Buscar

JURISDIÇÃO E COMPETENCIA Aula 2

Prévia do material em texto

JURISDIÇÃO E COMPETENCIA Aula 2
JURISDIÇÃO- É o poder do Estado de dizer o direito 
Competência- É a divisão da jurisdição 
Competência se divide em 4
Funcional ou hierárquica – não fazendo acordo com o juiz, muda de instancia
Pessoas- Em razao das partes. Ex: empregado x empregador
Materia – Assuntos que decorrem em razão do trabalho.
Lugar – saber em qual comarca pode iniciar uma ação 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
JURISDIÇÃO TRABALHISTA
1). CONCEITO (noção):
 A jurisdição é uma das funções do Estado e inerente ao Poder Judiciário. Como é vedado aos particulares o exercício arbitrário das próprias razões (autotutela), o Estado Moderno atua na pacificação dos conflitos” (2007, p. 205).
 “a jurisdição é a função estatal exercida pelos juízes e tribunais, encarregada de dirimir, de forma imperativa e definitiva, os conflitos de interesses, aplicando o direito a um caso concreto” (2011, p. 61).
 “jurisdição é o poder-dever que a lei atribui ao Poder Judiciário para solucionar os conflitos de interesses entre indivíduos ou coletividades ou entre uns e outros” (2009, p. 147
a jurisdição resume-se em:
“a) poder: autoridade do Estado de decidir e impor as decisões”;
“b) função: a obrigação que possui de solucionar os conflitos, aplicando-lhe a lei ao caso concreto, através do instrumento intitulado processo”;
 “c) atividade: o complexo dos atos que o juiz realiza no processo”.
2). JURISDIÇÃO TRABALHISTA:
a) Individual – relativa aos dissídios individuais ou individuais plúrimos; processamento regulado pelos artigos 837 a 855 da CLT 
b) Normativa – envolve os dissídios coletivos, em que a Justiça do Trabalho desempenha o seu poder normativo (art. 114, § 2º, CF).
A nosso ver, trata-se de uma situação em que o legislador, de forma clara, tentou inviabilizar o acesso da classe operária ao Judiciário e, por consequência, beneficiar a classe dominante.
c) Metaindividual – “ao contrário do que ocorre na normativa (sentenças normativas), onde se tem a criação de normas jurídicas, na jurisdição metaindividual a Justiça do Trabalho aplica o direito preexistente na tutela preventiva e reparatória dos direitos ou interesses metaindividuais (interesses: difusos, coletivos e os individuais homogêneos)” (op. cit., p. 208).
Segundo Teixeira Filho, “percebeu-se, então, que determinadas lesões de interesses, ou ameaças de lesões, atingiam não somente um indivíduo, senão que um grupo de indivíduos, uma coletividade ou toda a população” (2009, p. 154). Os direitos transindividuais “[...] se projetam para além dos limites estritos do círculo jurídico do indivíduo, para alcançar um grupo de pessoas, uma coletividade e o mais” (ibid).
     Interesses difusos: transindividuais; indivisíveis; pessoas indeterminadas; contudo, ligadas por circunstâncias de fato (art. 81, § único, nº. 8.078/90 CDC);
     Direitos coletivos: “titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica” (CDC, idem);
     Individuais homogêneos: “o que caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua origem comum”.
A título de exemplo, segundo Manoel Antonio Teixeira Filho (ibid), a proteção dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, dos trabalhadores, é empreendida por meio de ação civil pública (exercida preponderantemente pelo MPTb ou pelo Sindicato representativo da categoria profissional).
3.   COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
3.1 COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO:
Não há dúvida que a jurisdição está atribuída ao Estado, por intermédio do Poder Judiciário, e a este cabe aplicar o direito ao caso concreto. Nas palavras de Mario Guimarães: “a jurisdição é um todo. A competência uma fração” (apud Mauro Schiavi, 2011, p 177). Decorrente desta análise, apresentamos o conceito de Carlos Henrique Bezerra Leite, que segundo o qual “[...] competência é a medida da jurisdição de cada órgão judicial. É a competência que legitima o exercício do poder jurisdicional” (2007, p. 175).
Vários critérios para determinar a competência:
1.      Matéria,
2.      Qualidade das partes,
3.      Função ou hierarquia do órgão julgador; e
4.      Lugar.
“Daí o uso corrente das expressões que designam a competência, seja em razão da matéria (ratione materiae), em razão das pessoas (ratione personae), em razão da função (ou da hierarquia) ou em razão do território (ratione loci)” [LEITE, 2007].
3.2       COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A E. C. nº. 45/2004:
           
Significativa ampliação da competência da Justiça Laboral, uma vez que a restrita competência entre lides de empregado e empregador passou para solucionar os conflitos decorrentes da relação de trabalho.
3.3.      COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA:
Fixada em virtude da CAUSA DE PEDIR e do PEDIDO.
Cumpre ressaltar, mesmo que o pedido esteja fundamentado “[...] em norma do Direito Civil, em si e por si, não tem o condão de afastar a competência da Justiça do Trabalho se a lide assenta na relação de emprego, ou nela decorre.” (DALAZEN apud LEITE, 1992, p. 54).
A partir da EC 45/2004 a competência da Justiça Laboral não se limitou apenas para as demandas oriundas da relação de emprego mas “[...] também daquelas oriundas da relação de trabalho (CF, art. 114, I).” (LEITE, 2007, p. 180).
Frise-se que a incompetência em razão da matéria deve ser declarada “ex officio”. Entretanto, também pode a parte alegar referida situação para que o magistrado reconheça a sua incompetência.
Há três regras constitucionais de competência: MATERIAL ORIGINAL, MATERIAL DERIVADA e MATERIAL EXECUTÓRIA.
8.4. COMPETÊNCIA MATERIAL ORIGINAL:
a) Ações oriundas da Relação de Emprego:
empregado x empregador - Artigos 2º, 3º e 442, todos da CLT.
Incluem-se também:
I) Dano Moral: súmula 392/TST.
II) Acidente de Trabalho:
III) Cadastramento de PIS: Súmula 300/TST
IV) Meio Ambiente do Trabalho: CF, artigos 200, VIII, e 7º, XXII e XXVIII;
Súmula 736 do STF: “compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.”
V) FGTS:
VI) Quadro de Carreira: súmula 19/TST (não estava explícito no art. 652/CLT).
VII) Descontos Previdenciários e Fiscais: CF, art. 114, VIII; Provimentos da Corregedoria-Geral JusTrab.; e Súmula 368/TST.
VIII) Seguro-Desemprego:Súmula 389/TST.
IX) Ações Possessórias: art. 458, §§ 3º e 4º, CLT; Embargos de Terceiro (livrar bens penhorados por não ser o devedor: ex. bem de família).
b) Ações oriundas da Relação de Trabalho:
I) Relação de Trabalho Avulso: CF, art. 7º, XXXIV.
II) Relação de Trabalho Eventual: Não está sob o manto do art. 3º da CLT, porém por força do art. 114, I, CF, pode pleitear indenização junto à Justiça do Trabalho.
III) Relação de Trabalho Autônomo e relação de Consumo: São relações de trabalho autônomo: a empreitada, a prestação de serviços e o mandato.
Para Carlos Henrique Bezerra Leite, relação de consumo não é competência da Justiça do Trabalho.
Exemplo:
1º) Relação entre o Médico (pessoa física) e uma Clínica Médica;
2º) Relação entre Médico (fornecedor de serviços à clínica) e Paciente.
No primeiro caso relação de trabalho (Justiça do Trabalho); no segundo relação de consumo (Justiça Comum).
Neste campo da relação de consumo, deve-se dar destaque ainda à Súmula nº 363 do STJ, a qual fixou a competência da Justiça Comum para processar e julgar a ação de cobrança por profissional liberal contra seu cliente.
8.5.      COMPETÊNCIA MATERIAL DERIVADA:
A competência material derivada está devidamente outorgada pela CF por intermédio do inciso IX do art. 114, o qual assim estabelece: [...] processar e julgar “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.”.
Para Carlos Henrique Bezerra Leite (2007, p. 221), dois requisitos: a)Lide decorrente da relação de trabalho; e, b) Inexistênciade lei afastando a competência da Justiça do Trabalho. No segundo caso, “[...] se houver lei dispondo expressamente que a competência é da Justiça Comum, então somente outra lei, posterior, poderá atribuí-la à Justiça do Trabalho” (exemplo: representação comercial - Lei 4.886/65, art. 39 - competência Justiça Comum).
Observação nossa: há entendimentos diversos nesta situação, porém vale ressaltar que se houver constituição de empresa para a realização da representação, a competência então será da Justiça Comum (demanda entre duas pessoas jurídicas). Contudo, caso a representação seja realizada por pessoa física, há a possibilidade de se discutir a relação de emprego diretamente na Justiça do Trabalho, inclusive fazendo-se pedido sucessivo no caso de não reconhecimento, quando então será reconhecida como devida a indenização da representação (entendimento este do Desembargador Luis Eduardo Gunther do TRT 9ª Região).
Deve-se ser analisado caso a caso, haja vista a possibilidade de nulidade de contrato de pessoa jurídica.
8.6. COMPETÊNCIA NORMATIVA (Poder Normativo)
“[...] único ramo do Poder Judiciário que possui competência material para criar normas gerais e abstratas destinadas às categorias profissionais ou econômicas [...].”
- Sentença Normativa (CF, art. 114, § 2º).
8.6.1 Greve: interrupção/suspensão do contrato de trabalho.
8.6.2 Ações envolvendo sindicatos: CF, art. 114, inciso II.
Representação sindical: CF, art. 8º, II;
Contribuições Confederativa e Assistencial;
Contribuição Sindical: CLT, art. 578;
Eleições Sindicais.
8.6.3 Mandado de Segurança, Habeas Corpus e Habeas Data
8.6.4 Conflitos de Competência
8.6.5 Dano Moral ou Patrimonial
8.6.6 Penalidades Administrativas [...]
8.7. COMPETÊNCIA MATERIAL EXECUTÓRIA
“[...] para executar suas próprias sentenças e para executar as contribuições previdenciárias.” (LEITE, p. 241).
8.8. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA
“Fixada em virtude da qualidade da parte que figura na relação jurídica processual.” (Op. cit., p. 247). > Trabalhadores subordinado típicos.
Os trabalhadores tutelados pelo direito material (CF, art. 7º, caput); e mais:
Sindicatos, entes de direito público externo (inciso I); os Órgãos da Administração Pública Direta [...] (inciso I); a União [...] (inciso VII); o INSS (inciso VIII); MPT (114, § 3º).
Demais trabalhadores que podem demandar na Justiça do Trabalho::
O eventual, o avulso, o temporário, o doméstico e o servidor público investido em cargo público, bem como o servidor contratado a título temporário (CF, art. 37, IX).
Os servidores de Cartórios Extrajudiciais: eram considerados servidores públicos lato sensu; (art. 236/CF; STF firmou entendimento: fiscalizados pela Corregedoria dos Tribunais, mas a Justrab é competente para dirimir os conflitos trabalhistas).
8.9.      COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA FUNÇÃO:
“[...] concerne à distribuição das atribuições cometidas a diferentes órgãos da Justiça do Trabalho, de acordo com o que dispõem a Constituição, as leis de processo e os regimentos internos dos tribunais trabalhistas.” (LEITE, p. 255).
8.9.1. COMPETÊNCIA FUNCIONAL DAS VARAS DO TRABALHO
            Artigos 652 e 653 da CLT.
8.9.2. COMPETÊNCIA FUNCIONAL DOS TRTs
            Artigo 678 da CLT.
8.9.3. COMPETÊNCIA FUNCIONAL DO TST
            Principal função: uniformizar a jurisprudência trabalhista.
            Sua competência está disciplinada pela Lei nº. 7.701/88 e pela Res. Administrativa nº. 908/2002.
Em linhas gerais: “julgar recursos de revista (art. 896/CLT), recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões de TRTs e dissídios coletivos de categorias organizadas em nível nacional, como bancários, aeronautas, aeroviários, petroleiros e outros, além de mandados de segurança, embargos opostos a suas decisões e ações rescisórias.” (op cit., p. 250).
8.10. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (Foro) - ratione loci
- determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional.
- Geralmente, atribuída às Varas (determinada por lei federal);
- TRTs: processar e julgar as causa trabalhistas originariamente (ex. DC) ou em grau de recurso (ex. RO); espaço geográfico em regra correspondente a um Estado da Federação.
- TST: processar e julgar originariamente os dissídios coletivos que extrapolem a área geográfica de uma região. Em grau recursal, decisões dos TRT s nos Dissídios Individuais ou Dissídios Coletivos.
COMPETÊNCIA DAS VARAS - CLASSIFICAÇÃO:
1)  quanto ao local da prestação do serviço (art. 651, caput);
2)   quando se tratar de empregado agente ou viajante comercial (§ 1º.);
3) de empregado brasileiro que trabalhe no estrangeiro (§ 2º) - sede/filial da empresa Brasil ou local da contratação;
4)   de empresa que promova atividade fora do lugar da celebração do contrato (§ 3º).
Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
§ 1º. Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.
§ 3º Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
8.11. FORO DE ELEIÇÃO:
Regras de competência da Justiça do Trabalho são de ordem pública; inderrogáveis pela vontade das partes.
8.12. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA:
Absoluta: [matéria; pessoa; e função] só o juiz que estiver legalmente autorizado a exercê-la.
“Não pode ser prorrogada e deve ser declarada ex officio pelo juiz em qualquer tempo e grau de jurisdição enquanto não formada a coisa julgada (preclusão máxima) [...]”.
Relativa:[território]. “[...] um juiz do trabalho territorialmente incompetente para a causa pode tornar-se validamente competente para processá-la e julgá-la, desde que a parte interessada não oponha exceção de incompetência.”
8.13. MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA:
            As modificações da competência se dão por:
PRORROGAÇÃO: na competência territorial se dá por: aceitação do autor; aceitação do réu; aceitação do juiz (CPC, art. 112, § único, e 114: não declinar a competência para o foro do domicílio do réu).
A prorrogação não é admitida no Processo do Trabalho. Portanto, eventual cláusula de contrato de trabalho que estabeleça eleição de foro será considerada ilícita, em face do princípio da proteção.
CONEXÃO: (CPC, art. 103)
Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando comum o mesmo objeto ou a causa de pedir.
CONTINÊNCIA: (CPC, art. 104)
Trata-se de identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
PREVENÇÃO: (CPC, art. 106; art. 253).
Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele despachou em primeiro lugar.
Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza:
I.- quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II.- quando tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, [...];
III.- quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo [...].
Somente será possível quando se tratar de competência territorial.Segundo Amauri Mascaro Nascimento, trata-se do “fenômeno processual pelo qual se firma a competência de um órgão dentre mais de um igualmente competente” (2009, p. 129);
Quando a competência é de mais de uma Vara, o critério é o da prevenção.
Carlos Henrique Bezerra Leite esclarece que se trata na verdade de um efeito da existência da conexão, ou seja, o Juízo prevento deve ser aquele em que a ação trabalhista foi protocolada em primeiro lugar.
8.14. CONFLITOS DE COMPETÊNCIA:

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes