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Aula 10 – Concorrência monopolística Bibliografia: PINDYCK, R.S.; RUBINFELD, D.L. Microeconomia. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. (Capítulo 12) Profa. Francieli Tonet Entre concorrência perfeita e monopólio Dois extremos: Competição perfeita: muitas empresas vendem produtos idênticos; não há barreiras à entrada. Monopólio: apenas uma empresa; há barreiras à entrada. Entre esses extremos: competição imperfeita Concorrência monopolística: muitas empresas vendem produtos diferenciados; não há barreiras à entrada. Oligopólio: poucas empresas oferecem produtos que podem ou não ser diferenciados; há barreiras à entrada. Concorrência monopolística É semelhante ao mercado de concorrência perfeita em dois aspectos: Há muitas empresas; Não há barreiras à entrada de novas empresas. O poder de monopólio surge devido às seguintes características: Diferenciação de produtos: cada empresa vende uma marca ou versão de um produto que difere em termos de qualidade, aparência ou reputação dos demais produtos no mercado; Assim, a firma individualmente se defronta com uma curva de demanda negativamente inclinada, ou seja, é formadora de preços; Assim como no monopólio, a firma irá ajustar a quantidade produzida com base na sua estrutura de custo e definirá um preço a ser cobrado condizente com a curva de demanda com que se defronta. Concorrência monopolística no Curto Prazo Preço 𝑄𝑄𝑀𝐴𝑋0 Demanda Custo total médio Receita marginal Custo Marginal Lucro da firma no Curto Prazo: 𝜋𝑀 = 𝑃 − 𝐶𝑇𝑀 𝑄 P Custo Total Médio Concorrência monopolística no Curto Prazo Preço 𝑄𝑄𝑀𝐴𝑋0 Custo total médio Receita marginal Custo Marginal Prejuízo da firma no Curto Prazo: 𝜋𝑀 = 𝑃 − 𝐶𝑇𝑀 𝑄 P Custo Total Médio Demanda Concorrência monopolística no Longo Prazo Quando as empresas apresentam lucro, há incentivo para que novas empresas entrem no mercado; No longo prazo, à medida que marcas concorrentes entram no mercado, a demanda com que as empresas se defrontam diminui (a curva será deslocada para baixo), reduzindo os lucros; Inversamente, quando as empresas apresentam prejuízos, há incentivo para a saída do mercado. À medida que algumas empresas deixam o mercado, as remanescentes passam a ter lucros crescentes com o aumento da demanda; Esse processo de entrada e saída continua até que as empresas do mercado tenham lucro econômico exatamente igual a zero. Concorrência monopolística no Longo Prazo 𝑄𝑄𝑀𝐴𝑋0 Demanda Custo total médio Receita marginal Custo Marginal P Preço = Custo Total Médio Concorrência monopolística no Longo Prazo Assim, no equilíbrio de Longo Prazos: Como no mercado monopolista, o preço é superior ao custo marginal. Porque a maximização do lucro requer que a receita marginal seja igual ao custo marginal, e como a demanda tem inclinação negativa a receita marginal é inferior ao preço, de tal forma que o preço cobrado fica acima do custo marginal de produção. Como no mercado competitivo, livres entradas e saídas levam a lucro econômico zero no longo prazo, isto é, o preço é igual ao custo total médio. Concorrência monopolística e Eficiência Econômica Há duas fontes de ineficiência em um setor monopolicamente competitivo: O preço de equilíbrio é maior do que o custo marginal: a soma total de excedente do consumidor e do produtor não é maximizada. O valor atribuído pelos consumidores a unidades adicionais do produto é maior do que o custo de produção dessas mesmas unidades, ou seja, há uma perda de excedente do consumidor; A empresa opera abaixo da escala eficiente: o nível de produção é menor do que o nível capaz de minimizar seu custo médio, isto é, há capacidade ociosa, de modo que o ponto de lucro zero ocorre à esquerda do custo médio mínimo. Concorrência Monopolística versus Concorrência Perfeita no Longo Prazo 𝑄0 Demanda Custo total médio Receita marginal Custo Marginal 𝑃 𝑃𝐶𝑀 𝑄𝐶𝑀 𝐶𝑀𝑔 𝑄∗ 𝑄0 Demanda Custo total médio Custo Marginal 𝑃 𝑃∗ 𝑄∗ Capacidade Ociosa Quantidade produzida = escala eficiente Concorrência Monopolística Concorrência Perfeita 𝑃 − 𝐶𝑀𝑔 = 𝑀𝑎𝑟𝑘𝑢𝑝 Concorrência monopolística e Eficiência Econômica A concorrência monopolística seria, então, uma estrutura indesejável de mercado? A resposta seria provavelmente não, por dois motivos: 1. Na maioria dos mercados com tal estrutura, o poder de monopólio é pequeno: Geralmente há um número satisfatoriamente grande de empresas competindo, de tal modo que nenhuma tenha substancial poder de monopólio; Sendo assim, as perdas de excedente serão também pequenas; Além disso, as curvas de demanda tendem a ser razoavelmente elásticas, de modo que a capacidade ociosa deverá ser também pequena. 2. Qualquer ineficiência deve ser confrontada com um importante benefício que essa estrutura oferece: a diversidade de produtos. Os consumidores, em geral, valorizam o fato de poder escolher entre uma ampla variedade de produtos e marcas. Os ganhos podem facilmente superar os custos resultantes das ineficiências geradas. Diferenciação de produtos Em alguns mercados monopolicamente competitivos pode haver pouca diferenciação de produto: cada empresa desejará tornar seu produto semelhante ao da outra para roubar seus clientes; Por outro lado, modelos de competição monopolística onde há diferenciação excessiva de produtos são comuns: Cada empresa tenta convencer os consumidores de que seu produto é diferente dos produtos das concorrentes; Se as empresas conseguirem convencer que seus produtos não têm substitutos próximos, conseguirão cobrar um preço maior por eles; Isto é, quanto maior o nível de diferenciação maior será o poder de mercado. Isto leva as empresas a investirem pesadamente na criação de uma marca com uma identidade forte, por meio da publicidade. Publicidade Na competição monopolística, a diferenciação de produtos e a marcação de preços levam naturalmente ao uso de publicidade. Em geral, quanto mais diferenciados são os produtos de uma empresa, maior será o investimento em publicidade. A publicidade é boa ou ruim para a sociedade? Ela aumenta ou diminui o poder de mercado? Publicidade De acordo com os críticos da publicidade : Empresas de propaganda manipulam as preferências das pessoas. A publicidade dificulta a competição. Muitas vezes, a publicidade tenta convencer os consumidores de que os produtos são mais diferenciados do que realmente são, o que leva as empresas a cobrarem mais de seus clientes. De acordo com os defensores da publicidade: As empresas utilizam a publicidade para oferecer informações aos clientes. Essas informações permitem que os clientes façam escolhas melhores sobre o que comprar. Assim, a publicidade promove a concorrência e reduz o poder de mercado. Publicidade como sinal de qualidade A disposição da empresa em gastar uma grande soma de dinheiro em publicidade pode, por si só, ser um sinal para os consumidores sobre a qualidade do produto ofertado, independentemente do conteúdo dos anúncios. Os anúncios podem convencer os clientes a experimentar um produto uma vez, mas este deve ser de alta qualidade para que as pessoas passem a consumi-lo com frequência. Anúncios mais caros só valerão a pena se conseguirem fidelizar os consumidores. Quando veem anúncios caros, os consumidores entendem que o produto é de qualidade, pois a empresa investiu muito dinheiro em publicidade. Marcas Se uma empresa é dona de uma marca, em geral gasta mais em publicidade e cobra um preço mais alto por seu produto.De acordo com os críticos das marcas: As marcas fazem que os consumidores vejam diferenças que, na verdade, não existem. A disposição dos consumidores para pagar mais pelo bem de marca é uma forma de irracionalidade alimentada pela publicidade. De acordo com os defensores das marcas: As marcas fornecem aos consumidores informações sobre a qualidade. As marcas dão às empresas um incentivo à manutenção da qualidade, para proteger a reputação de suas marcas.
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