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MATERIAL PROCESSO PENAL II

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AULA 07 - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS.docx
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Aula 07
 DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Em regra, a ação penal é privada com as seguintes exceções: 
1. Crimes contra honra de Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 141, I c/c art. 145 § único CP) - Ação Penal Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
2. Injúria Real praticada com emprego de lesão corporal (art. 140 § 2º c/c art. 145 CP) - 	 Ação Penal Pública condicionada à representação. 
3. Injúria preconceituosa (art. 140, §3º c/c art. 145 § único CP) - Ação Penal Pública condicionada à representação. 
4. Crime contra a honra de funcionário público relacionado ao exercício da função (art. 141, II CP) - Pelo Código Penal, a ação penal é pública condicionada à representação. 
	Porém, o STF editou a Súmula 714 dando legitimidade concorrente ao ofendido mediante o ajuizamento de queixa. 
SÚMULA 714 – STF
É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
	
A maioria dos crimes contra a honra é considerado delito de menor potencial ofensivo, razão pela qual o procedimento adotado será aquele previsto na Lei 9.099 - Juizado Especial. 
Porém, existem alguns crimes contra a honra cuja pena supera o limite de 2 anos, razão pela qual, nessas hipóteses, o rito será o dos art. 519 e seguintes do CPP. 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Antes do oferecimento da queixa, é possível que o ofendido formule o pedido de explicações previsto no art. 144 do CP. 
O pedido de explicações consiste em uma medida facultativa de caráter preparatório, que tem por objetivo esclarecer as ofensas, dando ao querelante justa causa para o oferecimento da queixa. 
Esse pedido não interrompe o prazo decadencial, tendo como única consequência processual a prevenção. 
Da decisão que indefere de plano o pedido de explicação, cabe recurso de Apelação – art. 593, II do CPP.
Obs: Alguns denominam o pedido de explicações como interpelação judicial. 
Os crimes contra a honra em que a ação penal é pública cabe pedido de explicações? 
Não, pois o art. 144 só conferiu legitimidade ao querelante. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (art. 520 CPP)
Condição de prosseguibilidade: 
O querelante oferecerá queixa, com ou sem pedido de explicações, porém, antes do juiz decidir sobre o recebimento, ele deverá designar a audiência de conciliação prevista no art. 520 do CPP. 
	Essa audiência possui natureza de condição de procedibilidade imprópria ou condição de prosseguibilidade, cuja inobservância é causa de nulidade absoluta. 
Nos crimes contra a honra em que a ação penal é pública cabe audiência de conciliação? 
Não cabe em razão do Princípio da Indisponibilidade que norteia a ação penal pública. 
A ausência do querelante na audiência de conciliação é causa de perempção? 
 Apesar das divergências, predomina nos Tribunais Superiores que há perempção, pois demonstra o seu desinteresse na relação processual. 
O juiz pode rejeitar liminarmente a queixa antes da audiência de conciliação? 
	1. O juiz deve rejeitar quando a queixa for manifestamente inepta, sob pena dessa audiência caracterizar um constrangimento ilegal (posição mais razoável). 
	2. Não é possível a rejeição liminar, pois o juiz deverá sempre designar a audiência tentando pacificar o conflito de interesses. 
EXCEÇÃO DA VERDADE – art. 139 § único
É possível que o querelado, como forma de defesa, ajuíze a exceção da verdade na tentativa de demonstrar que o que foi dito por ele é verdadeiro. 
	Obs: Natureza jurídica da exceção da verdade - incidente processual como forma de defesa. 
Em regra, não há julgamento prévio da exceção da verdade, ou seja, ação e exceção são julgadas pelo juiz na sentença, salvo quando o querelante tiver foro por prerrogativa de função. 
Um magistrado propôs queixa crime em face de B pela prática do crime de calúnia, pois B teria dito "esse juiz vende sentenças". B resolve ajuizar a exceção da verdade, na tentativa de demonstrar que o juiz realmente vende sentenças. 
O que estará sendo discutido na exceção da verdade é se o magistrado cometeu ou não um delito, razão pela qual ela deverá ser remetida ao tribunal para julgamento prévio. 
O tribunal poderá chegar as seguintes conclusões: 
	1) Ele julga procedente a exceção da verdade, ou seja, reconhece que o fato imputado era verdadeiro. Nesse caso, resta ao juiz singular a absolvição (fato criminoso não é falso). 
	2) O tribunal julga improcedente a exceção da verdade. Nesse caso, o juiz poderá condenar ou absolver pela calúnia de acordo com as provas constantes nos autos. 
E se na hipótese anterior o fato imputado fosse uma contravenção penal, como ficariam ação e exceção? 
O processamento da exceção dependerá do conteúdo da difamação. 
Se o fato imputado era ofensivo, porém atípico, não há razão para remetermos a exceção ao tribunal, ou seja, o próprio juiz singular julgará ação e exceção. 
Porém, se o fato imputado caracterizava uma contravenção penal, o que estará sendo discutido na exceção é se o magistrado cometeu ou não um delito. 
Logo, a exceção deverá ser remetida ao tribunal para julgamento prévio. 
A exceção da verdade, deverá ser oposta no prazo da defesa preliminar, se adotado o rito da Lei 9.099/95 ou da resposta escrita, se adotado o rito ordinário.
O querelante poderá contestar a exceção no prazo de 02 dias – art. 523 CPP.
PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL - Artigos 524 a 530-I, CPP
	a) Crimes contra a propriedade imaterial - artigos 184 a 186 do Código Penal e artigos 183 a 195 da Lei n. 9.279/96. 
Em regra, estes crimes são de ação penal privada.
	Exceções - artigo 186, CP
1) artigo 184, § 1º e § 2º, CP - ação penal pública incondicionada (art. 186, II)
2) artigo 184, § 3º, CP - ação penal pública condicionada à representação do ofendido (art. 186, IV CP) 
3) artigo 186, III, CP - crimes cometidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público - ação penal pública incondicionada.
4) artigo 191 da Lei n. 9.279/96 - ação penal pública incondicionada (artigo 199 da mesma Lei)
Os crimes contra a propriedade imaterial seguem o procedimento do rito ordinário, exceto no crime simples – art.184, caput – cuja pena máxima é de 01 ano, onde o procedimento será o sumaríssimo. 
	b) O exame de corpo de delito é condição de procedibilidade para o exercício da ação penal. Artigo 525 do CPP.
É nula a decisão que recebe a queixa, que não adotou esta medida previamente.
	c) Prova de legitimidade e interesse. 
	Artigo 526 do CPP
	
d) No caso de crime de ação privada se procede na forma dos artigos 524 a 530 do CPP (artigo 530-A do CPP)
	e) No caso de crime de ação pública se procede na forma dos artigos 530-B até 530-H (artigo 530 I do CPP)
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Requerimento de Busca e Apreensão
Realização da Busca e Apreensão por 02 Peritos
Elaboração do laudo por peritos
Prazo de 03 dias
Homologação do laudo pericial – art. 528 CPP
Oferecimento da Queixa
Prazo de 30 dias após a homologação
Possibilidade de Rejeição Liminar da Queixa
Citação
Resposta
Possibilidade de Absolvição Sumária
Recebimento da Queixa
	
Audiência de Instrução e Julgamento
Oitiva da Vítima
Oitiva das testemunhas de acusação
e defesa 
Esclarecimentos dos Peritos
Acareação e Reconhecimentos de Pessoas ou Coisas
Interrogatório
Requerimento Oral de Diligências Complementares
Debates Orais
Sentença Oral
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA
Crimes 
Arts. 184 § 1º a 3º
Lei 10.695/2003
Ofendido não precisa requer busca e apreensão
Juiz não precisa homologar
Busca e Apreensão pela Autoridade Policial (art. 530-B CPP)
Laudo deve acompanhar o IP (art. 530-C CPP)
DENÚNCIA
Possibilidade de Rejeição Liminar da Denúncia
Citação
Resposta
Possibilidade de Absolvição Sumária
Recebimento da Denúncia (Rito Ordinário)
PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
A peculiaridade refere-se à existência de uma fase prévia ao recebimento da denúncia ou pela queixa por parte do juiz, fase essa, que pode acarretar na rejeição da denúncia por parte do juiz. 
Ademais, caso a queixa ou a denúncia seja recebida, conforme artigos 517 e 518 do Código de Processo Penal, o acusado será citado e a Instrução Criminal será regida pelo procedimento comum previsto no mesmo código.
Apesar do julgamento dos crimes funcionais estarem submetidos às regras do procedimento ordinário, no momento da apreciação judicial, prevê o Código de Processo Penal, também, uma condição primária de procedibilidade da ação, ou seja, uma condição anterior ao processo judicial e que permite a apresentação de justificação e defesa pelo acusado para apuração do fato delituoso, mediante procedimento administrativo.
Dessa forma, aos crimes afiançáveis, cometidos por funcionário público, garante-se o direito a apresentação de defesa, em fase que antecede ao início da ação penal, sendo possível, inclusive, que o funcionário se adentre às questões preliminares e de mérito referente a um processo que ainda não teve início.
Os crimes funcionais são aqueles cometidos pelo funcionário público no exercício das suas funções contra a administração pública. Dentre estes estão:
A) Crimes funcionais próprios; só podem ser praticados por funcionários públicos, ou seja, a ausência da condição de funcionário público leva a atipicidade da conduta.
B) Crimes funcionais impróprios: são aqueles que podem ser praticados também por particulares, ocorrendo tão somente uma nova tipificação. A inexistência da condição de funcionário público leva a desclassificação para outra infração.
Tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios submetem-se ao procedimento especial, bastando apenas que sejam afiançáveis. 
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Para fins penais, o conceito de funcionário público se encontra no Art. 327 do Código Penal, qual seja:
	"Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
	§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Logo, para fins penais, funcionário público é toda pessoa física que, embora transitoriamente ou sem receber contraprestação financeira pelo serviço, executa atividade típica da Administração Pública.
Importante ressaltar que militares, embora exerçam atividade típica da Administração Pública, não estão sujeitos ao conceito acima, vez que os servidores militares possuem lei mais específica.
Art.513 - “Nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas”. 
Art.514 – “ Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias”
Art. 516 – “O juiz rejeitará a queixa ou denúncia em despacho fundamentado, se convencido, pelas respostas do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação”.
	 
Eugênio Paccelli de Oliveira defende determina que o procedimento especial de que tratam os artigos 513 a 518 do CPP encontram-se tacitamente revogados, após promulgação da lei 11.719/2008, que trouxe nova redação aos artigos 396 e 397, bem como criou novas determinações, conforme disposto no art. 396-A do CPP.
	 
Segundo seu posicionamento, “com a unificação dos procedimentos, segundo lei 11.179/2008, não há razão alguma para insistir no tema. O rito, como se vê, rigorosamente, é o ordinário. E as decisões judiciais anteriormente previstas no artigo 516 devem ser redirecionadas para os 395 e 397 CPP. ”
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
 Súmula 330-STJ
"É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial“.
 O caput do Art. 514 do Código de Processo Penal, que se insere no Capítulo que trata do procedimento e julgamento dos crimes cometidos por funcionários públicos, prevê:
"Art. 514.  Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias."
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a falta de notificação do acusado para apresentar a resposta prevista no artigo acima acarretará na nulidade do processo, conforme RT 572/412, in verbis: "Artigo 514 do CPP. Falta de notificação do acusado para responder, por escrito, em caso de crime afiançável, apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental da ampla defesa. Evidência do prejuízo."
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem compartilhando do mesmo entendimento, conforme RSTJ 34/64-5:
	"Recurso de habeas corpus Crime de responsabilidade de funcionário público. Sua notificação para apresentar defesa preliminar (art. 514, CPP). Omissão. Causa de nulidade absoluta e insanável do processo. Ofensa à Constituição Federal (art. 5º., LV). Nos presentes autos, conheceu-se do recurso e deu-se-lhe provimento, para se anular o processo criminal a que respondeu o paciente, pelo crime do artigo 317 do CP, a partir do recebimento da denúncia (inclusive), a fim de que se cumpra o estabelecido no artigo 514 do CPP."
Em razão das decisões proferidas, pelos Tribunais Superiores, verifica-se que quando os crimes funcionais NÃO foram investigados por IP, ou seja, investigados por sindicâncias ou processos administrativos, será oportunizada a defesa anterior ao recebimento da denúncia. Não tendo aplicabilidade a Súmula 330 STJ.
Se o crime funcional tiver sido fruto de investigação em inquérito policial, será adotado procedimento comum e aplica-se a Súmula 330 STJ.
OBSERVAÇÕES:
A Jurisprudência é no sentido de que só cabe a defesa preliminar, se o funcionário ainda estiver no cargo.
Corréu que não é funcionário público – desnecessidade de defesa preliminar.
AULA 08 E 09 - PROCEDIMENTO NOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JÚRI.docx
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JÚRI
 Aulas 08 e 09
INTRODUÇÃO
O Tribunal do Júri tem garantia constitucional prevista no artigo 5º, inciso XXXVIII, por isso é considerado como cláusula pétrea, sendo possível mudar seu procedimento, mas não questionar a sua existência. 
O Júri é competente para julgar os crimes dolosos contra a vida
nas formas consumada e tentada, e também os crimes conexos. 
Homicídio - Artigo 121; 
• Simples – Artigo 121 caput ; 
• Privilegiado – Artigo 121 § 1º ; 
• Qualificado – Artigo 121 § 2º ;
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122;
 Infanticídio - Artigo 123;
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento-Art.124
 Aborto provocado por terceiros sem consentimento da gestante-Art.125;
 Aborto provocado por terceiros com consentimento da gestante-Art.126;
 Forma qualificada de aborto - Artigo 127. 
PRINCÍPIOS QUE VIGORAM NO TRIBUNAL DO JÚRI
a) A PLENITUDE DA DEFESA; 
b) O SIGILO DAS VOTAÇÕES; 
c) A SOBERANIA DOS VEREDICTOS; 
d) A COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA”
PROCEDIMENTO DO JÚRI
O procedimento do júri se divide em duas etapas: 
	Primeira fase se denomina sumário de culpa ou juízo da admissibilidade da acusação - “judicio acusationes”;
 Segunda fase intitulada de juízo de julgamento, que se efetiva no julgamento pelo plenário do júri – “judicio causal”; 
PRIMEIRA FASE – FORMAÇÃO DA CULPA - ART. 406 a 412 CPP
- Oferecida a Denúncia, o Juiz a recebe e manda citar o acusado para que este apresente resposta a acusação no prazo de 10 dias. 
- Podendo arrolar até 08 (oito) testemunhas para cada parte (Defesa e Acusação), arguir preliminares, oferecer documentos e especificar provas, tudo que interesse a Defesa (art. 406, parágrafo 3º).
- Apresentada a Resposta pela Defesa, será ouvido o Ministério Público ou Querelante, sobre preliminares e documentos, em 05 (cinco) dias (art. 409, caput, do CPP).
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO (UNA) - Inicia-se, portanto, a Audiência de Instrução, seguindo-se a seguinte ordem (sob pena de nulidade):
	 1) declaração do ofendido/vítima (se possível/estiver vivo); 
	 2) testemunhas de acusação; 
	3) testemunhas de defesa; 
	4) esclarecimentos de peritos; 
	5) acareações; 
	6) reconhecimento de pessoas e coisas; 
7) interrogatório do acusado (Lei 11.689/08);
	8) debates (alegações finais de 20 minutos para a acusação e 20 minutos para a defesa, prorrogáveis, por mais 10 minutos para cada parte). 
	Havendo mais de um acusado, os tempos serão individualizados. 
	Se houver assistente de acusação este falará depois do Ministério Público, por 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo da defesa (art.411/412, do CPP); 
	9) Encerrados os debates o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 dias (art. 411, parágrafo 9º, do CPP). 
Ao final da primeira fase, o juiz poderá proferir as seguintes decisões:
	– PRONÚNCIA – Art. 413 § 1º - Com a Pronúncia o Juiz reconhece que existe indícios suficientes da autoria e prova da materialidade delitiva (existência do crime). Aqui encerra-se a primeira fase, de formação de culpa, e inaugura-se a fase seguinte, de preparação para o plenário (2ª fase). 
	- IMPRONÚNCIA – Art. 414 § único - Também, trata-se de uma decisão, no entanto, ao invés de encerrar uma fase e inaugurar outra, apenas, encerra-se, a primeira fase (formação de culpa/judicium accusationis), sem haver juízo de mérito. 
	O Juiz Impronúncia, arquiva o processo, quando faltam indícios suficientes de autoria ou prova da materialidade do crime.
	 Porém, havendo nova prova, o processo pode ser desarquivado, desde que não tenha havido a prescrição. 
	- DESCLASSIFICAÇÃO – Art. 419 - Quando o Juiz reconhece a inexistência de crime doloso contra a vida, portanto, não sendo passível de julgamento pelo Tribunal do Júri. 
	– ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – Art. 415: É uma decisão de mérito, que põe termo (fim) ao processo, julgando improcedente a pretensão punitiva Estatal. 
	Ocorre após o reconhecimento, pelo magistrado, de: 
	1) estar provada a inexistência do fato; 
	2) provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
	3) não ter o fato tipificação penal; 
	4) demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime (art. 415 e incisos do CPP). 
NATUREZA JURÍDICA DA PRONÚNCIA – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA MISTA, DECLARATÓRIA, NÃO TERMINATIVA.
	
PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLENÁRIO – Art. 422 CPP
	Após o trânsito em julgado da decisão de Pronúncia, os autos processuais serão enviados ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri.
	O Magistrado determinará a intimação das partes (Ministério Público e Advogado de Defesa) para que, no prazo de 05 dias, manifestem-se, requerendo rol de testemunhas (5 no máximo), documentos e diligências.
Serão providenciadas as diligências necessárias e o Magistrado fará o Relatório sucinto do processo, por escrito. 
	Por fim, o Juiz designa data para o julgamento em plenário. 
ALISTAMENTO DE JURADOS – Art. 425 CPP
Poderão funcionar como jurados os cidadãos maiores de 18 anos.
 De acordo com o número de habitantes: 
800 a 1.500 nas comarcas com mais de 1.000.000 habitantes, 
300 a 700 nas de mais de 100.000 habitantes,
	80 a 400 nas com menos de 100.000 habitantes.
	
QUEM PODE e QUEM NÃO PODE SER JURADO
Quem pode: Os nomes de todos os jurados passam por uma triagem realizada pelo juiz.
Podem ser os maiores de 18 anos e quem tiver idoneidade moral comprovada.
Quem não pode: Segundo o CPP, no seu art. 437, estão isentos do serviço do júri: O Presidente da República e seus Ministros; O Governador e seus secretários; Os membros do Congresso, Da Assembleia e da Câmara; os prefeitos ; Os magistrados e Membros do MP e da Defensoria Pública, Servidores Públicos em geral e os Militares em serviço ativo. 	
- Art. 433 CPP - Os que se alistaram como jurados, irão compor uma lista, onde são sorteados 25 nomes que devem comparecer ao julgamento no dia e hora designados. 
- Art. 463 CPP - Devem estar presentes no mínimo 15 jurados, para instalação da sessão plenária - 
- Desses 25 jurados, apenas sete(07) jurados são sorteados para compor o Conselho de Sentença. 
- Antes de dar início à sessão solene, o juiz-presidente deverá analisar todos os casos de isenção ou dispensa de jurados, bem como os pedidos de adiamento.
- Atualmente, para que seja instaurado o Plenário, necessita-se de, no mínimo, quinze jurados, visto que cada parte poderá recusar imotivadamente até três, sendo imprescindível que, ao final do sorteio, restem no mínimo sete. 
- Havendo mais do que um réu, a recusa será promovida por apenas um dos defensores, caindo a hipótese de que seria dividido o julgamento caso as recusas fossem incompatíveis. 
- Os jurados dispensados ou isentos não serão somados para fim de alcançar esse número mínimo, diferentemente dos jurados impedidos ou suspeitos, que serão normalmente computados. 
- Não havendo o número mínimo, o juiz fará o sorteio de tantos suplentes forem necessários, marcando data para novo julgamento. 
Encerradas tais preliminares, o presidente procederá ao sorteio dos sete jurados que farão parte do Conselho de Sentença, para, finalmente, anunciar o início do julgamento.
“Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: Assim o prometo.
Art. 448 CPP – São impedidos de servir no mesmo Conselho.
    I – marido e mulher; 
        II – ascendente e descendente; 
        III – sogro e genro ou nora; 
        IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; 
        V – tio e sobrinho; 
        VI – padrasto, madrasta ou enteado. 
        § 1o  O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar. 
        § 2o
Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. 
Art. 449 CPP - Não poderá servir o jurado que: 
        I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julgamento posterior; 
        II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; 
        III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. 
Súmula 206 STF 
ATRIBUIÇÕES DOS JURADOS
Durante o julgamento, os sete (07) jurados que fazem parte do Conselho de Sentença, são juízes de fato ou juízes leigos. 
Assim eles podem inquirir as testemunhas, requerer diligências e se utilizar de quaisquer recursos para elucidar a verdade dos fatos (através do Juiz Presidente).
 Todavia, eles são incomunicáveis. Não podem ter contato com o mundo exterior. 
Os jurados são pessoas escolhidas para dar o veredicto sobre o caso. 
Esse veredicto é dado através das respostas a um questionário sobre o processo, elaborado pelo magistrado.
 Nele se pergunta: O jurado absolve o acusado? (art. 483 § 2º CPP) 
 A decisão dos jurados não precisa ser unânime e o voto é secreto – art. 466 §§ 1º e 2º CPP
	
INSTALAÇÃO DA SESSÃO PLENÁRIA
Após a instalação da sessão plenária, os jurados passarão a receber cópias da pronúncia (e/ou decisões posteriores de admissibilidade) e do relatório do processo. 
O Juiz, o representante do Ministério Público, o assistente (se houver) e advogado de defesa poderão inquirir diretamente o ofendido e as testemunhas.
Para inquirir algum jurado, deverão fazê-lo por intermédio do Juiz. 
As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimentos, esclarecimento dos peritos, e a leitura de peças. 
INTERROGATÓRIO: Após o interrogatório do acusado, o Ministério Público, o assistente (se houver), querelante e o defensor fazem perguntas diretamente ao acusado, se presente.
DEBATES: Os debates iniciar-se-ão com a sustentação da acusação, conforme admitida, e de suas eventuais agravantes. Após, a defesa apresenta seus argumentos. Ambos terão até 1h30 (uma hora e meia) cada um. Ambos terão também 1 (uma) hora para a réplica e tréplica. 
Art. 478 - Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação; à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; o silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
Art. 479 CPP
Ainda, é vedado a qualquer das partes mostrar ou citar, durante debate, documento, vídeo, áudio, jornal, revista, ou qualquer outro possível meio de prova que não tenha sido juntado aos autos com, no mínimo, três dias úteis de antecedência. 
Por esse motivo que é facultado à acusação, à defesa e aos jurados, requerer que o orador indique a folha dos autos onde a peça lida ou citada por ele se encontra.
VOTAÇÃO DO QUESTIONÁRIO: 
	Se os jurados negarem a materialidade ou a autoria, absolve-se. 
	
Se afirmadas, quesita-se se o jurado “absolve o acusado”. 	Se condenado, prossegue-se na votação. 
Em caso de respostas que coincidam em número superior a 3 (três),estará encerrada a votação(sigilo dos veredictos). Assim, não haverá revelação de decisão unânime. 
Em caso de tentativa (ou alteração da tipificação para crime de competência do próprio júri), a quesitação se dará após o segundo quesito, na seguinte ordem: materialidade – participação – tentativa.
Terminado os debates orais, os jurados se dirigirão para a sala especial, a fim de votarem aos quesitos previamente formulados pelo juiz presidente, com base na sustentação oral das partes. 
 
LEITURA DA SENTENÇA. No caso de condenação do réu, a pena será aplicada pelo juiz presidente, e não pelos jurados, que apenas votarão pela condenação ou absolvição. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata descrevendo fielmente todas as ocorrências. 
DESAFORAMENTO
DESAFORAMENTO – Art. 427 : Além das hipóteses já previstas (ordem pública, dúvida sobre a imparcialidade do júri ou para segurança pessoal do acusado), a Lei 11.689/08 prevê o desaforamento do julgamento em caso de excesso de serviço, caso o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da pronúncia – não se contando o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa. 
ADIAMENTOS POR AUSÊNCIAS INJUSTIFICADAS:
Do representante do Ministério Público – art. 455 CPP: redesignação para o primeiro dia desimpedido após a mesma reunião. 
Ausência do advogado- art. 456 CPP : não sendo constituído novo defensor, haverá um único adiamento. Será dada ciência à Ordem dos Advogados, com designação de novo julgamento no prazo mínimo de 10 (dez) dias. 
O QUE PODE OCORRER ANTES DA PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLENÁRIO ou INSTALAÇÃO DA SESSÃO PLENÁRIA
AUSÊNCIA DO ACUSADO SOLTO – Art. 457 CPP - Estando o acusado, solto, intimado, o julgamento não será mais adiado.
AUSÊNCIA DO ACUSADO PRESO – Art. 457 § 2º CPP - Na ausência do acusado que se encontra preso, o julgamento será adiado para o primeiro dia livre após a mesma reunião.
AUSÊNCIA DE TESTEMUNHAS – Art. 458 CPP - . Não comparecendo para testemunhar, serão trazidas por condução coercitiva, responderão por crime de desobediência e haverá aplicação de multa. 
Será admitido adiamento quando as mesmas forem arroladas (art. 422) em caráter de imprescindibilidade e pedido de intimação por mandado.
RECURSOS 
A matéria recursal sofreu drásticas e ovacionadas mudanças. 
A Lei 11.689 estabeleceu:
	 ser cabível apelação na hipótese de impronúncia e absolvição sumária;
	 acabou com o obsoleto recurso de protesto por novo júri;
	impediu o recurso de apelação contra decisões pró-réu realizadas manifestamente contrárias as provas dos autos.
RECURSO DE APELAÇÃO 
As regras para o cabimento da apelação contra decisões do Plenário estão previstas no art. 593, III, quando:
	a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
	b) for a sentença do juiz presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
	c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
	d) a decisão dos jurados em condenar o réu for manifestamente contrária à prova dos autos. 
Outro caso onde se usará o recurso de apelação está previsto no art. 416, que afirma ser esse o recurso cabível “contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária”.
AULA 10 - TEORIA GERAL DOS RECURSOS.docx
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Aula 10
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Recurso é um meio voluntário para impugnar uma decisão. 
Natureza Jurídica dos Recursos: 
	1ª orientação (prevalece - Ada Pellegrini, Tourinho, Polastri) – recurso é o desdobramento do direito de ação, ou seja, dentro de um mesmo processo haverá outro procedimento só que em fase recursal. 
	2ª orientação (Hélio Tornagui) – o que fundamenta o direito de ação é a prática de um crime, enquanto o que fundamenta um recurso é uma decisão judicial, ou seja, os fundamentos são distintos. Além disso quem promove a ação pode não corresponder com a mesma parte que promove o recurso. Trata-se de uma ação autônoma dentro de um mesmo processo. 
	3ª orientação –(Adalberto Aranha) – recurso é qualquer instrumento utilizado para impugnar uma decisão. 
PRINCÍPIOS GERAIS
Princípio da taxatividade: os recursos devem ter previsão legal, ou seja, as partes não podem criar recurso. 
O rol de hipóteses do RSE previsto no art. 581, CPP é taxativo? 
	1ª orientação – Paulo Rangel – o rol é literalmente
taxativo, ou seja, nas hipóteses não previstas no art. 581 caberá apelação residual do art. 593, II, CPP. 
	2ª orientação – o rol é taxativo na sua essência, porém, ele pode ser ampliado em situações semelhantes como por exemplo a decisão que indefere temporária.
Princípio da Unirrecorribilidade: cada decisão só pode ser impugnada com um único recurso. 
	A possibilidade de interposição simultânea de recurso extraordinário e recurso especial prevista no art. 27, L. 8038 é uma exceção a esse princípio? 
	1ª orientação – é uma exceção pois uma decisão será impugnada com dois recursos.
 
	2ª orientação – Ada Pellegrini – não é exceção pois cada recurso se presta a impugnar um único aspecto daquela decisão.
Princípio da Fungibilidade ou Teoria do Recurso Indiferente ou Teoria Tanto Vale: a parte não será prejudicada se interpuser o recurso errado, pois ele será recebido como se fosse o recurso correto. 
Princípio da Voluntariedade: a interposição de um recurso depende da livre manifestação de vontade da parte, ou seja, ninguém é obrigado a recorrer. 
Promotor que em sede de alegações finais opina pela condenação é obrigado a recorrer na hipótese de sentença absolutória? 
	Ainda que o recurso seja um desdobramento do direito de ação e que na ação penal incida o princípio da obrigatoriedade o MP não é obrigado a recorrer, pois nessa fase do procedimento incidem os princípios da independência funcional e voluntariedade. 
O art. 574, CPP é uma exceção ao princípio da voluntariedade? Esse dispositivo foi recepcionado pela Constituição? 
	1ª orientação (amplamente majoritária) não é exceção pois não se trata de um recurso pois este pressupõe inconformismo. O juiz não pode estar inconformado com algo que ele fez. Trata-se, na verdade, de condição de eficácia de determinadas decisões. 
	2ª orientação – Polastri diz que o art. 574 tem natureza de recurso pois foi chamado de recurso pelo CPP. Como recurso é um desdobramento do direito de ação e como a ação é exclusiva do MP juiz não pode.
	3ª orientação – Geraldo Prado sustenta que o art. 574 é um resquício do sistema inquisitivo pois o legislador desconfiava de determinadas decisões que beneficiassem o réu e exigia a sua confirmação pelo Tribunal. Com a adoção do sistema acusatório esse dispositivo não foi recepcionado pela Constituição. 
Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus: está previsto no art. 617, CPP, porém é um princípio tão importante que é aplicado a todos os recursos no processo penal. É proibida a reforma para pior quando apenas o réu recorreu. 
ATENÇÃO: Reformatio in Pejus indireta 
	1 situação: Julgado procedente recurso exclusivo da defesa o Tribunal anula o processo devolvendo o feito ao juiz de primeiro grau para reconstrução da sentença. Será possível agora agravar a situação do réu? 
	
1ª orientação – Ada Pellegrini e Paulo Rangel – o art. 617, CPP proíbe a reformatio in pejus feita pelo Tribunal, e não pelo próprio juiz sentenciante. Ademais, o primeiro julgamento foi invalidade e não é possível agravar o que não existe mais. Logo, é possível agravar a situação do réu. 
	2ª orientação – Tourinho (prevalece) entende que não é possível agravar a situação do réu pois isso seria uma reformatio in pejus indireta o que é proibido pelo art. 617, CPP. 
	2 situação: O processo é todo nulo, desde a denúncia. Será possível agravar a situação do réu? 
	
1ª orientação – Tourinho entende que nesse caso não há como limitar a atuação do juiz competente, ou seja, é possível agravar a situação do réu. 
	
	2ª orientação – (prevalece na jurisprudência) – não é possível agravar pois isso seria uma reformatio in pejus indireta. 
	3 situação: A foi pronunciado e submetido a plenário pela prática de um homicídio duplamente qualificado. No plenário ele foi condenado a 6 anos de reclusão reconhecido homicídio simples. 
	Julgado procedente recurso exclusivo da defesa A será submetido a novo júri. 
	O juiz presidente poderá quesitar as qualificadoras? 
	1ª orientação – Tourinho, Damásio, Mirabete e Polastri entendem que o primeiro julgamento foi invalidado, desapareceu da ordem jurídica, não servindo de parâmetros para mais nada. Ademais a soberania dos veredictos é um dogma constitucional que não pode ser limitado. 
	2ª orientação – Ada Pellegrini e STF – por conta do princípio da soberania dos veredictos os jurados analisarão o feito livremente, podendo até reconhecer mais qualificadoras. 
	Porém, a pena não poderá ultrapassar a do julgamento anterior, isso porque o réu não pode ser prejudicado quando estiver no exercício da ampla defesa constitucional. 
	3ª orientação – Paccelli entende que se no segundo plenário os jurados julgarem da mesma forma, reconhecendo as mesmas qualificadoras, não há como agravar a situação do réu. Porém, se os jurados reconhecerem mais qualificadoras não há como limitar a soberania dos veredictos. 
É possível a reformatio in mellius? 
	Reformatio in mellius é a reforma para melhor no julgamento de recurso exclusivo da acusação. 
	É pacífico na doutrina e na jurisprudência que podemos trabalhar com a reformatio in mellius. 	Isto porque por conta dos princípios do favor rei e do favor libertatis juízes e tribunais podem reconhecer de ofício qualquer questão que beneficie o réu. 
EFEITOS DOS RECURSOS
Efeito devolutivo: é aquele efeito que cria o âmbito de impugnação do recurso, ou seja, aquilo que será apreciado pelo Tribunal. 
	Tantum devollutum quantum apellatum é aplicado no processo penal? 
	Ele não é aplicado pois independente de quem esteja recorrendo este recurso devolverá ao Tribunal todas as questões que possam beneficiar o réu. 
OBS: a apelação das decisões do júri deverá ter como fundamento uma das alíneas do art. 593, III, CPP. 
 	Porém, se a defesa apelar com base em uma alínea o Tribunal não poderá julgar procedente o apelo com base em outra alínea, conforme Súmula 713, STF que tem como fundamento a soberania dos veredictos. 
Súmula 713 STF - O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.
O que mede os recursos?
	1ª orientação (posição majoritária) - o que mede o recurso é a petição de interposição pois, conforme art. 601 os autos serão remetidos ao Tribunal com ou sem as razões. 
	2ª orientação – Adalberto Aranha entende que a petição de interposição serve apenas para a análise da admissibilidade. O inconformismo da parte é constatado nas razões. 
	
	ATENÇÃO: O STJ tem reiteradas decisões afastando a aplicação do art. 601, CPP na hipótese de recurso da defesa, isto porque o recurso estará enfraquecido. A parte deverá ser intimada para constituir um outro advogado sob pena de ser patrocinada pela Defensoria Pública. 
Efeito regressivo: é aquele efeito que permite o juízo de retratação por parte do órgão que prolatou a decisão.
	 É excepcional, ou seja, nem todos os recursos possuem esse efeito que aparece nos embargos , Recurso em Sentido Estrito e Agravo em Execução. 
Efeito suspensivo: segundo Barbosa Moreira a expressão “efeito suspensivo” traz a falsa noção de que uma decisão estava produzindo seus efeitos naturalmente, e que apenas com a interposição do recurso tais efeitos serão suspensos.
	 Na verdade, o simples fato de uma decisão estar sujeita a um recurso que possui esse efeito faz com que ela nasça sem produzir efeito algum. 
Com a reforma do CPP não existe mais prisão como efeito automático de sentença condenatória, isto porque o art. 387, parágrafo único, estabelece que eventual prisão que surja nesse momento tem natureza cautelar e deve ser decretada de forma fundamentada. 
	Desta forma, eventual recurso da defesa não suspenderá o efeito prisional sendo correto afirmar que apelação não tem efeito suspensivo. 
	Apelação de sentença
absolutória não possui efeito suspensivo, uma vez que o art. 596, CPP estabelece que o réu deverá ser posto em liberdade. 
ATENÇÃO: Com a reforma penal de 1984 a LEP estabeleceu que não é possível a aplicação de medida de segurança antes do trânsito em julgado, o que acabou levando a revogação tácita dos arts. 373 à 380, CPP. 
	Desta forma o art. 596, parágrafo único não tinha aplicação. 
	Em 2011 o CPP foi alterado e o art. 319 autoriza expressamente a internação provisória do acusado. 
	Assim, se o denunciado ficou internado durante toda a ação penal e na sentença é condenado a cumprir medida de segurança, se a medida for pertinente nada impede que ele permanece internado cautelarmente até o trânsito em julgado. 
	É possível que o agente obtenha uma absolvição própria. Nesse caso não será possível manter o agente internado, pois toda medida cautelar é acessória, ela está atrelada ao resultado do processo não sendo possível manter o agente internado diante de uma absolvição. 
	Efeito suspensivo + recurso especial e recurso ordinário 
	
	“A” permaneceu em liberdade durante todo o processo sendo absolvido em primeiro grau e condenado, em sede de recurso, pelo Tribunal. Julgado procedente o recurso da acusação e faltando para o trânsito em julgado dos recursos extraordinário e especial, “A” poderá ser preso? 
	De acordo com o art. 27, §2° da Lei 8.038 estes recursos não possuem efeitos suspensivos, de forma que nada impede a expedição de mandado de prisão conforme Súmula 267, STJ.
Súmula 267 STJ - A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão. 
	 Para toda a doutrina e para o STF (decisão do pleno) não importa a redação legal, pois não existe prisão automática no CPP, isto porque qualquer prisão que anteceda o trânsito em julgado só poderá ser decretada em bases cautelares. 
*Atenção: Julgamento no STF do HC 126.292 – que por maioria (07 x 04), alterou o posicionamento, autorizando a execução da pena após o julgamento pela segunda instância, pois encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do condenado.
Efeito extensivo: é aquele efeito que permite estender a outro réu que não recorreu o resultado favorável de um recurso, desde que o motivo não seja pessoal, conforme art. 580, CPP. 
	“A” e “B” foram denunciados por homicídio duplamente qualificado. Em razão da separação dos processos o plenário de “A” foi realizado antes do de “B”, ocasião em foram afastadas as qualificadoras e ele condenado por homicídio simples com a sentença transitada em julgado. 	Após o trânsito em julgado “B” é submetido a plenário. 	O juiz presidente poderá quesitar as qualificadoras? 
	
	1ª orientação – devemos aplicar analogicamente o art. 580, CPP de forma que o resultado favorável do plenário de “A” seja estendido para “B” impedindo a quesitação. 
	2ª orientação – por conta dos limites subjetivos da coisa julgada o resultado do plenário de “A” não repercute em “B”. Se no final surgirem decisões conflitantes nada impede revisão criminal. 
	
PRESSUPOSTOS RECURSAIS - SUBJETIVOS
Legitimidade: é a pertinência subjetiva dos recursos. Implica em perquirir quem pode recorrer. 
O MP pode recorrer pró réu no processo penal? 
	1ª orientação – Frederico Marques – o MP não pode recorrer em razão da ausência de sucumbência (desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido). 
	2ª orientação – o MP é uma parte multiforme no processo penal, ou seja, é parte e fiscal da lei e na qualidade de custus legis ele pode recorrer. 
Réu foi intimado de uma decisão condenatória e renunciou a interposição do recurso. O seu advogado, ainda assim, poderá recorrer? 
	1ª orientação – Damásio sustenta que o direito de recorrer pertence ao réu, sem contar que é um direito perfeitamente renunciável. (Minoritário) 
	2ª orientação – de acordo com a Súmula 705, STF o recurso deve ser recebido, porque o seu advogado tem melhores condições de analisar a situação processual do réu. 
Interesse: apenas com a interposição de um recurso será possível obter uma melhora na situação do recorrente. 
	
O réu tem interesse de recorrer de uma decisão absolutória? 
	Ele pode recorrer para modificar a fundamentação e assim inviabilizar ação civil. 
MP pode recorrer em crime de ação privada? 
	Se a decisão foi absolutória o MP não pode recorrer, sob pena de violar o princípio da disponibilidade que norteia as ações privadas. 
	Para a doutrina na hipótese de sentença condenatória o MP poderia recorrer pró réu apenas como custus legis. 
	Para Polastri nessa hipótese ele também poderia recorrer contra o réu uma vez que a pretensão punitiva já foi julgada procedente, de forma que não haveria ofensa ao princípio da disponibilidade. 
Assistente de acusação pode recorrer do processo penal? 
	1ª orientação - Polastri entende que a figura do assistente de acusação foi concebida em um período em que a ação penal não era exclusiva do MP. A partir da Constituição de 1988 não podemos mais falar da figura do assistente no processo penal. Porém, ainda que lhe seja admitido, ele não pode realizar nenhum ato processual privativo do MP. Como o recurso é um desdobramento do direito de ação assistente não pode recorrer.
	
	2ª orientação – STF sustenta que a inércia do MP na fase da denúncia autoriza ação penal privada subsidiária da pública, logo a inércia do MP na fase do recurso autoriza o recurso do assistente conforme art. 598, parágrafo único, CPP.
PRESSUPOSTOS RECURSAIS - OBJETIVOS
	
Cabimento: os recursos devem ter previsão legal, ou seja, cada recurso deve ser apto para impugnar determinada decisão. 
Tempestividade: 
	A Defensoria tem prazo em dobro no processo penal? 
	Existem reiteradas decisões no STJ entendendo que o prazo em dobro estabelecido pela Lei 1060/50 é aplicada tanto no processo civil quanto no processo criminal.
	De acordo com a Súmula 710, STF no processo penal os prazos são contados da intimação e não da juntada aos autos do mandado devidamente cumprido. 
	Na hipótese de vários réus com vários advogados o prazo comum para todos eles é o da última intimação, aplicando analogicamente o processo civil. 
Regularidade Formal: os recursos devem atender determinados requisitos legais para serem recebidos. 
É possível a interposição de recurso por cota? 
	Para o CPP só é possível a interposição do recurso por petição ou termos nos autos.
	 Logo, em regra o recurso não será recebido. 
	Porém, em se tratando de recurso da defesa, por conta da ampla defesa, eventualmente o recurso é admitido. 
	
	Existem decisões no TJRJ não recebendo o recurso que foi interposto junto com as razões por ausência de pressuposto recursal objetivo.
	 Isso porque a petição de interposição deve vir sozinha para uma melhor análise do juízo de admissibilidade. 
Ausência de Fato Impeditivo: são fatos que surgem antes da interposição do recurso: preclusão; renúncia.
 Súmula 705, STF - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Ausência de Fato Extintivo – são fatos que surgem após a interposição do recurso: desistência; deserção.
	Promotor titular interpõe recurso e em seguida sai de férias de forma que as razões deverão ser apresentadas pelo seu substituto. O substituto poderá desistir do recurso? 
	1ª orientação (tese do MP) – por conta do princípio da independência funcional nada impede que o substituto discorde de seu antecessor, desistindo do recurso. 
	2ª orientação – além do art. 576, CPP proibir a desistência, o princípio da unidade que norteia a instituição impede a discordância entre membros do MP. 
	 DESERÇÃO – hoje a deserção ocorre apenas na hipótese de não pagamento
de custas uma vez que a fuga não importa na extinção do recurso. 
Sucumbência: sucumbência é a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido. 
Existência de uma decisão :
	Atos jurisdicionais penais: 
	1 - Despachos – são atos de impulso oficial onde o juiz da andamento ao processo. Não possui qualquer carga decisória e normalmente não admitem recurso. 
	
2 - Decisões: 
	2.1. interlocutória simples – segundo Tourinho elas apresentam um plus em relação aos despachos de expediente. Nelas os juízes resolvem questões relacionadas a regularidade do processo.
	 Ex: ato que recebe a denúncia 
	ATENÇÃO: para o STF, apesar de alguma carga decisória, o ato que recebe a denúncia trata-se de um mero despacho sem necessidade de fundamentação (não cabe recurso)
	
2.2. interlocutória mista 
	a) terminativa – são aquelas que encerram a relação processual sem análise de mérito. Ex: impronúncia. 
	b) não terminativa – são aquelas que encerram uma etapa ou fase do procedimento. Ex: pronúncia. 	
	
2.3. definitiva – são aquelas que encerram a relação processual, analisam o mérito condenando ou absolvendo o agente. Ex: sentença 
	
2.4. com força de definitiva – são aquelas que analisam o mérito de questões ou processos incidentes. Ex: decisão que determina o sequestro; 
	
2.5. terminativa de mérito – são aquelas que encerram a relação processual, analisam o mérito mas não condenam nem absolvem. Ex: decisão que declara extinta a punibilidade. 	
ESPÉCIES DE RECURSOS
Recursos contra decisão de juiz singular: 
	Embargos de Declaração - Art. 382, CPP 	
	Carta Testemunhável 	- Art. 639, CPP 	
	Recurso em sentido estrito - Art. 581, CPP 	
	Apelação -	Art. 593, CPP 	
Recurso contra decisão de juiz da VEP: 
	Agravo em execução - Art. 197, L. 7210
Recurso contra acórdão: 
	Embargos de Declaração - Art. 619, CPP 	
	Embargos infringentes e de nulidade - Art. 609, parágrafo único, CPP 	
	Recurso especial 	
	Recurso extraordinário

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