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Alimentacao Vegetariana

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Conteúdo 
 
 
 
Origem do vegetarianismo ................................................................................... Pág. 7 
O que é ser vegetariano? ..................................................................................... Pág. 19 
Vegetarianismo e religião ..................................................................................... Pág. 22 
Vegetarianismo e solidariedade animal ............................................................... Pág. 26 
Vegetarianismo e meio ambiente ......................................................................... Pág. 30 
 As dificuldades enfrentadas pelos vegetarianos .................................................. Pág. 32 
Crianças vegetarianas.......................................................................................... Pág. 35 
Algumas mentiras sobre a alimentação vegetariana ............................................ Pág. 41 
Vantagens e desvantagens da dieta vegetariana ................................................ Pág. 43 
A transição de dietas ............................................................................................ Pág. 47 
 
Pirâmide alimentar vegetariana ............................................................................ Pág. 50 
A ingestão diária recomendada ............................................................................ Pág. 56 
Alimentos derivados da soja ................................................................................ Pág. 63 
É preciso substituir a carne? ................................................................................ Pág. 68 
Receitas vegetarianas .......................................................................................... Pág. 70 
 Bibliografia........................................................................................................... Pág. 77 
7 
 
 
 
 
1.1 – Origem do vegetarianismo 
 
Os primeiros relatos de pessoas que optaram por excluir as carnes de 
sua alimentação datam ainda de antes de Cristo. O filósofo e matemático 
grego Pitágoras, nascido por volta de 570 a.C., optou por abandonar a carne 
por motivos religiosos, de saúde e de consciência ecológica. 
 
De acordo com os documentos escritos, ele foi um dos primeiros 
vegetarianos da história, sendo que todos aqueles que seguiam seu sistema 
alimentar, tinham uma dieta “pitagórica”. 
 
Há uma obra chamada Metamorfoses, escrita pelo poeta romano 
Ovídio que retrata muitas passagens da mitologia grega. Ele atribui a 
Pitágoras a seguinte fala: 
 
“Que crime horrível lançar em nossas entranhas as entranhas de 
seres animados, nutrir na sua substância e no seu sangue o nosso 
corpo! Para conservar a vida a um animal, porventura, é mister que 
morra um outro? Porventura, é mister que em meio de tantos bens 
que a melhor das mães, a terra, dá aos homens com tamanha 
profusão, prodigamente, se tenha ainda de recorrer à morte para o 
sustento, como fizeram ciclopes, e que só degolando animais seja 
possível cevar a nossa fome? […] É desumanidade não nos 
comovermos com a morte do cabrito, cujos gritos tanto se 
assemelham aos das crianças, e comermos as aves a que tantas 
vezes demos de comer. Ah! quão pouco dista dum enorme crime!” 
 
 
8 
Essa fala não foi proferida por Pitágoras, visto que Ovídio nasceu 
quase quinhentos anos depois dele, mas reflete sua forma de pensar e os 
ensinamentos que passava a outras pessoas. O trecho do livro mostra a 
indignação do filósofo grego perante as mortes de animais que serviam de 
alimentos para outras pessoas. 
 
Em sua visão, essa atitude era um crime, um ato desumano. Afinal, 
para ele, a natureza era tão generosa para oferecer inúmeras fontes de 
alimentação que os homens não precisavam sacrificar animais para 
sobreviverem. 
 
Embora muitas pessoas afirmem que o homem é um animal que não 
foi “projetado” para comer carne e que num tempo muito antigo se 
alimentava apenas de folhas e frutos, alguns primitivos sacrificavam animais 
para garantir sua sobrevivência. Era a forma que eles conheciam para se 
alimentar. 
 
Os Neandertais, ou popularmente conhecidos como homens das 
cavernas, caçavam animais com a ajuda de armas feitas por eles, para que 
pudessem usar suas peles como proteção ao frio e se alimentar de suas 
carnes. 
 
Eles possuíam hábitos nômades, ou seja, migravam para diversas 
regiões em busca de abrigo e alimentos. Onde houvesse mais animais para 
caça, por lá permaneciam até que as fontes de alimento se tornassem 
escassas. Comer carne era, então, uma forma de sobrevivência. 
 
Com o passar dos anos e a evolução da espécie humana, o hábito de 
comer carne continuou, mas ganhou outras conotações. Em algumas 
épocas não comer carne não era uma escolha, como fez Pitágoras; era uma 
imposição social. 
 
Na Idade Média, por exemplo, época em que havia grandes 
diferenças sociais na Europa, nem todas as pessoas tinham acesso à carne. 
A sociedade, naquela época era dividida em clero, que faziam parte da 
Igreja, a nobreza e o povo. 
 
O clero e a nobreza detinham grande poder político e financeiro, 
enquanto o povo vivia nas condições mais precárias. Só poderia comer 
carne quem pertencesse às classes sociais mais elevadas. O povo só comia 
o que era de origem vegetal ou o que sobrava das demais classes sociais. 
 
Comer carne era símbolo de riqueza e poder. O povo comia da 
mesma comida que davam aos animais, que também se alimentavam de 
grãos, legumes e verduras. 
 
Mas há quem tenha optado por deixar de comer carne por outros 
motivos. O filósofo Thomas Tyron, em um ato de negação dos desejos do 
ego, decidiu mudar radicalmente alguns hábitos. 
 
9 
Para ele, seria sinal de sabedoria se ele se isolasse do mundo e se 
privasse de comer carne e peixe. Tyron também não tomava outro líquido 
além de água. 
 
Em 1691, o filósofo publicou um livro chamado “O Caminho da 
Saúde”, o qual influenciou muitas pessoas com sua defesa do 
vegetarianismo. Um dos principais influenciados por essa obra foi o médico 
britânico George Cheyne, que chegou a pesar cerca de 250 quilos. 
 
Cheyne, antes de conhecer a obra de Tyron, tinha uma vida 
desregrada em relação à sua alimentação. Depois que se viu em uma 
situação delicada devido ao seu excesso de peso, iniciou a dieta proposta 
em “O Caminho da Saúde” e sentiu os benefícios do vegetarianismo. 
 
O médico aderiu com tanta garra a essa nova dieta que publicou a 
obra “Ensaio sobre Saúde e Vida Longeva” em 1724. Por ser muito influente 
em Londres, Cheyne conseguiu fazer com que pessoas importantes 
aderissem ao vegetarianismo, entre elas o poeta britânico Alexander Pope, o 
escritor irlandês Jonathan Swift, dentre muitos outros. 
 
Outro médico que teve contato com a obra de Cheyne foi o italiano 
Antonio Cocchi. Cocchi também publicou um livro chamado “Del vitto 
pitagorico per uso della medicina”, cuja tradução para o português é “Da 
alimentação pitagórica para o uso da medicina”. 
 
Essas obras publicadas defendiam o vegetarianismo com justificativas 
baseadas especialmente na promoção da saúde, sendo que havia uma 
menção à crueldade com os animais. 
 
Mas um dos pensadores influentes do vegetarianismo, Willian 
Cowherd, afirmava que a opção de não se alimentar de carne era religiosa. 
Cowherd fez parte do clero da Igreja da Inglaterra até 1800, ano em que 
rompeu com a Igreja e estabeleceu sua própria seita. 
 
Ele afirmava que o vegetarianismo estava prescrito na Bíblia, em 
Gênesis, capítulo 1, versículo 29. O trecho é o seguinte: 
 
“Disse-lhes mais: Eisque vos tenho dado todas as ervas que 
produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, 
bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-
vos-ão para mantimento”. 
 
Com base no trecho citado, Cowherd entendeu que Deus deu aos 
homens todas as ervas, árvores, frutos para que os homens se 
alimentassem, não citando a alimentação com carne. Por isso, para fazer 
parte da seita de Cowherd só era necessário ser vegetariano há, pelo 
menos, seis meses. 
 
 
 
10 
Cowherd faleceu em 1816, mas seus discípulos deram continuidade à 
seu trabalho, mantendo sua seita em atividade. Os mais notórios eram 
James Simpson e Joseph Brotherton, cuja esposa Martha escreveu o 
primeiro livro de receitas vegetarianas. 
 
Alguns anos depois, em 30 de setembro de 1847, Joseph Brotherton 
e outros adeptos da dieta vegetariana fundaram a Sociedade Britânica 
Vegetariana, a Vegetarian Society, que está ativa até hoje. 
 
Essa Sociedade nasceu em um hospital chamado Northwood Villa e 
já de início, possuía 150 inscritos. A reunião que deu origem à fundação da 
Sociedade foi presidida por Brotherton. 
 
Outro discípulo de Cowhwer, William Medcalfe, também teve sua 
importância na propagação da dieta vegetariana. Ele entrou para a seita em 
1809 e foi o responsável por disseminar o vegetarianismo pela América. 
 
Em 1817 fez uma viagem de uma semana com alguns membros da 
seita para a América para propagar essa dieta religiosa. Por conta dessa 
viagem, o livro de Medcalfe, “Abstinência de Carne Animal”, lançado em 
1823, foi o primeiro livro a ser publicado nos Estados Unidos que abordava o 
vegetarianismo. 
 
Um americano que ajudou muito na propagação dos ideais religiosos 
de Cowherd e Medcalfe foi o reverendo William Sylvester Graham. Graham, 
em suas palestras sobre saúde, recomendava a todos os presentes que 
seguissem a dieta vegetariana. Graham também desenvolveu uma farinha 
integral e fez um pão conhecido como pão de Graham. 
 
Outros célebres americanos foram influenciados por Graham, tais 
como Willian e Bronson Alcott, Russel Trall, entre outros. Eles, juntamente 
com Medcalfe, fundaram em 1850 a Sociedade Vegetariana Americana, que 
acabou algum tempo depois. 
 
Outra americana bastante notável na defesa da dieta vegetariana é 
Ellen White. White era membro e fundadora da Igreja Adventista do Sétimo 
Dia e ajudou essa Igreja a construir um instituto de saúde em 1866, local 
onde era promovida essa dieta. 
 
Mais adiante, com a ajuda da Igreja Adventista do Sétimo Dia, John 
Harvey Kellogg foi estudar medicina com o intuito de manter o instituto de 
saúde, já que precisava de um médico para sobreviver. 
 
Kellogg chegou a se tornar diretor do instituto, mudando seu nome 
para Battle Creek Sanitarium, em homenagem à cidade de Battle Creek. 
Kellogg também desenvolveu alimentos à base de cereais, os chamados 
cereais matinais que receberam seu sobrenome. 
 
11 
 
 
Ele também foi nomeado porta-voz da Sociedade Vegetariana 
Americana em 1886, quando esta se instituiu novamente. Em 1923, Kellogg 
publicou um livro chamado “Dieta Natural para o Homem” que teve grande 
repercussão entre os americanos. 
 
A mãe do vegetarianismo 
 
Como foi possível notar, a propagação da dieta vegetariana foi feita 
por muitas pessoas com grande influência na época. Mas há uma mulher 
considerada a mãe do vegetarianismo no Ocidente. 
 
Seu nome é Anna Bonus Kingsford, nascida na Inglaterra no ano de 
1846. 
 
 
 
 
12 
Anna tinha o desejo de se tornar médica, entretanto, em seu país as 
mulheres eram proibidas de cursar a faculdade de medicina. Para conseguir 
alcançar seus ideais, Anna viajou à Paris, na França, e lá cursou medicina 
com o objetivo de aprofundar seus estudos sobre a dieta vegetariana. 
 
Ela queria provar que deixar de comer carne era saudável para o ser 
humano e, se fosse médica, suas afirmações teriam maior valor. Essas 
pesquisas sobre o vegetarianismo foram o objeto de estudo de sua tese, 
defendida em 1880, com o título em francês “De l’Alimentation Végétale chez 
l’Homme”, o qual seria em português “Da Alimentação Vegetal do Ser 
Humano”. 
 
Essa tese defendida por Anna Kingsford trazia vários argumentos a 
favor do vegetarianismo, muitos dos quais tem validade até hoje. 
Posteriormente, a tese foi reformulada e traduzida para o inglês a fim de se 
tornar acessível a um maior número de leitores. 
 
Na tese, cujo título em inglês foi “The Perfect Way in Diet” (em 
português “O Caminho Perfeito na Dieta”), Anna pregava os benefícios de 
não comer carne, o que agregava de positivo para a saúde humana, para o 
meio ambiente e para os animais. 
 
Ela afirmava que matar animais para comer era um ato bárbaro e 
cruel e que as pessoas só poderiam ser consideradas civilizadas quando 
parassem de se alimentar de carne. 
 
A médica chegou a afirmar que todos aqueles profissionais que 
trabalhavam com morte e venda de animais para consumo, tais como os 
fazendeiros e açougueiros, eram desmoralizados e precisavam se elevar 
para alcançar a civilização. 
 
Anna Kingsford é lembrada e mencionada até hoje por aqueles que 
estudam o vegetarianismo. Ela foi autora de diversas obras, algumas delas 
em parceria com o escritor inglês Edward Maitland, que a ajudou em muitas 
lutas a favor dos direitos das mulheres e dos animais. 
 
Após a morte de Anna Kingsford em 1888, Edward Maitland escreveu 
uma biografia da médica, que foi publicada em 1896, chamada “Vida de 
Anna Kingsford”. 
 
Vegetarianismo no Brasil 
 
Depois que o vegetarianismo foi levado aos Estados Unidos, seu 
conhecimento por parte da América Latina se tornou mais facilitado. 
 
No Brasil, os primeiros relatos de ações em defesa do vegetarianismo 
datam de 1921, quando foi fundada a primeira Sociedade Vegetariana 
Brasileira. Veja a foto: 
 
 
13 
 
 
 
A foto retrata a leitura de “20 argumentos em favor do 
vegetarianismo”, por Juan Esteve Dulin em uma palestra organizada pela 
Sociedade Vegetariana Brasileira, a SVB. 
 
À direita da foto estão o presidente e o secretário da então Sociedade 
Vegetariana Brasileira. Esse fato ocorreu no dia 18 de janeiro de 1921 e foi 
um marco para a criação da SVB. 
 
Juan Esteve Dulin era um médico naturista e foi responsável por 
divulgar inúmeras informações acerca de hábitos saudáveis por todo o 
mundo. 
 
Viveu no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, entre os anos de 
1920 a 1923, chegando a receber o diploma de "Membro Honorário da 
Sociedade Naturista Brasileiro", no ano de 1927. 
 
Depois da criação dessa primeira Sociedade Vegetariana Brasileira, 
não houve mais registros de sua continuidade. Não se sabe ao certo, até 
que ano ela existiu e porque se encerrou. 
 
Entretanto, existe atualmente uma Sociedade Vegetariana Brasileira, 
fundada no dia 16 de agosto de 2003. De acordo com o portal da Sociedade 
Vegetariana Brasileira, 
 
“a SVB é uma sociedade sem fins lucrativos, organizada em âmbito 
nacional, que trabalha para que o vegetarianismo seja conhecido e 
aceito como uma opção alimentar benéfica para a saúde humana, 
dos animais e do planeta”. 
 
 
 
 
14 
Essa Sociedade é filiada à International Vegetarian Union (IVU), em 
português União Vegetariana Internacional, que é uma união de várias 
sociedades vegetarianas ao redor do mundo. 
 
Os objetivos da Sociedade Vegetariana Brasileira, de acordo com seu 
estatuto são: 
 
“- a promoção do vegetarianismo em todos os seus aspectos; 
 
- a cooperação com organizações de âmbito local, regional, nacional 
e internacional com objetivos semelhantes. 
 
Para alcançar esses objetivos, a SVB se propõe a: 
 
- estimular a formação de grupos e organizações que promovam a 
causa do vegetarianismo,bem como a cooperação entre esses 
grupos e organizações; 
 
- promover e organizar eventos vegetarianos locais, regionais, 
nacionais e internacionais para divulgar e desenvolver o interesse 
pela causa do vegetarianismo e dar oportunidade para os 
vegetarianos se reunirem; 
 
- estimular a pesquisa de todos os aspectos do vegetarianismo e a 
coleta e publicação de materiais sobre o tema; 
 
- estudar e sugerir medidas que visem à segurança alimentar e 
nutricional; 
 
- representar a causa do vegetarianismo em organismos locais, 
regionais, nacionais e internacionais; 
 
- impetrar ações judiciais com o fim de preservar os objetivos dos 
presentes Estatutos; 
 
- desenvolver materiais educativos sobre a causa do vegetarianismo e 
divulgá-los o mais amplamente possível; 
 
- angariar fundos para a realização de seus objetivos e dar suporte 
aos membros e grupos filiados.”. 
 
A presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira é Marly Winckler e 
não há como abordar o vegetarianismo no Brasil sem mencionar seu nome. 
 
 
 
15 
 
 
 
Marly é vegetariana desde 1982 e, além de ser presidente da SVB, 
ela é coordenadora da União Vegetariana Internacional para a América 
Latina e o Caribe. É autora do livro “Vegetarianismo – Elementos para uma 
Conversa Sobre”, e tradutora de uma obra muito importante para o 
movimento vegetariano, a “Libertação Animal” de Peter Singer. 
 
No Brasil existem alguns movimentos e festivais dedicados aos 
vegetarianos. É possível citar alguns deles, como uma feira chamada Veg 
Cultura – Feira de Consumo Ético e Sustentável, onde os expositores não 
vendem nada de origem animal. 
 
Há congressos realizados pelo país, organizados pela Sociedade 
Brasileira Vegetariana, e lá são ministradas palestras, demonstrações 
culinárias, exposições de trabalhos, entre muitas outras atividades. 
 
Um festival conhecido especialmente pelos vegetarianos da cidade de 
São Paulo e região é a Verdurada. Nesse evento, há shows de bandas que 
apoiam o vegetarianismo, palestras sobre assuntos políticos, venda e 
exposição de materiais, entre outras atividades. Ao final dos shows, é 
distribuído um jantar vegetariano aos presentes. Esse evento ocorre 
bimestralmente na cidade de São Paulo. 
 
 
16 
Leitura Complementar 
 
Vegetarianismo no Brasil – Revista dos Vegetarianos 
 
Marly Winckler, uma das principais personalidades do vegetarianismo no Brasil, 
conta como está o movimento vegetariano no País 
 
Vegetariana desde 1982, Marly Winckler é coordenadora para a América Latina e 
o Caribe da União Vegetariana Internacional, preside a Sociedade Vegetariana 
Brasileira e foi responsável por organizar o 36º Congresso Vegetariano Mundial, 
que aconteceu na cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, em 2005. 
Ela é autora do livro Vegetarianismo – Elementos para uma Conversa Sobre e foi 
tradutora do livro Libertação Animal, de Peter Singer, considerado a bíblia do 
movimento de libertação animal. Nesta entrevista, Marly conta como o 
vegetarianismo entrou em sua vida e como está o movimento vegetariano no 
Brasil. 
 
Quando e como você decidiu se tornar vegetariana? 
 
Foi em 1982. Tive um namorado nesta época que era vegetariano e estava 
voltando da Índia. Ele me apresentou a parte ética do vegetarianismo e eu comprei 
a ideia. Então, virei ovo-lacto vegetariana. Desde então, o vegetarianismo tem uma 
presença cada vez maior na minha vida. Tem uma curiosidade também: quando 
minha mãe ficou grávida de mim, apareceu um livro na frente dela falando sobre 
vegetarianismo e ela virou vegetariana nos meses em que estava me esperando. 
Eu nasci e ela abandonou a dieta. Então, já estava predestinado... (risos). 
 
E como foi a transição do ovo-lacto para o veganismo? 
 
Naquela época, o veganismo não era divulgado como é hoje. Atualmente, as 
pessoas estão se tornando veganas por causa de como os animais são criados. 
Na época em que eu virei vegetariana, as pessoas adotavam o vegetarianismo 
mais por saúde ou por motivos religiosos e espirituais ou por respeito aos animais. 
Mas era uma coisa mais por compaixão e não pelos motivos de como os animais 
eram confinados, como acontece hoje. Quando eu tive notícias desse movimento, 
que nasceu na Inglaterra e já tem mais de 50 anos, eu fui a um festival vegano, 
que aconteceu na Califórnia, e lá eu conheci toda essa cultura. Então eu adotei 
também o veganismo. Isso foi em 1994. 
 
Era mais difícil ser vegetariana na década de 80 comparado com hoje? 
 
Atualmente, há uma oferta maior de produtos e este tema está entrando em 
debate. Nos anos 80, você falava que não comia carne e o médico dizia que você 
tinha que comer. Hoje, ele não pode mais dizer isso. Podemos mostrar para ele, 
com documentos científicos, que ele está equivocado. O próprio documento da 
Associação Dietética Americana, que não é uma associação vegetariana, estudou 
o assunto e tem um parecer favorável ao vegetarianismo. Vários elementos 
facilitam a vida do vegetariano hoje. A internet é um deles. Nos anos 1980, cada 
um enfrentava o seu meio sozinho. Com os grupos online e as comunidades 
virtuais, um dá apoio para o outro. E isso é muito importante. Principalmente para 
o adolescente, pois sem esse apoio fica muito difícil enfrentar a família. Ele pode 
trazer informação e conversar com pessoas idôneas e com conhecimento, que irão 
dar subsídios para ele conversar com os pais e dizer que isso não é coisa de 
maluco e é uma coisa bem embasada. Hoje, no Brasil, temos a Sociedade 
Vegetariana, com uma boa organização, possibilitando dar suporte para todos os 
vegetarianos. 
 
17 
Existe algum indício de que o vegetarianismo está crescendo no Brasil? 
 
Não temos pesquisas específicas sobre isto no Brasil, mas há muitos indícios de 
que o vegetarianismo está crescendo. Temos tranquilamente 5% da população 
que é vegetariana ou simpatizante e estamos caminhando, como nos países da 
Europa e Estados Unidos, para os 10% ou 12%. E esses indícios são os sites que 
são visitados. O site que criei em 1999, hoje tem 3 mil visitas por dia. O próprio 
mercado está oferecendo um leque de produtos que antes nós não 
encontrávamos, tanto para vegetarianos como para veganos, abordando no rótulo 
que é um produto sem ingredientes de origem animal e que não é testado em 
animais. 
 
Estive com o presidente da Associação dos Supermercadistas de São Paulo e ele 
me disse que os únicos setores que estão em crescimento nos supermercados 
são as seções de produtos orgânicos e naturais. Esses são os setores onde o 
vegetariano se abastece. Outro indício de crescimento é que as duas grandes 
indústrias de carne do Brasil estão com produtos para vegetarianos. De repente 
eles começaram a ter pena dos animais? Não. É porque eles viram que é um 
nicho de mercado e querem estar presentes nesse segmento. Alias, é o que eu 
digo sempre: eles não matam os animais porque eles têm gosto por isso. No 
momento em que você mostrar as vantagens do vegetarianismo para a saúde, 
para o planeta, para a preservação do meio ambiente e para os próprios animais, 
mais pessoas irão se tornar vegetarianas e a indústria terá que transferir seus 
interesses para outras áreas. 
 
Como está o Brasil em relação aos outros países na área de proteção dos 
direitos dos animais? 
 
Acho que o debate sobre os direitos dos animais está mais do que na hora de ser 
feito. A sociedade tem o direito de saber que, por trás de quase todos os produtos 
que ela consome, são feitos testes muito cruéis com animais, muitas vezes 
desnecessários. Esses testes não são imprescindíveis para que a ciência avance. 
 
O Brasil, em algumas áreas, tem uma legislação muito boa. Mas ela precisa ser 
implementada e cumprida. Há muitos grupos se organizando hoje e a coisa está 
avançando. Os Estados Unidos já fizeram esse debate da vivissecção,e a Europa 
em sua maioria, mas é um assunto no qual ainda assim estão atrasados. Eles não 
atingiram o que é desejável. Recentemente, um menino organizou um protesto em 
favor dos testes e isto teve uma repercussão muito grande. A sociedade não foi à 
raiz do problema e não está toda posicionada. 
 
Como surgiu a ideia de criar a Sociedade Vegetariana Brasileira? 
 
A Sociedade Vegetariana Brasileira, a SVB, é o resultado de um processo de 
vários anos. Tive a felicidade de ser pioneira em certas coisas, como criar a 
primeira lista de discussão na internet sobre vegetarianismo no Brasil e o primeiro 
site em português. Isso foi um processo que foi arregimentando os vegetarianos, 
até chegar o momento em que sentimos a necessidade de criar a Sociedade. 
 
Até porque, a SVB já nasceu com a grande atribuição de criar o primeiro 
Congresso Vegetariano Mundial no Brasil, que é organizado pela União 
Vegetariana Internacional e acontece a cada dois anos em algum país do mundo. 
Ele foi o primeiro a ser realizado na América Latina. Então, nós precisávamos de 
uma sociedade para organizar esse congresso. A SVB foi criada em 2003 e está 
indo muito bem. Temos 20 grupos, em diversas cidades do Brasil, e sócios em 
mais de 100 cidades. 
 
Como funciona a SVB? 
 
A Sociedade é organizada em grupos e departamentos. Para criar um grupo da 
SVB, e cada cidade pode ter vários, bastam três sócios. Os sócios criam um 
grupo, dão um nome, escolhem um coordenador e podem começar a sua vida 
como um grupo da SVB. Existem grupos pequenos e grupos com mais de 50 
sócios. O objetivo é organizar toda a "teia" da Sociedade. 
 
A ideia, como na cidade de São Paulo, por exemplo, é que cada bairro tenha o seu 
grupo. Assim, ele estará disponível à comunidade fornecendo informações, tendo 
um centro onde a pessoa possa fazer um curso de culinária, aprender a cultura 
vegetariana e conviver nesse meio. Temos os departamentos nacionais para 
qualificar nossa ação, como o de medicina e nutrição, com uma pessoa preparada 
para coordená-los e apta para dar suporte nessa área para todos os grupos, 
sócios, a mídia e etc. Além disso, os grupos organizam encontros periódicos, pois 
nada substitui o contato pessoal. 
 
Você acha que a mídia e os veículos em geral dão o devido espaço para o 
vegetarianismo? 
 
Eu acho que menos do que deveria. A mídia tem a obrigação de considerar o 
vegetarianismo com a importância que ele tem. Nós temos uma mensagem que 
não é vazia. O vegetarianismo tem implicações importantíssimas na vida da 
sociedade e na preservação do meio ambiente. Essa dieta eleita no Brasil, que é a 
Standard American Diet, a dieta americana padrão, cujo acrônimo em inglês é 
SAD, que traduzindo significa triste, ela é triste mesmo. Essa dieta centrada na 
carne está ligada a uma destruição do planeta. As produções de carne e de soja 
estão destruindo as florestas. A soja produzida no País é utilizada para ser ração 
para o gado. O brasileiro, tirando o óleo, não consome soja. Não é um produto que 
faz parte da sua dieta. A soja produzida é para dar de ração ou para exportar, 
também para uso como ração. São necessários de 7 a 9 quilos de soja para 
produzir 1 quilo de carne. Essa é uma dieta que tem um desperdício embutido 
muito grande num mundo onde existe fome. Um quinto da população é desnutrida 
e tem muita morte por causa da fome. 
 
A cada dois segundos uma criança morre de fome. Isto é uma realidade. Hoje, 
temos abundância de alimentos. É uma questão mais política de distribuição. Mas 
em um mundo futuro de 12 ou 14 bilhões de habitantes, essa dieta não daria para 
todos. Ela é antiética porque não pode ser estendida para todos. Não fica bem 
você defendê-la. Além disso, ela está ligada às principais doenças que levam ao 
óbito da sociedade ocidental. E tem também a questão fundamental que é como 
estamos criando e abatendo os animais. Tudo isso é muito bem escondido por trás 
dos frigoríficos e dessa indústria toda para que a população não veja. E nós 
queremos colocar esse debate em pauta. A população tem o direito de se 
posicionar, tendo conhecimento de causa. A realidade é que a dieta vegetariana é 
saudável, adequada em termos nutricionais e benéfica para o planeta e para os 
animais. 
 
Que conselho você daria para uma pessoa que está abolindo a carne do 
cardápio? 
 
Primeiro, procure se unir a um dos grupos da internet que estão por aí. Ali, você 
vai encontrar apoio e discutir todas as questões com que nos deparamos ao 
adotar uma dieta vegetariana. Em segundo, procure uma organização, como a 
Sociedade Vegetariana Brasileira, que vai fornecer um subsídio correto sobre 
nutrição, para você não ficar desassistido e se sentir mais tranquilo e fortalecido na 
sua opção. 
 
 
 
19 
1.2 – O que é ser vegetariano? 
 
Sempre que uma pessoa se declara vegetariana, muitos mal 
entendidos podem ocorrer, principalmente por parte dos menos esclarecidos 
sobre o assunto. 
 
É muito comum quando um vegetariano é convidado a almoçar na 
casa de um amigo ou parente desinformado, o anfitrião lhe sirva somente 
uma salada. Entretanto, as pessoas se esquecem de que é vasto o número 
de pratos que podem ser feitos sem carne. 
 
De acordo com a obra “Alimentação Vegetariana: Chega de 
Abobrinha!”, escrita pelo Mestre DeRose, o vegetariano é aquele que não 
come carnes de nenhuma espécie, nem vermelha, nem branca, nem de 
crustáceos ou moluscos. O mestre afirma que o vegetarianismo pode ser 
dividido em três grupos: 
 
- O vegetarianismo, também chamado de lacto-ovo-vegetarianismo, 
que é a dieta que inclui todos os alimentos que compõem uma dieta comum, 
com exceção das carnes. O vegetariano pode comer frutas, legumes, 
verduras, cereais cozidos ou cruz e também ovos e leite. 
 
- O vegetalianismo, também chamado de lacto-vegetarianismo, é 
aquele em que os indivíduos se alimentam dos mesmos alimentos do 
vegetarianismo, entretanto não comem ovos de nenhuma espécie, pois 
afirmam que os ovos poderiam, um dia, se tornar seres vivos. Os lacto-
vegetarianos tomam leite. 
 
- O vegetarismo, também chamado de vegetarianismo puro ou dieta 
vegana, que não inclui em sua dieta nenhum alimento de origem animal, 
nem leite, nem ovos, nem carnes. 
 
Dentre as pessoas que se declaram vegetarianas, a maioria pertence 
ao primeiro grupo. O vegetalianismo e os veganos (ou vegans) constituem 
uma menor parcela, e essa escolha, muitas vezes, tem mais relação com 
comportamentos doutrinários do que com a busca de hábitos saudáveis. 
 
Existem também outros sistemas alimentares entre os animais. 
Alguns podem ser adotados pelos humanos, entretanto é muito importante 
ter um acompanhamento médico e nutricional antes de mudar radicalmente 
qualquer dieta. 
 
São eles: 
 
- Frugivorismo: quem opta por esse sistema se alimenta apenas de 
frutas. A razão da escolha desse sistema é que as frutas não deixam 
resíduos no organismo e não é necessário matar, nem animais nem 
vegetais, para se alimentar. 
 
 
 
20 
É um sistema bastante restrito e não se devem cozinhar os alimentos, 
ou seja, tirá-los de sua forma naturais, caso contrário, nutrientes seriam 
perdidos. Não se deve acrescentar nem sal nem açúcar nos alimentos. 
 
O Mestre DeRose afirma que o único alimento que o ser humano 
ingere em seu estado natural, ou seja, sem cozimento ou adição de 
temperos, são as frutas e que, por isso, fomos projetados para nos 
alimentarmos de frutas. 
 
Mas quem decidir seguir esse tipo de dieta não deve fazê-lo de um 
dia para o outro. A transição deve ser lenta e gradativa. Mestre DeRose 
recomenda que um vegetariano que queira se tornar frugívoro faça a 
transição em cinco anos. Um onívoro (que se alimenta de tudo) levaria, em 
média, dez anos para alcançar essa dieta. 
 
- Naturismo ou Crudivorismo: nessa forma dese alimentar, os 
alimentos devem ser ingeridos crus, pois assim é sua forma natural. Quem 
adere essa dieta afirma que os alimentos perdem nutrientes e vitalidade ao 
serem cozidos. 
 
É importante lembrar-se de sempre lavar bem os alimentos para 
retirar as sujeiras e micro-organismos que fazem mal à saúde. O cozimento 
mataria esses micro-organismos, no entanto, o alimento não será cozido. 
 
Embora seja considerada uma dieta bastante saudável, há quem não 
se adapte a ela pelo fato de sentir falta da comida quente e cozida. Também 
não é permitido acrescentar sal ou temperos que não sejam naturais aos 
alimentos. 
 
- Cerealismo: no cerealismo, como o próprio nome sugere, a base da 
alimentação é composta por cereais, tais como o trigo, arroz, aveia, centeio 
entre outros. 
 
Os cereais podem ser consumidos crus ou mesmo cozidos, 
entretanto, há quem prefira desnaturá-los, ou seja, tirar sua forma natural, o 
mínimo possível e, por isso, os deixa somente de molho na água para serem 
hidratados. É isso que se faz com o trigo para kibe, o qual é utilizado para 
fazer o tabule. 
 
O cerealismo originou a chamada alimentação macrobiótica. O nome 
macrobiótico é de origem grega em que macro significa “grande” e bio 
significa “vida”, por isso, proporcionaria vida longa. Nessa dieta, há a 
preferência por muitos cereais integrais, especialmente o arroz integral, 
legumes, algas marinhas e até mesmo peixe. 
 
Não se pode dizer que dieta macrobiótica é vegetariana, pois alguns 
adeptos podem comer peixe ou outros produtos de origem animal. 
 
 
 
21 
A alimentação macrobiótica é baseada no equilíbrio entre alimentos. 
Alguns são considerados yin, outros são considerados yang. O yin-yang é 
uma filosofia chinesa que prega a existência de duas forças opostas, sendo 
que o yin representa o lado escuro, noturno, frio, passivo e é associado à 
força feminina; o yang é o lado mais claro, quente, ativo e associado à força 
masculina. 
 
Os adeptos dessa dieta buscam alimentar-se com alimentos que 
proporcionem um equilíbrio a seu organismo, ingerindo tanto alimentos yin 
quanto alimentos yang. Por isso, preferem aqueles extraídos da natureza, 
como os cereais, os legumes, as sementes e outros, já que a natureza é 
dotada desse equilíbrio. 
 
Como exemplo de alimentos yin podem ser citados a beringela, o 
tomate, o milho, a aveia, a ervilha, a beterraba, a couve-flor, a lentilha, entre 
outros. 
 
Alguns exemplos de alimentos yang são o trigo, o grão-de-bico, o 
arroz, a cebola, a salsa, leite, queijos, cenoura, amêndoas e outros. 
 
 - Onivorismo: os animais onívoros são aqueles que comem 
alimentos de qualquer origem, seja vegetal, animal e até mesmo alimentos 
industrializados, ou seja, se alimentam com legumes, verduras, carnes, 
ovos, leite e tudo mais que desejarem. 
 
O nome onivorismo, antigamente era grafado omnivorismo, pois omni 
significa “tudo”, já que os onívoros comem tudo o que possam mastigar. 
 
Esse sistema alimentar, embora seja o escolhido por um grande 
número de pessoas, é muito criticado por conferir odores fortes que exalam 
do corpo, pois a mistura de alimentos vai fermentando e gerando um odor 
desagradável. 
 
O Mestre DeRose propõe uma experiência: “experimente colocar num 
saco plástico um pouco de tudo o que você ingerir na próxima refeição. 
Acrescente um cálice de ácido gástrico (se não tiver, esprema um limão). 
Em seguida, coloque por meia hora num forno a 36 graus centígrados, a 
temperatura do seu corpo. Depois, abra e cheire”. 
 
Quem é contra o onivorismo chega a comparar o ser humano que se 
alimenta de todos os tipos de alimentos a um porco, animal que come de 
tudo e cheira muito mal. 
 
- Carnivorismo: esse tipo de sistema alimentar não é comum entre 
os humanos, pois os animais carnívoros são aqueles que caçam suas 
presas e as comem ainda com o sangue quente. 
 
Para exemplos podemos citar os leões, os tigres, os tubarões, e 
outros predadores. Os carnívoros se alimentam exclusivamente de carne. 
 
 
22 
- Carniceirismo: os animais carniceiros, diferentemente dos animais 
carnívoros, não matam suas presas, mas comem carne quando ela já está 
em início de putrefação, ou seja, virando carniça. Podemos citar entre os 
animais carniceiros os abutres, os urubus e as hienas. 
 
As pessoas que são radicalmente contra a ingestão de carnes 
chegam a afirmar que muitos seres humanos são carniceiros. O que os 
diferiria dos abutres, urubus e hienas é o fato de não comerem a carne em 
início de putrefação, pois ela é estocada em frigoríficos e quando vai para a 
venda, os comerciantes usam produtos que devolvem a coloração vermelha, 
mais viva, para que pareça mais saudável. 
 
Cada pessoa pode escolher o sistema alimentar que mais considera 
adequado. Essa escolha pode ser influenciada pela cultura de seu país, por 
hábitos familiares ou até mesmo por questões de saúde. 
 
Todos eles vão possuir adeptos e pessoas que criticam. Cabe a cada 
um saber discernir os argumentos e escolher sua dieta com sabedoria. 
Afinal, tudo aquilo que comemos reflete em nosso organismo. 
 
É também muito importante procurar, sempre que possível um médico 
e um nutricionista para comunicá-lo de sua decisão. Ele poderá auxiliar na 
escolha adequada dos alimentos para que não haja nenhuma deficiência de 
nutrientes e consequentes enfermidades. 
 
 
1.3 – Vegetarianismo e religião 
 
O vegetarianismo associado a crenças religiosas não é um fato 
recente. Sabe-se que as civilizações mais antigas acreditavam em mitos e 
deuses, como é o caso dos gregos, dos egípcios, dos hindus, e outros povos 
cujas mitologias são estudadas até hoje. 
 
Os egípcios antigos, que viviam há milhares de anos antes de Cristo, 
eram politeístas, ou seja, eles acreditavam em vários deuses (palavra de 
origem grega: poli = muitos, théos = deuses). 
 
Alguns desses deuses se manifestavam em forma de animais como o 
crocodilo, o gato, o boi e outros. Por isso, os animais eram considerados 
sagrados para o povo egípcio, o que os levava a comer somente alimentos 
de origem vegetal. 
 
 
23 
 
 
A ilustração acima mostra os deuses Anúbis, Thot e Hórus, muito 
cultuados pela civilização egípcia antiga. 
 
E não eram somente os egípcios que cultuavam deuses animais. Na 
mitologia hindu também é possível encontrarmos deuses com formas 
híbridas, ou seja, que misturam humanos e animais. 
 
Um dos mais populares deuses hindus é o Ganesh, ou Ganesha 
como alguns o conhecem. Ele possui corpo de criança e uma cabeça de 
elefante. De acordo com a mitologia, Ganesh é filho de Shiva e Parvati, dois 
deuses. 
 
Sua história é a seguinte: Shiva gostava de viajar, de meditar nas 
montanhas e praticar a yoga. Depois que se casou com Parvati, a deusa da 
beleza, Shiva parou de viajar para ficar com sua amada. 
 
Mas Parvati viu que seu marido sentia falta de suas viagens e o 
aconselhou a reviver suas aventuras. Shiva aceitou seus conselhos, colocou 
uma pele de tigre nas costas, enrolou duas cobras no pescoço, montou em 
sua vaca e foi para as montanhas. 
 
 
 
24 
Lá ele meditou, entretanto, quando Shiva meditava nada conseguia 
acordá-lo. Por isso, passou anos meditando e quando acordou, sentiu falta 
da esposa e foi para sua casa. 
 
O que Shiva não sabia é que sua esposa estava grávida quando 
partiu. Ela deu a luz a um menino chamado Ganapati. Parvati também 
melhorou sua casa deixando-a mais confortável. 
 
Quando Shiva chegou, encontrou um menino guardando a casa 
enquanto sua mãe tomava banho. Estranhando a situação, Shiva quis 
entrar, mas o menino não deixou, afinal, não se conheciam. 
 
Foi então que Shiva cortou a cabeça de Ganapati e Parvati, quando 
viu o que havia acontecido, explicou a situaçãoe ordenou que Shiva 
encontrasse outra cabeça para por no lugar da do filho e que trouxesse a 
primeira que encontrasse. 
 
Mas o primeiro animal que apareceu, não era humano, mas sim um 
filhote de elefante. Quando Ganapati recebeu a cabeça do elefante, se 
tornou, então, Ganesha. Ele é conhecido como o deus da sabedoria e seu 
nome significa “senhor de todos os seres”. 
 
 
Há outro deus hindu, o Hanuman, que é um deus macaco. Ele é 
considerado uma reencarnação do deus Shiva e é tido como um grande e 
fiel devoto de Rama. Rama é um avatar (representação) do deus Vishnu. 
 
 
 
 
25 
 
Por terem os deuses hindus formas animais, o povo que adorava a 
esses deuses respeitava os animais e também não os comiam, afinal, eles 
eram sagrados. 
 
Essa adoração por animais transcendeu o tempo e pode ser vista até 
os dias atuais em algumas culturas. É o caso dos indianos que consideram a 
vaca (e o boi) como um animal sagrado, sendo mais puro que um indivíduo 
da casta mais alta, um brâmane (a sociedade indiana é dividida em castas). 
 
O deus Shiva montava em uma vaca conhecida como Nandi e os 
indianos, povo que descende dos hindus, consideram que há um pouco de 
Nandi em cada vaca que existe. 
 
Os deuses hindus, quando precisam vir a Terra, se manifestam na 
forma de alguns animais. Um deles seria a própria vaca. Até hoje, os 
indianos utilizam os produtos da vaca como leite e urina, em rituais de 
purificação. A vaca não é morta, tampouco serve de alimento para os 
indianos. 
 
A Igreja Adventista do Sétimo Dia também prega uma dieta 
vegetariana por ter em seus princípios levar uma vida pacífica, com busca 
de uma boa saúde e preservação do meio ambiente. Para ter uma vida 
pacífica e em harmonia com o meio ambiente, eles não devem comer carne. 
 
Alguns cristãos, como o citado Willian Cowherd, acreditavam que o 
vegetarianismo estava designado na Bíblia, como vimos com o trecho do 
Gênesis. 
 
 
26 
O budismo também tem uma dieta vegetariana por acreditar no 
carma. O carma, em sânscrito, significa “ato”, “ação”. Ele funciona mais ou 
menos como uma lei de causa e efeito, ou seja, tudo o que se faz terá suas 
consequências. 
 
Os budistas acreditam que se matarem um animal, um dia serão 
responsabilizados por esse ato de crueldade. 
 
Nos mosteiros, os monges não comem carne, entretanto, como 
alguns deles vivem em situação de mendicância por abrirem mão de seus 
bens materiais, eles comem o que lhes é oferecido. 
 
Também se são convidados a comer em uma casa, devem comer o 
que lhes é servido, pois não devem se achar superiores por não comerem 
carne. Isso iria contra seus princípios. 
 
Os motivos religiosos para não se comer carne são diversos. Algumas 
religiões consideram os animais como sagrados, outras acreditam que 
fomos predestinados a comer somente o que a natureza nos oferece, como 
plantas, raízes, frutas e outros alimentos e que, se Deus fez os animais 
como seres que sofrem e sentem dor, significa que não se deve fazê-los 
sofrer. 
 
 
1.4 – Vegetarianismo e solidariedade animal 
 
Os vegetarianos que não escolheram seguir essa dieta por influência 
de religião, têm como principais argumentos a defesa dos animais e a 
preservação do meio ambiente. 
 
Os ovo-lacto-vegetarianos e os lacto-vegetarianos ainda consomem 
ovos ou leite. Já os veganos não consomem nada que tenha origem animal, 
incluindo ovos e leite. 
 
Os adeptos do veganismo também não usam roupas de origem 
animal, como o couro, peles, nem mesmo lã. Suas roupas são todas feitas 
com produtos sintéticos ou vegetais. 
 
Os vegetarianos, seja de qualquer um dos sistemas alimentares, têm 
como premissa evitar o sofrimento animal. Para eles, os animais não devem 
sofrer e um ser humano não teria o direito de fazer isso. Deixar de comer 
carne é um sinal de respeito para os vegetarianos. 
 
Os animais são tão respeitados por algumas pessoas que em 27 de 
janeiro de 1978 foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Animais, 
em Bruxelas, capital da Bélgica. 
 
O órgão responsável por essa Declaração foi a Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a UNESCO. 
 
27 
Veja o que consta na Declaração: 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS 
 
PREÂMBULO 
 
Considerando que todo o animal possui direitos; 
 
Considerando que o desconhecimento e o desprezo destes direitos têm levado e 
continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a 
natureza; 
 
Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência 
das outras espécies animais constitui o fundamento da 
coexistência das outras espécies no mundo; 
 
Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de 
continuar a perpetrar outros; 
 
Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito 
dos homens pelo seu semelhante, 
 
Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a 
compreender, a respeitar e a amar os animais. 
 
PROCLAMA-SE O SEGUINTE: 
 
Art. 1º - Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos 
à existência. 
 
Art. 2º 
 
1. Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 
 
2. O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou 
explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao 
serviço dos animais. 
 
3. Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. 
 
Art. 3º 
 
1. Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 
 
2. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, 
sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia. 
 
Art. 4º 
 
1. Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre 
no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se 
reproduzir. 
 
 
28 
2. Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a 
este direito. 
 
Art. 5º 
 
1. Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio 
ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições 
de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie. 
 
2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo 
homem com fins mercantis é contrária a este direito. 
 
Art. 6º 
 
1. Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma 
duração de vida conforme a sua longevidade natural. 
 
2. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. 
 
Art. 7º 
 
Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de 
intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso. 
 
Art. 8º 
 
1. A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é 
incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, 
científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação. 
 
2. As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas. 
 
Art. 9º 
 
Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, 
transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor. 
 
Art. 10º 
 
1. Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem. 
 
2. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são 
incompatíveis com a dignidade do animal. 
 
Art. 11º 
 
Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, 
isto é um crime contra a vida. 
 
Art. 12º 
 
1. Todo o ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens é 
um genocídio, isto é, um crime contra a espécie. 
 
 
 
29 
2. A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.Art. 13º 
 
1. O animal morto deve ser tratado com respeito. 
 
2. As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser interditas no 
cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos 
direitos do animal. 
 
Art. 14º 
 
1. Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar 
representados a nível governamental. 
 
2. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem. 
 
 
 
O fato de os animais possuírem seus direitos não lhes coloca em 
situação de igualdade com os humanos. Ou seja, não se pode afirmar que 
os animais têm os mesmos direitos dos humanos, caso contrário eles teriam 
direito à educação, ao voto, entre outros. Os animais devem ter seus direitos 
e serem respeitados pelo que são. 
 
Os defensores dos direitos animais se preocupam com o fato de os 
animais estarem sendo meramente produtos de compra e venda ou estarem 
sendo usados para benefício humano. 
 
O assunto dos direitos animais gera alguma polêmica, pois existem 
duas vertentes que defendem diferentes posições. 
 
A primeira afirma que os animais são seres que possuem uma vida e 
habilidades cognitivas, ou seja, sentem, se comunicam, entre outras 
capacidades. 
 
Essa vertente é contra o uso de animais para comida, para testes, 
para caça comercial ou qualquer outro tipo de posse que prejudique sua 
vida. Os animais sencientes, ou seja, aqueles que têm sensações, de acordo 
com esse ponto de vista, devem ser tão respeitados quanto os humanos. 
 
Já a segunda vertente é a posição utilitarista que prega que o respeito 
aos animais não deve se basear em suas capacidades cognitivas ou em sua 
inteligência, mas sim no fato de sentirem dor. 
 
Os seguidores dessa linha de pensamento afirmam que os produtos e 
serviços conseguidos na base da dor animal, podem muito bem serem 
conseguidos sem que nenhum ser vivo necessite sofrer. Um animal pode ser 
morto, desde que seja de uma forma indolor e sem nenhum sofrimento. 
 
 
 
30 
O escritor norte-americano Gary Francione pontua que não existem 
atualmente leis de proteção animal, visto que eles são propriedades dos 
humanos. O que existem, para ele, são leis que visam o bem-estar e 
protegem o animal enquanto for propriedade de algum ser humano. 
 
Francione diz ainda que é possível proteger mais os animais, mas 
critica que isso não será feito se não houver um lucro para os humanos. 
Segundo o escritor, para que os animais não sejam “coisas”, eles não devem 
ser propriedade dos humanos. 
 
O uso e exploração de animais são condenados por Francione, sejam 
eles animais grandes ou pequenos. Se tiverem senciência, ou seja, se forem 
capazes de sentir, já devem ter o mesmo respeito que teria um ser humano. 
 
Cada vegetariano concorda com a vertente e as afirmações que mais 
lhe são sensatas. Não se deve dizer que há uma certa e outra errada, pois 
todas são fundamentadas em pesquisas e possuem argumentos plausíveis. 
 
 
1.5 – Vegetarianismo e meio ambiente 
 
A proteção ao meio ambiente é um dos argumentos que alguns 
vegetarianos usam para seguir uma dieta sem carnes. Eles alegam que a 
criação de gado traz sérios prejuízos ao solo e à biodiversidade local. 
 
No ano de 1996 a Food and Agriculture Organization of the United 
Nations, FAO (em português Organização da Alimentação e Cultura das 
Nações Unidas), lançou um relatório que aponta os problemas que podem 
ser causados quando um pasto é formado. 
 
Para fazer um pasto, árvores são cortadas e algumas vezes são feitas 
queimadas para limpar o campo. Com isso, há a diminuição da fauna local, 
ou seja, dos animais que habitavam aquele espaço antes de haver o 
desmatamento. 
 
O solo fica prejudicado e corre-se o risco de haver desertificação, ou 
seja, o solo começa a se tornar semelhante ao solo de um deserto, que é 
arenoso e não se produz nada. 
 
Os pesticidas usados para manter o pasto também podem ser 
agressivos tanto para o solo quanto para a água, pois podem alcançar os 
lençóis freáticos, aqueles que se encontram embaixo da terra. 
 
Os criadores de gado que não tratam de forma adequada os 
excrementos dos animais acabam por poluir rios e tornar o ar bastante mal 
cheiroso no local da fazenda. 
 
 
 
31 
Quando os excrementos animais vão para os rios, eles podem matar 
os peixes e outros animais que dependem daquela água e podem, até 
mesmo, contaminar os humanos. 
 
As árvores ajudam no controle da temperatura do ambiente. Sabe-se 
que onde há mais árvores, há menos gás carbônico (CO2) no ar, pois ele é 
usado pelas plantas na fotossíntese. Por isso, onde há pastos, há menos 
árvores e, consequentemente, há mais CO2 no ar. 
 
O gás carbônico é um dos gases que provocam o chamado “efeito 
estufa”, que é um fenômeno em que os gases poluentes formam uma 
espécie de barreira que impede que o calor se dissipe. 
 
Outro gás poluente que contribui muito para o efeito estufa é o óxido 
nitroso. Esse gás é mais poderoso que o CO2 em efeitos poluentes e grande 
parte desse gás sai do esterco do gado. 
 
Além desses gases, é possível citar o gás metano, produzido 
naturalmente pelo corpo dos animais. O gás metano encontra o ar quando 
há uma flatulência. 
 
O solo do pasto, depois de algum tempo, passa a não servir nem mais 
para a pastagem, pois sofreu muita erosão. Torna-se, então, uma área 
inutilizada. 
 
Aqueles que são contra a criação de gado afirmam que essas áreas 
onde são cultivados pastos poderiam servir para plantação de diversos 
outros alimentos que seriam fornecidos a um grande número de pessoas. 
 
Veja essas informações retiradas do relatório da FAO: 
 
Dieta quase puramente vegetariana 6,3 bilhões de pessoas 
15% de calorias de fonte animal 4,2 bilhões de pessoas 
25% de calorias de fonte animal 3,2 bilhões de pessoas 
Na tabela acima, a FAO demonstra que um maior número de pessoas 
seria alimentado caso sua dieta se baseasse no vegetarianismo. Quanto 
mais carne há na dieta de uma pessoa, mais espaço do solo ela ocuparia, 
pois para manter um animal vivo, alimentando-o e cuidando de sua saúde, é 
necessário mais espaço na terra, além de ser mais caro criar gado do que 
plantar. 
 
O gado necessita de cuidados especiais para estar preparado para o 
corte. Ele tomará vacinas, medicamentos que garantam sua saúde e 
engorda e funcionários treinados para realizar todo esse trabalho. 
 
 
32 
Tudo isso faz com que o preço da carne seja muito alto em 
comparação ao preço dos produtos de origem vegetal. Afinal, antes de 
chegar ao consumidor, o animal precisa ser morto, limpo, cortado, 
transportado, conservado, embalado e isso requer muitos profissionais 
envolvidos, além de outros gastos como energia elétrica. 
 
Por esses motivos é que se alega que o vegetarianismo pode ajudar a 
diminuir gastos que, num futuro, seriam usados para suprir as necessidades 
alimentares de um maior número de pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 – As dificuldades enfrentadas pelos vegetarianos 
 
Não é algo incomum encontrar um “ex-vegetariano”. Quando uma 
pessoa passa grande parte de sua vida comendo carne e decide virar 
vegetariana, ela precisa de muita força de vontade, especialmente se sua 
família e amigos continuarem em uma dieta onívora. 
 
Para aquele que compra e faz sua própria comida, talvez seja mais 
fácil se alimentar de tudo aquilo que gosta. Entretanto, quando não há essa 
possibilidade, tudo se torna mais difícil. 
 
 
 
 
 
33 
Isso porque, muitas pessoas ainda acreditam que um vegetariano se 
alimenta somente de salada ou carne de soja, o que reduziria muito seu 
cardápio. E nem todos estão dispostos a mudar seus hábitos e aprenderem 
novas receitas, somente para satisfazer as preferências de outrapessoa. 
 
As famílias desinformadas podem até mesmo ameaçar o novo 
vegetariano dizendo que ele corre o risco de ficar anêmico e até mesmo de 
morrer caso não coma carne. É claro que se ele agir com irresponsabilidade 
pode mesmo correr algum risco. 
 
E esse é um dos problemas enfrentados quando alguém decide se 
tornar vegetariano: não saber substituir os nutrientes encontrados na carne 
por outros de origem vegetal. 
 
Por isso, a partir do momento da decisão tomada, é importante 
consultar um nutricionista, informá-lo de sua decisão para receber as 
orientações necessárias. Caso contrário, não será possível levar essa dieta 
adiante, pois o organismo necessita de certas proteínas para manter seu 
bom funcionamento. 
 
O profissional pode indicar os alimentos que entrarão no lugar da 
carne sem prejuízos para a sua saúde. Seria contraditório buscar a dieta 
vegetariana para se ter uma vida mais saudável e começar a se sentir fraco 
justamente em razão da dieta. Daí a importância de agir corretamente. 
 
Há também os que tentaram ser vegetarianos por um tempo, mas 
sentiram muita falta de comer carne. Gostar de comer carne e conviver com 
pessoas não vegetarianas é de fato um obstáculo. 
 
Embora o número de restaurantes vegetarianos e de produtos de 
origem vegetal tenha crescido, ainda não há uma grande variedade nem 
acessibilidade para os consumidores. Nem todos os mercados vendem 
essas opções por acreditarem ter pouca saída. 
 
Os fast foods que servem especialmente lanches com hambúrguer 
são um exemplo de falta de opções vegetarianas. Quando o cardápio é 
analisado, as opções que restam são algumas saladas, a batata frita e as 
bebidas. É raro encontrar um fast food dessa espécie servindo hambúrguer 
vegetariano. 
 
Muitas pessoas que decidem iniciar uma dieta vegetariana sofrem 
pressão de alguns amigos. Eles acham que não é saudável, fazem 
gozações com o amigo vegetariano, o que pode ser desestimulante. 
 
Por isso, se o vegetariano tem seu propósito firme não deve 
considerar as brincadeiras dos amigos, tampouco mudar por pressão deles. 
É importante estar certo de seus objetivos e seguir em frente. 
 
 
 
34 
Nos relacionamentos amorosos também pode haver divergências por 
conta dos sistemas alimentares diferentes, especialmente se os casais 
moram juntos. 
 
Em alguns casos, um dos dois passa para o sistema alimentar do 
companheiro, seja por praticidade ou por outras razões. O fato é que tudo 
fica mais simples quando os dois se alimentam com as mesmas refeições. 
 
Ainda mais pelo fato de a escolha do vegetarianismo ter implícitas 
razões políticas ou éticas. Isso significa que um vegetariano tem opiniões 
diferentes de um não vegetariano acerca de muitos assuntos. Nem todos 
conseguem conviver com pessoas que pensam de forma oposta, seja em 
um casamento, seja com os amigos, ou em outras situações. 
 
Como nem todas as pessoas sabem lidar com alguém que seja 
diferente, se o vegetariano não quiser ter problemas, é melhor deixar essa 
informação em segredo em certas ocasiões. 
 
Se você vai almoçar em algum restaurante não vegetariano com 
alguns colegas, por exemplo, não peça um prato vegetariano, pois 
certamente dirão que não tem. Escolha você o seu prato com base naquilo 
que gosta. Se for preciso, peça para tirar algum ingrediente de origem 
animal. 
 
Se o restaurante for do sistema self service, melhor, pegue apenas 
aquilo que está incluso em sua dieta. Dessa forma, evitam-se perguntas 
desnecessárias, gozações e privações de alimentos que você gosta. 
 
Veja a experiência que o Mestre DeRose vivenciou: 
 
“Certa vez, numa viagem internacional, minha mesinha já estava 
posta quando tive a infeliz ideia de informar a comissária de bordo que o 
pedido de alimentação vegetariana era meu. Ato contínuo ela retirou da 
minha mesa o queijo, a manteiga, a maionese, o pão, o biscoito, o chocolate, 
a sobremesa e tirou até o sal e a pimenta. No lugar, colocou uma lavagem 
de legumes cozidos à moda de isopor.” (DEROSE, 2004). 
 
Isso que ocorreu com o Mestre DeRose pode acontecer com outras 
pessoas quando mencionarem que são vegetarianas, não só em viagens 
aéreas, mas até mesmo em casa de amigos e parentes. 
 
Alguns amigos e parentes podem evitar convidar o vegetariano para 
comer em sua casa por não saber o que servir ou para não ter o trabalho de 
fazer uma comida separada para eles. 
 
Mas quando se tem um firme propósito de se manter na dieta 
vegetariana, é necessário ter foco nos objetivos. Para alguns pode ser mais 
difícil do que para outros, mas quando se tem uma meta a alcançar é 
necessário ter força de vontade. 
 
 
35 
2.2 – Crianças vegetarianas 
 
Quando um casal de vegetarianos resolve ter um filho, vale a pena 
fazê-lo seguir a mesma dieta? Há quem seja contra e há quem seja a favor. 
 
Entretanto, a saúde da criança deve estar em primeiro lugar. Cabe 
aos pais procurarem um nutricionista, logo no início da gravidez para 
saberem como proceder para que o bebê nasça saudável e sem nenhum 
problema. 
 
Todos os alimentos consumidos pela mãe são revertidos para o bebê 
durante a gravidez. Nesse período, a mãe deve ingerir muitas vitaminas e 
nutrientes para fornecer tudo o que o bebê necessita para sua formação. 
 
Se ela não abre mão de ser vegetariana, deve buscar suprir todas as 
necessidades que ela e o bebê precisam, encontrando todos os nutrientes 
em fontes vegetais. 
 
Após o parto e até que a criança complete seis meses, ela deve ser 
alimentada apenas com o leite materno. Essa é uma recomendação da 
Organização Mundial de Saúde, a OMS. 
 
O leite materno tem tudo o que o bebê precisa para crescer e se 
desenvolver com saúde, não sendo necessário incluir nenhum outro 
alimento na dieta do bebê. Depois dos seis meses é que alguns alimentos 
podem ser oferecidos ao bebê, mas a amamentação ainda deve continuar 
por, pelo menos, até a criança completar dois anos. 
 
A infância é o período em que a criança está em fase de crescimento 
e de constante desenvolvimento. Para que esses processos ocorram de 
forma satisfatória, ela precisa se alimentar bem. 
 
Se uma criança tem uma alimentação que não supre todas as suas 
necessidades, certamente terá problemas de aprendizado, de crescimento, 
de coordenação motora, de concentração, entre outros problemas que terão 
reflexos por toda a vida. 
 
Mas a alimentação vegetariana poderia suprir todas as necessidades 
nutricionais de uma criança? Há profissionais de saúde que defendem o 
vegetarianismo para crianças, outros apoiam. 
 
Em uma reportagem exibida no jornal Folha de São Paulo, a 
nutricionista Silvia Cozzolino, professora titular da Faculdade de Ciências 
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, USP, e vice-presidente da 
Sociedade Brasileira de Nutrição afirma o seguinte: 
 
 
36 
“as principais preocupações em relação às crianças vegetarianas se 
concentram no ferro, no cálcio, na vitamina B12, no zinco e, quando 
não há suficiente exposição ao sol, na vitamina D. Alimentos de origem 
animal, fontes mais ricas desses nutrientes, são muito importantes 
nessa fase de grande desenvolvimento. Os ovo-lacto-vegetarianos 
ingerem mais proteínas de origem animal e cálcio, além de outras 
vitaminas e minerais, ao passo que as dietas mais restritas trazem 
mais riscos, principalmente se seguidas sem orientação.” 
 
As dietas mais restritas mencionadas pela nutricionista Silvia 
Cozzolino são o vegetarianismo puro ou o veganismo, que não consomem 
nenhum produto de origem animal, nem mesmo leite ou ovos. Os ovos são 
grande fonte de proteína, já o leite grande fonte de cálcio, essenciais para as 
crianças em fase de crescimento. 
 
Mas a opinião do nutrólogo Eric Slywitch, coordenador do 
Departamento deMedicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira é 
diferente. Ele afirma que mesmo as dietas veganas, se forem bem 
controladas e ricas em vitaminas e proteínas, podem ser seguidas por 
crianças. 
 
Segundo Slywitch: 
 
“a dieta vegetariana bem planejada é adequada nutricionalmente para 
crianças. Entidades oficiais como a Associação Americana de 
Pediatria, assim como a Associação Dietética Americana, suportam 
esse parecer. Exceto pela escolha dos tipos de alimentos para grupos 
vegetarianos, a única diretriz de complementação dietética que difere 
dos onívoros está na utilização da vitamina B12. Esta, por segurança, 
deve ser oferecida inclusive para os ovo-lacto-vegetarianos”. 
 
A vitamina B12, citada por Slywitch, é responsável por dar energia ao 
organismo, ajudar na produção das hemácias (glóbulos vermelhos) do 
sangue, e auxiliar o bom funcionamento do sistema nervoso. 
 
A ausência dessa vitamina causa fraqueza nos músculos, cansaço 
excessivo, falta de concentração, memória ruim, e outros problemas 
associados ao sistema nervoso, sistema que controla os neurônios, os 
músculos, os órgãos, os sentidos e outras ações do corpo. 
 
Como as maiores fontes de vitamina B12 são de origem animal, 
encontrada principalmente em ovos, leite e carne, aqueles que seguem uma 
dieta vegetariana pura, ou seja, os veganos têm uma maior carência dessa 
vitamina no organismo. 
 
 
 
37 
Os ovo-lacto-vegetarianos que consomem ovos e leite têm uma 
carência menor dessa vitamina em relação aos veganos. É por isso que os 
pais que decidem que seus filhos devem seguir uma dieta vegetariana, seja 
a vegana ou a ovo-lacto-vegetariana, precisam fazer uma complementação 
de vitamina B12, e para isso, devem consultar um médico que indicará onde 
encontrar essa vitamina. 
 
É possível que ele receite algum complemento alimentar em forma de 
cápsulas ou outras substâncias, ou mesmo algum alimento enriquecido com 
essa vitamina. O importante é que os pais tenham consciência da 
importância dessa substância no desenvolvimento infantil. 
 
Outros elementos que também podem estar em falta no organismo 
dos vegetarianos, especialmente os que seguem a dieta vegana, são o 
zinco, o ferro e a vitamina D. 
 
O zinco e o ferro podem ser encontrados em alimentos de origem 
vegetal, entretanto, essas quantidades são sempre muito pequenas. Mesmo 
os ovo-lacto-vegetarianos podem ter uma quantidade de ferro no organismo 
inferior à necessária. 
 
O zinco é um mineral que, entre outras ações, auxilia no 
desenvolvimento do sistema imunológico e como o sistema imunológico das 
crianças é naturalmente mais frágil, elas necessitam de uma quantidade de 
zinco adequada para sua proteção. 
 
A UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, realizou em 
2009 uma pesquisa que aponta a quantidade de zinco necessária para as 
crianças, adolescentes e adultos: 
 
Idade Homens Mulheres 
1 a 3 anos 3,0 mg 3,0 mg 
4 a 8 anos 5,0 mg 5,0 mg 
9 a 13 anos 8,0 mg 7,0 mg 
14 a 50 anos 8,0 mg 7,0 mg 
Mais de 50 anos 11,0 mg 8,0 mg 
Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/materias/13078-consuma-mais-zinco-e-deixe-sua-saude-protegida 
 
O zinco pode ser encontrado em diversos alimentos vegetais como 
ameixa, figo, aspargos, espinafre, nabo, arroz, centeio, soja, nozes, entre 
outros, e também em carnes como a de lula, de caranguejo, camarão, e em 
carnes vermelhas especialmente fígado. 
 
Já o ferro também pode ser encontrado em vegetais, entretanto, ele 
não é tão bem absorvido como o ferro encontrado nas carnes. O ferro 
presente em carnes e outros produtos de origem animal é conhecido como 
“ferro heme”, e o que provém dos vegetais é o “ferro não-heme”. 
 
 
38 
Para que os vegetarianos não tenham deficiência de ferro, devem 
consumir com frequência os alimentos vegetais que o contém, além de 
ingerir alimentos que contenham vitamina C, que ajuda o organismo a 
absorver o ferro. 
 
Esses alimentos podem ser feijão, lentilha, soja, grão de bico, agrião, 
couve, damasco, açúcar mascavo, aveia, jabuticaba, entre outros. 
 
A vitamina D pode ser encontrada em peixes, ovos, fígado bovino, 
leite, mas ela só se torna ativa, quando somos expostos ao sol. Ela é 
responsável por auxiliar no desenvolvimento das capacidades cognitivas, 
formação dos ossos e dentes e evitar que as crianças fiquem raquíticas 
(muito magras e franzinas). 
 
Como a maior fonte de vitamina D é de origem animal, se a criança 
tiver uma dieta muito restrita, precisará de suplementos, ou ingerir alimentos 
enriquecidos artificialmente com essa vitamina. É importante que a criança 
se exponha ao sol, pelo menos por alguns minutos no dia para que a 
vitamina D seja ativada no organismo. 
 
Por isso, é sempre muito importante que um nutricionista seja 
consultado para que ele indique quais alimentos devem ser consumidos para 
que não haja carência desses nutrientes no organismo da criança. 
 
Quando a criança já estiver em idade escolar, os pais podem preparar 
um lanche vegetariano para que ela leve à escola, caso não tenha disponível 
na cantina nada que faça parte de sua dieta. 
 
A criança pode, no entanto, ter curiosidade de experimentar produtos 
de origem animal. Cabe aos pais conversar com a criança e explicar-lhe o 
motivo da escolha de uma dieta sem carne. 
 
Simplesmente proibir a criança de comer carne nem sempre pode ser 
a melhor forma de fazê-la entender a importância da escolha. As crianças 
mais novas podem não entender e acabar comendo carne sem a 
consciência do que estão fazendo. 
 
Caso isso ocorra na escola, os pais não devem procurar a escola para 
críticas, mas sim para orientações. A escola deve estar ciente de que aquela 
criança segue uma dieta vegetariana. 
 
E isso não envolve apenas não oferecer carne ao aluno. Envolve 
questões ideológicas de proteção ao meio ambiente e aos animais. Os 
professores devem evitar fazer apologia às histórias em que o caçador é o 
herói da história por ter matado um animal, entre outras posturas. 
 
 
39 
Entretanto, não são todos os professores que se dão conta desses 
detalhes. Por isso, os pais devem procurar os professores dos filhos e a 
direção da escola e pedir que a criança seja respeitada por ter escolhido a 
dieta vegetariana. 
 
Os professores não devem tratar o aluno vegetariano com diferença, 
ou passar uma atividade diferenciada para ele. Ao contrário, deve incentivar 
os colegas a respeitar a escolha do aluno, já que a única diferença entre ele 
e as demais crianças é a alimentação diferenciada. 
 
Leitura Complementar 
 
Vegetarianismo na Escola 
 
Dr George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas 
 
Fevereiro de 2008 
 
Depois de ter enfrentado toda a família durante a gestação e a infância, é chegada 
a hora de mais um desafio: manter uma dieta vegetariana para o seu filho na 
escola. Para muitos, as questões vão muito além da alimentação vegetariana em 
si: os professores usam couro e penas nas aulas de trabalhos manuais? Balas e 
outras guloseimas nada saudáveis são utilizadas pelos professores como forma de 
premiação ao aluno? Que tipo de histórias serão contadas na sala de aula, haverá 
histórias que vangloriam caçadores e domadores de circo? 
 
Todos estes aspectos podem ser pesquisados com antecedência junto aos 
professores, diretores e conversando com outros pais, mas será muito difícil 
encontrar a escola perfeita. Diante desta realidade, o melhor que se tem a fazer é 
posicionar-se sobre como ajudar a escola em vez de buscar simplesmente criticá-
la. Algumas linhas pedagógicas já partem de um lugar melhor com relação à 
questão da alimentação, como é o caso, por exemplo, da pedagogia Waldorf, 
ligada à antroposofia, que já tem em sua filosofia muitos aspectos relacionadosà 
alimentação integral, orgânica e saudável. 
 
No entanto, na prática, a história pode ser diferente. Enquanto as crianças têm 
aulas práticas de agricultura desde cedo e apesar da antroposofia estar 
diretamente ligada à agricultura biodinâmica, com um forte discurso ambiental, e 
os alimentos integrais serem um lugar comum, o que predomina nas festas 
escolares é as bancas que vendem churrasco, com direito à linguiça e tudo o mais! 
Na escola dos meus filhos, que é a mais antiga do Brasil, foi apenas em 2006 que 
houve pela primeira vez em sua história recente, durante o Bazar de Natal que 
recebe milhares de pessoas em um único dia, uma banca completamente vegana, 
que serviu pratos à base de tapioca. Esse é apenas um exemplo simples, mas 
vemos que mesmo as linhas pedagógicas que, em teoria, seriam mais simpáticas 
ao vegetarianismo possuem incoerências, independentemente do quão belo essa 
pedagogia possa ser em sua totalidade teórica. Se nem as escolas mais 
simpáticas a um estilo de alimentação diferenciado são vegetarianas, então o que 
fazer em qualquer linha pedagógica que seja? 
 
 
 
 
 
40 
Enviar o lanche de casa é certamente o primeiro passo para cuidar da alimentação 
do seu filho na escola. Mas será que o seu filho será o único a levar alimentos 
"diferentes" para a escola? Provavelmente não, uma vez que há tantas crianças 
com alergias e preferências familiares específicas hoje em dia. Talvez ela não terá 
muitos ou sequer um colega vegetariano, mas é improvável que ela seja a única 
criança a levar um lanche diferenciado. Seja como for, ao planejar o lanche que 
ele levará à escola, inove, faça do lanche vegetariano do seu filho não o mais 
"diferente" de todos, mas o mais atraente de todos. Com isso você poderá inspirar 
outros a também oferecerem lanches saudáveis para seus próprios filhos. 
 
Em reuniões e festas, não leve apenas a marmita exclusiva da família. Ao 
contrário, aproveite a oportunidade para oferecer aos pais e professores um 
lanche vegetariano que seja tão criativo quanto saboroso. Vá além do pão integral 
com geleia e ofereça a eles torradas integrais com tahine, arroz com lentilhas, 
tortas, quibes, vegetais ao molho de tofu com ervas, bolos de frutas... Para o 
lanche da criança, aquele pão mais escuro do que o dos colegas ficará mais 
interessante se for cortado em formato de estrela e aquelas sementes de girassol 
podem vir acompanhadas de um recorte de uma foto da flor de onde essas 
sementes vieram, o que despertará o interesse e mudará o alimento de "comida de 
passarinho" para "comida florida". Quando se tratam de alimentos vegetais, as 
possibilidades de se trabalhar com formas, imagens e histórias são muitas. 
 
Isso tudo inicia o trabalho de mudança dentro da escola por via da curiosidade. 
Uma vez conquistada esta fase, é necessário ir além e fornecer informações tanto 
para os professores e para a lanchonete da escola quanto para os outros pais e 
crianças. Isso pode ser feito criando ou usando as oportunidades de palestras ou 
simplesmente oferecendo mão de obra voluntária em eventos. Você pode ainda 
pedir a um especialista que analise o cardápio que está sendo oferecido 
atualmente. Isso te dará base para argumentar que a sua opção alimentar é uma 
opção mais saudável. Com isso, ofereça a ajuda que puder para que algumas 
mudanças sejam implantadas. 
 
O que quer que você faça, faça com uma postura positiva, sendo o menos crítico 
possível, oferecendo soluções ao invés de simplesmente apontar erros. Se for 
fazer uma palestra, pesquise bem o assunto antes e não queira falar tudo o que 
sabe sobre vegetarianismo em uma palestra de 30 minutos. Faça uma palestra 
que desperte o interesse dos outros sem que eles se tornem defensivos, pois é 
somente assim que eles se abrirão para as suas ideias. Lembre-se de que eles, a 
princípio, não te solicitaram nada disso e, portanto, vá devagar para não assustá-
los. Procure pela escola por aquelas pessoas que tenham ideais comuns aos 
seus, ainda que seja algo apenas próximo ao vegetarianismo, pois eles poderão 
ser seus aliados no processo de mudança que você venha a propor. 
 
Na medida em que você se dedica a garantir não apenas a alimentação escolar 
adequada para o seu filho, mas também se dispõe a propor mudanças que serão 
positivas para a saúde de todos, tenha em mente que você estará influenciando 
muitas pessoas e o estará fazendo com uma grande chance de que essa mudança 
dure uma vida toda! Lembre-se sempre disso nos momentos de negociações 
difíceis com pais e professores, pois com um objetivo grandioso como esse, o 
trabalho não poderia ser sem dificuldades. Encare o desafio da alimentação 
escolar do seu filho como uma oportunidade para educar e inspirar outros e faça 
dessa jornada, em mais esta etapa da alimentação vegetariana do seu filho, algo 
leve e gratificante. 
 
Fonte: http://www.nutriveg.com.br/vegetarianismo-na-escola.html 
 
 
41 
2.3 – Algumas mentiras sobre a alimentação vegetariana 
 
A alimentação vegetariana, por não ser muito bem conhecida por 
todas as pessoas, levanta algumas dúvidas e algumas crenças que nem 
sempre são verdadeiras. 
 
Circulam, atualmente, muitas informações acerca do vegetarianismo 
que podem não ser verdadeiras. Outras podem até ter comprovação 
científica. 
 
Vejamos algumas delas: 
 
- Todos os vegetarianos adquirem anemia por não comerem 
carne. 
 
Mentira. A anemia que acontece com maior frequência, que é a 
provocada pela diminuição de ferro no sangue, é a anemia ferropriva. 
 
É sabido que as carnes possuem maior quantidade de ferro do que os 
vegetais, o que faria com que um onívoro com anemia se recuperasse antes 
de um vegetariano. 
 
O ferro encontrado na carne, o “ferro-heme”, também é mais bem 
absorvido pelo organismo do que o ferro presente nos vegetais. Isso não 
significa, no entanto, que o vegetariano não se cure de sua anemia, pelo 
contrário, se curaria dentro de um prazo maior. 
 
O fato é que todos que não ingerem a quantidade de ferro 
recomendada estão sujeitos a adquirirem anemia, sejam eles vegetarianos 
ou não. 
 
- Ao me tornar vegetariano terei menos opções de alimentos. 
 
Mentira. Quando se tem uma dieta onívora, geralmente o prato 
principal é a carne. O arroz, o feijão e a salada são apenas complementos. 
 
Como na dieta vegetariana não haverá mais a carne, o prato principal 
serão outros alimentos, o que fará você experimentar aquilo que nunca 
comeu antes. Há uma enorme variedade de legumes, verduras, raízes e até 
frutas que podem ser combinadas para montar um prato vegetariano. 
 
A pessoa pode, por exemplo, comer uma lasanha de berinjela, ou 
aquele refogado de abobrinha com escarola, que era considerado um 
acompanhamento da carne, será agora o prato principal da refeição. 
 
 
42 
- Vegetarianos podem comer peixe e frango. 
 
Mentira. O que pode acontecer é que, quando uma pessoa decide 
seguir uma alimentação vegetariana, ela talvez necessite de um período de 
transição. Nesse período, ela comerá frango e peixe, que são carnes 
brancas, mas só será considerada vegetariana quando abandonar 
totalmente as carnes. 
 
Existem nomeações como “polo-vegetarianos”, ou “pisci-
vegetarianos”, entre outras, para designar pessoas que comem todos os 
produtos de origem vegetal, mas comem frango (polo), ou peixe (pisci), mas 
não é possível afirmar que sejam vegetarianos. 
 
- Os vegetarianos nunca ficam doentes. 
 
Mentira. Tanto os vegetarianos quanto os onívoros podem ficar 
doentes, mas existem algumas doenças que os vegetarianos correm menos 
riscos de adquirir. 
 
São aquelas causadas por excessos de gordura e proteína no 
organismo. As doenças do coração são exemplos de doenças causadas 
pelo excesso de gordura. 
 
- A comida vegetariana é mais cara. 
 
Mentira. Os alimentos de origem

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