Buscar

Noções de Direito Constitucional

Prévia do material em texto

Aula 00
Direito Constitucional p/ ITEP-RN (Nível Médio) - Com videoaulas
Professores: Equipe Ricardo e Nádia, Nádia Carolina, Ricardo Vale
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     1 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
!ULA !! 
TEORIA!GERAL!DA!CONSTITUIÇÃO! 
 
Conceito de Constituição ............................................................................................................... 4 
A Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas ....................................................................... 4 
Aplicabilidade das normas constitucionais ................................................................................ 9 
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ............................................... 15 
1) Regras e Princípios: ............................................................................................................................. 15 
2) Princípios Fundamentais: ................................................................................................................... 15 
2.1 - Fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil: ..................................................... 17 
2.2- Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Pol’tico: ....................................... 21 
2.3- Harmonia e Independncia entre os Poderes: ............................................................. 25 
2.3- Objetivos Fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil: ................................. 27 
2.4- Princ’pios das Rela›es Internacionais: .......................................................................... 29 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 31 
Lista de Questões ........................................................................................................................... 49 
Gabarito ........................................................................................................................................... 58 
 
 
 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     2 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
APRESENTA‚ÌO E CRONOGRAMA DE AULAS 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
ƒ com enorme alegria que damos in’cio hoje ao nosso ÒNo›es de Direito 
Constitucional p/ ITEP-RN (N’vel MŽdio)Ó, focado na banca AOCP. Antes 
de qualquer coisa, pedimos licena para nos apresentar: 
- N‡dia Carolina: Sou professora de Direito Constitucional do 
EstratŽgia Concursos desde 2011. Trabalhei como Auditora-Fiscal da 
Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no 
concurso de 2009. Tenho uma larga experincia em concursos pœblicos, 
j‡ tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6¼ lugar), 
TRE/GO 2008 (22¼ lugar) ATA-MF 2009 (2¼ lugar), Analista-Tribut‡rio 
RFB (16¼ lugar) e Auditor-Fiscal RFB (14¼ lugar). 
- Ricardo Vale: Sou professor e coordenador pedag—gico do EstratŽgia 
Concursos. Entre 2008-2014, trabalhei como Analista de ComŽrcio 
Exterior (ACE/MDIC), concurso no qual fui aprovado em 3¼ lugar. 
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito 
Constitucional, ComŽrcio Internacional e Legisla‹o Aduaneira. AlŽm 
das aulas, tenho trs grandes paix›es na minha vida: a Prof» N‡dia, a 
minha pequena Sofia e o pequeno JP (Jo‹o Paulo)!!  
Como voc j‡ deve ter percebido, esse curso ser‡ elaborado a 4 m‹os. Eu 
(N‡dia) ficarei respons‡vel pelas aulas escritas, enquanto o Ricardo ficar‡ 
por conta das videoaulas. Tenham certeza: iremos nos esforar bastante para 
produzir o melhor e mais completo conteœdo para vocs. 
Vejamos como ser‡ o cronograma do nosso curso: 
Aulas T—picos abordados Data 
Aula 00 Constitui‹o Federal: Dos Princ’pios Fundamentais 
(artigos de 01 a 04). 
07/11 
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 01). 09/11 
Aula 02 Direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 02). 14/11 
Aula 03 Direitos sociais. 16/11 
Aula 04 Da Organiza‹o de Estado (artigos de 37 a 41). Da 
Segurana Pœblica (artigo 144). 
20/11 
Dito tudo isso, j‡ podemos partir para a nossa aula 00! Todos preparados? 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     3 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale 
 
  
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     4 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Conceito de Constitui‹o 
Comeamos esse t—pico com a seguinte pergunta: o que se entende por 
Constitui‹o? 
Objeto de estudo do Direito Constitucional, a Constitui‹o Ž a lei 
fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do 
povo. ƒ ela que determina a organiza‹o pol’tico-jur’dica do Estado, 
dispondo sobre a sua forma, os —rg‹os que o integram e as competncias 
destes e, finalmente, a aquisi‹o e o exerc’cio do poder. Cabe tambŽm a ela 
estabelecer as limita›es ao poder do Estado e enumerar os direitos e 
garantias fundamentais.1 
A concep‹o de constitui‹o ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-
se de constitui‹o de car‡ter liberal, que apresenta os seguintes elementos: 
a) Deve ser escrita; 
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais 
(liberdades negativas); 
c) Deve conter a defini‹o e o reconhecimento do princ’pio da separa‹o 
dos poderes; 
d) Deve adotar um sistema democr‡tico formal. 
Note que todos esses elementos est‹o intrinsecamente relacionados ˆ 
limita‹o do poder coercitivo do Estado. Cabe destacar, por estar 
relacionado ao conceito de constitui‹o ideal, o que disp›e o art. 16, da 
Declara‹o Universal dos Direitos do Homem e do Cidad‹o (1789): ÒToda 
sociedade na qual n‹o est‡ assegurada a garantia dos direitos nem 
determinada a separa‹o de poderes, n‹o tem constitui‹o.Ó 
ƒ importante ressaltar que a doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ defini‹o do 
conceito de constitui‹o, podendo este ser analisado a partir de diversas 
concep›es. Isso porque o Direito n‹o pode ser estudado isoladamente de 
outras cincias sociais, como Sociologia e Pol’tica, por exemplo. 
A Pir‰mide de Kelsen Ð Hierarquia das Normas 
Para compreender bem o Direito Constitucional, Ž fundamental que estudemos 
a hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de 
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi concebida pelo jurista austr’aco para fundamentar 
                                                        
1
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 17. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     5 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jur’dicas inferiores (normas 
fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jur’dicas 
superiores (normasfundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da Òpir‰mide de KelsenÓ para explicar o 
escalonamento normativo no ordenamento jur’dico brasileiro. 
A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui‹o como seu vŽrtice (topo), por ser 
esta fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, 
nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui‹o: ela Ž 
superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo, 
denominadas infraconstitucionais. 
Na Constitui‹o, h‡ normas constitucionais origin‡rias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais origin‡rias s‹o produto 
do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder que elabora uma nova Constitui‹o); 
elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que resultam da 
manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a 
Constitui‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais, que tambŽm se 
situam no topo da pir‰mide de Kelsen. 
ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais bastante cobrados em prova acerca da hierarquia das 
normas constitucionais (origin‡rias e derivadas): 
a) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. Assim, n‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as 
normas constitucionais origin‡rias tm o mesmo status hier‡rquico. 
Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais 
tm a mesma hierarquia do ADCT (Atos das Disposi›es Constitucionais 
Transit—rias) ou mesmo do art. 242, ¤ 2¼, que disp›e que o ColŽgio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, ser‡ mantido na —rbita 
federal. 
b) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se 
situam no mesmo patamar. 
c) Embora n‹o exista hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e derivadas, h‡ uma importante diferena entre elas: as 
normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser declaradas 
inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais 
origin‡rias n‹o podem ser objeto de controle de constitucionalidade. J‡ 
as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) poder‹o, 
sim, ser objeto de controle de constitucionalidade. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     6 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
d) O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra doutrin‡ria 
denominada ÒNormas constitucionais inconstitucionaisÓ, na qual 
defende a possibilidade de que existam normas constitucionais 
origin‡rias eivadas de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto 
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas pŽtreas 
(normas cujo conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder Constituinte 
Derivado) e as normas constitucionais origin‡rias. As cl‡usulas 
pŽtreas, na vis‹o de Bachof, seriam superiores ˆs demais 
normas constitucionais origin‡rias e, portanto, serviriam de 
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas. Assim, o 
jurista alem‹o considerava leg’timo o controle de constitucionalidade de 
normas constitucionais origin‡rias. No entanto, bastante cuidado: no 
Brasil, a tese de Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se 
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais normas 
constitucionais origin‡rias. 
Com a promulga‹o da Emenda Constitucional n¼ 45/2004, abriu-se uma nova 
e importante possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e 
conven›es internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa 
do Congresso Nacional (C‰mara dos Deputados e Senado Federal), em dois 
turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser 
equivalentes ˆs emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da 
pir‰mide de Kelsen, tendo ÒstatusÓ de emenda constitucional. 
Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. Em virtude 
da matŽria de que tratam (direitos humanos), esses tratados est‹o gravados 
por cl‡usula pŽtrea2 e, portanto, imunes ˆ denœncia3 pelo Estado 
brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de 
emenda constitucional foi a ÒConven‹o Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados 
pelo rito ordin‡rio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegal. Isso significa 
que se situam logo abaixo da Constitui‹o e acima das demais normas do 
ordenamento jur’dico. 
A EC n¼ 45/2004 trouxe ao Brasil, portanto, segundo o Prof. ValŽrio Mazzuoli, 
um novo tipo de controle da produ‹o normativa domŽstica: o controle de 
convencionalidade das leis. Assim, as leis internas estariam sujeitas a um 
                                                        
2
 Estudaremos mais ˆ frente sobre as cl‡usulas pŽtreas, que s‹o normas que n‹o podem ser 
objeto de emenda constitucional tendente a aboli-las. As cl‡usulas pŽtreas est‹o previstas no 
art. 60, ¤ 4¼, da CF/88. Os direitos e garantias individuais s‹o cl‡usulas pŽtreas (art. 60, ¤ 4¼, 
inciso IV). 
3
  Denœncia Ž o ato unilateral por meio do qual um Estado se desvincula de um tratado 
internacional. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     7 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
duplo processo de compatibiliza‹o vertical, devendo obedecer aos 
comandos previstos na Carta Constitucional e, ainda, aos previstos em 
tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao 
ordenamento jur’dico brasileiro.4 
As normas imediatamente abaixo da Constitui‹o (infraconstitucionais) e 
dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o as leis 
(complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os 
decretos aut™nomos. Todas essas normas ser‹o estudadas em detalhes em 
aula futura, n‹o se preocupe! Neste momento, quero apenas que voc guarde 
quais s‹o as normas infraconstitucionais e que elas n‹o possuem hierarquia 
entre si, segundo doutrina majorit‡ria. Essas normas s‹o prim‡rias, sendo 
capazes de gerar direitos e criar obriga›es, desde que n‹o contrariem a 
Constitui‹o. 
Novamente, gostar’amos de trazer ˆ baila alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais muito cobrados em prova: 
a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis 
federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo 
grau hier‡rquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e 
estaduais ou entre leis estaduais e municipais n‹o ser‡ resolvido por 
um critŽrio hier‡rquico; a solu‹o depender‡ da reparti‹o 
constitucional de competncias. Deve-se perguntar o seguinte: de qual 
ente federativo (Uni‹o, Estados ou Munic’pios) Ž a competncia para 
tratar do tema objeto da lei? Nessa —tica, Ž plenamente poss’vel que, 
num caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei 
federal. 
b) Existe hierarquia entre a Constitui‹o Federal, as Constitui›es 
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? Sim, a Constitui‹o 
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui›es Estaduais 
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas. 
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um 
procedimento mais dificultoso, tm o mesmo n’vel hier‡rquico das 
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo: ambas tm campos 
de atua‹o diversos, ou seja, a matŽria(conteœdo) Ž diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre 
direito tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar. 
                                                        
4
    MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no 
Direito Brasileiro. In: Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano. 
Gazeta Jur’dica. Bras’lia: 2013. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     8 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs 
leis ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode 
mais, pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova‹o 
Ž mais simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a 
que uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, 
a lei complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa 
lei complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por 
simples lei ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ 
subsumir-se ao regime constitucional da lei ordin‡ria. 5 
d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis 
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de 
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica). 
e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados 
normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis ordin‡rias. 
Na mesma situa‹o, encontram-se as resolu›es do CNMP (Conselho 
Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de Justia). 
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos 
Deputados), por constitu’rem resolu›es legislativas, tambŽm s‹o 
considerados normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis 
ordin‡rias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o 
normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de 
impor obriga›es. N‹o podem contrariar as normas prim‡rias, sob pena de 
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, das instru›es 
normativas, dentre outras. Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os 
decretos aut™nomos (normas prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os 
decretos regulamentares (normas secund‡rias, infralegais). 
 
                                                        
5AI 467822 RS, p. 04-10-2011. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     9 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
(MPE-BA Ð 2015) Existe hierarquia entre lei complementar 
e lei ordin‡ria, bem como entre lei federal e estadual. 
Coment‡rios: 
N‹o h‡ hierarquia entre lei ordin‡ria e lei complementar. 
Elas tm o mesmo n’vel hier‡rquico. TambŽm n‹o h‡ 
hierarquia entre lei federal e lei estadual. Quest‹o errada. 
Aplicabilidade das normas constitucionais 
O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais Ž essencial ˆ correta 
interpreta‹o da Constitui‹o Federal. ƒ a compreens‹o da aplicabilidade das 
normas constitucionais que nos permitir‡ entender exatamente o alcance e a 
realizabilidade dos diversos dispositivos da Constitui‹o. 
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas s‹o 
imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas 
constitucionais surtem efeitos jur’dicos: o que varia entre elas Ž o grau 
de efic‡cia. 
A doutrina americana (cl‡ssica) distingue duas espŽcies de normas 
constitucionais quanto ˆ aplicabilidade: as normas autoexecut‡veis (Òself 
executingÓ) e as normas n‹o-autoexecut‡veis. 
CONSTITUIÇÃO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS E TRATADOS 
INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS COMO 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
OUTROS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
LEIS COMPLEMENTARES, ORDINÁRIAS E DELEGADAS, MEDIDAS 
PROVISÓRIAS, DECRETOS LEGISLATIVOS, RESOLUÇÕES 
LEGISLATIVAS, TRATADOS INTERNACIONAIS EM GERAL E DECRETOS 
AUTÔNOMOS
NORMAS INFRALEGAIS
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     10 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
As normas autoexecut‡veis s‹o normas que podem ser aplicadas sem a 
necessidade de qualquer complementa‹o. S‹o normas completas, bastantes 
em si mesmas. J‡ as normas n‹o-autoexecut‡veis dependem de 
complementa‹o legislativa antes de serem aplicadas: s‹o as normas 
incompletas, as normas program‡ticas (que definem diretrizes para as pol’ticas 
pœblicas) e as normas de estrutura‹o (instituem —rg‹os, mas deixam para a 
lei a tarefa de organizar o seu funcionamento). 6 
Embora a doutrina americana seja bastante did‡tica, a classifica‹o das 
normas quanto ˆ sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo 
Prof. JosŽ Afonso da Silva. 
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, JosŽ Afonso da Silva 
classifica as normas constitucionais em trs grupos: i) normas de efic‡cia 
plena; ii) normas de efic‡cia contida e; iii) normas de efic‡cia limitada. 
1) Normas de efic‡cia plena:  
S‹o aquelas que, desde a entrada em vigor da Constitui‹o, produzem, ou tm 
possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis 
regular. ƒ o caso do art. 2¼ da CF/88, que diz: Òs‹o Poderes da Uni‹o, 
independentes e harm™nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rioÓ. 
As normas de efic‡cia plena possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, Ž dizer, elas independem de lei posterior 
regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso n‹o 
quer dizer que n‹o possa haver lei regulamentadora versando sobre 
uma norma de efic‡cia plena; a lei regulamentadora atŽ pode 
existir, mas a norma de efic‡cia plena j‡ produz todos os seus efeitos 
de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamenta‹o. 
b) s‹o n‹o-restring’veis, ou seja, caso exista uma lei tratando de 
uma norma de efic‡cia plena, esta n‹o poder‡ limitar sua aplica‹o. 
c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e integral (n‹o podem sofrer limita›es ou restri›es 
em sua aplica‹o). 
2) Normas constitucionais de efic‡cia contida ou prospectiva: 
                                                        
6
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi‹o. Editora 
Saraiva, S‹o Paulo: 2012, pp. 417-418. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     11 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
S‹o normas que est‹o aptas a produzir todos os seus efeitos desde o 
momento da promulga‹o da Constitui‹o, mas que podem ser restringidas 
por parte do Poder Pœblico. Cabe destacar que a atua‹o do legislador, no caso 
das normas de efic‡cia contida, Ž discricion‡ria: ele n‹o precisa editar a lei, 
mas poder‡ faz-lo. 
Um exemplo cl‡ssico de norma de efic‡cia contida Ž o art.5¼, inciso XIII, da 
CF/88, segundo o qual Ҏ livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou 
profiss‹o, atendidas as qualifica›es profissionais que a lei estabelecerÓ. Em 
raz‹o desse dispositivo, Ž assegurada a liberdade profissional: desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, todos j‡ podem exercer qualquer trabalho, of’cio 
ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer restri›es ao exerc’cio 
de algumas profiss›es. Citamos,por exemplo, a exigncia de aprova‹o no 
exame da OAB como prŽ-requisito para o exerc’cio da advocacia. 
As normas de efic‡cia contida possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, ou seja, est‹o aptas a produzir todos os seus 
efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em outras 
palavras, n‹o precisam de lei regulamentadora que lhes complete o 
alcance ou sentido. Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser 
publicada, o direito previsto em uma norma de efic‡cia contida pode ser 
exercitado de maneira ampla (plena); s— depois da regulamenta‹o Ž 
que haver‡ restri›es ao exerc’cio do direito. 
b) s‹o restring’veis, isto Ž, est‹o sujeitas a limita›es ou restri›es, 
que podem ser impostas por: 
- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, Ž norma de efic‡cia 
contida prevista no art. 9¼, da CF/88. Desde a promulga‹o da CF/88, o 
direito de greve j‡ pode exercido pelos trabalhadores do regime 
celetista; no entanto, a lei poder‡ restringi-lo, definindo os Òservios ou 
atividades essenciaisÓ e dispondo sobre Òo atendimento das 
necessidades inadi‡veis da comunidadeÓ. 
Art. 9¼ ƒ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
¤ 1¼ - A lei definir‡ os servios ou atividades essenciais e dispor‡ sobre 
o atendimento das necessidades inadi‡veis da comunidade. 
- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prev a 
possibilidade de que sejam impostas restri›es a certos direitos e 
garantias fundamentais durante o estado de s’tio. 
- conceitos Žtico-jur’dicos indeterminados: o art. 5¼, inciso XXV, 
da CF/88 estabelece que, no caso de Òiminente perigo pœblicoÓ, o 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     12 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Estado poder‡ requisitar propriedade particular. Esse Ž um conceito 
Žtico-jur’dico que poder‡, ent‹o, limitar o direito de propriedade. 
c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e possivelmente n‹o-integral (est‹o sujeitas a 
limita›es ou restri›es). 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas de efic‡cia 
contida tm efic‡cia plena atŽ que seja materializado o fator 
de restri‹o imposto pela lei infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
As normas de efic‡cia contida s‹o restring’veis por lei 
infraconstitucional. AtŽ que essa lei seja publicada, a norma 
de efic‡cia contida ter‡ aplica‹o integral. Quest‹o correta 
 
3) Normas constitucionais de efic‡cia limitada:  
S‹o aquelas que dependem de regulamenta‹o futura para produzirem 
todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de efic‡cia limitada Ž o art. 37, 
inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores pœblicos 
(Òo direito de greve ser‡ exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
espec’ficaÓ). 
Ao ler o dispositivo supracitado, Ž poss’vel perceber que a Constitui‹o Federal 
de 1988 outorga aos servidores pœblicos o direito de greve; no entanto, para 
que este possa ser exercido, faz-se necess‡ria a edi‹o de lei ordin‡ria que o 
regulamente. Assim, enquanto n‹o editada essa norma, o direito n‹o pode ser 
usufru’do. 
As normas constitucionais de efic‡cia limitada possuem as seguintes 
caracter’sticas: 
a) s‹o n‹o-autoaplic‡veis, ou seja, dependem de complementa‹o 
legislativa para que possam produzir os seus efeitos. 
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulga‹o 
do texto constitucional n‹o Ž suficiente para que possam produzir todos 
os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de efic‡cia restrito 
quando da promulga‹o da Constitui‹o). 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     13 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 
Muito cuidado para n‹o confundir! 
As normas de efic‡cia contida est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o 
momento em que a Constitui‹o Ž promulgada. A 
lei posterior, caso editada, ir‡ restringir a sua 
aplica‹o. 
As normas de efic‡cia limitada n‹o est‹o 
aptas a produzirem todos os seus efeitos com 
a promulga‹o da Constitui‹o; elas dependem, 
para isso, de uma lei posterior, que ir‡ ampliar o 
seu alcance. 
JosŽ Afonso da Silva subdivide as normas de efic‡cia limitada em dois 
grupos: 
a) normas declarat—rias de princ’pios institutivos ou 
organizativos: s‹o aquelas que dependem de lei para estruturar e 
organizar as atribui›es de institui›es, pessoas e —rg‹os previstos na 
Constitui‹o. ƒ o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o 
qual Òa lei dispor‡ sobre a cria‹o e extin‹o de MinistŽrios e —rg‹os da 
administra‹o pœblica.Ó 
As normas definidoras de princ’pios institutivos ou organizativos podem 
ser impositivas (quando imp›em ao legislador uma obriga‹o de 
elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem 
mera faculdade ao legislador). O art. 88, da CF/88, Ž exemplo de norma 
impositiva; como exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, ¤ 3¼, 
CF/88, que disp›e que a Òlei estadual poder‡ criar, mediante proposta do 
Tribunal de Justia, a Justia Militar estadualÓ. 
b) normas declarat—rias de princ’pios program‡ticos: s‹o aquelas 
que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador 
infraconstitucional. Um exemplo Ž o art. 196 da Carta Magna (Òa saœde 
Ž direito de todos e dever do Estado, garantido mediante pol’ticas 
sociais e econ™micas que visem ˆ redu‹o do risco de doena e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualit‡rio ˆs a›es e servios 
para sua promo‹o, prote‹o e recupera‹oÓ). Cabe destacar que a 
presena de normas program‡ticas na Constitui‹o Federal Ž que nos 
permite classific‡-la como uma Constitui‹o-dirigente. 
ƒ importante destacar que as normas de efic‡cia limitada, embora tenham 
aplicabilidade reduzida e n‹o produzam todos os seus efeitos desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, possuem efic‡cia jur’dica. Guarde bem isso: a 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     14 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
efic‡cia dessas normas Ž limitada, porŽm existente! Diz-se que as normas de 
efic‡cia limitada possuem efic‡cia m’nima. 
Diante dessa afirma‹o, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais s‹o os 
efeitos jur’dicos produzidos pelas normas de efic‡cia limitada? 
As normas de efic‡cia limitada produzem imediatamente, desde a promulga‹o 
da Constitui‹o, dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii) efeito 
vinculativo. 
O efeito negativo consiste na revoga‹o de disposi›es anteriores em 
sentido contr‡rio e na proibi‹o de leis posteriores que se oponham a 
seus comandos. Sobre esse œltimo ponto, vale destacar que as normas de 
efic‡cia limitada servem de par‰metro para o controle de constitucionalidade 
das leis. 
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obriga‹o de que o 
legislador ordin‡rio edite leis regulamentadoras, sob pena de haver 
omiss‹o inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de 
injun‹o ou A‹o Direta de Inconstitucionalidade por Omiss‹o. Ressalte-se que 
o efeito vinculativo tambŽm se manifesta na obriga‹o de que o Poder Pœblico 
concretize as normas program‡ticas previstas no texto constitucional. A 
Constitui‹o n‹o pode ser uma mera Òfolhade papelÓ; as normas 
constitucionais devem refletir a realidade pol’tico-social do Estado e as pol’ticas 
pœblicas devem seguir as diretrizes traadas pelo Poder Constituinte Origin‡rio. 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas constitucionais de 
efic‡cia limitada s‹o aquelas que, no momento em que a 
Constitui‹o Ž promulgada, n‹o tm o cond‹o de produzir 
todos os seus efeitos, necessitando de lei integrativa 
infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! As normas de efic‡cia limitada n‹o produzem 
todos os seus efeitos no momento em que a Constitui‹o Ž 
promulgada. Para produzirem todos os seus efeitos, elas 
dependem da edi‹o de lei regulamentadora. Quest‹o correta. 
(CNMP Ð 2015) As normas constitucionais de aplicabilidade 
diferida e mediata, que n‹o s‹o dotadas de efic‡cia jur’dica e 
n‹o vinculam o legislador infraconstitucional aos seus vetores, 
s‹o de efic‡cia contida. 
Coment‡rios: 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     15 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
As normas de efic‡cia limitada Ž que tm aplicabilidade 
diferida e mediata. Cabe destacar que as normas de efic‡cia 
limitada possuem efic‡cia jur’dica e vinculam o legislador 
infraconstitucional. Quest‹o errada. 
Princ’pios Fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil 
1) Regras e Princ’pios: 
Antes de tratarmos dos princ’pios fundamentais da Repœblica Federativa do 
Brasil, Ž necess‡rio que compreendamos dois conceitos: o de regras e o de 
princ’pios. 
De in’cio, vale destacar que as normas se dividem em dois tipos: i) regras 
e; ii) princ’pios. Em outras palavras, regras e princ’pios s‹o espŽcie do gnero 
normas; se estivermos tratando de regras e princ’pios (impl’citos e expl’citos) 
previstos na Constitui‹o, estaremos nos referindo a normas 
constitucionais. 
As regras s‹o mais concretas, servindo para definir condutas. J‡ os 
princ’pios s‹o mais abstratos: n‹o definem condutas, mas sim diretrizes 
para que se alcance a m‡xima concretiza‹o da norma. As regras n‹o admitem 
o cumprimento ou descumprimento parcial, seguindo a l—gica do Òtudo ou 
nadaÓ. Ou s‹o cumpridas totalmente, ou, ent‹o, descumpridas. Portanto, 
quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito 
determinar qual delas foi suprimida pela outra. 
Por outro lado, os princ’pios podem ser cumpridos apenas parcialmente. No 
caso de colis‹o entre princ’pios, o conflito Ž apenas aparente, ou seja, um n‹o 
ser‡ exclu’do pelo outro. Assim, apesar de a Constitui‹o, por exemplo, 
garantir a livre manifesta‹o do pensamento (art. 5¼, IV, CF/88), esse direito 
n‹o Ž absoluto. Ele encontra limites na prote‹o ˆ vida privada (art. 5¼, X, 
CF/88), outro direito protegido constitucionalmente. 
2) Princ’pios Fundamentais: 
Os princ’pios constitucionais, segundo Canotilho, podem ser de duas espŽcies: 
a) Princ’pios pol’tico-constitucionais: representam decis›es 
pol’ticas fundamentais, conformadoras de nossa Constitui‹o. S‹o os 
chamados princ’pios fundamentais, que estudaremos a seguir, os 
quais preveem as caracter’sticas essenciais do Estado brasileiro. Como 
exemplo de princ’pios pol’tico-constitucionais, citamos o princ’pio da 
separa‹o de poderes, a indissolubilidade do v’nculo federativo, o 
pluralismo pol’tico e a dignidade da pessoa humana. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     16 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
b) Princ’pios jur’dico-constitucionais: s‹o princ’pios gerais 
referentes ˆ ordem jur’dica nacional, encontrando-se dispersos pelo 
texto constitucional. Em regra, derivam dos princ’pios pol’tico-
constitucionais. Como exemplo de princ’pios jur’dico constitucionais, 
citamos os princ’pios do devido processo legal, do juiz natural e da 
legalidade. 
Uma vez entendidos esses conceitos, passaremos ˆ an‡lise dos princ’pios 
fundamentais (pol’tico-constitucionais), respons‡veis pela determina‹o das 
caracter’sticas essenciais do Estado brasileiro. 
Princ’pios Fundamentais s‹o os valores que orientaram o Poder 
Constituinte Origin‡rio na elabora‹o da Constitui‹o, ou seja, s‹o suas 
escolhas pol’ticas fundamentais. Segundo Canotilho, s‹o os princ’pios 
constitucionais politicamente conformadores do Estado, que explicitam as 
valora›es pol’ticas fundamentais do legislador constituinte, revelando as 
concep›es pol’ticas triunfantes numa Assembleia Constituinte, constituindo-
se, assim, no cerne pol’tico de uma Constitui‹o pol’tica. 7 
Na Constitui‹o Federal de 1988, os princ’pios fundamentais est‹o 
dispostos no T’tulo I, o qual Ž composto por quatro artigos. Cada um desses 
dispositivos apresenta um tipo de princ’pio fundamental. O art. 1¼ trata dos 
fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil (RFB); o art. 2¼, do princ’pio da 
separa‹o de Poderes; o art. 3¼, dos objetivos fundamentais; e o art. 4¼, dos 
princ’pios da RFB nas rela›es internacionais. 
 
Se uma quest‹o disser que um determinado fundamento 
da RFB (por exemplo, a soberania) Ž um princ’pio 
fundamental, ela estar‡ correta. Da mesma forma, se uma 
quest‹o disser que um objetivo fundamental da RFB (por 
exemplo, Òconstruir uma sociedade livre, justa e solid‡riaÓ), 
Ž um princ’pio fundamental, ela tambŽm estar‡ correta. Ou, 
ainda, se a quest‹o afirmar que um princ’pio das rela›es 
internacionais (por exemplo, Òigualdade entre os 
EstadosÓ), Ž um princ’pio fundamental, esta, mais uma vez, 
estar‡ correta. 
A explica‹o para isso Ž o fato de que os art. 1¼ - art. 4¼ 
evidenciam, todos eles, espŽcies de princ’pios 
fundamentais. 
                                                        
7 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui‹o, p. 1091-92. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     17 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
2.1 - Fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil: 
Os fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil est‹o previstos no art. 1¼, 
da Constitui‹o Federal de 1988. S‹o eles os pilares, a base do ordenamento 
jur’dico brasileiro. 
Art. 1¼ A Repœblica Federativa do Brasil, formada pela uni‹o 
indissolœvel dos Estados e Munic’pios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democr‡tico de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo pol’tico. 
Par‡grafo œnico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constitui‹o. 
Para memoriz‡-los, usamos a famosa sigla ÒSOCIDIVAPLUÓ: soberania, 
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa e pluralismo pol’tico. 
 
A soberania Ž um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade 
n‹o se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano 
internacional. A soberania Ž considerada um poder supremo e 
independente: supremo porque n‹o est‡ limitado a nenhum outro poder na 
S
O
C
ID
IV
A
P
L
U
SOBERANIA
CIDADANIA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE 
INICIATIVA
PLURALISMO POLÍTICO
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     18 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
ordem interna; independente porque, no plano internacional, n‹ose subordina 
ˆ vontade de outros Estados.8 
Assim, no ‰mbito interno, as normas e decis›es elaboradas pelo Estado 
prevalecem sobre as emanadas de grupos sociais intermedi‡rios como fam’lia, 
escola e igreja, por exemplo. Por sua vez, na —rbita internacional, o Estado 
somente se submete a regras em rela‹o ˆs quais manifestar livremente o seu 
consentimento. A soberania guarda correla‹o direta com o princ’pio da 
igualdade entre os Estados, que Ž um dos princ’pios adotados pela Repœblica 
Federativa do Brasil em suas rela›es internacionais (art. 4¼, V, CF/88). 
ƒ relevante destacar que a soberania deve ser vista sob uma perspectiva 
(sentido) democr‡tica, donde surge a express‹o Òsoberania popularÓ. Com 
efeito, o art. 1¼, par‡grafo œnico, disp›e que Òtodo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamenteÓ nos termos 
da Constitui‹o. 
A cidadania, por sua vez, Ž simultaneamente um objeto e um direito 
fundamental das pessoas; ela representa um verdadeiro status do ser 
humano: o de ser cidad‹o e, com isso, ter assegurado o seu direito de 
participa‹o na vida pol’tica do Estado. 9 A previs‹o da cidadania como 
fundamento do Estado brasileiro exige que o Poder Pœblico incentive a 
participa‹o popular nas decis›es pol’ticas do Estado. Nesse sentido, est‡ 
intimamente ligada ao conceito de democracia, pois sup›e que o cidad‹o se 
sinta respons‡vel pela constru‹o de seu Estado, pelo bom funcionamento das 
institui›es. 
A dignidade da pessoa humana Ž outro fundamento da Repœblica Federativa 
do Brasil e consiste no valor-fonte do ordenamento jur’dico, a base de todos os 
direitos fundamentais. Trata-se de princ’pio que coloca o ser humano como a 
preocupa‹o central para o Estado brasileiro: a prote‹o ˆs pessoas deve ser 
vista como um fim em si mesmo. 
Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana Ž princ’pio supremo, 
Òsignificativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e 
inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pa’s e que traduz, 
de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre n—s, a 
ordem republicana e democr‡tica consagrada pelo sistema de direito 
constitucional positivo.Ó10 
                                                        
8 CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional, 2» edi‹o. Rio de Janeiro, Forense, 1987, 
volume 1, pag. 169.  
9
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 61.  
10 STF, HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, j. 17.03.05, DJ de 29.04.05. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     19 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
O princ’pio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade 
normativa e pode ser usado, por si s— e independentemente de 
regulamenta‹o, como fundamento de decis‹o judicial. AlŽm de possuir 
efic‡cia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o princ’pio 
da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Pœblico, impelindo-o a adotar 
pol’ticas para sua total implementa‹o. 
Em raz‹o da import‰ncia do princ’pio da dignidade da pessoa humana, o STF 
j‡ o utilizou como fundamento de diversas decis›es importantes. A 
seguir, comentaremos os principais entendimentos do STF acerca da dignidade 
humana: 
a) O STF considerou leg’tima a uni‹o homoafetiva como entidade familiar, 
em raz‹o do princ’pio da dignidade da pessoa humana e do direito ˆ busca 
pela felicidade. 
Segundo a Corte: 
Òa extens‹o, ˆs uni›es homoafetivas, do mesmo regime jur’dico 
aplic‡vel ˆ uni‹o est‡vel entre pessoas de gnero distinto justifica-se e 
legitima-se pela direta incidncia, dentre outros, dos princ’pios 
constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurana 
jur’dica e do postulado constitucional impl’cito que consagra o direito ˆ 
busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimens‹o que 
privilegia o sentido de inclus‹o decorrente da pr—pria Constitui‹o da 
Repœblica (art. 1¼, III, e art. 3¼, IV), fundamentos aut™nomos e 
suficientes aptos a conferir suporte legitimador ˆ qualifica‹o das 
conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espŽcie do gnero 
entidade familiarÓ. 11 
b) O STF considera que n‹o ofende o direito ˆ vida e a dignidade da pessoa 
humana a pesquisa com cŽlulas-tronco embrion‡rias obtidas de embri›es 
humanos produzidos por fertiliza‹o Òin vitroÓ e n‹o utilizados neste 
procedimento.12 Sobre esse ponto, vale a pena esclarecer que, quando Ž 
realizada uma fertiliza‹o Òin vitroÓ, s‹o produzidos v‡rios embri›es e apenas 
alguns deles s‹o implantados no œtero da futura m‹e. Os embri›es n‹o 
utilizados no procedimento (que seriam congelados ou descartados) Ž que 
poder‹o ser objeto de pesquisa com cŽlulas-tronco. 
                                                        
11 RE 477554 MG, DJe-164 DIVULG 25-08-2011 PUBLIC 26-08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-
00287. 
12 STF, ADI 3510/DF Ð Rel. Min Ayres Britto, DJe 27.05.2010 
00000000000 - DEMO
0
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     20 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
c) O STF entende que n‹o Ž poss’vel, por violar o princ’pio da dignidade da 
pessoa humana, a submiss‹o compuls—ria do pai ao exame de DNA na 
a‹o de investiga‹o de paternidade.13 
... 
Voltando ˆ an‡lise dos fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil, a 
eleva‹o dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa a essa 
condi‹o refora que o nosso Estado Ž capitalista, e, simultaneamente, 
demonstra que o trabalho tem um valor social. ƒ o trabalho, afinal, ferramenta 
essencial para garantir, em perspectiva menos ampla, a subsistncia das 
pessoas e, em perspectiva mais abrangente, o desenvolvimento e crescimento 
econ™mico do Pa’s. 
Observe que o art. 170 da CF/88 reitera esse fundamento, ao determinar que 
Òa ordem econ™mica, fundada na valoriza‹o do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os 
ditames da justia socialÓ. 
Por œltimo, o Estado brasileiro tambŽm tem como fundamento o pluralismo 
pol’tico. Esse princ’pio visa garantir a inclus‹o dos diferentes grupos sociais 
no processo pol’tico nacional, outorgando aos cidad‹os liberdade de convic‹o 
filos—fica e pol’tica. Como seu corol‡rio, tem-se a liberdade de cria‹o e 
funcionamento dos partidos pol’ticos. O STF entende que a cr’tica 
jornal’stica Ž um direito cujo suporte legitimador Ž o pluralismo pol’tico; o 
exerc’cio desse direito deve, assim, ser preservado contra ensaios autorit‡rios 
de repress‹o penal. 14 
Cabe destacar que o pluralismo pol’tico exclui os discursos de —dio, assim 
considerada qualquer comunica‹o que tenha como objetivo inferiorizar uma 
pessoa com base em raa, gnero, nacionalidade, religi‹o ou orienta‹o 
sexual. No Brasil, considera-se que os discursos de —dio n‹o est‹o 
amparados pela liberdade de manifesta‹o de pensamento. 
 
(FUB Ð 2015) O pluralismo pol’tico, fundamento da Repœblica 
Federativa do Brasil, Ž pautado pela toler‰ncia a ideologias 
diversas, o que exclui discursos de —dio, n‹o amparados pela 
liberdade de manifesta‹o do pensamento. 
Coment‡rios: 
O discurso de —dio n‹o est‡ protegido pela liberdade de 
manifesta‹o de pensamento. Por isso, o pluralismo pol’tico 
                                                        
13 STF, Pleno, HC 71.373/RS, rel. Min. Francisco Rezek, Di‡rio da Justia, Se‹o I, 22.11.1996. 
14
 STF Ð Pet 3486/DF, Rel. Ministro Celso de Mello. DJe. 22.08.2005. 
00000000000 - DEMOwww.estrategiaconcursos.com.br                                     21 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
exclui discursos de —dio. Quest‹o correta. 
(TJ-SE Ð 2014) A dignidade da pessoa humana, princ’pio 
fundamental da Repœblica Federativa do Brasil, promove o 
direito ˆ vida digna em sociedade, em prol do bem comum, 
fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do 
direito individual. 
Coment‡rios: 
A dignidade da pessoa humana Ž um fundamento da Repœblica 
Federativa do Brasil. Enquadra-se como princ’pio 
fundamental, assim como todos os outros inscritos dos art. 
1¼ a art. 4¼, CF/88. Esse princ’pio coloca o ind’viduo (o ser 
humano) como a preocupa‹o central do Estado. Assim, 
n‹o h‡ que se falar em Òprevalncia do interesse coletivo em 
detrimento do direito individualÓ. Quest‹o errada. 
 
2.2- Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Pol’tico: 
Dentre as decis›es pol’ticas fundamentais, est‹o a defini‹o da forma de 
Estado e a forma de governo. Essas op›es pol’ticas foram escolhidas pelo 
Poder Constituinte Origin‡rio logo no in’cio do texto constitucional (art. 1¼, 
caput). 
a) Forma de estado diz respeito ˆ maneira pela qual o poder est‡ 
territorialmente repartido; em outras palavras, Ž a reparti‹o territorial 
do Poder que ir‡ definir a forma de Estado. Nesse sentido, um Estado 
poder‡ ser unit‡rio (quando o poder est‡ territorialmente centralizado) 
ou federal (quando o poder est‡ territorialmente descentralizado). 15 
O Brasil Ž um Estado federal, ou seja, adota a federa‹o como forma de 
Estado. H‡ diversos entes federativos (Uni‹o, Estados, Distrito Federal e 
Munic’pios), todos eles aut™nomos, dotados de governo pr—prio e de 
capacidade pol’tica. S‹o pessoas jur’dicas de direito pœblico que mantm entre 
si um v’nculo indissolœvel. Em raz‹o dessa indissolubilidade, um estado ou 
munic’pio brasileiro n‹o pode se separar do Brasil; diz-se que, em uma 
federa‹o n‹o h‡ o direito de secess‹o. ƒ esse o princ’pio da 
indissolubilidade do v’nculo federativo, o qual Ž reforado pelo fato de que 
a federa‹o Ž cl‡usula pŽtrea da CF/88 (art. 60¤ 4¼, I, CF), n‹o podendo, 
portanto, ser objeto de emenda constitucional tendente ˆ sua aboli‹o. 
                                                        
15
  O objetivo dessa aula n‹o Ž nos aprofundarmos no conceito de Estado unit‡rio e Estado 
federal. Nesse momento, os conceitos acima mencionados j‡ s‹o suficientes ao nosso 
aprendizado. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     22 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
O Estado federal, segundo a doutrina, apresenta duas caracter’sticas: 
autonomia e participa‹o. A autonomia traduz-se na possibilidade de os 
Estados e Munic’pios terem sua pr—pria estrutura governamental e 
competncias, distintas daquelas da Uni‹o. A participa‹o, por sua vez, 
consiste em dar aos Estados a possibilidade de interferir na forma‹o das leis. 
Ela Ž garantida, em nosso ordenamento jur’dico, pelo Senado, —rg‹o legislativo 
que representa os Estados. 
Cabe destacar que autonomia difere de soberania. No Brasil, apenas a 
Repœblica Federativa do Brasil (RFB) Ž considerada soberana, inclusive para 
fins de direito internacional; s— ela possui personalidade internacional. Isso 
porque, na Federa‹o, os entes reunidos, apesar de n‹o perderem suas 
personalidades jur’dicas, abrem m‹o de algumas prerrogativas, em benef’cio 
do todo (Estado Federal). Dessas, a principal Ž a soberania. 
A Uni‹o Ž quem representa a RFB no plano internacional (art. 21, inciso I), 
mas possui apenas autonomia, jamais soberania. Destaque-se, todavia, que 
os outros entes federativos atŽ podem atuar no plano internacional, mas 
apenas na medida em que a RFB os autoriza. Como exemplo, pode-se citar a 
contrata‹o de emprŽstimo junto ao Banco Mundial pelo Estado de S‹o Paulo, 
para fins de constru‹o de uma rodovia. 
Na CF/88, os Munic’pios foram inclu’dos, pela primeira vez, como entidades 
federativas. Com essa previs‹o constitucional, o federalismo brasileiro passou 
a ser considerado um federalismo de terceiro grau: temos uma federa‹o 
composta por Uni‹o, Estados e Munic’pios.16 
No Brasil, a Uni‹o, os Estados-membros e os Munic’pios, todos igualmente 
aut™nomos, tm o mesmo ÒstatusÓ hier‡rquico, recebendo tratamento jur’dico 
ison™mico. O governo de qualquer um deles n‹o pode determinar o que o 
governo do outro pode ou n‹o fazer. Cada um exerce suas competncias 
dentro dos limites reservados pela Constitui‹o. 
A federa‹o brasileira tem como caracter’stica ser resultado de um 
movimento centr’fugo, ou seja, formou-se por segrega‹o. Isso porque no 
Brasil, atŽ a Constitui‹o de 1891, o Estado era unit‡rio (centralizado), tendo, 
ent‹o, se desmembrado para a forma‹o dos estados-membros. J‡ nos 
Estados Unidos, por exemplo, os Estados se agregaram, num movimento 
centr’peto, para formar o Estado federal. 
Outra caracter’stica de nosso federalismo Ž que ele Ž cooperativo. A 
reparti‹o de competncias entre os entes da federa‹o se d‡ de forma que 
todos eles contribuam para que o Estado alcance seus objetivos. Algumas 
                                                        
16 O Prof. Manoel Gonalves Ferreira Filho diz que o Brasil Ž um federalismo de 2¼ grau, mas 
essa Ž a posi‹o minorit‡ria. Para esse autor, haveria dois graus: um da Uni‹o para os 
Estados, e outro, dos Estados para os Munic’pios. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     23 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
competncias s‹o comuns a todos, havendo, ainda, a colabora‹o tŽcnica e 
financeira entre eles para a presta‹o de alguns servios pœblicos, bem como 
reparti‹o das receitas tribut‡rias. 
b) Forma de Governo Ž o modo como se d‡ a institui‹o do poder na 
sociedade e a rela‹o entre governantes e governados. Quanto ˆ forma 
de governo, um Estado poder‡ ser uma monarquia ou uma repœblica. 
No Brasil, a forma de governo adotada (art. 1¼, caput), foi a repœblica. 
S‹o caracter’sticas da Repœblica o car‡ter eletivo, representativo e 
transit—rio dos detentores do poder pol’tico e responsabilidade dos 
governantes. 
Os governantes, na Repœblica, s‹o eleitos pelo povo, o que vincula essa forma 
de governo ˆ democracia. AlŽm disso, na Repœblica, o governo Ž limitado e 
respons‡vel, surgindo a ideia de responsabilidade da Administra‹o Pœblica. 
Finalmente, o car‡ter transit—rio dos detentores do poder pol’tico Ž inerente ao 
governo republicano, sendo ressaltado, por exemplo, no art. 60, ¤4¼ da CF/88, 
que impede que seja objeto de delibera‹o a proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir o Òvoto direto, secreto, universal e peri—dicoÓ. 
Outra importante caracter’stica da Repœblica Ž que ela Ž fundada na 
igualdade formal das pessoas. Nessa forma de governo Ž intoler‡vel a 
discrimina‹o, sendo todos formalmente iguais, ou seja, iguais perante o 
Direito. 
c) O regime pol’tico adotado pelo Brasil Ž a democracia, o que fica 
claro quando o art. 1¼, caput, da CF/88 disp›e que a Repœblica 
Federativa do Brasil constitui-se um Estado democr‡tico de direito. 
O Estado de Direito Ž aquele no qual existe uma limita‹o dos poderes 
estatais; ele representa uma supera‹o do antigo modelo absolutista, no qual 
o governante tinha poderes ilimitados. O surgimento do Estado de direito se 
deve aos movimentos constitucionalistas modernos. 
A evolu‹o hist—rica do Estado de Direito nos evidencia que, inicialmente, 
predominava a ideologia liberal; era o chamado Estado Liberal de Direito, 
no qual a limita‹o do poderestatal e a garantia das liberdades negativas 
eram os principais objetivos. Posteriormente, com a Revolu‹o Industrial e a 
Revolu‹o Russa, o Estado liberal d‡ lugar ao Estado Social de Direito, 
marcado pela exigncia de que o Estado oferte presta›es positivas em favor 
dos indiv’duos (direitos sociais). 
Hoje, vive-se o momento do Estado Constitucional, que Ž, ao mesmo 
tempo, um Estado de Direito e um Estado democr‡tico. Cabe destacar que a 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     24 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
express‹o ÒEstado Democr‡tico de DireitoÓ n‹o implica uma mera reuni‹o 
dos princ’pios do Estado de Direito e do Estado Democr‡tico, uma vez que os 
supera, trazendo em si um conceito novo, mais abrangente. 
Trata-se, na verdade, da garantia de uma sociedade pluralista, em que todas 
as pessoas se submetem ˆs leis e ao Direito, que, por sua vez, s‹o criados 
pelo povo, por meio de seus representantes. A lei e o Direito, nesse Estado, 
visam a garantir o respeito aos direitos fundamentais, assegurando a todos 
uma igualdade material, ou seja, condi›es materiais m’nimas a uma 
existncia digna. Nos dizeres de Dirley da Cunha Jr, Òo Estado Democr‡tico de 
Direito, portanto, Ž o Estado Constitucional submetido ˆ Constitui‹o e aos 
valores humanos nela consagrados.Ó 17 
O princ’pio democr‡tico Ž reforado pelo par‡grafo œnico do art.1¼ da 
Constitui‹o Federal. Segundo esse dispositivo, todo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamenteÓ nos termos 
da Constitui‹o.Ó 
No Brasil, existe uma democracia semidireta ou participativa, assim 
caracterizada pelo fato de que o povo, alŽm de participar das decis›es pol’ticas 
por meio de seus representantes eleitos, tambŽm possui instrumentos de 
participa‹o direta. S‹o formas de participa‹o direta do povo na vida pol’tica 
do Brasil o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular de leis e a‹o popular. 
Esses mecanismos s‹o o que a doutrina chama Òinstitutos da democracia 
semidiretaÓ. 
 
Cuidado para n‹o confundir plebiscito e referendo! 
ƒ simples: o plebiscito Ž convocado antes da cria‹o da 
norma (ato legislativo ou administrativo) para que os 
cidad‹os, por meio do voto, aprovem ou n‹o a quest‹o que 
lhes foi submetida. J‡ o referendo Ž convocado ap—s a 
edi‹o da norma, devendo esta ser ratificada pelos 
cidad‹os para ter validade. 
 
 
(FUB Ð 2015) O regime pol’tico adotado na CF caracteriza a 
Repœblica Federativa do Brasil como um estado democr‡tico 
de direito em que se conjuga o princ’pio representativo com 
a participa‹o direta do povo por meio do voto, do plebiscito, 
do referendo e da iniciativa popular. 
                                                        
17CUNHA JòNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional, 6» edi‹o, p. 543. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     25 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Coment‡rios: 
No Brasil, vigora uma democracia semidireta, na qual se 
conjuga o princ’pio representativo com a participa‹o direta 
do povo atravŽs do voto, plebiscito, referendo e iniciativa 
popular. Quest‹o correta. 
(C‰mara dos Deputados Ð 2014) A democracia brasileira 
Ž indireta, ou representativa, haja vista que o poder popular 
se expressa por meio de representantes eleitos, que 
recebem mandato para a elabora‹o das leis e a fiscaliza‹o 
dos atos estatais. 
Coment‡rios: 
No Brasil, vigora uma democracia semidireta. Quest‹o 
errada. 
(Pol’cia Federal Ð 2014) A Repœblica Federativa do Brasil, 
formada pela uni‹o indissolœvel dos estados, munic’pios e 
Distrito Federal (DF), adota a federa‹o como forma de 
Estado. 
Coment‡rios: 
A forma de Estado adotada pela RFB Ž a federa‹o. Quest‹o 
correta. 
(TRE-AM Ð 2014) O Brasil adotou como sistema de govemo 
a Repœblica, o presidencialismo como forma de governo e a 
Federa‹o como forma de Estado. 
Coment‡rios: 
O examinador inverteu as coisas. A forma de governo 
adotado pelo Brasil Ž a Repœblica; o presidencialismo Ž o 
sistema de governo. Quest‹o errada. 
 
2.3- Harmonia e Independncia entre os Poderes: 
A separa‹o de poderes Ž um princ’pio cujo objetivo Ž evitar arbitrariedades e 
o desrespeito aos direitos fundamentais18; ele se baseia na premissa de que 
                                                        
18
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 72.  
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     26 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
quando o poder pol’tico est‡ concentrado nas m‹os de uma s— pessoa, h‡ uma 
tendncia ao abuso do poder. Sob essa perspectiva, a separa‹o de poderes Ž 
verdadeira tŽcnica de limita‹o do poder estatal. 
As origens da separa‹o de poderes remontam a Arist—teles, com a obra ÒA 
Pol’ticaÓ. Posteriormente, o tema tambŽm foi trabalhado por Jo‹o Locke e, 
finalmente, por Montesquieu, em sua cŽlebre obra ÒO esp’rito das leisÓ. 
Modernamente, a separa‹o de poderes n‹o Ž vista como algo r’gido. Com 
efeito, o poder pol’tico Ž uno, indivis’vel; assim, o que pode ser objeto de 
separa‹o s‹o as fun›es estatais (e n‹o o poder pol’tico). Assim, apesar de a 
Constitui‹o falar em trs Poderes, na verdade ela est‡ se referindo a fun›es 
distintas de um mesmo Poder: a legislativa, a executiva e a judici‡ria. 
A Constitui‹o Federal de 1988 adotou, assim, uma separa‹o de Poderes 
flex’vel. Isso significa que eles n‹o exercem exclusivamente suas fun›es 
t’picas, mas tambŽm outras, denominadas at’picas. Um exemplo disso Ž o 
exerc’cio da fun‹o administrativa (t’pica do Executivo) pelo Judici‡rio e pelo 
Legislativo, quando disp›em sobre sua organiza‹o interna e sobre seus 
servidores, nomeando-os ou exonerando-os. Ou, ent‹o, quando o Poder 
Executivo exerce fun‹o legislativa (t’pica do Poder Legislativo), ao editar 
medidas provis—rias ou leis delegadas. 
A Constitui‹o Federal de 1988, em seu art. 2¼, trata da separa‹o de 
poderes, dispondo que Òs‹o poderes da Uni‹o, independentes e harm™nicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rio.Ó 
Chama-nos a aten‹o o fato de que a Constitui‹o explicita que os trs 
Poderes s‹o Òindependentes e harm™nicosÓ. Independncia Ž a ausncia de 
subordina‹o, de hierarquia entre os Poderes; cada um deles Ž livre para se 
organizar e n‹o pode intervir indevidamente (fora dos limites constitucionais) 
na atua‹o do outro. Harmonia, por sua vez, significa colabora‹o, 
coopera‹o; visa garantir que os Poderes expressem uniformemente a vontade 
da Uni‹o. 
A independncia entre os Poderes n‹o Ž absoluta. Ela Ž limitada pelo 
sistema de freios e contrapesos, de origem norte-americana. Esse sistema 
prev a interferncia leg’tima de um Poder sobre o outro, nos limites 
estabelecidos constitucionalmente. ƒ o que acontece, por exemplo, quando o 
Congresso Nacional (Poder Legislativo) fiscaliza os atos do Poder Executivo 
(art. 49, X, CF/88). Ou, ent‹o, quando o Poder Judici‡rio controla a 
constitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder Legislativo. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     27 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 
Alguns entendimentos importantes do STF sobre o sistema 
de freios e contrapesos: 
1)Os mecanismos de controle rec’procos entre os Poderes 
(os freios e contrapesos) previstos nas Constitui›es 
Estaduais somente se legitimam quando guardarem estreita 
similaridade com os previstos na Constitui‹o Federal 
(ADI 1.905-MC) 
2) Os mecanismos de freios e contrapesos est‹o previstos 
na Constitui‹o Federal, sendo vedado ˆ Constitui‹o 
Estadual criar outras formas de interferncia de um Poder 
sobre o outro. (ADI 3046) 
3) ƒ inconstitucional, por ofensa ao princ’pio da 
independncia e harmonia entre os Poderes, norma que 
subordina acordos, convnios, contratos e atos de 
Secret‡rios de Estado ˆ aprova‹o da Assembleia 
Legislativa. (ADI 476). 
 
 
2.3- Objetivos Fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil: 
Os objetivos fundamentais s‹o as finalidades que devem ser perseguidas 
pelo Estado brasileiro. Que tal analisarmos o art. 3¼ da Carta Magna? 
Art. 3¼ Constituem objetivos fundamentais da Repœblica Federativa do 
Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solid‡ria; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginaliza‹o e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina‹o. 
Como se lembrar do rol de objetivos da Repœblica Federativa do Brasil, uma 
vez que o art. 3¼ da CF/88 costuma ser cobrado em sua literalidade? Leia-o e 
releia-o atŽ decor‡-lo! Para ajud‡-lo na memoriza‹o do mesmo, peo que 
preste aten‹o nos verbos, sempre no infinitivo: construir, garantir, 
erradicar e promover. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     28 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Calma, o curso n‹o descambou para o Portugus! ƒ que apenas com essa 
observa‹o, voc poder‡ resolver a quest‹o de sua prova, mesmo se n‹o se 
lembrar de nada que esteja escrito no art. 3¼, CF/88. 
Outra dica Ž que esses verbos formam a sigla ÒConga Erra ProÓ, que serve de 
memoriza‹o. Pense em um rapaz, de apelido CONGA, que tem como 
OBJETIVO n‹o ERRAr na PROva: 
 
A promo‹o do bem de todos, sem preconceitos, alada pela Carta Magna ˆ 
condi‹o de objetivo fundamental da Repœblica Federativa do Brasil, consagra 
a igualdade material como um dos objetivos da Repœblica Federativa do 
Brasil. O Estado n‹o pode se contentar com a atribui‹o de igualdade perante 
a lei aos indiv’duos; ao invŽs disso, deve buscar reduzir as disparidades 
econ™micas e sociais. 
Um exemplo da aplica‹o desse princ’pio Ž a reserva de vagas nas 
Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos egressos 
de escolas pœblicas (cotas raciais). Busca-se tornar o sistema educacional mais 
justo, mais igual. N‹o se trata de preconceito, mas de uma a‹o afirmativa 
do Estado. 
Elucidando esse conceito, o STJ disp™s o seguinte: 
 Òa›es afirmativas s‹o medidas especiais tomadas com o objetivo de 
assegurar progresso adequado de certos grupos raciais, sociais ou 
Žtnicos ou indiv’duos que necessitem de prote‹o, e que possam ser 
necess‡rias e œteis para proporcionar a tais grupos ou indiv’duos igual 
O
B
JE
T
IV
O
S
 F
U
N
D
A
M
E
N
TA
IS
 
D
A
 R
FB
CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária
GArantir o desenvolvimento nacional
ERRAdicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais
PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     29 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
gozo ou exerc’cio de direitos humanos e liberdades fundamentais, 
contanto que, tais medidas n‹o conduzam, em consequncia, ˆ 
manuten‹o de direitos separados para diferentes grupos raciais, e n‹o 
prossigam ap—s terem sido alcanados os seus objetivosÓ (REsp 
1132476/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, 2» Turma, julgado em 
13/10/2009, DJe 21/10/2009) 
 
(MPE-SC Ð 2014) Constituem objetivos fundamentais da 
Repœblica Federativa do Brasil: construir uma sociedade 
soberana, justa e solid‡ria; garantir o desenvolvimento 
internacional; erradicar a pobreza e a marginaliza‹o e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem 
de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discrimina‹o. 
Coment‡rios: 
H‡ dois erros na assertiva. Primeiro, Ž objetivo fundamental 
construir uma sociedade livre, justa e solid‡ria. Segundo, Ž o 
objetivo fundamental garantir o desenvolvimento nacional. 
Quest‹o errada. 
 
 
2.4- Princ’pios das Rela›es Internacionais: 
Estudaremos, agora, os princ’pios que regem a Repœblica Federativa do Brasil 
em suas rela›es internacionais, os quais est‹o relacionados no art. 4¼, da 
Constitui‹o Federal. 
Art. 4¼ A Repœblica Federativa do Brasil rege-se nas suas rela›es 
internacionais pelos seguintes princ’pios: 
I - independncia nacional; 
II - prevalncia dos direitos humanos; 
III - autodetermina‹o dos povos; 
IV - n‹o-interven‹o; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solu‹o pac’fica dos conflitos; 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     30 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
VIII - repœdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - coopera‹o entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concess‹o de asilo pol’tico. 
Par‡grafo œnico. A Repœblica Federativa do Brasil buscar‡ a 
integra‹o econ™mica, pol’tica, social e cultural dos povos da AmŽrica 
Latina, visando ˆ forma‹o de uma comunidade latino-americana de 
na›es. 
Como costuma ser cobrado esse artigo? Geralmente o examinador tenta 
confundir esses princ’pios com os objetivos expostos no art. 3¼ e os 
fundamentos da RFB, apresentados no art. 1¼ da Carta Magna. 
O legislador constituinte se inspirou na Carta da ONU, assinada em 1945, ao 
escrever o art. 4¼ da CF/88. Naquela Carta, expressou-se o maior sentimento 
da humanidade ap—s o in’cio da II Guerra Mundial: busca da paz. Em nossa 
Constitui‹o, tal sentimento foi registrado nos incisos III, IV, VI, VII e IX. 
Observe que nela determina-se que a RFB buscar‡ a autodetermina‹o dos 
povos, ou seja, respeitar a sua soberania, n‹o intervindo em suas decis›es. 
Isso porque defende a paz e, para tal, a solu‹o pac’fica dos conflitos, 
assumindo que as rela›es entre os povos deve ser de coopera‹o. 
Uma das consequncias da II Guerra Mundial foi a independncia das col™nias. 
Percebeu-se que, para haver paz, Ž necess‡rio independncia nacional, ou 
seja, ter sua soberania respeitada pelas outras na›es. AlŽm disso, verificou-
se que a paz somente Ž poss’vel com a igualdade entre os Estados, pois a 
existncia de col™nias e as san›es impostas ˆ Alemanha ap—s a Primeira 
Guerra Mundial foram as principais causas para a eclos‹o da Segunda. A 
igualdade entre os Estados Ž uma contrapartida ˆ independncia nacional: Ž o 
compromisso de que uns respeitem a soberania dos outros. Esses s‹o os 
motivos pelos quais os incisos I e V do art. 4¼ foram escolhidos por nosso 
constituinte como princ’pios das rela›es internacionais do Brasil. 
Finalmente, qual a imagem mais forte da II Guerra Mundial? O massacre dos 
judeus, nos campos de concentra‹o, promovido pelos nazistas. Uma vergonha 
para a Humanidade. A Carta da ONU, em consequncia, assume como princ’pio 
o est’mulo aos direitos humanos. Inspirado naquela Carta,nosso constituinte 
elevou ˆ condi‹o de princ’pios a serem buscados pela RFB em suas rela›es 
internacionais a prevalncia dos direitos humanos e o repœdio ao 
terrorismo e ao racismo. 
O par‡grafo œnico do art. 4¼ da Constitui‹o traz um objetivo a ser buscado 
pelo Brasil em suas rela›es internacionais: a integra‹o econ™mica, 
pol’tica, social e cultural dos povos da AmŽrica Latina, visando ˆ 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     31 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
forma‹o de uma comunidade latino-americana de na›es. Quando Ž cobrado, 
o examinador geralmente troca AmŽrica Latina por AmŽrica do Sul, para 
confundi-lo(a). Portanto, fique atento! 
 
(UFRB Ð 2015) A Repœblica Federativa do Brasil buscar‡ a 
integra‹o econ™mica, pol’tica, social e cultural dos povos das 
AmŽricas, visando ˆ forma‹o de uma comunidade americana 
de na›es. 
Coment‡rios: 
A CF/88 prev a busca pela integra‹o na AmŽrica Latina. 
Quest‹o errada. 
(DPE-PR Ð 2014) S‹o fundamentos da Repœblica Federativa 
do Brasil: o pluralismo pol’tico, a cidadania, a soberania, a 
dignidade da pessoa humana, os valores do trabalho e da livre 
iniciativa. E s‹o princ’pios expressos adotados pelo Brasil no 
‰mbito internacional: a independncia nacional, o 
desenvolvimento nacional, a n‹o interven‹o, a prevalncia dos 
direitos humanos, a concess‹o de asilo pol’tico e a solu‹o 
pac’fica das controvŽrsias. 
Coment‡rios: 
Pegadinha! O desenvolvimento nacional n‹o Ž princ’pio das 
rela›es internacionais. Quest‹o errada. 
(TRT 13 Regi‹o Ð 2013) A Constitui‹o Federal de 1988 (CF) 
n‹o prev expressamente o princ’pio da concess‹o de asilo 
pol’tico. 
Coment‡rios: 
A concess‹o de asilo pol’tico Ž um princ’pio que rege a 
Repœblica Federativa do Brasil em suas rela›es internacionais. 
Quest‹o errada. 
 
Quest›es Comentadas 
1. A Pir‰mide de Kelsen Ð A Hierarquia das Normas 
1. (FGV / AL-MT Ð 2013) A tese de que h‡ hierarquia entre normas 
constitucionais origin‡rias, dando azo ˆ declara‹o de 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     32 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
inconstitucionalidade de uma em face de outras, Ž incompat’vel com o 
sistema de Constitui‹o r’gida. 
Coment‡rios: 
No Brasil, considera-se que n‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. Todavia, destacamos a tese de Otto Bachof, para quem as 
cl‡usulas pŽtreas s‹o hierarquicamente superiores ˆs demais normas 
constitucionais origin‡rias. Essa tese, todavia, Ž incompat’vel com o 
sistema de Constitui‹o r’gida, conforme j‡ decidiu o STF na ADI n¼ 815-3. 
Quest‹o correta. 
2. (FGV / SEFAZ-RJ Ð 2011) N‹o Ž norma de mesma hierarquia o(a): 
a) lei ordin‡ria. 
b) lei complementar. 
c) medida provis—ria. 
d) decreto. 
e) lei delegada 
Coment‡rios: 
As leis (ordin‡rias, complementares e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es e os decretos aut™nomos s‹o normas 
prim‡rias e est‹o todas no mesmo n’vel hier‡rquico. Por outro lado, os 
decretos executivos (ou simplesmente decretos) s‹o normas secund‡rias, 
infralegais. O gabarito Ž a letra D. 
3. (FGV / SEFAZ-RJ Ð 2008) S‹o elementos org‰nicos da 
Constitui‹o: 
a) a estrutura‹o do Estado e os direitos fundamentais. 
b) a divis‹o dos poderes e o sistema de governo. 
c) a tributa‹o e o oramento e os direitos sociais. 
d) as foras armadas e a nacionalidade. 
e) a segurana pœblica e a interven‹o. 
Coment‡rios: 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     33 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Letra A: errada. Os direitos fundamentais s‹o elementos limitativos, ˆ exce‹o 
dos direitos sociais (que s‹o elementos socioideol—gicos). 
Letra B: correta. A organiza‹o do Estado e a organiza‹o dos Poderes s‹o, de 
fato, elementos org‰nicos. 
Letra C: errada. Os direitos sociais e a tributa‹o e oramento s‹o elementos 
socioideol—gicos. 
Letra D: errada. As Foras Armadas s‹o elemento de estabiliza‹o 
constitucional. Os direitos de nacionalidade s‹o elementos limitativos. 
Letra E: errada. A segurana pœblica e a interven‹o s‹o elementos de 
estabiliza‹o constitucional. 
2. Aplicabilidade das normas constitucionais 
4. (FGV / DPE-MT Ð Advogado Ð 2015) Considerando a 
classifica‹o das normas constitucionais, assinale a op‹o que indica a 
norma de efic‡cia contida. 
a) ƒ livre o exerc’cio de qualquer profiss‹o, atendidas as qualifica›es que a lei 
venha a estabelecer. 
b) O Estado deve garantir o desenvolvimento nacional. 
c) O Presidente da Repœblica n‹o est‡ sujeito ˆ pris‹o antes da sentena penal 
condenat—ria. 
d) As atribui›es do Conselho de Defesa das Minorias ser‹o definidas em lei. 
e) ƒ dever da sociedade proteger os idosos, na forma definida em lei. 
Coment‡rios: 
Letra A: correta. A liberdade profissional Ž uma norma de efic‡cia contida. 
Isso porque, desde a promulga‹o da Constitui‹o, todos j‡ podem exercer 
qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer 
restri›es ao exerc’cio de algumas profiss›es. 
Letra B: errada. ƒ uma norma de efic‡cia limitada, de natureza 
program‡tica. Para garantir o desenvolvimento nacional, o Estar‡ dever‡ 
implementar pol’ticas pœblicas que tenham essa finalidade. 
Letra C: errada. ƒ uma norma de efic‡cia plena, pois j‡ produz todos os 
seus efeitos e n‹o Ž restring’vel. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br                                     34 de 58 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – ITEP/RN 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Letra D: errada. ƒ uma norma de efic‡cia limitada. H‡ necessidade de 
edi‹o de lei regulamentadora para definir as atribui›es do Conselho de 
Defesa Nacional. 
Letra E: errada. Essa Ž uma norma de efic‡cia limitada, uma vez que 
necessita da edi‹o de lei regulamentadora para produzir todos os seus 
efeitos. ƒ a lei que ir‡ definir como ser‡ a prote‹o aos idosos. 
O gabarito Ž a letra A. 
5. (FGV / CGE-MA Ð 2014) A Constitui‹o Federal estabelece que Ž 
livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as 
qualifica›es profissionais que a lei estabelecer. Observadas as regras 
de aplicabilidade das normas constitucionais, trata-se de norma 
considerada de efic‡cia: 
a) plena. 
b) organizacional. 
c) contida. 
d) institutiva. 
e) program‡tica. 
Coment‡rios: 
A liberdade de exerc’cio profissional Ž norma de efic‡cia contida. Desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, j‡ Ž poss’vel exercer o direito ao livre exerc’cio 
profissional. Todavia, a lei poder‡ restringir esse direito, estabelecendo 
critŽrios para o exerc’cio de determinadas profiss›es. A resposta Ž a letra C. 
6. (FGV/TCE-BA Ð 2013) As normas de efic‡cia contida s‹o aquelas 
que somente produzem efeitos essenciais ap—s um desenvolvimento 
normativo, a cargo dos poderes constitu’dos. 
Coment‡rios: 
Esse Ž o conceito de normas constitucionais de efic‡cia limitada (e n‹o de 
efic‡cia contida!). As normas de efic‡cia limitada dependem de 
regulamenta‹o para que possam produzir todos os seus efeitos. As normas 
de efic‡cia contida, por outro lado, j‡ produzem todos os seus efeitos desde a 
promulga‹o da Constitui‹o; todavia, podem ser restringidas por lei. Quest‹o 
incorreta. 
00000000000 - DEMO
   
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br

Continue navegando