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4 60016Resumo Direito Civil V Aula 4

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Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
1 
 
 
Sumário 
1. União Estável ................................................................................................................ 2 
1.1 Concubinato .................................................................................................................................. 2 
1.2 Identidade ..................................................................................................................................... 3 
1.2.1 Efeito pessoal da união estável ...................................................................................................... 3 
1.2.2 Novo conceito de união estável ..................................................................................................... 4 
1.3 Lealdade ........................................................................................................................................ 5 
1.4 Poliamor ........................................................................................................................................ 7 
1.5 União estável putativa ................................................................................................................... 7 
1.6 Conversão da união estável em casamento .................................................................................... 8 
1.7 Regime de bens ........................................................................................................................... 11 
1.8 Informativos STJ – união estável .................................................................................................. 13 
2. Alimentos ................................................................................................................... 16 
2.1 Espécies ............................................................................................................................................. 16 
2.2 Poder familiar ..................................................................................................................................... 19 
2.3 Estatuto da juventude ........................................................................................................................ 20 
2.4 Alimentos entre parentes ................................................................................................................... 23 
2.5 Alimentos avoengos ........................................................................................................................... 24 
2.5.1 Informativos do STJ e alimentos avoengos ................................................................................... 25 
2.6 Transmissibilidade .............................................................................................................................. 28 
2.7 Características .................................................................................................................................... 29 
2.7.1 Incompensáveis ........................................................................................................................... 29 
2.7.2 Impenhoráveis............................................................................................................................. 30 
2.7.3 Irrepetíveis .................................................................................................................................. 30 
2.7.4 (Ir)renunciáveis ........................................................................................................................... 30 
2.8 Alimentos e sociedade conjugal .......................................................................................................... 31 
2.9 Alimentos compensatórios ................................................................................................................. 37 
2.10 Alimentos gravídicos ......................................................................................................................... 39 
2.11 Estatuto do idoso .............................................................................................................................. 40 
2.12 Revisão de alimentos ........................................................................................................................ 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
2 
 
1. União Estável 
De acordo com o art. 1.723 do CC, a união estável é uma entidade familiar formada 
por pessoas, caracterizada por uma convivência pública, duradoura e contínua, com o 
objetivo de estabelecimento de vida em comum, desde que não haja impedimentos 
matrimoniais. 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. 
Se houver impedimentos matrimoniais, não será considerada união estável, mas 
concubinato. 
1.1 Concubinato 
Segundo o art. 1.727 do CC, o concubinato é uma relação afetiva sólida, duradoura, 
mas pode ter sido clandestina, ou pode ter sido estabelecida por pessoas que não 
poderiam se casar, já que havia impedimentos matrimoniais entre elas. Por isso, esse 
relacionamento não terá força para formar uma família. 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, 
constituem concubinato. 
Não sendo união estável, não surtirá qualquer efeito, porque os deveres e direitos 
que decorrem de uma união estável, conforme o art. 1724 são extrapatrimoniais e, nos 
termos do art. 1725, produz o efeito patrimonial pelo regime de bens. 
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de 
lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às 
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
Dessa forma, só haverá direito a alimentos, direito sucessório, direito a regime de 
bens etc., se a relação formar uma família por união estável. Se isso não for possível, a 
relação será caracterizada como concubinato. 
A única exceção prevista em lei está no § 1º do art. 1723. 
Art. 1.723 (...) 
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não 
se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de 
fato ou judicialmente. 
O art. 1521, VI, estabelece que uma pessoa casada não pode contrair novo 
casamento, sob pena de incorrer em bigamia. Assim, essa pessoa casada está impedida de 
celebrar um novo casamento até que o atual seja extinto. 
Art. 1.521. Não podem casar: 
VI - as pessoas casadas; 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
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Por outro lado, a pessoa casada que está em impedimento matrimonial, 
excepcionalmente, poderá formar união estável, desde que esteja separada judicialmente 
ou de fato. 
A separação de fato faz grande diferença em relação à Lei nº 9278/96, porque a 
EmendaConstitucional nº 66/2010 retirou a exigência de se cumprir dois anos de 
separação de fato para se ter direito ao divórcio direto. 
Dessa forma, a EC nº 66/2010 acabou por alterar a compreensão dessa separação 
de fato do § 1º do art. 1723 e, desde julho de 2010 passou a ser consagrado, no Brasil, que 
a qualquer momento de uma separação de fato, não interessa se um ano ou seis meses, 
será possível constituir outra família por união estável. 
Portanto, não são mais necessários os dois anos de uma separação de fato para que 
uma pessoa casada possa formar outra família por união estável, basta que ela esteja 
separada de fato para que isso seja juridicamente possível. 
1.2 Identidade 
1.2.1 Efeito pessoal da união estável 
Outro aspecto sobre a união estável, vale destacar, está previsto pela Lei nº 
6.015/73 (LRP – Lei de registros públicos), no seu art. 57, §§ 2º a 4º. 
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após 
audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito 
o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, 
ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.100, de 
2009). 
(...) 
§ 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou 
viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz 
competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu 
companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja 
impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes 
ou de ambas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). 
§ 3º O juiz competente somente processará o pedido, se tiver expressa concordância do 
companheiro, e se da vida em comum houverem decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou 
existirem filhos da união. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). 
§ 4º O pedido de averbação só terá curso, quando desquitado o companheiro, se a ex-
esposa houver sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do marido, ainda 
que dele receba pensão alimentícia. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 
Trata da possibilidade do companheiro acrescentar o sobrenome do outro. Mais 
especificamente, a lei prevê a possibilidade de a companheira acrescentar o nome do 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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companheiro, mas quando o art. 5º da Constituição Federal estabelece a igualdade de 
gênero, inclusive quando o próprio Código Civil, no seu art. 1.565, § 1º, admite ao homem 
acrescentar o sobrenome da mulher, a compreensão dos parágrafos 2º a 4º do art. 57, 
passa a ser contaminado por essa mudança paradigmática. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de 
consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
Então, apesar de o texto da lei mencionar o acréscimo do sobrenome do 
companheiro pela companheira, por causa dessas alterações, tanto constitucionais, como 
na legislação ordinária, passa-se a admitir que o companheiro também acrescente o 
sobrenome da companheira. 
1.2.2 Novo conceito de união estável 
Voltemos ao seguinte ponto. Para que uma pessoa casada constitua família por uma 
união estável, ela deve estar, pelo menos, separada de fato. 
Consideremos que Gustavo e Clarice formem uma família por união estável. Então, 
eles mantêm uma relação matrimonial, possuem um lar em conjunto, têm filhos, mantêm 
a vida em comum há alguns anos, uma relação sólida e são conhecidos socialmente como 
marido e mulher. Entretanto, Gustavo estabelece uma relação paralela com Bianca e, de 
acordo com o art. 1724, ele é desleal. Isso porque ele não é casado com Clarice e, assim, 
seu estado civil é solteiro. 
A sociedade, em tese, não tem meios para investigar se Gustavo, ostentando o 
estado civil de solteiro, formou ou não uma família, mas cabe a ele ser leal a Clarice. Dessa 
forma, a relação que ele estabelece com Bianca é de amante, representando uma relação 
desleal com a que ele forma com Clarice. 
A falta dessa lealdade faz com que o STJ entenda que as relações paralelas formem 
concubinato. 
Pensando de outra forma, se Gustavo e Clarice fossem casados e Gustavo 
mantivesse uma relação com Bianca sem estar separado, essa relação seria concubinato, 
porque haveria o impedimento matrimonial e, por isso, não poderia ser união estável. 
No caso apresentado, embora Gustavo não seja casado com Clarice, em razão da 
lealdade que deve incidir sobre as relações afetivas, a relação de Gustavo com Bianca 
ofende o vínculo matrimonial que ele mantém com Clarice. Por isso que o STJ não admite 
as relações paralelas. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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1.3 Lealdade 
Prevista no art. 1724, representa um impedimento para as relações paralelas. 
Segundo os Informativos nºs 274, 435, 464 e 494, não são admitidas as uniões 
paralelas, sendo que a primeira é união estável e as demais são concubinato. 
Informativo n. 0274 
Período: 13 a 17 de fevereiro de 2006. 
UNIÃO ESTÁVEL. CONCOMITÂNCIA. UNIÕES. INCABÍVEL. 
Não se equipara ao casamento putativo o relacionamento do autor da herança com uma 
mulher, sem que tenha se desvinculado da anterior união estável, na qual vivia como se 
fosse marido. Não há como configurar união estável concomitante a outra. REsp 
789.293-RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 16/2/2006. 
 
Informativo Nº: 0435 
Período: 17 a 21 de maio de 2010 
FAMÍLIA. UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. PENSÃO. 
In casu, o de cujus foi casado com a recorrida e, ao separar-se consensualmente dela, 
iniciou um relacionamento afetivo com a recorrente, o qual durou de 1994 até o óbito 
dele em 2003. Sucede que, com a decretação do divórcio em 1999, a recorrida e o 
falecido voltaram a se relacionar, e esse novo relacionamento também durou até sua 
morte. Diante disso, as duas buscaram, mediante ação judicial, o reconhecimento de 
união estável, consequentemente, o direito à pensão do falecido. O juiz de primeiro grau, 
entendendo haver elementos inconfundíveis caracterizadores de união estável existente 
entre o de cujus e as demandantes, julgou ambos os pedidos procedentes, reconhecendo 
as uniões estáveis simultâneas e, por conseguinte, determinou o pagamento da pensão 
em favor de ambas, na proporção de 50% para cada uma. Na apelação interposta pela 
ora recorrente, a sentença foi mantida. Assim, a questão está em saber, sob a 
perspectiva do Direito de Família, se há viabilidade jurídica a amparar o reconhecimento 
de uniões estáveis simultâneas. Nesta instância especial, ao apreciar o REsp, inicialmente 
se observou que a análise dos requisitos ínsitos à união estável deve centrar-se na 
conjunção de fatores presentes em cada hipótese, como a affectio societatis familiar, a 
participação de esforços, a posse do estadode casado, a continuidade da união, a 
fidelidade, entre outros. Desse modo, entendeu-se que, no caso, a despeito do 
reconhecimento, na dicção do acórdão recorrido, da união estável entre o falecido e sua 
ex-mulher em concomitância com união estável preexistente por ele mantida com a 
recorrente, é certo que o casamento válido entre os ex-cônjuges já fora dissolvido pelo 
divórcio nos termos do art. 1.571, § 1º, do CC/2002, rompendo-se, definitivamente, os 
laços matrimoniais outrora existentes. Destarte, a continuidade da relação sob a 
roupagem de união estável não se enquadra nos moldes da norma civil vigente (art. 
1.724 do CC/2002), porquanto esse relacionamento encontra obstáculo intransponível no 
dever de lealdade a ser observado entre os companheiros. Ressaltou-se que uma 
sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o 
dever de fidelidade, que integra o conceito de lealdade, para o fim de inserir, no âmbito 
do Direito de Família, relações afetivas paralelas e, por consequência, desleais, sem 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
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descurar do fato de que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a realização 
de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. Assinalou-se que, na espécie, a 
relação mantida entre o falecido e a recorrida (ex-esposa), despida dos requisitos 
caracterizadores da união estável, poderá ser reconhecida como sociedade de fato, caso 
deduzido pedido em processo diverso, para que o Poder Judiciário não deite em solo 
infértil relacionamentos que efetivamente existem no cenário dinâmico e fluido dessa 
nossa atual sociedade volátil. Assentou-se, também, que ignorar os desdobramentos 
familiares em suas infinitas incursões, em que núcleos afetivos justapõem-se, em 
relações paralelas, concomitantes e simultâneas, seria o mesmo que deixar de julgar 
com base na ausência de lei específica. Dessa forma, na hipótese de eventual interesse 
na partilha de bens deixados pelo falecido, deverá a recorrida fazer prova, em processo 
diverso, repita-se, de eventual esforço comum. Com essas considerações, entre outras, a 
Turma deu provimento ao recurso, para declarar o reconhecimento da união estável 
mantida entre o falecido e a recorrente e determinar, por conseguinte, o pagamento da 
pensão por morte em favor unicamente dela, companheira do falecido. REsp 1.157.273-
RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/5/2010. 
 
Informativo nº 0464 
Período: 21 a 25 de fevereiro de 2011. 
UNIÕES ESTÁVEIS PARALELAS. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso especial e estabeleceu 
ser impossível, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, conferir proteção jurídica a 
uniões estáveis paralelas. Segundo o Min. Relator, o art. 226 da CF/1988, ao enumerar 
as diversas formas de entidade familiar, traça um rol exemplificativo, adotando uma 
pluralidade meramente qualitativa, e não quantitativa, deixando a cargo do legislador 
ordinário a disciplina conceitual de cada instituto - a da união estável encontra-se nos 
arts. 1.723 e 1.727 do CC/2002. Nesse contexto, asseverou que o requisito da 
exclusividade de relacionamento sólido é condição de existência jurídica da união estável 
nos termos da parte final do § 1º do art. 1.723 do mesmo código. Consignou que o maior 
óbice ao reconhecimento desse instituto não é a existência de matrimônio, mas a 
concomitância de outra relação afetiva fática duradoura (convivência de fato) - até 
porque, havendo separação de fato, nem mesmo o casamento constituiria impedimento 
à caracterização da união estável -, daí a inviabilidade de declarar o referido paralelismo. 
Precedentes citados: REsp 789.293-RJ, DJ 20/3/2006, e REsp 1.157.273-RN, DJe 
7/6/2010. REsp 912.926-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/2/2011. 
 
Informativo Nº: 0494 
Período: 26 de março a 3 de abril de 2012. 
RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL SIMULTÂNEA AO CASAMENTO. 
Ser casado constitui fato impeditivo para o reconhecimento de uma união estável. Tal 
óbice só pode ser afastado caso haja separação de fato ou de direito. Ainda que seja 
provada a existência de relação não eventual, com vínculo afetivo e duradouro, e com o 
intuito de constituir laços familiares, essa situação não é protegida pelo ordenamento 
jurídico se concomitante a ela existir um casamento não desfeito. Na hipótese, havia 
dúvidas quanto à separação fática do varão e sua esposa. Assim, entendeu-se 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
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inconveniente, sob o ponto de vista da segurança jurídica, inviolabilidade da vida 
privada, da intimidade e da dignidade da pessoa humana, abrir as portas para 
questionamento acerca da quebra da affectio familiae, com vistas ao reconhecimento de 
uniões estáveis paralelas a casamento válido. Diante disso, decidiu-se que havendo uma 
relação concubinária, não eventual, simultânea ao casamento, presume-se que o 
matrimônio não foi dissolvido e prevalece os interesses da mulher casada, não 
reconhecendo a união estável. Precedentes citados do STF: RE 397.762-BA, Dje 
11/9/2008; do STJ: Resp 1.107.195-PR, Dje 27/5/2010, e Resp 931.155-RS, DJ 20/8/2007. 
REsp 1.096.539-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/3/2012. 
1.4 Poliamor 
Alguns cartórios têm feito contrato de uniões poliafetivas, um homem e duas 
mulheres ou duas mulheres e um homem e até de três mulheres ou três homens. Por 
enquanto só temos notícias de uniões a três, mas o poliamor não estabelece um número 
específico, de quantos seriam. 
O STJ não admite o poliamor1. Ainda existe muita resistência quanto a essa 
estrutura familiar no Brasil, porque ele ainda é um país de prática monogâmica. 
O art. 1521, VI, do Código Civil, como nós já vimos, homenageia a monogamia e, 
aliás a bigamia ainda é considerada crime no Brasil. 
Então, em razão de valores sociais, o poliamor encontra muita resistência. Todavia, 
ele é admitido pela doutrina e ainda há alguns militantes na área da família bastante 
favoráveis ao poliamor, tendo em vista que é uma possibilidade e uma prática sustentável, 
na medida em que é ética. 
Duas ou mais pessoas mantêm relações familiares simultaneamente e elas se 
aceitam, se acolhem e se legitimam. Por isso, a união estável acaba sendo vivenciada por 
essas pessoas, mas o Estado brasileiro ainda não a reconhece. 
O CNJ mandou suspender todas as escrituras de relações de poliamor2, até que o 
STJ decida se deve ou não lavrar escrituras de poliamor em tabelionato de notas no Brasil. 
Por enquanto, isso representa um claro posicionamento contrário. 
1.5 União estável putativa 
É uma relação paralela, mas que transita pela boa-fé subjetiva. A união estável 
 
1 Nota do monitor: Segue exemplo de julgado do STJ. 
 “(...) Realmente, não há como se admitir a coexistência de um casamento nas circunstâncias ora expostas 
(sem separação de fato) com uma união estável, sob pena de viabilizar a bigamia, já que é possível a 
conversão da união estável em casamento (...)” (STJ, REsp 684.407/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 
DJ de 27/6/2005). 
2
 Nota do monitor: “O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sugeriu que cartórios suspendam as escrituras 
públicas de relacionamentoentre mais de duas pessoas, as chamadas uniões poliafetivas, até a 
regulamentação do tema. A recomendação foi repassada às corregedorias estaduais até que o CNJ analise 
representação da Associação de Direito de Família e das Sucessões (ADFAS), que pediu, em liminar, a 
proibição do reconhecimento do poliamor”. Fonte: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,cnj-pede-
suspensao-de-registro-de-trisal,10000052712 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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8 
 
putativa é uma aplicação do art. 1561 do CC, por analogia. 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os 
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o 
dia da sentença anulatória. 
§ 1
o
 Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis 
só a ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2
o
 Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos 
civis só aos filhos aproveitarão. 
Assim, não se admite o casamento viciado, sem que as pessoas saibam, declarando-
se nulo esse casamento por sentença, mas são conferidos os efeitos ao casamento nulo, 
em homenagem à boa-fé subjetiva das partes que desconheciam os impedimentos 
matrimoniais. 
Ora, se existe essa possibilidade para o casamento, então, deve-se admitir essa 
possibilidade para a união estável. 
É importante destacar um julgado do Rio Grande do Sul, segundo o qual: 
 (...) Comprovada a notoriedade e a publicidade do relacionamento amoroso havido 
entre a autora e o de cujus e, por isso é cabível o reconhecimento da união estável 
putativa, quando fica demonstrado que a autora não sabia do relacionamento paralelo do 
varão com a mãe da ré (...) (TJRS, Apelação Cível nº 70 025 094 707, Rel Des. Sérgio 
Fernando de Vasconcellos Chaves, 7ª Câmara Cível, j. 22/10/2008) 
Exemplo: Angélica mantém relação com um homem que a assume publicamente 
como sua esposa e, depois, ela descobre que esse homem tem uma relação com outra 
mulher que pode ser sua esposa ou companheira e essas mulheres desconheciam que 
estavam em relações paralelas, porque foram enganadas e iludidas. Embora a segunda 
relação não seja reconhecida como união estável, deve-se dar a ela os efeitos de uma 
união estável, tal qual acontece com o casamento, porque se deve homenagear a boa-fé 
subjetiva. 
1.6 Conversão da união estável em casamento 
Reconhecido que o casamento e a união estável são duas uniões afetivas aptas a 
formar família, destaca-se o art. 226, § 3º, da CF/88, o qual estabelece que a legislação 
ordinária deve facilitar a conversão da união estável em casamento. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
Imaginemos um casal que iniciou uma relação de união estável em 1982, possuindo 
34 anos de vida em comum, vivendo em família durante esse período e, agora, em 2016, 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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esse mesmo casal resolve casar. 
De duas, uma: ou eles vão solicitar a habilitação para casar e serão considerados 
casados a partir de 2016 em diante; ou vão pedir a conversão dessa união estável em 
casamento, conforme estabelece o art. 1726. 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos 
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. 
Esse artigo prevê que esse casal que está há 34 anos em união estável, em 
conjunto, podem requerer a conversão da união estável em casamento e deverá ser 
prolatada sentença. 
Interessante é que o art. 8º da lei nº 9278/96 também previa essa conversão da 
união estável em casamento, mas isso se dava em cartório. O Código Civil de 2002 
estabeleceu e regulamentou também essa conversão, mas de forma judicializada. 
Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a 
conversão da união estável em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil 
da Circunscrição de seu domicílio. 
Então, pelo Código Civil, a conversão deve se dar por sentença. 
Em primeiro lugar, essa sentença tem que declarar a união estável, reconhecendo 
que os requerentes vivem em união estável desde determinada data. A próxima fase é 
determinar o momento em que eles poderiam ter se casado. 
Considerando o caso hipotético apresentado acima, se fosse possível o casamento 
em 1982, ou seja, se os requerentes tivessem capacidade para casar e não houvesse 
impedimentos matrimoniais, desde aquela data eles poderiam ter casado. Então, se a 
sentença converteu desde 1982, significa que ela terá efeito retroativo e quando for 
registrada no domicílio dos companheiros, agora já cônjuges, far-se-á o registro de um 
casamento desde 1982. 
Se, por exemplo, um deles estivesse separado judicialmente em 1982 e só tivesse 
conseguido o divórcio em 1984, a sentença iria declarar a união estável desde 1982, porém 
a conversão deveria ocorrer em 1984, a fim de que não houvesse bigamia, já que, de 82 a 
84, um dos companheiros estava casado, porém separado judicialmente, então ele poderia 
formar união estável, mas não poderia se casar. 
Dessa forma, essa sentença poderia reconhecer a união estável, mas não poderia 
convertê-la em casamento. Se em 84 ocorre o registro de averbação do divórcio do 
primeiro casamento, já pode haver o registro de um segundo casamento. Dessa forma, a 
conversão é retroativa a 1984, e não a 1982. 
Se não existisse esse efeito retroativo, não se falaria em conversão, configurando 
em mera habilitação para casar. O casal em comento, por exemplo, casaria em 2016 e 
seguiria em frente casado. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
10 
 
A conversão, por outro lado, quando se converte uma coisa em outra, significa que 
se está transformando uma união estável em casamento. É a mesma coisa quando se 
converte um arresto em penhora. O arresto quando vira penhora, o registro da penhora 
tem efeito retroativo. Igualmente, quando se converte uma hipoteca em penhora, haverá 
efeito retroativo. 
A conversão da união estável em casamento é um pedido judicial comum retroativo 
à data da constituição da união estável, salvo se, na data da constituição da união estável 
houver impedimento matrimonial. Havendo impedimento matrimonial, a retroatividade 
não será a data do reconhecimento da união estável, será a data em que fosse possível os 
requerentes terem se casado. 
Prestem atenção ao Enunciado 526, da V Jornada de Direito Civil: “É possível a 
conversão de união estável entre pessoas do mesmo sexo em casamento, observados os 
requisitos exigidos para a respectiva habilitação”. 
Nesse mesmo sentido, o STJ dispôs no Informativo 486. 
Informativo Nº: 0486 
Período: 24 de outubro a 4 de novembro de 2011. 
CASAMENTO. PESSOAS. IGUALDADE. SEXO. 
In casu, duas mulheres alegavam que mantinham relacionamento estável há três anos e 
requereram habilitação para o casamento juntoa dois cartórios de registro civil, mas o 
pedido foi negado pelos respectivos titulares. Posteriormente ajuizaram pleito de 
habilitação para o casamento perante a vara de registros públicos e de ações especiais 
sob o argumento de que não haveria, no ordenamento jurídico pátrio, óbice para o 
casamento de pessoas do mesmo sexo. Foi-lhes negado o pedido nas instâncias 
ordinárias. O Min. Relator aduziu que, nos dias de hoje, diferentemente das constituições 
pretéritas, a concepção constitucional do casamento deve ser plural, porque plurais são 
as famílias; ademais, não é o casamento o destinatário final da proteção do Estado, mas 
apenas o intermediário de um propósito maior, qual seja, a proteção da pessoa humana 
em sua dignidade. Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são 
menos dignas de proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e 
formadas por casais heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele 
arranjo familiar deve ser levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais 
segurança jurídica confere às famílias é o casamento civil. Assim, se é o casamento civil a 
forma pela qual o Estado melhor protege a família e se são múltiplos os arranjos 
familiares reconhecidos pela CF/1988, não será negada essa via a nenhuma família que 
por ela optar, independentemente de orientação sexual dos nubentes, uma vez que as 
famílias constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos 
daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade das pessoas e 
o afeto. Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado tanto pelo STJ quanto pelo STF 
para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável deve ser 
utilizado para lhes proporcionar a via do casamento civil, ademais porque a CF 
determina a facilitação da conversão da união estável em casamento (art. 226, § 3º). 
Logo, ao prosseguir o julgamento, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso para 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
11 
 
afastar o óbice relativo à igualdade de sexos e determinou o prosseguimento do processo 
de habilitação do casamento, salvo se, por outro motivo, as recorrentes estiverem 
impedidas de contrair matrimônio. REsp 1.183.378-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgamento em 25/10/2011. 
O enunciado 526 foi resultado do julgamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 4277 e que acabou sendo reforçado posteriormente pela Resolução 
CNJ nº 175, segundo a qual as Corregedorias de Justiça dos Estados e do Distrito Federal 
deveriam assegurar a habilitação de casamento de pessoas do mesmo sexo. 
RESOLUÇÃO Nº 175, DE 14 DE MAIO DE 2013 
Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de 
casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de 
mesmo sexo. 
 Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo 
juiz corregedor para as providências cabíveis. 
Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
Esse reconhecimento representou um grande momento para a cidadania no Brasil. 
1.7 Regime de bens 
Cumpre destacar o acórdão do STJ que ganhou muita mídia e chamou muita 
atenção por resolver a questão da partilha de bens da união estável, pela aplicação da 
Súmula 380 do STF, por considerar que as relações de concubinato, ao serem dissolvidas e 
quando constituírem sociedades de fato, necessita de prova da contribuição econômica. 
Súmula 380 
Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua 
dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. 
Essa decisão foi um triste episódio para a história da Corte Superior, porque ela só 
serviu para reafirmar a deficiência dos Ministros no que tange à família. O artigo 1725 do 
Código Civil consagrou o que já era previsto desde a Lei nº 9278/96, ou seja, o regime de 
bens. 
Isso quer dizer que, uma vez reconhecida a união estável, fica também comprovada 
uma sociedade afetiva, que atrai para si as regras da comunhão parcial de bens, na forma 
do artigo 1725, sem prejuízo de um contrato entre os companheiros, elegendo outro 
regime de bens se preferirem. 
Logo, voltamos a insistir: cuidado com acórdãos que fogem à orientação do próprio 
tribunal, porque, muitas vezes, eles só servem para expressar a deficiência pontual de 
alguns ministros e, infelizmente, isso acontece. Até porque cabe ao STJ zelar pela vigência 
de lei federal e, quando o STJ nega vigência ao art. 1725 do Código Civil, ele presta um 
enorme desserviço à ordem jurídica pátria. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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12 
 
O art. 1725 do CC está em vigor desde 11 de janeiro de 2003, ou seja, é uma 
vigência de mais de 13 anos, estabelecendo o que todo mundo já sabe desde os bancos da 
faculdade e da graduação. 
Uma vez constituída a família pela união estável, o regime de bens entre as partes 
será a comunhão parcial, salvo se os companheiros tiverem estabelecido outro regime de 
bens diferente, significando a liberdade dos companheiros de eleger a separação, a 
comunhão universal, enfim, desde que seja por contrato escrito. Se não houver esse 
contrato escrito, o regime é o da comunhão parcial. No caso da comunhão parcial, a lei 
presume o esforço comum. 
Exemplo: se a mulher é dona de casa e o marido trabalha, o patrimônio formado 
onerosamente num casamento pela comunhão parcial, decorreu de um esforço comum. A 
esposa contribuiu porque a sociedade não é empresária, é afetiva. Da mesma forma, a 
união estável, na forma do art. 1725. 
Os informativos 254 e 505 do STJ enunciam que a lei que estiver em vigor enquanto 
houver união estável é atraída para regulamentá-la, no que tange ao regime de bens. 
Informativo nº 0254 
Período: 1º a 5 de agosto de 2005. 
UNIÃO ESTÁVEL. LEI N. 9.278/1996. PARTICIPAÇÃO. FORMAÇÃO. PATRIMÔNIO. 
Tem-se por certo o convívio do casal em união estável por 12 anos e substancial aumento 
de seu patrimônio durante esse período. Os bens imóveis foram registrados apenas em 
nome da recorrida, que, após o rompimento da relação, entregou-os em doação a seus 
filhos, reservado seu usufruto vitalício. Note-se que, após a Lei n. 9.278/1996, os bens 
adquiridos pelo casal na constância da união estável são frutos do trabalho e da 
colaboração comum. Dessarte, conclui-se pertencer a ambos. Todavia, de acordo com a 
jurisprudência, nos relacionamentos rompidos antes da vigência daquela lei, tal qual 
reconhecido no caso em tela, há que se perquirir, para efeito de partilha, a participação 
de ambos na formação do patrimônio (Súm. n. 380-STF), mas não se exige, para tal 
mister, que a contribuição seja pecuniária e direta. Dessa forma, firmado pelas instâncias 
ordinárias que o recorrente teve participação na formação do patrimônio, tem ele direito 
à partilha dos bens. Em relação aos que já foram vendidos ou doados pela recorrida, há 
que se pagar ao recorrente a correspondente indenização. Com esse entendimento, a 
Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso. 
Precedentes citados: REsp 443.901-RS, DJ 17/2/2003; REsp 120.335-RJ, DJ 24/8/1998, e 
REsp 147.098-DF, DJ 7/8/2000. REsp 488.649-MG,Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
2/8/2005. 
 
Informativo n. 0505 
Período: 20 de setembro a 3 de outubro de 2012. 
DIREITO CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL DISSOLVIDA APÓS A LEI N. 9.278/1996. PRESUNÇÃO DE 
ESFORÇO COMUM. 
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13 
 
É devida a partilha dos bens adquiridos onerosamente por um ou ambos os conviventes 
na constância da união estável, independentemente da comprovação de esforço comum, 
em caso de dissolução da união após o advento da Lei n. 9.278/1996, salvo se houver 
estipulação contrária em contrato escrito ou se a aquisição ocorrer com o produto de 
bens adquiridos em período anterior ao início da união. Aplicam-se as disposições da Lei 
n. 9.278/1996 às uniões estáveis dissolvidas após a sua vigência. Dispõe o art. 5º da Lei 
n. 9.278/1996 que “os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os 
conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do 
trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em 
partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito”. A Lei n. 9.278/1996 não 
exige, como previa o regime anterior, a prova de que a aquisição dos bens decorreu do 
esforço comum de ambos os companheiros para fins de partilha. Precedentes citados: 
REsp 986.290-RS, DJe 28/2/2011; REsp 623.566-RO, DJ 10/10/2005; REsp 147.098-DF, DJ 
7/8/2000; REsp 602.199-PB, DJe 14/9/2009, e REsp 915.297-MG, DJe 3/3/2009. REsp 
1.021.166-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/10/2012. 
Dessa forma, a união estável que já existia quando entrou em vigor o Código Civil de 
2002 atraiu o art. 1725. Assim, mesmo que se trate de um patrimônio antigo, formado 
muito antes de o Código Civil, este, ainda assim, irá incidir, porque aquela união estava viva 
quando a nova lei entrou em vigor, apesar de o Conselho da Justiça Federal ter entendido 
que deveria ser aplicada a regra que estivesse em vigor na data da aquisição do bem, por 
exemplo, se o bem fosse adquirido em 1977, teria que aplicar a regra de comunicação 
patrimonial de 77, se foi adquirido em 93, teria que ser a regra de 93. 
Porém, não foi assim que o STJ resolveu, não foi assim que os tribunais seguiram e 
não é esse o entendimento doutrinário. É aplicado o regime de bens da comunhão parcial, 
salvo se tiver sido escolhido outro regime pelos companheiros para fazer a partilha de 
bens, considerando a data da dissolução da sociedade conjugal. 
Então, se a sociedade foi dissolvida em 2009, será aplicada a regra em vigor em 
2009, e não na data da aquisição do bem. 
1.8 Informativos STJ – união estável 
 508: presunção de paternidade é estendida à união estável 
A presunção de paternidade prevista no art. 1597 também é aplicada para a união 
estável. 
Informativo Nº: 0508 
Período: 5 a 14 de novembro de 2012. 
DIREITO CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL. PRESUNÇÃO DE CONCEPÇÃO DE FILHOS. 
A presunção de concepção dos filhos na constância do casamento prevista no art. 1.597, 
II, do CC se estende à união estável. Para a identificação da união estável como entidade 
familiar, exige-se a convivência pública, contínua e duradoura estabelecida com o 
objetivo de constituição de família com atenção aos deveres de lealdade, respeito, 
assistência, de guarda, sustento e educação dos filhos em comum. O art. 1.597, II, do CC 
dispõe que os filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade 
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14 
 
conjugal presumem-se concebidos na constância do casamento. Assim, admitida pelo 
ordenamento jurídico pátrio (art. 1.723 do CC), inclusive pela CF (art. 226, § 3º), a união 
estável e reconhecendo-se nela a existência de entidade familiar, aplicam-se as 
disposições contidas no art. 1.597, II, do CC ao regime de união estável. Precedentes 
citados do STF: ADPF 132-RJ, DJe 14/10/2011; do STJ: REsp 1.263.015-RN, DJe 
26/6/2012, e REsp 646.259-RS, DJe 24/8/2010. REsp 1.194.059-SP, Rel. Min. Massami 
Uyeda, julgado em 6/11/2012. 
 370: é dispensada a coabitação para configurar a união estável (aplicação da 
Súmula 382 do STF). 
Informativo nº 0370 
Período: 29 de setembro a 3 de outubro de 2008. 
UNIÃO ESTÁVEL. COABITAÇÃO. 
A recorrente busca reconhecer a existência de uma entidade familiar formada entre ela e 
o de cujus apta a reservar-lhe meação nos bens deixados. A seu favor pesa a constatação 
de que a Lei n. 9.278/1996 não enumera a coabitação como um elemento indispensável, 
um requisito essencial, à formação da união estável (vide Súm. n. 382-STF), mesmo que 
não se negue ser ela um dado relevante para perquirir a intenção de constituir família. 
Quanto à prova de efetiva colaboração da recorrente na aquisição dos bens, tal 
circunstância é relevante apenas para afastar eventual sociedade de fato, subsistindo a 
necessidade de definir se existente a união estável, pois ela presume a mútua 
colaboração na formação do patrimônio, a refletir na conseqüente partilha (art. 5º da 
referida lei). Porém, afastada a única premissa utilizada pelo Tribunal a quo para repelir 
a existência da união estável (a falta de coabitação), só resta a remessa dos autos à 
origem para que lá, à luz dos demais elementos de prova constantes dos autos, examine-
se a existência da mencionada união, visto o consabido impeço de o STJ revolver o 
substrato fático-probatório dos autos. Precedentes citados: REsp 278.737-MT, DJ 
18/6/2001, e REsp 474.962-SP, DJ 1º/3/2004. REsp 275.839-SP, Rel. originário Min. Ari 
Pargendler, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi (art. 52, IV, b, do RISTJ), julgado em 
2/10/2008. 
 431: in dubio, pro casamento (art. 1547, CC). 
Informativo nº 0431 
Período: 19 a 23 de abril de 2010. 
UNIÃO ESTÁVEL. CASAMENTO. 
Cuida-se de ação de reconhecimento de união estável post mortem e consequente 
dissolução ajuizada pela recorrente em face dos herdeiros do de cujus. Na ação, ela 
alega ter mantido relacionamento pelo período de 30 anos, de 1970 até 2000, ou seja, 
até a data do falecimento do aludido companheiro. Salienta que dessa união advieram 
quatro filhos. Ressalta que trabalhou como sua secretária pessoal, relacionamento 
profissional que se transformou em afetivo, culminando com o nascimento dos filhos. 
Acrescenta que o companheiro separou-se judicialmente da primeira mulher em 1983, 
ano em que reconheceu a paternidade dos filhos. Por sua vez, os netos, na contestação, 
alegaram que o avô nunca viveu em união estável com a autora, e sim em concubinato 
impuro, visto que nunca se separou de fato da primeira mulher. Embora separados, 
conviviam como se fossem casados, dividindo o teto conjugal, que nunca se desfez. O 
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15 
 
Min. Relator (em voto vencido) dava provimento ao recurso, entendendo que a ausência 
de coabitação não constitui motivo suficiente para obstar o reconhecimento de união 
estável. A Min. Nancy Andrighi, em seu voto vista divergente, mas vencedor, destacou 
que a declarada ausência decomprovação da posse do estado de casados, vale dizer, na 
dicção do acórdão recorrido, a ausência de prova da intenção do falecido de com a 
recorrente constituir uma família, com aparência de casamento, está intimamente 
atrelada ao fato de que, muito embora separados judicialmente, houve a continuidade 
da união dele com a primeira mulher, pois permaneceram juntos até a morte do cônjuge 
varão, o que vem referendar a questão, também posta no acórdão impugnado, de que 
não houve dissolução do casamento válido, ponderando-se, até mesmo, a respeito do 
efetivo término da sociedade conjugal, porque notória a continuidade da relação, muito 
embora não formalizado pedido de retorno ao status de casados. Nos termos do art. 
1.571, § 1º, do CC/2002, o casamento válido não se dissolve pela separação judicial, 
apenas pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. Por isso mesmo, na hipótese de 
separação judicial, basta que os cônjuges formulem pedido para retornar ao status de 
casados. Já, quando divorciados, para retornarem ao status quo ante, deverão contrair 
novas núpcias. Esse entendimento, consagrado pela doutrina e jurisprudência, sob a 
vigência do CC/1916, apenas foi referendado pelo CC/2002, o que permite sua incidência 
na hipótese. Por fim, a Min. Nancy Andrighi entendeu que a relação mantida entre o de 
cujus e a recorrente era despida dos requisitos caracterizadores da união estável. Dessa 
forma, na hipótese de eventual interesse na partilha de bens, deverá a recorrente fazer 
prova, em processo diverso, de eventual esforço comum. Diante disso, a Turma, ao 
prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso. REsp 1.107.192-PR, 
Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 
20/4/2010. 
Numa discussão entre companheira e cônjuge, na dúvida, pro casamento. 
Informativo 431. 
Exemplo: O morto deixou bens e há duas mulheres reclamando a condição de viúva, 
Juliana, e de ex-companheira, Marta. Juliana tem uma certidão de casamento. Ela prova 
que era casada com o falecido e, tendo sido aberta a sua sucessão, ela é cônjuge 
sobrevivente e possui os direitos sucessórios (art. 1543). Marta, por sua vez, afirma que 
não, que o falecido estava separado de fato de Juliana, quando estabeleceu uma relação 
afetiva com ela (art. 1723, § 1º). 
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. 
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra 
espécie de prova. 
Ora, se ele estava separado de fato de Juliana, ela não teria direitos sucessórios, 
quem os teria era a companheira sobrevivente. 
A questão para o STJ é que quem está alegando o fato é Marta. Ela que alega a 
separação de fato do morto com a Juliana. Então, se Marta acusa e sustenta a separação 
de fato, o ônus da prova cabe a ela. Se Marta não conseguir comprovar a separação de fato 
de Juliana e do falecido, então ela não consegue comprovar a união estável. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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16 
 
Quando termina o processo, mas o juiz está em dúvida, entende o STJ que a dúvida 
significa que Marta não conseguiu comprovar a união estável dela, logo, Juliana é a viúva e 
a que tem o direito sucessório. Por isso que, na dúvida, em favor do casamento. 
2. Alimentos 
Aqui a gente começa o fim da nossa abordagem sobre família, que são os alimentos. 
Os alimentos se dividem, logo que regulamentados pelo Código Civil, em duas 
espécies. Os alimentos civis (art. 1694, caput) e os alimentos naturais (art. 1694, § 2º). 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua educação. 
§ 1
o
 Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos 
recursos da pessoa obrigada. 
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de 
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. 
Antes de qualquer coisa, os alimentos consistem na expressão econômica da 
solidariedade familiar. Como é que uma pessoa se mostra solidária a outra em lhe auxiliar a 
sobrevivência? Com dinheiro ou com bens em espécie ou bens in natura. 
Portanto, os alimentos são essa expressão econômica de um afeto, de uma 
solidariedade, de um auxílio comum que os parentes e cônjuges e companheiros devem 
entre si. 
2.1 Espécies 
1) Naturais ou necessários: indispensáveis à vida 
2) Civis ou côngruos: relativos ao padrão social 
De acordo com a regra do Código Civil, os alimentos devem ser estabelecidos de 
acordo com o padrão socioeconômico das pessoas envolvidas no caso. 
Isso porque, quando se questiona a necessidade de alguém: “O que alguém 
precisa?”, essa resposta varia muito de acordo com o padrão socioeconômico. Será que 
plano de saúde é uma necessidade? Será que colégio particular é uma necessidade, babá 
ou empregada doméstica, psicólogo ou um motorista. Isso tudo vai depender do padrão 
econômico das pessoas envolvidas. O que para algumas pessoas é uma necessidade, para 
outras é um luxo. 
Então, esses alimentos, essa solidariedade deve ser prestada dentro da realidade 
socioeconômica em que essas pessoas vivem. Alguém que tenha a realidade de baixa 
renda, ela vai poder suprir menos demandas do que outra pessoa que tenha o padrão 
socioeconômico maior. 
Entretanto, quando a necessidade é o resultado do comportamento de quem 
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17 
 
reclama alimentos, a exemplo de uma pessoa que pede alimentos porque nunca estudou, 
nunca trabalhou, sempre viveu de mesada do pai e da mãe, ou então era uma pessoa que 
pegava o que tinha e distribuía, sem fazer reserva nenhuma, ou seja, era uma pessoa 
perdulária, tinha trinta e gastava quarenta, então, nesses casos, pode-se alegar que quem 
pede os alimentos foi quem deu causa à própria necessidade. 
Se for percebido esse nexo de causalidade entre o comportamento de quem pede 
os alimentos e a sua necessidade criada por esse comportamento, pode aquela pessoa a 
quem se reclama os alimentos, chamada de alimentante, afirmar que irá prestar o socorro, 
mas não é justo ela manter o padrão socioeconômico dessa pessoa que, se hoje reclama 
alimentos, é porque buscou por isso. 
O alimentante pode optar por não pagar, por exemplo, o aluguel e o condomínio no 
lugar em que a pessoa credora de alimentos mora, podendo pagar no lugar mais barato 
possível, pode, ainda, escolher não ajudar a alimentanda a ter um carro, sendo ela 
obrigada a usar o transporte público, nem disponibilizar uma pessoa a lhe auxiliar nos 
serviços domésticos, tendo a alimentanda que ela mesma fazê-los. Em suma, o alimentante 
pode reduzir o padrão socioeconômico da pessoa que reclama alimentos ao indispensável. 
Isso porque essa pessoa só fez jus aos alimentos naturais, ou seja, indispensáveis à sua 
sobrevivência. 
Os alimentos foram reduzidos ao indispensável, porque a pessoa que reclama 
alimentos foi quem deu causa à própria necessidade, ela foi a responsável por, hoje, estar 
na situação de penúria. Caso contrário, se não for essa a situação, os alimentos são civil. 
Observação: Dever não significaobrigação. Isso quer dizer que o dever de prestar 
alimentos decorre de parentesco ou de matrimônio. Os parentes que devem, 
reciprocamente, alimentos são os ascendentes, os descendentes e os irmãos (arts. 1696 e 
1697, CC). Pelo matrimônio, devem prestar alimentos os cônjuges e companheiros. 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo 
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta 
de outros. 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a 
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. 
De acordo com o art. 1697, quando alguém vai reclamar alimentos, deve começar 
pelos seus ascendentes, na ordem do grau de parentesco: primeiro os pais, depois os avós, 
depois os bisavós, esgotando o pedido alimentar de acordo com o distanciamento do grau 
de parentesco. Esgotados os ascendentes, então se pode reclamar alimentos dos 
descendentes, também obedecendo ao grau de parentesco: primeiro dos filhos, depois dos 
netos e depois dos bisnetos. 
Esgotados os ascendentes e descendentes, então, poder-se-á reclamar alimentos 
aos irmãos, sejam os irmãos germanos ou unilaterais. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
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Esse dever de prestar alimentos pode virar uma obrigação. Para que esse dever se 
transforme em obrigação, é necessário enfrentar alguns elementos desse dever, para se 
questionar se esse dever abstrato pode se tornar uma obrigação concreta. 
Assim, questiona-se: será que aquele parente tem a obrigação de prestar alimentos 
ao outro? Primeiramente, temos que examinar a necessidade de quem requer. 
A primeira coisa que uma pessoa que está pedindo alimentos deve alegar e 
comprovar é a sua necessidade. Essa necessidade seria a inaptidão de quem requer de 
prover suas próprias necessidades. Se isso fica provado, a pessoa tem direito de reclamar 
alimentos. 
Dessa forma, uma pessoa pode ter quarenta e cinco anos, mas, por algum motivo 
sério, não está pronta nem apta e pode pedir alimentos, porque, por exemplo, está presa 
em casa cuidando de alguém, ou tem algum problema de saúde, ou está temporariamente 
afastada do mercado de trabalho. Por isso, pode ser que essa pessoa, momentaneamente 
ou por tempo indeterminado tenha essa necessidade. 
Comprovada a necessidade, passamos a um segundo elemento, que é a 
possibilidade. Digamos que uma pessoa provou que precisa do auxílio para que seu 
sustento seja provido. Então, a sua necessidade é clara. Contudo, a pessoa requereu 
alimentos, por exemplo, dos seus pais, que são muito pobres e eles não têm condições de 
prover o sustento próprio. 
Se eles não têm meios de, eles mesmos, sobreviverem, não terá como ajudar essa 
pessoa. Logo, não adianta uma pessoa ter necessidade, se as pessoas a quem ela reclama 
os alimentos não tiverem a possibilidade de lhe ajudar. Por outro lado, os pais podem ser 
milionários, mas se o filho não tiver necessidade, não há que se falar em pensão 
alimentícia. 
Sendo assim, a necessidade confere a possibilidade de reclamar alimentos e a 
possibilidade das pessoas a quem são reclamados os alimentos é que vai viabilizar que elas 
sejam obrigadas a ajudar. 
O problema surge quando se requer alimentos a mais de uma pessoa. Quando mais 
de uma pessoa é demandada em alimentos, a proporcionalidade se torna um terceiro 
elemento, formando, então, um trinômio. 
Se, por exemplo, uma pessoa reclama alimentos em face do seu pai e da sua mãe, 
não é justo que os dois paguem a mesma quantia. No caso, a pessoa pede três mil reais a 
título de alimentos. Está comprovada a sua necessidade de três mil reais, porque o resto 
ela mesma pode prover. Então, seu pai e sua mãe são réus, mas pode ser que seu pai tenha 
menos possibilidade que sua mãe, e, por isso, sua mãe pode ser condenada a pagar dois 
mil e seu pai mil. 
Assim, se houver um desequilíbrio econômico entre os reclamados que tiverem 
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possibilidade de prestar alimentos, eles não terão que pagar a mesma quantia, porque a 
fixação da pensão alimentícia quando tiver mais de um demandado, deverá observar a 
proporção de quanto cada um tiver força para contribuir. 
Conclui-se, então, que o dever de prestar alimentos têm os ascendentes, 
descendentes, irmãos, cônjuges e companheiros, mas esse dever só se transforma em 
obrigação depois de enfrentado o binômio “necessidade-possibilidade”, que pode vir a se 
transformar num trinômio, pelo ingresso da proporcionalidade, se houver mais de uma 
pessoa demandada para prestar alimentos. 
É importante destacar o Enunciado 573 da VI Jornada de Direito Civil, segundo o 
qual “Na apuração da possibilidade do alimentante, observar-se-ão os sinais exteriores de 
riqueza”. 
Isso significa acabar com o “golpe do esperto”, que é aquele que diz que não pode, 
que não tem condições ou que apresenta um contracheque muito baixo, mas pelas redes 
sociais, através de fotos e testemunhas, se vê que o sujeito ostenta um padrão 
socioeconômico incompatível com a renda que comprova. 
Então, na hora de fixar a pensão alimentícia, ou de identificar a obrigação, o juiz não 
deve levar em consideração apenas o que a parte demandada alega e produz de prova, 
mas também deve-se considerar o que ela ostenta. 
2.2 Poder familiar 
Vale a pena fazer algumas considerações sobre a obrigação alimentar quando ela 
decorrer de poder familiar. 
Quando a obrigação alimentar decorrer de poder familiar é o menor que está 
exigindo pensão aos pais. Não se deve exigir do menor que ele comprove a sua 
necessidade, já que se admite que, por ser menor, a pessoa deve ser protegida. Não é o 
menor que deve prover seu próprio sustento. Essa obrigação é dos seus pais. 
Assim, quando decorrer do poder familiar, não existe dever, mas sim obrigação 
legal. 
O enfrentamento das provas numa ação de alimentos que envolva poder familiar 
servirá tão-somente para a fixação do valor da pensão, porque já se sabe que a obrigação 
existe, mas não se sabe seu valor. 
Prestem atenção ao Enunciado 344, da VI Jornada de Direito Civil e o seu diálogo 
com a Súmula 358 do STJ. 
De acordo com o Enunciado 344, “A obrigação alimentar originada do poder 
familiar, especialmente para atender às necessidades educacionais, pode não cessar com a 
maioridade”. 
Nesse caso, dependerá do caso concreto, isto é, da realidade que se esteja 
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examinando. Então se os pais não tiverem condições de sustentar um filho a partir dos 
dezoito anos, porque seu padrão socioeconômico não lhes permite, a obrigação alimentar 
poderá cessar e o filho maior de idade terá que trabalhar para suprir suas próprias 
necessidades. Por outro lado, até que se prove em contrário, os pais continuam pagando 
alimentos, mesmo com a maioridade. 
Nesse sentido dispõe a Súmula 358, a qual estabelece que o cancelamento da 
pensão alimentícia por maioridade depende de contraditório,mesmo que nos próprios 
autos. 
Sendo assim, enquanto o devedor de alimentos não provar que não existe mais 
necessidade do filho maior ou que não há mais sua possibilidade, os pais continuam 
obrigados a manter a pensão alimentícia. 
Vez ou outra, vê-se filho de trinta e poucos anos recebendo pensão alimentícia dos 
pais. Isso ocorre porque ninguém foi pedir exoneração. Enquanto não houver o 
contraditório da exoneração da pensão alimentícia, ela continua sendo devida. 
2.3 Estatuto da juventude 
Só para reforçar a ideia de que não há vinculação da pensão alimentícia só até os 
vinte quatro anos, ressalta-se que o Estatuto da juventude (Lei 12.852/2013) estabeleceu 
políticas públicas para inserção dos jovens entre 15 e 29 anos na nossa sociedade. 
Entre os 15 e 18, o Estatuto da Juventude está no campo de intersecção do Estatuto 
da criança e do adolescente. Nesse caso, prevalece o último, tendo em vista que o nosso 
ordenamento jurídico obedece ao princípio da proteção integral ao menor, mas, no 
momento em que esse adolescente ingressa na fase adulta, ele está, até os 29 anos, sob o 
manto do Estatuto da juventude. 
 Art. 15. A ação do poder público na efetivação do direito do jovem à profissionalização, 
ao trabalho e à renda contempla a adoção das seguintes medidas: 
 I - promoção de formas coletivas de organização para o trabalho, de redes de economia 
solidária e da livre associação; 
 II - oferta de condições especiais de jornada de trabalho por meio de: 
 a) compatibilização entre os horários de trabalho e de estudo; 
 b) oferta dos níveis, formas e modalidades de ensino em horários que permitam a 
compatibilização da frequência escolar com o trabalho regular; 
 III - criação de linha de crédito especial destinada aos jovens empreendedores; 
 IV - atuação estatal preventiva e repressiva quanto à exploração e precarização do 
trabalho juvenil; 
 V - adoção de políticas públicas voltadas para a promoção do estágio, aprendizagem e 
trabalho para a juventude; 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 
 
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 VI - apoio ao jovem trabalhador rural na organização da produção da agricultura familiar 
e dos empreendimentos familiares rurais, por meio das seguintes ações: 
 a) estímulo à produção e à diversificação de produtos; 
 b) fomento à produção sustentável baseada na agroecologia, nas agroindústrias 
familiares, na integração entre lavoura, pecuária e floresta e no extrativismo 
sustentável; 
 c) investimento em pesquisa de tecnologias apropriadas à agricultura familiar e aos 
empreendimentos familiares rurais; 
 d) estímulo à comercialização direta da produção da agricultura familiar, aos 
empreendimentos familiares rurais e à formação de cooperativas; 
 e) garantia de projetos de infraestrutura básica de acesso e escoamento de produção, 
priorizando a melhoria das estradas e do transporte; 
f) promoção de programas que favoreçam o acesso ao crédito, à terra e à assistência 
técnica rural; 
 VII - apoio ao jovem trabalhador com deficiência, por meio das seguintes ações: 
 a) estímulo à formação e à qualificação profissional em ambiente inclusivo; 
 b) oferta de condições especiais de jornada de trabalho; 
 c) estímulo à inserção no mercado de trabalho por meio da condição de aprendiz. 
Art. 16. O direito à profissionalização e à proteção no trabalho dos adolescentes com 
idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos de idade será regido pelo disposto na Lei 
no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e em leis 
específicas, não se aplicando o previsto nesta Seção. 
 Art. 17. O jovem tem direito à diversidade e à igualdade de direitos e de oportunidades 
e não será discriminado por motivo de: 
 I - etnia, raça, cor da pele, cultura, origem, idade e sexo; 
 II - orientação sexual, idioma ou religião; 
 III - opinião, deficiência e condição social ou econômica. 
 Art. 18. A ação do poder público na efetivação do direito do jovem à diversidade e à 
igualdade contempla a adoção das seguintes medidas: 
 I - adoção, nos âmbitos federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, de programas 
governamentais destinados a assegurar a igualdade de direitos aos jovens de todas as 
raças e etnias, independentemente de sua origem, relativamente à educação, à 
profissionalização, ao trabalho e renda, à cultura, à saúde, à segurança, à cidadania e ao 
acesso à justiça; 
 II - capacitação dos professores dos ensinos fundamental e médio para a aplicação das 
diretrizes curriculares nacionais no que se refere ao enfrentamento de todas as formas 
de discriminação; 
 III - inclusão de temas sobre questões étnicas, raciais, de deficiência, de orientação 
sexual, de gênero e de violência doméstica e sexual praticada contra a mulher na 
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formação dos profissionais de educação, de saúde e de segurança pública e dos 
operadores do direito; 
 IV - observância das diretrizes curriculares para a educação indígena como forma de 
preservação dessa cultura; 
 V - inclusão, nos conteúdos curriculares, de informações sobre a discriminação na 
sociedade brasileira e sobre o direito de todos os grupos e indivíduos a tratamento 
igualitário perante a lei; e 
 VI - inclusão, nos conteúdos curriculares, de temas relacionados à sexualidade, 
respeitando a diversidade de valores e crenças. 
O estatuto da juventude serve para alimentar e incentivar políticas de 
potencialização do jovem. E por que até os 29 anos? Porque a população brasileira, hoje, 
vive mais tempo do que antigamente. 
Logo, se atualmente uma pessoa ingressa no mercado de trabalho aos trinta anos, 
por exemplo, é porque essa pessoa tem tudo para viver até depois dos setenta. Se ela tem 
uma vida produtiva mais longa, até porque ela ingressou mais tarde no mercado de 
trabalho, significa que nesse período em que ela se prepara para esse ingresso, justifica-se 
a manutenção da pensão alimentícia. 
Exemplo: um sujeito terminou a faculdade, entre 22 e 24 anos de idade, mas ele 
continua se preparando para o ingresso no mercado de trabalho, com uma pós-graduação, 
MBA, ou está estudando para um concurso, isto é, a preparação hoje para o mercado de 
trabalho não se encerra com um diploma de graduação, como acontecia antigamente. 
Ora, se a família desse jovem tem condições de lhe potencializar, de lhe permitir 
essa preparação, a idade dele, de até 29 anos, justifica ele continuar recebendo esse 
investimento familiar, desde que haja possibilidade. 
Aqui entra o disposto no art. 1694. Se a família não tem condições de ajudar esse 
jovem com dezoito anos, ele precisará trabalhar para, ele mesmo, custear seus estudos, 
mas se a família tem condições, não significa que ela ficará limitada ao curso de graduação. 
Se esse jovem demonstrar que ele ainda se prepara para um melhor ingresso no mercado 
de trabalho e a sua família pode lhe socorrer, não se pode ficar preso a conceitos antigos. 
O que é importante levar em consideração em cada caso concreto é o padrão 
socioeconômico de cada uma das partes envolvidas no processo. 
O Estatuto da juventude só foi citado nesta aula, primeiro porque muita gente não 
o conhece e, em segundo lugar, para combater o mito de que faz jus à pensão alimentícia ojovem até 24 anos ou até a data da conclusão da sua graduação universitária. 
Não é bem assim. Esse jovem pode não fazer jus aos alimentos muito antes disso, 
porque seus familiares não têm possibilidade de lhe ajudar, como, da mesma forma, ele 
pode fazer jus a essa pensão inclusive depois dos 24 anos, porque sua família tem 
condições de lhe ajudar e ele se prepara para um melhor ingresso no mercado de trabalho. 
Direito Civil V - Família e Sucessões 
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2.4 Alimentos entre parentes 
Entramos, então, em outra questão, a família. 
Imaginemos que meus pais não tenham condições de me ajudar, eu não tenha 
descendentes e os meus avós sejam muito pobres, mas os meus tios tenham uma 
excelente situação financeira. Eu posso pedir alimentos aos meus tios? Não, porque o 
pleito de alimentos só chega até os irmãos, germanos ou unilaterais. 
A ordem do art. 1697 é taxativa e não admite interpretação extensiva. Logo, não é 
possível reclamar alimentos em face de parentes afins e nem de parentes colaterais de 
terceiro e quarto graus. 
Mais adiante, o art. 1698 do Código Civil estabelece o chamamento ao processo, 
seguindo a ordem subsidiária, ou seja, é possível reclamar alimentos dos avós, depois de 
terem esgotados os pais; pode-se chegar aos descendentes, depois de terem sido 
esgotados os ascendentes; é possível reclamar dos irmãos, depois dos ascendentes e 
descendentes. 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições 
de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; 
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na 
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as 
demais ser chamadas a integrar a lide. 
Isso acontece da seguinte forma: promove-se uma ação em face de um ascendente. 
Identificado no processo que aquele ascendente não tem condições de prestar auxílio ao 
autor, este, então, chama ao processo quem está na sequência. Assim, é feita a citação, 
analisa-se a contestação e, se não tiver também condições, chama-se ao processo o 
próximo. Em outros termos, ao invés de se prolatar a sentença e encerrar o processo, os 
parentes vão sendo chamados, na ordem do art. 1697, até que se consiga o pagamento 
total da necessidade de quem comprovou tê-la. 
Tomem cuidado! Essa subsidiariedade do art. 1698 não ultrapassa o art. 1697. Ela 
termina nos irmãos. Se outros parentes promoverem o auxílio, isso é entendido como 
mera liberalidade. 
O padrasto que ajuda o enteado, o sogro que ajuda a nora, o tio que ajuda um 
sobrinho, um primo que ajuda o outro, são todos compreendidos pelo STJ (Informativo 
381) como atos de liberalidade, de caridade e de ajuda. Nenhum deles tem dever jurídico. 
Só há dever jurídico de prestar alimentos as pessoas do art. 1697. 
O Enunciado 523, da V Jornada de Direito Civil dispõe que “O chamamento dos 
codevedores para integrar a lide, na forma do art. 1698 do Código Civil, pode ser requerido 
por qualquer das partes, bem como pelo Ministério Público, quando legitimado”. 
Sobre o enunciado, a doutrina ainda vai mais longe. Ela defende que, também, que 
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o próprio juiz, de ofício, pode chamar ao processo para defender interesse de menor. 
A questão da subsidiariedade dos alimentos pode ser exemplificada da seguinte 
forma: 
(A) Alimentando: prova necessidade 
(B) Alimentantes: pai e mãe 
Digamos que o pai, sozinho, consiga suprir quarenta por cento das necessidades do 
alimentando e a mãe consiga suprir trinta por cento dessas necessidades. 
Os dois reconhecem essa necessidade, bem como o juiz e o Ministério Público, mas 
os pais, sozinhos, só conseguem suprir setenta por cento. Pergunta-se: quem são os 
próximos? Os próximos são os avós. 
Os avós vão complementar os trinta por cento faltantes. Serão distribuídos os trinta 
por cento que estão faltando para suprir essas necessidades entre os avós. 
Percebam, então, que a responsabilidade dos avós foi subsidiária, porque eles só 
foram chamados ao processo porque os pais não tiveram condições de cobrir 
integralmente as necessidades do filho. 
Assim, a nesse caso, a obrigação dos avós é subsidiária. 
Outro ponto importante é que os avós não têm que dividir com os pais essa 
necessidade. Eles só vêm completar o que está faltando. Se falta trinta por cento, será 
distribuído esse valor entre os quatro avós. 
Pode ser que um pague dez por cento, o outro quinze por cento, outro pague cinco 
por cento e o outro não pague nada. Em primeiro lugar, os avós não são titulares de poder 
familiar, por isso, eles não têm obrigação legal de sustentar o neto. Eles só vão contribuir 
se tiverem possibilidade. Em segundo lugar, ainda que tenham possibilidade, eles só vão 
complementar, na hipótese de os pais não puderem atender integralmente a necessidade 
do alimentando. 
2.5 Alimentos avoengos 
Enunciado 342, da IV Jornada de Direito Civil: “Observadas suas condições pessoais 
e sociais, os avós somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter 
exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário quando os pais destes estiverem 
impossibilitados de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas dos alimentandos serão 
aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro de seus genitores.” 
Em caráter exclusivo, em razão do seguinte. Digamos que a necessidade 
reconhecida judicialmente foi de treze mil reais e, então, o avô que ficou com a obrigação 
de dez por cento, irá pagar trezentos reais. Nesse caso, ele só responde pelos trezentos 
reais que ele assumiu, mesmo que os outros não paguem a parte deles. Ele assumiu essa 
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obrigação, porque o trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade estava 
presente. 
O elemento possibilidade fez com que ele contribuísse e o elemento possibilidade 
fez com que ele contribuísse só com trezentos reais. Logo, ninguém pode lhe executar em 
mais de trezentos reais mensais. 
A obrigação é sucessiva, porque o avô só se tornou devedor, porque os pais do 
alimentando não tiveram condições de suprir sozinhos o seu sustento. Ela é complementar, 
porque o avô só vai dividir com os outros avós a parte que falta para fechar o sustento do 
alimentando. 
A obrigação alimentar decorre de um princípio de solidariedade afetiva. É a 
solidariedade familiar que justifica a pensão alimentícia. Em outros termos, a legislação 
criou os alimentos para os parentes, porque entende que eles têm que ser solidários entre 
si. 
Contudo, essa solidariedade não é obrigacional, da obrigação civil. O que é então 
uma obrigação civil solidária no que tange aos devedores? O credor pode escolher exigir a 
integralidade da prestação de qualquer um dos devedores solidários e o devedor solidário 
que paga toda a prestação tem direito de regresso contra os demais. 
Assim, o avô que ficou obrigado a pagar trezentos reais não tem solidariedade 
quanto aos

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