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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FARMACOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
ANTIPSICÓTICOS 
 
 
Os antipsicóticos ou neurolépticos são fármacos que se caracterizam por sua ação psicotrópica, com efeitos 
sedativos e psicomotores. Por isso, além de se constituírem como os fármacos preferencialmente usados no tratamento 
sintomático das psicoses, principalmente a esquizofrenia, também são utilizados como “calmantes” e em outros 
distúrbios psíquicos. O uso dos antipsicóticos é, hoje, conduta padrão na terapia de psicoses agudas. 
 
 
DEFINIÇÃO DE ESQUIZOFRENIA E FISIOPATOLOGIA 
Durante muito tempo, transtornos que caracterizam as esquizofrenias eram considerados como apenas uma 
doença de diagnóstico isolado: esquizofrenia ou psicose. O termo esquizofrenia foi criado por Eugen Bleuler, em 1911, 
que determinou que a desorganização de pensamento era o principal sintoma da patologia, e o termo usado para 
designar tal doença significa: mente fendida ou dividida. 
A esquizofrenia é uma das formas mais importantes de doenças psiquiátricas, afetando pessoas de todas as 
idades, inclusive as jovens, se mostrando como uma condição crônica e incapacitante de etiopatogenia obscura. Assim 
como ocorre com a doença de Parkinson, não há tratamento curativo, apenas efetivo, buscando diminuir a sua 
sintomatologia e evolução. 
No que diz respeito à sua fisiopatologia, várias teorias foram lançadas no intuito de explicar as bases da doença. 
A teoria neuroquímica, por exemplo, defende que a esquizofrenia seja causada por um aumento da dopamina em uma 
das vias dopaminérgicas do cérebro (a via mesolímbica), causando, em suma, uma hiperatividade desse sistema. A 
hipótese glutaminérgica, embora ainda não elucidada, defende que há uma reduzida expressão do receptor NMDA (n-
metil, d-ácido aspártico). 
 A hipótese dopaminérgica para a psicose determina, portanto, que a hiperatividade dos neurônios 
dopaminérgicos na via mesolímbica pode mediar os sintomas positivos da psicose. O objetivo terapêutico tem como 
base a hipótese do antagonista do receptor dopaminérgico na ação dos antipsicóticos, de modo que, com a via 
mesolímbica bloqueada, os sintomas positivos serão combatidos. 
 
OBS
1
: Além da via mesolímbica, existem outras vias dopaminérgicas encefálicas importantes que também podem sofrer 
influências medicamentosas indesejadas durante o tratamento farmacológico da esquizofrenia. As vias dopaminérgicas 
do encéfalo e os efeitos que sofrem sob ação de bloqueadores dos receptores dopaminérgicos são: 
1. Via nigro-estriada: a utilização de bloqueadores de 
receptores dopaminérgicos para evitar a psicose, pode 
alcançar esta via e gerar efeitos indesejados extrapiramidais, 
como o parkinsonismo farmacológico. As reações 
extrapiramidais ocorrem quando há deficiência de dopamina 
e excesso de acetilcolina na via dopaminérgica nigrostriada: 
normalmente, a dopamina suprime a atividade da acetilcolina. 
Uma vez bloqueada, não haverá inibição da liberação de 
ACh, gerando os efeitos extrapiramidais. 
2. Via mesolímbica: a ação de bloqueadores dos receptores 
dopaminérgicos deve ocorrer nesta via, quando se quer 
reduzir os efeitos dos sintomas positivos da psicose. 
3. Via mesocortical: o uso de bloqueadores de receptores 
dopaminérgicos, ao afetar esta via, cria o aparecimento de 
sintomas negativos da psicose como efeitos adversos. 
4. Via túbero-infundibular: bloquear a dopamina desta via 
significa inibir a inibição da secreção da prolactina, o que faz 
com que haja a liberação deste hormônio (desenvolve na 
mulher as glândulas mamárias e, no homem, ginecomastia). 
 
OBS
2
: O Haloperidol e a Tioridazina são fármacos utilizados como neurolépticos que bloqueiam os receptores 
dopaminérgicos. Porém, devido ao fato da tioridazina ter também um maior efeito de bloqueio muscarínico, faz com que 
ele seja mais comumente utilizado, pois, ao bloquear os receptores dopaminérgicos (atuando sobre os efeitos da 
psicose) e muscarínicos (atuando sobre a captação da ACh, que, neste caso, desencadearia os efeitos do 
parkinsonismo farmacológico), inibe também os efeitos adversos como a reação extrapiramidal, sendo, portanto, uma 
boa droga escolha. Em contrapartida, a Tioridazina apresenta uma vastidão de efeitos adversos simpatomiméticos 
periféricos (constipação, retenção urinária, midríase, etc). 
Arlindo Ugulino Netto. 
FARMACOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FARMACOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 
SINTOMAS DA PSICOSE 
 Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um 
estado mental no qual existe uma "perda de contacto com a realidade" ou a 
própria esquizofrenia. Embora nenhum sintoma estritamente 
patognomônico possa ser identificado, para fins práticos, é útil dividir os 
sintomas de acordo com as fases da doença, tais como: 
 Características pré-morbidas: introversão, isolamento social, 
timidez, indiferença emocional, funcionamento social e escolar 
insatisfatório. 
 Início dos sintomas (fase prodrômica): em geral ocorre na 
adolescência e adulto jovem, com sintomas prodrômicos 
inespecíficos (perda de energia, iniciativa e interesses, 
comportamento estranho, negligência com aparência e higiene 
pessoal). 
 Sintoma da fase aguda: surge o processo psicótico, com a perda 
do contato com a realidade. Ocorrem delírios, alucinações (60-70% 
destas na forma auditivas), incoerência e desagregação do 
pensamento, inadequação afetiva, estereotipias e maneirismos. 
 Sintomas da fase crônica: embotamento afetivo, discurso 
empobrecido, abolição da vontade, distraibilidade, 
ensimesmamento. 
 
OBS
1
: Costuma-se também agrupar os sintomas da esquizofrenia em 
positivos e negativos, a depender do padrão de “atividade” destes 
sintomas: 
 Sintomas positivos: são sintomas mais “ativos”, e estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da 
doença e são as perturbações mentais "muito fora" do normal, como que “acrescentadas” às funções 
psicológicas do indivíduo. Entende-se como sintomas positivos: 
 Delírios; 
 Alucinações; 
 Distorções ou exageros da linguagem e da comunicação; 
 Discurso desorganizado; 
 Comportamento catatônico; 
 Agitação. 
 
 Sintomas negativos: são sintomas menos “ativos”, mas que afetam suas relações sociais, pois são resultado 
da perda ou diminuição das capacidades mentais, acompanhando a evolução da doença. Entende-se por 
sintomas negativos: 
 Afeto embotado; 
 Dificuldade de relacionamento; 
 Passividade; 
 Retraimento social apático; 
 Dificuldade de pensamento abstrato; 
 Falta de espontaneidade; 
 Pensamento estereotipado; 
 Pobreza afetiva – expressão. 
 
 
TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA 
De uma forma geral, o tratamento das esquizofrenias pode ser socioterápico e farmacológico, com base no uso 
de neurolépticos. 
 Tratamento socioterápico: psicoterapia, terapia familiar e ocupacional. 
 Tratamento farmacológico: 
o Neurolépticos típicos (afinidade por receptores D2) 
 Diminuem sintomas positivos e previnem recaídas (80% recaem no 1º ano sem medicação, 
apenas 20% usando antipsicóticos). 
 Efeitos adversos: acatisia, parkinsonismo, hiperprolactinemia, discinesia tardia. 
o Neurolépticos atípicos (afinidade por receptores 5HT2a, H1, D4) 
 São mais efetivos nos sintomas negativos em comparação aos típicos, mas também são 
efetivos nos sintomas positivos. 
 A Clozapina está relacionada com agranulocitose 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FARMACOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 
Os neurolépticos, uma sub-divisão dentro dos antipsicóticos, foram os primeiros fármacos desenvolvidos para o 
tratamento de sintomas positivos da psicoses (alucinações e delírios). Seus efeitos adversos são caracterizados por um 
conjunto de sintomas conhecido vulgarmente como impreganção neuroléptica ou efeitos extrapiramidais. 
 Como se sabe, a superatividade das vias neuronais de dopamina (e a diminuição dos níveis de acetilcolina) em 
nível do sistema límbico cerebralé importante na patogenia da esquizofrenia. O receptor mais importante dessas vias é 
o receptor dopaminérgico D2. Os antipsicóticos funcionam como antagonistas do receptor D2, diminuindo a sua ativação 
pela dopamina endógena. Os efeitos de controle sobre os sintomas da esquizofrenia surgem quando 80% dos 
receptores D2 estão bloqueados pelo antagonista. Atualmente, certos neurolépticos têm a capacidade de atuar nos 
receptores serotoninérgicos, acetilcolinérgico, histamínico e noradrenérgico. 
 
NEUROLÉPTICOS “TÍPICOS” (CLÁSSICOS OU DE PRIMEIRA GERAÇÃO) 
 Os antipsicóticos de primeira geração são medicamentos que bloqueiam preferencialmente os receptores D2 da 
dopamina nos sistemas dopaminérgicos mesolímbico e mesocortical (objetivos do tratamento), nigroestriatal e túbero-
infundibular (relacionados com os efeitos colaterais). São eficazes para tratar alucinações, delírios, desagregação do 
pensamento e agitação psicomotora, e produzem efeitos colaterais importantes (vide abaixo). 
São medicamentos eficazes para o tratamento de episódios psicóticos agudos ou crônicos. São 
predominantemente eficazes para os sintomas positivos e não têm ação importante nos negativos. Os principais são: 
 Fenotiazinas: Clorpromazina (Amplictil®), Flufenazina, Levomepromazina (Neozine®) 
 Butirofenonas: Haloperidol (Haldol®), Droperidol (Droperdal®) 
 Tioxantinas: Clopentixol, Tiotixeno 
 
Efeitos colaterais: Prolactina aumentada (pois bloqueiam os receptores dopaminérgicos da via túbero-infundibular), 
Efeitos anticolinérgicos (porque bloqueiam os receptores muscarínicos, que inclusive reduz os efeitos extrapiramidais), 
Sedação (porque bloqueiam receptores histaminérgicos), Ganho de peso, Sintomas extrapiramidais (bloqueio dos 
receptores dopaminérgicos da via nigro-estriada), Reações de hipersensibilidade (favorece e produção mastocitária de 
histamina), Hipotensão (bloqueiam os receptores α-adrenérgicos). 
 
NEUROLÉPTICOS “ATÍPICOS” (RECENTES OU DE SEGUNDA GERAÇÃO) 
 Os antipsicóticos atípicos são os neurolépticos de segunda geração, que atuam em outros sítios da dopamina e 
que produzem menos efeitos parkinsonianos. São medicações mais bem toleradas, mais eficazes para sintomas 
negativos, porém, de alto custo. 
 São medicamentos que constituem a primeira opção para o tratamento do primeiro episódio psicótico, quando há 
intolerância aos neurolépticos típicos ou predominância dos sintomas negativos. Os mais indicados são a Risperidona e 
a Olanzapina. Os principais representantes são: 
 Clozapina (Leponex®): seu uso está mais correlacionado à agranulocitose, e quando os leucócitos caem abaixo 
de 3.000, a medicação deve ser interrompida. 
 Olanzapina (Zyprexa®) 
 Risperidona: bloqueia os receptores 5-HT2 da serotonina e D2 da dopamina. Efeitos colaterais: insônia, 
agitação, ansiedade, efeitos extrapiramidais, pseudoparkinsonismo, discinesia, etc. 
 Sulpirida, Remoxiprida e Pimozida: manifestam menores efeitos piramidais 
 Sertindol (associado a arritmias) e Quetiapina (associado a taquicardia). 
 
ESCOLHA DO ANTIPSICÓTICO (NEUROLÉPTICO) 
 Problema: alto risco de distonia (homem abaixo dos 30 anos, mulher abaixo de 25 anos). Escolha: 
Risperidona. 
 Problema: Riscos geriátricos (muito anticolinérgico, ortostatismo, sedação), comprometimento cognitivo ou 
delirium. Escolha: Alta potência (exemplo: Haloperidol) ou Risperidona. Evitar Clozapina ou Olanzapina. 
 Problema: sintomas negativos predominantes ou severos. Escolha: Risperidona ou Clozapina. 
 Problema: Resistente ao tratamento. Escolha: depois de potencializar o tratamento, optar por Risperidona 
ou Clozapina. 
 Problema: risco de convulsões. Escolha: alta potência (ex: Haloperidol). Evitar Clozapina. 
 Problema: obesidade. Escolha: Alta potência. Evitar neurolépticos de baixa potência. Aconselhar o 
paciente a perder peso. Evitar Clozapina, Risperidona e Quetiapina. 
 Problema: Arritmia cardíaca. Escolha: Alta potência; evitar Sertindol e Quetiapina. 
 Problema: agitação extrema. Escolha: Alta potência (Haloperidol). 
 Problema: aderência mínima ao medicamento. Escolha: Decanoato de Haloperidol ou Flufenazina (depósito, 
alta potência).

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