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A FILOSOFIA DO DIREITO NA IDADE MODERNA

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A FILOSOFIA DO DIREITO NA IDADE MODERNA: CARACTERIZAÇÃO DO PENSAMENTO MODERNO 
DO DIREITO 
 
Victor Alexandre Costa de Holanda Ramos 
 
 http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=15106 
 
 Resumo: Este artigo resume, em traços de maior importância para a área da filosofia do direito, o 
pensamento moderno que versa sobre o direito e a justiça. Através de recortes na historiografia moderna, 
tomando como base autores como Maquiavel, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Kant, Del 
Vechio, Tobias Barreto, Radbruch e Nietzsche, o artigo detalha o pensamento moderno do direito, utilizando, 
em linhas designatórias, o pensamento de cada autor a fim de criar uma generalização da filosofia do direito 
na idade moderna.[1] 
Palavras-Chave: Filosofia; Direito; Idade Moderna. 
Abstract: This article aims to resume, according to the most important topics for the study of philosophy of 
law, the modern thought that treats about law and justice. Through historiography snippets and also based on 
authors like Machiavelli, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Kant, Del Vechio, Tobias Barreto, 
Radbruch and Nietzsche, the article intend to flesh out the modern thought of law, using each individual thought 
of every author like a feature to compose, generally, an idea of the philosophy of law at the modern age. 
Keywords: Philosophy; Law; Modern Age. 
Introdução 
O presente artigo pretende resumir o pensamento filosófico relacionado ao direito e a justiça na idade 
moderna. Começando no renascimento, a idade moderna apresenta diversas linhas de pensamento, 
destacando-se alguns como Maquiavel, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Kant, esses os mais 
renascentistas e Del Vechio, Tobias Barreto e Radbruch, os mais modernos. Além dos pensamentos 
tradicionais sobre o direito, pretendo fazer alusão ao direito com o pensamento de Nietzsche, embora ainda 
seja uma relação não muito estudada. 
Vale dizer que está presente neste artigo apenas um recorte de toda a filosofia da Idade Moderna. A 
idade moderna foi bastante rica na filosofia e, portanto, seria deveras difícil generalizar completamente tal 
pensamento em poucas páginas. Eis, portanto, uma breve classificação dos pensadores que mais 
influenciaram o direito em tal período. 
O artigo se divide em quatro capítulos: no primeiro, intitulado “O pensamento renascentista”, trato dos 
pensamentos clássicos da renascença: Maquiavel, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau; no 
segundo, “O pensamento de Kant”, comento o pensamento de Kant com mais detalhes; no terceiro, “O 
pensamento moderno complementar”, trato dos pensadores mais recentes da modernidade e suas ideias que 
complementam a linha de pensamento geral do período; e, por último, no quarto capítulo, “Nietzsche e o 
direito”, faço as comparações entre o pensamento de Nietzsche e a filosofia do direito. 
O pensamento renascentista 
A filosofia do direito na época do renascimento é bastante influenciada pelos pensamentos antigos, acrescida 
de um fortalecimento do espírito crítico. O período do renascimento pode ser comparado a “uma esplêndida 
flor brotada de improviso no meio do deserto”. (CHABOD, F. apud BARROS – 2012 – p. 16.) O renascimento 
foi “uma revivificação das capacidades do homem, um novo despertar da consciência de si próprio e do 
universo [...]”. (SICHEL, E. apud BARROS – 2012 – p. 17.) 
Nesse período do pensamento renascentista, destaca-se o pensamento de Maquiavel como o 
primeiro “a refletir sobre os problemas da ciência política com o espírito da modernidade”. (LEITE, 2008 – p. 
99.) Maquiavel revoluciona o pensamento político, o qual tratava anteriormente das questões relativas 
à polis sob uma perspectiva normativa. O pensamento de Maquiavel rompe com o ideal moral, com fortes 
influências do cristianismo, presente na Idade Média. 
 
[Maquiavel] propõe a análise do fenômeno do poder a partir da política concreta, da política pura, 
distanciando-se do normativismo ético. Isto é, ao invés de uma postura contemplativa face às questões 
do mando, [Maquiavel] [...] constrói suas ponderações alicerçando-se na realidade dos fatos políticos de 
forma empírica e objetiva. Não se detém na idealização de governos justos, voltando toda sua atenção 
para a perscrutação fria da política, observando-a, antes de tudo, como o estudo da luta pelo poder. 
(BARROS – 2012 – p.60) 
 
Jean Bodin aparece na França durante a época da consolidação da monarquia absolutista. Bodin escreveu 
a teoria do Estado Moderno, definindo a nova república. A principal atenção de Bodin está relacionada à 
soberania, classificada como característica essencial do poder da república. “Mucho difiere la ley del derecho, 
pues el derecho es bueno porque mira a la equidad sin necesidad de mandamiento expreso, mientras la ley 
corresponde a la soberanía del gobernante. En efecto, la ley no es otra cosa que un mandamiento del poder 
soberano.” (BODIN apud CRETELLA JÚNIOR – 2004 – p. 102.) 
No pensamento de Bodin, “a doutrina da soberania limita-se à lei humana, pois a lei de Deus e a lei 
natural são independentes das vontades terrenas”. (LEITE – 2008 – p. 102) 
O pensamento de Hobbes está relacionado com alguns problemas vivenciados pelo homem: 
 
...em 1640, publicou um tratado sob o título The elements of law, abrangendo escritos sobre a natureza 
humana (human nature) e sobre o corpo político (de corpore politico). Em 1642, publica o De Cive, mas, 
sua obra-prima, que o tornou famoso, foi escrita em 1650, intitulando-se Leviatã, nome retirado do 
monstro bíblico (Livro de Jó), que tudo devora e que, em sentido figurado, designa algo de formidável, 
colossal, monstruoso, como o Estado, em sua concepção (CRETELLA JÚNIOR – 2004 – p. 130.) 
 
Na teoria do conhecimento, Hobbes afirmava que a experiência era a mãe das ciências, estudando o 
problema do conhecimento humano a partir de sensações, movimento pelo qual os entes sensíveis afetam o 
corpo humano. Para Hobbes, o Estado deve ser forte, no mais alto grau, e assumir a forma de um poder 
absoluto, cuja missão é a de manter a ordem e a paz interna. 
O pensamento de Locke, no campo da filosofia e psicologia, é de grande importância. Locke, em sua 
principal obra, intitulada “Ensaio sobre o entendimento humano”, propõe-se a descobrir a origem, certeza e 
extensão do conhecimento humano, sustentando a ideia de que a experiência é a fonte única das nossas 
ideias. Para Locke, “ninguém ao nascer, sadio, criança, louco, selvagem, idiota, traz ideias já formuladas, 
porque, se assim fosse, não seria necessário adquiri-las. ” (Idem – p. 135.) 
A principal ideia adquirida do pensamento de Locke é o inatismo: anima est tabula rasa in qua nihil 
scriptum est. A experiência vai modificando a tábua rasa e firmando as impressões oriundas dos sentidos. 
Montesquieu, autor de Espírito das Leis, propõe uma definição para as leis. “Leis são relações 
necessárias que derivam da natureza das coisas”. A natureza das coisas para Montesquieu é tomada em 
acepção totalmente empírica, resultante do passado histórico, integrado por fatos físicos, por tendências e 
costumes. Montesquieu contribuiu bastante para o mundo jurídico ao apresentar a teoria da divisão tríplice 
dos poderes, em executivo, legislativo e judiciário, que o autor hauriu do direito inglês, desenvolveu, 
exemplificou e exaltou. Afastando-se de Aristóteles, Montesquieu distingue três formas de governo: a 
República, a Monarquia e o Despotismo. (Ibidem – p. 136.) 
Rousseau possui a natureza, reino da liberdade, da espontaneidade e da felicidade do homem, como 
ideal moral. “Rousseau sustentou que as ciências, as letras e as artes são os piores inimigos da moral, criando 
necessidades, que são fontes de escravidão”. (CRETELLA JÚNIOR – 2004 – p. 138.) O principal problema 
fomentado pelo Contrato Social é “encontrar uma forma de associaçãocom toda a força comum, e pela qual 
cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto 
antes”. (RUSSEAU apud CRETELLA JÚNIOR – 2004 – p. 113.) Rousseau acredita poder resolver a questão 
de como legitimar a situação do homem que, tendo perdido sua liberdade natural, acha-se submetido ao 
poder político. 
O pensamento de Kant 
Imanuel Kant é conhecido como o filósofo das três críticas: Crítica da razão pura, Crítica da razão prática e 
Crítica do juízo. Vale salientar que, para poder entender o pensamento de Kant, é necessária uma maior 
atenção com a utilização semântica dos vocábulos. Algumas palavras, em Kant, não apresentam o significado 
usual. Por exemplo: (1) crítica, em vez de significar censura ou reprovação, significa estudo, investigação e 
pesquisa; (2) puro não tem o sentido de livre de impurezas, mas sim de independente da experiência; 
portanto, Crítica da razão pura não possui o significado usual das palavras, mas indica uma investigação da 
razão funcionando independente da experiência. (CRETELLA JÚNIOR – 2004 – p. 141.) 
Kant viveu em um momento importante do pensamento moderno, situado na junção de três grandes 
correntes de ideias: o racionalismo de Descartes e Leibniz, o empirismo de Bekerley e Hume, e a ciência 
positiva físico-matemática que Newton acabara de estabelecer. O pensamento de Kant pode ser classificado 
em três grandes épocas: (1) de 1755 a 1770, em que as ideias pessoais de Kant ainda não haviam tomado 
forma, partilhando das ideias filosóficas predominantes na Alemanha; (2) de 1770 a 1790, em que podemos 
traçar um esboço da filosofia kantiana, a qual estabelece a distinção entre o mundo dos fenômenos e o mundo 
dos númenos, como resultado de uma concepção inteiramente original do espaço e do tempo; e (3), de 1790 
a 1800, em que se mantém de pé as premissas da filosofia kantiana, confirmando a postura contra a 
metafísica, estabelecendo uma doutrina de filosofia especulativa e moral. (Idem – p. 141.) 
Como podemos perceber, a filosofia de Kant é um misto de vários pensamentos da época. Podemos 
citar como exemplo das influências do pensamento kantiano o racionalismo dogmático[2] e o empirismo 
cético[3]. O problema principal da filosofia de Kant é o conhecimento. Kant afirma que o conhecimento implica 
uma correlação entre um sujeito e um objeto. Nessa relação, os dados objetivos não são captados por nossa 
mente tais quais são, mas configurados pelo modo com que a sensibilidade e o entendimento os apreendem. 
Portanto, para Kant, a coisa em si, o númeno, é incognoscível. Só conhecemos o ser das coisas na medida 
em que nos aparecem, isto é, enquanto fenômeno. Para Kant, tudo o que existe, inclusive o conhecimento, 
integra-se por dois ingredientes: matéria e forma. O que depende do próprio objeto constitui a matéria e o que 
depende do sujeito constitui a forma. A matéria é a posteriori e a forma é a priori. (LEITE – 2008 – p. 120.) 
 
A razão estabelece a conduta do homem, mas ele só age moralmente porque é livre. A liberdade é o que 
há de essencial para a fundação de sua moralidade, para o desenvolvimento de sua racionalidade. Para 
Kant, é a liberdade que harmoniza o homem, pois apesar de todas as determinações impostas do meio 
exterior, ainda é capaz de recusá-las em prol da moralidade. A razão o faz senhor de si. (PEREIRA et 
PEREIRA – 2012) 
Para Kant, a ideia do direito é o que conduz à filosofia crítica, teórica e prática. O direito se ocupa da 
legislação prática externa de uma pessoa em relação à outra. Ele realiza a liberdade do agir externo na 
convivência com os demais, visto que no direito o que é fundamental é que a ação se exteriorize. O direito é 
a forma universal da coexistência das liberdades individuais. O direito é o instrumento necessário ao 
estabelecimento de uma ordem em que seja possível o exercício da liberdade universal igual. Tanto mais 
justa é uma lei quanto mais ela se aproxima da racionalidade e realiza com isso a liberdade. Kant faz a 
distinção entre a legislação moral e a legislação jurídica, entre ação moral e ação jurídica. Para ele, a 
legislação moral implica em obedecer às leis do dever independente de qualquer inclinação. Isso faz com que 
uma ação seja moral, coerente com o dever, portanto, cumprida por dever. Em contrapartida, a legislação 
jurídica aceita que uma ação possa ser cumprida em conformidade ao dever, sem se interessar pelas 
inclinações ou interesses que a determinam, cuidando simplesmente de sua legalidade. Assim, quando o 
homem age de determinada forma – porque é seu dever, está fazendo cumprir a lei moral. (Idem.) 
Kant diferencia moral de direito. A moralidade acontece no âmbito interno (liberdade interna), que faz 
do homem seu próprio legislador. O direito acontece no âmbito da liberdade externa, entendida como 
liberdade jurídica que “é a faculdade de agir no mundo externo não sendo impedidos pela liberdade igual dos 
demais seres humanos livres como eu, interna e externamente”. (BOBBIO – 1997 – p. 58) 
Ao considerar o homem como seu próprio legislador, Kant reconhece nele a autonomia da vontade, 
responsável por sua dignidade e diretora da consciência do que deve ou não fazer. O homem deixa de 
ser “marionete” na mão do outro para ser seu próprio “EU”, para “realmente” se fazer homem, determinar 
por si suas próprias ações. (PEREIRA et PEREIRA – 2012) 
O pensamento moderno complementar 
Da parte mais moderna do pensamento filosófico, falaremos de alguns autores importantes. Giorgio Del 
Vechio, nascido em Bolonha, em 1878, investiga o campo do direito, apontando os fatos e as normas jurídicas 
como manifestações de uma duplicidade necessária: os atos dos homens são atos naturais, imantados para 
uma subjetividade universal, mas esta, por sua vez, é orientada no sentido dos atos naturais, que encerram 
o ciclo. Na Alemanha, Gustavo Radbruch, é o representante da filosofia dos valores. Pretendeu ensinar 
o “como” a filosofia do direito, a fim de estimular o pensamento filosófico-jurídico nos estudiosos. (CRETELLA 
JÚNIOR – 2004 – p. 160.) 
No Brasil, podemos falar de Tobias Barreto, o qual afirmou que “o Brasil não tem cabeça filosófica”. 
Incrédulo no pensamento filosófico brasileiro, Tobias Barreto afirma ainda que “não há domínio algum da 
atividade intelectual em que o espírito brasileiro se mostre tão acanhado, tão frívolo e infecundo como no 
domínio filosófico”. Diferentemente da opinião de Tobias Barreto, acredita-se que a filosofia brasileira do 
direito não apresenta um déficit de “cabeças filosóficas” e, dia após dia, vem adquirindo prestígio de caráter 
internacional, ainda que esteja no começo de tal trajetória. 
Nietzsche e o direito 
A relação entre Nietzsche e o direito ainda é pouco estudada. Contudo, é possível fazer uma alusão entre 
Nietzsche e os conceitos de moral e justiça. As palavras principais da filosofia nietzschiana são bem e mal. De 
acordo com Nietzsche, as concepções de bem e mal, certo e errado, são criações humanas e, por isso, têm 
uma história e, ao contar essa história, Nietzsche coloca o ser humano como o centro das decisões e criações. 
A justiça, de acordo com o conceito de Nietzsche, é pensada relacionada ao conceito de bom. O que é bom? 
A filosofia tradicionalmente respondeu afirmativamente a essa pergunta, criando definições metafísicas 
e absolutas para estabelecer o que é bom como algo verdadeiro. Com a força da verdade um valor se 
tornava inquestionável, e a justiça, entendida como cumprimento de tal valor, tornava-se legitimada de 
forma absoluta. (CAMARGO – 2011.) 
Nietzsche, porém, em sua genealogia da moral, afirma que: 
[...] o juízo de ‘bom’ não provém daqueles aos quais se fez o ‘bem’! Foram os ‘bons’ mesmo, isto é, os 
nobres, poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e estabeleceram a si e a seus 
atos como bons, ou seja, de primeira ordem, em oposiçãoa tudo o que era baixo, e vulgar e plebeu. 
Desse pathos da distância é que eles tomaram para si o direito de criar valores, cunhar nomes para os 
valores: que lhes importava a utilidade! (NIETZSCHE – 1999.) 
 Nietzsche quer dizer que os valores foram criados pelos nobres a partir de sua própria vontade. 
 Através dessa breve reflexão, podemos perceber uma forte característica filosófica no pensamento 
de Nietzsche sobre a justiça: para ele, o bom (justo) é uma criação dos nobres. Não existe, portanto uma 
equidade de conceitos enquanto houver disparidade de poder, ou seja, o que é bom (justo) sempre será 
determinado pelo maior poder. Um exemplo: o sistema vindicativo era considerado como justo, pois os nobres, 
os quais possuíam maior poder, determinaram a valoração das vendetas. Hoje, o sistema vindicativo não é 
considerado como justo, pois o Estado é detentor de um poder maior e caracteriza o sistema vindicativo como 
injusto. A justiça estará sempre relacionada com o poder e o poder com a justiça. Sistematizando, pois, temos 
uma relação entre o bem (justo) para os detentores do poder e o mal (injusto) para os quais não apresentam 
poderio. 
Considerações Finais 
Conforme foi afirmado anteriormente, não é fácil generalizar o pensamento filosófico sobre o direito na Idade 
Moderna. Contudo, para um fim teorético, podemos afirmar que a Idade Moderna foi, para o direito, o berço 
do pensamento ontológico. As relações entre o ser foram excessivamente estudadas pelos pensadores 
modernos, com o propósito de determinar o ser enquanto membro da sociedade, assim como o nascimento 
e a aplicação do direito natural. A partir do renascimento, os pensamentos do direito estão voltados para essa 
função social, ainda que sob diferentes óticas. 
 Eis, pois, o motivo da seleção de tais pensadores para compor o resumo do pensamento moderno: a 
relação dos mesmos com a função social estudada na Idade Moderna. Maquiavel e Bodin focalizaram seus 
estudos no ser enquanto instrumento de poder; Hobbes, Locke, Montesquieu e Russeau tomaram como 
objetivo a natureza humana e o direito natural; Nietzsche e Kant, por fim, trabalharam a razão. Faz-se tal 
afirmação sem dúvidas sobre o fato do pensamento de todos esses filósofos se estender a grandes outras 
áreas, contudo, para a filosofia do direito, estas são as mais importantes. É através do poder, da natureza 
humana e da razão que é possível traçar as características de um pensamento filosófico moderno voltado 
para o direito. 
 Portanto, é possível generalizar o pensamento filosófico da idade moderna em três grandes polos: 
as relações de poder, as relações da natureza humana e do direito natural e as relações da razão. Essa 
filosofia tripartida constitui, então, o alicerce do pensamento relativo ao direito na filosofia moderna. 
 
Referências 
BARROS, Vinicius Soares de Campos – 10 lições sobre Maquiavel – 3ª ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. 
CRETELLA JÚNIOR, José – Curso de filosofia do direito – Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
LEITE, Flamarion Tavares de – Manual de filosofia geral e jurídica: das origens a Kant – Rio de Janeiro: 
Forense, 2008. 
PEREIRA, Regina Coeli Barbosa et PEREIRA, Rosilene de Oliveira – Kant e os fundamentos do direito 
moderno – Rio de Janeiro: Cadernos da EMARF, Fenomenologia e Direito, 2012. 
BOBBIO, Norberto – Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant 
(Tradução de Alfredo Fait) – 4ª ed. – Brasília: UnB, 1997. 
NIETZSCHE, F – Genealogia da moral (tradução de Paulo César de Souza) – São Paulo: Companhia das 
letras, 1999. 
CAMARGO, G. A. – Estudos Nietzsche – Curitiba – 2011. 
MASCARO, Alysson Leandro – Introdução à Filosofia do Direito: Dos Modernos aos Contemporâneos – São 
Paulo: Atlas, 2002. 
 
Notas: 
[1] Trabalho orientado pelo Prof. Dr. Vinicius Soares de Campos Barros. 
[2] Descartes, Spinoza, Leibniz e Wolff. 
[3] Bacon, Locke e Hume.

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