituição. REQUISITOS: a) Vontade humana criadora A intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros. Referida vontade materializa-se no ato de constituição, que deverá ser escrito. Para que uma pessoa jurídica seja criada, são necessárias duas ou mais pessoas com vontades convergentes, ligadas por uma intenção comum. b) Observância das condições legais Instrumento particular ou público, registro e autorização ou aprovação do Governo. O ato constitutivo é o requisito formal exigido pela lei, denominado: ESTATUTO => associações sem fins lucrativos; CONTRATO SOCIAL => sociedades, simples ou empresárias (as antigas sociedades civis ou comerciais); ESCRITURA PÚBLICA ou TESTAMENTO => das fundações (art. 62, CC). REGISTRO => pessoa jurídica de direito privado para que tenha existência legal terá que levar seu ato constitutivo a registro, senão será uma mera “sociedade de fato” ou “sociedade não personalizada”. c) Liciedade de seus objetivos Objetos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica (art. 69, CC). Assim, para a formação da pessoa jurídica é indispensável a liciedade de seu objetivo, assim como, deverá ser o mesmo determinado e possível. Sociedades civis ou comerciais => objetivo de ser o lucro pelo exercício da atividade. Fundações => os fins podem ser religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, parágrafo único, CC). Associações sem fins lucrativos ou associações de fins não econômicos => os objetivos são de natureza cultural, educativa, esportiva, religiosa, filantrópica, recreativa, moral, etc. (art. 53, CC). OBS.: Pessoas jurídicas de direito público => existência => decorre de outros fatores, como a lei e o ato administrativo, assim como de fatos históricos, de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regidas pelo direito público e não pelo Código Civil. 1.4. Constituição. AQUSIÇÃO OU SURGIMENTO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: a) Registro dos atos constitutivos O art. 45, do CC determina que a pessoa jurídica passa a ter existência legal a partir do registro dos seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto). Sem o registro, a sociedade será reconhecida como sociedade irregular ou de fato. b) Pré-requisitos do registro O contrato ou estatutos sociais devem seguir as exigências do art. 46, do CC. PARTIDOS POLÍTICOS E INSTITUÇÕES SINDICAIS: Precisam, além do registro no Cartório de Títulos e Documentos, serem, respectivamente inscritos perante o TSE e o Ministério do Trabalho, neste último caso para a garantia do princípio da unicidade sindical (um sindicato de cada categoria por base territorial, esta não inferior a um município). SOCIEDADES IRREGULARES OU DE FATO: As sociedades irregulares ou de fato são aquelas que possuem atos constitutivos ainda não registrados ou que sequer possuem ditos atos. A responsabilidade civil, nestes casos, é dos próprios sócios, na forma do art. 990, do CC. Dita responsabilidade é ilimitada. Credores particulares do sócio => somente podem executar a participação que o referido sócio tem na sociedade caso não existam outros bens desembaraçados. Credores da sociedade => devem executar primeiro os bens da sociedade e somente depois os bens particulares dos sócios. Neste caso cabe ao sócio (desde que não seja o que contratou em nome da sociedade) invocar o benefício de ordem. (“Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade). Regulamentação posterior da sociedade => em relação aos fatos ocorridos antes da regulamentação, o tratamento a ser dado é exatamente o mesmo citado anteriormente. ENTES DESPERSONALIZADOS: Correspondem a meros conjuntos de pessoas e de bens que não possuem personalidade própria ou distinta, não constituindo pessoa jurídica. São exemplos algumas das pessoas previstas no art. 12, do CPC, pois referida relação é meramente exemplificativa (não exaustiva): a) Massa falida representada pelo síndico => conjunto patrimonial, criado pela lei, para exercer os direitos do falido, podendo agir, inclusive, contra ele. Surge coma prolação da sentença declaratória de falência, que importa na perda do direito à indenização e à disposição dos bens do devedor. b) Herança jacente ou vacante representada pelo curador => São institutos do Direito da Sucessão – arts. 1.819 a 1.823, CC. Herança jacente => é o acervo patrimonial deixado pelo de cujos, sem testamento ou herdeiro legítimo notoriamente conhecido, que deverá ser arrecadado, ficando sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Herança vacante => é declarada quando, praticadas todas as diligências de arrecadação e ultimato do inventário (expedição de editais na forma da lei processual), decorrido um ano de sua primeira publicação, não haja herdeiro habilitado ou penda habilitação. c) Espólio pelo inventariante Espólio => conjunto de direitos e obrigações do falecido, ou seja, corresponde a massa patrimonial deixada pelo autor da herança, que se constitui logo após o seu desaparecimento. Sua administração e representação cabe ao inventariante, mas antes de sua nomeação judicial, o espólio continuará sendo administrado pelo administrador provisório (art. 1.797, CC) d) Sociedades sem personalidade jurídica pelos seus administradores e) Condomínio pelo síndico É o conjunto de bens em copropriedade, com tratamento específico no livro que trata do Direito das Coisas. O condomínio possibilita a titularidade coletiva de determinado bem, cabendo a qualquer dos co- proprietários igual direito sobre o todo e cada uma das partes. Para muitos doutrinadores, constitui uma pessoa jurídica o condomínio edilício, o que justifica a sua inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas), mas tal questão não é pacífica perante a doutrina. Espécies: Condomínio em geral (art. 1.314 a 1.330, CC) => administração => atribuída mediante deliberação da maioria, admitida também uma outorga tácita de poderes. Condomínio edilício ou horizontal (arts. 1.331 a 1.358, CC) => administração => art. 1.347, CC => assembléia geral escolherá um síndico, que poderá ser um condômino ou não. Alguns autores como o professor Flávio Tartuce, relacionam como entes despersonalizados além dos presentes no art. 12 do CPC: f)família Pode ter origem no casamento, união estável ou entidade monoparental (CF/88, art. 226). A família, base da sociedade, é mero conjunto de pessoas não possuindo sequer legitimidade ativa ou passiva no campo processual. g) Sociedade de fato São grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não possuem sequer constituição (estatuto ou contrato social), bem como a união de pessoas impedidas de casar, nos caso de concubinato (CC, art. 1.727). h) Sociedade irregular Ente despersonalizado constituído por empresas que possuem estatuto e contrato social que não foi registrado, como por exemplo o caso da sociedade anônima não registrada na Junta Comercial estadual (CC, art. 986). Bibliografia • Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 • Nome do autor: NADER, Paulo. • Editora: Forense • Ano: 2008 • Edição: 5ª. • Nome do capítulo: A codificação do Direito Civil • N. de páginas do capítulo: 16
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