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Universidade Estácio de Sá Centro Universitário Estácio FIC – Parangaba Direito Diego Monteiro de Almeida e Silva Matrícula: 201701064367 Utilização de Banheiros Públicos por Transgêneros Fortaleza 2017 Introdução Ao contrário do que alguns pensam, o que determina a condição transexual é como as pessoas se identificam, e não um procedimento cirúrgico. Assim, muitas pessoas que hoje se consideram travestis seriam, em teoria, transexuais. Cada pessoa transexual é tratada de acordo com o seu gênero: mulheres transexuais adotam nome, aparência e comportamentos femininos, querem e precisam ser tratadas como quaisquer outras mulheres. Homens transexuais adotam nome, aparência e comportamentos masculinos, querem e precisam ser tratados como quaisquer outros homens. Uma pessoa transexual pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual, dependendo do gênero que adota e do gênero com relação ao qual se atrai afetivo- sexualmente, portanto, mulheres transexuais que se atraem por homens são heterossexuais, tal como seus parceiros, homens transexuais que se atraem por mulheres também; já mulheres transexuais que se atraem por outras mulheres são homossexuais, e vice-versa. Transexuais sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem corrigir isso adequando seu corpo ao seu estado psíquico. Isso pode se dar de várias formas, desde tratamentos hormonais até procedimentos cirúrgicos. Para a pessoa transexual, é imprescindível viver integralmente como ela é por dentro, seja na aceitação social e profissional do nome pelo qual ela se identifica ou no uso do banheiro correspondente à sua identidade, entre outros aspectos. Isso ajuda na consolidação da sua identidade e para avaliar se ela pode fazer a cirurgia de transgenitalização (adequação do órgão genital). Algumas pessoas transexuais decidem não fazer a cirurgia. A Utilização de Banheiros Públicos por Transgêneros A utilização de banheiros públicos por Transgêneros certamente é um ponto bastante polêmico para a sociedade de um modo geral, onde algumas pessoas mais conservadoras podem discordar que por exemplo uma Mulher Transgênero (pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como mulher) venha a utilizar o banheiro feminino em uma escola ou shopping, onde temos como exemplo o caso onde um Transgênero de nome André dos Santos Fialho, que utiliza o Nome Social de Ama dos Santos Fialho foi impedida por funcionários do Shopping Beiramar de utilizar o banheiro feminino do estabelecimento em virtude da sua condição de transexual, tendo sido abordada de maneira grosseira e vexatória pelos funcionários, tendo sido também impedida de utilizar o banheiro masculino. O Entendimento do Supremo Tribunal Federal No caso citado acima, a transexual Ama dos Santos Fialho levou o caso ao Judiciário ingressando com uma ação de Indenização por Danos Morais contra o Shopping Beiramar, tendo o caso chegado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o qual foi descrito como recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 1º, III, 5º, V, X, XXXII, LIV e LV, e 93 da Constituição Federal, se a abordagem de transexual para utilizar banheiro do sexo oposto ao qual se dirigiu configura ou não conduta ofensiva à dignidade da pessoa humana e aos direitos da personalidade, indenizável a título de dano moral, tendo como Relator o Ministro Luís Roberto Barroso. Conclusão O STF, por maioria, reputou constitucional a questão, reconhecendo a existência de repercussão geral da questão constitucional, uma vez que não é possível que uma pessoa seja tratada socialmente como se pertencesse a sexo diverso do qual se identifica e se apresenta publicamente, pois a identidade sexual encontra proteção nos direitos da personalidade e na dignidade da pessoa humana, previstos na Constituição Federal, sendo cabível a condenação de estabelecimento comercial a pagamento por dano moral, na hipótese de abordagem de Transgênero que visa constranger a pessoa a utilizar banheiro do sexo oposto ao qual se dirigiu. Onde se conclui que os Transexuais têm direito a serem tratados socialmente de acordo com a sua identidade de gênero, inclusive na utilização de banheiros de acesso público. Referências Consultor Jurídico, RE 845.779 Tratamento Social a ser Dispensado a Transexuais, Anotações para o Voto Oral do Ministro Luís Roberto Barroso. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/voto-ministro-barroso-stf-questao.pdf>. Acesso em 22 de Agosto de 2017. Procuradoria Geral da República, Nº116706/2015 – ASJCIV/SAJ/PGR. Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja &uact=8&ved=0ahUKEwjdiv- o9_7VAhUCgpAKHThCAXwQFggzMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.stf.jus.br%2Fp ortal%2Fprocesso%2FverProcessoPeca.asp%3Fid%3D307996530%26tipoApp%3D.pdf &usg=AFQjCNFbWQ4VdVIJzB3UpDYlJfnc6ajJdw>. Acesso em 29 de Agosto de 2017. Secretaria de Direitos Humanos, Resolução nº 12, de 16 de Janeiro de 2015. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/cncd-lgbt/resolucoes/resolucao- 012>. Acesso em 22 de Agosto de 2017. Sertão UFG, Orientações Sobre identidade de Gênero: Conceitos e Termos. Disponível em: <https://www.sertao.ufg.br/up/16/o/ORIENTA%C3%87%C3%95ES_POPULA%C3%8 7%C3%83O_TRANS.pdf?1334065989>. Acesso em 29 de Agosto de 2017. Supremo Tribunal Federal, 778 – Possibilidade de uma pessoa, considerados os direitos da personalidade e a dignidade da pessoa humana, ser tratada socialmente como se pertencesse a sexo diverso do qual se identifica e se apresenta publicamente. Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incident e=4657292&numeroProcesso=845779&classeProcesso=RE&numeroTema=778>. Acesso em 22 de Agosto de 2017. Supremo Tribunal federal, Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 845.779 Santa Catarina. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7971144>. Acesso em 29 de Agosto de 2017.
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