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Aulas - Gestão de Contratos e Convênios

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Sumário	
  
Aula	
  1	
  –	
  O	
  contrato	
  ...................................................................................................	
  2	
  
Introdução	
  ........................................................................................................................	
  2	
  
Transformação	
  das	
  Culturas	
  e	
  Transformação	
  do	
  Direito	
  Contratual	
  .................................	
  3	
  
Conceito	
  de	
  Contrato	
  ........................................................................................................	
  3	
  
A	
  função	
  social	
  do	
  Contrato:	
  supremacia	
  da	
  ordem	
  pública	
  ...............................................	
  4	
  
Os	
  princípios	
  do	
  Contrato	
  ..................................................................................................	
  5	
  
Classificação	
  dos	
  Contratos	
  ...............................................................................................	
  7	
  
Aula	
  2	
  –	
  A	
  formação	
  e	
  extinção	
  do	
  contrato	
  ..............................................................	
  8	
  
Aula	
  3	
  –	
  A	
  Gestão	
  dos	
  Contratos	
  no	
  Ambiente	
  Corporativo	
  .....................................	
  14	
  
Aula	
  4	
  –	
  Contratos	
  de	
  Terceirização	
  de	
  TI	
  e	
  Acordo	
  de	
  Nível	
  de	
  Serviço	
  (SLA)	
  ..........	
  23	
  
Aula	
  5	
  –	
  Contratos	
  na	
  Administração	
  Pública	
  ...........................................................	
  30	
  
  
    
   2  
GESTÃO  DE  CONTRATOS  E  CONVÊNIOS  
AULA  1  –  O  CONTRATO  
Introdução  
Por  que  há  necessidade  de  celebrar  contratos  em  tantas  áreas?  Como  os  seres  
humanos   não   atingiram   a   autossuficiência,   é   necessário   que   estabeleçam  
direitos  e  obrigações  em  boa  parte  de  suas  operações  econômicas.  
Assim,  segundo  Paulo  Nader  (2010),  a  divisão  do  trabalho  é  o  fator  que  induz  os  
seres  humanos  a  recorrerem  à  prática  dos  contratos  para  obterem  os  recursos  
indispensáveis   ao   suprimento   de   suas   necessidades.   São,   portanto,   vida  
humana  objetivada  e  atuam  como  alavancas  do  desenvolvimento.    
Como   conceito   jurídico,   contrato   é   algo   distinto   de   contrato   como   operação  
econômica.  Dito  de  outra  forma,  a  formalização  jurídica  que  recebe  o  nome  de  
contrato  existe  em  função  da  operação  econômica.  Então,  o  contrato  Conceito  
Jurídico  é  o  instrumental  do  contrato  operação  econômica.  
  
Contrato,   é   antes   de   qualquer   coisa,   um   ato   plurilateral.   Isto   quer   dizer   que  
depende  do  consentimento  de  duas  ou  mais  partes  porque,  no  Direito  brasileiro,  
não  é  possível  que  alguém  firme  um  contrato  consigo  mesmo,  a  menos  que  seja  
autorizado  por   lei  ou  pelo   representante  de  acordo  com  o  art.  117  do  Código  
Civil.        
Significa,   também,   que   deve   ser   norteado   pela   liberdade   e   que   os   agentes  
devem   possuir   capacidade   de   fato.   De   acordo   com   Nader   (2010:17),  
“considerando  que  toda  pessoa   ‘é  capaz  de  direitos  e  deveres  na  ordem  civil’  
(art.   2º,   CC),   a   incapacidade   de   fato   não   impede   a   participação   de   contrato,  
apenas   exige   que   a   prática   se   faça   por   intermédio   de   representante   legal   e  
conforme  o  permissivo  da  lei”.  
  
  Já  as  pessoas  absolutamente  incapazes  não  podem  celebrar  contrato,  pois  a  
violação  deste  mandamento  torna  nulo  o  que  foi  firmado.  As  cláusulas  são  um  
prolongamento  da  lei,  o  que  permite  afirmar  que  o  contrato  faz  lei  entre  as  partes.  
Depreende-­se   do   que   foi   afirmado   anteriormente   que,   respeitando   as   leis   da  
ordem  pública  e  dos  bons  costumes,  posso  celebrar  um  contrato  quando,  como  
e  com  quem  eu  quiser.  O  contrato  é  negócio  e  fato  jurídico.  
   3  
  
Transformação  das  Culturas  e  Transformação  do  Direito  Contratual  
  
O   contrato,   enquanto   instrumento   jurídico,   é   objeto   do   Direito   Civil,   ramo   do  
Direito  Privado.  O  Direito  dos  Contratos  é,  segundo  Enzo  Roppo  (2010:11):  
...o  conjunto  –  historicamente  mutável  –  das  regras  e  dos  princípios,  de  
vez   em   quando   escolhidos   para   conformar,   de   certa   maneira,   aquele  
instrumento  jurídico,  e,  portanto,  para  dar  certo  arranjo  -­  funcionalizado  a  
determinados   fins   e   a   determinados   interesses   –   ao   complexo   das  
operações  econômicas  efetivamente  levadas  a  cabo.  
Há  que   se   ressaltar   que  existem  contratos   de  Direito  Administrativo   e  Direito  
Processual.    
De  acordo  com  Enzo  Roppo   (2010:24),   “o  contrato  muda  a  sua  disciplina,  as  
suas  funções,  a  sua  própria  estrutura  segundo  o  contexto  econômico-­social  em  
que  está  inserido”.    
Então,  para  termos  noção  das  transformações  sofridas  pelo  contrato  ao  longo  
do  tempo,  cabe,  neste  momento,  investigarmos,  ainda  que  de  forma  breve,  os  
fatos  históricos  que  as  propiciaram.  
  
•   Código   Napoleônico:   há   uma   conexão   entre   contrato   e   propriedade,  
baseada   na   ideia   de   liberdade   individual.   Daí   o   contrato   baseado   no  
consenso,   aparece   como   solução,   pois   servia   como   garantia   para   as  
antigas  classes  proprietárias  de  que  seus  bens  seriam  transferidos  para  
a  classe  emergente.  
•   Código  Alemão:  preza  o  conceito  de  liberdade  de  contratar,  porém  difere  
do   francês,   quando   afirma   que   pode   ser   considerado   como   uma  
subespécie   da   categoria   geral   do   negócio   jurídico.   Ou   seja,   além   dos  
contratos   de   compra   e   venda,   locação,   etc;;   compreende   matrimônio,  
adoção,  reconhecimento  de  filhos,  etc.  
  
Conceito  de  Contrato  
Contrato   é   acordo   de   vontades   que   visa   à   produção   de   efeitos   jurídicos   de  
conteúdo  patrimonial.  Por  ele,  cria-­se,  modifica-­se  ou  extingue-­se  a  relação  de  
   4  
fundo   econômico.  Embora   previsto   e   regulado   no  Direito   das  Obrigações,   os  
contratos  não  se  referem,  necessariamente,  aos  negócios  jurídicos  entre  credor  
e   devedor;;   estendem-­se  a  outras  providências   jurídicas,   como  ao  Direito   das  
Coisas,  Direito  de  Família,  Direito  das  Sucessões,  Direito  Administrativo,  Direito  
Internacional.    
De  acordo  com  Henri  de  Page,  o  contrato  não  é,  em  si,  uma  obrigação,  mas  uma  
fonte  de  obrigações  (...)  
  
De   acordo   com   Rodrigues   (2004:),   Contrato   é   “...o   acordo   de   duas   ou  mais  
vontades,  em  vista  de  produzir  efeitos  jurídicos”.    
Uma  distinção  importante  para  nós  diz  respeito  aos  termos  pessoa  e  parte.  
•   Parte:  é  o  sujeito  da  relação  contratual,  configurando-­se,  assim,  o  centro  
de  interesses.  Uma  só  pessoa  pode  representar  as  duas  partes.  Também  
é  possível  que  uma  parte  seja  composta  por  várias  pessoas.  
  
A  função  social  do  Contrato:  supremacia  da  ordem  pública  
De  acordo  com  Rodrigues  (2004),  como  centro  da  vida  dos  negócios,  o  contrato  
é   um   instrumento   prático,   cujo   objetivo   reside   em   harmonizar   interesses   não  
coincidentes.    
Deste  modo,   sua   perfeição   ocorre   quando,   pela   concordância   das   partes,   se  
atingeum  acordo  satisfatório  para  ambos.    
Com  base  nos  ensinamentos  de  Messineo,  Rodrigues  (2004:11)  afirma  que  “...a  
instituição  jurídica  do  contrato  é  um  reflexo  da  instituição  jurídica  da  propriedade.  
Ele  é  o  vínculo  da  circulação  da  riqueza  e,  por  conseguinte,  só  se  pode  concebê-­
lo,   como   instituição   pura   de   Direito   Privado,   em   regimes   que   admitem   a  
propriedade  individual”.    
  
Assim,   o   contrato   é   instrumento   imprescindível   e   elemento   indispensável   à  
circulação  dos  bens.  Como  uma  operação  econômica  jamais  deve  resultar  em  
prejuízo   para   os   interesses   e   objetivos   da   sociedade,   os   contratos   devem  
obedecer  à  ordem  pública,  sob  risco  de  serem  considerados  nulos.  
  
   5  
Os  princípios  do  Contrato  
De  acordo  com  os  autores  que  nos  servem  como  base  para  a  disciplina,  entre  
eles,  Paulo  Nader  (2010),  existem  princípios  que  garantem  a  liberdade  e  a  justiça  
na   celebração   e   atribuem   função   social   aos   contratos,   o   que   assegura   a  
autonomia  das  vontades,  mas  estabelece  alguns  limites.  São  eles:    
  
•   Princípio   da   Autonomia   da   Vontade:   Ele   se   refere   à   liberdade   de  
contratar,   à   autorregulação   de   interesses.   Como   ato   bilateral   ou  
plurilateral,  os  indivíduos  devem  gozar  da  vontade  de  contratar  ou  não.  
Mesmo  quando  ocorre  renúncias  ou  transigências,  não  se  pode  afirmar  
que  houve  restrição  ao  Princípio  da  Autonomia  da  Vontade,  pois  a  parte  
é  livre  para  contratar  ou  não.  
Este  princípio  encontra  limites  nas  leis  de  Ordem  Pública  (Regras  sobre  a  
economia  popular,  relativas  ao  casamento,  aos  alimentos,  aos  assuntos  
eleitorais  etc.)  e  nos  Bons  Costumes  (Maneiras  de  ser  e  de  agir  que  se  
fundam  na  moral  social  e  não  ditadas  pela  ordem  jurídica  diretamente).  
  
•   Princípio  da  Obrigatoriedade:  Este  princípio  se  consolida  no  fato  de  que  
o  contrato  faz  lei  entre  as  partes.  
    
Inexecução:  Neste  caso,  há  que  se  verificar  se  houve  culpa  em  sentido  amplo.  
Se  o  fato  foi  gerado  por  caso  fortuito  ou  motivo  de  força  maior,  a  parte  que  não  
cumpriu  seu  compromisso  não  responderá,  a  menos  que  o  contrário  tenha  sido  
estabelecido  em  uma  cláusula.  Se  o  descumprimento  foi  doloso  ou  culposo,  é  
imperativo  observar  o  que  prevê  o  art.  389  do  Código  Civil.  
  
Imprevisão:   teoria   da   imprevisão   ou   cláusula   rebus   sic   stantibus   abalou   o  
princípio  da  obrigatoriedade  em  nosso  Direito,  pois  em  casos  de  contratos  de  
trato  sucessivo  ou  a  termo,  são  definidas  obrigações  que  devem  ser  cumpridas  
depois  de  muito  tempo,  podendo,  por  isso,  ocorrer  transformações  importantes  
na  ordem  social  e  econômica  que  dificultem  ou  impossibilitem  o  adimplemento.    
  
•   Princípio  do  Consensualismo:  se  refere  ao  modo  pelo  qual  se  opera  a  
formação   dos   contratos   e   não   ao   seu   conteúdo.   Com   base   nesse  
   6  
princípio,  as  obrigações  contratuais  são  geradas  pelo  simples  acordo  de  
vontades  ou  consenso,  deixando  de  lado  as  formalidades,  o  que  favorece  
a  dinâmica  das  relações  negociais.  Contudo,  a  sua  aplicação  sem  limites  
acarreta  insegurança  jurídica.  
É  preciso  ter  em  mente  que  nem  todos  os  contratos  são  consensuais,  pois  
alguns  têm  a  validade  condicionada  à  realização  de  rituais  estabelecidos  
pela  lei  e,  outros  só  se  efetuam  se  certas  exigências  forem  cumpridas.  
  
•   Princípio   da   Boa-­Fé:   O   princípio   da   boa-­fé   não   se   refere   à   boa-­fé  
subjetiva   caracterizada   pela   seriedade   das   intenções,  mas   àquela   que  
possui   caráter   objetivo,   isto   é,   independente   do   plano   da   consciência.  
Implica,   ademais,   em   lealdade   e   confiança   recíprocas.   Como   existe  
contraposição   de   interesses   na   execução   do   contrato,   a   conduta   das  
partes  envolvidas  deve  se  subordinar  a  regras,  cujo  objetivo  é  impedir  que  
uma  parte  dificulte  a  ação  da  outra.  
  
O  instrumento  de  qualquer  contrato  é  composto  por  duas  partes:  o  preâmbulo  
e  o  contexto.  
No  preâmbulo  temos  a  qualificação  das  partes,  o  objeto  do  contrato,  as  razões  
determinantes  de  sua  realização  ou  o  objetivo  dos  contratantes.  
O  contexto,  por  seu  turno,  é  constituído  por  uma  série  ordenada  de  proposições,  
às  quais  chamamos  cláusulas.  
As  cláusulas  podem  ser  de  três  tipos:  essenciais,  naturais  e  acidentais.  
  
•   As   cláusulas   essenciais   ao   instrumento   são   aquelas   sem   as   quais   o  
contrato  não  pode  existir.  
•   As  cláusulas  naturais  são  próprias  da  natureza  do  contrato.  
•   As  cláusulas  acidentais  só  aparecem  em  função  de  alguma  proposição  
especial.  
É  importante  levar  em  consideração  o  local  onde  os  contratos  tomam  forma  para  
a   determinação   do   foro   competente   e   a   lei   reguladora.   Se   as   partes   estão  
presentes,  o  contrato  se  forma  onde  elas  estão.  Se  as  pessoas  estão  distantes,  
celebra-­se  no  lugar  onde  foi  proposto.  
  
   7  
Classificação  dos  Contratos  
Contratos  unilaterais  e  bilaterais:  todos  os  contratos  são  atos  jurídicos  bilaterais,  
pois  dependem  do  acordo  de  vontades,  mas,  quanto  aos  seus  efeitos,  pode  ser  
unilateral  ou  bilateral.  
  
•   Contratos  unilaterais:  
São  aqueles  em  que  apenas  uma  parte  tem  obrigações  em  relação  à  outra,  
de  modo  que  uma  parte  é  exclusivamente  credora,  tendo  apenas  vantagens  
e  a  outra  parte  é  unicamente  devedora,  só  possuindo  obrigações.  Exemplos  
deste   tipo  de  contrato  são  a  doação,  o  depósito,  o  mútuo,  o  mandato  e  o  
comodato.  
  
•   Contratos  bilaterais  (sinalagmáticos):  
São   os   que   criam   obrigações   recíprocas   para   as   partes,   ou   seja,   há  
sempre   uma   contraprestação.   Isto   torna   os   contratantes,   ao   mesmo  
tempo,  credores  e  devedores.  A  sua  essência  reside  na  reciprocidade  das  
prestações.  
  
A   classificação   de   contratos   onerosos   e   gratuitos   considera   a   vantagem   ou  
objeto  pretendido  pelas  partes.  
  
•   Contratos  Gratuitos:  
Estes  contratos,  também  conhecidos  como  ‘benéficos’,  geram  benefícios  
apenas   para   uma   parte,   como   no   caso   do   comodato   e   doação   pura,  
contendo  sempre  uma  liberalidade,  ou  seja,  uma  generosidade.  
  
•   Contratos  Onerosos:    
Estes  tipos  de  contrato,  por  sua  vez,  são  aqueles  que  impõem  ônus  para  
ambas  as  partes  e  geralmente  se  classificam  em  comutativos  e  aleatórios.  
Comutativo:  São   aqueles   nos   quais   cada   parte   recebe   da   outra   uma  
prestação  equivalente  à  sua.  São  sempre  sinalagmáticos.  
Aleatório:  Dos  quais  são  exemplos  o  seguro,  a  venda  de  coisa  futura,  o  
jogo,  a  aposta,  o  plano  de  saúde  etc.,  envolvem  incerteza  e  risco  e,  por  
isso,  também  são  designados  de  sorte.  Neste  tipo  de  contrato  não  existe  
   8  
equilíbrio  entre  as  prestações.  Qualquer  uma  das  partes  pode  obter  ganho  
ou  prejuízo.  
  
•   Contratos  Consensuais:  
Se   realizam   pelo   simples   consentimento   das   partes.   A   declaração   de  
vontades   é   condição   suficiente   e   necessáriapara   que   ocorram.  Como  
exemplo,  temos  os  contratos  de  compra  e  venda,  de  locação  etc.  Paulo  
Nader   (2010)  alerta  para  o   fato  de  a   terminologia  ser   inadequada,  pois  
todas  as  outras  classes  de  contratos  nascem  do  consenso.  
  
•   Contratos  Reais:  
Exigem  que,  além  do  consenso,  a  coisa  seja  entregue  à  outra  parte.  O  
contrato,  então,  só  se  concretiza,  com  a  entrega  da  coisa.  Como  exemplo,  
temos  o  empréstimo,  o  penhor,  a  anticrese.  
  
•   Contratos  Formais:  
Não   permitem   debates   e   transigência   entre   as   partes   porque   um   dos  
contratantes   apenas   aceita   as   cláusulas   e   as   condições   previamente  
redigidas   e   impressas   pela   outra   parte,   aderindo   a   uma   situação  
contratual  definida  em  todos  os  seus  termos.  
AULA  2  –  A  FORMAÇÃO  E  EXTINÇÃO  DO  CONTRATO  
  
Introdução:  
Para  entendermos  completamente  a  sua  formação,  teremos  que  analisar  as  três  
fases,  a  saber:  a  proposta,  a  aceitação  e  a  conclusão.  
Veremos   também   que   o   vínculo   contratual   pode   se   romper   por   vontade   de  
ambas  as  partes,  de  uma  só  parte  ou  por   inadimplemento  culposo  ou  fortuito.  
Assim,  pode  ocorrer  a  resolução,  resilição  unilateral  ou  o  distrato.  
  
Formação  do  Contrato:  
De  acordo  com  Paulo  Nader  (2010),  o  estudo  da  formação  dos  contratos  deve  
se  voltar  para  a  gênese  do  acordo  de  vontades,  pois  “O  consentimento  de  todos  
os  interessados  é  um  dado  fundamental  à  existência  do  contrato”  (p.  51).  Apesar  
   9  
de  o  processo  de  formação  do  contrato  ter  uma  base  comum,  existe  variação  de  
procedimentos   segundo   a   classe   contratual.   Assim,   se   levarmos   em  
consideração  o  contrato  consensual,  o  acordo  de  vontades  é  o  bastante.  Caso  o  
contrato  seja  solene,  o  consentimento  será  baseado  na  lei  e,  enfim,  se  tratarmos  
do  contrato  real,  o  requisito  básico  será  a  ‘entrega  da  coisa’.  
No  Código  Civil  de  2002  há  uma  seção  própria  sobre  a  questão  da  Formação  do  
Contrato,  ou  seja,  a  Seção  II  que  abrange  do  artigo  427  ao  434.  Neste  ponto  é  
interessante  definirmos  alguns  termos  relevantes  e  pertinentes  à   formação  do  
contrato:  
•   Proposta  ou  Oferta:  é  a  declaração  inicial,  é  aquela  que  suscita  o  contrato.  
•   Proponente  ou  Policitante:  é  aquele  que  emite  a  proposta  ou  oferta.  
•   Policitação:  é  a  proposta  ainda  não  respondida,  não  aceita.  
•   Declaração  de  Vontade:  é  a  aceitação,  indo  ao  encontro  da  oferta.  
•   Oblato  ou  Aceitante:  é  o  declarante.  
A   formação   do   contrato   tem   três   fases:   proposta,   aceitação   e   conclusão.   É  
preciso  saber  que  a  proposta  e  a  aceitação  são  consideradas  negócios  jurídicos  
unilaterais.  
•   Proposta:  também  conhecida  como  oferta  ou  policitação,  é  considerada  
a  primeira  etapa  do  processo  de  formação  do  contrato.  É  a  exteriorização  
da   vontade   de   uma   parte   em   celebrar   um   contrato   com   alguém.   A  
proposta,   também  chamada  de  oferta,   pode  ser  apresentada  de   forma  
escrita,  oral  ou  por  gestos  (como  ocorre  em  leilões)  e,  quando  isso  ocorre,  
ela   é   chamada   de   proposta   expressa.   Quando   não   é   esse   o   caso,   é  
chamada  de  tácita,  ou  seja,  é  manifestada  de  várias  formas,  como,  por  
exemplo,  quando  um  comerciante  que  recebeu  uma  encomenda  dá  início  
à   sua  entrega,   não  podendo  posteriormente  dizer   que  o  ajuste  não   se  
efetuou  por  falta  de  aceitação.  
•   Aceitação:   é   a   declaração   posterior   à   proposta   e   o   declarante   é  
designado  como  aceitante  ou  oblato.  Do  mesmo  modo  da  proposta,  como  
vimos   anteriormente,   a   aceitação   é   considerada   negócio   jurídico  
unilateral,  cujos  efeitos  são  previstos  por  lei.  
   10  
•   Conclusão:   O   processo   de   formação   do   contrato   está   concluído   na  
ocasião  em  que  a  vontade  do  oblato  adere  à  proposta.  Este  momento  
varia  de  acordo  com  a  presença  ou  a  ausência  dos  contratantes.  
  
Requisitos   de   Validade   dos   Contratos:   são   considerados   requisitos   de  
validade,  os  seguintes  itens  (art.  104,  do  Código  Civil):  
•   Agente  Capaz;;  
•   Objeto  Lícito;;  
•   Forma  prescrita  e  não  defesa  em  lei.  
  
Contrato  Preliminar:  segundo  o  artigo  462,  deve  conter   todos  os  elementos  
essenciais  ou  elementares  ao  contrato  a  ser  celebrado.  A  sua  forma  é  livre,  não  
sendo  necessária  aquela  do  contrato  propriamente  dito.  Apesar  de  não  estarem  
literalmente   na   lei,   os   contratos   preliminares   que   regulam   negócios   de   valor  
elevado  devem  ser  celebrados  por  escrito,  pois  a  prova  testemunhal  não  vale  
para   transações   que   envolvam   grandes   somas.   Quando   celebram   contratos  
preliminares,   as   partes   assumem   a   obrigação   recíproca   de,   posteriormente,  
firmarem  contrato  definitivo.    
De  acordo  com  Silvio  Rodrigues  (2004:130)  quando  um  dos  contratantes,  apesar  
de   ter   firmado   contrato   preliminar,   no   qual   não   conste   cláusula   de  
arrependimento,  se  recusa  a  outorgar  um  instrumento  definitivo,  qualquer  uma  
das   partes   poderá   exigir   a   celebração   do   contrato   definitivo   em   prazo  
determinado.   Se,   ainda   assim,   a   parte   se   recusar   a   assinar   o   instrumento  
definitivo,   o   juiz   poderá   transformar   o   contrato   preliminar   em   definitivo.   A  
sentença,  então,  passa  a  valer  como  contrato  e  deve  ser  registrada  no  registro  
competente,  ato  que  permite  ao  contraente  reclamar  perdas  e  danos.  
  
Execução  e  Extinção  do  Contrato:  
  
Execução:   Com   a   conclusão   do   contrato,   seus   efeitos   começam   a   ser  
produzidos   imediatamente,   isto   é,   direitos   e   obrigações,   créditos   e   débitos.  
Conforme   Paulo   Nader   (2010:147),   “O   natural   na   vida   dos   contratos   é   o  
cumprimento  das  obrigações,  por  ambas  as  partes,  até  que  os  resultados  finais  
   11  
previstos  sejam  alcançados”.  Contudo,  há  algumas  situações  que  acarretam  a  
dissolução  do  vínculo  contratual.  
  
Extinção:  A  extinção  do  contrato  ocorre  quando  este  perde   totalmente  a  sua  
eficácia.   Os   contratos   são   passíveis   de   extinção   por   nulidade   absoluta   ou  
relativa.  De  acordo  com  Nader  (2010:148),  “Contrato  nulo  é  o  que,  embora  reúna  
os   elementos   essenciais   à   formação   do   negócio   jurídico,   contraria   norma   de  
ordem  pública”.  
  
Distrato:  Distrato,  resilição  bilateral,  resilição  consensual  ou  mútuo  dissenso  é  
o   acordo   das   partes   cujo   objeto   é   desfazer   o   contrato   que   ainda   tem  efeitos  
jurídicos  a  provocar  e  esses  efeitos  ocorrem  a  partir  da  declaração  de  nulidade.  
Há  contratos  que  não  permitem  efeito  retroativo,  como  é  o  caso  dos  contratos  
de  execução  continuada.  A  partir  do  momento  em  que  existe  o  vínculo,  o  contrato  
é  passível  de  distrato,  um  exercício  fundamentado  no  princípio  da  autonomia  da  
vontade,  pois  se  o  contrato  atende  à  conveniência  de  duas  ou  mais  vontades,  o  
distrato  também  pode  ser  interessante  para  elas.  
A   noção   de   distrato   não   cabe   em   contrato   de   execução   instantânea,   pois,pressupõe  que  existam  efeitos  a  serem  produzidos  no  futuro.  Da  mesma  forma,  
não  se  pode  falar  em  distrato  se  o  contrato  terminou  de  forma  normal.    
Apesar  de  as  partes  terem  liberdade  para  defender  seus  interesses  ao  firmarem  
um   distrato,   essa   liberdade   é   limitada,   pois   a   transação   deve   obedecer   aos  
princípios  básicos  do  direito  e  às  disposições  legais  vigentes.  O  art.  472  dispõe  
sobre   a   forma   do   distrato   e   prega   que   este   pode   ser   feito   por   instrumento  
particular  ou  mesmo  livre.  Porém,  a  parte  interessada  deve  ter  provas,  no  caso  
de  um  eventual   litígio.  Quando  do  pacto  que  tem  por  objetivo  a  dissolução  do  
contrato,  as  partes  devem  resolver  os  seus  interesses  pendentes,  pois  situações  
não  esclarecidas  podem  gerar  litígio  judicial.  
  
Resilição  Unilateral:  é  o   desfazimento   de   um   contrato   por  manifestação   de  
vontade   de   uma   das   partes.   Ressalta-­se   que   esta  modalidade   não   pode   ser  
confundida  com  descumprimento  ou  inadimplemento,  pois  na  resilição  unilateral,  
a  parte  não  tem  mais  vontade  de  manter  o  vínculo.    
   12  
O  art.  473  prevê  a  notificação  da  contraparte,  sem  referências  a  prazo,  o  que  é  
estabelecido  de  acordo  com  o  caso.  Assim,  geralmente,  permite-­se  a  resilição  
unilateral  nos  contratos  por  prazo  ilimitado  e  sempre  requer  uma  notificação.  
  
Resolução:   é   o   meio   de   dissolução   do   contrato   como   consequência   de  
onerosidade  excessiva  ou  de   inadimplemento  culposo  ou   fortuito.  Quando  há  
descumprimento  do  contrato,  ele  deve  ser  tecnicamente  resolvido.    
De   acordo   com   Paulo   Nader   (2009:152),   “a   cláusula   resolutiva   pode   ser  
expressa   ou   tácita”.   Ela   é   expressa   quando   existe   previsão   específica   de  
desfazimento  do  contrato  diante  da  inexecução  da  obrigação.  
Se  não  houver  cláusula  expressa  que  possibilite  a  resolução  e  uma  das  partes  
descumpra  a  sua  obrigação,  a  parte  prejudicada  deverá  interpelar  o  inadimplente  
caracterizando  a  mora  e,  posteriormente,  produzir  o  pedido  judicial.    
  
Exceção   de   Contrato   não   Cumprido:  Este   princípio   opera   em   relação   aos  
contratos   bilaterais   e   estabelece   que   a   parte   devedora   não   pode   exigir   da  
contraparte   o   cumprimento   da   obrigação   enquanto   se  mantiver   inadimplente.  
Paulo   Nader   (2009:154)   chama   atenção   para   a   forte   conotação  moral   deste  
princípio.  Assim,  ele  afirma:  
“Tratando-­se   de   contrato   em   que   ambas   as   partes   possuem,  
reciprocamente,  direitos  e  obrigações,  derivados  de  um  mesmo  negócio  
jurídico,   seria   ilógico   se   o   devedor   pudesse   exigir   a   contraprestação  
estando  em  débito  com  a  prestação.  Se  “A”  contrata  com  “B”  a  pintura  de  
um  quadro,  a  ser  executado  no  prazo  de  três  meses  e  compromete-­se  a  
adiantar   metade   do   preço   em   trinta   dias,   ficará   impedido   de   exigir   a  
entrega  da  obra  de  arte  se  não  efetuar  o  pagamento  parcial  combinado.  
Se,  não  obstante,   “A”   requerer   judicialmente  contra   “B”  este  poderá  se  
defender,  alegando  a  exceptio  non  adimplenti  contractus.  (...)  O  princípio,  
que  é  um  meio  de  defesa,  está  consagrado  no  art.  476  do  Código  Civil.”  
  
A  exceptio  non  adimpleti  contractus  é  base  para  o  não  pagamento  e  não  para  a  
dissolução   do   vínculo   contratual.   Há   ainda   a   exceptio   non   rite   adimpleti  
contractus   que   autoriza   o   não   pagamento   de   uma   contratante   quando   a  
contraparte  cumpriu  apenas  uma  parcela  da  obrigação.  
   13  
  
Resolução  por  Onerosidade  Excessiva  ou  Cláusula  rebus  sic  stantibus:  
Esta   modalidade   se   refere   aos   contratos   comutativos   (bilateral   oneroso)   e  
àqueles  de  execução  continuada  (no  futuro,  em  prestações,  como  a  locação  de  
imóvel)   ou   diferida   (no   futuro,   de   uma   só   vez,   como  na   compra   fiada),   cujos  
efeitos  são   futuros.  Como  não  é  do   tipo  aleatório,  deve  haver  equilíbrio  entre  
prestação   e   contraprestação,   enquanto   o   vínculo   durar.   As   partes,   ao  
consentirem,  consideram  o  conjunto  de  circunstâncias  existentes,  tendo  em  vista  
a  perspectiva  do  futuro,  mas  de  acordo  com  o  que  há  no  presente.  A  obrigação  
é  assumida  com  base  no  presente,  mas,  se  ocorre  algum  fato  novo  e  imprevisível  
que  acarreta  ônus  excessivo  a  uma  das  partes,  o  disposto  nos  artigos  478  a  480  
do  Código  Civil  ampara  a  parte  prejudicada,  compreendendo  as  possibilidades  
de:  
A.  Resolução  do  contrato.  
B.  Reequacionamento  das  condições,  espontaneamente  pelas  partes.  
C.   Redução   judicial   das   prestações   devidas   ou   alteração   na   forma   de  
pagamento.  
  
A  teoria  da  imprevisão  (art.  317  do  Código  Civil)  permite  que,  a  partir  de  fatores  
imprevistos,   quando   passa   a   existir   desproporção   entre   o   valor   da   dívida  
assumida  e  o  da  execução,  a  parte  faça  o  requerimento,  o  juiz  efetue  a  devida  
correção   desta   dívida.   Assim,   de   acordo   com   o   previsto   no   art.   478,   a   parte  
prejudicada   tem   o   direito   de   requerer   judicialmente   a   resolução   do   contrato,  
contudo,  ficará  sob  a  sua  responsabilidade:  
•   A  prova  da  excessiva  onerosidade.  
•   A   indicação   dos   fatores   desencadeantes   da   desproporção   entre   as  
condições  existentes  no  momento  do  contrato  e  à  época  da  execução.  
•   Demonstração  da  imprevisibilidade  das  mudanças  ocorridas.  
  
A   sentença,   quando   o   pedido   é   considerado   procedente,   acarretará   efeitos  
retroativos  à  data  da  citação.  Contudo,  o  réu  tem  a  possibilidade  de  impedir  a  
resolução,  mas,  para  isso,  deverá  oferecer  condições  para  o  reequacionamento  
justo  das  condições  do  contrato.  
   14  
Conforme  Nader  (2009),  com  base  no  artigo  480,  quando  só  uma  parte  possui  
obrigações,  esta  conta  com  a  possibilidade  de  requerer  a  revisão  da  dívida,  com  
o  objetivo  de  mudar  a  forma  de  pagamento,  ou  mesmo,  reduzi-­la,  a  fim  de  evitar  
a  onerosidade  excessiva.  
Depois   de   analisarmos   a   formação   e   a   extinção   dos   contratos,   devemos  
observar   detidamente   a   importância   da   gestão   dos   contratos   nas   empresas,  
prática   que   começa   a   ganhar   importância   no   Brasil   desde   o   final   da   última  
década.  
  
AULA  3  –  A  GESTÃO  DOS  CONTRATOS  NO  AMBIENTE  CORPORATIVO  
  
A  Gestão  de  Contratos:  
Como  vimos  anteriormente,  os  contratos  são  vitais  para  a  economia  capitalista.  
É  importante  que  as  empresas  os  utilizem  para  fundamentar  as  suas  relações  
comerciais.  É  essencial  também  que  as  corporações  façam  uma  boa  gestão  de  
seus   contratos,   pois   eles   envolvem   capital   e   risco.   A   gestão   de   contratos   é,  
atualmente,   uma   nova   disciplina   de   negócios.   De   acordo   com  Walter   Freitas  
(2009),  o   tema  da  Gestão  de  Contratos  surgiu  nos  Estados  Unidos,  na  última  
década  do  século  XX  e,  no  Brasil,  a  partir  de  2006.  
  
Definição:  
A   definição   de   gestão   de   contratos   se   traduz   em   práticas   ou   fatores   de  
desempenho   eenvolve   as   diversas   esferas   da   empresa.   É   necessário  
estabelecer   uma   integração  entre   as  áreas  de   suprimentos/compras,   jurídico,  
comercial,   negócios/técnica,   apoio/suporte,   recursos   humanos,   departamento  
financeiro  e  marketing.  
  
Vantagens  de  Controlar  Contratos:  
Conforme   Mateus   Covolo   e   Danilo   Amadio,   “a   gestão   de   contratos   é   uma  
ferramenta   eficaz   na   integração   de   negócios   realizados   em   ambiente  
empresarial”.      
A  falta  de  controle  dos  contratos  nas  empresas  pode  ter  várias  consequências  
como  o  pagamento  de  quantias  abusivas,  o  desconhecimento  de  cláusulas  e  a  
   15  
aceitação  de  serviços  diferentes  daqueles  especificados  no  contrato,  o  que  pode  
redundar  em  prejuízos  expressivos.  
Segundo  Freitas  (2009),  geralmente,  nas  empresas,  o  controle  dos  contratos  fica  
por   conta   dos   departamentos   de   Fechamento   ou   de   Administração   dos  
Contratos.   Contudo,   em   alguns   casos,   a   solução   é   competência   de   toda   a  
companhia.    
Vejamos  agora  como  o  controle  dos  contratos  pode  gerar  vantagens  para  as  
diversas  áreas  de  uma  corporação:  
•   No   caso   da   Tecnologia   da   Informação,   o   controle   dos   contratos   de  
terceirização  e   infraestrutura  pode  auxiliar,  por  um  lado,  na  redução  de  
custos  e  de  riscos,  ao  implementar  documentação  dos  Acordos  de  Nível  
de  Serviço  (SLA)  dos  contratos,  com  integração  dos  atores  da  contratação  
e,   por   outro   lado,   na   redução   de   custos   ao   utilizar   ferramentas   para  
controle  dos  reajustes  e  renovações  contratuais.  
•   No   campo   dos  suprimentos   é   possível   reduzir   custos   ao   alertar   para  
renovações  e  expirações  pendentes  com  tempo  para  negociação  efetiva.  
Também  é  possível  reduzir  os  riscos  de  perdas  de  termos  e  condições  
críticas  e  prazos  ao  implementar  o  processo  de  compra  com  RFx  (RFI,  
RFP,  RFQ),  por  meio  de  ferramenta  adequada  e,  pode-­se  reduzir  o  prazo  
na   contratação   com   implementação   de   automatização   de   aprovação   e  
assinatura  de  contratos.  
•   Nos  Departamentos  Comerciais  e  de  Marketing,  a  gestão  dos  contratos  
simplifica  o  controle  de  documentos  como  contratos,  acordos  comerciais,  
certidões   e   patentes,   o   que   torna   o   controle  mais   fácil,   seguro   e   ágil,  
evitando   perdas   de   prazos   e   atrasos   em   recebimentos   relacionados.  
Assim,  os  empregados  passam  a  ter  mais  tempo  para  se  dedicar  a  outras  
atividades.  Além  disso,  confere  segurança  e  antecedência  para  as  ações,  
não  importando  a  quantidade  de  contratos  e  documentos  que  a  empresa  
possua.  Outra   vantagem  é   que,   utilizando  a   ferramenta   de   sistema  de  
gestão  de  contratos  adequada  para  o  controle  de  certidões,  é  possível  
saber   com   antecedência   sobre   os   prazos   para   emissão   ou   requisição  
dessas  certidões,  o  que  permite   também  que  os  envolvidos  na  fase  de  
contratação   tenham   a   visibilidade   de   todos   os   documentos   e   de   suas  
validades.  Finalmente,  possibilita  o  controle  da  documentação  por  cliente,  
   16  
como   histórico   e   capacidade   de   pagamento,   além   de   documentos  
constitucionais,  como  o  contrato  social.      
  
Processos  de  Negócios  e  Gestão  de  Contratos:  
Walter   Freitas   utiliza   em   sua   obra   o   modelo   de   gestão   (CLM   –   Contract  
Lifecycle  Management)  cujos  processos  e  indicadores  estão  referenciados  
no  CMBOK  –  NCMA  (Contract  Management  Body  of  Knowledge  do  NCMA  
–  USA).  A  seguir,  podemos  observar  a  figura  que  mostra  a  lista  de  competências  
do  CMBOK  utilizadas  pelo  autor.  
Descrição  das  competências  do  CMBOK  e  respectivas  fases  do  ciclo  de  vida  dos  
contratos:  
  
  
  
  
  
  
  
De   acordo   com   Freitas   (2009:27),   utilizando   o   conceito   do   BPM&BPMS:  
Business   Management   &   Business   Process   Management   Systems,   “Todo  
processo   é   um   conjunto   de   eventos   interrelacionados,   dispostos   numa  
sequência  lógica  e  cronológica  para  produzir  um  bem  ou  serviço”.    
A  seguir,  temos  um  quadro  com  a  estrutura  do  processo  de  negócios:  
  
  
  
  
  
 
  
  
  
  
   17  
Na  figura  que  segue  (p.  11),  observamos,  de  modo  simplificado,  as  atividades  
da  empresa  e  seu  fluxo,  relativos  ao  propósito  Passos,  do  quadro  anterior.  
  
Macroesquema  de  atividades  no  negócio  do  Modelo  de  Atividades  de  Negócio  
do  Massachusetts  Institute  od  Technology  (MIT),  Business  Activity  Model  (BAM).  
  
A  próxima  figura  (Freitas,  2009:11)  ajuda  a  visualizar  o  detalhamento  (sequência  
de   atividades   em   um   nível  menor)   de   compra   e   venda   e   a   relação   entre   as  
atividades  descritas.  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
A  descrição  dos  processos  da  organização  também  pode  envolver  os  processos  
nos  quais  os  contratos  são  documentos  relativos  a  Entradas  ou  Saídas.    
Compilar   estes   processos   possibilita   identificar   as  melhores   práticas   e   saber  
como   trazer   melhorias   para   as   empresas,   tomando   por   base   as   práticas   já  
testadas  por  corporações  de  classe  mundial.    
Freitas   ressalta   que,   apesar   de   esses   processos   serem   retratados   objetiva   e  
concretamente,   deve-­se   levar   em   consideração   a   cultura   e   os   valores  
corporativos.  
  
   18  
As  boas  práticas  geraram  frameworks  de  trabalho  que  se  tornaram  referência  
para  determinados  fins.  Como  exemplos,  temos  o  Project  Management  Base  of  
Knowledge   (PMBOK),   para   gestão   de   projetos   e   o   Capability  Maturity  Model  
Integration   (CMMI),   para   fomentar   o   sucesso   da   gestão   de   projetos   no  
desenvolvimento   dos   sistemas   de   informação.   Esses   frameworks,   de   forma  
geral,  são  afetos  ao  tema  dos  contratos,  na  medida  em  que  esse  assunto  está,  
via  de  regra,  relacionado  às  atividades  empresariais.  
De  acordo  com  Freitas  (2009),  o  uso  dessas  ferramentas,  além  de  melhorar  a  
gestão  de  contratos,  pode  gerar  impactos  positivos  para  a  gestão  da  empresa.  
O  autor  mostra  três  pontos  de  contato  importantes  desse  modelo  com  a  gestão  
de  contratos.  
•   Liderança:   No   caso   da   governança   corporativa,   a   implementação   de  
processos  gerenciais  contribui  muito  para  gerar  transparência  e  aprimorar  
o  nível  de  confiança  entre  as  partes  envolvidas,  gerando  impacto  no  valor,  
na   sustentabilidade   financeira,   social   e   ambiental   e   na   imagem   da  
organização.   “A   implementação   de   melhores   práticas   na   gestão   de  
contratos   levará   a   corporação   a   uma   evolução   de   seus   controles,  
reduzindo   riscos   envolvidos   e   diminuindo   custos   associados”.   (Freitas,  
2009:14).  
•   Clientes:  Contribui  para  a  satisfação  e  fidelização  dos  clientes  em  relação  
aos   produtos   e   marcas.   O   relacionamento   com   o   cliente   implica   em  
celebrar  contratos  que  se  adéquem  ao  tipo  de  relacionamento  esperado  
(formato,  duração,  registros,  colaboração).  
•   Processo:  Nos  processos  de  negócios,  sejam  eles  principais  ou  de  apoio,  
haveráimpacto  parcial,  porque  o  modelo  de  gestão  revisará  o  modelo  de  
gestão   de   contratos   referentes.   Também   haverá   otimização   do  
relacionamento  com  os  fornecedores,  pois  tal  relacionamento  é  coberto  
por  contratos  de  fornecimento  que  serão  monitorados.        
  
  
  
  
  
  
   19  
Modelo  de  Gestão  CLM  (Contract  Lifecycle  Management):  
Segundo  Freitas,  a  gestão  do  ciclo  
de   vida   dos   contratos   é   definida  
pelo   relatório   do   Aberdeen   Group  
como   a   gestão   da   criação,  
execução  e  análise  do  contrato  e  é  
vista   como   um   processo  
sistemático   e   conectado   para   o  
propósito   de   maximizar   a  
performance   operacional   e  
financeira   e   minimizar   riscos  
(Freitas,  2009:2).  
Para  melhorar  o  controle  e  o  resultado  dos  contratos  nas  empresas,  é  necessário  
modificar  a  forma  de  trabalho  da  criação  à  celebração  e  execução.  No  bojo  das  
novas  realidades  e  dinâmicas,  há  uma  nova  metodologia  relativa  ao  ciclo  de  vida  
dos   contratos   que   traz   um   modelo   de   processos,   atribuições   e   ferramentas  
adequadas  à  gestão  que  envolve   todo   tipo  de  contrato   (aquisição,   comercial,  
propriedade   intelectual   etc.).   Torna-­se   importante,   então,   definir   o   tipo   de  
contrato  a  ser  utilizado.    
Para  Freitas,  há  três  tipos  de  contratos  mais  utilizados  em  ambiente  privado  e  
público.  São  eles:  
1.   Contratos   de   Preço   Fixo:   não   estão   sujeitos   a   ajuste   baseado   na  
experiência   de   custo   da   empresa   contratada.   A   responsabilidade   pelo  
risco  da  execução  e  do   resultado   financeiro  do  contrato  é  da  empresa  
contratada  que  deve  controlar  os  custos  e  fornecer  uma  execução  efetiva.  
Exemplos  deste  tipo  são  os  contratos  de  preço  fixo  com  ajuste  econômico,  
como  contratos  de  terceirização  de  mão  de  obra,  que  são  de  preços  fixos,  
mas  permitem  reajustes  baseados  em  tabelas  publicadas  por  sindicatos.  
2.   Contratos  de  Custos  Reembolsáveis:  referem-­se  a  custos  permitidos  e  
alocáveis,   cuja  ocorrência   foi   prevista  durante  a  execução  do  contrato.  
Este   tipo  pode   ter  variantes  de  acordo  com  a   forma  e  a  quantidade  do  
reembolso,   podendo   ser   contratos   de   custos   (somente   reembolso),  
compartilhamento  de  reembolsos  e  custos  reembolsáveis  mais  uma  taxa  
fixa.  
   20  
3.   Contratos  de  Tempo  e  Material:  são  contratos  de  aquisição  de  produtos  
ou   serviços,   baseados   no   custo   da   hora   de   trabalho   (salário   do  
profissional,  despesas  compartilhadas,  despesas  gerais  e  administrativas  
e  lucratividade  desejada)  e  custo  dos  produtos  adquiridos.  
  
Freitas   (2009:18)   mostra   na   figura   a   seguir   (Tipos   de   contratos   e   seus  
respectivos   níveis   de   riscos   para   Compradores   e   Vendedores)   os   riscos  
associados   aos   tipos   de   contratos   descritos   anteriormente   para   as   partes  
envolvidas.  
  
  
  
  
  
Para   a   escolha   do   melhor   tipo   de   contrato,   pode   ser   interessante   utilizar   a  
avaliação  baseada  no  grau  de  (in)certeza  do  negócio  e  tecnologia  envolvidos  e  
no  grau  de  liberdade  que  o  fornecedor  deverá  ter  em  relação  à  contratação  
A   partir   da   ilustração,   podemos  
notar   que   o   Contrato   Risco-­
Recompensa   (remuneração  
ocorre   conforme   resultados  
apresentados)   é   mais   indicado  
para  contratações  que  têm  baixo  
grau  de  restrição  e  maior  grau  de  
incerteza   de   negócios   e  
tecnologias  envolvidos.  
Os   Contratos   de   Taxas   Fixas,   cuja   remuneração   é   definida   previamente,   de  
acordo  com  os  serviços  e  os  produtos   identificados,  devem  ser  utilizados  em  
contratos  com  maior  grau  de  restrição  e  menor  grau  de  incerteza  de  negócios  e  
tecnologia.  Freitas  (2009:19)  conclui  que  “a  empresa  pode  rever  seus  processos  
de   gestão   de   contratos   e   aplicar   melhorias   direcionadas   e   baseadas   em  
melhores  práticas”.      
  
  
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Fases  do  Ciclo  de  Vida  dos  Contratos:  
A  referência  a  melhores  práticas  de  nível  mundial  na  gestão  de  contratos  está  
baseada  no  CMBOK,  Contract  Management  Body  of  Knowledge  (NCMA  –  USA).  
De  acordo  com  o  que  escreve  Freitas  (2009),  do  ponto  de  vista  da  criação,  o  
ciclo  de  vida  dos  contratos  tem  duas  etapas:  a  fase  de  formalização  que  vai  da  
requisição   até   a   assinatura   e   a   fase   de   execução   que   abrange   desde   a  
assinatura  até  o  encerramento.  
De  acordo  com  Freitas  (2009),  as  etapas  envolvidas  nestas  fases  são:  
•   Definição:   Esta   etapa   diz   respeito   às   políticas   de   contratação,  
documentos  constitucionais,  alçadas  e  outros  elementos  que  influenciam  
a  criação  dos  contratos.  É  preciso  considerar  esta   fase  durante   todo  o  
ciclo  de  vida  dos  contratos.  
•   Pré-­Contratação:  Etapa  na  qual  os  elementos  preliminares  do  contrato  
são  tratados.  Isto  inclui  a  requisição  do  produto  ou  serviço,  a  pesquisa  de  
mercado,   a   seleção   do   tipo   adequado   de   contrato   e   a   definição   da  
estratégia  de  aquisição.  
•   Contratação:   Etapa   relativa   às   atividades   voltadas   à   assinatura   do  
contrato.   Inclui   a   preparação   de   requisições,   avaliação   das   propostas,  
RFx,   negociação,   escolha   do   fornecedor   (ou   fechamento   de   uma  
proposta).  
•   Pré-­Execução:  Etapa  de  assinatura  do  contrato  e  os  outros  participantes  
são   informados   sobre   o   fechamento.   Prepara-­se   o  monitoramento   dos  
eventos   contratuais   mais   críticos,   identificando   formas   de  
armazenamento,  acessos  e  responsáveis.  
•   Execução:  Etapa  relativa  às  atividades  de  administração  do  contrato  e  
que   tem  por   objetivo   assegurar   a   sua   performance   e   a   sua   conclusão  
bem-­sucedida.  Estão  incluídos  a  execução  de  modificações  no  contrato,  
encaminhamento   de   problemas   durante   a   execução   e   a   obtenção   ou  
fornecimento  de  produtos  ou  serviços,  os  pagamentos  e  o  encerramento.  
  
A  seguir,  listamos  os  departamentos  e  profissionais  envolvidos  na  contratação  
ou  gestão  dos  contratos:  
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•   Suprimentos/Compras:   departamento   envolvido   no   fechamento   da  
negociação  de  contratos  de  aquisição.  Esta  área  também  é  chamada  de  
Fechamento  de  Contratos.  
•   Jurídico:   área   cuja   função   é   propiciar   o   suporte   para   a   formatação,  
formalização,  análise  de  não  conformidade  e  ações  legais  relacionadas.  
Esta  área,   tradicionalmente,   também  pode  se  ocupar  com  a  gestão  de  
contratos.  
•   Áreas   de   apoio:   outras   áreas   que   interagem   com   os   departamentos  
envolvidos  na  contratação  ou  gestão  dos  contratos.  Estas  áreas  de  apoio  
podem,   em   certos   casos,   demandar   produtos   ou   serviços   contratados  
como  o  departamento  financeiro  e  a  área  de  tecnologia.  Exemplo:  a  área  
de  TI  dá  suporte  a  vários  departamentos  sobre  a  escolha  de  soluções  de  
hardware,   softwares,   conectividade  etc.  Por   outro   lado,   pode   requisitar  
contratos  de  serviços,  como  a  consultoria  para  seu  próprio  uso.  
•   Áreas   de   negócios:   também   conhecidas   comoáreas   solicitantes   ou  
áreas  técnicas  por  demandar  produtos  ou  serviços  ligados  aos  contratos.  
•   Fornecedores/Clientes:  as  empresas  que,  por  meio  da  celebração  de  
contrato,  comercializam  ou  adquirem  produtos  ou  serviços.  
•   Gestão   de   contratos:   área   responsável   pela   legalidade   do  
relacionamento   contratual   (cancelamentos,   documentação,   controle   de  
exigíveis).   Freitas   alerta   para   o   fato   de  que  nem  sempre  as   empresas  
mantêm  esse  tipo  de  departamento.  
•   Comercial:  área  demandante  de  contratos   relativos  ao   faturamento  da  
empresa.  
  
Freitas  (2009)  mostra  que  existe  um  framework  ou  conjunto  de  melhores  práticas  
que  pode  ser  utilizado  para  melhorar  a  gestão  de  contratos  chamado  de  Contract  
Management  Maturity  Model  (CMMM).  Tal  modelo  diz  respeito  às  capacidades  
organizacionais  que  podem  produzir  melhores  resultados  para  fornecedores  e  
vendedores  de  produtos,  serviços  e  soluções  integradas.    
Vejamos  a  figura  relativa  às  vendas:  
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Observemos,  agora,  a  figura  que  diz  respeito  às  compras:  
  
  
  
  
Benefícios:  
As  empresas  buscam  um  modelo  de  gestão  de  contratos  mais  atual  que  resolva  
problemas,  como  melhor  definição  das  atribuições  nas  funções  relacionadas  à  
celebração,  redução  de  tempo  para  a  aprovação  de  contratos  de  aquisição  ou  
vendas,   controle   de   prazos   para   a   elaboração   de   minutas   e   assinaturas   de  
contratos.  Os  benefícios,  conforme  Freitas  (2009),  são  financeiros  (redução  de  
custos  na  aquisição  de  produtos  e  serviços)  e  a  diminuição  de  riscos  legais,  o  
que  aumenta  a  efetividade  no  controle  de  documentos  necessários  durante  a  
execução  de  seus  contratos.  
  
AULA  4  –  CONTRATOS  DE  TERCEIRIZAÇÃO  DE  TI  E  ACORDO  DE  NÍVEL  
DE  SERVIÇO  (SLA)  
Introdução:  
Ainda  são  poucas  as  empresas  que  mantém  o  controle  dos  contratos.  Nesta  aula  
analisaremos  quais  são  as  vantagens  de  investir  neste  tipo  de  gestão  e  quais  
são  as  ferramentas  e  recursos  para  otimizar  o  processo  de  gestão  de  contratos.  
As  principais   ferramentas/recursos  abordados  pelo  autor  Walter  Freitas  são  a  
Guarda   Física   de   Documentos,   o   Sistema   de   Gerenciamento   Eletrônico   de  
Documentos  (GED)  e  o  Sistema  de  Gestão  de  Contratos  (SGC).  
Teremos  oportunidade  de  observar  as  relações  entre  os  contratos  (e  sua  gestão)  
e   a   governança   corporativa,   bem   como   conhecer   alguns   indicadores   que  
possibilitam   a   avaliação   dos   impactos   das   ações.   A   análise   das   respostas   a  
esses  indicadores  permite  também  que  se  desenvolva  um  ciclo  de  melhoria  da  
qualidade  nos  processos.  
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Nesta   ocasião   estudaremos   os  Contratos   de   Terceirização   de   Tecnologia   da  
Informação,  a  motivação  para  que  as  empresas  optem  por  este  tipo  de  relação  
contratual   e   os   riscos   a   ela   associados.   Analisaremos   o   Escritório   de  
Gerenciamento  de  Vendedores  (VMO).  
Terminaremos  essa  aula  apreciando  as  dicas  práticas  para  o  gerenciamento  de  
contratos   empresariais,   fornecidas   por  Walter   Freitas   (2009),   bem   como,   um  
modelo  de  Acordo  de  Nível  de  Serviços  (SLA).  
  
Ferramentas  para  uma  gestão  de  contratos  (p.  25):  
De  acordo  com  Freitas  (2009),  ainda  são  poucas  as  empresas  no  mercado  que  
fazem   o   controle   dos   contratos.  Geralmente   eles   estão   dispersos   por   toda   a  
empresa  e  o  controle  de  suas  cópias  nem  sempre  é  realizado  corretamente.  A  
melhoria  do  controle  permite  que  os  profissionais  responsáveis  visualizem  seu  
portfólio  acompanhando  a  gestão  e  os  riscos  associados  a  eles.  
A  melhoria  do  controle  depende  da  utilização  correta  dos  recursos,  levando  em  
consideração   a   necessidade   e   o   orçamento   da   empresa   e   evitando   a  
redundância  de  ferramentas  ou  falta  de  integração  entre  elas.  
No  quadro  abaixo,  podemos  observar  ferramentas  e  recursos  que  podem  ajudar  
as  empresas  a  melhorar  os  resultados  de  seus  contratos.  
Quadro   “Algumas   ferramentas   e   recursos   utilizados   na   gestão   de   contratos”  
(Freitas,  2009:26).  
  
  
  
A  utilização  de  um  Sistema  de  Gestão  de  Contratos  (SGC)  tem  como  vantagens:  
maior  controle  dos  documentos,  a  sua  fácil  localização  e  o  acesso  por  meio  das  
pesquisas,  com   independência  dos  profissionais   (despersonalização)  e   rápido  
acesso  a  trilhas  de  auditoria.  
o  quadro  seguinte   (Freitas,  2009:27),  vemos  as  principais   ferramentas  para  a  
gestão  de  contratos.  
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Para   aplicar   a   disciplina   de   CLM,   a   empresa   precisa   documentar   os   seus  
processos  de  negócios  e  os  sistemas  utilizados  devem  ser  aderentes  a  esses  
processos.  
Na   figura   (Freitas,   2009:28),   podemos   visualizar   um   exemplo   do   fluxo   de  
atividades   para   o   controle   do   acervo   físico   dos   contratos,   relacionado   a   um  
processo  de  negócios  na  gestão  de  contratos.  Neste  exemplo,  descrevem-­se  os  
eventos  com  seus  avisos  de  alertas.  
  
Relação  entre  contratos  e  governança  corporativa:  
Para  definir  Governança  Corporativa,  Freitas  recorre  ao  contido  no  Código  de  
Melhores  Práticas  do  Instituto  Brasileiro  de  Governança  Corporativa.  
O   tema   da   governança   corporativa   tem   tomado   vulto   nas   organizações   em  
virtude   das   mudanças   ocorridas   recentemente,   como   o   crescimento   das  
empresas  que  leva  à  exposição  externa  (consequência  da  globalização),  à  busca  
de  novos  investimentos,  abertura  de  capital  e  proteção  contra  escândalos.  
De  acordo  com  Freitas,  a  avaliação  dos  contratos  empresariais  e  seus  impactos  
deve  ir  além  da  “foto”  do  portifólio  de  contratos  com  base  em  auditoria  realizada,  
pois,  apesar  desse  estudo  ser  competente,  não  consegue  retratar  a  forma  pela  
qual  a  corporação  realiza  a  gestão  de  seus  contratos  e,  portanto,  maximiza  os  
resultados  e  minimiza  os  riscos.  
Abaixo  estão  algumas  perguntas  que  podem  indicar  como  a  gestão  de  contratos  
está  sendo  conduzida  pela  empresa:  
1  -­  Existe  um  modelo  de  gestão  de  contratos  implantados  ou  em  implantação?  
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2  -­  A  gestão  de  contratos  está  alinhada  aos  objetivos  estratégicos  da  empresa?  
3  -­  Caso  a  empresa  utilize  uma  metodologia  de  indicadores  de  performance  (tal  
como   balanced   scorecard),   existem   indicadores   relacionados   diretamente   à  
gestão   de   contratos,   como   performance   de   contratos   críticos,   tempo   de  
formalização  de  contratos,  entre  outros?  
4   -­   Contratos   e   eventos   críticos   estão   sendo  monitorados   corretamente   (por  
departamento,  divisão  ou  unidade  de  negócios)?  
  
O  mercado  brasileiro  já  vem  desenvolvendo  indicadores  para  melhorar  a  gestão  
de  contratos.  São  eles:  
1-­  Número  total  de  contratos  ativos  da  empresa;;  
2  -­  Número  total  de  contratos  fechados  por  mês;;  
3  -­  Tempo  em  dias  para  fechar  um  novo  contrato;;  
4  -­  Tempo  em  dias  para  o  Jurídico  aprovar  um  novo  contrato;;  
5  -­  %  de  contratos  renovados;;  
6  -­  %  de  contratos  considerados  críticos;;7  -­  Número  de  aditivos  fechados  por  mês;;  
8  -­  %  de  contratos  com  cláusula  de  SLA;;  
9  -­  Número  de  pessoas  na  área  de  contratação;;  
10  -­  Número  de  pessoas  no  jurídico.  
  
Para  Freitas,  é  importante  que  a  empresa,  ao  decidir  implementar  melhorias  em  
sua  gestão  de  contratos,  utilize  estes  indicadores  para  avaliar  os  impactos  das  
ações  e  desenvolver  um  ciclo  de  melhoria  da  qualidade  nesses  processos.  
  
Os  contratos  de  terceirização  de  TI:  
A  terceirização  é  uma  prática  que  ocorre  nos  Estados  Unidos  da  América  desde  
a   década   de   1960.  No  Brasil   este   fenômeno   tem   aumentado  muito.  Como   a  
garantia   contratual   relativa   à   terceirização   ocorre   por   meio   dos   contratos  
comerciais,  o  volume  deles  tem  crescido  nas  empresas  brasileiras.  
De  acordo  com  Freitas,  há  três  fatores  que  motivam  a  escolha  por  terceirização  
de  TI.  São  eles:  
1.   Redução  de  Custos;;  
2.   Acesso  a  conhecimento  e  tecnologia;;  
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3.   Melhorar  o  foco  da  empresa.  
De  acordo  com  Freitas,  os  riscos  associados  ao  processo  de  terceirização  são  
os   custos   envolvidos,   a   qualidade   dos   serviços   prestados   e   o   papel   da  
Tecnologia  da   Informação.  Citando  Michael  Porter,  Freitas  afirma  que  o   risco  
estratégico   da   terceirização   é   o   compartilhamento   dos   fornecedores   com   a  
concorrência.  
É  preciso  só  terceirizar  serviços  que  não  são  estratégicos  para  a  empresa.  Uma  
preocupação   importante   deve   ser   a   definição   adequada   do   modelo   de  
contratação,  em  função  do  tipo  de  aquisição  a  ser  realizada.  
No  gráfico  observa-­se  que  a   terceirização  é  mais   indicada  quando  o   foco  de  
aquisição  se  baseia  no  resultado  e  não  no  recurso.  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
Escritório  de  gerenciamento  de  vendedores:  
Os  escritórios  de  gerenciamento  de  vendedores  são  estruturas  diferenciadas  de  
especialização  em  contratação  de  serviços  ou  produtos  para  TI.  
Os   principais   focos   desta   nova   área   são   pesquisa   de   mercado,   compras  
estratégicas,   iniciativas  de  valor,  redução  de  riscos  contratuais  e  resolução  de  
disputas.  Essa  estrutura  deve  responder  ao  principal  executivo  de  TI,  Finanças  
ou  Administração.  
  
Dicas  práticas  para  gestão  de  contratos  e  benefícios  do  investimento  na  
gestão  de  contratos:  
1.   Use  cláusulas  de  avaliação  de  condições  de  preço  de  mercado.  Essas  
evitam  que  ocorram  mudanças  indesejáveis  de  preços  em  contratos  de  
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longa  duração,  o  que  ocasiona  diferença  significativa  entre  o  preço  de  
mercado  e  o  preço  do  contrato.  
2.   Utilize  contratos  de  curta  duração  porque  a  competição  mais   frequente  
motiva  o  aumento  da  performance  contratual.  
3.   Invista  em  um  programa  de  desenvolvimento  profissional  para  gestão  de  
contratos.   Ter   colaboradores   treinados,   experientes   e   profissionais  
garante  uma  gestão  bem-­sucedida  dos  contratos.  
4.   Crie  uma  metodologia  de  gestão  de  contratos  que  descreva  um  processo  
lógico  e  organizado,  mesmo  que  flexível,  pelo  qual  a  empresa  compra  ou  
vende  produtos  e  serviços.  Esta  metodologia  define  as  etapas,  as  regras  
e   responsabilidades   de   todos   os   envolvidos.   Um   dos   benefícios   da  
adoção   desta   metodologia,   é   a   medição   e   controle   dos   SLAs   dos  
contratos,  como  o  papel  dos  gestores  dos  contratos.  
5.   Utilize  um  sistema  de  gestão  de  contratos  (SGC).  Esta  ferramenta  pode  
gerar  requisições  eletrônicas,  submeter  propostas,  gerar  contratos,  trocar  
informações   sobre   contratos   e   seu   armazenamento,   monitorar   seus  
eventos   críticos   como   parte   de   uma   aplicação   corporativa   maior,  
multifuncional  e  integrada.  
6.   Torne  mais  simples  os  padrões  de  termo  e  condições  contratuais  (Ts  e  
Cs),  utilizando  uma  linguagem  clara,  concisa  e  fácil  para  o  entendimento  
de  todas  as  partes  envolvidas.  Os  principais  profissionais  envolvidos  nos  
negócios  de  contratos  entendem  o  poder,  o  valor  e  o  risco  associados  a  
esses  termos  e  condições.  
7.   Desenvolva  e  mantenha  uma  central  de  conhecimento  de  gerenciamento  
de   contratos   que   conserve   o   conhecimento   sobre   o   valor   de   captura,  
armazenamento  e  transferência  do  conhecimento,  em  relação  aos  dados  
atuais  ou  históricos,  sobre  clientes,  fornecedores,  planos  de  negociação  
de   contratos,   resultados   de   negócios   e   contratos   atuais.   A   central   de  
conhecimento   ideal   pode   incluir   uma   base   de   dados   fácil   de   usar   e  
acessível   a   todos   os   interessados   e   que   tenha   foco   nos   grupos   de  
interesse,   permitindo   compartilhar   informações   e   conceitos   com   os  
colegas.  
  
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Freitas  (2009)  recomenda  que,  com  relação  às  vendas,  além  de  um  bom  gerente  
de  vendas,  é  necessário  que  a  empresa  tenha  também  profissionais  gestores  de  
contratos  para  administrar  todo  o  ciclo  de  vida  da  compra  ou  venda  de  maneira  
bem-­sucedida.    
No   que   diz   respeito   à   aquisição,   é   necessário   que   as   empresas   tenham  
processos   que   permitam   a   comunicação   efetiva   de   suas   necessidades,  
selecionem  a  fonte  correta,  negociem  um  contrato  bem-­sucedido  e  confirmem  a  
entrega  de  produtos  e  serviços  de  qualidade  no  tempo  adequado.  Segundo  o  
autor,  “A  formação  de  grupos  de  trabalho  é  essencial  para  o  sucesso  do  negócio.  
  
Passos  para  justificar  e  implementar  um  modelo  de  gestão  de  contratos:  
Freitas   mostra   alguns   pontos   importantes   para   que   um   gestor   encaminhe   e  
consiga  aprovar  um  projeto  de  melhoria  da  gestão  de  contratos.  
1º   passo:   Levantamento   dos   contratos   dos   departamentos   envolvidos   no  
negócio.  O  levantamento  ajudará  na  identificação  dos  valores  envolvidos  para  
melhorar  a  gestão  de  contratos.  A  dispersão  dos  contratos  por  várias  áreas  e  
departamentos  dificulta  a  conclusão  deste  passo.  Nesse  ponto  é  preciso  colher  
informações  como  as  contidas  no  quadro  abaixo  (Freitas,  2009:54):  
  
  
  
  
  
  
  
  
2º   passo:   Identificação   de   valores.   É   necessário   identificar   os   macrovalores  
relacionados  aos  contratos.  Assim,  é   importante  coletar  as   informações  sobre  
faturamento,  custos  e  valores  dos  contratos.  As  informações  darão  a  base  para  
calcular  os  ganhos  e  as  oportunidades.  
3º  passo:  Compilação  das  informações.  Utilize  tabelas  para  mostrar  os  ganhos  
anuais.  Nas  tabelas  devem  constar  as  seguintes  informações:  capital  envolvido,  
meta  %  redução,  redução,  custo  projeto  CLM  e  ganho  operacional.  
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4º   passo:   Apresentação   da   justificativa   de   investimento   para   a   direção   da  
empresa.  Freitas  recomenda  que  esta  apresentação  seja  feita  em  15  minutos,  
no   máximo,   e   tenha   até   dez   slides.   Vejamos   os   pontos   que   devem   ser  
abordados:  
1.   Identificação  dos  objetivos   (relativos  à   redução  de  custos,  diminuição  de  
riscos  e  melhoria  de  performance  dos  contratos);;  
2.   Apontamento   da   abrangência,   como   tipos   decontratos,   eventos,  
indicadores,  gestores  envolvidos;;  
3.  Identificação  dos  elementos  de  gestão  envolvidos:  
•   Quantitativa:   tipos   de   contratos,   eventos,   indicadores,   gestores  
envolvidos;;  
•   Qualitativa:   documentos   impactados,   processos   (revisados),  
responsabilidades  revisadas;;  
4.  Indicação  dos  benefícios  para  a  empresa:  
•   Melhoria  da  lucratividade:  melhorar  o  resultado  do  contrato,  controle  de  
multas  e  SLAs;;  
•   Compliance:   visibilidade   da   carteira   de   contratos,   despersonalização,  
auditoria;;  
•   Redução   de   riscos:   maior   controle   dos   contratos   e   documentos  
relacionados  realizado  pelo  departamento  Jurídico.  
  
AULA  5  –  CONTRATOS  NA  ADMINISTRAÇÃO  PÚBLICA  
  
Introdução:  
Nesta  aula,  vamos  começar  a  estudar  os  Contratos  Administrativos.  Em  primeiro  
lugar,  é  necessário  saber  que  tomaremos  como  base  a  Lei  8666/93,  isto  é,  a  Lei  
de   Licitações   e   Contratos   Administrativos.   Utilizaremos   também   o   livro   de  
Antonieta   Pereira   Vieira,   intitulado   Gestão   de   Contratos   de   Terceirização   na  
Administração  Pública:  teoria  e  prática.  
Estudaremos  a  sua  definição  e  características  e  como  eles  se  diferenciam  do  
contrato   celebrado   na   esfera   privada,   e   analisaremos   os   motivos   da  
obrigatoriedade  da  Administração  em  celebrar  contratos  e  os  casos  em  que  eles  
se  tornam  facultativos.    
   31  
Em  seguida,  veremos  o  seu  conteúdo  obrigatório,   isto  é,  os   itens  que  devem  
constar   em   qualquer   contrato   administrativo,   bem   como   as   cláusulas   e   as  
chamadas   cláusulas   exorbitantes   e   os   casos   nos   quais   se   podem   alterar   os  
termos  do  contrato  administrativo.  Terminaremos  a  nossa  aula  observando  as  
sanções  administrativas  e  os  agentes  que  possuem  competências  para  aplicar  
as  sanções,  bem  como  a  duração  deste  tipo  de  contrato.  
Nas  últimas  aulas,  estudamos  a  gestão  dos  contratos  no  ambiente  corporativo  e  
percebemos   a   importância   do   controle   desses   instrumentos   para   o   bom  
andamento  das  atividades  empresariais.  Nesta  aula,  começaremos  a  analisar  os  
contratos   administrativos.   Veremos   a   sua   definição,   de   que   forma   ele   se  
diferencia  do  contrato  celebrado  em  âmbito  privado  e  a  importância  de  gerir  e  
fiscalizar  este  tipo  de  contrato.  
Para  analisarmos  os  contratos  administrativos,  utilizaremos  como  base  a  Lei  de  
Licitações   e  Contratos  Administrativos   nº   8666/93   e   suas   atualizações,   como  
também  os  Acórdãos  do  Tribunal  de  Contas  da  União  (TCU)  e  as  Orientações  
Normativas  da  Advocacia  Geral  da  União  (AGU).  Veremos  que  qualquer  gestor  
e   todo   fiscal   de   convênios   administrativos   deve   ter   essas   legislações   e  
orientações  em  mente.  
  
Definição  de  contrato  administrativo:  
O  Contrato   administrativo   é   definido,   no   parágrafo   único   do   artigo   2º   da   Lei  
8666/93,   como   “todo   e   qualquer   ajuste   entre   órgãos   ou   entidades   da  
Administração  Pública  e  particulares  em  que  haja  um  acordo  de  vontades  para  
a  formação  de  vínculo  e  a  estipulação  de  obrigações  recíprocas,  seja  qual  for  a  
denominação  utilizada”.  É  importante  notar  que  esses  contratos  estão  sempre  
orientados  para  a  consecução  do  interesse  público.  
A  regulação  dos  Contratos  Administrativos  se  dá  pelas  suas  cláusulas  e  pelos  
preceitos  do  Direito  Público,  de  forma  supletiva,  pelos  princípios  da  Teoria  Geral  
dos  Contratos  e  pelas  disposições  de  Direito  Privado,  como  encontramos  no  art.  
54  da  Lei  8666/93  e  devem  estabelecer:  
•   Direitos;;  
•   Obrigações;;  
•   Responsabilidades  das  partes.  
   32  
O   contrato   administrativo   possui   algumas   características   importantes,   são  
sempre:  
•   Bilateral;;  
•   Formal:  Quando  se  afirma  que  é  formal,  estamos  dizendo  que  o  contrato  
é  expresso  de  forma  escrita  e  com  requisitos  especiais  (vinculados  à  lei),  
de  acordo  com  o  escrito  no  parágrafo  único  do  art.  4  da  Lei  8666/93:  “O  
procedimento   licitatório   previsto   nesta   lei   caracteriza   ato   administrativo  
formal,  seja  ele  praticado  em  qualquer  esfera  da  Administração  Pública”.  
•   Oneroso:   Diz-­se   que   o   contrato   administrativo   é   oneroso   porque   é  
remunerado  na   forma  convencionada  no  edital   e/ou  no   instrumento  de  
contrato.  
•   Intuito   Personae:   Assevera-­se   que   o   contrato   administrativo   é   intuitu  
personae  porque  exige,  para  a  sua  execução,  a  pessoa  do  contratado.  
Dito  de  outra   forma,  só  se  admitem  subcontratações  de  parte  da  obra,  
serviço   ou   fornecimento   até   o   limite   admitido   pela   Administração,   de  
acordo  com  o  artigo  72  da  Lei  8666/93:  “O  contratado,  na  execução  do  
contrato,  sem  prejuízo  das  responsabilidades  contratuais  e  legais,  poderá  
subcontratar   partes   da   obra,   serviço   ou   fornecimento,   até   o   limite  
admitido,   em   cada   caso,   pela   Administração”.   A   subcontratação   da  
totalidade  da  obra,  serviço  ou  fornecimento  (sub-­rogação)  não  é  admitida  
quando  se  trata  de  contrato  administrativo.    
  
A  essa  altura,  perguntamos:  o  que   tipifica  o  contrato  administrativo  e  o  
distingue  do  contrato  privado?  
Podemos   afirmar   que   é   a   participação   da   Administração   na   relação   jurídica  
bilateral   com   supremacia   de   poder   para   estabelecer   as   condições   iniciais   do  
ajuste.  Há  presença  de  privilégio  administrativo  na  relação  contratual.  
Outro  fator  que  o  diferencia  dos  contratos  privados  é  a  obrigatoriedade  de  licitar.  
Entretanto,  conforme  previsto  em  lei,  há  alguns  casos  em  que  há  dispensa  de  
licitação.  Veremos  esse  tópico  posteriormente.  
  
Conteúdo  dos  contratos  administrativos  e  suas  cláusulas:  
No  conteúdo  dos  contratos,  deve  estar  manifestada  a  vontade  das  partes,  como  
em  qualquer  outro  tipo  de  contrato.  Contudo,  o  atendimento  do  interesse  público  
   33  
condiciona   a   vontade   dos   contratantes.   As   cláusulas   devem   ser   claras   e  
objetivas,   definindo   objeto,   direitos,   obrigações,   responsabilidades   dos  
contratantes,   encargos   de   acordo   com   o   instrumento   convocatório   e   com   a  
proposta  vencedora.  
Independente  da  transcrição,  os  seguintes  elementos  integram  o  contrato:  
•   Edital.  
•   Projeto  (Básico/Executivo)  se  for  o  caso.  
•   Memórias/Cálculo.  
•   Planilha  de  Custos.  
•   Cronogramas.  
•   As   disposições   contidas   na   Legislação   (Leis,   Decretos,  MPs,   Portaria,  
Instruções  Normativas).  
•   Normas  Internas  que  poderão  ser  expedidas  pelos  Órgãos  e  publicadas  
na  Imprensa  Oficial  (art.  115  –  parágrafo  único).  
  
Outro   ponto   importante   é   o   tipo   de   cláusula   que   compõe   um   contrato  
administrativo  e  que  se  divide  em:  
•   Cláusulas  necessárias  ou  essenciais:  definem  o  objeto  e  estabelecem  
as  condições  para  a  execução.  
•   Cláusulas  acessórias  ou  secundárias:  complementam  a  vontade  das  
partes,  podendo  ser  omitidas  sem  invalidar  o  ato.  
Todo  contrato  deve  conter,  em  seu  preâmbulo,  os  nomes  das  partes  e  seus  
representantes,a  finalidade,  o  ato  que  autorizou  a  sua  lavratura,  o  número  
do   processo   de   licitação,   dispensa   ou   inexigibilidade,   a   sujeição   dos  
contratantes  às  normas  da  Lei  8666/93  e  as  cláusulas  contratuais,  como  
manda  o  art.61.  
  
Obrigatoriedade  de  a  administração  pública  firmar  contratos:  
Existe   a   obrigatoriedade   da  Administração   em   firmar   contratos   nos   casos   de  
concorrência,   tomada   de   preços,   dispensas   e   inexigibilidade,   cujos   preços  
estejam  compreendidos  nos   limites  dessas  duas  modalidades  de   licitação  em  
que  a  entrega  seja  parcelada.  
   34  
Nos   outros   casos,   é   facultativo,   ou   seja,   a   Administração   pode   substituir   o  
contrato  por  outros  instrumentos,  devendo-­se  aplicar,  no  que  for  cabível,  o  art.  
55  (cláusulas  necessárias).  Esses  instrumentos  são:  
•   Carta  Contrato;;  
•   Nota  de  empenho  de  despesa;;  
•   Autorização  de  compra;;  
•   Ordem  de  execução  de  serviço.  
  
No   caso   de   compra   com   entrega   imediata   e   integral   que   não   resulte   em  
obrigações   futuras,   inclusive   assistência   técnica,   o   contrato   passa   a   ser  
dispensável   e   é   facultada   a   substituição   pelos   outros   instrumentos   citados,  
ficando  a  critério  da  Administração,  independentemente  de  seu  valor.    
De  acordo  com  Vieira  (2008:123),  se  houver  substituição  do  contrato  pela  nota  
de  empenho,  deve-­se  observar  o  conteúdo  da  Lei  nº  4320/64,  no  que  se  refere  
à  necessidade  de   indicação  do  nome  do  credor,  a  especificação  e  o  valor  da  
despesa  e  sua  dedução  do  saldo  próprio.  
  
Cláusulas  exorbitantes:  
Como   vimos   anteriormente,   a   Administração   tem   supremacia   de   poder   para  
determinar  as  cláusulas  do  contrato,  o  que  lhe  possibilita  a  faculdade  de  impor  
as  chamadas  cláusulas  exorbitantes  que  se  encontram  explícitas  ou  implícitas  
em   todo   contrato   administrativo   e   que   conferem   poderes   exorbitantes   à  
Administração,  ou  seja,  à  contratante,  em  face  do  particular  contratado.  Essas  
cláusulas  são  perfeitamente  válidas,  desde  que  previstas  em  lei  ou  nos  princípios  
que   regem   a   atividade   administrativa,   pois   seu   objetivo   é   estabelecer   uma  
vantagem  em  favor  de  uma  das  partes  para  o  perfeito  atendimento  do  interesse  
público,  que  deve  sempre  se  sobrepor  aos  interesses  particulares.  
Quanto  a  esse  tópico,  observemos  o  disposto  no  art.  58  da  Lei  8666/93:  
  
Art.  58.    O  regime  jurídico  dos  contratos  administrativos  instituído  por  essa  Lei  
confere  à  Administração,  em  relação  a  eles,  a  prerrogativa  de:  
I   -­   modificá-­los,   unilateralmente,   para   melhor   adequação   às   finalidades   de  
interesse  público,  respeitados  os  direitos  do  contratado.  
   35  
II  -­  rescindi-­los,  unilateralmente,  nos  casos  especificados  no  inciso  I  do  art.  79  
desta  Lei.  
III  -­  fiscalizar-­lhes  a  execução.  
IV  -­  aplicar  sanções  motivadas  pela  inexecução  total  ou  parcial  do  ajuste.  
V   -­   nos   casos   de   serviços   essenciais,   ocupar   provisoriamente   bens   móveis,  
imóveis,   pessoal   e   serviços   vinculados   ao   objeto   do   contrato   na   hipótese   da  
necessidade   de   acautelar   apuração   administrativa   de   faltas   contratuais   pelo  
contratado,  bem  como  na  hipótese  de  rescisão  do  contrato  administrativo.  
  
Publicidade  do  processo  licitatório  e  publicação  do  resumo:  
Quanto  a  esse  tópico,  observemos  o  disposto  no  art.  58  da  Lei  8666/93:  
•   Publicidade  do  Processo  Licitatório:   A   licitação   é   um  ato   público   e,  
assim,  é  permitido  a  qualquer  licitante  conhecer  os  termos  do  contrato  e  
do  processo  licitatório  e  a  qualquer  interessado  é  facultada  a  obtenção  de  
cópia  autenticada,  mediante  o  pagamento  dos  emolumentos  envolvidos,  
como  prevê  o  art.  63.  
•   Publicação   do   Resumo:   O   parágrafo   único   do   art.   61   prevê   que   o  
resumo  do  contrato  administrativo  deve  ser  publicado  na  Imprensa  Oficial,  
no  prazo  de  20  dias  a  contar  da  sua  assinatura,  como  condição  de  sua  
eficácia.  
  
Assinatura  do  contrato:  
•   A   Administração   fará   a   convocação   do   interessado   para   assinar   o  
contrato,  aceitar  ou  retirar  o  instrumento  equivalente,  dentro  do  prazo  e  
condições  estabelecidas  no  ato  convocatório,  sob  pena  de  decair  o  direito  
à   contratação,   sem   prejuízo   das   sanções   previstas   no   art.   81,   pois  
caracteriza  o  descumprimento  total  da  obrigação  assumida.  
•   Essas   penalidades   não   se   aplicam   aos   licitantes   remanescentes   que  
foram  convocados  pela  Administração  quando  o  vencedor  não  o  fez,  na  
ordem   de   classificação,   para   fazê-­lo   em   igual   prazo   e   nas   mesmas  
condições   propostas   pelo   primeiro   classificado,   inclusive   quanto   aos  
preços  atualizados  de  conformidade  com  o  ato  convocatório,  desde  que  
ocorra  motivo  justificado  aceito  pela  administração  (art.  64  –  parágrafo  2º).  
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•   Esse   prazo   de   convocação   poderá   ser   prorrogado   uma   vez,   por   igual  
período   (art.   64   –   parágrafo   1º).   Os   licitantes   ficam   liberados   dos  
compromissos  assumidos,  se  decorridos  60  (sessenta)  dias  da  data  da  
entrega  das  propostas  não  forem  convocados  para  a  contratação.  
  
Aplicação   de   sanções   administrativas   e   competência   para   aplicar   as  
sanções:  
A   aplicação   de   sanções   administrativas   é   competência   do   ordenador   de  
despesas   e   essas   medidas   podem   tomar   a   forma   de   advertência,   multa   ou  
suspensão  de  licitar  com  a  Administração.    O  Ministro  de  Estado,  o  Secretário  
Estadual   ou   Municipal,   conforme   o   caso,   podem   emitir   a   Declaração   de  
Inidoneidade  para  licitar  ou  contratar  com  a  Administração  Pública,  facultada  a  
defesa  do  interessado,  no  prazo  de  10  (dez)  dias  da  abertura  de  vista,  podendo  
a  reabilitação  ser  requerida  após  2  (dois)  anos  de  sua  aplicação.  
  
Execução  dos  contratos:  
Entende-­se   por   execução   do   contrato   o   cumprimento   do   seu   objeto,   prazo   e  
condições.  Deve-­se  executar  fielmente  o  contrato,  cada  parte  exercendo  os  seus  
direitos  e  cumprindo  as  suas  obrigações,  de  acordo  com  as  cláusulas  contratuais  
e   as   normas   pertinentes   respondendo   cada   uma  pelas   competências   de   sua  
inexecução  total  ou  parcial.

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