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Sumário Aula 1 – O contrato ................................................................................................... 2 Introdução ........................................................................................................................ 2 Transformação das Culturas e Transformação do Direito Contratual ................................. 3 Conceito de Contrato ........................................................................................................ 3 A função social do Contrato: supremacia da ordem pública ............................................... 4 Os princípios do Contrato .................................................................................................. 5 Classificação dos Contratos ............................................................................................... 7 Aula 2 – A formação e extinção do contrato .............................................................. 8 Aula 3 – A Gestão dos Contratos no Ambiente Corporativo ..................................... 14 Aula 4 – Contratos de Terceirização de TI e Acordo de Nível de Serviço (SLA) .......... 23 Aula 5 – Contratos na Administração Pública ........................................................... 30 2 GESTÃO DE CONTRATOS E CONVÊNIOS AULA 1 – O CONTRATO Introdução Por que há necessidade de celebrar contratos em tantas áreas? Como os seres humanos não atingiram a autossuficiência, é necessário que estabeleçam direitos e obrigações em boa parte de suas operações econômicas. Assim, segundo Paulo Nader (2010), a divisão do trabalho é o fator que induz os seres humanos a recorrerem à prática dos contratos para obterem os recursos indispensáveis ao suprimento de suas necessidades. São, portanto, vida humana objetivada e atuam como alavancas do desenvolvimento. Como conceito jurídico, contrato é algo distinto de contrato como operação econômica. Dito de outra forma, a formalização jurídica que recebe o nome de contrato existe em função da operação econômica. Então, o contrato Conceito Jurídico é o instrumental do contrato operação econômica. Contrato, é antes de qualquer coisa, um ato plurilateral. Isto quer dizer que depende do consentimento de duas ou mais partes porque, no Direito brasileiro, não é possível que alguém firme um contrato consigo mesmo, a menos que seja autorizado por lei ou pelo representante de acordo com o art. 117 do Código Civil. Significa, também, que deve ser norteado pela liberdade e que os agentes devem possuir capacidade de fato. De acordo com Nader (2010:17), “considerando que toda pessoa ‘é capaz de direitos e deveres na ordem civil’ (art. 2º, CC), a incapacidade de fato não impede a participação de contrato, apenas exige que a prática se faça por intermédio de representante legal e conforme o permissivo da lei”. Já as pessoas absolutamente incapazes não podem celebrar contrato, pois a violação deste mandamento torna nulo o que foi firmado. As cláusulas são um prolongamento da lei, o que permite afirmar que o contrato faz lei entre as partes. Depreende-se do que foi afirmado anteriormente que, respeitando as leis da ordem pública e dos bons costumes, posso celebrar um contrato quando, como e com quem eu quiser. O contrato é negócio e fato jurídico. 3 Transformação das Culturas e Transformação do Direito Contratual O contrato, enquanto instrumento jurídico, é objeto do Direito Civil, ramo do Direito Privado. O Direito dos Contratos é, segundo Enzo Roppo (2010:11): ...o conjunto – historicamente mutável – das regras e dos princípios, de vez em quando escolhidos para conformar, de certa maneira, aquele instrumento jurídico, e, portanto, para dar certo arranjo - funcionalizado a determinados fins e a determinados interesses – ao complexo das operações econômicas efetivamente levadas a cabo. Há que se ressaltar que existem contratos de Direito Administrativo e Direito Processual. De acordo com Enzo Roppo (2010:24), “o contrato muda a sua disciplina, as suas funções, a sua própria estrutura segundo o contexto econômico-social em que está inserido”. Então, para termos noção das transformações sofridas pelo contrato ao longo do tempo, cabe, neste momento, investigarmos, ainda que de forma breve, os fatos históricos que as propiciaram. • Código Napoleônico: há uma conexão entre contrato e propriedade, baseada na ideia de liberdade individual. Daí o contrato baseado no consenso, aparece como solução, pois servia como garantia para as antigas classes proprietárias de que seus bens seriam transferidos para a classe emergente. • Código Alemão: preza o conceito de liberdade de contratar, porém difere do francês, quando afirma que pode ser considerado como uma subespécie da categoria geral do negócio jurídico. Ou seja, além dos contratos de compra e venda, locação, etc;; compreende matrimônio, adoção, reconhecimento de filhos, etc. Conceito de Contrato Contrato é acordo de vontades que visa à produção de efeitos jurídicos de conteúdo patrimonial. Por ele, cria-se, modifica-se ou extingue-se a relação de 4 fundo econômico. Embora previsto e regulado no Direito das Obrigações, os contratos não se referem, necessariamente, aos negócios jurídicos entre credor e devedor;; estendem-se a outras providências jurídicas, como ao Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões, Direito Administrativo, Direito Internacional. De acordo com Henri de Page, o contrato não é, em si, uma obrigação, mas uma fonte de obrigações (...) De acordo com Rodrigues (2004:), Contrato é “...o acordo de duas ou mais vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos”. Uma distinção importante para nós diz respeito aos termos pessoa e parte. • Parte: é o sujeito da relação contratual, configurando-se, assim, o centro de interesses. Uma só pessoa pode representar as duas partes. Também é possível que uma parte seja composta por várias pessoas. A função social do Contrato: supremacia da ordem pública De acordo com Rodrigues (2004), como centro da vida dos negócios, o contrato é um instrumento prático, cujo objetivo reside em harmonizar interesses não coincidentes. Deste modo, sua perfeição ocorre quando, pela concordância das partes, se atingeum acordo satisfatório para ambos. Com base nos ensinamentos de Messineo, Rodrigues (2004:11) afirma que “...a instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. Ele é o vínculo da circulação da riqueza e, por conseguinte, só se pode concebê- lo, como instituição pura de Direito Privado, em regimes que admitem a propriedade individual”. Assim, o contrato é instrumento imprescindível e elemento indispensável à circulação dos bens. Como uma operação econômica jamais deve resultar em prejuízo para os interesses e objetivos da sociedade, os contratos devem obedecer à ordem pública, sob risco de serem considerados nulos. 5 Os princípios do Contrato De acordo com os autores que nos servem como base para a disciplina, entre eles, Paulo Nader (2010), existem princípios que garantem a liberdade e a justiça na celebração e atribuem função social aos contratos, o que assegura a autonomia das vontades, mas estabelece alguns limites. São eles: • Princípio da Autonomia da Vontade: Ele se refere à liberdade de contratar, à autorregulação de interesses. Como ato bilateral ou plurilateral, os indivíduos devem gozar da vontade de contratar ou não. Mesmo quando ocorre renúncias ou transigências, não se pode afirmar que houve restrição ao Princípio da Autonomia da Vontade, pois a parte é livre para contratar ou não. Este princípio encontra limites nas leis de Ordem Pública (Regras sobre a economia popular, relativas ao casamento, aos alimentos, aos assuntos eleitorais etc.) e nos Bons Costumes (Maneiras de ser e de agir que se fundam na moral social e não ditadas pela ordem jurídica diretamente). • Princípio da Obrigatoriedade: Este princípio se consolida no fato de que o contrato faz lei entre as partes. Inexecução: Neste caso, há que se verificar se houve culpa em sentido amplo. Se o fato foi gerado por caso fortuito ou motivo de força maior, a parte que não cumpriu seu compromisso não responderá, a menos que o contrário tenha sido estabelecido em uma cláusula. Se o descumprimento foi doloso ou culposo, é imperativo observar o que prevê o art. 389 do Código Civil. Imprevisão: teoria da imprevisão ou cláusula rebus sic stantibus abalou o princípio da obrigatoriedade em nosso Direito, pois em casos de contratos de trato sucessivo ou a termo, são definidas obrigações que devem ser cumpridas depois de muito tempo, podendo, por isso, ocorrer transformações importantes na ordem social e econômica que dificultem ou impossibilitem o adimplemento. • Princípio do Consensualismo: se refere ao modo pelo qual se opera a formação dos contratos e não ao seu conteúdo. Com base nesse 6 princípio, as obrigações contratuais são geradas pelo simples acordo de vontades ou consenso, deixando de lado as formalidades, o que favorece a dinâmica das relações negociais. Contudo, a sua aplicação sem limites acarreta insegurança jurídica. É preciso ter em mente que nem todos os contratos são consensuais, pois alguns têm a validade condicionada à realização de rituais estabelecidos pela lei e, outros só se efetuam se certas exigências forem cumpridas. • Princípio da Boa-Fé: O princípio da boa-fé não se refere à boa-fé subjetiva caracterizada pela seriedade das intenções, mas àquela que possui caráter objetivo, isto é, independente do plano da consciência. Implica, ademais, em lealdade e confiança recíprocas. Como existe contraposição de interesses na execução do contrato, a conduta das partes envolvidas deve se subordinar a regras, cujo objetivo é impedir que uma parte dificulte a ação da outra. O instrumento de qualquer contrato é composto por duas partes: o preâmbulo e o contexto. No preâmbulo temos a qualificação das partes, o objeto do contrato, as razões determinantes de sua realização ou o objetivo dos contratantes. O contexto, por seu turno, é constituído por uma série ordenada de proposições, às quais chamamos cláusulas. As cláusulas podem ser de três tipos: essenciais, naturais e acidentais. • As cláusulas essenciais ao instrumento são aquelas sem as quais o contrato não pode existir. • As cláusulas naturais são próprias da natureza do contrato. • As cláusulas acidentais só aparecem em função de alguma proposição especial. É importante levar em consideração o local onde os contratos tomam forma para a determinação do foro competente e a lei reguladora. Se as partes estão presentes, o contrato se forma onde elas estão. Se as pessoas estão distantes, celebra-se no lugar onde foi proposto. 7 Classificação dos Contratos Contratos unilaterais e bilaterais: todos os contratos são atos jurídicos bilaterais, pois dependem do acordo de vontades, mas, quanto aos seus efeitos, pode ser unilateral ou bilateral. • Contratos unilaterais: São aqueles em que apenas uma parte tem obrigações em relação à outra, de modo que uma parte é exclusivamente credora, tendo apenas vantagens e a outra parte é unicamente devedora, só possuindo obrigações. Exemplos deste tipo de contrato são a doação, o depósito, o mútuo, o mandato e o comodato. • Contratos bilaterais (sinalagmáticos): São os que criam obrigações recíprocas para as partes, ou seja, há sempre uma contraprestação. Isto torna os contratantes, ao mesmo tempo, credores e devedores. A sua essência reside na reciprocidade das prestações. A classificação de contratos onerosos e gratuitos considera a vantagem ou objeto pretendido pelas partes. • Contratos Gratuitos: Estes contratos, também conhecidos como ‘benéficos’, geram benefícios apenas para uma parte, como no caso do comodato e doação pura, contendo sempre uma liberalidade, ou seja, uma generosidade. • Contratos Onerosos: Estes tipos de contrato, por sua vez, são aqueles que impõem ônus para ambas as partes e geralmente se classificam em comutativos e aleatórios. Comutativo: São aqueles nos quais cada parte recebe da outra uma prestação equivalente à sua. São sempre sinalagmáticos. Aleatório: Dos quais são exemplos o seguro, a venda de coisa futura, o jogo, a aposta, o plano de saúde etc., envolvem incerteza e risco e, por isso, também são designados de sorte. Neste tipo de contrato não existe 8 equilíbrio entre as prestações. Qualquer uma das partes pode obter ganho ou prejuízo. • Contratos Consensuais: Se realizam pelo simples consentimento das partes. A declaração de vontades é condição suficiente e necessáriapara que ocorram. Como exemplo, temos os contratos de compra e venda, de locação etc. Paulo Nader (2010) alerta para o fato de a terminologia ser inadequada, pois todas as outras classes de contratos nascem do consenso. • Contratos Reais: Exigem que, além do consenso, a coisa seja entregue à outra parte. O contrato, então, só se concretiza, com a entrega da coisa. Como exemplo, temos o empréstimo, o penhor, a anticrese. • Contratos Formais: Não permitem debates e transigência entre as partes porque um dos contratantes apenas aceita as cláusulas e as condições previamente redigidas e impressas pela outra parte, aderindo a uma situação contratual definida em todos os seus termos. AULA 2 – A FORMAÇÃO E EXTINÇÃO DO CONTRATO Introdução: Para entendermos completamente a sua formação, teremos que analisar as três fases, a saber: a proposta, a aceitação e a conclusão. Veremos também que o vínculo contratual pode se romper por vontade de ambas as partes, de uma só parte ou por inadimplemento culposo ou fortuito. Assim, pode ocorrer a resolução, resilição unilateral ou o distrato. Formação do Contrato: De acordo com Paulo Nader (2010), o estudo da formação dos contratos deve se voltar para a gênese do acordo de vontades, pois “O consentimento de todos os interessados é um dado fundamental à existência do contrato” (p. 51). Apesar 9 de o processo de formação do contrato ter uma base comum, existe variação de procedimentos segundo a classe contratual. Assim, se levarmos em consideração o contrato consensual, o acordo de vontades é o bastante. Caso o contrato seja solene, o consentimento será baseado na lei e, enfim, se tratarmos do contrato real, o requisito básico será a ‘entrega da coisa’. No Código Civil de 2002 há uma seção própria sobre a questão da Formação do Contrato, ou seja, a Seção II que abrange do artigo 427 ao 434. Neste ponto é interessante definirmos alguns termos relevantes e pertinentes à formação do contrato: • Proposta ou Oferta: é a declaração inicial, é aquela que suscita o contrato. • Proponente ou Policitante: é aquele que emite a proposta ou oferta. • Policitação: é a proposta ainda não respondida, não aceita. • Declaração de Vontade: é a aceitação, indo ao encontro da oferta. • Oblato ou Aceitante: é o declarante. A formação do contrato tem três fases: proposta, aceitação e conclusão. É preciso saber que a proposta e a aceitação são consideradas negócios jurídicos unilaterais. • Proposta: também conhecida como oferta ou policitação, é considerada a primeira etapa do processo de formação do contrato. É a exteriorização da vontade de uma parte em celebrar um contrato com alguém. A proposta, também chamada de oferta, pode ser apresentada de forma escrita, oral ou por gestos (como ocorre em leilões) e, quando isso ocorre, ela é chamada de proposta expressa. Quando não é esse o caso, é chamada de tácita, ou seja, é manifestada de várias formas, como, por exemplo, quando um comerciante que recebeu uma encomenda dá início à sua entrega, não podendo posteriormente dizer que o ajuste não se efetuou por falta de aceitação. • Aceitação: é a declaração posterior à proposta e o declarante é designado como aceitante ou oblato. Do mesmo modo da proposta, como vimos anteriormente, a aceitação é considerada negócio jurídico unilateral, cujos efeitos são previstos por lei. 10 • Conclusão: O processo de formação do contrato está concluído na ocasião em que a vontade do oblato adere à proposta. Este momento varia de acordo com a presença ou a ausência dos contratantes. Requisitos de Validade dos Contratos: são considerados requisitos de validade, os seguintes itens (art. 104, do Código Civil): • Agente Capaz;; • Objeto Lícito;; • Forma prescrita e não defesa em lei. Contrato Preliminar: segundo o artigo 462, deve conter todos os elementos essenciais ou elementares ao contrato a ser celebrado. A sua forma é livre, não sendo necessária aquela do contrato propriamente dito. Apesar de não estarem literalmente na lei, os contratos preliminares que regulam negócios de valor elevado devem ser celebrados por escrito, pois a prova testemunhal não vale para transações que envolvam grandes somas. Quando celebram contratos preliminares, as partes assumem a obrigação recíproca de, posteriormente, firmarem contrato definitivo. De acordo com Silvio Rodrigues (2004:130) quando um dos contratantes, apesar de ter firmado contrato preliminar, no qual não conste cláusula de arrependimento, se recusa a outorgar um instrumento definitivo, qualquer uma das partes poderá exigir a celebração do contrato definitivo em prazo determinado. Se, ainda assim, a parte se recusar a assinar o instrumento definitivo, o juiz poderá transformar o contrato preliminar em definitivo. A sentença, então, passa a valer como contrato e deve ser registrada no registro competente, ato que permite ao contraente reclamar perdas e danos. Execução e Extinção do Contrato: Execução: Com a conclusão do contrato, seus efeitos começam a ser produzidos imediatamente, isto é, direitos e obrigações, créditos e débitos. Conforme Paulo Nader (2010:147), “O natural na vida dos contratos é o cumprimento das obrigações, por ambas as partes, até que os resultados finais 11 previstos sejam alcançados”. Contudo, há algumas situações que acarretam a dissolução do vínculo contratual. Extinção: A extinção do contrato ocorre quando este perde totalmente a sua eficácia. Os contratos são passíveis de extinção por nulidade absoluta ou relativa. De acordo com Nader (2010:148), “Contrato nulo é o que, embora reúna os elementos essenciais à formação do negócio jurídico, contraria norma de ordem pública”. Distrato: Distrato, resilição bilateral, resilição consensual ou mútuo dissenso é o acordo das partes cujo objeto é desfazer o contrato que ainda tem efeitos jurídicos a provocar e esses efeitos ocorrem a partir da declaração de nulidade. Há contratos que não permitem efeito retroativo, como é o caso dos contratos de execução continuada. A partir do momento em que existe o vínculo, o contrato é passível de distrato, um exercício fundamentado no princípio da autonomia da vontade, pois se o contrato atende à conveniência de duas ou mais vontades, o distrato também pode ser interessante para elas. A noção de distrato não cabe em contrato de execução instantânea, pois,pressupõe que existam efeitos a serem produzidos no futuro. Da mesma forma, não se pode falar em distrato se o contrato terminou de forma normal. Apesar de as partes terem liberdade para defender seus interesses ao firmarem um distrato, essa liberdade é limitada, pois a transação deve obedecer aos princípios básicos do direito e às disposições legais vigentes. O art. 472 dispõe sobre a forma do distrato e prega que este pode ser feito por instrumento particular ou mesmo livre. Porém, a parte interessada deve ter provas, no caso de um eventual litígio. Quando do pacto que tem por objetivo a dissolução do contrato, as partes devem resolver os seus interesses pendentes, pois situações não esclarecidas podem gerar litígio judicial. Resilição Unilateral: é o desfazimento de um contrato por manifestação de vontade de uma das partes. Ressalta-se que esta modalidade não pode ser confundida com descumprimento ou inadimplemento, pois na resilição unilateral, a parte não tem mais vontade de manter o vínculo. 12 O art. 473 prevê a notificação da contraparte, sem referências a prazo, o que é estabelecido de acordo com o caso. Assim, geralmente, permite-se a resilição unilateral nos contratos por prazo ilimitado e sempre requer uma notificação. Resolução: é o meio de dissolução do contrato como consequência de onerosidade excessiva ou de inadimplemento culposo ou fortuito. Quando há descumprimento do contrato, ele deve ser tecnicamente resolvido. De acordo com Paulo Nader (2009:152), “a cláusula resolutiva pode ser expressa ou tácita”. Ela é expressa quando existe previsão específica de desfazimento do contrato diante da inexecução da obrigação. Se não houver cláusula expressa que possibilite a resolução e uma das partes descumpra a sua obrigação, a parte prejudicada deverá interpelar o inadimplente caracterizando a mora e, posteriormente, produzir o pedido judicial. Exceção de Contrato não Cumprido: Este princípio opera em relação aos contratos bilaterais e estabelece que a parte devedora não pode exigir da contraparte o cumprimento da obrigação enquanto se mantiver inadimplente. Paulo Nader (2009:154) chama atenção para a forte conotação moral deste princípio. Assim, ele afirma: “Tratando-se de contrato em que ambas as partes possuem, reciprocamente, direitos e obrigações, derivados de um mesmo negócio jurídico, seria ilógico se o devedor pudesse exigir a contraprestação estando em débito com a prestação. Se “A” contrata com “B” a pintura de um quadro, a ser executado no prazo de três meses e compromete-se a adiantar metade do preço em trinta dias, ficará impedido de exigir a entrega da obra de arte se não efetuar o pagamento parcial combinado. Se, não obstante, “A” requerer judicialmente contra “B” este poderá se defender, alegando a exceptio non adimplenti contractus. (...) O princípio, que é um meio de defesa, está consagrado no art. 476 do Código Civil.” A exceptio non adimpleti contractus é base para o não pagamento e não para a dissolução do vínculo contratual. Há ainda a exceptio non rite adimpleti contractus que autoriza o não pagamento de uma contratante quando a contraparte cumpriu apenas uma parcela da obrigação. 13 Resolução por Onerosidade Excessiva ou Cláusula rebus sic stantibus: Esta modalidade se refere aos contratos comutativos (bilateral oneroso) e àqueles de execução continuada (no futuro, em prestações, como a locação de imóvel) ou diferida (no futuro, de uma só vez, como na compra fiada), cujos efeitos são futuros. Como não é do tipo aleatório, deve haver equilíbrio entre prestação e contraprestação, enquanto o vínculo durar. As partes, ao consentirem, consideram o conjunto de circunstâncias existentes, tendo em vista a perspectiva do futuro, mas de acordo com o que há no presente. A obrigação é assumida com base no presente, mas, se ocorre algum fato novo e imprevisível que acarreta ônus excessivo a uma das partes, o disposto nos artigos 478 a 480 do Código Civil ampara a parte prejudicada, compreendendo as possibilidades de: A. Resolução do contrato. B. Reequacionamento das condições, espontaneamente pelas partes. C. Redução judicial das prestações devidas ou alteração na forma de pagamento. A teoria da imprevisão (art. 317 do Código Civil) permite que, a partir de fatores imprevistos, quando passa a existir desproporção entre o valor da dívida assumida e o da execução, a parte faça o requerimento, o juiz efetue a devida correção desta dívida. Assim, de acordo com o previsto no art. 478, a parte prejudicada tem o direito de requerer judicialmente a resolução do contrato, contudo, ficará sob a sua responsabilidade: • A prova da excessiva onerosidade. • A indicação dos fatores desencadeantes da desproporção entre as condições existentes no momento do contrato e à época da execução. • Demonstração da imprevisibilidade das mudanças ocorridas. A sentença, quando o pedido é considerado procedente, acarretará efeitos retroativos à data da citação. Contudo, o réu tem a possibilidade de impedir a resolução, mas, para isso, deverá oferecer condições para o reequacionamento justo das condições do contrato. 14 Conforme Nader (2009), com base no artigo 480, quando só uma parte possui obrigações, esta conta com a possibilidade de requerer a revisão da dívida, com o objetivo de mudar a forma de pagamento, ou mesmo, reduzi-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. Depois de analisarmos a formação e a extinção dos contratos, devemos observar detidamente a importância da gestão dos contratos nas empresas, prática que começa a ganhar importância no Brasil desde o final da última década. AULA 3 – A GESTÃO DOS CONTRATOS NO AMBIENTE CORPORATIVO A Gestão de Contratos: Como vimos anteriormente, os contratos são vitais para a economia capitalista. É importante que as empresas os utilizem para fundamentar as suas relações comerciais. É essencial também que as corporações façam uma boa gestão de seus contratos, pois eles envolvem capital e risco. A gestão de contratos é, atualmente, uma nova disciplina de negócios. De acordo com Walter Freitas (2009), o tema da Gestão de Contratos surgiu nos Estados Unidos, na última década do século XX e, no Brasil, a partir de 2006. Definição: A definição de gestão de contratos se traduz em práticas ou fatores de desempenho eenvolve as diversas esferas da empresa. É necessário estabelecer uma integração entre as áreas de suprimentos/compras, jurídico, comercial, negócios/técnica, apoio/suporte, recursos humanos, departamento financeiro e marketing. Vantagens de Controlar Contratos: Conforme Mateus Covolo e Danilo Amadio, “a gestão de contratos é uma ferramenta eficaz na integração de negócios realizados em ambiente empresarial”. A falta de controle dos contratos nas empresas pode ter várias consequências como o pagamento de quantias abusivas, o desconhecimento de cláusulas e a 15 aceitação de serviços diferentes daqueles especificados no contrato, o que pode redundar em prejuízos expressivos. Segundo Freitas (2009), geralmente, nas empresas, o controle dos contratos fica por conta dos departamentos de Fechamento ou de Administração dos Contratos. Contudo, em alguns casos, a solução é competência de toda a companhia. Vejamos agora como o controle dos contratos pode gerar vantagens para as diversas áreas de uma corporação: • No caso da Tecnologia da Informação, o controle dos contratos de terceirização e infraestrutura pode auxiliar, por um lado, na redução de custos e de riscos, ao implementar documentação dos Acordos de Nível de Serviço (SLA) dos contratos, com integração dos atores da contratação e, por outro lado, na redução de custos ao utilizar ferramentas para controle dos reajustes e renovações contratuais. • No campo dos suprimentos é possível reduzir custos ao alertar para renovações e expirações pendentes com tempo para negociação efetiva. Também é possível reduzir os riscos de perdas de termos e condições críticas e prazos ao implementar o processo de compra com RFx (RFI, RFP, RFQ), por meio de ferramenta adequada e, pode-se reduzir o prazo na contratação com implementação de automatização de aprovação e assinatura de contratos. • Nos Departamentos Comerciais e de Marketing, a gestão dos contratos simplifica o controle de documentos como contratos, acordos comerciais, certidões e patentes, o que torna o controle mais fácil, seguro e ágil, evitando perdas de prazos e atrasos em recebimentos relacionados. Assim, os empregados passam a ter mais tempo para se dedicar a outras atividades. Além disso, confere segurança e antecedência para as ações, não importando a quantidade de contratos e documentos que a empresa possua. Outra vantagem é que, utilizando a ferramenta de sistema de gestão de contratos adequada para o controle de certidões, é possível saber com antecedência sobre os prazos para emissão ou requisição dessas certidões, o que permite também que os envolvidos na fase de contratação tenham a visibilidade de todos os documentos e de suas validades. Finalmente, possibilita o controle da documentação por cliente, 16 como histórico e capacidade de pagamento, além de documentos constitucionais, como o contrato social. Processos de Negócios e Gestão de Contratos: Walter Freitas utiliza em sua obra o modelo de gestão (CLM – Contract Lifecycle Management) cujos processos e indicadores estão referenciados no CMBOK – NCMA (Contract Management Body of Knowledge do NCMA – USA). A seguir, podemos observar a figura que mostra a lista de competências do CMBOK utilizadas pelo autor. Descrição das competências do CMBOK e respectivas fases do ciclo de vida dos contratos: De acordo com Freitas (2009:27), utilizando o conceito do BPM&BPMS: Business Management & Business Process Management Systems, “Todo processo é um conjunto de eventos interrelacionados, dispostos numa sequência lógica e cronológica para produzir um bem ou serviço”. A seguir, temos um quadro com a estrutura do processo de negócios: 17 Na figura que segue (p. 11), observamos, de modo simplificado, as atividades da empresa e seu fluxo, relativos ao propósito Passos, do quadro anterior. Macroesquema de atividades no negócio do Modelo de Atividades de Negócio do Massachusetts Institute od Technology (MIT), Business Activity Model (BAM). A próxima figura (Freitas, 2009:11) ajuda a visualizar o detalhamento (sequência de atividades em um nível menor) de compra e venda e a relação entre as atividades descritas. A descrição dos processos da organização também pode envolver os processos nos quais os contratos são documentos relativos a Entradas ou Saídas. Compilar estes processos possibilita identificar as melhores práticas e saber como trazer melhorias para as empresas, tomando por base as práticas já testadas por corporações de classe mundial. Freitas ressalta que, apesar de esses processos serem retratados objetiva e concretamente, deve-se levar em consideração a cultura e os valores corporativos. 18 As boas práticas geraram frameworks de trabalho que se tornaram referência para determinados fins. Como exemplos, temos o Project Management Base of Knowledge (PMBOK), para gestão de projetos e o Capability Maturity Model Integration (CMMI), para fomentar o sucesso da gestão de projetos no desenvolvimento dos sistemas de informação. Esses frameworks, de forma geral, são afetos ao tema dos contratos, na medida em que esse assunto está, via de regra, relacionado às atividades empresariais. De acordo com Freitas (2009), o uso dessas ferramentas, além de melhorar a gestão de contratos, pode gerar impactos positivos para a gestão da empresa. O autor mostra três pontos de contato importantes desse modelo com a gestão de contratos. • Liderança: No caso da governança corporativa, a implementação de processos gerenciais contribui muito para gerar transparência e aprimorar o nível de confiança entre as partes envolvidas, gerando impacto no valor, na sustentabilidade financeira, social e ambiental e na imagem da organização. “A implementação de melhores práticas na gestão de contratos levará a corporação a uma evolução de seus controles, reduzindo riscos envolvidos e diminuindo custos associados”. (Freitas, 2009:14). • Clientes: Contribui para a satisfação e fidelização dos clientes em relação aos produtos e marcas. O relacionamento com o cliente implica em celebrar contratos que se adéquem ao tipo de relacionamento esperado (formato, duração, registros, colaboração). • Processo: Nos processos de negócios, sejam eles principais ou de apoio, haveráimpacto parcial, porque o modelo de gestão revisará o modelo de gestão de contratos referentes. Também haverá otimização do relacionamento com os fornecedores, pois tal relacionamento é coberto por contratos de fornecimento que serão monitorados. 19 Modelo de Gestão CLM (Contract Lifecycle Management): Segundo Freitas, a gestão do ciclo de vida dos contratos é definida pelo relatório do Aberdeen Group como a gestão da criação, execução e análise do contrato e é vista como um processo sistemático e conectado para o propósito de maximizar a performance operacional e financeira e minimizar riscos (Freitas, 2009:2). Para melhorar o controle e o resultado dos contratos nas empresas, é necessário modificar a forma de trabalho da criação à celebração e execução. No bojo das novas realidades e dinâmicas, há uma nova metodologia relativa ao ciclo de vida dos contratos que traz um modelo de processos, atribuições e ferramentas adequadas à gestão que envolve todo tipo de contrato (aquisição, comercial, propriedade intelectual etc.). Torna-se importante, então, definir o tipo de contrato a ser utilizado. Para Freitas, há três tipos de contratos mais utilizados em ambiente privado e público. São eles: 1. Contratos de Preço Fixo: não estão sujeitos a ajuste baseado na experiência de custo da empresa contratada. A responsabilidade pelo risco da execução e do resultado financeiro do contrato é da empresa contratada que deve controlar os custos e fornecer uma execução efetiva. Exemplos deste tipo são os contratos de preço fixo com ajuste econômico, como contratos de terceirização de mão de obra, que são de preços fixos, mas permitem reajustes baseados em tabelas publicadas por sindicatos. 2. Contratos de Custos Reembolsáveis: referem-se a custos permitidos e alocáveis, cuja ocorrência foi prevista durante a execução do contrato. Este tipo pode ter variantes de acordo com a forma e a quantidade do reembolso, podendo ser contratos de custos (somente reembolso), compartilhamento de reembolsos e custos reembolsáveis mais uma taxa fixa. 20 3. Contratos de Tempo e Material: são contratos de aquisição de produtos ou serviços, baseados no custo da hora de trabalho (salário do profissional, despesas compartilhadas, despesas gerais e administrativas e lucratividade desejada) e custo dos produtos adquiridos. Freitas (2009:18) mostra na figura a seguir (Tipos de contratos e seus respectivos níveis de riscos para Compradores e Vendedores) os riscos associados aos tipos de contratos descritos anteriormente para as partes envolvidas. Para a escolha do melhor tipo de contrato, pode ser interessante utilizar a avaliação baseada no grau de (in)certeza do negócio e tecnologia envolvidos e no grau de liberdade que o fornecedor deverá ter em relação à contratação A partir da ilustração, podemos notar que o Contrato Risco- Recompensa (remuneração ocorre conforme resultados apresentados) é mais indicado para contratações que têm baixo grau de restrição e maior grau de incerteza de negócios e tecnologias envolvidos. Os Contratos de Taxas Fixas, cuja remuneração é definida previamente, de acordo com os serviços e os produtos identificados, devem ser utilizados em contratos com maior grau de restrição e menor grau de incerteza de negócios e tecnologia. Freitas (2009:19) conclui que “a empresa pode rever seus processos de gestão de contratos e aplicar melhorias direcionadas e baseadas em melhores práticas”. 21 Fases do Ciclo de Vida dos Contratos: A referência a melhores práticas de nível mundial na gestão de contratos está baseada no CMBOK, Contract Management Body of Knowledge (NCMA – USA). De acordo com o que escreve Freitas (2009), do ponto de vista da criação, o ciclo de vida dos contratos tem duas etapas: a fase de formalização que vai da requisição até a assinatura e a fase de execução que abrange desde a assinatura até o encerramento. De acordo com Freitas (2009), as etapas envolvidas nestas fases são: • Definição: Esta etapa diz respeito às políticas de contratação, documentos constitucionais, alçadas e outros elementos que influenciam a criação dos contratos. É preciso considerar esta fase durante todo o ciclo de vida dos contratos. • Pré-Contratação: Etapa na qual os elementos preliminares do contrato são tratados. Isto inclui a requisição do produto ou serviço, a pesquisa de mercado, a seleção do tipo adequado de contrato e a definição da estratégia de aquisição. • Contratação: Etapa relativa às atividades voltadas à assinatura do contrato. Inclui a preparação de requisições, avaliação das propostas, RFx, negociação, escolha do fornecedor (ou fechamento de uma proposta). • Pré-Execução: Etapa de assinatura do contrato e os outros participantes são informados sobre o fechamento. Prepara-se o monitoramento dos eventos contratuais mais críticos, identificando formas de armazenamento, acessos e responsáveis. • Execução: Etapa relativa às atividades de administração do contrato e que tem por objetivo assegurar a sua performance e a sua conclusão bem-sucedida. Estão incluídos a execução de modificações no contrato, encaminhamento de problemas durante a execução e a obtenção ou fornecimento de produtos ou serviços, os pagamentos e o encerramento. A seguir, listamos os departamentos e profissionais envolvidos na contratação ou gestão dos contratos: 22 • Suprimentos/Compras: departamento envolvido no fechamento da negociação de contratos de aquisição. Esta área também é chamada de Fechamento de Contratos. • Jurídico: área cuja função é propiciar o suporte para a formatação, formalização, análise de não conformidade e ações legais relacionadas. Esta área, tradicionalmente, também pode se ocupar com a gestão de contratos. • Áreas de apoio: outras áreas que interagem com os departamentos envolvidos na contratação ou gestão dos contratos. Estas áreas de apoio podem, em certos casos, demandar produtos ou serviços contratados como o departamento financeiro e a área de tecnologia. Exemplo: a área de TI dá suporte a vários departamentos sobre a escolha de soluções de hardware, softwares, conectividade etc. Por outro lado, pode requisitar contratos de serviços, como a consultoria para seu próprio uso. • Áreas de negócios: também conhecidas comoáreas solicitantes ou áreas técnicas por demandar produtos ou serviços ligados aos contratos. • Fornecedores/Clientes: as empresas que, por meio da celebração de contrato, comercializam ou adquirem produtos ou serviços. • Gestão de contratos: área responsável pela legalidade do relacionamento contratual (cancelamentos, documentação, controle de exigíveis). Freitas alerta para o fato de que nem sempre as empresas mantêm esse tipo de departamento. • Comercial: área demandante de contratos relativos ao faturamento da empresa. Freitas (2009) mostra que existe um framework ou conjunto de melhores práticas que pode ser utilizado para melhorar a gestão de contratos chamado de Contract Management Maturity Model (CMMM). Tal modelo diz respeito às capacidades organizacionais que podem produzir melhores resultados para fornecedores e vendedores de produtos, serviços e soluções integradas. Vejamos a figura relativa às vendas: 23 Observemos, agora, a figura que diz respeito às compras: Benefícios: As empresas buscam um modelo de gestão de contratos mais atual que resolva problemas, como melhor definição das atribuições nas funções relacionadas à celebração, redução de tempo para a aprovação de contratos de aquisição ou vendas, controle de prazos para a elaboração de minutas e assinaturas de contratos. Os benefícios, conforme Freitas (2009), são financeiros (redução de custos na aquisição de produtos e serviços) e a diminuição de riscos legais, o que aumenta a efetividade no controle de documentos necessários durante a execução de seus contratos. AULA 4 – CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO DE TI E ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO (SLA) Introdução: Ainda são poucas as empresas que mantém o controle dos contratos. Nesta aula analisaremos quais são as vantagens de investir neste tipo de gestão e quais são as ferramentas e recursos para otimizar o processo de gestão de contratos. As principais ferramentas/recursos abordados pelo autor Walter Freitas são a Guarda Física de Documentos, o Sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) e o Sistema de Gestão de Contratos (SGC). Teremos oportunidade de observar as relações entre os contratos (e sua gestão) e a governança corporativa, bem como conhecer alguns indicadores que possibilitam a avaliação dos impactos das ações. A análise das respostas a esses indicadores permite também que se desenvolva um ciclo de melhoria da qualidade nos processos. 24 Nesta ocasião estudaremos os Contratos de Terceirização de Tecnologia da Informação, a motivação para que as empresas optem por este tipo de relação contratual e os riscos a ela associados. Analisaremos o Escritório de Gerenciamento de Vendedores (VMO). Terminaremos essa aula apreciando as dicas práticas para o gerenciamento de contratos empresariais, fornecidas por Walter Freitas (2009), bem como, um modelo de Acordo de Nível de Serviços (SLA). Ferramentas para uma gestão de contratos (p. 25): De acordo com Freitas (2009), ainda são poucas as empresas no mercado que fazem o controle dos contratos. Geralmente eles estão dispersos por toda a empresa e o controle de suas cópias nem sempre é realizado corretamente. A melhoria do controle permite que os profissionais responsáveis visualizem seu portfólio acompanhando a gestão e os riscos associados a eles. A melhoria do controle depende da utilização correta dos recursos, levando em consideração a necessidade e o orçamento da empresa e evitando a redundância de ferramentas ou falta de integração entre elas. No quadro abaixo, podemos observar ferramentas e recursos que podem ajudar as empresas a melhorar os resultados de seus contratos. Quadro “Algumas ferramentas e recursos utilizados na gestão de contratos” (Freitas, 2009:26). A utilização de um Sistema de Gestão de Contratos (SGC) tem como vantagens: maior controle dos documentos, a sua fácil localização e o acesso por meio das pesquisas, com independência dos profissionais (despersonalização) e rápido acesso a trilhas de auditoria. o quadro seguinte (Freitas, 2009:27), vemos as principais ferramentas para a gestão de contratos. 25 Para aplicar a disciplina de CLM, a empresa precisa documentar os seus processos de negócios e os sistemas utilizados devem ser aderentes a esses processos. Na figura (Freitas, 2009:28), podemos visualizar um exemplo do fluxo de atividades para o controle do acervo físico dos contratos, relacionado a um processo de negócios na gestão de contratos. Neste exemplo, descrevem-se os eventos com seus avisos de alertas. Relação entre contratos e governança corporativa: Para definir Governança Corporativa, Freitas recorre ao contido no Código de Melhores Práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. O tema da governança corporativa tem tomado vulto nas organizações em virtude das mudanças ocorridas recentemente, como o crescimento das empresas que leva à exposição externa (consequência da globalização), à busca de novos investimentos, abertura de capital e proteção contra escândalos. De acordo com Freitas, a avaliação dos contratos empresariais e seus impactos deve ir além da “foto” do portifólio de contratos com base em auditoria realizada, pois, apesar desse estudo ser competente, não consegue retratar a forma pela qual a corporação realiza a gestão de seus contratos e, portanto, maximiza os resultados e minimiza os riscos. Abaixo estão algumas perguntas que podem indicar como a gestão de contratos está sendo conduzida pela empresa: 1 - Existe um modelo de gestão de contratos implantados ou em implantação? 26 2 - A gestão de contratos está alinhada aos objetivos estratégicos da empresa? 3 - Caso a empresa utilize uma metodologia de indicadores de performance (tal como balanced scorecard), existem indicadores relacionados diretamente à gestão de contratos, como performance de contratos críticos, tempo de formalização de contratos, entre outros? 4 - Contratos e eventos críticos estão sendo monitorados corretamente (por departamento, divisão ou unidade de negócios)? O mercado brasileiro já vem desenvolvendo indicadores para melhorar a gestão de contratos. São eles: 1- Número total de contratos ativos da empresa;; 2 - Número total de contratos fechados por mês;; 3 - Tempo em dias para fechar um novo contrato;; 4 - Tempo em dias para o Jurídico aprovar um novo contrato;; 5 - % de contratos renovados;; 6 - % de contratos considerados críticos;;7 - Número de aditivos fechados por mês;; 8 - % de contratos com cláusula de SLA;; 9 - Número de pessoas na área de contratação;; 10 - Número de pessoas no jurídico. Para Freitas, é importante que a empresa, ao decidir implementar melhorias em sua gestão de contratos, utilize estes indicadores para avaliar os impactos das ações e desenvolver um ciclo de melhoria da qualidade nesses processos. Os contratos de terceirização de TI: A terceirização é uma prática que ocorre nos Estados Unidos da América desde a década de 1960. No Brasil este fenômeno tem aumentado muito. Como a garantia contratual relativa à terceirização ocorre por meio dos contratos comerciais, o volume deles tem crescido nas empresas brasileiras. De acordo com Freitas, há três fatores que motivam a escolha por terceirização de TI. São eles: 1. Redução de Custos;; 2. Acesso a conhecimento e tecnologia;; 27 3. Melhorar o foco da empresa. De acordo com Freitas, os riscos associados ao processo de terceirização são os custos envolvidos, a qualidade dos serviços prestados e o papel da Tecnologia da Informação. Citando Michael Porter, Freitas afirma que o risco estratégico da terceirização é o compartilhamento dos fornecedores com a concorrência. É preciso só terceirizar serviços que não são estratégicos para a empresa. Uma preocupação importante deve ser a definição adequada do modelo de contratação, em função do tipo de aquisição a ser realizada. No gráfico observa-se que a terceirização é mais indicada quando o foco de aquisição se baseia no resultado e não no recurso. Escritório de gerenciamento de vendedores: Os escritórios de gerenciamento de vendedores são estruturas diferenciadas de especialização em contratação de serviços ou produtos para TI. Os principais focos desta nova área são pesquisa de mercado, compras estratégicas, iniciativas de valor, redução de riscos contratuais e resolução de disputas. Essa estrutura deve responder ao principal executivo de TI, Finanças ou Administração. Dicas práticas para gestão de contratos e benefícios do investimento na gestão de contratos: 1. Use cláusulas de avaliação de condições de preço de mercado. Essas evitam que ocorram mudanças indesejáveis de preços em contratos de 28 longa duração, o que ocasiona diferença significativa entre o preço de mercado e o preço do contrato. 2. Utilize contratos de curta duração porque a competição mais frequente motiva o aumento da performance contratual. 3. Invista em um programa de desenvolvimento profissional para gestão de contratos. Ter colaboradores treinados, experientes e profissionais garante uma gestão bem-sucedida dos contratos. 4. Crie uma metodologia de gestão de contratos que descreva um processo lógico e organizado, mesmo que flexível, pelo qual a empresa compra ou vende produtos e serviços. Esta metodologia define as etapas, as regras e responsabilidades de todos os envolvidos. Um dos benefícios da adoção desta metodologia, é a medição e controle dos SLAs dos contratos, como o papel dos gestores dos contratos. 5. Utilize um sistema de gestão de contratos (SGC). Esta ferramenta pode gerar requisições eletrônicas, submeter propostas, gerar contratos, trocar informações sobre contratos e seu armazenamento, monitorar seus eventos críticos como parte de uma aplicação corporativa maior, multifuncional e integrada. 6. Torne mais simples os padrões de termo e condições contratuais (Ts e Cs), utilizando uma linguagem clara, concisa e fácil para o entendimento de todas as partes envolvidas. Os principais profissionais envolvidos nos negócios de contratos entendem o poder, o valor e o risco associados a esses termos e condições. 7. Desenvolva e mantenha uma central de conhecimento de gerenciamento de contratos que conserve o conhecimento sobre o valor de captura, armazenamento e transferência do conhecimento, em relação aos dados atuais ou históricos, sobre clientes, fornecedores, planos de negociação de contratos, resultados de negócios e contratos atuais. A central de conhecimento ideal pode incluir uma base de dados fácil de usar e acessível a todos os interessados e que tenha foco nos grupos de interesse, permitindo compartilhar informações e conceitos com os colegas. 29 Freitas (2009) recomenda que, com relação às vendas, além de um bom gerente de vendas, é necessário que a empresa tenha também profissionais gestores de contratos para administrar todo o ciclo de vida da compra ou venda de maneira bem-sucedida. No que diz respeito à aquisição, é necessário que as empresas tenham processos que permitam a comunicação efetiva de suas necessidades, selecionem a fonte correta, negociem um contrato bem-sucedido e confirmem a entrega de produtos e serviços de qualidade no tempo adequado. Segundo o autor, “A formação de grupos de trabalho é essencial para o sucesso do negócio. Passos para justificar e implementar um modelo de gestão de contratos: Freitas mostra alguns pontos importantes para que um gestor encaminhe e consiga aprovar um projeto de melhoria da gestão de contratos. 1º passo: Levantamento dos contratos dos departamentos envolvidos no negócio. O levantamento ajudará na identificação dos valores envolvidos para melhorar a gestão de contratos. A dispersão dos contratos por várias áreas e departamentos dificulta a conclusão deste passo. Nesse ponto é preciso colher informações como as contidas no quadro abaixo (Freitas, 2009:54): 2º passo: Identificação de valores. É necessário identificar os macrovalores relacionados aos contratos. Assim, é importante coletar as informações sobre faturamento, custos e valores dos contratos. As informações darão a base para calcular os ganhos e as oportunidades. 3º passo: Compilação das informações. Utilize tabelas para mostrar os ganhos anuais. Nas tabelas devem constar as seguintes informações: capital envolvido, meta % redução, redução, custo projeto CLM e ganho operacional. 30 4º passo: Apresentação da justificativa de investimento para a direção da empresa. Freitas recomenda que esta apresentação seja feita em 15 minutos, no máximo, e tenha até dez slides. Vejamos os pontos que devem ser abordados: 1. Identificação dos objetivos (relativos à redução de custos, diminuição de riscos e melhoria de performance dos contratos);; 2. Apontamento da abrangência, como tipos decontratos, eventos, indicadores, gestores envolvidos;; 3. Identificação dos elementos de gestão envolvidos: • Quantitativa: tipos de contratos, eventos, indicadores, gestores envolvidos;; • Qualitativa: documentos impactados, processos (revisados), responsabilidades revisadas;; 4. Indicação dos benefícios para a empresa: • Melhoria da lucratividade: melhorar o resultado do contrato, controle de multas e SLAs;; • Compliance: visibilidade da carteira de contratos, despersonalização, auditoria;; • Redução de riscos: maior controle dos contratos e documentos relacionados realizado pelo departamento Jurídico. AULA 5 – CONTRATOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Introdução: Nesta aula, vamos começar a estudar os Contratos Administrativos. Em primeiro lugar, é necessário saber que tomaremos como base a Lei 8666/93, isto é, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Utilizaremos também o livro de Antonieta Pereira Vieira, intitulado Gestão de Contratos de Terceirização na Administração Pública: teoria e prática. Estudaremos a sua definição e características e como eles se diferenciam do contrato celebrado na esfera privada, e analisaremos os motivos da obrigatoriedade da Administração em celebrar contratos e os casos em que eles se tornam facultativos. 31 Em seguida, veremos o seu conteúdo obrigatório, isto é, os itens que devem constar em qualquer contrato administrativo, bem como as cláusulas e as chamadas cláusulas exorbitantes e os casos nos quais se podem alterar os termos do contrato administrativo. Terminaremos a nossa aula observando as sanções administrativas e os agentes que possuem competências para aplicar as sanções, bem como a duração deste tipo de contrato. Nas últimas aulas, estudamos a gestão dos contratos no ambiente corporativo e percebemos a importância do controle desses instrumentos para o bom andamento das atividades empresariais. Nesta aula, começaremos a analisar os contratos administrativos. Veremos a sua definição, de que forma ele se diferencia do contrato celebrado em âmbito privado e a importância de gerir e fiscalizar este tipo de contrato. Para analisarmos os contratos administrativos, utilizaremos como base a Lei de Licitações e Contratos Administrativos nº 8666/93 e suas atualizações, como também os Acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) e as Orientações Normativas da Advocacia Geral da União (AGU). Veremos que qualquer gestor e todo fiscal de convênios administrativos deve ter essas legislações e orientações em mente. Definição de contrato administrativo: O Contrato administrativo é definido, no parágrafo único do artigo 2º da Lei 8666/93, como “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. É importante notar que esses contratos estão sempre orientados para a consecução do interesse público. A regulação dos Contratos Administrativos se dá pelas suas cláusulas e pelos preceitos do Direito Público, de forma supletiva, pelos princípios da Teoria Geral dos Contratos e pelas disposições de Direito Privado, como encontramos no art. 54 da Lei 8666/93 e devem estabelecer: • Direitos;; • Obrigações;; • Responsabilidades das partes. 32 O contrato administrativo possui algumas características importantes, são sempre: • Bilateral;; • Formal: Quando se afirma que é formal, estamos dizendo que o contrato é expresso de forma escrita e com requisitos especiais (vinculados à lei), de acordo com o escrito no parágrafo único do art. 4 da Lei 8666/93: “O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública”. • Oneroso: Diz-se que o contrato administrativo é oneroso porque é remunerado na forma convencionada no edital e/ou no instrumento de contrato. • Intuito Personae: Assevera-se que o contrato administrativo é intuitu personae porque exige, para a sua execução, a pessoa do contratado. Dito de outra forma, só se admitem subcontratações de parte da obra, serviço ou fornecimento até o limite admitido pela Administração, de acordo com o artigo 72 da Lei 8666/93: “O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração”. A subcontratação da totalidade da obra, serviço ou fornecimento (sub-rogação) não é admitida quando se trata de contrato administrativo. A essa altura, perguntamos: o que tipifica o contrato administrativo e o distingue do contrato privado? Podemos afirmar que é a participação da Administração na relação jurídica bilateral com supremacia de poder para estabelecer as condições iniciais do ajuste. Há presença de privilégio administrativo na relação contratual. Outro fator que o diferencia dos contratos privados é a obrigatoriedade de licitar. Entretanto, conforme previsto em lei, há alguns casos em que há dispensa de licitação. Veremos esse tópico posteriormente. Conteúdo dos contratos administrativos e suas cláusulas: No conteúdo dos contratos, deve estar manifestada a vontade das partes, como em qualquer outro tipo de contrato. Contudo, o atendimento do interesse público 33 condiciona a vontade dos contratantes. As cláusulas devem ser claras e objetivas, definindo objeto, direitos, obrigações, responsabilidades dos contratantes, encargos de acordo com o instrumento convocatório e com a proposta vencedora. Independente da transcrição, os seguintes elementos integram o contrato: • Edital. • Projeto (Básico/Executivo) se for o caso. • Memórias/Cálculo. • Planilha de Custos. • Cronogramas. • As disposições contidas na Legislação (Leis, Decretos, MPs, Portaria, Instruções Normativas). • Normas Internas que poderão ser expedidas pelos Órgãos e publicadas na Imprensa Oficial (art. 115 – parágrafo único). Outro ponto importante é o tipo de cláusula que compõe um contrato administrativo e que se divide em: • Cláusulas necessárias ou essenciais: definem o objeto e estabelecem as condições para a execução. • Cláusulas acessórias ou secundárias: complementam a vontade das partes, podendo ser omitidas sem invalidar o ato. Todo contrato deve conter, em seu preâmbulo, os nomes das partes e seus representantes,a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo de licitação, dispensa ou inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas da Lei 8666/93 e as cláusulas contratuais, como manda o art.61. Obrigatoriedade de a administração pública firmar contratos: Existe a obrigatoriedade da Administração em firmar contratos nos casos de concorrência, tomada de preços, dispensas e inexigibilidade, cujos preços estejam compreendidos nos limites dessas duas modalidades de licitação em que a entrega seja parcelada. 34 Nos outros casos, é facultativo, ou seja, a Administração pode substituir o contrato por outros instrumentos, devendo-se aplicar, no que for cabível, o art. 55 (cláusulas necessárias). Esses instrumentos são: • Carta Contrato;; • Nota de empenho de despesa;; • Autorização de compra;; • Ordem de execução de serviço. No caso de compra com entrega imediata e integral que não resulte em obrigações futuras, inclusive assistência técnica, o contrato passa a ser dispensável e é facultada a substituição pelos outros instrumentos citados, ficando a critério da Administração, independentemente de seu valor. De acordo com Vieira (2008:123), se houver substituição do contrato pela nota de empenho, deve-se observar o conteúdo da Lei nº 4320/64, no que se refere à necessidade de indicação do nome do credor, a especificação e o valor da despesa e sua dedução do saldo próprio. Cláusulas exorbitantes: Como vimos anteriormente, a Administração tem supremacia de poder para determinar as cláusulas do contrato, o que lhe possibilita a faculdade de impor as chamadas cláusulas exorbitantes que se encontram explícitas ou implícitas em todo contrato administrativo e que conferem poderes exorbitantes à Administração, ou seja, à contratante, em face do particular contratado. Essas cláusulas são perfeitamente válidas, desde que previstas em lei ou nos princípios que regem a atividade administrativa, pois seu objetivo é estabelecer uma vantagem em favor de uma das partes para o perfeito atendimento do interesse público, que deve sempre se sobrepor aos interesses particulares. Quanto a esse tópico, observemos o disposto no art. 58 da Lei 8666/93: Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por essa Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado. 35 II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei. III - fiscalizar-lhes a execução. IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste. V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. Publicidade do processo licitatório e publicação do resumo: Quanto a esse tópico, observemos o disposto no art. 58 da Lei 8666/93: • Publicidade do Processo Licitatório: A licitação é um ato público e, assim, é permitido a qualquer licitante conhecer os termos do contrato e do processo licitatório e a qualquer interessado é facultada a obtenção de cópia autenticada, mediante o pagamento dos emolumentos envolvidos, como prevê o art. 63. • Publicação do Resumo: O parágrafo único do art. 61 prevê que o resumo do contrato administrativo deve ser publicado na Imprensa Oficial, no prazo de 20 dias a contar da sua assinatura, como condição de sua eficácia. Assinatura do contrato: • A Administração fará a convocação do interessado para assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidas no ato convocatório, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81, pois caracteriza o descumprimento total da obrigação assumida. • Essas penalidades não se aplicam aos licitantes remanescentes que foram convocados pela Administração quando o vencedor não o fez, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, desde que ocorra motivo justificado aceito pela administração (art. 64 – parágrafo 2º). 36 • Esse prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período (art. 64 – parágrafo 1º). Os licitantes ficam liberados dos compromissos assumidos, se decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas não forem convocados para a contratação. Aplicação de sanções administrativas e competência para aplicar as sanções: A aplicação de sanções administrativas é competência do ordenador de despesas e essas medidas podem tomar a forma de advertência, multa ou suspensão de licitar com a Administração. O Ministro de Estado, o Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, podem emitir a Declaração de Inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, facultada a defesa do interessado, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. Execução dos contratos: Entende-se por execução do contrato o cumprimento do seu objeto, prazo e condições. Deve-se executar fielmente o contrato, cada parte exercendo os seus direitos e cumprindo as suas obrigações, de acordo com as cláusulas contratuais e as normas pertinentes respondendo cada uma pelas competências de sua inexecução total ou parcial.
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