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AULA DESENVOLVIMENTISMO 2016.1

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A Economia Política Brasileira
Guido Mantega 
1
O MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
Primeiros interpretes da economia brasileira entenderam o avanço do capitalismo como um processo de substituição de importações
CELSO FURTADO E A TEORIA DO SUBDESENVOLVIMENTO
FEB (1959) e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (1961) => bases do modelo de substituição de importações
FEB => longa trajetória da economia brasileira, desde o período colonial até os anos de industrialização da década de 1950
Substituição de importações
a base era a análise da economia cafeeira => acumulação e demanda por manufaturados deu o impulso inicial à industrialização no Brasil
análise da transição de um capitalismo incipiente, baseado nas atividades agroexportadoras, para um capitalismo industrial, voltado para o mercado interno
O café teve a capacidade de mobilizar os recursos econômicos disponíveis no Brasil do inicio do século XIX
terras e mão-de-obra
O café como artigo mais importante da pauta de exportações
incorporação da mão-de-obra livre no pós-abolição fez o café lançar as bases dos primeiros núcleos de industrialização
no período escravista as necessidades de consumo eram alimentadas pela subsistência ou por importações (artigos de luxo)
A mão-de-obra livre alterou este quadro => dotou os trabalhadores de recursos monetários
certa monetarização da economia à sombra da economia cafeeira
nascimento de um mercado interno de mercadorias de consumo e produção
inicialmente alimentado por importações
gradativamente suprido por produção local
quanto melhor a situação do café, melhor o fluxo de renda que transbordava para o núcleo manufatureiro
transformação de modestas oficinas em fabricas do inicio do XX
necessidade de força de trabalho e capitais disponíveis para a acumulação, além da demanda por manufaturados
imigração como alternativa (tanto nacionais, quanto internacionais)
transmissão de lucros do café para as atividade industriais via sistema bancário
estabelecimento de núcleo urbano industrial, com atividades manufatureiras e demais serviços subsidiários da comercialização e da exportação do café
acumulação industrial passa a prosperar diante das crises cafeeiras
com as políticas salvacioinistas (estocagem e depreciação cambial) as fazendas de café continuaram operando mantendo o nível de emprego, pagando salários, comprando meios de produção, garantindo o nascente mercado interno brasileiro
desvalorização do cruzeiro criava empecilhos à importação, fazendo uma certa proteção aos manufaturados nacionais
crise de 1929 e superprodução durante toda a década de 1930 foram impulsos decisivos para o processo de industrialização no Brasil (choques adversos)
para conciliar a manutenção da renda interna com a queda de recursos das exportações o governo precisava se endividar no exterior e que realizasse novas emissões => surtos inflacionários e redistribuição da renda em favor do setor agroexportador
dinamismo da economia brasileira determinado pelo mercado internacional
era preciso diversificar o parque industrial brasileiro para promover a mudança do eixo dinâmico da economia para o mercado interno
era preciso produzir maquinas e equipamentos essenciais a sua própria expansão
a demanda deixaria de ter origem fora do setor industrial e viria de dentro do próprio seio da indústria nascente
a expansão industrial que ocorreu não foi suficiente, até os anos 1960, para diversificar a economia e desenvolvê-la
não houve desenvolvimento auto-sustentado
processo de industrialização foi orientado pela substituição de importações ou pelo mercado criado pelo setor agroexportador – semelhante ao demais países da AL e se distingue dos países de industrialização originária
dinâmica do subdesenvolvimento => não pode ser entendida a partir das teorias que interpretaram o processo de industrialização europeu ou norte americano
é preciso uma teoria do subdesenvolvimento
Desenvolvimento e Subdesenvolvimento
comparação entre o capitalismo clássico e a dinâmica das economias subdesenvolvidas
capitalismo clássico => desenvolvimento por avanço tecnológico
aumento de produtividade que permite multiplicar o excedente => aceleração dos investimentos e a escala de acumulação
novas unidade fabris, mais eficientes que as tradicionais oficinas artesanais, despejam mercadorias mais baratas nos mercados e arruínam os pequenos produtores, transformando-os em mão-de-obra para as fábricas
abundante oferta de força de trabalho, diminuindo o poder da barganha e os salários dos trabalhadores – concentração de renda
a própria velocidade de acumulação de capital, mais rápida que a oferta de mão de obra, inverteu as condições de mercado de trabalho, elevando os salários e permitindo maior participação dos trabalhadores nos incrementos de produtividade do sistema
classe trabalhadora se torna no fator dinâmico do capitalismo, ameaçando a renda do capitalista e pressionando constantemente a introdução de inovações tecnológicas para atender as reivindicações sindicais e conservar a lucratividade
dinâmica das economias subdesenvolvidas => por ser em momento que o capitalismo já estava implantado em outros países e por ser as margens da economia primário-exportadora
por ser de teor de substituição de importações, o processo de industrialização brasileiro pautava-se na produção de mercadorias semelhantes as produzidas nas economias centrais, bem de acordo com as condições daqueles países e não do nosso
industrialização se fez de acordo com as prescrições técnicas e com a oferta de meios de produção de outra realidade em outro estagio de desenvolvimento, não adequado ao nosso
má utilização dos recursos econômicos
problema central do subdesenvolvimento:
adotando tecnologias poupadoras de mão de obra e alta densidade de capital, adequadas as sociedades com grandes massas de capital disponíveis e com oferta limitada de mão de obra
no nosso caso era o oposto => baixo nível de acumulação de capital, abundancia de mão de obra => emprega poucos trabalhadores, paga salários baixos e não cria seu próprio mercado consumidor
esta situação é agravada pelo caráter monopolista das empresas que se instalam na periferia subdesenvolvida, com grandes montantes de capital (tecnologia sofisticada), operando com grandes escalas de produção – contraste com a precariedade dos mercados subdesenvolvidos
tendência a capacidade ociosa e preços elevados (para compensar a capacidade ociosa)
faltando os impulsos externos o processo de industrialização brasileiro tende a estagnação – quando se completa o processo de substituição de importações
esgotamento do modelo de substituição de importações e tendência a estagnação nos anos 1960
além disso, havia a influencia politica das classes conservadoras – manutenção da estrutura agraria brasileira arcaica => alto custos dos produtos agrícolas com baixo nível de vida da população
alicerces do modelo de substituição de importações
conceito mais importante é o de DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
restringe-se as formas de capitalismo mais avançadas, como dos EUA, p. ex.
chave do desenvolvimento é o excedente econômico, pois permite ampliar a margem de investimentos, expandir a capacidade produtiva e aumentar a produtividade
excedente econômico como diferença entre o produto bruto e as ditas necessidades da vida dos que estejam ligados à produção
ficam de lado a origem desse excedente (se de responsabilidade do capitalista ou do trabalhador), seu caráter social (mais valia, renda da terra, etc.)
Furtado não opera com o conceito de exploração
Para ele, o capital detém maior parcela de responsabilidade sobre os aumentos de produtividade. Dessa forma, caberia à ele maior parcela dos lucros?
Furtado não responde a essas questões
No pensamento clássico, principalmente com David Ricardo, o excedente é a diferença entre o produto liquido e os salários (geralmente no nível da subsistência)
Para Mantega Furtado é impreciso na definição de seu conceito chave, oscilando entre
o pensamento clássico e o neo clássico
Modernas democracias capitalistas se constituem como paradigmas para o desenvolvimento econômico
Problema da economia brasileira para Furtado:
Excesso de mão-de-obra e baixo poder de barganha dos trabalhadores
Situação é perpetuada por trazer tecnologia importada com alta dose de capital
Economia com característica monopolista em confronto com a estrutura agraria arcaica e pouco eficiente
Aprisiona parte considerável da população a níveis miseráveis de vida
A industrialização brasileira, impulsionada pelo modelo de substituição de importações não pode criar uma demanda de produtos manufaturados suficiente para estabelecer o desenvolvimento auto sustentado a despeito de toda integração desse sistema ocorrida nos anos 1940 e 50
O esgotamento que se assiste da substituição das importações na década de 1960 conduziria a economia brasileira a estagnação
Industrialização retardatária, com grande oferta de mão-de-obra e alta densidade de capital, concentra renda e faz a massa de salários crescer menos do que a expansão industrial
Demanda dos assalariados possui grande peso, desempenhando papel decisivo na demanda global do sistema
IGNÁCIO RANGEL E A INFLAÇÃO BRASILEIRA
Celebra o casamento entre Marx e Keynes
Emprega o conceito de materialismo histórico
O principal problema está no fato de que nossa indústria cresceu sem a devida modificação na estrutura agraria do país
Camponeses são expulsos do campo em busca de melhores condições de vida
Enorme exército industrial de reserva => frágil poder de barganha para os trabalhadores o que permitiu as altas taxas de exploração
Capitalismo brasileiro com grande capacidade de expansão dos investimentos pela alta taxa de exploração e lucratividade e, por outro lado, a baixa capacidade de consumo da população brasileira submetida a essa exploração
Grosso do consumo nacional se baseava na massa de salários a acumulação brasileira esbarrava em insuficiência de demanda que se agravava com as crescentes taxas de exploração do trabalhador que permitiam novos investimentos aumentando a capacidade produtiva
Estrutura de comercialização de produtos agrícolas era oligopsônicas com aquisição a preços baixos e revenda em preços altos.
Comprometia dessa forma a aquisição de outros produtos, principalmente manufaturados, pois o gasto com alimentação era bastante alto
Setor industrial com capacidade ociosa, alto custo das matérias primas agrícolas => operava com preços elevados para compensar os custos fixos e a dificuldade de absorção da produção por parte do mercado consumidor
Criam uma espiral inflacionária
Obstáculos ao capitalismo brasileiro:
Oligopsônios ou monopsônios de comercialização de produtos agrícolas, com elevados preços emperrando os aumentos de produção
Latifúndio feudal que aumentava o exercito industrial de reserva, permitindo maiores taxas de exploração, deprimindo o mercado consumidor e causando capacidade ociosa que se refletia nos preços industriais elevados
autores isso se devia ao atraso na estrutura agraria brasileira
Para Rangel, o problema estava na comercialização dos produtos agrícolas
A inflação seria o sustentáculo do animo de nossa economia, estimulando novos investimentos e as imobilizações de capitais
Como a inflação corrói os ativos monetário, os empresários preferiam investir em bens materiais, menos sujeitos à inflação, ou à desvalorização
Ocorriam os investimentos mesmo sem mercado garantido
Isso dinamizava a economia; a inflação aparecia como garantia de altas taxas de investimento renovado, mantendo as taxas de crescimento;
A inflação adicionava todas as atividades, proporcionando nova demanda, mais emprego e assim por diante
Para Rangel durante o período de substituição de importações a industrialização brasileira se expandiu sem problemas de capacidade ociosa ou de insuficiência de demanda
O mercado de substituição garantia a absorção da produção e prescindia do consumo dos assalariados
As altas taxas de exploração eram considerada benéficas em um momento em que o grosso da demanda não era representado pela massa de salários
Saturação do mercado de substituição obriga a modificação nesta estrutura – a formação de capital (sinônimo de desenvolvimento para Rangel) passa a depender da expansão do mercado e este do consumo dos assalariados
As relações de produção, que deprimem o poder de consumo dos trabalhadores, tornam-se entraves ao desenvolvimento das forças produtivas brasileiras – terão que ser modificadas
As taxas de exploração não poderão se manter tão elevadas
Para os empresários, a folha de salários era o fator decisivo da demanda de seus próprios produtos
a opção, em que pese o antagonismo, seria a defesa de aumento de salários para garantir o escoamento das mercadorias produzidas
a legislação trabalhista brasileira teria contribuído para a formação do mercado consumidor
a etapa seguinte do capitalismo brasileiro seria o de acumulação financeira
MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES E BRESSER PEREIRA => HERDEIROS DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
Tavares ordenou e aprofundou as principais hipóteses desse modelo
Paul Singer realçou o caráter cíclico e autogestado do capitalismo brasileiro
Bresser assinala a emergência de um novo e importante ator neste cenário, as classes médias
TAVARES => substituição de importações é um processo onde os investimentos industriais constituem respostas aos sucessivos desafios colocados pelo estrangulamento do setor externo
Promove a expansão do mercado interno, porque a industrialização ocorre nos setores de bens de consumo corrente, alguns bens intermediários e bens de capital, com base em tecnologia com, pouca densidade de capital
Ampliação do emprego, da renda dos grupos de alto poder aquisitivo, resultando num considerável mercado industrial
Não eliminava a importação de alguns produtos industriais (constante transformação da pauta de importações)
Cada período de restrição das importações e de incentivo á produção interna era sucedido por uma nova onda de importações, que acabava conduzindo a novo incentivo e assim por diante
Desenvolvimentismo = teoria que influenciou a economia política brasileira 
=> herdeira do keynesianismo em oposição ao liberalismo clássico 
Bandeira de luta de um conjunto heterogêneo de forças sociais favoráveis a industrialização e a consolidação do desenvolvimento capitalista da América;
Países periféricos (agroexportadores) 
X 
nações desenvolvidas
Era preciso incrementar a participação do Estado na economia por meio do planejamento global
CEPAL como espinha dorsal do desenvolvimentismo;
	*primeiros trabalhos de pensamento econômico brasileiro surgem na segunda metade da década de 1950, oriundos em boa medida do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) e baseados no pensamento cepalino e desenvolvimentista de forma geral
ANTECEDENTES
* com a crise capitalista, a livre concorrência – base da teoria neoclássica (tradicional) – deixara de ser uma saída viável para o entendimento da economia naquele momento
* era preciso renovar a economia política com novos instrumentos de interpretação e intervenção que pudessem solucionar as contradições que o capitalismo vivia naquele momento em suas formas de acumulação (queda na taxa de lucros, superprodução, desemprego, oscilações de mercado, etc.)
* teóricos da burguesia não lançariam mão da teoria marxista, cujo objetivo final era dar fim ao capitalismo como principal forma de produção (esta teoria havia previsto a anarquia na produção e as crises periódicas do capitalismo)
* a economia política representativa da burguesia buscava prolongar ao máximo a vida do capitalismo
* a solução surge do seio da economia política burguesa como alternativa a ineficiência do liberalismo econômico frente a instabilidade da economia capitalista
	
=> Defesa de maior intervenção do Estado na economia
BRASIL
Surge nos anos 1930 e toma corpo na década de 1940 com o debate entre dois homens de
vulto, tanto na atuação na vida política-econômica, quanto na teoria econômica:
	Roberto Simonsen ( empresário, presidente 	da FIESP) => defesa do intervencionismo
	
	Eugênio Gudin (professor de Economia, 	diretor de empresas estrangeiras no ramo de 	serviços) => defesa do liberalismo
1. de um lado os agroexportadores comprometidos com a burguesia comercial importadora e exportadora e o imperialismo comercial e financeiro 	
	
	=> defendiam o livre comércio, de capitais e mercadorias, tanto 	nacionais quanto estrangeiros;
	=> discordavam que se deslocassem recursos para outras atividades 	que não as ligadas a agroexportação e sua infra-estrutura;
2. de outro lado, as forças sócias da expansão urbano-industrial, com acumulação de capital em bases nacionais, carente de proteção da concorrência estrangeira, de infraestrutura, insumos, de maior intervenção estatal;
	
	=> buscavam construir a nação brasileira, enterrando o passado 	colonial e buscando um lugar para o Brasil no cenário capitalista mundial
	=> parte dos militares, grosso da classe média, parcela do novo 	empresariado industrial, massas urbanas, crescente proletariado, 	liderados pelas lideranças pequeno-burguesas e por intelectuais da esquerda;
Roberto Simonsen (representando a ala mais modernizante da burguesia industrial brasileira) fornece um esboço do novo projeto de desenvolvimento
=> Base na industrialização com intervenção estatal e medidas protetoras à indústria
	=> conciliação (Estado de compromisso)
Industrialização com proteção tarifária 
=> base na infraestrutura que seria proporcionada pelo Estado
Setor agroexportador se mantém como fornecedor de matéria-prima e alimentos, garantindo recursos para importações e ofertando também para o mercado interno
Tudo isso seria orquestrado e orientado pelo Planejamento Estatal
Ritmo mais acelerado de desenvolvimento econômico, somente possível pela intensificação da industrialização e pelo melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, com planejamento global da economia pelo Estado
a. reorganizar a estrutura estatal
b. realocar recursos econômicos e financeiros (financiamentos, subsídios, etc.)
c. preparar a infraestrutura para o advento da indústria (energia, transportes, e insumos básicos)
d. proteção contra a concorrência externa
Esta ideologia encontrava adeptos entre as classes médias urbanas, principalmente militares
* Não excluía o setor agroexportador, mas os colocava em segundo plano
* ideal de nação forte, rivalizando com as outras nações, fortalecida nos apelos nacionalistas, pautados no desenvolvimentismo com colorido nacionalista, sensibilizando parte considerável dos setores mais letrados da sociedade, como os militares, p. ex.
* este projeto, sem grandes modificações políticas, esbarrou nas pressões populares e nos movimentos sociais que se intensificavam com o avanço do processo de urbanização, com o crescimento do proletariado e demais classes urbanas 
			=> foi atropelado pelo populismo
	=> implantação do Estado Populista no Brasil => 	acumulação com base industrial e financeira, e não 	mais agroexportadora, dentro das classes dominantes;
	
	=> emergência das massas com projeto 	desenvolvimentista capitalista
=> elite política brasileira dividida em dois grandes grupos pós-1945 
1. elite reformista (burguesia industrial democrática e classes médias) unindo a pressão das massas e os interesses do novo pólo de acumulação urbano-industrial
	
	Favorável ao projeto de desenvolvimento capitalista nacional
2. elite autoritária (setor agroexportador e segmentos mais autoritários da burguesia industrial), dentro do aparato estatal, e que no pós-1945 conspirava para excluir as massas do jogo do poder
Alguns favoráveis ao desenvolvimento industrial capitalista, mas a maioria era partidária do não intervencionismo estatal na economia
=> governo populista tinha uma aura popular, mas a prática era capitalista
PENSAMENTO DA CEPAL
Comissão Econômica para a América Latina – CEPAL 
Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Fernando H. Cardoso, Carlos Lessa, Antônio Barros de Castro e José Serra
Início com modelo cepalino
	
=> CEPAL – fundada no final da década de 1940
=> preocupação básica era explicar o atraso da América Latina em 	relação aos centros desenvolvidos e encontrar as formas de superar 	este atraso
=> de um lado, as peculiaridades da estrutura econômica dos países 	da periferia, ressaltando os entraves ao desenvolvimento em 	contraste com o dinamismo nas estruturas dos centros mais avançados
=> por outro lado, as transações econômicas entre os parceiros ricos 	e pobres que acentuavam as disparidades entre estes dois blocos do capitalismo
=> DIT – teoria clássica ou neo clássica do comércio internacional 	que sustentavam esta divisão no capitalismo
40
RESUMO
subdesenvolvimento depende, para a CEPAL: 
=> da estrutura interna das economias periféricas – produção agrícola primário-exportadora, com baixa integração entre os diversos setores produtivos e com desemprego estrutural (a rápida expansão demográfica não consegue ser absorvida) com baixo nível de organização e sindicalização dos trabalhadores
=> das relações comerciais com o centro, com queda constante do poder de compra de bens industriais por parte dos bens primários 
industrialização, intervencionismo estatal e nacionalismo
Saída para atraso seria a implementação de uma política deliberada de desenvolvimento industrial
Inversão do eixo da economia que era voltado ‘para fora’, para o desenvolvimento voltado ‘para dentro’
Industrialização para o mercado interno
O Estado deveria ser o capitão dessa guinada para uma economia mais sólida e autônoma, com maiores níveis de renda e de consumo
Este seria promotor do desenvolvimento e responsável pelo planejamento da economia
Nacionalismo de natureza contraria à agroexportação, e não ao capital estrangeiro
Para industrializar era preciso substituir as importações que tanto oneravam os cofres das economias periféricas => era preciso aumentar a quantidade de capital investido em cada país 
Saída era o recurso ao capital estrangeiro para aumentar a taxa de investimentos e a renda nacional em consequência - até atingir um nível tal de poupança que possibilitasse prosseguir sozinho
Formas de participação do capital estrangeiro:
	
	Empréstimos externos 
	
	Venda de títulos do governo brasileiro no 	mercado internacional
	Investimentos diretos
A proposta cepalina é o desenvolvimento nacional para além do nacionalismo, baseado nas atividades industriais e na dinâmica interna da economia 
=> menos dependente do mercado internacional de produtos primários
As desilusões do desenvolvimentismo
O desenvolvimentismo aumentava cada vez mais a concentração de renda e as desigualdades sociais dessas populações ao longo dos anos 1950
A CEPAL deixara de analisar com profundidade as consequências sociais da sua proposta desenvolvimentista
Tanto para a CEPAL, quanto para o pensamento clássico ou Neoclássico, o capitalismo é uma organização econômica que, com maior ou menor interferência do Estado, consegue atingir e difundir o progresso social
Os responsáveis pelo atraso e pela miséria eram os latifúndios arcaicos ou as atividades pré-capitalistas associadas ao imperialismo comercial
Subdesenvolvimento é a ausência do capitalismo, e não o seu resultado
Na década de 1960, o Brasil consolidaria sua adoção ao capitalismo, com acumulação própria, dominado por oligopólios nacionais e estrangeiros
Forte participação estatal na economia
No Brasil deste período, já se implantara um setor de bens de capital, ao lado da produção de bens intermediários e bens de consumo final, articulados por uma infraestrutura de transportes e serviços vários, de modo a constituir uma economia relativamente integrada
Bem de acordo com os ditames da CEPAL
A estratégia cepalina deu certo, mas o grosso da população tinha condições sociais piores
ou iguais as de antes
Raul Prebschi => incapacidade da industrialização eliminar a miséria e as desigualdades sociais nesta época
Houve falta de análises políticas que apontassem estas contradições
A CEPAL elaborou uma teoria do subdesenvolvimento
O mérito é ter dado luz a análise da dinâmica interna dos países latino americanos, não apenas como apêndices do imperialismo, mas dotados de capacidade autopropulsora pelas suas condições internas
A CEPAL ajudou a fornecer a ideologia de AFIRMAÇÃO NACIONAL e a traduzi-la em estratégias ou planos de desenvolvimento que foram praticados por diversos países e especialmente no Brasil
OS PLANOS ECONÔMICOS DO NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO
Tese de Mantega => teoria cepalina e seus desdobramentos nacional-desenvolvimentistas nortearam os passos dos governos populistas brasileiros
Plena implantação do capitalismo monopolista
Estado assumindo o papel de organizador econômico e empreendedor em diversos setores da economia
De acordo com a receita CEPAL/ISEB
Dois diagnósticos para este desenvolvimento:
Comissão Mista Brasil-EUA (1951/53)
Grupo Misto BNDE/CEPAL (1953/55)
COMISSÃO MISTA BRASIL – ESTADOS UNIDOS (1951/53)
Levantamento meticuloso de nossa situação econômica
Objetivo do desenvolvimento nacional
Grande proximidade de proposições com a CEPAL
Principalmente quanto a industrialização e ao capital estrangeiro
Objetivo básico era a promoção da industrialização
O problema principal era a infraestrutura
Desde os anos 1940 o ritmo de crescimento da produção industrial era três vezes superior ao crescimento da produção agrícola
Segunda a comissão, a CEPAL não teria feito nenhuma previsão ao tratar da necessidade da industrialização, mas apenas interpretavam algo que já estava em curso
Para a comissão, o Brasil já possuía um mercado suficiente para a produção em grande escala
Havia alguns obstáculos: 
	tradição cultural presa a uma agricultura 	devastante de feudal
	hábitos especulativos do comércio
	preços altos dos alimentos devido a oligopsônios
	governo paternalista
	hábitos de consumo do mercado brasileiro 	conduziriam a um processo de industrialização 	imitativo, podendo ser prejudicial por estar mais 	de acordo com os países do centro
era preciso incrementar o fornecimento de energia e melhoria do setor de transportes
elevação da necessidade de eletrificação acentuada pela implantação de indústrias de eletrodomésticos
os conselhos ao governo brasileiro era para elaboração de um programa de investimentos prioritários que objetivava:
	eliminação dos pontos de estrangulamento que 	impedem ou dificultam a distribuição da 	produção existente
	remoção dos obstáculos à maior expansão da 	produção agrícola, mineral e florestal
ampliação de fábricas existentes e instalação de novas
integração do mercado interno em virtude de um sistema mais eficaz de conexões inter-regionais
especialização e produção em larga escala
descentralização da indústria 
distribuição mais equilibrada do poder econômico, aliviando o congestionamento dos grandes centros
elaboraram 41 projetos de investimentos:
	transporte ferroviário, energia elétrica, navegação 	costeira, portos e estradas de rodagem
Brasil com baixa margem de poupança
Recurso à poupança externa
Projetos deveriam atrair o capital estrangeiro
	
O conselho era modificar a política cambial, o que ocorreu no final de 1953, visando encorajar a entrada de investimentos externos no Brasil
Política de desenvolvimento muito próxima da CEPAL
Industrialização e elevação das margens de poupança interna
Forte apelo ao capital estrangeiro	
As sugestões foram amplamente acatadas pelo governo brasileiro
Membros brasileiros da comissão eram membros também do governo, como Lucas Lopes e o futuro presidente do BNDE, Roberto Campos
Muito projetos foram inviabilizados por falta de recursos
Oferta de 500 milhões de dólares por parte do governo Truman não foi cumprida pelo republicano que assumira a presidência norte americana em 1953, Sr. Eisenhower
 
GRUPO MISTO BNDE-CEPAL (1953/55)
Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (1952)
Servia para facilitar a expansão industrial
Principal agência financiadora de investimentos do país
Viabilização através de créditos, avais de financiamentos externos e outros privilégios
Num primeiro momento, a infraestrutura
Na segunda metade dos anos 1950, o foco eram os investimentos privados
Cumpria os desígnios da comissão mista e buscava dissolver os pontos de estrangulamento (energia, transportes e insumos básicos)
Grupo de trabalho, formado em 1953, com técnicos do BNDE e da CEPAL => chefia de Celso Furtado
Complementar os trabalhos da comissão mista e elaborar um programa de desenvolvimento para o período de 1955/62
Estudo da economia brasileira assinalou considerável desenvolvimento no período imediatamente pós-guerra (1945/55)
Rápida recuperação do mercado mundial, acarretando a brusca elevação dos preços do café a partir de 1949
Crescimento da capacidade de importar, melhoria nas relações de preços de intercâmbio, política de estabilidade cambial e seletividade nas importações brasileiras
Papel decisivo aos estímulos externos para explicar o desenvolvimento capitalista no Brasil, mas com reconhecimento da importância dos fatores internos
Essa nova interpretação privilegiava os condicionantes internos no processo de acumulação
Fatores que determinavam o crescimento do país:
Esforço interno de poupança
Modificações nas relações de preços de intercâmbio
Entrada líquida de recursos externos
Mesmas variáveis indicadas pela CEPAL para definir a capacidade de desenvolvimento dos países da periferia
O problema central do desenvolvimento dos países periféricos está na acumulação de capital
É preciso aumentar a taxa de investimento, que por sua vez, requer crescimento da poupança
Isto ocorreria pela entrada de capital estrangeiro, que elevaria o nível de poupança sem sacrificar o consumo da população
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS BRASILEIROS – ISEB
Fundado em 1955 e fechado com o golpe de 1964
Cândido Mendes, Guerreiro Ramos, Gilberto Paim, Álvaro Vieira Pinto, Roland Corbisier, incluindo Ignácio Rangel e Nelson Werneck Sodré, além do apoio de Hélio Jaguaribe e Celso Furtado
Processo histórico como uma sucessão de fases progressivas
Fase vigente anunciaria a fase subsequente que consistia numa etapa mais avançada da História da comunidade
No Brasil a fase seguinte seria necessariamente o capitalismo nacional
O país finalmente sairia da condição de submissão colonial para alcançar o desenvolvimento (anos 1950)
Assumiam a proposta da CEPAL de alcançar o desenvolvimento para dentro
Forças progressistas – burguesia industrial, trabalhadores (rurais e urbanos) cujas condições de vida deveriam elevar-se com a maior industrialização
Forças retrógradas – burguesia latifundiária e pelo setor mercantil da burguesia urbana, além da pequena burguesia radical (representada principalmente pelas Forças Armadas)
O regime arcaico e semifeudal da exploração da terra restringia o mercado consumidor, além de elevar os custos urbanos por oferecer alimentos em quantidade inferior ao crescimento da demanda
O modelo mais adequado para a promoção do desenvolvimento do Brasil (pós-1930) seria o nacional-capitalismo, efetivado pela classe dos empreendedores da burguesia nacional
O Estado era o protagonista desse desenvolvimento
O grosso da população seria beneficiada automaticamente pela ação dos empreendedores da burguesia nacional 
=> seria diferente da tradicional luta de classes
Os conflitos se desenrolariam mais no interior de cada classe do que entre estas
No lugar do capital X trabalho 
tivemos no Brasil nação X antinação
Burguesia e proletariado estariam na mesma trincheira, no final dos anos 1950, no Brasil
A culpa do atraso e da exploração recaía sobre o latifúndio atrasado e seus aliados imperialistas
O nacional-desenvolvimentismo receitado pela CEPAL seria adotado quase unanimemente pelos
pensadores do ISEB que buscavam liquidar com o passado colonial e abrir espaço para uma nova fase de desenvolvimento do Brasil – o capitalista
PLANO DE METAS (1956/61)
Considerada a primeira experiência de planejamento estatal posto em prática no Brasil
Coroamento da política de desenvolvimento traçada pela comissão mista Brasil-EUA e pelo Grupo misto BNDE/CEPAL
Áreas que receberiam maior volume de recursos do Estado (CMBEU e GMBNDE/CEPAL)
		Energia, transporte e insumos básicos
Plano punha em prática extenso programa de incentivos ao setor privado, combinado com empresas estatais, resultando na mobilização de um volume inédito de recursos
Plano de Metas => remanejar recursos do país e canalizá-los para o prosseguimento e ampliação da escala de acumulação industrial 
Via atuação do Estado em duas frentes:
1. Coordenação e integração dos vários setores da economia, detectando deficiências da infraestrutura e as lacunas deixadas pela iniciativa privada
	Solucionar esses problemas pela ampliação ou criação 	de empresas estatais
2. Incentivo direto à produção privada por meio da criação de linhas especiais de crédito, principalmente junto ao BNDE, com longos prazos de restituição e juros negativos, pela concessão de avais estatais a empréstimos contraídos no exterior, pela facilitação de importação de máquinas, equipamentos e insumos básicos com a concessão de taxas cambiais favorecidas, pela concessão de isenções fiscais e tributáveis e pela reserva de mercado às indústrias em implantação via tarifas protecionistas
Estado assumia os setores menos lucrativos da economia (com enormes montantes de capital e longos prazos de maturação), tentava a todo custo baixar o custo da mão-de-obra (com baixa no custo da alimentação) e barateando os custos do capital constante
Representantes das principais instituições estatais e empresariais formavam grupos incumbidos de formular a política de desenvolvimento de cada atividade industrial
Vários grupos executivos, onde os mais proeminentes são a GEIA (automobilística) e a GEICON (construção naval)
Favoritismo oficial para estes setores
Facilitar ao máximo a entrada de capital estrangeiro
Empréstimos externos
Investimentos diretos
Desvalorização cambial do cruzeiro em outubro de 1953 abria as portas e elegia o capital externo como a fração de capital mais favorecida pela legislação em vigor
Lei 2.145 => 1954 – 
Instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) – 1955
Dispositivos para que a CACEX (carteira de comércio exterior) concedia privilégios especiais para remessa de lucros e amortizações de capital
Como por exemplo fornecer taxa cambial favorável
Empresas estrangeiras podiam importar máquinas e equipamentos sem cobertura cambial
Abolição de qualquer restrição tarifaria nesse sentido
No governo Kubitschek esses privilégios foram ampliados
Invasão da economia brasileira pelos capitais estrangeiros
Os investimentos diretos localizaram-se em áreas estratégicas
Para desenvolver o país foi preciso industrializar, sob a batuta do Estado e a elaboração de planos de desenvolvimento que exigiam um maior conhecimento da economia brasileira por parte da burguesia e do governo

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