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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
serviço social
a eficácia da aplicação das medidas socioeducativas em relação ao adolescente infrator: desafio para o serviço social
VALDENIRA PEDROSA BIZERRA
SOUSA – PB
2016
VALDENIRA PEDROSA BIZERRA
a eficácia da aplicação das medidas socioeducativas em relação ao adolescente infrator: desafio para o serviço social
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Professor Orientador: Prof.ªMs. Amanda Boza c. Gonçalves.
SOUSA – PB
2016
VALDENIRA PEDROSA BIZERRA
A EFICÁCIA DA APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM RELAÇÃO AO ADOLESCENTE INFRATOR: DESAFIO PARA O SERVIÇO SOCIAL
Aprovado em _____/_____/______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
ProfªMs. Amanda Boza C. Gonçalves
Orientadora
______________________________________________
Nome Completo (Orientador)
Titulação - Instituição 
______________________________________________
Nome Completo (Orientador)
Titulação - Instituição 
CONCEITO FINAL _________________________
Dedico este trabalho a Deus.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
Sou muito grata ao meu querido pai Jose Pedrosa pelo apoio incondicional, por ser tão amoroso e amigo estando sempre pronto a me ouvir e orientar em todos os momentos que precisei. Pai, eu te amo e desejo me realizar nesta profissão e dar muito orgulho à minha família.
Quero agradecer também a meu filho José Edvaldo que me iluminou de maneira especial meus pensamentos me levando a buscar mais conhecimentos.
Aos professores que me acompanharam durante toda a graduação.
Agradeço aos meus irmãos, que amo tanto, por todo o apoio, quando se dispuseram a me ouvir, na minha euforia ou na minha frustração, durante vários momentos desta trajetória.
Em especial dedico a realização deste trabalho a minha mãe Maria Das Dores, que está no céu e que deixou muitas saudades, mas que sei que sempre me olhou para que não permitisse que eu desanimasse. E foi sempre pensando nela que busquei forças para continuar, quando muitas vezes fui tomada por um sentimento fatalista, sentindo-me perdida e inquieta. Nos momentos em que fui tomada pela contradição que se expressa no Serviço Social, busquei forças nos ideais da minha querida mãe, para que eu não desistisse, pois sei que ela sempre desejou que eu realizasse algo que me fizesse feliz.
BIZERRA, Valdenira Pedrosa. A eficácia da aplicação das medidas socioeducativas em relação do adolescente infrator: desafio para o serviço social. 2016. 51p. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Sousa, 2016.
RESUMO
Este trabalho focaliza em analisar os direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), concernentes aos adolescentes. O tema da pesquisa tem relação direta com as medidas socioeducativas que são aplicadas aos adolescentes infratores. Faz uma reflexão acerca da Teoria da Proteção Integral frente à Constituição Federal. Com a definição do conceito de criança e adolescente e a análise dos métodos de aplicação das medidas socioeducativas e de apuração do ato infracional, pôde-se constatar que as referidas medidas não vêm sendo aplicadas de acordo com o caráter pedagógico estabelecido pelo ECA. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo é uma articulação entre as esferas de governo que visa o reordenamento das medidas transcritas no Estatuto da Criança e do Adolescente, além de nos apresentar parâmetros meramente compatíveis ao Serviço Social. É indispensável á compreensão da demanda do adolescente autor de ato infracional como uma grande discussão, a de que pelos olhos da população e pelo seu julgamento ele é só mais um na multidão do crime e não também como uma vítima. Assim sendo, essa demanda passa a ser persistente para o Serviço Social, visto que, a profissão visa, entretanto, a igualdade social. Embora esta legislação seja bastante rica em garantir os direitos da criança e do adolescente, as Políticas Públicas implementadas pelo Estado, somadas às ações da família e da sociedade não têm surtido o efeito esperado na recuperação e ressocialização dos mesmos, devido à utilização de métodos ultrapassados e locais inadequados em sua implantação, gerando um aumento na reincidência da prática do ato infracional. Desta forma, evidencia-se a necessidade de uma análise aprofundada sobre a forma como são aplicadas as medidas socioeducativas e as reações positivas e negativas que estas geram aos adolescentes, levando em conta o resultado atingido nos adolescentes e na sociedade como um todo.
Palavras-chave:Atos Infracionaionais, Eficácia, Medidas Socioeducativas, Estatuto da Criança e do Adolescente.
BIZERRA, ValdeniraPedrosa. The effectiveness of the implementation of socio-educational measures against the violator teenager: a challenge for social service. 2016. 51p. Work Baccalaureate Completion of course in Social Work - Centre for Applied Business and Social Sciences, University of Northern Paraná, Sousa, 2016.
ABSTRACT
This paper focuses on analyzing the rights set out in the Child and Adolescent (ECA), concerning adolescents. The theme of the research is directly related to the socio-educational measures that are applied to juvenile offenders. It is a reflection on the Theory of Integral Protection against the Federal Constitution. With the definition of the concept of child and adolescent and analysis of methods of application of socio-educational and determination of the violation measures, it was possible to determine that such measures are not being implemented in accordance with the pedagogical established by ECA. The National System of Socio-Educational Services is a link between levels of government aimed at reordering the steps printed in the Statute of Children and Adolescents, and the present merely supported the Social Service parameters. It is essential to the understanding of the adolescent who demand an infraction as a major discussion, that the eyes of the population and at his trial he is just another crime in the crowd and not also as a victim. Therefore, this demand becomes persistent for Social Service, since the profession aims, however, social equality. Although this legislation is very rich in ensuring the rights of children and adolescents, the Public Policy implemented by the State, together with the actions of the family and society have not had the expected effect on the recovery and rehabilitation of the same due to the use of outdated methods and inappropriate places in its implementation, generating an increase in the recurrence of the practice of an infraction. Thus, it is evident the need for a thorough analysis of how social and educational measures are applied and the positive and negative reactions that generate these adolescents, taking into account the results achieved in adolescents and in society as a whole.
Keywords: Acts Infracionaionais, effectiveness, socio-educational measures, the Child and Adolescent Statute.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Art. - Artigo
CC - Código Civil 
CRAS - Centro de Referência de Assistente Social
CF -Constituição Federal
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social
CRESS -Conselho Regional de Serviço Social
ECA -Estatuto da Criança e do Adolescente
FEBEM -Fundação Estadual do Bem estar ao Menor
LA -Liberdade Assistida 
MS – Ministério da Saúde
ONG -Organização Não Governamental
SAM -Serviço de Assistência ao Menor
SINASE -Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
	
INTRODUÇÃO
A promulgação da Constituição Federal, em 1988,com a inclusão dos artigos 227 e 228 fazendo referência aos direitos das crianças e dos jovens, acompanhamos uma mobilização de diversos grupos, movimentos sociais e instituições com o objetivo de criar uma nova legislação, em substituição ao Código de Menores de 1979, incorporando os princípios da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Como resultado de intensas lutas e embates, sob a pressão de organismos internacionais e de movimentos sociais brasileiros, promulga-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, a partir da criação da lei 8.069/90 (LEMOS, 2009). 
É notória a preocupação de alguns legisladores em relação á elaboração de medidas socioeducativas de cunho recuperativo, explicada pelo fato de o adolescente ainda ser o indivíduo em processo contínuo de construção da personalidade, que por um motivo ou outro, comete ato infracional, mas que tem a possibilidade de ser resgatado para uma sociedade mais justa no futuro, afastando-o da grande possibilidade de continuar a praticar atos-infracionais – a essa altura caracterizando como crime quando se torna imputável. 
O assistente social é um profissional capacitado em desvelar a realidade concreta que está encoberta diante das complexidades, e assim construir estratégias que intervém com êxito nas particularidades dos adolescentes que cometeram ato infracional, tendo referência um projeto ético-politico crítico da profissão.Portanto, o Assistente Social tem como missão garantir direitos sociais, e dentro dessa concepção o seu trabalho se estabelece também no acompanhamento na execução da medida socioeducativa. É nesse âmbito que o profissional tem a possibilidade de contribuir com o atendimento do adolescente e de sua família, dando a eles condições de entender a medida socioeducativa e o processo no qual estão inseridos.
A análise foi feita através do estudo dos direitos do adolescente infrator, seus deveres, sua relação familiar, comunitária e também pela pesquisa de alguns fatores que indicam as causas da prática do ato infracional.Procedeu-se à abordagem, de forma ideológica, de quais seriam as melhores formas de reeducar o adolescente infrator e reinseri-lo no meio social e também uma abordagem acerca das medidas de proteção e das socioeducativas implementadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, e os métodos de sua aplicabilidade pelas autoridades competentes na tentativa de recuperação e ressocialização das crianças e adolescentes que cometem ato infracional.
Diante disso, o estudo tem como finalidade conhecer a eficácia da aplicação das medidas socioeducativas em relação ao adolescente infrator e os desafios para o serviço social; destacar as disposições preliminares dos princípios norteadores dos direitos da criança e do adolescente; apresentar os direitos fundamentais da criança e do adolescente; identificar as medidas sócioeducativas em espécie ao adolescente infrator. 
Partindo de toda essa discussão a pesquisa foi pensada mediante a necessidade de abordar esse tema tão pouco discutido no contexto do serviço social, bem como, apresenta-lo à sociedade de forma esclarecedora, demonstrando assim a sua relevância tanto acadêmica quanto social. O que demonstra a responsabilidade de pesquisas dessa natureza, visto que, ao abordar algo tão complexo como é a questão das infrações realizadas na adolescência, faz-se com que seja pensado os verdadeiros direitos das crianças e dos adolescentes, como também os seus deveres frente a sociedade. 
Desse modo, alguns questionamentos se fazem necessários, como: qual a eficácia da aplicação das medidas socioeducativas em relação ao adolescente infrator? Quais os desafios para o serviço social? Quais os direitos fundamentais da criança e do adolescente? Quais as medidas sócioeducativas para o adolescente infrator?
Quanto à classificação metodológica da pesquisa, a mesma trata-se de uma revisão bibliográfica feita através da coleta de livros, de matérias publicadas em jornais, revistas, boletins, sites da internet, de forma a garantir um método lógico ao estudo, com abordagem descritiva. 
No que se refere ao estudo bibliográfico, Cervo; Bervian; Silva (2007), relatam que praticamente todo o conhecimento humano pode ser disponível em livros ou em outros impressos. Quanto à natureza, esses documentos bibliográficos podem ser: primários – quando coletados em primeira mão, como pesquisa de campo, testemunho oral, depoimentos, entrevistas, questionários, laboratórios; secundários – quando são colhidos em relatórios, livros, revistas, jornais e outros impressos, magnéticos ou eletrônicos.
A pesquisa descritiva se trata da observação dos fatos, onde é possível registrá-los, analisá-los e interpretá-los, sem que haja a interferência do pesquisador, buscando conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica, e nos demais aspectos do conhecimento humano, desenvolve-se principalmente nas ciências humanas e sociais (ANDRADE, 2006; CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Os capítulos a seguir irão abordar inicialmente as disposições preliminares dos princípios norteadores dos direitos da criança e do adolescente, destacando os princípios básicos do ECA, os conceitos de criança e adolescente, a Teoria da Proteção Integral Frente à Constituição Federal de 1988, os direitos fundamentais da criança e do adolescente e a integração do Estado com a Sociedade; em seguida o destaque será a participação do profissional do serviço social em relação a proteção social da criança e do adolescente e a atuação do assistente social em algumas situações com adolescentes em cumprimentos de medidas socioeducativas; será abordada também a prática do ato infracional do adolescente com ênfase ao perfil do adolescente infrator, a definição de ato infracional e os procedimentos de apuração do ato infracional cometido pelo adolescente; e por fim, as medidas socioeducativas em espécie ao adolescente, bem como, a análise das eficácias dessas medidas. 
ll DISPOSIÇÕES PREMILINARES DOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
2.1 Princípios básicos do Estatuto da Criança e Adolescente
	
O Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe várias mudanças, a que mais se destaca foi a substituição do termo menor pelos termos criança e adolescente sujeitos de direitos, direitos estes entendidos em sua totalidade contemplando desta forma independentemente de sua condição social a garantia de prioridade absoluta.
Lemos (2009), destaca que o Estatuto, chamado também de ECA, foi assinado por Fernando Collor de Mello, primeiro presidente brasileiro eleito pelo voto direto, após a ruptura com a Ditadura Militar e a emergência de um processo de transição política para a democratização do país. Este Presidente disparou um conjunto de práticas referentes aos direitos de crianças e jovens tentando apagar ou deixar opaca a participação dos movimentos sociais na construção do ECA.
A legislação pretérita que regulava as normas das crianças e adolescentes nada mais era do que um “Código Penal do Menor”, haja vista que as medidas aplicadas eram verdadeiras sanções, sendo as medidas de proteção unicamente um disfarce. Nenhum direito ou apoio à família continha em seu bojo. Os melhores tinham seus direitos privados, isso é fato.
Silveira (2012) destaca que a declaração do ECA foi um importante ordenador jurídico para a defesa dos direitos da infância e juventude, especialmente com inovações no campo de atuação do Ministério Público (MP) para a garantia do direito da criança e do adolescente, desse modo, foi possível incluir nesse conjunto o direito à educação, definindo-se como período de análise das decisões a partir de sua implantação. Contribuiu para essa escolha o fato de o ECA ser utilizado como um dos principais fundamentos legais nas ações judiciais versando sobre o direito à educação.
De acordo com Liberati (1995, p 14):
A nova teoria, baseada na total proteção dos direitos infanto-juvenis, tem seu alicerce jurídico e social na Convenção Internacional sobreos direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de Novembro de 1989. O Brasil adotou o texto, em sua totalidade pelo Dec. 99.710, de 2.11.90, após ser retificado pelo Congresso Nacional.
Muitas legislações foram criadas e implantadas no Brasil, com o intuito de frear o avanço da criminalidade infantil, contudo, pois cada uma no seu tempo foi se mostrando ineficaz. Entretanto, mesmo sendo as legislações muito criticadas e ineficazes à época, certamente contribuíram, de forma incisiva, na evolução do direito da criança e do adolescente dos dias atuais. 
É preciso, pois, fazer com que os direitos e garantias legais e constitucionais assegurados a crianças e adolescentes sejam melhor conhecidos, compreendidos e, acima de tudo, cumpridos, para o que é fundamental uma visão global do “microssistema” que a Lei nº 8.069/1990 encerra e das disposições correlatas contidas na Constituição Federal e outras normas, inclusive de alcance internacional que, em última análise, integram o “Direito da Criança e do Adolescente”. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece normas de proteção e reeducação aos jovens até os 18 anos de idade, impondo normas especiais para os inimputáveis, como fica exposto no Código Penal de 1940, atualmente em vigor.
2.2 Conceitos de Criança e Adolescente
Os dicionários da língua portuguesa registram a palavra infância como o período de crescimento que vai do nascimento até o ingresso na puberdade, se estendendo até os doze anos de idade. Um outro conceito emitido pela Convenção sobre os Direitos da Criança diz que criança são todas as pessoas menores de dezoito anos de idade. Já para o Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é considerada a pessoa até os doze anos incompletos, enquanto entre os doze e dezoito anos, idade da maioridade civil, encontra-se a adolescência. (FROTA, 2007).
Segundo o Estatuto da criança e do adolescente em seu artigo 2º: 
Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade (BRASIL, 2015, p. 11).
Já a adolescência, ainda segundo Frota (2007), pode ser entendida como sendo o período da vida humana entre a puberdade e a adultície, a palavra adolescência vem do latim adolescentia, adolescer. É comumente associada à puberdade, palavra derivada do latim pubertas-atis, referindo-se ao conjunto de transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência. Esta perspectiva prioriza o aspecto fisiológico, quando consideramos que ele não é suficiente para se pensar o que seja a adolescência. 
Saraiva (2006, p. 18), diz que:
Pelo novo ideário norteador do sistema, todos aqueles com menos de 18 anos, independentemente de sua condição social, econômica ou familiar, são crianças (até doze anos incompletos) ou adolescentes (até 18 anos incompletos), nos termos do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, e passam a ostentar a condição de sujeitos de direitos, trazendo no bojo dessa conceituação a superação do paradigma da incapacidade para serem reconhecidos como sujeitos em condição peculiar de desenvolvimento (art. 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente). Oportuno lembrar que a implementação da idade se dá a zero hora do dia do correspondente nascimento, de modo que uma criança se faz adolescente a zero do dia em que completará doze anos.	
A partir do século XVIII houveram tentativas no sentido de definir o que é adolescência, mas foi no século XX que isto começou a se concretizar pelo fato de ter havido um olhar diferenciado acerca do que o adolescente pensa, das mudanças físicas e psíquicas que ocorriam nos mesmos. 
A noção de infância e adolescência foi construída cultural e historicamente ao longo dos tempos. Na sociedade medieval não havia a devida consideração pela infância, pois as crianças não eram tratadas com afeto, não se tinha o devido cuidado com a educação e higiene das mesmas, havendo uma alta taxa de mortalidade. A adolescência é marco determinante no desenvolvimento da personalidade do indivíduo em sua relação com o mundo.
2.3 A Teoria da Proteção Integral Frente à Constituição Federal de 1988
No que se refere especificamente do Direito da Criança e do Adolescente, caberia reconhecer a necessidade de buscar esses dois fundamentos para tal direito: a norma e a legitimidade da norma. Isso porque mesmo o tendo reconhecido Direito da Criança e do Adolescente — expresso em Leis— a legitimidade desse muitas vezes é posta em questão, principalmente nessa época em que se fortalece, por meio de divulgação midiática, uma percepção de ineficácia principalmente no combate a violência juvenil (ROSA; TASSARA, 2012). 
Há possibilidades concretas para se demonstrar que as forças que constituíram a Teoria da Proteção Integral resultaram em grande parte da contraposição da doutrina da situação irregular e da doutrina da proteção integral produzindo algo diferente, com magnitude capaz de consolidar elementos com capacidade suficiente para afirmar o Direito da Criança e do Adolescente como um campo jurídico aberto de possibilidades, mas seguro quanto às suas diretrizes, princípios, regras e valores.
Devido ao grau de aproximação, é na família que se torna perceptível a existência das necessidades sociais, físicas, psicológicas, e morais dos adolescentes, haja vista essa relação permitir esse relacionamento. Todavia, nosso ordenamento maior atribui essa responsabilidade concomitante ao Estado e a sociedade, tendo em vista que algumas mazelas oriundas de rompimentos psicológicos, afetivos e desvio de condutas dos adolescentes são inexoravelmente espelho da sociedade, em que estão vivendo, sendo assim o Estado e a sociedade tem a obrigação de zelar para que estas pessoas não se tornem delinquentes.
Conforme o ilustre Donizeti Liberati (2003, p. 113):
Antes do Estatuto, as medidas aplicadas aos menores infratores visavam, sobretudo, sua proteção, tratamento e cura, como se eles fossem portadores de uma patologia social que tornava insustentável sua presença no convívio social. O pior disso é que esses menores não eram considerados sujeitos de direitos, mas objeto de atividades policiais e das políticas sociais.
A Proteção Integral tem como fundamento a ideia que a criança e o adolescente frente à família, ao Estado e a sociedade são sujeitos de direitos. Esgota a ideia de que crianças e adolescentes sejam meros objetos em nossa sociedade, inserindo-os 14 como pessoas que possuem direitos, como todos os sujeitos, bem como desfrutar de direitos especiais, consequência da situação que possuem de pessoas em desenvolvimento.
2.4 Integração do Estado com a Sociedade
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) pode ser compreendido com um instrumento de Lei, utilizado para que o direito a vida e à saúde, à liberdade, ao respeito e à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à educação, a cultura, ao esporte e ao lazer da criança e do adolescente sejam respeitados. 
Com a entrada em vigor da Lei 8.069/90 (ECA), apareceram algumas dificuldades para a sua aplicação, o que acontece com todas as leis; mas esta, com certa peculiaridade, porque há a necessidade da integração dos Três Poderes que atuam em cada cidade, assim como da comunidade. 
Nas palavras de Carvalho (1997, p. 3-4):
Todo teor estatutário demonstra a necessidade de uma integração total do Estado com a Comunidade, do Município com sua população, para que as questões relativas à infância e à juventude sejam bem solucionadas; assim, não basta a norma legal e a vontade isolada da Administração Municipal ou da Sociedade [...] Exige-se que Estado e Sociedade trabalhem juntos. 
O ECA não pode ser encarado como uma lei comum como as outras , com aplicação idêntica em todo o pais. Caberá ao município e seus habitantes estudare tratar dos problemas de suas crianças e adolescentes, porque eles são os administradores da cidade. Afora isso, o Poder Judiciário, juntamente com a população, que tem conhecimento dos problemas dos seus adolescentes e, por isso eles tem mais poder para tratar com mais particularidade o assunto. 
Há aqui uma diferença do antigo Código de Menores, que discorria sobre o tema como se o Brasil fosse um País pequeno, e sem nenhum problema cultural. O antigo Código, também tratava dos menores em situação irregular, descrita no art. 2º. Com o novo Estatuto, passou a cuidar dos adolescentes, independentemente de sua situação (no art. 2º do ECA).
2.5 Os direitos fundamentais da criança e do adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente significou uma total ruptura com a legislação anterior que tratava da questão menorista – Lei nº 6697, de 10 de outubro de 1979 – posto que adotou como referencial doutrinário o Princípio da Proteção Integral em direção oposta ao princípio da situação irregular que vigorava na legislação revogada. Tais doutrinas estão assentadas nos seguintes princípios:
Doutrina da Situação Irregular: para essa doutrina, os menores 1 apenas são sujeitos de direito ou merecem a consideração judicial quando se encontrarem em uma determinada situação, caracterizada como “irregular”, e assim definida em lei.
Doutrina da Proteção Integral: representa um avanço em termos de proteção aos direitos fundamentais, posto que calcada na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, tendo, ainda, como referência documentos internacionais, como Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, aos 20 de novembro de 1959, as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude- Regras de Beijing ­ Res. 40/33 de 29 de novembro de 1985, as Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da delinquência juvenil ­ Diretrizes de Riad de 1 de março de 1988 e a Convenção sobre o Direito da Criança, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e aprovada pelo Congresso Nacional Brasileiro em 14 de setembro de1990 (FERREIRA; DOI, 1999, p. 2).
Com relação às doutrinas apresentadas acima, nota-se que a Doutrina da Situação Irregular garante aos sujeitos menores o direito a consideração judicial; e a Doutrina da Proteção Integral representa um avanço aos termos de proteção aos direitos fundamentais. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecido como ECA, Lei nº 8069/90, de forma objetiva, atribui em seu artigo 4º, como dever da família, ao lado da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público, assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária. Consolidando como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, todos os direitos fundamentais, dentre os quais, o direito à convivência familiar (BRASIL, 2015). 
De acordo com Gesse (2001, p. 03), a "Doutrina da Proteção Integral da Criança" encontra-se contemplada no artigo 227, "caput", da nossa Lei Fundamental que impõe à família, à sociedade e ao Estado o dever de "assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta primazia, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Sousa; Paravidini (2011) salientam que apesar da singularidade característica de cada uma das histórias de crianças em situação de acolhimento institucional, um contexto abrangente se apresenta, uma jornada marcada por violências, negligências, abandonos, sejam eles físicos ou psíquicos. Causados geralmente, em virtude, de uma instituição familiar que carrega consigo condições de vida precárias, também marcadas, muitas vezes, pelos mesmos infortúnios vivenciados pelas gerações de filhos, como uma corrente que se arrasta demarcando e limitando destinos.
Outro caso comum de ocorrência do trabalho infantil é dentro de casa. Muitas crianças acabam tendo que realizar uma carga muito grande de afazeres domésticos, o que pode se configurar, também, como infração penal. Caso a criança apenas ajude os pais a organizar a própria casa, como tarefa educativa, não se configura como trabalho infantil e, portanto, não é crime. O trabalho infantil prejudica a saúde e a vida escolar da criança em troca de salários irrisórios. Quando ele ocorre, a criança éexploradano seu presente e tem inviabilizado seu futuro. Quem explora o trabalho infantil viola o artigo 227 da Constituição Federal e pratica um ato dediscriminação, negligência, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 2015).
No seu artigo 18 o ECAesclarece o que significa o direito ao respeito e a um tratamento digno, direitos que são violados sempre que crianças e adolescentes são vítimas do trabalho agressivo e explorador. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor(BRASIL, 2015).
III A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL EM RELAÇÃO COM A PROTEÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A Constituição Federal Brasileira de 1988 (CF/88), no seu artigo 8º, dispõe que são direitos sociais e, portanto, dever do Estado: a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância e a assistência aos desamparados. Esses direitos se desdobram em outros tantos, como no que se refere ao direito ao trabalho, o direito à organização sindical e o direito à greve dentre outros. Ainda no que se refere aos direitos sociais, a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) traz como um dos princípios a sua universalização mesmo que fundamentalmente, os direitos sociais seriam para aqueles que estão em condições sociais desiguais em relação aos demais. Nesse âmbito o Estatuto da Criança e do Adolescente rompeu com uma tradicional forma de entender e realizar a assistência à infância e juventude no Brasil, principalmente, ao assegurar a universalização desses direitos, colocando todos aqueles que estão abaixo da idade de 18 anos sob a mesma condição jurídica (ROSA, TASSARA, 2012). 
Com isso, o trabalho do profissional do serviço social, no que se refere aos problemas envolvendo a criança e o adolescente, não é fácil, uma vez que a luta desse profissional, que é liberdade dos indivíduos, sem exploração dos menores pelo homem, não é fácil, vai contra o interesse de uma parte da sociedade, que ganha que cresce em cima do sofrimento do outro. A importância do profissional de Serviço social com a Criança e o Adolescente estão ligados no sentido de nivelar o conhecimento de todos a respeito dos conceitos básicos que envolvem a questão da criança e o adolescente em um sentido amplo, discutindo assim seus direitos, deveres e obrigações a serem cumpridas.
Para proteger a criança e o adolescente, como deseja o CF e o ECA, são necessários que se desenvolvam políticas sociais, par estas. A função do assistente social, a as importâncias dessas questões, consiste na luta da busca de direitos, melhor que a busca a aplicação de direitos, garantidos pela CF e o ECA.A assistência social, como política pública, é primazia do Estado, cujas ações na coordenação, na gestão e no financiamento devem constituir sistema descentralizado e participativo composto pelo Poder Público, pelas entidades e organizações públicas estatais e públicas não estatais, que atuam no campo da assistência social e somam esforços para a superação das desigualdades, da exclusão social na perspectiva da universalização do acesso aos direitos sociais. 
AProteção Social tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Constitui-se em trabalho de orientação, apoio e supervisão visando promover socialmente o adolescente e sua família, inserindo-os se necessário, em programas socioassistenciais governamentais e não governamentais; engloba também a supervisão da frequência e aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; objetiva também o encaminhamento no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho. Ainda com relação, sobre a importância do profissional de serviço social, nas questões da criança e do adolescente, é levar a eles os seus direitos, e integrá-los a programas sociais, assim como acompanhá-los em seu processo de ressocialização.
Com isso, Passini; Merigo (2009), explicam que a Politica Nacional de Assistência Social diz que a Proteção Social Básica tem como público-alvo a família e os indivíduos que vivem em condições de vulnerabilidade social. A proteção Social Básica é atribuição do CRAS, responsável em suas ações por parceria com a rede de serviços sócio assistenciais, buscando se integrar com outras políticas sociais.
Desse modo, observa-se que a proteção social expressa-se tanto no direito do indivíduo em situações de privações, risco e vulnerabilidade ser amparado pelo Estado, quanto na obrigação do Estado em prestar este amparo/proteção, promovendo condições mínimas de bem-estar aos cidadãos que necessitem de sua intervenção, dentre essas as crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidades advindas da inserção precoce no mercado de trabalho.
3.1 O Assistente Social em algumas atuações com adolescentes em cumprimento de medidas sócio-educativas
A discussão do trabalho do assistente social na execução das medidas socioeducativas é uma temática recorrente, mas ainda não se encontram produções teóricas significativas acerca da mesma. Cumpre fazer essa reflexão considerando os pressupostos no projeto ético-político da profissão que, na medida em que se refere a uma construção, envolvendo sujeitos individuais e coletivos, saberes, teóricos e práticos, está orientado por princípios éticos e profundamente relacionados a projetos societários, não sendo então possível desvincular esse projeto ético-político da profissão do contexto social em que está inserido e que se articula com as políticas sociais introduzidas nesse contexto. 
Para Arruda; Pinto (2012), a atuação do Assistente Social é construída a partir dos processos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operacionais apreendidos no contexto histórico e político da produção e da reprodução na/da relação capital-trabalho. O Assistente Social que trabalha em um centro socioeducativo faz parte de uma equipe de trabalho multidisciplinar e desenvolvem ações interdisciplinares junto aos demais profissionais das áreas de conhecimento da Psicologia, da Terapia Ocupacional, da Pedagogia, do Direito e da Enfermagem. Além da atuação interdisciplinar com estes profissionais ainda é necessário uma articulação cotidiana do Assistente Social com os agentes de segurança socioeducativos,professores, auxiliares educacionais, diretores e demais profissionais do centro socioeducativo. 
Discutir, construir e implementar a execução de medidas socioeducativas é um desafio complexo e constante, colocado no cotidiano, para todos os atores sociais envolvidos no processo de trabalho com jovens autores de atos infracionais. Sistematizar a prática desenvolvida pelo Serviço Social em um Centro de socioeducação que executa a medida socioeducativa de internação é uma opção voltada ao relato de um trabalho coletivo e democrático na busca, muitas vezes na contramão do sendo comum social, pela consolidação de direitos: direito a aprendizagem, direito a reconstrução da realidade, direito a percepção de si como sujeito de possibilidades. Concomitantemente busca-se a preparação do jovem para o retorno e o convívio social, a partir da construção de um projeto de vida desconexo de práticas delitivas. 
Atualmente, grande parte da sociedade brasileira encontra-se em um verdadeiro quadro de marginalidade. São nestes quadros que padecem, especialmente, crianças e adolescentes. Essas, são vítimas frágeis e vulneráveis pela omissão da família e da sociedade, principalmente, do Estado, no que tange à assistência dos direitos elementares da pessoa em desenvolvimento. Existe uma dificuldade muito grande em executar a medida socioeducativa em virtude de que, historicamente, a forma de trabalhar com adolescentes autores de ato infracional esteve mais vinculada à contenção, à punição, do que propriamente à educação. A execução da medida, geralmente, primava por ser impessoal e distante, o que comprometia e ainda compromete os seus objetivos. 
Para Arruda; Pinto (2012), o atendimento prestado ao adolescente e ao grupo familiar feito pelo profissional de Serviço Social é um atendimento social, que tem por finalidade identificar os fatores referentes à prática infracional que envolvem trajetória sócio-histórica da família e do adolescente, análise das demandas apresentadas por eles, leitura dessas demandas e identificação de outras demandas que, até mesmo, a família e o adolescente não tenham percebido. É de posse destas informações que o Assistente Social elabora a sua estratégia de intervenção profissional. Ressalta-se que a intervenção profissional é pautada para a efetivação continuada dos direitos sociais e no que tange a especificidade das medidas socioeducativas visa também contribuir para o processo de responsabilização do adolescente. Aqui buscamos esclarecer quanto ao objeto de análise do Serviço Social na medida socioeducativa de internação e o que difere do objeto das demais áreas do saber
O assistente social deve estar engajado em seu conhecimento ético político, através de um conhecimento teórico metodológico para que possa lhe dar com a complexidade desses fenômenos que atua em nossa sociedade. A profissão é interventiva, em que o assistente social necessita de conhecimentos específicos para desenvolver suas ações e compreender as relações que determinam fatos e situações. O assistente social ao detectar fatores que envolvem o adolescente autor de ato infracional deve intervir na realidade desse adolescente com intuito de transformação, através da implantação de projetos, ações e programas, os quais o profissional por intermédio de sua formação profissional esta apto para a realização dos mesmos, com uma postura ética, desenvolvendo suas ações em uma interlocução da teoria e prática.
3.2Desafios do trabalho do Assistente Social na Implementação dosprincípios do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo)
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) representa um avanço, sendo, por isso, imperativo o acompanhamento e posicionamento do Conjunto CFESS-CRESS, especialmente nesse momento, em que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 33/2012) está na pauta da sociedade, propondo a redução da maioridade penal. Na mesma direção, significando intenso retrocesso nos direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estão outros projetos de lei que pretendem ampliar o tempo de internação dos/as adolescentes em conflito com a lei, exigindo nosso sistemático repúdio.
No que tange a relação entre o Serviço Social e a Política de Atendimento Socioeducativo, a inserção e intervenção profissional do assistente social nesta política deve pautar-se, sobretudo, na perspectiva de defesa e garantia dos direitos humanos, tendo em vista o caráter de universalidade, integralidade, interdependência e indivisibilidade de direitos de proteção integral e materialização das políticas públicas e sociais, mediante a articulação e intersetorialidade destas políticas. “Ao assistente social cabe assim á busca por construir com o sujeito um atendimento orientado pelaperspectiva do direito” (FREITAS, 2011, p. 43). 
Neste contexto cruel e contraditório que é a realidade vivida por adolescentes em conflito com a lei, é que a profissão do Serviço Social deve se inserir em grande dimensão, não apenas assumindo cargos próprios de assistentes sociais nas entidades de atendimento, mas também cargos de diretor, coordenador. Já que, é o Serviço Social, a profissão mais capacitada para poder analisar criticamente a singularidade destes adolescentes, intervindo através das mediações sociais em suas particularidades. Exigindo assim, muita competência e postura ética deste profissional para que seu trabalho alcance resultados positivos e sólidos nas relações sociais.
A atitude crítica e criadora do assistente social diante da realidade e dos atores que violentam, é importante por dois motivos fundamentais: a) não permite, pelo menos conscientemente e claramente, que a violência se desenvolva com tranquilidade através da ação profissional; b) cria condições para elaborar e por em prática propostas não violentas. (SILVA, 2006, p.168).
Sendo assim, é extremamente importante que esse profissional se mantenha ativo, ou seja, esteja sempre em um movimento dialético, inquieto na busca de possibilidades para suas ações transformadoras. Tendo como papel exercer o emponderamento deste segmento, ou seja, desenvolver a capacidade natural desses adolescentes de resistir contra as forças dominadoras. 
Os desafios do profissional assistente social na implementação dos princípios e diretrizes previstos no SINASE, alinham-se e delineiam-se aos princípios estabelecidos no Código de Ética do Serviço Social, uma vez que afirmando a defesa dos direitos humanos, a liberdade, a emancipação e autonomia dos sujeitos, a ampliação e consolidação da cidadania, a eliminação de todas as formas de preconceito, além da equidade e justiça social, comprometesse com a transformação da realidade social, considerando a produção e reprodução da vida social, a totalidade social (CFSS, 2005).
Há, certamente, muitos desafios a serem vencidos, o que demanda não apenas da equipe socioeducativa, mas também dos gestores da política da criança e do adolescente da família e da sociedade como um todo, afim de que se estabeleça mudanças no atendimento a esse público. Nesse sentido, verifica-se a importância na atuação dos profissionais de Serviço Social nos centros de socioeducação no sentido de contribuir para defesa do direito e da cidadania do adolescente em privação de liberdade.
Nos termos da lei de execução do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, lei federal nº 12.594/2012 determinada no art. 52 - “o PIA deverá contemplar a participação dos pais ou responsáveis, os quais têm o direito de contribuir com o processo ressocializador do adolescente, sendo esses passíveis de responsabilização administrativa, nos termos do art. 249 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), civil e criminal” e no art. 53 “o PIA será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento, com a participação efetiva do adolescente e de sua família, representada por seus pais ou responsável”. A família neste sentido é convidada a participar de atendimentos técnicos para conhecimento do contexto social e familiar do adolescente e esclarecer sobre questões que possam ter contribuído para a atual situação do adolescente. Nesses momentos a equipe tenta identificar questões subjetivas que também possam ter contribuído para a situação vivida. É a partir dos atendimentos à família que é construído o PIA do adolescente e levantadas ações e estratégias de intervenção pela equipe. Nessa vertente, a família dever ser incluída sempre que couber, em ações que a implique o acompanhamento do cumprimento da medida do adolescente (ARRUDA; PINTO, 2012, p; 8). 
IV A PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL DO ADOLESCENTE
4.1 O Perfil do Adolescente Infrator
A criação de políticas públicas de prevenção à infração juvenil tem sido tema de grande relevância em muitos países, tendo em vista que o ato infracional na adolescência pode acarretar consequências negativas tanto para os jovens como para seu ambiente. No Brasil, o adolescente que comete algum tipo de ato infracional fica submetido às medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei n. 8.069/90. No que diz respeito ao cometimento de atos infracionais, o ECA define diretrizes para a responsabilização dos jovens por meio de medidas socioeducativas, sempre que o ato infracional for cometido antes dos 18 anos. Essas medidas podem ser cumpridas pelo adolescente tanto em liberdade (como no caso da advertência, da prestação de serviços à comunidade e da liberdade assistida) como em regime de internação (por um período máximo de três anos) Lei n. 8.069 (NARDI; JAHN; DELL'AGLIO, 2014). 
Segundo Zappe; Ramos (2010), a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM), criada em 1969, era uma instituição que atendia à Doutrina da Situação Irregular preconizada pelo Código de Menores.No entanto com a criação ECA, coloca-se a necessidade de um processo de reestruturação do trabalho da FEBEM, com vistas à adequação aos novos paradigmas da Doutrina de Proteção Integral. Assim, no ano de 1999 foi separado o atendimento na área de proteção especial (abrigos) e na área da socioeducação. Em 2002, a FEBEM passa a se chamar Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE), sendo o órgão responsável pela execução das medidas socioeducativas de semiliberdade e internação.
Os atos infracionais praticados pelos adolescentes muitas vezes ocorrem pelo meio social em que vivem. Isso acontece não só pelas dificuldades de sobrevivência financeira, mas também porque o Estado deixa a desejar em investimentos na política social básica, ou seja, em saúde, educação, assistência social e outros. Com isso, existindo dificuldades, muitos se voltam para o mundo do crime. A Delinquência juvenil é uma transgressão às leis impostas pela sociedade, por um indivíduo com idade determinada, no Brasil esta faixa compreende-se entre 12 a 18 anos. A delinquência está inscrita como atributo específico de determinados grupos, como os pobres e excluídos.
Zappe; Ramos (2010) dizem que os adolescentes sem dinheiro e sem trabalho, lançam mão de outros mecanismos de obtenção de um lugar social, portando quase que diariamente armas de fogo, que são fortes símbolos visíveis do poder, e tornam-se fetiches nas cinturas de adolescentes franzinos e gatilhos mortíferos em seus dedos.
Não podemos dizer que somente os adolescentes pobres, de um grupo marginalizado, cometem atos infracionais, pois nem todos cometem tais atos, e existem aqueles adolescentes de classe econômica média a alta que cometem atos infracionais. Há quem fale que o indivíduo já nasce com personalidade criminosa, com instinto voltado para o crime, mas não se pode aceitar semelhante posição. A prática dos atos infracionais está relacionada com o meio onde vive a criança ou o adolescente.
4.2 Definição de Ato Infracional
Podemos entender por ato infracional todas as condutas praticadas em desacordo com as normas ditadas para um bom convívio em uma sociedade. De acordo com o art. 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. A imputabilidade penal tem início aos 18 anos de idade. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão às medidas de proteção previstas no artigo 101; ao adolescente infrator aplicam-se as medidas socioeducativas previstas no artigo 112 do ECA.
Para Zappe; Ramos (2010), o adolescente infrator expressa o mal-estar dessa sociedade contemporânea, o que significa que, através de suas condutas delitivas, esses jovens expressam suas aflições e as contradições da própria sociedade. Desse modo, considera-se que a expressão adolescente em conflito seja mais coerente que a expressão adolescente em conflito com a lei, expressão atualmente utilizada no contexto jurídico.
Vale ressaltar que, a condiçãode pessoas protegidas por legislação especial, não desconsidera os atos ilícitos cometidos pelas crianças e adolescentes, não é possível que estes sejam punidos penalmente, entretanto, para que não fiquem impunes pelos atos ilícitos cometidos, faz-se necessária a inserção de meios de proteção, com ações educativas e orientadoras e com finalidade reintegradora para o meio social.
Numa percepção lógica, o adolescente pode ser definido como um indivíduo muito vulnerável devido a essas características citadas anteriormente, pois nos passam um pouco uma ideia de periculosidade. Sendo assim, ele pode cometer certa violência contra o outro, tendo como conceito de “ato infracional”. Esse assunto está sendo muito debatido nos dias atuais pelo fato de ser um problema considerado social e muitas vezes presente em nossas vidas, quando deparamos com essa violência.
4.3 Procedimentos de Apuração do Ato Infracional cometido pelo Adolescente
Procedimento de apuração do ato infracional cuja autoria é atribuída ao adolescente encontra-se normatizado nos art.171 a 190 do Eca, cujas disposições aplicam-se subsidiariamente às regras do processo penal por força do disposto no art. 152 do próprio Estatuto.O adolescenteque praticou algum ato infracional estará sujeito à aplicação de medidas socioeducativas. O procedimento baseia-se em duas audiências, sendo a primeira de apresentação, e a segunda de instrução. É necessário que este procedimento seja observado, para que se respeite a celeridade e a ampla defesa.
Quando o adolescente comete um ato infracional, ocorrerá a ação socio-educativa. Essa ação é de natureza pública incondicionada, ou seja, não depende da vontade do ofendido ou de seu representante legal. A ação sócioeducativa terá essa natureza, independentemente do ato infracional praticado. Com essa ação visa-se que o adolescente, ao alcançar a imputabilidade, não venha a cometer novos delitos, ou seja, busca-se a ressocialização do adolescente.
No que se refere a remissão, trata-se de uma espécie de perdão concedido pelo Promotor de Justiça ou pelo Juiz de Direito, de modo que poderá ser concedida, aplicando-se também alguma medida sócioeducativa, salvo a internação e a semiliberdade.Em qualquer das situações, a hipótese de aplicação do perdão está diretamente ligada com a infração cometida pelo adolescente e as consequências desta, ainda, a personalidade apresentada pelo infrator, e qual foi sua participação na infração, de pequena ou grande relevância.
Liberati (2010, p.144) pondera que: 
O perdão judicial “é um instituto através do qual o juiz, embora reconhecendo a coexistência dos elementos objetivos e subjetivos que constituem o delito, deixa de aplicar a pena, desde que presentes determinadas circunstâncias previstas na lei e que tornam desnecessária a imposição de sanção”. Trata-se de uma faculdade do magistrado, que pode concedê-lo ou não segundo seu critério, e não de direito do réu. 
Sendo assim, verifica-se uma contradição entre as normas gerais e o que vem estabelecido pelo art. 126 do ECA, concedendo o poder de julgar ao Ministério Público, ato, que ao menos deveria ser de competência exclusiva do juiz.O perdão poderá ser aplicado havendo indícios do ilícito, independente de comprovação da responsabilidade do indivíduo. Ocorrendo a extinção do processo através deste instituto, a remissão concedida não será utilizada como antecedentes ou reincidência.
V AS MEDIDASOCIOEDUCATIVAS EM ESPÉCIE AO ADOLESCENTE INFRATOR
5.1 Medidas previstas pelo ECA
O Estatuto da Criança e Adolescente elencou as medidas socioeducativas, que estão previstas no art. 112, do ECA, e são aplicadas aos adolescentes havendo ocorrência de algum ato infracional. O rol desse artigo é taxativo, podendo aplicar somente as medidas previstas nele.
Vejamos o art. 112 do ECA:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Para os adolescentes, poderão ser aplicadas além das medidas socioeducativas, as medidas protetivas previstas no art. 101, I a VI, do ECA. (BRASIL, 2015).
Para os adolescentes, poderão ser aplicadas além das medidas socioeducativas, as medidas protetivas previstas no art. 101, I a VI, do ECA (inciso VII do art. 112, ECA).
Maciel (2006, p. 805) diz que: 
Além do caráter pedagógico, que visa à reintegração do jovem em conflito com a lei na vida social, as medidas socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta à sociedade pela lesão decorrente da conduta típica praticada. Destarte, fica evidente a sua natureza híbrida.
As medidas socioeducativas visam, principalmente, à inserção do adolescente na família e na sociedade, além da prevenção da delinquência. Atualmente, podemos chegar à conclusão de que as medidas socioeducativas têm mais caráter de sanção do que pedagógico, visto que não se tem obtido a ressocialização do adolescente com muito sucesso.
Com relação a advertência, é a mais branda das medidas, constitui em uma advertência verbal que será reduzida a termo, assinada e aplicada pelo Promotor de Justiça ou pelo Juiz, ao adolescente que, pela primeira vez, cometeu ato infracional de pouca gravidade. 
Konzen (2005), explica que a medida de advertência, em geral, banaliza por sua aparente simplicidade e singeleza produz efeitos jurídicos na vida do infrator, porque passará a constar do registro dos antecedentes e poderá significar fator decisivo para a eleição da medida na hipótese da prática de nova infração.
A lei não prevê quantas advertências podem ser aplicadas ao adolescente infrator, mas o entendimento é de que se aplique uma única vez. Se o adolescente vier a cometer outro ato infracional, deve-se aplicar outra medida, sendo proporcional com o delito e observando que já recebeu uma medida de advertência. Se for aplicar a medida de advertência várias vezes, que é uma medida leve, daria a impressão de impunidade, prejudicando a ressocialização do infrator.
No que se refere a obrigação de reparar o dano, O ECA prevê:
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada (BRASIL, 2015, p. 30).
O legislador tratou nesse artigo de atos infracionais que causem danos materiais à vítima. Nesse caso, o adolescente poderá reparar o dano através de restituição da coisa ou ressarcimento do dano, ou também, compensar o prejuízo à vítima. A restituição ocorre quando existe a possibilidade do infrator devolver o bem à vítima, ou seja, retirou de alguma forma a coisa da vítima e esta não se perdeu. Sendo assim, haverá a restituição.
Já o ressarcimento, em caso de não ser possível devolver a coisa, ocorre quando a vítima e o infrator fazem um acordo, substituindo a devolução da coisa por dinheiro. Prefere-se que seja realizado com recursos próprios do menor infrator. Esse acordo será homologado pelo Juiz. Não existindo acordo, o valor poderá ser fixado pela autoridade judiciária. A compensação do prejuízo realizar-se-á por qualquer meio. Não sendo possível as duas formas de reparação do dano citadas acima, poderá substituir por outra qualquer. Assim, o Ministério Público ou o Defensor do menor irão indicar amedida que entenderem adequada.
Para Liberati (2003) há o propósito de fazer comque o adolescente infrator se sinta responsável pelo ato que cometeu e intensifique os cuidados necessários, para não causar prejuízo a outrem. Por isto, há entendimento de que essa medida tem caráter personalíssimo e intransferível, devendo o adolescente ser o responsável exclusivo pela reparação do dano.
Desta forma, quando o adolescente infrator possuir, na época do fato, menos de 16 anos, a reparação do dano será, exclusivamente, dos pais ou responsável.Entretanto, se o adolescente infrator tiver entre 16 e 21 anos, responderá solidariamente com seus pais ou responsável pela reparação do dano. 
Essa medida de reparação do dano tem natureza sancionatório-punitiva, mas tem, também, um conteúdo educativo, no momento em que exige que essa medida imponha ao infante uma conduta “pessoal” e “intransferível”, devendo ser cumprida por este. Analisando essa medida, podemos concluir que seu objetivo é tocar o menor, para que não volte a delinquir. Por isso, não seria correto os pais ou responsável terem que arcar com a reparação do dano.
Assim, o ECA busca com o caráter educativo que o adolescente analise os danos que causou, para que desta forma, não volte a cometer atos infracionais.
Já no que se refere a prestação de serviços a comunidade, esta medida está elencada no art. 117, do ECA, onde estabelece que:
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente á seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Essa medida trata-se da realização de serviços gratuitos, prestados em várias entidades assistenciais.A prestação de serviços à comunidade tem um caráter bem socializador, onde busca a ressocialização e a consciência social do adolescente infrator, para que ele não volte a delinquir. 
O art. 117 prevê que a medida não poderá ultrapassar 6 (seis) meses. E o parágrafo único diz que o trabalho deverá ser aplicado conforme a aptidão do adolescente. Terá jornada máxima de 8 (oito) horas semanais, não podendo atrapalhar os estudos ou a jornada de trabalho.
Com base em Liberati (1995) o apoio que a comunidade der às autoridades judiciais, terá condições de possibilitar a oportunidade para o trabalho do sentenciado, o que já demonstra as dificuldades do sistema adotado diante da reserva com que o condenado é encarado no meio social. No entanto,a medida de grande alcance e, aplicada com critério, poderá produzir efeitos salutares, despertando a sensibilidade popular. A realização do trabalho em hospitais, entidades assistenciais ou programas comunitários poderá alargar os horizontes e conduzir as entidades beneficiadas a elaborar mecanismos adequados à fiscalização e á 40 orientação dos condenados na impossibilidade de serem essas atividades realizadas por meio do aparelhamento judicial.
Quanto ao cumprimento da medida, é necessário que o adolescente seja acompanhado e orientado por um profissional, relacionado ao programa, que irá analisar a execução da medida pelo adolescente e elaborará um relatório que será enviado à autoridade judiciária, para fiscalização, pois somente dessa maneira é que se terá êxito ao fim do cumprimento da medida.
Com relação a liberdade assistida, o art. 118, do ECA prevê:
A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º. A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º. A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada, ou substituída por outra medida, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor (BRASIL, 2015, p. 31).
Ao estabelecer a liberdade assistida, ficou bem demonstrado que o adolescente é pessoa em desenvolvimento, que necessita de orientação para evoluir e se conscientizar. Para sua aplicação, deve-se ter uma voluntariedade do adolescente, pois a intenção é que ele se conscientize e não volte a praticar atos infracionais. Desta forma, o orientador deve discutir com o adolescente a assistência e apoio que fará, deixando ele bem a vontade para escolher os projetos que irão realizar, pois assim, estará dando a possibilidade de escolha, auxiliando na socialização.
Como todas as medidas, essa também busca a reinserção do adolescente na sociedade, por isso se faz necessário um acompanhamento por 41 orientadores sociais, que irão analisar a realidade vivida pelo adolescente, fazendo uma ligação entre essa realidade e programas sociais.
O regime de Semiliberdade é tratado e esclarecido pelo artigo 120 do ECA:
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilita a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º. São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º. A medida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.
São aplicadas a adolescentes infratores que estudam e trabalham de dia e à noite serão recolhidos a uma entidade de atendimento. Essa medida poderá ser aplicada de duas formas: primeiro, aplica-se desde o início, pela autoridade judiciária, respeitando o processo legal; e segundo, poderá acontecer quando houver progressão de regime (ex. adolescente está internado e é beneficiado com a mudança de medida, sendo aplicada a semiliberdade).
Liberati (1995) justifica que a semiliberdade pode ser descrita como sendo um dos tratamentos tutelares que é realizado, em grande parte, em meio aberto, implicando, necessariamente, a possibilidade de realização de atividades externas, como a frequência à escola, às relações de emprego etc. Se não houver esse tipo de atividade, a medida socioeducativa perde sua finalidade.
Para essa medida, será necessário o acompanhamento de um técnico social, que irá orientar e auxiliar o adolescente infrator, e irá fazer um relatório sobre o andamento do caso. Não prevê o ECA prazo para o término dessa medida, aplicando-se as disposições da internação. Na prática, o que se recomenda é que deverá ser avaliado a cada 6 (seis) meses, remetendo um laudo de reavaliação à autoridade judiciária, que dará decisão fundamentada sobre o caso.
Já com relação amedida de internação está prevista no art. 121, do ECA, dispondo dessa forma:
Art. 121. A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º. Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º. A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º. Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º. Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º. A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§6º. Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público (BRASIL, 2015, p. 31).
A internação é medida privativa de liberdade, submetendo-se aos “princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito aos adolescentes, por estarem em desenvolvimento” (art. 121, do ECA). O princípioda brevidade quer dizer que a internação não tem prazo, mas tem um tempo determinado, que é o mínimo de 6 (seis) meses e máximo de 3 (três) anos. Há uma exceção no art. 122, §1º, III, onde a internação será de no máximo 3 (três) meses.
O princípio da excepcionalidade estabelece que a medida de internação somente será aplicada quando não for mais viável a aplicação das outras medidas ou quando estas não tiverem mais resultado (art. 122, § 2º, do ECA). Se existirem medidas mais adequadas a serem aplicadas, o Juiz deverá aplicá-las. Somente deverá aplicar a medida de internação em último caso.
O último princípio, que é o do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, está previsto no art. 125, do ECA, que estabelece: “É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança”.
Liberati (2003) destaca que a internação tem finalidade educativa e curativa, pois, é educativa quando o estabelecimento escolhido reúne condições de conferir ao infrator escolaridade, profissionalização e cultura, visando a dotá-lo de instrumentos adequados, para enfrentar os desafios do convívio social; e é curativa, quando a internação se dá em estabelecimento ocupacional, psicopedagógico, hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia de que o desvio de conduta seja oriundo da presença de alguma patologia, cujo tratamento, em nível terapêutico, possa reverter o potencial criminógeno do qual o menor infrator seja portador.
Assim, para que se tenha eficácia na medida de internação, é necessário que ela seja cumprida em estabelecimento especializado, com profissionais altamente qualificados nas áreas psicológicas, pedagógicas, e com conhecimento também em criminologia, para que possa reeducar o adolescente e encaminhá-lo ao convívio da sociedade. Desse modo, o artigo 122 do ECA, diz que a medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II – por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III – por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 156§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal. § 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada (BRASIL, 2015, p. 31).
Na primeira hipótese, o ato infracional cometido mediante grave ameaça, ocorre quando o adolescente infrator fica prometendo praticar algum mal à vítima, colocando em perigo a tranquilidade e a liberdade da pessoa. Essa ameaça deve ser grave e relevante.O adolescente pode usar também de violência à pessoa, que são lesões, ou seja, ofensa à integridade corporal da vítima, podendo até mesmo causar a morte. 
A segunda hipótese configura-se quando o adolescente comete reiteradamente outras infrações graves. É justificada a internação nesse caso, porque o adolescente já recebeu alguma medida socioeducativa e voltou a praticar atos infracionais considerados graves, ficando demonstrado que a medida anteriormente aplicada não foi eficaz.
A terceira hipótese dá-se quando o adolescente descumpre, de forma reiterada e injustificável, medida anteriormente imposta. Nesse caso, foi aplicada uma sanção ao adolescente por determinação judicial, e este não a cumpriu de forma reiterada e injustificadamente. Nessa hipótese, o prazo da internação não pode ser superior a três meses (art. 122, § 1º, do ECA).
Conforme Vioto (2002), a internação refere-se ao ato de afastar, temporariamente, o adolescente do convívio sócio-familiar, colocando-o em instituição, sob responsabilidade do Estado. Porém, afastá-lo do convívio sócio familiar, não quer dizer aliená-lo, pois mesmo que a instituição seja destinada à privação de liberdade, não pode perder a essência legal de Escola, para que assim a medida cumpra o fim social-pedagógico para que foi criada.
Poderá existir a chamada “internação provisória”, que ocorrerá: “a) por decisão fundamentada do juiz; b) por apreensão do adolescente em flagrante de ato infracional; e, c) por ordem escrita da autoridade judicial”. Como o próprio nome já diz, essa internação é provisória, não podendo ser superior a 45 (quarenta e cinco) dias. O juiz irá analisar se estão presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, manifestando a necessidade dessa medida (art. 108, do ECA).
Sendo assim, observa-se que a internaçãoé entendida como uma medida excepcional, devendo ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. 
Por fim, com relação a quaisquer uma das previstas no art. 101 do ECA, a Lei nº 8069/90 é marcada pela responsabilidade penal juvenil no tratamento da delinquência praticada por adolescentes. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) demonstra os objetivos das medidas socioeducativas que são predominantemente de cunho pedagógico, esclarecendo sobre o dano e sobre a necessidade de repará-lo, constituindo-se no esclarecimento e orientação do delinquente juvenil. 	As medidas de proteção à juventude estão elencadas no art. 98 do Estatuto. Quando existe ameaça ou violação de seus direitos e garantias por ação ou omissão do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais; ou, em razão de sua conduta, há que se aplicar o disposto no art. 101 da mesma Lei, inverbis:
Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; 
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
VII – acolhimento institucional; 
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX – colocação em família substituta (BRASIL, 2015, p. 28). 
Observa-se que essas medidas podem ser aplicadas isoladas ou cumuladas com alguma medida socioeducativa. Essas medidas têm um caráter de cunho pedagógico e visam fortalecer o adolescente perante a sociedade e sua família.
VI A ANÁLISE DAS EFICÁCIAS DAS MEDIDAS SOCIO EDUCATIVAS
Quando se fala em eficácia das medidas socioeducativas, há de convir que o tema seja polêmico. Alguns entendem que elas têm o caráter de reeducar, ressocializar o adolescente, outros entendem que o Estatuto estabeleceu, no art. 112, medida privativa e restritiva de liberdade e, assim, têm natureza sancionatória, como resposta da sociedade ao ato infracional que cometeu. Como já explanado no presente trabalho, o estudo da aplicabilidade das medidas socioeducativas seguido de seus resultados é de suma importância, porque é por meio da análise da eficácia das medidas que saberemos se elas estão sendo eficientes para recuperar os jovens, ou se estão lhes proporcionando chances reiteradas de persistir no mundo dos crimes.
Uma medida bem executada, em meio fechado ou aberto, pode produzir novos cenários a esses adolescentes e até mesmo a suas famílias.
Segundo palavras de Ramidoffi (2010, p. 101):
Toda e qualquer medida legal que se estabeleça aos jovens, consoante mesmo restou determinado normativamente tanto pela Constituição da República de 1988, quanto pela Lei Federal 8.069, de 13.07.1990 e, também, sobremodo, material e fundamentalmente, pela Doutrina da Proteção Integral, deve favorecer a maturidade pessoal (educação), a afetividade (valores humanos) e a própria humanidade (Direitos Humanos: respeito e solidariedade) dessas pessoas que se encontramna condição peculiar de pessoa em desenvolvimento de suas personalidades.
Tendo por base a Doutrina da Proteção Integral verifica-se que, para atingir a finalidade da medida socioeducativa, é de extrema importância que se estabeleça uma proposta socioeducativa, contando com orientação pedagógica, psicológica e profissionalizante.
Na prática, podemos observar que as medidas socioeducativas não têm eficácia, pois não são aplicadas da forma correta, como prevê o ECA. A intenção do ECA, em sua origem, era a de conferir às medidas socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo. Se isso for comprido na prática e aplicado a cada caso concreto, ela será eficaz. Portanto, as medidas socioeducativas em seu caráter pedagógico se aplicadas de forma prevista no código tem resultados eficazes, e se não aplicadas de forma correta não terão a eficácia desejada. Em suma as medidas socioeducativas são eficazes, a forma como elas são aplicadas pelos operadores do direito da criança e adolescente é que são passiveis de críticas.
6.1 As medidas Socioeducativas em Regime Privado de Liberdade
Verifica-se que as medidas de caráter privativo da liberdade aplicadas ao jovem infrator são alvo de grande polêmica, uma vez que são consideradas por muitas verdadeiras escolas do crime, devido á má estrutura institucional e técnica para o acolhimento dos menores.
A internação deveria ser teoricamente, a última alternativa na aplicação de medidas socioeducativas, já que, a privação de liberdade, mesmo que fossem oferecidas boas condições, é por natureza, condição desfavorável às questões psíquicas de quem se encontra dela privado. Para amenizar esse prejuízo mental causado pela impossibilidade de exercer a liberdade, deveriam as medidas que a restringe ou priva, serem aplicadas de modo a assegurar ao infrator seus direitos fundamentais no real intuito de oferecê-lo "tratamento socioeducativo". 
A grande maioria dos sistemas de internação passa por dificuldades para atender de forma digna os jovens infratores. A falta ou, a má administração dos recursos empregados nas unidades faz com que estes adolescentes sofram maus tratos, advindos da falta de preparo apresentada pelos instrutores e orientadores, e pela falta de estrutura que as unidades apresentam como instalações inadequadas e super lotação das unidades de internamento.
Em muitas unidades de internação em nosso país, prevalecemás condições físicas de superlotação, insalubridade, concepções arquitetônica inadequadas à proposta do Estatuto da Criança e do Adolescente; ausência de proposta metodológica. A isso são somadas circunstâncias mais graves, como tortura física e psicológica, abusos sexuais, maus-tratos, práticas de isolamento e incomunicabilidade, incluindo as mais diversas manifestações de violência, humilhação e medicalização excessiva. Atos violentos são praticados pelos adolescentes contra seus pares, contra os adultos, integrantes das equipes das unidades e, de forma preocupante, pelos adultos, integrantes das equipes das unidades, contra os adolescentes. (CREPOP, 2010. p. 21).
Porém, o que se vê na prática é o caráter punitivo dessas medidas sobressair absurdamente, jovens em regime de internação encontra-se, na verdade, nada menos que presos. Enquanto na teoria estão sujeitos a medidas diferenciadas de cunho social, na verdade estão inseridos em um regime "penal-juvenil", onde o maior objetivo é isolar da sociedade aqueles vistos, erroneamente, como os responsáveis pelos elevados níveis da criminalidade. Desta maneira, as medidas privativas de liberdade apresentam-se como as menos eficazes em relação ao que realmente se almejava com a criação das medidas socioeducativas. De ressocializadoras passaram, muitas vezes, à potencializadoras de ações não convergentes com o ideal de “bom convívio social”, isso fruto não da falta de excelência da letra da lei, mas da corrupção da prática e ausência de ambiente compatível ao sucesso da aplicação.
6.2 As medidas Socioeducativas em Regime não Privado de Liberdade
Desde o começo de sua aplicação as medidas socioeducativas não privativas de liberdade apresentam melhores resultados em relação à reeducação social do jovem. Os programas relativos a essas medidas focam o atendimento de adolescentes em cumprimento das medidas de prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida. Em primeiro momento, no que se refere à eficiência da medida de advertência, esta será bem sucedida caso seja aplicada a casos de menor gravidade e para jovens que cometeram o primeiro ato infracional, já que se trata de uma medida somente de repreenda verbal.
A medida de prestação de serviços à comunidade enseja que sejam criados convênios entre Juizados e demais órgãos governamentais ou comunitários, os quais viabilizem ao adolescente ser incluído em programas que tenham por exercício a realização de tarefas adequadamente relacionadas ás suas aptidões. Já a liberdade assistida consiste em um programa realizado através do acompanhamento, orientação e apoio ao jovem, através da designação de um orientador que não mantenha sua função limitada ao seu gabinete, mas que, de fato, participe da vida do jovem, orientando-o em relação às suas condições escolares e de trabalho, tornando-se um “referencial positivo”, de modo a dar-lhe opções diante das dificuldades de sua real condição, “social, econômica e familiar”.
A obrigação de reparar o dano, quando é aplicada proporciona a auto correção do jovem infrator, uma vez que este terá que reparar as consequências de seu ato ilícito. Além disso, há uma satisfação e senso de punição pela vítima, que é ressarcida de seu prejuízo. Assim, fica demonstrado por Sposato (2004):
Apesar de ser praticamente desconhecida e pouco aplicada, a reparação de danos é uma medida socioeducativa eficaz, por ser capaz de alcançar tanto a esfera jurídica do adolescente como a da vítima e, assim, dirimir o conflito existente. Se de um lado a reparação do dano pode propiciar ao adolescente o reconhecimento do prejuízo causado pelos seus atos, de outro pode garantir à vítima a reparação do dano sofrido e a certeza de que o adolescente é responsabilizado pelo Estado, por seus atos ilícitos. 
O sucesso da liberdade assistida depende, assim como todas as outras medidas, do estrito comprometimento de quem a instrui, para isto, necessário se faz que esta não constitua apenas um "simulacro" de atendimento, mas que se dê sua efetiva e correta aplicação.
A advertência, a mais curta das medidas, encerra-se na audiência de admoestação, onde o juiz irá realizar uma espécie de sessão de aconselhamento ao menor, visando conscientizá-lo de forma singela, dos malefícios de seus atos. Geralmente, como já exposto anteriormente, é relacionada a atos de menor potencial ofensivo. A ideia desta medida é, inegavelmente, bastante pautada nos princípios de proteção e ressocialização nos quais é baseadao ECA, já que o juiz, em representação do Estado, assume a posição de educador do jovem, posição esta que deveria a princípio ser exercida pelos pais.
Todas essas medias não privativas de liberdade, tem em seu fundamento clara e potencial estrutura reeducacional e ressocializadora, no entanto, geralmente o perfil dos jovens infratores instala-se em um grupo que já se encontra “vitimizado” por condições anteriores que desfavorecem o desenvolvimento de sua personalidade. Grande parte destes jovens não possui estrutura familiar adequada à boa formação psicológica, além disso, a maioria é pobre, carente de assistência à saúde, educação, lazer, e até mesmo de afeto, fatores estes determinantes para uma regular formação capaz de possibilitá-los adequada convivência em meio social.
Por todo o exposto, verifica-se que as medidas de caráter não privativo de liberdade em sua maioria apresentam bons níveis de eficácia, como ocorrecom a advertência, quando são aplicadas em situações devidamente adequadas, com a obrigação de reparar o dano e com a prestação de serviços a comunidade, ambas com objetivos de tornar o adolescente um adulto responsável.

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