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ALEGAÇÕES FINAIS MEMORIAL Simone Ferreira

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Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal 
Única​ ​da​ ​Comarca​ ​de​ ​Terra​ ​Nova.Pernambuco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO​ ​Nº​ ​00671/2006 
ALEGAÇÕES 
FINAIS POR 
MEMORIAL 
1 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
Art.23​ ​​§​ ​2º​ ​da​ ​Lei​ ​Nº ​ ​6368/76 
 
 
POR ALEGAÇÕES FINAIS, ​nos autos da ​AÇÃO 
PENAL ​, ​Processo nº 00671/2006​, que perante este juízo     
da Vara Única da Comarca de TERRA NOVA-PE, lhe 
move o MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL​, DIZ, 
SIMONE FERREIRA DE SOUZA​, ​ali também 
declinada, por via do seu advogado, constituído nos 
termos do procuratório incluso nos autos, e que esta 
subscreve, nesta e na melhor forma de direito o 
seguinte​ ​a​ ​saber​: 
 
E.S.N. 
 
PROVARÁ. 
 
MM​ ​JUIZ 
 
 
 
“O juiz precisa, antes de tudo, de uma calma completa, de uma serenidade inalterável. É necessário, 
portanto, a máxima calma na apreciação do processo. O magistrado deve manter o seu espírito sereno, 
absolutamente livre de sugestão de qualquer natureza​.(Viveiros de Castro, in Atentado ao pudor, 
Apud​ ​Souza​ ​Neto​ ​em​ ​A​ ​tragédia​ ​e​ ​a​ ​lei,​ ​fls.35)” 
 
 
INEXISTENCIA​ ​DE​ ​PROVA​ ​DA​ ​AUTORIA. 
 
A defendida foi ​denunciada pelo Represente do Parquet com atuação 
neste juízo, em 07/06/2006, ​dando-a como incursa nas sanções do ​art.12 da 
LEI nº 6368/76 c/c o ART. 40 e 41 DA LEI Nº 10.409/2002​, ​em decorrência de 
lavratura de auto de prisão em flagrante, onde a Policia Judiciária Federal, lavrou ​AUTO 
DE PRISÃO EM FLAGRANTE, em 21/05/2006​, ​i​mputando-lhe a prática do ​CRIME DE 
COMERCIALIZAÇÃO DE DROGAS (​tráfico de substância Entorpecente), terminando 
o Ministério Público, mesmo diante da ausência de provas indiciária, por haver ofertado a 
denuncia e pedido a instauração de ação penal e conseqüente condenação da 
2 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
denunciada,​ ​conforme​ ​se​ ​verifica​ ​no​ ​bojo​ ​dos​ ​presentes​ ​autos​​ ​fls.​ ​02/05. 
 
Em sua defesa preliminar, ofertada ​em 24 de JULHO de 2006, ​e em seu 
interrogatório em juízo, a defendida negou a autoria, afirmou que a ​DROGA APREENDIDA 
não lhe pertencia e negou veementemente que exercesse comercialização de drogas, 
alegando ser do estado da Paraíba, e ter vindo a cidade de Salgueiro, visitar um parente, 
não o encontrando naquela cidade, vizinhos do mesmo disseram que ele havia se mudado 
para​ ​TERRA​ ​NOVA-​ ​e​ ​veio​ ​até​ ​esta​ ​cidade,​ ​tentar​ ​localizar​ ​seu​ ​tio​ ​mas​ ​não​ ​o​ ​encontrou. 
 
Alegou ainda que, ao retornar a ​SALGUEIRO para voltar para João Pessoa, 
não conhecendo o lugar terminou por pegar uma “​CARONA” num ​VEICULO FIAT com três 
ocupantes, sem os conhecer antes daquele momento da “Carona”, e nas proximidades da 
saída desta cidade, o veiculo foi perseguido pela ​POLICIA MILITAR, e os ocupantes do 
FIAT UNO- abandonaram o veiculo nas margens da Estrada e mandaram a acusada e seu 
companheiro o menor ​EMANOEL, fugirem por dentro da caatinga caso não quisessem ser 
meterem em encrenca com a POLICIA, não restando outra alternativa a defendida senão 
adentrar​ ​no​ ​mato​ ​para​ ​se​ ​esquivar​ ​da​ ​perseguição​ ​policial. 
 
Ressalte-se que, ​por não conhecer esta cidade e nem muito menos as 
adjacências a defendida e seu companheiro​, terminou regressando a esta cidade, 
para tentar outro meio de transporte para regressar a seu estado e cidade Natal e acabou 
detida por policiais desta cidade e conduzida a delegacia da Policia Federal em Salgueiro 
onde foi autuada em flagrante sob a acusação de ser proprietária da droga e responsável 
pelo transporte da mesma, ​apesar da inexistência de provas destas acusações, 
pois, a defendida sequer saber ​DIRIGIR VEICULOS AUTOMOTORES​, enquanto a 
POLICIA não prosseguiu sequer com as investigações sobre a origem do veiculo 
incluindo a propriedade e quem o haveria locado, para localizar os responsáveis 
verdadeiros​ ​pelo​ ​transporte​ ​da​ ​droga​ ​questionada. 
 
Porquanto, em sua defesa preliminar, antes do recebimento da denuncia, a 
defendida​ ​sustentou​ ​nas​ ​razões​ ​de​ ​defesa​ ​que, 
 
Não ​era traficante de drogas, e nem viciada e não teve qualquer 
participação no evento que lhe foi atribuído, pois, a requerente, apensas servira 
de “​BODE EXPIATÓRIO​” para assumir a paternidade de um ​CRIME GRAVE QUE 
“NUNCA DOS NUNCAS” O PRATICOU, pois, como bem assegurou em seu depoimento 
prestado na policia, teve a requerente a infelicidade de pegar uma ​“CARONA” ​no veiculo 
apreendido, e que vinha sendo conduzido por traficantes desta região, que se evadiram da 
ação​ ​policial,​ ​quando​ ​da​ ​perseguição​ ​ao​ ​veiculo 
 
 
Ressalte-se que, a requerente teve a desdita de não conhecer esta região por 
ser da longínqua cidade de João Pessoa, e estar nesta região a passeio com seu 
namorado, embora menor de idade, a procura de familiares do namorado, e quando já 
pretendiam retornar para sua cidade natal, ​tiveram a desdita de aceitar uma 
CARONA no veiculo que vinha sendo transportada a droga pelo traficantes 
evadidos, que ao perceberem a perseguição policial, abandonaram o veiculo e 
deixaram​ ​a​ ​requerente​ ​e​ ​seu​ ​namorado​ ​á​ ​própria​ ​sorte 
 
Neste norte em sua defesa preliminar, a defendida alegou a ​INÉPCIA DA 
3 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
DENUNCIA diante da ​AUSENCIA DOS REQUISITOS exigidos pelo ​art. 39 e seus 
Incisos da LEI Nº 10.409/2002 e ART. 41 e 43 Inc.I e II do CPP, alegando que 
denuncia mereceria rejeitada preliminarmente, uma vez que, a mesma afigura-se nula á 
toda prova ante à ausência dos requisitos de admissibilidade da mesma, apresentando-se 
manifestamente inepta, faltando-lhe assim, as condições necessárias e exigidas para o 
exercício​ ​regular​ ​da​ ​ação​ ​penal, 
 
Além da inépcia da denuncia por ausência dos requisitos acima apontados, a 
defendida alegou ainda que a mesma se afiguraria inepta, ante a ausência de justa causa 
para promoção da ação penal, pois, o Douto Promotor de Justiça limitou-se a denunciar a 
defendida como incursa nas sanções dos arts. 12 da Lei anti-tóxicos, mesmo sem prova 
indiciária suficiente para o oferecimento da denúncia e, que esta não atenderia o comando 
do​ ​art​ ​41​ ​do​ ​CP. 
 
Ademais a vestibular acusatória não indica com clareza qual teria sido a 
participação da acusada no evento de forma individualizada para que se pudesse identificar 
em que tria consistido a colaboração da acusada na perpetração do delito, e sem este 
individualização da participação, é evidente que, a acusada não poderá assim exercer com 
amplitude sua defesa, eis que, a vestibular acusatória, não especifica qual teria sido a 
participação da defendida, fazendo acusação genérica e aleatória, sem deixar margens ao 
exercício amplo da defesa da acusada, o que enseja a INÉPCIA DA DENÚNCIA 
IMPUGNADA.Data​ ​vênia.Sustenta a defendida que não sabe sequer “​DIRIGIR” ou CONDUZIR UM 
VEICULO”​, nunca pegou sequer numa direção de um ​VEICULO e assim como poderia 
está transportando a droga questionada, em verdade a versão da defendida está no 
contexto do seu interrogatório prestado na instancia policial, o que não se constitui sequer 
em ​TESE EM CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS​, e assim, deverá ser declarada a 
INÉPCIA DA DENUNCIA e rejeitado seu recebimento pelos termos e fundamentos acima 
delineados,​ ​com​ ​acolhida​ ​desta​ ​preliminar​ ​em​ ​todos​ ​os​ ​seus​ ​termos. 
 
 
AUSENCIA DE DESCRIÇÃO DA 
CONDUTA​ ​DOS​ ​ACUSADOS. 
 
Verifica-se dos autos, que a denúncia ora impugnada não apresenta os 
requisitos exigidos para sua admissibilidade ,e assim, Salta aos Olhos a inépcia da peça 
inicial acusatória, uma vez que, não descreve detalhadamente e individualmente a conduta 
de cada denunciado, não descreve atos ou fatos, de forma concreta, de que maneira cada 
denunciado​ ​teria​ ​participado​ ​ou​ ​concorrido​ ​para​ ​o​ ​evento​ ​criminoso. 
 
O fato descrito na denuncia traz informações sobre pluralidade de acusados, 
mas a policia não cuidou sequer de prosseguir nas investigações para possível de 
identificação dos demais acusados, concluindo por indiciar apenas a defenda e lavrar 
procedimento especial contra o seu companheiro ,por ser ele menor de idade.e assim a 
peça acusatória traz apenas deduções genéricas, sem qualquer cunho que leve a juízo de 
certeza se seria a defendia proprietária ou não da droga apreendida dentro do veiculo, mas 
que​ ​no​ ​momento​ ​da​ ​prisão​ ​da​ ​defendida​​ ​NÃO​ ​ESTAVA​ ​EM​ ​SEU​ ​PODER 
4 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
 
Neste norte o recebimento da denuncia entrou em rota de colisão com corrente 
jurisprudencial​ ​de​ ​predomínio​ ​corrente​ ​em​ ​nossos​ ​mais​ ​conceituados​ ​tribunais.VERBIS. 
 
DENÚNCIA – PLURALIDADE DE PESSOAS ​– A denúncia, ao imputar crimes a várias 
pessoas, precisa ser coerente, ou seja, juridicamente hábil. O art. 29 do Código Penal trata do concurso de 
pessoas; nesse caso, concorrem para o mesmo crime e a pena aplicada na medida da culpabilidade de 
cada agente. Em ocorrendo o oposto, ou seja, as pessoas atuam isoladamente, cada uma realizando um 
tipo legal de crime, os respectivos delitos precisam ser descritos por imperativo do comando do disposto do 
art. 41 do Código de Processo Penal. Inepta a imputação se o fato descrito, notadamente analisado o 
contexto da denúncia, narra excludente de ilicitude. Nesse caso, em tal extensão, inepta a imputação do 
Ministério Público. (STJ – HC 7.842 – (98/0060804-4) – RJ – 6ª T. – Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro – 
DJU​ ​28.02.2000​ ​–​ ​p.​ ​124). 
 
“A denúncia deve conter uma exposição narrativa e demonstrativa. Narrativa, porque deve revelar o fato 
com todas as suas circunstâncias, isto é, não só a ação transitiva, como a pessoa que praticou (quis), os 
meios que empregou (quibus auxiliis), o malefício que provocou os motivos que o determinaram (cur), a 
maneira por que a praticou (quo modo), o lugar onde a praticou (ubi), o tempo (quando). Demonstrativa, 
porque deve descrever o corpo de delito, das as razões de convicção ou presunção e nomear testemunhas 
e​ ​informante”.​ ​(RT​ ​385/162​). 
 
STF: “​Denúncia apresentada de forma sumária, em caráter genérico, sem respaldo no inquérito policial. O 
STF​ ​abona​ ​a​ ​concisão​ ​desde​ ​que​ ​fundamentada​ ​com​ ​suficiência​ ​a​ ​denúncia”.​ ​(RT​ ​642/358). 
 
TJSC: “ Habeas corpus. Denúncia que descreve em globo e genericamente os fatos, sem explicar as 
circunstâncias de cada um, ferindo o disposto no art. 41 do Código de Processo Penal. Desconformidade 
entre​ ​a​ ​situação​ ​fática​ ​e​ ​a​ ​imputação.​​ ​Ordem​ ​deferida”.​ ​(RT​ ​610/366). 
 
RECEBIMENTO, REJEIÇÃO OU IMPROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA – 
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA – ACOLHIDA – 
PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO – REJEITADA 
–AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 43 DO CPP – DENÚNCIA 
RECEBIDA COM RELAÇÃO AO PRIMEIRO DENUNCIADO – Sendo manifesta a 
ilegitimidade de parte, rejeita-se a denúncia com relação a ela. Inteligência do art. 43, inciso III do CPP – 
Preliminar rejeitada. Não há que se falar, nesta fase, em nulidade do processo por inobservância da regra 
do art. 158 do CPP – De mais a mais, não é mais possível, o exame de corpo de delito por haverem 
desaparecido os vestígios. Inteligência do art. 167 do CPC – Recebe-se a denúncia quando a mesma 
encontra-se dentro das diretrizes traçadas pelo art. 41, do Código de Processo Penal, e quando se verificar 
nela ausentes os pressupostos do art. 43 do mesmo diploma legal. Denúncia recebida com relação no 
primeiro denunciado. Decisão unânime​. (TJSE – APOr 44/91 – Ac. 137/96 – C.Crim. – Aracaju – Rel. 
Des.​ ​Fernando​ ​Ribeiro​ ​Franco​ ​–​ ​DJSE​ ​06.03.1996) 
 
 
Assim, a denuncia foi ofertada com base em ilações e meras conjecturas do 
inquérito policial instaurado por auto de prisão em flagrante, sem quaisquer elementos 
suficientes ao oferecimento da denuncia, in casú, que deve ser rejeitada em todos os 
termos​ ​acima​ ​delineados 
 
 
Na demonstração das razões de rejeição da denuncia questionada, a 
defendida alega inclusive a ausência de descrição da conduta que lhe fora imputada pelo 
órgão de acusação, demonstrou a ausência dos requisitos de admissibilidade do 
recebimento da denuncia e pugnou pela rejeição da denuncia , mas a defesa preliminar foi 
rejeitada , a denúncia recebida e instaurada a ação, com a coletada das provas arroladas 
pelas​ ​partes. 
 
5 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
 
INEXISTENCIA​ ​DE​ ​AUTORIA​ ​E​ ​DE​ ​JUSTA 
CAUSA. 
 
Em verdade, ​é evidente a ausência de Justa Causa, para 
procedência da denuncia questionada, pois, a defendida não concorreu de 
qualquer forma para a consumação do suposto delito que lhe fora injustamente 
atribuído na denuncia de fls.02, pois, não restou provada qualquer participação 
da defendida, pois, não restou comprovada a autoria imputada a defendida​.data 
vênia. 
 
 
 
A​ ​VERSÃO​ ​REAL​ ​DOS​ ​FATOS. 
 
Com efeito, em verdade, a defendida no dia do fato, teve a desdita de 
pegar uma ​“CARONA” no veiculo descrito na denuncia, conduzido por um dos 
três ocupantes desconhecidos da defendida, para se deslocar até a cidade de 
SALGUEIRO ​onde pegaria um ​ONIBUS ​para retornar a seu estado, e na saída 
desta cidade, o veiculo foi perseguido pela policia, onde na fuga os ocupantes do veiculo, 
fugiram a defendida acabou detida pelos policiais militares, no dia seguinte ao fato 
ensejando a lavratura do flagrante e instauração da ação penal, para apurar as provas de 
culpa ou não da defendida em relação a autoria dos fatos que lhe foram imputados na 
vestibular​ ​acusatória. 
 
Porquanto, o órgão da acusação seguindo a versão da policia quer a todo 
custo atribuir a defendida a autoria do crime de comercialização de drogas, mesmo dianteda mais completa ausência de provas materiais da autoria imputada a defendida, pois, 
encerrada a instrução​, nada restou comprovado quanto á autoria dos 
delitos imputados a defendida, nem mesmo que fosse ela 
proprietária do veiculo ou da droga questionada​, ​mesmo assim em 
suas alegações finais o órgão da acusação ​pugnou pela condenação da 
defendido​ ​nos​ ​exatos​ ​termos​ ​da​ ​denuncia​ ​de​ ​fls.02​. 
 
Porquanto, os Policiais Federais e Militares fizeram todo tipo de pressão 
psicológica contra a defendida ainda na delegacia, para que a mesmo confessasse seu 
envolvimento na comercialização da droga apreendida em seu poder, , mas, a defendida 
não fez qualquer confissão neste sentido, porque nunca usou drogas e nem comercializou, 
não sendo traficante, e teve seu nome envolvido neste fato indevidamente, por meras 
insinuações dos policiais responsáveis pela diligencia, eis que a droga não foi apreendida 
em seu poder e nem muito menos, restou comprovado qualquer participação sequer 
indireta​ ​na​ ​comercialização​ ​ou​ ​porte​ ​de​ ​droga​ ​questionados​ ​na​ ​denuncia​.​ ​Data​ ​vênia. 
 
Assim o sendo, com a negativa da autoria do delito imputado a defendia em 
seu interrogatório, é evidente que o ônus da ​PROVA DA AUTORIA DO DELITO 
6 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
IMPUTADO ​a defendida, é inteiramente do ​MINISTERIO PÚBLICO, ​que não se 
desincumbiu de ​PROVAR A AUTORIA DO DELITO QUESTIONADO​, ​não restando 
assim outra alternativa senão a da ​ABSOLVIÇÃO DA DEFENDIDA​. Data máxima 
vênia. 
 
 
A denunciada nunca foi traficante, não guardava a droga para fins de 
comercialização, e nem muito menos para uso pessoal, e não foi apreendida qualquer 
quantidade de droga em seu poder, e desconhecia o fato de existir ​DROGAS DENTRO DO 
VEICULO ​quando pediu “​CARONA AOS OCUPANTES DO REFERIDO VEICULOS” 
QUE SEQUER FORAM INVESTIGIGADOS PELA POLICIA ou pelo ​ORGÃO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO​, querendo a todo custo atribuir a ​CULPA PELO EVENTO 
inteiramente contra a ​DEFENDIDA apesar da ​INEXISTENCIA DE PROVAS que 
aponte a ​AUTORIA NA DIREÇÃO DA DEFENDIDA​. Cuja culpa ​NÃO RESTOU 
PROVADA​ ​NO​ ​CURSO​ ​DA​ ​INSTRUÇÃO​.​​ ​Venia. 
 
 
Desse modo, é evidente a ausência de justa causa para procedência 
da denúncia e conseqüente ação penal, resta inquestionável, eis que a proca 
coletada não pode dar aso a um decreto condenatório e ante a inexistência de 
indícios de autoria em relação á defendida, cuja duvida da autoria resta 
inquestionável, ensejando sua ​ABSOLVIÇÃO ​nos termos ora postulados. 
Assim​ ​a​ ​​DENUNCIA​ ​IMPROCEDE​ ​POR​ ​INEXISTENCIA​ ​DE​ ​PROVAS​ ​DA​ ​AUTORIA. 
 
 
Por outro lado, ​não há nos autos indícios suficiente de autoria que 
venham a dar suporte a procedência da ação penal, pois, o que há nos autos são meras 
conjecturas que não autorizariam sequer o recebimento da denuncia, quanto mais a 
lavratura de ​UM DECRETO CONDENATORIO​, ​para o que o legislador exige provas 
concretas, seguras, capaz de gerar um juízo de certeza. A prova coletada serve a gregos e 
troianos, mas não é suficiente a dar ensejo a um ​DECRETO DE CONDENAÇÃO​. Data 
vênia. 
 
Como se vê ​a conduta da defendente não pode ser vista como a de uma 
traficante, porque o fato de haver ela pego uma ​“CARONA” ​com desconhecidos que 
portavam DROGAS dentro do veiculo sem conhecimento prévio da defendida, constitui-se 
em fato que isoladamente não conduz a conduta típica de participação no suposto trafico 
delineados na denuncia, e sem provas concretas de participação no evento não pode 
atribuir​ ​a​ ​conduta​ ​tipificada​ ​no​​ ​​art.12​ ​da​ ​LANTI. 
 
Demais disso, pelo crime de associação não pode também responder a 
defendida, porque não há prova de que a mesma sequer conhece os demais acusados 
que ​NÃO FORAM SEQUER IDENTIFICADOS PELA AUTORIDADE POLICIAL​, ​como 
insinua a acusação, e por isso, também não pode ser acolhida a denuncia em relação ao 
delito​ ​do​​ ​​art.18​ ​da​ ​LANTI. 
 
Portanto, a defendente não é vendedora de drogas e muito menos traficante, 
não sendo sequer usuária, , e por isso, deverá este juízo rejeitar no mérito a denúncia, 
pelos​ ​motivos​ ​acima​ ​delineados. 
7 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
Por isso, , espera que seja acolhida a esta preliminar, a fim de que seja 
revisto o despacho de ​RECEBIMENTO DA DENUNCIA​, ​e na hipótese pouco provável 
de ser vencida esta matéria preliminar, no mérito deve ser julgada IMPROCEDENTE 
A DENUNCIA, ​dando pela ​ABSOLVIÇÃO DA DEFENDIDA por INSUFICIENCIA 
DE PROVA DA AUTORIA ​ou aplicação do principio do IN DUBIO PRO REO​, nos 
termos​ ​acima​ ​verberados. 
 
 
No​ ​mérito. 
 
A DENUNCIA ​afigura-se improcedente á toda prova, pois, não restou 
provada a autoria do delito imputado a defendida, e por isso, ​não se pode dar outro 
caminho ao processo senão o da improcedência em relação ao defendido, como 
se​ ​demonstrará​ ​adiante. 
 
Em sua defesa prévia fls​., ​a defendido negou a autoria do fato e se 
reservou para provar sua inocência no curso da instrução, através de testemunhas que 
arrolou na defesa prévia., e que foram inquiridas e restou induvidosamente comprovada a 
ausência de participação da defendida em qualquer dos delitos imputados na exordial 
acusatória. 
 
Ao longo, ​entretanto, desta jornada processual o honroso órgão do M.P. 
titular desta ação penal, limitou-se simploriamente a pedir a condenação da defendido nos 
exatos termos da denúncia, inclusive sem se quer apontar uma única testemunha que 
prove de forma induvidosa de que a defendido seja traficante ou associada de quem quer 
que​ ​seja​ ​no​ ​comercio​ ​ilegal​ ​de​ ​drogas. 
 
D`outra feita​, ​nas alegações derradeiras do MP não traz à colação sequer uma 
única decisão jurisprudencial que se ajuste a hipótese em discussão. Com efeito, ao 
menos ​an passant ​se posiciona o MP sobre as provas produzidas, em especial a 
prova dos autos constituída unicamente por ​policiais que efetuaram a prisão forjada do 
defendido, porque mesmo assim se analisasse as ​PROVAS TESTEMUNHAIS POR ELE 
MESMO​ ​ARROLADAS​,​ ​​teria​ ​que​ ​pedir​ ​a​​ ​​ABSOLVIÇÃO​ ​DA​ ​DEFENDIA.​. 
 
 
Ora, embora velha, mas, sempre últil e oportuna, é a lição de Cícero no 
Exórdio​ ​da​ ​defesa​ ​de​ ​Coelio,​ ​de​ ​que: 
 
 
“ Uma coisa é maldizer, outra é acusar. A acusação investiga o crime, define os fatos, 
prova com argumentos, confirma com testemunhas; a maledicência não tem outro 
propósito​ ​senão​ ​a​ ​contumália.” 
 
Não é possível​, ​assim, já em nosso tempo onde a modernização do direito 
ganhou amplos espaços e desenvolvimento no tempo e no espaço, que um simplório 
pedido de condenação de uma acusada em uma incidência penal​, ​ESPEFICAMENTE A 
DO ART. 12 da LEI nº 6368/76 e ​punida com pena de reclusão, sem sequer uma 
ligeira análise de sua tipicidade, sem ao menos uma perfunctória discussão do fato em 
8 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​​Associados 
 
consonância com o direito, sem um mínimo debate da prova e finalmente, sem uma hábil 
apreciação conceitual da antijuridicidade do fato à vista da Lei, da doutrina e da 
Jurisprudência​, tanto mais quanto se deve, ter presente o nunca inatual magistério do 
insigne​​ ​​CARRARA​ ​de​ ​que. 
 
 
“ O processo criminal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro 
como a luz, certo como a evidencia, positivo como qualquer grandeza algébrica. Nada de 
ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão moforlógica 
legal e nesta outra precisão mais salutar ainda. A VERDADE SEMPRE DESATAVIADA DE 
DÚVIDAS.” 
 
Mas, ​infelizmente apesar de se tratar de um processo com um único volume é 
evidente que o Digno e Culto Representante do Parquet não dispôs de elementos para 
sustentar com minudência técnica, ajustando o fato ao direito, uma a uma das suas 
acusações​ ​articulatórias. 
 
Porque ​não dispôs de tais elementos, não quis violentar a sua consciência 
com a análise circunstanciada de cada fato para demonstrar a configuração típica dos 
ilícitos pretendidos na peça vestibular acusatória, preferindo então um pedido sumário de 
condenação,​ ​mesmo​ ​diante​ ​da​ ​fragilidade​ ​da​ ​prova​ ​carreada​ ​aos​ ​autos​ ​pelas​ ​partes. 
 
 
Ao melhor exame ​da acusação, verifica-se com irrecusável facilidade 
de que é, Concessa vênia, manifesta a improcedência total da denúncia de fls.com 
articulações​ ​inegavelmente​ ​atípicas​,​​ ​senão​ ​vejamos. 
 
 
 
DO​ ​INTERROGATÓRIO​ ​DA​ ​DEFENDIDA. 
 
Em juízo ​a defendida em seu interrogatório de fls.,confirmou os fatos 
articulados em sua defesa preliminar, e no seu depoimento prestado na instância policial, 
negou a autoria do delito e sustentou que pegou uma “CARONA” no veiculo de 
desconhecidos que acabou no desfecho dos fatos que deram ensejo a propositura desta 
ação penal, e assim, competiria ao Ministério Publico provar a imputação arremessada na 
denuncia​ ​de​ ​fls.​ ​Contra​ ​sua​ ​pessoa​.​ ​Data​ ​vênia. 
 
 
Desse modo, ​se não havia sequer relações de amizade estreita entre a 
defendida e os ocupantes do veiculo, os quais a defendida sequer os conhecia antes do 
pedido de “CARONA”, e nem sequer sabia que eles transportavam drogas naquele veiculo, 
se o soubesse jamais aceitaria a “CARONA” questionada, como poderia haver associação 
de​ ​comercialização​ ​de​ ​drogas,?. 
 
 
Em verdade o artigo 18 da Lei nº 6368/76, tipifica como crime de associação 
para o comercio de drogas, a reunião permanente de mais de duas ou mais pessoas, com 
a finalidade de comercialização de drogas, e sem haver prova destas reuniões 
permanentes​ ​é​ ​evidente​ ​que​ ​o​ ​delito​ ​não​ ​se​ ​caracteriza. 
9 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
A ​jurisprudência predominante não apóia a pretensão do MP em relação ao 
delito​ ​do​ ​art.18​ ​da​ ​Lei​ ​nº​ ​6368/76,​ ​como​ ​se​ ​vê​ ​dos​ ​arestos​ ​a​ ​seguir​ ​delineados: 
 
 
SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE – TRÁFICO ILÍCITO DE 
ENTORPECENTE – ART. 12 – § 2º – INC. III – LEI DE TÓXICOS – 
ASSOCIAÇÃO DE AGENTES PARA O CRIME – NÃO CARACTERIZAÇÃO 
– CONCURSO MATERIAL – PROVA CRIMINAL ​– Embargos Infringentes. 
Associação de que trata o art. 14 da Lei Especial não demonstrada no processo. Cooperação 
que não apresenta a estabilidade que lhe deu a decisão embargada. Acolhimento dos 
embargos para prevalecimento integral do voto vencido. (TJRJ – EI 30/97 – (Reg. 150598) – 
Cód.​ ​97.054.00030​ ​–​ ​RJ​ ​–​ ​S.Crim.​ ​– ​ ​Rel.​ ​Des.​ ​Gernarino​ ​Carvalho​ ​–​ ​J.​ ​12.11.1997) 
 
ENTORPECENTES – TRÁFICO – CRIME CARACTERIZADO – ​Agente preso 
com maconha destinada à venda – Irrelevância se transportava a droga para terceiro – 
Tentativa – Não caracterização – Crime permanente – Co-autoria – Inexistência de prova. 
Quem transporta droga, que sabe destinar-se ao comércio, incide nas sanções do art. 12 da Lei 
nº 6.368/76, pois traficante não é apenas aquele que comercializa o entorpecente, mas 
também toda pessoa que participa da produção e na circulação de droga. As chamadas 
modalidades permanentes do crime de tráfico, como, por exemplo, transportar, trazer consigo e 
guardar, não admitem a tentativa. Reclamando a condenação fundamento objetivo e 
identificável nos autos, não há que se falar em associação se o outro agente não foi sequer 
identificado e não existe confirmação de que ele realmente existe​. (TJMG – ACr 
000.259.108-9/00​ ​–​ ​3ª​ ​C.Crim.​ ​–​ ​Rel.​ ​Des.​ ​Kelsen​ ​Carneiro​ ​–​ ​J.​ ​09.04.2002) 
 
 
– ​APELAÇÃO CRIMINAL – TRÁFICO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE 
E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ARTS. 12 E 14 DA LEI 6.368/76) 
– SENTENÇA CONDENANDO O RÉU POR TRÁFICO, COM A 
MAJORANTE DO ART. 18, III, DA LEI 6.368/76 – RECURSO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO OBJETIVANDO A CONDENAÇÃO DO RÉU PELO 
CRIME DE ASSOCIAÇÃO (ART. 14, LEI 6.368/76) – ​Recurso do réu 
objetivando a absolvição. Alegação de prática do ilícito penal mediante coação irresistível. 
Prova de violação da disposição do art. 12 da lei nº 6.368. Não caracterização do delito de 
associação. Ausência de prova quanto ao vínculo associativo e à habitualidade. Majoração 
pelo art. 18, III, da lei de regência. Inocorrência de coação moral irresistível (art. 22, CP). 
Acerto no apenamento, desprovimento de ambos os recursos​. (TAPR – ACr 0161208-0 – 
(8042)​ ​–​ ​1ª​ ​C.Crim.​ ​–​ ​Relª​ ​Juíza​ ​Denise ​ ​Martins​ ​Arruda ​ ​– ​ ​DJPR​ ​18.05.2001) 
 
 
"APELAÇÃO CRIMINAL – TÓXICO – PRISÃO EM FLAGRANTE – 
CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL – RETRATAÇÃO EM JUÍZO – 
TESTEMUNHO DE CO-RÉU E DE POLICIAIS – TRAFICÂNCIA 
CARACTERIZADA – ABSOLVIÇÃO – INADMISSIBILIDADE – 
CONCURSO DE PESSOAS – ASSOCIAÇÃO EVENTUAL – INCIDÊNCIA 
DA MAJORANTE DO ART. 18, III, DA LEI Nº 6.368/76 – " ​1. Em tema de 
comércio clandestino de entorpecentes, a negativa incondicional de autoria após confissão ou 
não na polícia, constitui-se geralmente uma diretriz trilhada pelos agentes delituosos, de molde 
que isso não basta, por si, para ensejar prolação de decreto absolutório;" 2 Havendo concurso 
de duas ou mais pessoas para o cometimento de infração à Lei Antitóxicos, sem existir 
associação estável e permanente para este tipo de delito, deve incidir a majorante prevista no 
art. 18, III, da Lei nº 6.368/76;" 4. Recurso desprovido. " (TJAC – ACr 00.000007-8 – (1.315) – 
C.Crim.​ ​–​ ​Rel.​ ​Des.​ ​Feliciano​ ​Vasconcelos​ ​–​ ​J.​ ​13.10.2000) 
 
 
10 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
Desse modo, resta evidenciado que não restou comprovado de forma robusta 
de que a defendida ​PARTICIPASSE DE QUAISQUER REUNIÕES PERMANENTES​, 
para comercialização de drogas, e por isso, não resta caracterizado o delito imputado a 
defendida definido no ART.12 e nem muito menos o do art.18 da LEI nº 6368/76, devendo 
ser​ ​absolvido​ ​de​ ​ambas​ ​imputações.​ ​por​ ​ausência​ ​de​ ​provas.​ ​Concessa​ ​vênia. 
 
 
Da​ ​analise​ ​da​ ​Prova. 
 
Nenhuma das testemunhas arroladas pelo Ministério Público,todas policiais 
militares que participaram da prisão da defendida, chegaram a afirmar que tivessem 
presenciado a defendida vendendo drogas, e que tivesse em seu poder qualquer 
quantidade de droga, o que comprova que a versão da defendida é verdadeira, e este não 
tem​ ​qualquer​ ​envolvimento​ ​com​ ​o​ ​comercio​ ​de​ ​drogas​ ​de​ ​que​ ​tratam​ ​estes​ ​autos., 
 
Por outro lado, ​as testemunhas arroladas pela defesa e inquiridas às fls. foram 
unânimes em confirmar a teste sustentada pela defesa da peticionaria e compra a versão da defendida, 
e atesta que a mesma não participava da venda, transporte ou qualquer comércio de drogas ​, e muito 
menos de qualquer reunião com finalidade de comercialização de drogas, atestando ainda 
a primariedade e os bons antecedentes da defendida, o que dar caracteriza a 
INEXISTENCIA DE PROVAS DE AUTORIA e conseqüente ​ABSOLVIÇÃO DA 
DEFENDIDA​ ​COM​ ​A​ ​IMPROCEDENCIA​ ​DA​ ​DENUNCIA.​​ ​Vênia. 
 
Assim​, ​não restou induvidosamente provada sequer o delito de TRAFICO DE 
ENTORPECENTE nem muito menos o de ​ASSOCIAÇÃO, em relação a defendida, 
pois, nenhuma das testemunhas afirma de ciência própria de que a defendida 
praticasse mercancia de drogas, ou que tivessem presenciado a defendida 
transportando a droga questionada,.. Assim, a prova é frágil ​e não autoriza 
condenação. 
 
AS​ ​TESTEMUNHAS​ ​DA​ ​ACUSAÇÃO ​ ​ARROLADAS​ ​PELO​ ​MP. 
 
A testemunha arrolada pelo MP Policial Militar ​ANTONIO DE ALENCAR 
SAMPAIO JUNIOR- ​em ​seu depoimento prestado em juízo, como consta do termo de 
audiência ocorrida em 16 Novembro de 2006- relata a descrição da diligencia de 
apreensão do veiculo e diz textualmente que, quando apreendeu o VEICULO e a DROGA 
não havia qualquer ocupante do veiculo no local, e que no dia seguinte após uma ligação 
anônima soube da presença da defendida e um adolescente nesta cidade, os prendeu e 
conduziu até a delegacia, onde viu a defendida confessar que estaria dentro do veiculo 
apenas. ​DISSE TEXTUALMENTE QUE VIU SEQUER O DEPOIMENTO DA 
DEFENDIDA PRESTADO A AUTORIDADE POLICIAL, e NADA INFORMOU SOBRE 
A AUTORIA DO DELITO- seu depoimento NÃO GERA JUIZO DE CERTEZA 
QUANTO​ ​A​ ​AUTORIA,​ ​logo,​ ​não​ ​pode​ ​dar​ ​suporte​ ​a​ ​UMA​ ​CONDENAÇÃO. 
 
A testemunha arrolada pelo MP Policial Militar ​ROMERO DA SILVA, disse em 
juízo, que ele e sua ​equipe não teve êxito na captura dos ocupantes do veiculo que transportava a 
droga questionada, não participou da prisão da defendida e do adolescente, e no dia seguinte soube da 
prisão de duas pessoas que possivelmente estaria envolvida no transporte da droga, apenas quando 
prestou seu depoimento na policia federal, no dia seguinte ao fato, e diz textualmente que 
11 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
o que ficou sabendo com certeza na delegacia foi apenas a ​VERSÃO DA ACUSADA DE 
QUE TERIA VINDO VISITAR UM TIO SEU NA CIDADE DE SALGUEIRO E TERRA 
NOVA, mas em momento algum DIZ QUE VIU OU SOUBE SEQUER POR OUVIR 
DIZER QUE A DROGA FOSSE DE PROPRIEDADE DA DEFENDIDA OU TIVESSE 
SENDO POR ELA TRNSPORTADA, diz inclusive que em CONVERSA COM A 
DEFENDIDA esta lhe disse que estava apenas pegando uma “CARONA” naquele 
veiculo. 
 
A terceira testemunha arrolada pelo MP senhor ​DONIZETE ELOI DA SILVA​, 
em seu ​depoimento que não participou da diligencia de apreensão do veiculo e nem muito menos da 
diligencia de ​PRISÃO DA DEFENDIDA no dia seguinte ao fato, e diz textualmente apenas 
que soube através da ​DEFENDIDA E O DO ADOLESCENTE que a acompanhava que 
eles teria apenas ​PEGADO UMA “CARONA” no referido VEICULO, mas ​em momento 
algum disse a testemunha que a defendida estivesse comercializando ou transportando ​DROGAS​, e 
nenhuma das três testemunha em momento algum atribuem a ​AUTORIA DO DELITO 
imputado​ ​na​ ​denuncia​ ​contra​ ​a​ ​defendida​. 
 
 
Demais disso, as duas testemunhas arroladas pela defesa são unânimes em 
confirmar a versão da defendida afirmada em seu interrogatório, e assim, nem as 
testemunhas do MP e nem as de defesa chegaram a afirmar que fosse a ​DEFENDIDA 
COMERCIANTE DE DROGAS ou tivesse transportado a droga questionada na exordial 
acusatória, o que demonstra ​FRAGILIDADE INDUVIDOSA DA PROVA a qual não 
pode​ ​servir​ ​de​ ​LASTRO​ ​A​ ​UM​ ​DECRETO​ ​CONDENATORIO​ ​data​ ​vênia. 
 
 
Assim, ​não restou comprovada a autoria dos delitos que foram imputados a 
defendida, e ante a contradição e fragilidade da prova carreada aos autos pela acusação, 
verifica-se que a prova produzida não é suficiente a dar ensejo a um decreto condenatório, 
o que ante a duvida e contradição dar margem a aplicação do ​princípio do IN DUBIO 
PRO REO, o que autoriza a absolvição do defendido por insuficiência de provas​. 
Concessa​ ​vênia. 
 
SÓ​ ​e​ ​SÓ. 
 
 
Onde ficou a evidencia sem sombra de dúvidas da existência do crime de 
tráfico​ ​ou​ ​de​ ​associação​? 
 
 
Desse modo, ​a prova produzida pela acusação não comprova de maneira 
induvidosa os fatos articulados pelo Ministério Público na peça vestibular acusatória, e não 
serve​ ​para​ ​dar​ ​suporte​ ​a​ ​um​ ​decreto​ ​condenatório. 
 
 
Por outro lado, ​diante das evidencias trazidas à colação pelo depoimento da 
acusada em seu interrogatório e confirmada a versão por todas as testemunhas ouvidas 
em juízo, incluindo as arroladas pelo órgão da acusação, resta comprovado que a acusada 
não​ ​praticou​ ​os​ ​delitos​ ​imputados​ ​contra​ ​si​ ​na​ ​peça​ ​vestibular​ ​acusatória. 
 
12 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
A acusada é tecnicamente primária, tem bons antecedentes, e a 
sua conduta é descrita nos autos como sendo uma pessoa honesta, trabalhadora 
sem qualquer mácula contra sua conduta com trabalho definido e residência certa, 
cujos predicados são suficientes para a atenuação de possível penalidade que lhe 
venha​ ​a​ ​ser​ ​imposta​ ​​ ​em​ ​​decorrência​ ​de​ ​hipótese​ ​remota​ ​de​ ​condenação. 
 
 
 
“Denunciado o réu como traficante de tóxico, à acusação cumpre provar a assertiva. Se 
essa prova é difícil, tal circunstancia não transfere àquele o ônus de provar o contrário, 
ou seja, que não é traficante,pois, nesse caso teria que demonstrar fato 
negativo(RT.588/320)” 
 
 
As ​testemunhas arroladas pelo Ministério Público, todos membros da policia 
informam somente sobre a apreensão da droga, contudo, não trazem aos autos de 
participação da defendida no comercio de drogas ou sequer no transporte desta E assim, 
impõe-se​ ​a​ ​absolvição​ ​do​ ​defendido​ ​nos​ ​moldes​ ​acima​ ​delineados​. 
 
 
Ora​, ​em direito penal não há presunção de culpa, mesmo sendo uma boa 
quantidade de droga apreendida isto por si só não leva a presunção de que essa era 
destinada a comercialização​. Portanto, a defendente não é vendedora de drogas e muito 
menos​ ​traficante. 
 
 
A​ ​PROVA​ ​PARA​ ​CONDENAÇÃO 
EXIGE​ ​CERTEZA​. 
 
Não é possível fundar sentença condenatória em prova que não conduza à 
certeza. E esteum dos princípios basilares do processo penal em todos os paises 
democráticos.Como ensina o grande mestre ​Eberhardt Schimidt (​Deutsches 
Strafprozessrecht​,​ ​1967,​ ​48) 
 
 
“constitui principio fundamental do Processo Penal o de que o acusado somente deve 
ser condenado, quando o juízo, na forma legal, tenha estabelecido os fatos que 
fundamentam a sua autoria e culpabilidade, com completa certeza (mit voller 
Gewissheit). Se subsistir ainda apenas a menor dúvida, deve o acusado ser absolvido 
(Bleigen auch nur die geringsten Zweifel, so muss der Beschuldigte freigesprochen 
werden)”. 
 
A condenação exige a certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que 
é apenas um juízo de incerteza de nossa mente em torno à existência de certa realidade. 
Que a alta probabilidade não basta é o que ensina ​Walter Stree, em sua notável 
monografia In dubio pro reo, 1962, 19 (Einenoch so grosse 
Wahrscheinlichkeit​ ​genügt​ ​nicht). 
13 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
Afirma​ ​Sabatini​ ​(Teoria​ ​delle​ ​prove​ ​nel​ ​Diritto​ ​Giudiziario​ ​Penale,​ ​1911,​ ​II,​ ​33),​ ​que 
 
“a intima convicção, como sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos de 
justificação, não é verdade e própria certeza, porque, faltando aqueles dados objetivos 
de justificação, faltam em nosso espírito as forças que o induzem a ser certo. ​No lugar 
da​ ​certeza,​ ​temos​ ​a​ ​simples​ ​crença”. 
 
Neste sentido, não há qualquer discrepância entre os 
autores: 
 
A dúvida nesta matéria é sinônimo de ausência de prova, cf. 
Nelson Hungria, Prova Penal, RF 138/338). É o princípio que vigora no 
direito anglo-americano, incluído entre as regras do devido processo legal ​(due 
process​ ​of​ ​law). 
 
Não se pode aplicar a pena sem que a prova exclua qualquer dúvida 
razoável ​é necessário que o fato fique demonstrado de modo a conduzir à certeza 
moral que convença ao entendimento, satisfaça á razão e dirija o raciocínio, sem 
qualquer possibilidade de dúvida (cf. kenny’s Outlines of Criminal Law, 1958, 
480). 
 
Com ​fundamento nessa doutrina, os tribunais do país têm proclamado que é 
necessário para impor a pena que o exame severo da prova conduza à exclusão de todo motivo 
serio​ ​para​ ​duvidar. 
 
E que a prova deficiente, incompleta e contraditória, deixando margem à dúvida, 
impõe a absolvição (RF 160/348), porque milita em favor do acusado a presunção de inocência 
(​RF186/316). 
 
O direito penal não opera com conjecturas​. ​A condenação criminal 
exige certeza do fato punível, da autoria e culpabilidade do agente. Esses princípios essenciais 
em nosso processo penal foram reafirmados pela 1.ª C.Crim. do antigo TA da Guanabara, na AC 
7.822,​ ​relator​ ​o​ ​eminente ​ ​Juiz​ ​Jorge​ ​Alberto​ ​Romeiro: 
 
 
“Sem a certeza total da autoria e de culpabilidade, não pode o juiz 
criminal​ ​proferir​ ​uma​ ​condenação”​ ​(DO​ ​28-9-73, ​ ​12.998). 
 
 
PROVA​ ​PENAL​ ​E​ ​O 
AXIOMA​ ​IN​ ​DUBIO 
PRO​ ​REO 
14 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
Com​ ​fulcro​ ​no​ ​escólio​ ​de​ ​CARRARA,​ ​escorreitamente ​ ​já​ ​se ​ ​aduziu​ ​que​: 
 
“No processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como a 
evidência, positivo como qualquer expressão algébrica. Condenação exige certeza..., não 
bastando a alta probabilidade..., sob pena de se transformar o princípio do livre convencimento 
em​ ​arbítrio.”​ ​(RT​ ​619/267) 
 
Como​ ​ressaltou​ ​o​ ​juiz​ ​LÚCIO​ ​URBANO,​ ​do​ ​TAMG,​ ​ao​ ​relatar​ ​a​ ​AP.​ ​Crim.​ ​N°​ ​5.520,​ ​de​ ​Belo​ ​Horizonte: 
 
“tudo aquilo que oferece duas conclusões lógicas não permite ao Juiz criminal admitir a 
contrária ao réu, porque a condenação é fruto de prova induvidosa, já que o Estado não tem 
maior interesse na verificação de culpabilidade do que na verificação da inocência, como 
procedentemente​ ​afirmou​ ​CARRARA”.​ ​(In ​ ​RT​ ​524/449) 
 
“Em matéria criminal, a prova deve ser límpida; qualquer dúvida deve vir a favor do imputado, 
porque​ ​temerária​ ​a​ ​condenação​ ​alicerçada​ ​em​ ​elementos​ ​eivados​ ​de ​ ​incertezas” ​ ​(RT​ ​523/375​) 
 
 
“Uma condenação não pode estar alicerçada no solo movediço do possível ou do provável, mas 
apenas​ ​no​ ​terreno​ ​firme​ ​da​ ​certeza”.​ ​(RT​ ​529/367) 
 
Um​ ​inocente​ ​condenado​ ​–​ ​como​ ​corretamente​ ​ponderou​ ​LA​ ​BRUYÈRE​ ​–​ ​constitui 
 
“preocupação para todos os homens de bem”. (Ac. um. De 17/10/74, da 1° Câm. Do 
TACrimSP, na AP. n° 91.725, de Presidente Epitácio, Rel. Juiz Azevedo Franchescini – apud 
J.L.V. de AZEVEDO FRANCHESCINI, “Jurisprudência do Tribunal de Alçada Criminal de São 
Paulo”,​ ​Livraria​ ​e​ ​Editora​ ​Universitária​ ​de ​ ​Direito,​ ​1976,​ ​III/460,​ ​n° ​ ​5.233-A) 
 
A​ ​respeito,​ ​obtempera​ ​HELENO​ ​CLÁUDIO​ ​FRAGOSO​ ​que; 
“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas um juízo 
de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. (Jurisprudência Criminal”, Editor 
Borsoi,​ ​1973,​ ​II/104,​ ​n°​ ​389) 
 
 
“A prova – no conceito de MITTERMAYER – ​é a suma dos motivos produtores da certeza. 
Por conseqüência, a sentença condenatória há de repousar, forçosamente, na certeza dos 
fatos probandos, produzida na consciência do julgador através de exame minucioso do 
conjunto probatório. Ausente do Juiz o elemento subjetivo da convicção ​real, que deflui da solidez 
e segurança das provas, deixará de existir a ratio condenandi. Certo que o juiz não deverá sempre procurar 
a uniformidade das provas, mas sim divisar, através delas, o nexo lógico do fato delituoso examinado. 
Quando, porém, os elementos sub examine sequer lhe permitam estabelecer um fio condutor racional e 
lógico do ocorrido, de molde a transformar a sua convicção subjetiva em certeza, outra solução não tem a 
não ser se pronunciar a absolvição do acusado”. (De uma sentença do Juiz ALBERTO GENTIL DE 
ALMEIDA​ ​PEDROSO​ ​FILHO,​ ​prolatada​ ​em​ ​Moji-Mirim​ ​–​ ​SP,​ ​em​ ​02/05/51). 
 
Prova – Indícios veementes de autoria – Insuficiência à condenação – “Indícios , ainda que 
veementes,​ ​ano​ ​autorizam​ ​condenação”​ ​(TACrimSP,​ ​Rel.​ ​Castro​ ​Duarte,​ ​JUTACrim​ ​34/423​) 
 
Prova – Indícios – Fragilidade probatória reconhecida – Absolvição – Voto Vencido – “Para a condenação 
criminal é preciso que as provas ano deixem a mais leve dúvida. Terão que ser límpidas, claras, não 
ensejando​ ​qualquer​ ​incerteza”​ ​(TACrimSP,​ ​Rel.​ ​Camargo​ ​Sampaio,​ ​JUTACrim​ ​77/29) 
 
Certeza é sinônimo manifesto de evidente, de indiscutível, como o magistério 
do​ ​insigne​ ​jurisconsulto​​ ​CARRARA: 
15 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
 
 
“No processo criminal máxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, 
certo​ ​como​ ​a​ ​evidência,​ ​positivo​ ​como​ ​qualquer​ ​expressão​ ​algébrica”. 
 
 
DA​ ​CONCLUSÃO​ ​DA 
PROVA​ ​APURADA​ ​NA 
INSTRUÇÃO 
 
A prova capaz de autorizar uma condenação, como amplamente sabido, é 
aquela que apresenta ​certeza, uniformidade, coerência,harmonia ​sobre a autoria 
delitual​ ​e​ ​não​ ​pode​ ​ser​ ​substituído​ ​por​ ​​indícios​ ​​ainda​ ​que​ ​fortes. 
 
Neste ​ ​sentido,​ ​já​ ​decidiu​ ​o​ ​Egrégio​ ​Tribunal​ ​de​ ​Justiça​ ​de​ ​Santa​ ​Catarina,​ ​​in​ ​verbis​: 
“No processo criminal, máxime para condenação, tudo deve ser claro com a luz, certo como a 
evidência, positivo como qualquer expressão algébrica. Condenação existe certeza absoluta, 
fundada em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que evidenciem o delito e a autoria, 
não bastando a alta probabilidade desta ou daquele; e não pode, portanto, ser a certeza 
subjetiva, formada na consciência do julgador, sob pena de se transformar o princípio do livre 
conhecimento em arbítrio” (Ap. Crim. 29.991, da capital. Rel. Des. Nilton Macedo Machado, J. 
em​ ​16/08/93). 
 
 
“Não é a defesa que incumbe demonstrar que o acusado não incidiu em crime, a sim à 
acusação provar que houve crime e que é o réu o seu autor”. (Ac. un. De 27.1.74, 4.ª Câm. Na 
Ap.​ ​91.015, ​ ​de​ ​Sorocaba​ ​–​ ​Rel.​ ​Azevedo ​ ​Júnior). 
 
“Insuficiente para embasar decreto condenatório simples probabilidade de autoria do delito, eis 
que se trata de mera etapa da verdade, não constitutiva por si só de certeza”(Ac. Por m. de v., 
de​ ​31.8.72,​ ​da​ ​3.ª​ ​Câm., ​ ​na​ ​Ap.​ ​42.309,​ ​de ​ ​Tambaú ​ ​– ​ ​Rel.​ ​Ricardo​ ​Couto). 
 
 
“Compete ao Ministério Público a demonstração do elemento subjetivo da culpa, tanto que é 
requisito da denúncia a especialização de sua forma. Assim, não provada de maneira cabal e 
induvidosa, deve seguir-se a absolvição do acusado, sendo inadmissível a transferência ao réu 
do ônus probante de sua inocência, por mais lamentável que tenham sido as conseqüências do 
dano”(TACrimSP, ​ ​Rel.​ ​Geraldo​ ​Ferrari,​ ​JUTAcrim​ ​38/271) 
 
“O ônus da prova cabe às partes. Há uma diferença, porém. A da acusação deve ser plena e 
convincente, enquanto para a defesa basta a dúvida. É consagração dos brocardos ‘in dubio 
pro reo e actore non probant absolvitur reus’. A, então, presunção de inocência do acusado. É 
o que o código do processo expressamente consagra no art. 386, inc. VI: absolve-se o réu 
quando​ ​‘não​ ​existir​ ​provas​ ​suficientes ​ ​para​ ​a​ ​condenação’.”(TJSP-RT​ ​595/323). 
 
 
16 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
“Não é ao réu que compete provar, pois a presunção de inocência o beneficia. É a dominum 
litis que incumbe provar a acusação, sabendo que, o dubio da prova, será, necessariamente 
interpretada​ ​pelo​ ​juiz​ ​pro​ ​libertati.”(TACrim​ ​SP​ ​–​ ​RT​ ​598/353). 
 
Como adverte Hungria, ​in ​Comentários ao ​Código penal, Vol. V, 
pag. ​ ​65: 
“ a verossimilhança, por maior que seja, não é jamais a verdade ou a certeza, e somente esta 
autoriza uma sentença condenatória. Condenar um possível delinqüente é condenar um 
possível ​ ​inocente. 
 
Com relação a quantidade de droga a jurisprudência de forma convergente de 
tem orientado de que somente a quantidade não pode definir a condição para aferir a 
condição​ ​do​ ​agente​ ​como​ ​sendo​ ​traficante,​ ​a​ ​exemplo​ ​dos​ ​seguintes​ ​julgados: 
 
 
“ Se o conjunto probatório não resulta saber se a posse do tóxico destinava-se a venda ou ao consumo, 
deve prevalecer o desfecho mais favorável ao agente.(TACRIM.SP. AC. 223.039-rel. Papaterra Limongi 
JUTACRIM​ ​63/256). 
 
 
“ Para que se reconheça a existência de tráfico ou comércio de drogas, é mister prova 
absolutamente segura. No caso de dúvida em se saber se o réu é traficante ou usuário, deve 
subsistir a segunda hipótese como solução benéfica do in dúbio pro reo(TACRIM.SP.AC.-Rel. 
Geraldo​ ​Gomes-RT.518/378)” 
 
 
Assim, ​impõe-se a absolvição da defendida nos termos acima delineados, 
tudo por insuficiência da prova carreada aos autos pelo órgão acusador, pois, ante a 
fragilidade da prova produzida em juízo não outro caminho a se percorrer senão o da 
absolvição​ ​do​ ​defendido​. 
 
 
DO​ ​PEDIDO​ ​E​ ​ESPECIFICAÇÕES 
 
 
PELO FIO DO EXPOSTO​, ​a defendido requer à V.Exa., digne-se em 
acolher as presentes razões, para o fim de acolher a matéria preliminar acima 
argüida, com revisão do despacho de recebimento da denuncia, dando pela sua 
rejeição, com declaração de a inépcia da denuncia, anulando-se o processo, a 
partir do referido despacho, para excluir da relação processual a defendida 
pelos motivos descritos na sua defesa preliminar, e no mérito dar pela 
improcedência da denuncia, por inexistência de provas da autoria em relação a 
defendida, descaracterizando a imputação, nos termos acima verberados, 
dando pela ​IMPROCEDENCIA DA DENUNCIA E ABSOLVIÇÃO 
DA DEFENDIDO DA IMPUTAÇÃO DA EXORDIAL 
ACUSATORIA​, ​, por inexistência de provas da autoria, ou ​INSUFICIENCIA 
DE PROVAS PARA A CONDENAÇÃO ​ou ainda optativamente ante a aplicação do 
PRINCIPIO DO IN DUBIO PRO REO​, nos moldes acima descritos, expedindo-se o 
competente​ ​alvará​ ​de​ ​soltura​.​Por​ ​espelhar​ ​medida ​ ​de​ ​Justiça​. 
 
17 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa 
Advogados​ ​Associados 
 
Nestes​ ​termos 
Pede​ ​deferimento. 
JOÃO​ ​PESSOA/Terra​ ​Nova-PE,​ ​08​ ​de​ ​JANEIRO​ ​de​ ​2007. 
 
 
Amauri​ ​de​ ​Lima​ ​Costa.Advogado 
OAB.PB​ ​3594 
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