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Introduc¸a˜o a` Astronomia Moderna Evoluc¸a˜o de Estrelas Bina´rias Joa˜o Paulo Nogueira-Cavalcante Abril de 2014 Motivac¸a˜o para o Estudo de Sistemas Bina´rios Mais de 50% de todas as estrelas sa˜o membros de sistemas bina´rios ou mu´ltiplos. Sa˜o encontrados todos os tipos espectrais em sistemas bina´rios. Muitos fenoˆmenos e objetos na˜o sa˜o explicados pela evoluc¸a˜o estelar tradicional: 1. Novas 2. Supernovas Ia 3. Pulsares com emisso˜es forte em raio-X 4. Estrelas com altas velocidades. Motivac¸a˜o para o Estudo de Sistemas Bina´rios Determinac¸a˜o das massas das estrelas (u´nico me´todo direto ate´ agora): M31 sin 3 i M1 + M2 = P(v1 sin i) 3 2piG (1) M32 sin 3 i M1 + M2 = P(v2 sin i) 3 2piG (2) onde v e´ a velocidade radial projetada, i e´ a inclinac¸a˜o do plano da o´rbita e P e´ o per´ıodo. Pontos de Lagrange Os pontos de Lagrange consiste em pontos especiais pro´ximos de um sistema orbital de dois corpos. Estes ocorrem porque as forc¸as gravitacionais das massas cancelam a acelerac¸a˜o centr´ıpeta. Lo´bulo de Roche Lo´bulo de Roche e´ a regia˜o do espac¸o ao redor de um dos corpos em um sistema bina´rio. Os lo´bulos de Roche dos respectivos corpos no sistema bina´rio sa˜o ligados pelo ponto de Lagrange L1. Classificac¸a˜o de Bina´rias Ha´ uma classificac¸a˜o das bina´rias com respeito ao preenchimento do lo´bulo de Roche: Caso A: Expansa˜o da estrela durante a fase de queima de hidrogeˆnio (sequeˆncia principal). Caso B: A estrela terminou a queima de hidrogeˆnio no centro, mas ainda na˜o ha´ queima de he´lio. Caso C: Queima de he´lio no centro ate´ o comec¸o da queima de carbono (se houver). Classificac¸a˜o de Bina´rias Figure : Evoluc¸a˜o do raio de uma estrela de 5 M� em func¸a˜o do tempo com uma companheira de 2 M�. Classificac¸a˜o de Bina´rias Podemos tambe´m fazer uma classificac¸a˜o dos sistemas bina´rios de acordo com a configurac¸a˜o dos lo´bulos de Roche: Sistemas separados Sistemas semi-separados Sistemas conectados Sistemas com envolto´rios em comum Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas separados Configurac¸a˜o inicial. As duas estrelas (prima´ria com mais massa e secunda´ria com menos massa) esta˜o evoluindo de forma separada. Na˜o ha´ fluxo de mate´ria, por enquanto. Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas semi-separados A estrela com mais massa preenchera´ primeiro seu lo´bulo de Roche. O fluxo de mate´ria se dara´ no ponto Lagrangeano L1. Havera´ um disco de acrec¸a˜o se o raio da estrela secunda´ria e´ menor que cerca de 5% do semi-eixo maior da o´rbita. Caso o raio for maior o ga´s cai na superf´ıcie da estrela diretamente. Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas conectados Ambas as estrelas preencheram seus respectivos lo´bulos de Roche. Esta˜o conectadas pelo ponto L1 Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas com envolto´rios em comum A taxa de transfereˆncia de massa da estrela prima´ria para a secunda´ria e´ maior que a taxa de acrec¸a˜o. Isto acontece quando a separac¸a˜o entre as estrelas e´ muito pequena. Neste caso entra mais mate´ria no disco de acrec¸a˜o que sai e com isso e´ formado uma envolto´rio comum. Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas com envolto´rios em comum Para este tipo de sistema podem ocorrer os seguintes fatos: As o´rbitas das estrelas encolhem com o tempo, fazendo com que os nu´cleos se fundam. O envolto´rio em comum se torna enta˜o o envolto´rio da nova estrela. Se o envolto´rio em comum da bina´ria alcanc¸ar os pontos de Lagrange L2 e L3, pode haver um fluxo de mate´ria para fora do sistema, formando um disco circumbina´rio. Classificac¸a˜o de Bina´rias: sistemas com envolto´rios em comum Como os dois nu´cleos possuem o mesmo envolto´rio, o movimento de o´rbita aquece o envolto´rio. Este processo continua ate´ que o envolto´rio tenha energia suficiente para ser expelido, na˜o ocorrendo a fusa˜o. Exemplos de Evoluc¸a˜o de Bina´rias Alta + Alta =⇒ (20 + 8) M� Alta + Baixa =⇒ (15 + 2) M� Baixa + Baixa =⇒ (2 + 1) M� 20 M� + 8 M� (a) Condic¸a˜o inicial: Estrelas O e B, cujo per´ıodo P e´ 4.7 dias. (b) Depois de 6 Myr comec¸a uma ra´pida transfereˆncia de massa que dura apenas 30 000 anos (quando comec¸a a fase de queima de he´lio no centro da estrela prima´ria) 20 M� + 8 M� (c) A estrela prima´ria perdeu toda a sua camada de hidrogeˆnio, se tornando uma estrela Wolf-Rayet (WR) t´ıpica. (d) A estrela WR explode como SN Ib, formando uma estrela de neutroˆns ou buraco negro. O sistema pode ser desconfigurado, tornando a estrela secunda´ria numa estrela com alta velocidade. (e) Se o sistema sobreviver, a estrela secunda´ria evolui e seu vento e´ capturado pela sua companheira compacta, tornando-a em uma forte fonte de raio-X (High Mass X-ray Star). 20 M� + 8 M� (f) O segundo esta´gio de transfereˆncia de massa comec¸a e a fonte de raio-X termina devido a` alta opacidade (os fo´tons de raio-X sa˜o degradados para fo´tons de ultravioleta). O sistema perde muito momento angular, alcanc¸ando um per´ıodo de apenas P = 4 dias. (g) A estrela secunda´ria perde sua camada de hidrogeˆnio, se tornando numa Wolf-Rayet (WR). (h) A WR explode como supernova Ib. Se o sistema sobreviver, restara´ um sistema bina´rio de dois objetos compactos. 15 M� + 2 M� (a) Condic¸a˜o inicial: Estrelas B e G com P = 5 dias. (b) Depois de 8.4 milho˜es de anos a estrela prima´ria preenche todo o seu lo´bulo de Roche e comec¸a o primeiro esta´gio de troca de massa. O sistema experimenta uma grande perda de momento angular, chegando a um per´ıodo P ∼ 0.5 dias. 15 M� + 2 M� (c) A estrela prima´ria vira uma WR e a secunda´ria ganha apenas 0.5 M�. (d) A WR explode como SN Ib. Se o sistema sobreviver, sera´ com grande excentricidade orbital. Com o tempo a o´rbita volta a ser quase circular por forc¸as de mare´. (e) A estrela secunda´ria comec¸a a transferir massa para sua companheira compacta, tornando-a em uma fonte de raio-X (Low Mass X-ray Star). O sistema termina com dois objetos compactos (ana˜ branca e estrela de neutroˆns) 2 M� + 1 M� (a): Condic¸a˜o inicial: Duas estrelas G com P = 1.5 dia. (b): Depois de 5.7× 108 anos ambas as estrelas comec¸am a se tornarem gigantes vermelhas. (c): A estrela prima´ria preenche seu lo´bulo de Roche primeiro e a transfereˆncia de massa comec¸a. 2 M� + 1 M� (d) A transfereˆncia de massa termina. A prima´ria agora so´ tem 0.3 M�, onde 96% consiste em he´lio degenerado no nu´cleo. A secunda´ria tem 2.7 M� (e) A camada de hidrogeˆnio da prima´ria colapsa na superf´ıcie do nu´cleo de he´lio, reduzindo o tamanho da estrela por uma fator de ∼ 100. 2 M� + 1 M� (f): A secunda´ria agora mais massiva (2.7 M�) preenche seu lo´bulo de Roche e transfere mate´ria para a prima´ria compacta, formando um disco de acrec¸a˜o que irradia no ultravioleta. A mate´ria que cai na ana˜ branca atinge as condic¸o˜es necessa´rias para que reac¸o˜es de fuso˜es do hidrogeˆnio na superf´ıcie ocorram. Este fenoˆmeno explosivo e´ conhecido como Nova. Como a mate´ria do disco cai constantemente, este esta´gio do sistema e´ conhecido como Recurrent Nova. 2 M� + 1 M� (g): O final da evoluc¸a˜o do sistema sera´ a explosa˜o de SN Ia (dependendo da taxa de acrec¸a˜o de massa) ou duas ana˜s brancas. Se a separac¸a˜o entre elas for pequena elas os objetos compactos podem se fundirem, formando uma SN Ia tambe´m. Supernova Ia e o Limite de Chandrasekhar O estudo do sistema baixa + baixa tem implicac¸o˜es cosmolo´gicas importantes. A ana˜ branca e´ suportada pela pressa˜o de degeneresceˆncia dos ele´trons (a pressa˜o na˜o responde a` temperatura). Com a transfereˆncia de mate´ria, a ana˜ branca adquiri mais massa do que pode suportar. Esse limiar de massa e´ dado pelo limite de Chandrasekhar (∼1.44 M�). Quando e´ ultrapassado esse limite a ana˜ branca atinge a temperatura necessa´ria para ocorrer a fusa˜o do carbono, mas de forma degenerada. Por isso a supernova do tipo Ia e´ considerada como vela padra˜o, ja´ que a explosa˜o ocorre quando e´ somente ultrapassado o limite de Chandrasekhar. Problemas do Limite de Chandrasekhar Yoon & Langer 2005 mostraram que e´ poss´ıvel que uma ana˜ branca ultrapasse o limite de Chandrasekhar (1.44 M�) e na˜o exploda em SN Ia. As letras sa˜o de acordo com os processos de acrec¸a˜o de massa e momento angular. Problemas do Limite de Chandrasekhar Das & Mukhopadhyay (2012) elaboram um modelo com ana˜s brancas tendo campos magne´ticos B > 1015 G (ja´ foram encontradas ana˜s brancas com B = 105 − 109 G, e isso e´ considerado alto). Nesse modelo as ana˜s brancas podem ter ate´ 2.3 M� e na˜o explodirem. Figure : O raio esta´ em unidades de 1018 cm. Objetos e Fenoˆmenos Explicados Atrave´s do Estudo de Estrelas Bina´rias Nova: Sistema bina´rio de baixa massa. Supernova tipo Ia: Acu´mulo de mate´ria em uma ana˜ branca ou enta˜o a fusa˜o se duas ana˜s brancas. Ambos os casos o limite de Chandrasekhar e´ ultrapassado. Supernovas do tipo Ib e Ic: Supernova do tipo Ib na˜o tem hidrogeˆnio no seu espectro e a supernova do tipo Ic na˜o tem nem hidrogeˆnio e nem he´lio. Objetos e Fenoˆmenos Explicados Atrave´s do Estudo de Estrelas Bina´rias High Mass X-ray Binary (HMXB): HMXB e´ t´ıpico de bina´rias onde as duas estrelas sa˜o de alta massa. O vento estelar de uma estrela e´ capturado pelo objeto compactado da companheira evolu´ıda e se tornando um poderoso emissor de raio-X. Low Mass Xray Binary (LMXB): T´ıpico de bina´rias onde uma estrela e´ de alta massa e a outra e´ baixa massa. A estrela de baixa massa evolui e transfere massa para o objeto compactado da companheira evolu´ıda, emitindo em raio-X. Objetos e Fenoˆmenos Explicados Atrave´s do Estudo de Estrelas Bina´rias High speed OB stars: Consequeˆncia da ejec¸a˜o de uma estrela de alta massa do sistema bina´rio por uma supernova onde a progenitora era uma companheira. Fusa˜o de Estrelas: Se os nu´cleos das estrelas do sistema bina´rio na˜o estiverem degenerados e na˜o ultrapassarem o limite de Chandrasekhar, pode ocorrer a formac¸a˜o de uma nova estrela. Sena˜o, ocorrera´ uma explosa˜o de supernova.
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