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SÃO PAULO 2017 Sumário Introdução.....................................................................................................4 Objetivo.........................................................................................................5 Método..........................................................................................................6 Resultados e Discussão................................................................................7 Conclusão....................................................................................................12 Referências Bibliográficas...........................................................................13 Anexos.........................................................................................................14 Introdução O presente trabalho será apresentado para avaliação da disciplina Psicologia Construtivista, e pretende fazer um estudo sobre a evolução do grafismo infantil, segundo Luquet e Lowenfeld. É pelo ato de desenhar que a criança expressa sua fantasia, seus medos e alegrias, e através do traçado é possível observar as fases do seu desenvolvimento cognitivo. O desenho infantil tem como principal função, possibilitar a representação e absorção da realidade pela criança. A exploração de movimentos feitos com rabiscos em papel ou nas paredes contribui para que se adquira a coordenação motora, e com isso as formas vão ganhando clareza de acordo com o que a criança pretende comunicar. A partir das imagens criadas nos desenhos, a criança demonstra a relação com o meio social em que vive, e expressa a sua emoção e o significado dos símbolos que podem ser reais ou imaginários. Lowenfeld considera que é difícil perceber onde começa e onde termina cada fase do desenvolvimento do grafismo, já que esse processo é contínuo. Também é levada em conta a individualidade da criança, ou seja, nem todas as crianças passam de uma fase para outra na mesma idade e da mesma forma. Cada integrante do grupo trabalhou nesta pesquisa com crianças de idades diferentes, no intuito de obter mais elementos na observação da evolução do grafismo. As crianças foram orientadas a desenhar em um ambiente tranquilo e sem imagens ou objetos que pudessem influenciar no tema escolhido, para não interferir na construção da figura por meio da sua percepção subjetiva. Foi sugerido às crianças, que desenhassem em papel A4, utilizando lápis preto nº 02, a fim de observar apenas os traços. Nos resultados obtidos nesta pesquisa, apresentamos as figuras criadas pelas crianças na ordem crescente de idade, e uma leitura com a descrição das etapas gráficas na concepção de Luquet e Lowenfeld. Objetivo Este trabalho tem como objetivo colocar em prática todo conteúdo teórico aprendido dentro de sala e analisar a evolução da representação gráfica, em desenhos criados por crianças na faixa etária de 2 a 10 anos, dos dois gêneros e fazer as comparações das fases do desenho segundo a teoria de Piaget, que tomou em sua teoria Luquet e Lowenfeld, pois estes autores já haviam realizado um estudo anterior sobre o tema. Método Sujeitos: Este trabalho foi realizado com 6 crianças, sendo 2 meninas de 2 e 10 anos; e 3 meninos de 4, 5, 7 (dois), respectivamente. Os nomes no trabalho foram colocados apenas com suas iniciais. Ambiente, materiais e instrumentos: O grupo solicitou, individualmente, que as crianças fizessem um desenho em papel A4, utilizando lápis preto nº02, apenas uma criança decidiu utilizar lápis de cor. Em um ambiente sem interferências externas, como jogos, televisão ou brinquedos, para que não houvesse sugestão na criação do desenho, e que a criança pudesse expressar as suas emoções e ficasse bem à vontade para desenvolver a representação conforme seu contexto histórico- social e sua visão do mundo e das coisas. Procedimento: Cada criança recebeu apenas a sugestão de desenhar uma pessoa, porém essa sugestão não ficou estabelecida como regra e a decisão de desenhar um tema livre ficou por conta das crianças. A atividade de desenhar não durou mais de 20 minutos. Resultados e Discussão 2 anos: Figura 1 – K. = Criança de 2 anos De acordo com Luquet a 1ª fase do Grafismo Infantil inicia-se a partir dos 2 anos. Chamada de Realismo Fortuito, é dividida em duas fases: realismo involuntário e voluntário. A K., criança que fez o desenho acima, se encontra na fase do realismo involuntário, onde ela faz um desenho sem intenção ou significado, apenas pelo prazer do movimento, em função da atividade motora adquirida. Para Lowenfeld essa fase é conhecida como Garatujas ou Rabisco. Nela existem 4 subfases: desordenadas; controladas; nomeadas e diagramadas. Nota-se que a criança faz rabiscos controlados, eles não saem do limite da folha, mas ainda não tem nenhum significado para a criança. A criança ainda está em processo de evolução. É nesse estágio que a criança passa por várias fases de desenvolvimento, explorando espaço e corpo. 4 a 5 anos: Figura 2 – P. = Criança de 4 anos Figura 3 – J. = Criança de 5 anos Duas crianças se encaixam na fase Pré-Esquemática para Lowenfeld. Essas crianças desenham pessoas e objetos, porém todos soltos na folha, como se estivessem voando. Fase importante, pois elas desenham aquilo que sabem sobre os objetos e não aquilo que veem deles. Na figura 2 e 3 vemos claramente a representação de pessoas, e é nessa fase que ocorre a iniciação da representação humana. Os desenhos estão flutuando na folha, sem a presença de linha de chão. Na Figura 2, P., ainda não relaciona um desenho ao outro. Ele desenha várias coisas que ele conhece, mas sem ligação umas com as outras. A criança adquire consciência da forma e começa a fazer tentativas de representar o real de maneira desordenada e desproporcional. Já a figura 3, J., nos mostra ligação, pois é uma família. Mas há traços de transparência, como mostrado nesse circulo desenhado na mulher (de acordo com a criança, a mãe está gravida e este círculo é a barriga). Notou-se também, que pessoa mais querida (de acordo com a criança) foi desenhada em tamanho maior. 7 anos: Figura 4 – M. = Criança de 7 anos Figura 5 – E. = Criança de 7 anos Analisando a fig. 4, para Luquet, a criança M., se encontra no Realismo Intelectual, pois ela desenha um conjunto de objetos e suas relações. Como no desenho acima, pois além das pessoas há um cenário. Também nos mostra transparência, quando desenha uma caixa de tesouro (a direita da folha) e a tampa tem linhas uma em cima da outra; e as raízes das flores que não precisavam ser mostradas, mas no desenho estão abaixo da linha de chão. Ainda não tem muita noção de profundidade (como mostra o “lago” ao lado da menina). E para Lowenfeld ele está na Esquemática, pois já ocorre o aparecimento da linha de base, o que possibilita uma melhor coordenação no desenho: objetos no chão e objetos no céu. Nessa idade “a criança dispõe os objetos que está retratando numa linha reta, em toda a largura da margem inferior da folha de papel”. (Lowenfeld, 1977, pág. 55). E isso é o que mostra na fig. 4, esta criança fezuma linha em toda margem inferior e desenhou cada objeto seguido do outro. As pessoas eram o centro do desenho e eles foram colocados entre os outros objetos. Já na fig. 5, vemos que a criança E., está no Estágio Esquemático, pois ela já desenvolveu o conceito de forma e seus desenhos são representativos, descritivos e organizados; percebe-se que ele está com as linhas todas retas, apesar do uso de réguas e lápis coloridos. Tem noção de chão e céu e seus desenhos tem ligações uns com os outros, já aparenta estar indo pra fase do realismo, pois não é visto transparências. 10 anos: Figura 6 – A.C. = Criança de 10 anos Na fase Realismo (visual) a criança perde a espontaneidade dos desenhos, pelo apego maior à realidade. O desenho de A.C. é de um homem feliz por estar em um ambiente próximo à natureza. Para Piaget, o desenho representa o pensamento, e nesta representação, de acordo com a sua teoria, esta criança está na fase de Operações Concretas do Esquematismo, pois já existe o conceito definido de figura humana; segundo Luquet, o desenho infantil expressa a representação da imitação da realidade, e de acordo com a sua teoria essa criança está na fase do Realismo Intelectual, pois ela já sabe o que desenha, e o faz de forma deliberada e consciente, reproduzindo o que vê, e em seu desenho a figura masculina possui roupas de um homem jovem e moderno. Lowenfeld destaca em sua obra que a criança aprende a fazer traços a partir de observações feitas em outros desenhistas, e isto torna-se importante para pais e professores incentivarem o aperfeiçoamento da criação, no intuito de aumentar a sua autoconfiança. De acordo com a teoria de Lowenfeld, o desenho de A.C representa a estágio do Realismo, em que a criança tem maior consciência de si mesma e, portanto, existe uma autocrítica que faz com que haja uma preocupação em relação a certos detalhes, e procura esboçar objetos e seres como são vistos, porém é o período em que ela perde o interesse e o poder de criação, devido à criticidade. Conclusão O desenvolvimento progressivo do grafismo infantil implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais das garatujas para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os símbolos. Essa passagem é possível graças as interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas. Inicialmente, a criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir tudo que ela sabe do mundo. No decorrer da simbolização, a criança incorpora progressivamente regras ou códigos de representação de imagens, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para imprimir o que vê. É assim que, através do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos. A produção do grafismo é de grande importância no desenvolvimento infantil e deve ser incentivada através da oferta de variedade de materiais para possibilitar o enriquecimento da atividade. Através do desenho, a criança se comunica, expressando seus sentimentos, suas impressões do mundo em que vive, desenvolvendo suas habilidades. O ato de desenhar está em constante evolução e cada criança tem o seu respectivo tempo. No começo os desenhos são sem intenção, mas a medida que a criança cresce, ela deseja ser compreendida. Deixar mensagens é primordial desde as épocas passadas, pois nós, seres humanos, sempre procuramos deixar registradas nossas histórias, desejos, conflitos e pensamentos a outras pessoas. Referências Bibliográficas MEREDIEU, Florence de. O desenho infantil. 11 ed. São Paulo, 2006. Editora Cultrix. PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. Grafismo Infantil: linguagem do desenho.
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