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ANALISE CRITICA

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
	Daniel S. Bezerril 
	RA C46996-3
	Letícia Weber Darros 
	RA C6899A-1
	Priscila Gabriela A. Cerri
	RA T61698-0
POLÍTICAS PÚBLICAS E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA INFANTIL
Resenha crítica 
Campus Paraíso
2017
	Daniel S. Bezerril 
	RA C46996-3
	Letícia Weber Darros 
	RA C6899A-1
	Priscila Gabriela A. Cerri
	RA T61698-0
POLÍTICAS PÚBLICAS E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA INFANTIL
Resenha criíica 
Resenha crítica apresentado à disciplina de Psicologia e Políticas Públicas, do curso de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção de nota bimestral parcial. 
Orientadora: Prof ª Adriana Pascuotti.
Campus Paraíso
2017
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO	4
II. METODOLOGIA	7
III. RESENHA GRUPAL CRÍTICA	8
3.1 Texto 1 - Políticas e as situações de violência contra a criança	8
3.2 Texto 2 - As Políticas Públicas de Atendimento à Criança e ao Adolescente vítimas de violência doméstica	10
IV. CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS	13
V. CONCLUSÃO	15
VI. REFERÊNCIAS	18
ANEXOS	17
I. 	INTRODUÇÃO
O conceito de políticas públicas é dinâmico, complexo e multifatorial. As políticas públicas devem ser compreendidas como sendo a própria corporificação do ente Estado através de ações, direcionamentos, atuações e projetos que possuam como objetivo maior suprir as necessidades humanas. São denominadas de públicas com o intuito de diferenciar das privadas, levando em consideração que o termo público tem um entendimento mais abrangente e envolvendo o estatal e o não estatal (SILVA, 2010, p. 171).
[...] as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam as demandas da população. (AMARAL; LOPES; CALDAS, 2008, p. 5-6) 
No entanto, não se constróem apenas pela iniciativa dos representantes políticos no exercício de suas funções. As políticas públicas no contexto do Estado social, democrático e de direito se faz no cotidiano participativo. Assim,
 O conceito política pública remete a esfera do público e seus problemas. Ou seja, diz respeito ao plano das questões coletivas, da polis. O público distingue-se do privado, do indivíduo e de sua intimidade. Por outro lado, o público distingue-se do estatal: o público é uma dimensão mais ampla, que se desdobra em estatal e não estatal. O Estado está voltado (deve estar) inteiramente ao que é público, mas há igualmente instâncias e organizações da sociedade que possuem finalidades públicas expressas, às quais cabe a denominação de públicas não-estatais. (SCHIMIDT, 2008, p. 2311) 
As políticas públicas não são apenas decisões de caráter generalista, mas indicam caminhos estratégicos de atuação do Estado, diminuindo o aspecto da descontinuidade administrativa e ao mesmo instante, evidenciando o potencial dos recursos disponíveis, tornando as intenções governamentais públicas, conhecidas e acessíveis à sociedade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 9) 
Por conseguinte, o processo deliberativo das políticas públicas depende da legitimidade auferida tanto pelo processo, escolha e decisão, quanto pela prioridade no atendimento daqueles que detém maior necessidade de acesso e garantia de serviços públicos, segundo o qual devem ser priorizados os investimentos mais contundentes nas políticas sociais básicas, enfatizando os setores da educação, alimentação, saúde, assistência social, trabalho, que possa assegurar melhores oportunidades de desenvolvimento para as presentes e futuras gerações. (PNUD, 2013, p. 4)
Quando se trata de políticas públicas voltadas à proteção da criança e do adolescente, estas ainda são recentes, destacando-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990. Que tem como objetivo a promoção legal dos direitos da criança e do adolescente, com medidas protetivas e medidas socioeducativas. 
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é a lei n.°8.069 promulgada em 1990, que regulamentou e assegurou os direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, especificamente no Capítulo VII no que tange aos direitos da criança e do adolescente. Os princípios norteadores para a elaboração do ECA foram a compreensão da criança e do adolescente como pessoas em condições de desenvolvimento e sujeitos de direitos fundamentais com absoluta prioridade de proteção pelo Estado, pela família e pela sociedade em geral. (ANGELICA PIMENTA, 2007, p. 16) 
Entendida como um fenômeno complexo, difuso e com múltiplas causas, as situações de violência abragem aspectos de origem macro, de forma econômica, política, sociocultural e psicobiológico, que são envolvidos em sua origem. São reflexos da rotina e realidade histórica e social que se estende e acompanha a própria visão sobre a concepção de infância. 
Hà prióri, não se tinha clara distinção das faixas etárias entre crianças e adultos. Vistas portanto como “adultos imperfeitos”, não eram reconhecidos seus direitos e as leis direcionadas a estas aplicavam-se somente como controle social, sobre infratores, abandonados, enfêrmos, sem habitação, entre outros. Trazendo consigo um marco de desigualdade e consequente violência que se cercavam a estas. 
Na medida em que a concepção de infância foi se modificando ao longo do tempo - chegando até os dias de hoje, no qual são reconhecidas por sua condição peculiar e de desenvolvimento -, as leis também foram se modificando e se moldando à nova visão. Culminando no Brasil, em 1980 uma mobilização para que as crianças e os adolescentes fossem envolvidas em uma rede de proteção, sendo criado então o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, inovando formalmente, o estado de direito destas no Brasil. “Inaugurou-se desse modo, ao menos formalmente, o estado de direito para a infância e adolescência no Brasil, com a indicação clara da relação entre direitos e deveres” (FERNANDA PIRES et al, 2009, p.3 )
O ECA está embasado na doutrina da proteção integral, afirmada pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, e transformada em lei no Brasil. No livro II do ECA intitulado Parte Especial, observa-se, na análise dos artigos, uma preocupação nítida, em romper com a doutrina da situação irregular e estabelecer uma política de atendimento, para crianças e adolescentes em circunstâncias especialmente difíceis, calcada na afirmação de direitos e não na suspensão dos mesmos (FERNANDA PIMENTA et al. apud BRASIL, 1990)
Desde então, quando são percebidas ameaças, ou quando se há violações, ou omições dos direitos da criança e do adolescente, são aplicadas medidas calcadas à sua proteção integral e/ou medidas socioeducativas. Criando-se assim os Conselhos municipais, estaduais e nacionais dos Direitos da Criança e do Adolescente. 
Sabemos que um dos eixos da política da Assistência Social é à prevenção e o controle da violência quando esta se localiza, sobretudo, no núcleo familiar, conhecido por ser o local de maior agravo de situações de violência. Podemos ressaltar a Violência contra a Mulher, a Violência Sexual contra Criança e Adolescente, Violência contra o Idoso,Violência Doméstica. 
Quando se trata da violência que cerca a infância, as Políticas Públicas são direcionadas no sentido de promover a proteção integral à criança e ao adolescente, atribuindo a estes direitos, pela sua condição de pessoa em desenvolvimento e peculiaridade, expressando um conjunto de direitos a serem assegurados com absoluta prioridade.
Com a criação dessas políticas públicas, permitiu que se pensasse na prevenção e proteção das crianças e adolescentes vítimas de violência. Para atender essa demanda foram inseridos diversos profissionais nos programas, como: assistentes sociais, psicólogos, terapeutas educacionais, enfermeiros, pedagogos, dentre outros.
O presente trabalho tem como objetivo explicitar a realidade das políticas públicas direcionadas à criança e ao adolescente vítima de violência, através de análise/resenha crítica de dois artigos que discorrem sobre as políticas públicas de atendimento direcionadas à estas, bem como, sobre qual o papel do psicólogo mediante as mesmas. Visamos não apenas atender aos requisitos propostos pela professora, mas também articular as convergências e divergências presentes nos artigos para uma maior compreensão e implementação de possíveis mudanças no cenário atual das políticas públicas através do processo de reflexão e crítica. 
II.	 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do presente trabalho, utilizamos de dois artigos científicos para a resenha crítica e análise correlativa juntamente com o conteúdo apresentando em sala de aula como base para a elaboração do mesmo.
Os artigos foram definidos através da pesquisa bibliográfica de artigos científicos e adotou – se o critério de busca sobre temas que envolvam as políticas públicas em casos de violência contra a criança e ao adolescente relacionado com “Psicologia e Políticas Públicas “adotado pela docente Adriana Pascuotti. 
Após decidir quais artigos seriam utilizados, individualmente cada integrante ficou responsável pela leitura e entendimento dos mesmos, pontuando as críticas observadas mediante ao atendimento dentro das políticas públicas, e articulando pontos semelhantes e divergentes entre ambos. Assim, cada integrante desenvolveu sua metodologia para o desenvolvimento parcial do trabalho. E ao final, juntando-se todas as críticas levantadas individualmente, elaborou-se uma resenha grupal crítica e as partes numa correlação entre os pontos semelhantes e diferentes, o trabalho tomou essa forma de apresentação. 
O intuito foi o de desenvolver ao máximo o entendimento do proposto nos artigos através do levantamento crítico e a visualização de suas ideias através da articulação dos mesmos. Utilizando-se os presentes artigos: 
Políticas Públicas e as Situações de Violência Contra a Criança (I), sob Autoria de Amanda Rocha, Cassieli Pauli, Fernanda Xavier e Juliano Scott. Apresentado ao curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano, UNIFRA, Santa Maria, RS; Orientado pela Docente Fernanda Jaeger e Roberta Motta. 
As Políticas Públicas de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica (II). Artigo publicado pela Revista: Rev Latino-am Enfermagem, 2007, 15 (As políticas públicas de atendimento), sob autoria de Silva et al. 
III.	 RESENHA GRUPAL CRÍTICA
3.1 Texto 1 - Políticas e as situações de violência contra a criança
De maneira embasada, o texto faz um apanhado histórico sobre a concepção de infância, tratadas inicialmente como “adultos imperfeitos”, sem qualquer distinção de papéis sobre os adultos, onde a lei, à prióri, baseava-se no controle social dos “menores infratores” e “abandonados”, e mais tarde como controle sobre menores de 18 anos em “situação irregular”, incluindo, a partir de então, os enfêrmos, àqueles encontrados de maneira eventual que não se soubera aonde se vivia e àqueles com pais ou guardiões ausentes, presos ou que desrespeitasse à moral e bons costumes (ausência de direitos); e posteriormente, na modernidade, a necessidade de se haver um preparo destas frente a vida adulta que, diante a separação das fases ( infância e fase adulta), mobiliza-se no Brasil a indispensabilidade de envolvê-las em uma rede de proteção, com o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), trazendo medidas protetivas e medidas socioeducativas em casos de violação e omissão por parte de alguma das esferas que vão desde o seio familiar há sociedade e Estado, e até da própria criança e adolescente ( estado de direito e deveres). Definindo como diretriz fundamental da política de atendimento da criança e do adolescente a criação dos Conselhos Municipal, Estadual e Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes.
O texto destaca, portanto, a constante transformação da concepção de infância ao longo do tempo que, na medida que evolui, a legislação vai se adaptando à nova visão, chegando até os dias de hoje, onde estes são vistos como possuidores de direitos e deveres. 
Diante o exposto pelo artigo, relata-se múltiplas facetas por trás das situações de violência que trazem consigo complexidade e lentidão de se elaborar políticas públicas que sejam voltadas a proteção à criança, total e de forma eficiente, por não estar envolvido aspectos diretos, reduzidos, mas sim uma abrangência relativa a aspectos econômicos, políticos socioculturais e psicobiológicos. Revelando a importante necessidade da implantação da intersetorialidade como estratégia de superação das situações de violência, ou seja, uma articulação entre os diferentes setores sociais para o enfrentamento da problemática. 
Embora se tenha uma política voltada especificamente à violência ( Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por acidente e Violências), a mesma somente identifica o ambiente doméstico como principal local onde se agrava a violência infantil. No entanto, não faz referência explícita a um programa que torne viável implementação.
Tratando-se do aspecto Educação, o texto traz o projeto “Escola que protege”, formulado pelo Ministério da Educação (em nível nacional), voltado a defesa dos direitos da criança e adolescente, através da prevenção e enfrentamento da violência em contexto escolar. 
O SUAS (Sistema Único de Assistência Social), por sua vez, atua como regulador e organizador de projetos, serviços, programas e benefícios socioassistenciais, de abrangência nacional, bem como, na definição e organização dos elementos à execução da política pública de assistência social, por meio de organização das ações, definindo níveis de complexidade do sistema: Proteção Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE), organizados como serviços Continuados de Média Complexidade e Serviços Continuados de Alta Complexidade, definidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social. 
Dentre os programas, o texto traz como referência o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) conhecido pelos serviços prestados ao enfrentamento à violência de forma ampla, visando assegurar proteção imediata e atendimento psicossocial tanto à criança e adolescentes vítimas de violência, quanto a seus familiares, através de ajuda especializada, psicossocial e jurídica; onde destaca-se a necessidade de capacitação de profissionais especializados em situações de vulnerabilidade social. 
E por último a área jurídica, onde o Ministério Público atua como defensor e promotor dos direitos da criança e do adolescente nos processos judiciais; e o Juizado com aplicação das penalidades administrativas e medidas ao adolescente infrator.
De maneira geral, percebe-se que essas políticas estão alinhadas aos objetivos do Estatuto da Criança e do Adolescente, empenhadas na tentativa de viabilizar a doutrina de proteção integral proposta neste documento. Nas três áreas estudadas (saúde, educação e assistência social) há uma preocupação em oferecer espaços de proteção às crianças de sofrem violência, ao menos teoricamente.
Entretanto, é necessário que se tenha planos de ação voltados a efetividade dessas políticas em detrimentodo resgate da autonomia e subjetividade desta criança e/ou adolescente para que esse seja possuidor de direitos e deveres, onde se faz necessário o resgate histórico da noção de infância para que essa possa exercer seu direito como cidadão. 
3.2 Texto 2 - As Políticas Públicas de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica 
O texto nos apresenta três falas comuns e constantes identificadas dos trabalhadores sociais durante seus atendimentos à crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica: “ausência de política”, “não dar colo porque não teve colo” e “atendimento social”. 
Tratando-se da categoria “ausência de política”, há uma realidade por trás das crianças e adolescentes e suas famílias, vítimas de violência doméstica, atendidos pelos serviços e programas protetivos, identicando a vivência destas em condições precárias de habitação e alimentação, e problemas referentes a educação, desemprego entre outros. Onde, fatos como o desemprego e/ou condição de trabalho muitas vezes extensa e rígida, aparecem como fatores responsáveis pelo nível de estresse e frustrações que acarretam práticas abusivas dentro do seio familiar. 
Em nível nacional, o autor denuncia um modelo econômico excludente, fruto de um processo intenso de precarização das condições de vida, visto principalmente nas periferias das cidades, onde ocorre a exclusão social, devido ao descompasso entre evolução econômica e falta de equidade para com os indivíduos. Para ele, os recursos do estado são direcionados para satisfazer, prioritariamente, as classes mais ricas da cidade (grandes empresas) não havendo uma equidade na divisão dos investimentos e tecnologias, acarretando problemas nos diferentes setores públicos e serviços sociais básicos. 
Com relação aos espaços públicos de atendimentos, o artigo relata que devido uma demanda de procura vir somente por parte da população carente, as políticas públicas acabam por funcionar de forma estigmatizante e segmentadora, pois divide e rotula as crianças e adolescentes das classes pobres como carentes, abandonados e delinquentes, criando-se um círculo perverso. Tornando-se, portanto, uma política de atendimento à criança, estigmatizada e estigmatizante, por moldar-se como um lugar direcionado a classe pobre, vista como um espaço ideológico pela classe média e rica. 
Na categoria “não dar colo porque não teve colo”, o texto expõe uma característica cíclica cultural que reverbera no contexto familiar, onde os agressores repetem as situações de violência, muitas vezes vividas por eles, sem tomarem consciência de sua repetição. Por outro lado, há uma limitação por parte dos trabalhadores sociais que atendem estas famílias, frente as situações trazidas de violência, por assumirem uma posição paliativa, sem que se tenha um trabalho de fato efetivo, se tornando instrumentos de compensação “pela ausência de garantias sociais e da própria estrutura do serviço público ofertado” ( TELMA SANCHEZ; MARIA DAS GRAÇAS; MARTA ANGÉLICA, 2007 p.7) revelando em sua prática social conceitos ultrapassados, idéias e traços anteriores ao Estatuto da Criança e do Adolescente. E por mais que se tenha um novo olhar instrumentalizado dos trabalhadores sociais frente às crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, há um conformismo por parte da situação social e a Política Pública de Assistência Social, assim como demais Políticas de atendimento, que limitam respostas criativas destes profissionais frente ao atendimento à criança e ao adolescente, tornando as políticas públicas cristalizadas.
Com relação a categoria “atendimento social”, relacionada às Práticas Sociais de Intervenção profissional, relativos a inserção das crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica na área social, o texto relata que, embora se tenha atribuições direcionadas a cada profissional (Psicólogos, assistente social, enfermeiros, pedagogos, etc), há uma demanda das famílias direcionadas para ações sociais básicas, expondo as carências sociais das famílias e limitando as próprias ações profissionais. 
Diante o exposto, os objetivos se invalidam e se perdem no decorrer das práticas das Políticas Públicas, vítima da falta de verba, questão social, falta de qualificação dos profissionais e do papel por parte destes profissionais e dos usuários do serviço social, permanecendo uma concepção ainda ultrapassada, anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que tais ações voltam-se de maneira remediativa ou para segmentos específicos, “tentando minimizar a profunda situação de pobreza de sua população de baixa renda”, como mostra Telma Sanchez et al (2007, p.7). Além de tais programas e serviços sociais não serem ofertados à nivel universal, onde a atenção governamental torna-se um privilégio para poucos. 
Há um reconhecimento da violência cotidiana, por parte do Estado, ao se criar programas para atendimento a crianças e adolesentes vítimas de violência doméstica, porém, uma culpabilização do seio familiar como um fator que justifica a violência, utilizando-se de justificaticas psicológicas, minimizadoras, redutivas a fenômenos e processos sociais de conduta individual, retirando assim, a culpa de questões estruturais de nível macro. 
Para o autor, seria necessário a implantação de um conjunto integrado e articulado de ações (de ordem econômica, cultural, política, legal, policial, terapêutica), de nível médio e longo prazo, preventivos (denúncia, defesa, atendimento às vítimas) e remediativos (responsabilização dos agressores). Com interlocussão setorial e multidiciplinar no atendimento à violência doméstica, norteados não só pelos direitos das crianças e adolescentes vítimas de violência, mas pelo contexto histórico-social e particularidades locais que estes se inserem, tendo um olhar instrumentalizado sobre a criança. Ou seja, implantação de novas políticas, por parte do Estado, para o atendimento de crianças e adolescentes. Fazendo-se parte essencial, portanto, se rever nossos processos culturais, nosso contexto social e as formas como estão sendo implantados os programas. 
IV.	 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS
De acordo com a leitura e análise dos textos, percebemos claramente a aproximação e distanciamento dos conceitos referente a Psicologia e Políticas Públicas. 	
As convergências e divergências se deram exatamente pela correlação dos artigos individualmente, com algum aspecto descrito em cada um utilizando da variável crianças e adolescentes. Ambos se pautaram nas políticas públicas de atendimento a vítimas de violência.
Aproximam-se pelo fato de tanto no Artigo Políticas Públicas e as Situações de Violência Contra a Criança (I), e no artigo As Políticas Públicas de Atendimento a Criança e ao Adolescentes Vítimas de Violência doméstica (II), ambos citam a sobre a ausência de uma política pública eficaz, pois notam que as ações públicas estão cristalizadas teoricamente e historicamente o que prejudica a implementação de novas formas de se fazer política. 
Dentro dessa definição ampla, a formulação de uma política é uma operação abstrata: implica em definir o sentido que deverá ter a ação. Contém, desse modo, elementos normativos e prescritivos dos quais resulta uma visão sobre um futuro desejável. Entre a formulação e a ação situa-se a distância entre o abstrato e o concreto. O processo de concretização da política implica, entretanto, de um modo geral, na intervenção de uma cadeia de atores cujo comportamento vai desagregando - e, em seguida, materializando - a política. Estabelecer se esta foi implementada - isto é, se a cadeia de comportamentos conduz a resultados previstos - requer a reagregação das ações atomizadas para recuperar seu sentido, para restabelecer o vínculo entre a práxis e a norma, entre a ação e a formulação. (OSZLAK, 1982, p.27)
Deste modo é imprescindível que os órgãos municipais e estaduais ajam conjuntamente para que essas políticas se concretizem em ações efetivas. A experiênciabrasileira já demonstrou que a fragmentação e a visão setorializada de políticas públicas é custosa e ineficiente, pois produz ações e resultados distantes da diretrizes e objetivos almejados. Por isso, a importância da intersetorialidade como ferramenta e mecanismo de gestão se mostra extremamente necessário, haja vista que não se pode pensar em construção de políticas públicas sem considerar a relevância da interação e integração dos diversos órgãos e instituições no compromisso comum de efetivação de direitos, garantindo-se, também, a participação social como requisito essencial de legitimidade das políticas sociais. (CUSTODIO; SILVA, 2015)
A tomada de consciência e desalienação é o principal objetivo para que isso aconteça. Há necessidade que seja desenvolvido dentro da própria sociedade uma reflexão pertinente à finalidade das políticas sociais públicas, bem como, o papel da participação social na construção e efetivação das políticas como uma dimensão de exercício pleno de cidadania. Cabe ao psicólogo que trabalhe com políticas públicas esse engajamento social. 
Percebemos claramente que os artigos mais se aproximam do que se repelem; ao que se diz de dissidente, podemos contestar as estratégias que escolhe cada um para fazer a intervenção, no artigo (I) o autor menciona que existe uma necessidade de se ter um cuidado especializado diante da vítima, não só após o incidente e sim à prióri, com orientação e acompanhamento, o que já é divergente no artigo (II) onde eles utilizam – se de métodos paliativos em relação a violência. 
Notamos também que no artigo (I) o autor culpabiliza o núcleo familiar como causador principal da violência e já no artigo (II) há a desmitificação do agente causador, considerando -a como ocorrência não só de fatores individuais e sim sociais. 
Outro ponto gritante, e que um artigo somente se pauta na teoria (I) mostrando a existência da Política Nacional de Redução de Morbitalidade por acidentes e violência sem qualquer implementação desta política, o outro em contraponto já pontua práticas inovadoras para que essas políticas se concretizem, através de um novo olhar instrumentalizado sobre a criança (II); menciona também o Juizado de Menores como programa existente mas sem qualquer aprofundamento (I) enquanto o (II) pontua que se deve existir uma sanção legal porém sem a realização de repreensão e/ou caridade por parte de quem aplicará. 
V.	CONCLUSÃO
É interessante perceber o quanto se há ainda uma “coisificação da infância”, embora a criação de leis, como a Declaração Universal dos Direitos da Criança e dos Adolescentes e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e políticas públicas voltadas a ações frente à sua proteção contra a violência. 
Fato demonstrado de maneira clara diante a transgressão ainda sofrida pela criança, mesmo nos dias de hoje, como possuidora de direitos; em que muitas vezes, de forma estrutural, diante à violência que repercute no seu núcleo familiar, é exposta e atingida por assumir uma posição de desvantagem frente ao poder do adulto. Há uma legitimação não só dos seus direitos (como criança ou adolescente), como também da responsabilidade frente à atenção que esta necessita por suas pecualidades e condição de estar em desenvolvimento. 
O fato de haver políticas públicas direcionadas à crianças e adolescentes vítimas de violência é um caminho de luta e conquista recente, porém percebe-se que ainda se há muito o que evoluir e melhorar em suas técnicas e instrumentos de atendimento e atenção direcionados a estas. E para isso, é extremamente importante que se tenha uma conversa, uma articulação, entre os diferentes setores, profissionais, e sobretudo, famílias, considerando o contexto histórico-social e local em que estes jovens e seus familiares se inserem. 
O atendimento do profissional social deve ser exercido de maneira ativa, e para isso, as próprias Políticas Públicas voltadas ao Atendimento devem dar essa sustentação para seu exercimento eficaz em detrimento da proteção das crianças e adolescentes vítimas de violência, dando recursos para que estes profissionais debatam respostas criativas, através de um novo olhar, voltado não só para uma proteção integral e prevenção eficientes, mas também ao resgate da autonomia e subjetividade, ou seja, para a promoção e transformação social destes jovens. 
A proteção além dos aspectos básicos como alimentação, moradia e demais recursos materiais, concerne o direito à convivência familiar, a liberdade de ir e vir, ao acesso prioritário as políticas públicas desde a concepção. O enfoque para a infância e a adolescência se dá em virtude das características biopsicossocial da própria população, a de que está em pleno crescimento e desenvolvimento, ao mesmo tempo que muitos estão vulneráveis às situações de violência que ocorrem tanto na família, na escola e na comunidade em que vivem. Por isto, dependem da proteção dos adultos, das instituições e das políticas públicas. Para efetivar políticas públicas faz-se necessário do trabalho de profissionais de vários setores, tais como saúde, educação, assistência social, Sistema de Justiça etc.
Considerando a ampliação de programas voltados à promoção da saúde (física e mental) de vítimas de violência, faz-se relevante considerar o papel do psicólogo e sua atuação em tal contexto. É recente a inserção do profissional psicólogo no atendimento público e na assistência social e, por isso, sua formação e suas possibilidades de atuação nestes contextos vêm sendo bastante discutidas.
Sabe-se que a psicologia enquanto ciência e profissão passa por um vasto processo de amadurecimento, e vem se inserindo nas políticas públicas com importantes contribuições, principalmente nas áreas da assistência social e saúde. Dessa maneira, é explicita a sua relevância para quaisquer atividades, seja para o bem-estar individual ou da comunidade.
É imprescindível a atuação do psicólogo na defesa e garantia de direitos das crianças e adolescentes. Fundamenta – se seu papel em atenção e proteção integral, considerando a criança e os adolescentes sujeitos de sua história, de direitos, e protagonista desta construção. Portanto, os serviços, programas e benefícios sociais tem que atuar em rede interdisciplinarmente, para a garantia integralmente desta proteção. 
O trabalho com equipes multidisciplinar é de tamanha importância para a atuação do psicólogo; pois ele deixa de ser procurado apenas em emergências, e passa a ser um profissional que está presente no desenvolvimento de leis, e planejamento de ações e intervenções, visando a proteção integral dos sujeitos, tendo um papel mais amplo em virtude de ações sociais.
O profissional que se integra na rede, se torna cada dia mais necessário para que essa rede possa funcionar plenamente, com isso, o psicólogo se faz presente nas situações concretas da sociedade, podendo analisar a situação, realizar um diagnóstico, planejando de ações. Atualmente o psicólogo se faz presente nas famílias, nas escolas, nas instituições, nos fóruns, e em qualquer ambiente que necessite da atuação desta área do conhecimento. Estes profissionais de acordo com suas atribuições buscam atender a subjetividade dos sujeitos, sem desconsiderar suas construções históricas, culturais e sociais, principalmente se tratando de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
REFERÊNCIAS 
AMARAL, Jefferson Ney; LOPES, Brenner; CALDAS, Ricardo Wahrendorff. Políticas públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG. 2008. Disponível em: <http://www .agenda21comperj.com.br/sites/localhost/files/MANUAL%20DE%20POLITICAS%20P%C3%9ABLICAS.pdf> Acesso em: 12 out. 2017.
CIRQUEIRA, Angelica. Violência física intrafamiliar: as percepções dos adolescentes do Programa Sentinela de Itaboraí sobre a violência sofrida. Rio de Janeiro: PUC-Rio. 2007. Disponível em: < https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10557/10557_3.PDF> Acessoem 29 out. 2017
CUSTODIO, André; SILVA, Cícero. A Intersetorialidade nas Políticas Sociais Públicas. Rio Grande do Sul: SUNISC Disponível em: <https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/snpp/ article/viewFile/14264/2708>. Acesso em 29 out. 2017
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. Brasília, 2006. Disponível em: <http://bvsms.saud e.gov.br/bvs /publicacoes/politica _nacional_fitote rapicos.pdf.> Acesso em: 13 out. 2017
OSZLAK, Oscar. Politicas Públicas e Regimes Políticos: Reflexões a Partir de Algumas Experiências Latino-Americanas, Rio de Janeiro, 1982. Disponível em: <bibliotecadigital. fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/11455/10404>. Acesso em 29 out. 2017
PNUD. Relatório do Desenvolvimento de 2013. São Francisco, 2013. Disponível em: <http://www.un.cv/files/HDR2013%20Report%20Portuguese.pdf>. Acesso em: 13 out 2017
SCHMIDT, João Pedro. Para entender as políticas públicas: aspectos conceituais e metodológicos. In: REIS, Jorge Renato; LEAL, Rogeiro Gesta (Org.). Direitos sociais e políticas públicas: Desafios Contemporâneos. Rio Grande do Sul: EDUNISC. 2008. Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/10/docs/para_entender_as_politicas_pub licas_-_aspectos_conceituais_e_metodologicos.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017
SILVA, Jaqueline Maria Cavalcante. Políticas públicas como instrumento de inclusão social. Brasília: Prismas. 2010. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquiv o/politicas_publicas_como_instru mento_de_inclusao_social.pdf>. Acesso em 12 out. 2017
VENDRUSCOLO, Telma; et al. As Políticas Públicas de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica, Revista: Rev Latino-am Enfermagem. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15nspe/pt_15.pdf>. Acesso em 22 out. 2017

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