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TCC ambiental

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Ana Lúcia Zagurski 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
Ana Lúcia Zagurski 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentada ao 
Curso de Direito da Faculdade de Ciências 
Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
bacharel. Orientador: Vitório Sorotiuk. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Ana Lúcia Zagurski 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel do Curso de Direito da 
Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
Curitiba, 14 de março de 2011. 
 
 
 
 
Direito 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
Orientador: ------------------------------ 
 Prof. Dr. Vitório Sorotiuk 
 
 
 ------------------------------ 
 Prof. Dr. 
 
 
 ------------------------------ 
 Prof. Dr. 
 
 
 
 
RESUMO 
A finalidade deste trabalho é apresentar o conceito de meio ambiente no mundo 
jurídico, como também trás um conceito de dano ambiental, apresentando as formas de 
degradação do meio ambiente. A partir desse ponto, surge a responsabilidade civil por 
danos ao meio ambiente, fazendo um histórico sobre a responsabilidade civil regulada 
pelo Código Civil posteriormente abrangendo a responsabilidade civil regulada pelo 
direito ambiental, na ocorrência de danos ambientais. Surgindo então as formas de 
reparação ambiental para tentar fazer com que o bem volte ao estado que 
anteriormente se encontrava ou que o poluidor preste uma indenização em pecúnia 
pelo dano provocado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 6 
2. DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE .................................................................. 7 
2.1. VISÕES ANTROPOCÊNTRICA E BIOCÊNTRICA ........................................ 7 
2.2. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE ................................................................. 9 
2.2.1. Classificação do Meio Ambiente ............................................................... 10 
3. DEFINIÇÃO DE DANO AMBIENTAL ............................................................. 11 
4. A RESPONSABILIDADE CIVIL ....................................................................... 17 
4.1. A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ....................................... 17 
4.1.2 Direitos Arcaicos e Romano ....................................................................... 18 
4.1.3. A Responsabilidade Civil no Código Napoleônico ..................................... 21 
4.1.4. As transformações ocorridas na Responsabilidade Civil ............................ 23 
5. NOÇÕES GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................... 25 
6. FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................... 26 
7. CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................... 27 
8. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ..................................... 29 
8.1. A CONDUTA .................................................................................................. 30 
8.2. O DANO ......................................................................................................... 32 
8.3 O NEXO DE CAUSALIDADE ........................................................................ 35 
9. AS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................ 37 
9.1. A LEGÍTIMA DEFESA ................................................................................... 37 
9.2 O ESTADO DE NECESSIDADE ..................................................................... 38 
9.3 O EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E O ESTRITO CUMPRIMENTO DE 
UM DEVER LEGAL ............................................................................................. 39 
9.4. CASO FORTUITO E DE FORÇA MAIOR ..................................................... 39 
5 
 
9.5. O FATO DE TERCEIRO E A CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO ............ 40 
9.6. A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA E O FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA 41 
10. A RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ............................................ 41 
10.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ....................................................................... 41 
10.2. FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ....................... 44 
10.3. A ADOÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO DIREITO 
AMBIENTAL ........................................................................................................ 45 
10.4. A ADOÇÃO DA TEORIA DO RISCO INTEGRAL ...................................... 46 
10.5. O FUNDAMENTO CONSTITUCINAL DA RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA POR DANO AMBIENTAL ................................................................. 48 
10.6. A INEXISTÊNCIA DO BIS IN IDEM ........................................................... 48 
10.7. AS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL
 ............................................................................................................................... 49 
10.8. A IMPUTAÇÃO DE RESULTADOS TARDIOS ........................................... 50 
11. AS FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL ........................... 50 
11.1.A REPARAÇÃO NATURAL OU IN NATURA .............................................. 51 
11.2 A COMPENSAÇÃO ....................................................................................... 52 
11.3 A INDENIZAÇÃO ......................................................................................... 53 
12. CONCLUSÃO .................................................................................................... 55 
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 56 
 
 
 
 
 
6 
 
1. INTRODUÇÃO 
 O século se inicia com muitas preocupações voltadas ao meio ambiente, visto 
que está cada vez mais visível os efeitos da degradação provocadas pelo homem, 
alcançando proporções lastimosas. 
 A relação que existe entre o homem e a natureza é de interdependência, pois um 
depende do outro para sobreviver. Surgindo nesse momento um conflito, visto que se 
tem a satisfação de necessidades e de desenvolvimento econômico almejado pelo 
homem, repercutindo no meio ambiente. 
 É a partir dessa situação que, se o risco se concretizar, ocorre um dano 
ambiental, mesmo que não seja praticado por um ato ilícito. 
 Nesse contexto, surge a responsabilidade civil ambiental, ao qual almeja a 
reparação dos eventuais danos ambientais praticados pelo homem. Em virtude desses 
danos, muitas vezes serem gravíssimos ao meio ambiente e até mesmo irreversíveis, o 
legislador optou por estabelecer a responsabilidade objetiva, ou seja, aquela que 
independe de culpa. 
 Portanto, busca-se com esse trabalho, contribuir para a formação de agentes 
ambientalmente responsáveis; visto que existe uma grande necessidade de inserir na 
sociedade a importância do meio ambiente e, na ocorrência da sua degradação haverá 
uma responsabilização levando o agente que praticou tal ato repare integralmenteo 
meio ambiente lesado. 
 
7 
 
2. DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE 
2.1. VISÕES ANTROPOCÊNTRICA E BIOCÊNTRICA 
Primeiramente no que tange o direito ambiental, existe duas teorias diferentes 
com relação ao meio ambiente, quais sejam a teoria biocêntrica e a antropocêntrica. 
A visão antropocêntrica é, segundo Édis Milaré, “ a concepção genérica, sem 
síntese, faz do homem o centro do universo, ou seja, a referência máxima e absoluta de 
valores”. [1] 
Essa visão coloca o ser humano no centro, e os recursos naturais à sua 
disposição. 
Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo e Marcelo Abelha Rodrigues, essa 
visão tem por objetivo a proteção do homem, e não do animal.[2] 
O antropocentrismo sempre predominou na cultura ocidental, sendo de grande 
influência para nossa cultura e foi através dessa influência que nos objetivou a crer que 
“ o homem tem a natureza à seu dispor, como algo que existe para ser explorado e para 
satisfazer as necessidades do ser humano”.[3] 
Segundo Marcos Destefenni, “a visão biocentrista procura reconhecer na 
natureza um valor em si, um valor intrínseco que merece proteção independente 
 
 
 
 
[1] MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 4. ed. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2006. p. 87. 
[2] Manual de direito ambiental e legislação aplicável. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 317. 
[3] A responsabilidade civil ambiental e as formas de reparação do dano ambiental: Aspectos teóricos e 
práticos. São Paulo: Bookseller, 2005, p. 27. 
8 
 
 do ser humano. A natureza não existe apenas para servir a espécie humana”. [4] 
Todavia, a visão antropocêntrica predomina na cultura ocidental e na jurídica. 
Porém, como explica Paulo de Bessa Antunes, está por acontecer uma ruptura 
da visão antropocêntrica, “ provavelmente a principal ruptura que o direito ambiental 
causa na ordem jurídica tradicional seja com o antropocentrismo. Com efeito, toda a 
doutrina jurídica tem por base o sujeito de direito. Com o Direito Ambiental não é 
assim que acontece. As normas de direito ambiental, nacionais e internacionais, cada 
vez mais, vêm reconhecendo direitos próprios da natureza, independentemente do 
valor que esta possa ter para o ser humano. A Organização das Nações Unidas, através 
da resolução nº 37/7, de28/10/1982, proclamada pela Assembleia Geral. Afirmou que: 
“ Toda forma de vida é única e merece ser respeitada, qualquer que seja a utilidade 
para o homem, e, com a finalidade de reconhecer aos outros organismos vivos este 
direito, o homem deve se guiar por um código moral de ação”.[5] 
Com base nisso, é possível concluir que interpretar de forma biocêntrica o 
ordenamento jurídico não é um absurdo, visto que a Constituição Federal tutela a vida, 
sem especificar que tipo de vida se refere, seja humana ou animal, entendendo-se 
então que não apenas o ser humano é objeto de tutela, mas também qualquer forma de 
vida que exista no planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[4] Ibidem p. 28. 
[5] Direito ambiental. 5º ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2001. Pp 20-21. 
9 
 
 Afirma José Rubens Morato Leite,[6] “não ser possível conceituar o meio 
ambiente fora de uma visão de cunho antropocêntrico, pois sua proteção jurídica 
depende de uma ação humana”. 
Entretanto, chama a atenção para uma superação do antropocentrismo clássico, 
em que o ser humano pode livremente explorar os recursos naturais. 
Ainda, o mesmo autor reconhece que “a tendência é evoluir-se em um 
panorama menos antropocêntrico, em que a proteção da natureza, pelos valores que 
representa em si mesma, mereça um substancial incremento. A natureza necessita 
proteção de per si e por seu próprio fundamento”.[7] 
Desta feita, entende-se estar superada a visão clássica do antropocentrismo e 
caminhar no sentido do biocentrismo. 
2.2. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE 
Com base nas visões citadas acima, buscamos uma definição do que é meio 
ambiente, que segundo Jollivet e Pavé que o definem: 
“como o conjunto dos meios 
naturais ou artificiais da ecosfera, onde o 
homem se instalou e que explora e 
administra, bem como o conjunto dos 
meios não submetidos à ação antrópica, e 
que são considerados necessários à sua 
sobrevivência”.[8] 
 
 
 
 
 
[6] Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. São Paulo: RT 2000, p. 75. 
[7] Ibidem, p. 77 
[8] Jollivet, Marcel & Pave, Alain. “O meio ambiente: questões e perspectivas para a pesquisa”, in Viera, Paulo 
Freire (org). Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa 
ambiental. 
10 
 
Ainda, segundo o artigo 3º, inciso I, da Lei 6.938 de 1981, define o meio 
ambiente como: 
Artigo 3ª Para os fins previstos desta Lei, entende-se por: 
I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todos as suas 
formas. 
Assim, há inserção nesse dispositivo da vida vegetal e animal em posição de 
igualdade à vida humana. 
2.2.1. Classificação do Meio Ambiente 
Assim, o conceito de meio ambiente pode ser classificado em meio ambiente 
natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente do trabalho, 
de acordo com sua incidência. 
Vale ressaltar que essa classificação serve apenas para delimitar e identificar o 
bem ambiental degradado.[9] Sua divisão é pois, meramente, didática, de molde a 
facilitar a assimilação da matéria.[10] 
 O meio ambiente natural, engloba a proteção do solo, da água, do ar 
atmosférico, da fauna e da flora. O caput do artigo 225 da Constituição Federal, tutela 
o meio natural quando traz a expressão meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
 
 
 
 
 
[9] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 19. 
[10] Ibidem, p. 20. 
11 
 
 O meio ambiente artificial, também conhecido como meio ambiente edificado 
ou construído, tem seu objeto voltado par a regulação dos centros urbanos. A 
finalidade do meio ambiente urbano, pois, além, de propiciar controle sobre potenciais 
ou efetivos danos ambientais, é viabilizar uma sadia qualidade de vida à população 
respectiva.[11] 
 O meio ambiente cultural, tem a função de preservar o patrimônio histórico, 
turístico, estético, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico e científico. 
Visa portando, preservar bens de valor material e imaterial ligados à cultura de um 
povo. 
 E, o meio ambiente do trabalho, visa a proteção da saúde e segurança do 
trabalhador. Assim, em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana, 
prevista na Constituição Federal o trabalhador não pode exercer atividade, ofício ou 
profissão que não respeite a saúde e a segurança do empregado e que coloque sua vida 
em risco. 
3. DEFINIÇÃO DE DANO AMBIENTAL 
 O dano, é pressuposto essencial da responsabilidade civil, haja vista, sem o 
dano, não há o que se falar em indenização. 
 Em um sentido geral, o dano pode ser compreendido como a lesão, a ofensa, a 
agressão à um bem jurídico ou a um interesse juridicamente relevante. 
 
 
 
 
 
[11] Ibidem p. 20. 
12 
 
 O dano portando, vem a ser um prejuízo, uma deterioração, uma perda uma 
depreciação do bem. [12] 
 Entretanto, o dano ambiental possui características próprias. Ao observar o dano 
no direito ambiental, é preciso levar em conta vários aspectos, pois não se tutela 
apenas o meio ambiente natural, mas também o meio ambiente artificial, o cultural e o 
do trabalho. 
 Para tanto, a doutrina está por empenhar esforços para elaborar um conceito de 
dano ambiental. Para Édis Milaré, o dano vem a ser “a lesão aos recursos ambientais, 
com consequente degradação – alteração adversa ou in pejus,do equilíbrio ecológico”. 
(1995 p. 193-267). 
 Os recursos ambientais podem ser encontrados no artigo 3º, inciso V da Lei 
6.938 de 1981: 
 Artigo 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da 
biosfera, a fauna e a flora. 
 José de Souza Cunhal Sendim, entende por dano ecológico como “uma 
perturbação natural – enquanto conjunto de recursos bióticos (seres vivos) e abióticos 
e da sua interação – que afete a capacidade funcional ecológica e a capacidade de 
aproveitamento humano de tais bens tutelada pelo sistema jurídico -ambiental”. [13] 
 
 
 
 
[12] REIS, Clayton. Avaliação do dano moral. 3. ed., rev. e amp. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 3. 
[13] SENDIM, José de Souza Cunhal. Op. Cit., p. 130 
13 
 
 No entanto, os ilustres mestres definem o dano ambiental com base apenas no 
meio natural, sem levar em consideração os outros meios, quais sejam, o meio 
artificial, cultural e do trabalho. 
 Entretanto, para sanar a ausência de definição legal expressa a respeito do dano 
ambiental, e se pautar num conceito que englobe todos os meios, a doutrina se regrar 
no disposto do artigo 3º inciso II e II da Lei 6.938 de 1981. 
 Esses incisos definem o que se entende por degradação ambiental e por 
poluição, servindo de base para a formulação e a compreensão do que vem a ser o 
dano ambiental. 
 Desta feita, a degradação ambiental, conforme o artigo 3º, inciso II, vem a ser: 
“a alteração adversa das características do meio ambiente”. 
 Já o inciso III, desse artigo, proclama ser a poluição como: 
“a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou 
indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos;” 
 
 Assim, Marcos Mendes Lyra conclui que o “dano ambiental é toda e qualquer 
forma de degradação que afete o equilíbrio do meio ambiente, tanto físico quanto 
14 
 
estético, inclusive, a ponto de causar, independentemente de qualquer padrão 
preestabelecido, mal-estar à comunidade”. (LYRA, Marcos Mendes, 1997, p. 52) 
 Na mesma linha, Marga Barth Tessler, diz que “o dano ambiental ecológico, é 
toda degradação que atinja o homem na saúde, na segurança, nas atividades sociais e 
econômicas; que atinja as formas de vida não humanas, vida animal ou vegetal e o 
meio ambiente em si, do ponto de vista físico, estético, sanitário e cultural”. 
(TESSLER, Marga Barth. O Valor do Dano Ambiental. In: FREITAS, Vladimir 
Passos de (Coord). Direito Ambiental em Evolução 2. Curitiba: Juruá, 2000. p. 165-
182. 
 As hipóteses previstas no artigo 3º inciso III da Lei 6.938 de 1981, que trata da 
poluição meramente exemplificativas. [14] 
 Assim, é preciso analisar o caso concreto, identificando se há ou não a 
ocorrência de dano ao meio ambiente. Em sendo assim, a poluição pode se dar de 
várias maneiras. Segundo Helita Barreira Custódio, a poluição pode ser atmosférica, 
aquática, terrestre, sonora, paisagista ou visual, agrícola, doméstica, industrial, nuclear 
etc. (CUSTÓDIO, Helita Barreiro, 1983). 
 Com base nisso, é necessário ressaltar que existe um fator determinante, que é 
com base nele que se extrai a existência do dano ambiental, esse fator é a identificação 
da ruptura do equilíbrio ecológico. Sendo assim, é necessário que haja essa quebra, 
seja ela, natural, artificial, cultural ou do trabalho, demostrando assim, o dano causado 
ao meio ambiente. 
[14] Valendo da expressão poluição, a Lei 9.605 de 12.02.1998, em seu artigo 54, contempla como crime a 
prática de poluição, cuja conduta é a seguinte: “Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que 
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a 
destruição significativa da flora: Pena – reclusão, de um a quatro anos e multa”. 
15 
 
 Portanto, é necessária a identificação do que consiste essa ruptura do equilíbrio 
ecológico. 
 Ao analisar essa ruptura, é preciso observar que nem toda atividade humana 
causa dano ao meio ambiente, este que deve gerar um abalo, uma ofensa ao bem 
ambiental. 
 Branca Martins da Cruz, entende que: 
“Se toda atividade humana se 
repercute sobre o ambiente, mostrando-se 
suscetível de o degradar e efetivamente o 
degrada, sujeitar todos os danos a ela 
provocados à tutela do Direito, revelaria 
uma inqualificável insensatez, carreando 
seja a aniquilação da espécie (ou pelo 
menos do mínimo de dignidade de sua 
qualidade de vida), seja a total ineficácia 
de tais normas jurídicas. Esta constatação, 
de que deveremos viver e ser complacentes 
com um certo grau de degradação 
ambiental, obriga-nos a estabelecer 
fronteiras entre danos admissíveis e danos 
inaceitáveis. Por outras palavras, implica 
a definição de índices ou níveis de 
degradação (poluição) a partir dos quais 
poderemos considerar que existe dano 
ecológico, exigindo a consequente 
limitação ou proibição das atividades ou 
modus operandi que ultrapassem os 
índices ou níveis fixados.(CRUZ, Branca 
Martins, 1997 p. 27).” 
 
 O fato que importa, é saber se a conduta em relação ao meio ambiente irá afetar 
o equilíbrio ecológico. Afetando, obviamente causará dano, do contrário, não ocorrerá 
16 
 
Em sendo assim, existe algumas condutas humanas que afetam o meio ambiente 
e acabam por ocasionar danos ao mesmo. 
 Nesse sentido, Fábio Dutra Lucarelli, enuncia os seguintes elementos para a 
manifestação do dano ambiental, sejam eles: 
a) Anormalidade do Dano; 
b) Periodicidade; 
c) Gravidade do Prejuízo; 
 A “anormalidade” acontece “quando há uma modificação das propriedades 
físicas e químicas dos elementos naturais, de tal grandeza que estes percam, parcial ou 
totalmente sua propriedade de uso”. Já a “gravidade do prejuízo” ocorre na 
“transposição daquele limite máximo de absorção de agressões que possuem os seres 
humanos e os elementos naturais. E a “periodicidade” consiste na presença do 
elemento temporal suficiente à produção de um dano substancial. (LUCARELLI, 
Fábio Dutra, p. 10). 
 O mesmo entendimento tem José de Souza Cunhal Sendim: 
“Visto que os sistemas ecológicos 
são sistemas de equilíbrio dinâmico, 
capazes de assegurar a auto regulação das 
suas funções, uma intervenção humana 
pode ser tolerada sem determinar 
necessariamente uma afetação da sua 
capacidade funcional ecológica nem da 
capacidade de aproveitamento humano. 
Sublinhe-se, pois, que o dano ecológico 
significa uma afetação de um bem 
ambiental que, por ultrapassar os limites 
17 
 
de tolerância do sistema, determina uma 
perda de equilíbrio. Nesta perspectiva, a 
exigência da anormalidade situa-se 
essencialmente no plano fático e não no 
plano normativo: só uma lesão 
significativa do sistema ecológico e 
principalmente duradoura pode 
determinar uma perda da capacidade 
funcional do bem natural, protegido pelo 
sistema jus ambiental. (SENDIM, José 
Souza Cunhal. Op. Cit., p. 142).” 
 
 Importante ressaltar também, a análise e averiguação da existência ou não de 
danos ao meio ambiente, devem ser acometidas de forma concreta, por meio de um 
exame complexo acerca de todos os elementos que degradem o meio ambiente. 
4. A RESPONSABILIDADE CIVIL 
4.1. A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 A responsabilidade civil é um instituto conhecido desde o começo do Direito. 
 Primeiramente,a responsabilidade civil era coletiva, ou seja, afetava todos os 
membros do grupo. Como também, era objetiva, bastando o evento para a 
responsabilização. 
 Passado o tempo, a responsabilização passou a derivar de um elemento 
subjetivo, não bastando apenas a verificação da ocorrência do dano. 
 Assim, a responsabilidade passou de objetiva e coletiva, em subjetiva e 
individual. 
18 
 
 No contexto atual, há uma grande tendência na “objetivação” da 
responsabilidade civil. Um grande exemplo é nosso Código Civil de 2002, ao qual se 
refere em seu artigo 927, parágrafo único, da responsabilidade civil independente de 
culpa. 
 Nota-se que houve e há transformações referente à essa matéria, desde o 
começo de sua instituição, até os dias atuais. 
4.1.2 Direitos Arcaicos e Romano 
 O direito arcaico, é entendido por maioria dos autores como a base da 
responsabilização coletiva. 
 As mais remotas regras jurídicas, são aquelas que envolvem o comportamento, 
sendo assim, tem relação direta com o dano e a sua reparação. 
 Assim, mesmo na Antiguidade, em que os povos não continham um sistema 
jurídico harmônico e coeso, já se preocupavam com a responsabilização do causador 
de um dano. 
 O “Código de Hammurabi”,[15] é um exemplo da preocupação com a reparação 
dos eventuais danos. 
 
[15] João Batista de Souza Lima, in As mais antigas normas de direito (Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 1), 
afirma que “Hammurabi, também cognominado Kamu_Rabi, rei da Babilônia, viveu no século XXIII a.C, era 
filho de Gin-Mabullit e foi o sexto soberano da primeira dinastia babilônica. Através de guerras e alianças 
políticas, aos poucos e perseveradamente, conseguiu conuistar os reinos vizinhos e unificar sob sua soberania 
toda a Mesopotâmia. Deu extraordinário desenvolvimento político, material e religioso em toda sua região... 
dotado de profundo espírito de justiça, promulgouo sódigo de leis que hoje tem o seu nome, decalcado nas 
antigas leis da Caldéia. Esse código foi trancendentalmente importante para a história dos direitos babilônicos, 
para o direito asiático, e, particularmente, para o direito hebreu. 
19 
 
 Esse código, estabelece várias regras que envolvem a responsabilidade ao 
causador de um dano. 
 Já em Roma, o direito se modifica. No que tange à responsabilização civil, ele 
também toma novo rumo. 
 A história de Roma, por ser um período longo, costuma ser dividido em 
períodos, pois assim, o entendimento e compreensão a respeito dos fatos que ocorrerão 
se tornam mais fáceis. Assim, como observa José Reinaldo de Lima Lopez, “a história 
de Roma abrange muitos séculos. Desde aproximadamente o segundo século antes de 
Cristo até o fim do Império percorremos cerca de 700 anos”. (2000, p.42) 
 Essa divisão do Direito Romano, é aceita até hoje. Se divide em: Direito 
Romano Antigo, Direito Romano Clássico e Direito Romano da época do Baixo 
império. 
 O primeiro deles, conhecido como Direito Romano Antigo, é caracterizado por 
ser um Direito consuetudinário. Devagar, a lei, começa a ocupar espaço e passa a 
concorrer com os costumes como fonte do Direito. 
 No segundo período, denominado de Direito Romano Clássico, houve uma 
notória produção de textos jurídicos. 
 Por fim, o terceiro período denominado de Direito Romano do Baixo Império, 
que desenvolveu-se na era de Constantino e Justiniano. O principal legado deixado por 
eles foi a legislação. A obra deixada por Justiniano levou a codificação do Direito 
Romano. 
20 
 
 Merece destaque a Lei das XII Tábuas, escrita em Roma. Para Jonh Gilissen: 
“A Lei das XII Tábuas não é um código, no sentido moderno do termo; não é talvez 
um conjunto de leis, antes de uma redução a escrito de costumes, sob a forma de 
fórmulas lapidares”. (1995, p.87) 
 Nesse sentido, vale ressaltar que a Lei das XII Tábuas, se preocupava também 
com a reparação do dano. Sendo assim, a responsabilidade pressupõe que o dano seja 
planejado anteriormente ao fato em si. Como se vê, é um antecedente da 
responsabilidade civil subjetiva, ou seja, baseada no dolo e na culpa. 
 O direito aceita a idéia de que o dano quando doloso é muito mais grave que o 
dano quando é culposo. 
 Embora muitos autores não concordem, a Lex Aquilia, elaborada pelo Direito 
Romano, trouxe muitas transformações importantes no que diz respeito a 
responsabilidade civil. 
 John Gilissen, entende que “a responsabilidade civil é geralmente chamada de 
responsabilidade aquiliana[...]”(1995, p. 750), em virtude da Lex Aquilia. 
 Com o passar dos tempos, deu-se uma larga extensão á lei aquiliana, e teve 
como precursor a jurisprudência da época. A limitação dos fatos interposta pela lei, 
qualquer dano causado, que contrariasse o direito ou aos bens de outrem, poderia 
almejar uma sansão. Contudo, continha um caráter misto, pois descrevia a pena e a 
reparação dos danos. 
21 
 
 Exigia-se, além da relação de causalidade do ato ilícito e do dano, existindo 
culpa, que esta poderia ser por negligência ou imprudência. 
 Assim, a Lex Aquilia, é a norma reguladora da responsabilidade que decorre em 
virtude de um ato ilícito. Nesse sentido, é importante ressaltar que a idéia trazida pela 
Lex Aquilia, em que introduz a culpa como um dos requisitos da responsabilidade 
civil, não é muito aceita pela doutrina. 
 Entende Julio Alberto Díaz que “a ideia de culpa é um produto do século XVII. 
O dano, e não a culpa, era o verdadeiro alicerce do sistema da responsabilidade-
restituição dos romanos. Nessa ordem jurídica predominava a idéia de restituição: o 
dano tirava da vítima o que era seu e, através do suum cuique tribuere, pretendia-se 
corrigir a desordem que aquele provocava. O fundamento era, na verdade, o dano e 
não a culpa”. (1998, p.49) 
 A ideia de culpa trás uma profunda transformação no campo da 
responsabilidade civil para o entendimento e compreensão da visão que temos hoje 
sobre a mesma. 
4.1.3. A Responsabilidade Civil no Código Napoleônico 
 Esse código, trás dois aspectos fundamentais para o entendimento da 
responsabilidade civil, sejam eles: 
a) Incorpora a idéia de culpa ao tema da responsabilidade civil; 
b) Permite o desenvolvimento de uma responsabilidade puramente civil; 
O código civil Francês de 1804, trata da responsabilidade civil de forma 
22 
 
breve, incluindo apenas cinco artigos que versavam sobre o tema. Contudo, há dois 
artigos essenciais nesse código são eles: 
“Artigo 1382 - Todo ato, qualquer 
que ele seja, de homem que causar a 
outrem um dano, obriga aquele por culpa 
do qual veio ele a acontecer, a repará-lo. 
Artigo 1383 – Toda pessoa é 
responsável pelo dano que causou não 
somente por ato seu, mas ainda por sua 
negligência ou por sua imprudência”. 
(Código Napoleão ou Código Civil dos 
Franceses. Tradução de Souza Diniz. Rio 
de Janeiro: Record, 1962). 
 
 Percebe-se que a responsabilidade civil desse código é subjetiva, baseando-se a 
idéia de dolo ou de culpa (negligência ou imprudência). Outra característica notável, é 
a individualização da responsabilidade civil, ou seja, deixa de lado a responsabilidade 
coletiva instituída pelo mundo jurídico arcaico e passa a considerá-la como individual. 
 Assim, o nosso código civil de 1916 incorporou a sistemática do código 
napoleônico e trouxe a idéia de culpa como pressuposto da responsabilidade civil. 
 Nesse contexto, Caio Mário da Silva Pereira, observa que “ a teoria da 
responsabilidade civil nos Códigos modernos deve muito ao Código de Napoleão. 
Neste monumento legislativo de 1804, vai buscar inspiração o conceito de 
responsabilidade civil no século passado[...] (Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: 
Forense, 1993, p.6). 
 Contudo, fica evidenciadoque a culpa não pode ser o único meio para atribuir a 
responsabilidade, visto que muitas vezes a preocupação com o autor do dano, acaba 
23 
 
por gerar uma desproteção da vítima, ocasionando assim muitas situações de injustiça. 
Porquanto, já há uma busca dos autores em incluir outros critérios para a 
responsabilização civil, assim, caminhamos para uma “objetivação” da 
responsabilidade. 
4.1.4. As transformações ocorridas na Responsabilidade Civil 
Nesse contexto (apresentado logo acima), temos que o Código Napoleônico 
expandiu-se e consagrou-se pelo mundo ocidental, trazendo a responsabilidade civil 
como individual e subjetiva. 
Entretanto, observou-se que em muitas situações a vítima acabava por ficar 
desprotegida. Buscou-se então, alternativas, novos critérios para aperfeiçoar a 
aplicação da responsabilidade civil. A alternativa alcançada foi a objetivação da 
responsabilidade civil. 
Contudo, a responsabilidade civil objetiva, somente ganhou espaço na metade 
do século XIX, como afirma Wilson Melo da Silva (1962, p. 53). Afirma ainda que “na 
França é onde a tese da responsabilidade objetiva encontrou seu mais propício campo 
doutrinário de expansão e de consolidação[...] (1962, p. 93). 
Assim, são desenvolvidos outros critérios para fundamentara objetivação da 
responsabilidade civil, trazendo a tona a idéia de risco-proveito. 
Contudo, esse critério é insuficiente e árduo de ser sustentado, visto ser custoso 
achar um meio de especificar o “proveito”. Com base nisso, muitos doutrinadores que 
24 
 
defendem a responsabilidade objetiva, ampliaram a dimensão do risco, passando do 
risco-proveito para o do risco simplesmente ou do risco criado. 
Várias são as maneiras de classificar o risco, chegando-se a teoria mais extrema 
que é a teoria do risco integral. Essa teoria que norteia o Direito Ambiental. 
Assim, a responsabilidade civil passou por vários momentos, variando o critério 
para justificar o dever de reparar: usando-se ora a culpa, ora o risco. 
Os códigos mais modernos influenciados pelo Código Civil Francês, adotaram a 
culpa como pressuposto da responsabilidade civil. No entanto, em virtude da 
insuficiência desse critério, apontada tanto por doutrinadores como a jurisprudência, 
com base nas muitas injustiças, a legislação especial adotou, em certos casos, a 
responsabilidade objetiva – aquela que independe de culpa – com fundamento na idéia 
do risco. 
Desta feita, a legislação especial, como a Lei De Política Nacional do Meio 
Ambiente, (Lei 6.938 de 1981), admite a responsabilidade objetiva por danos 
ambientais. 
Já para o Código Civil de 2002, que tem como critério básico da 
responsabilidade a culpa, passou a admitir que em casos concretos, independentemente 
de previsão legal, que o juiz possa a vir a reconhecer o risco da atividade como um 
critério para a responsabilização, tratando-se de uma das maiores novidades do novo 
Código Civil. 
25 
 
5. NOÇÕES GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
De fato, a responsabilidade civil ocorre quando acontece um dano, e quando 
isso acontece, o direito possui critérios para identificar quem irá sofrer os prejuízos 
que resultem do evento danoso. Em certo momento determina que o causador do dano 
tem a obrigação de repará-lo, em outro que a própria vítima se obrigue a suportar o 
prejuízo. 
A doutrina entende que a responsabilidade civil integra o direito obrigacional, 
pois quando se tem um evento danoso surge a pretensão da vítima em ter seu prejuízo 
reparado. Este fato é amparado pelo código civil, ao qual obriga o causador de dano a 
repará-lo. Contudo, o artigo 927 do código civil afirma que o dever de reparar ocorre 
quando se tem um ato ilícito, remetendo-se ao artigo 186 do mesmo código, fato este 
que não procede, pois há situações em que há responsabilidade, mesmo não tendo 
havido a prática de um ato ilícito. Esse ato consiste em uma ação ou omissão 
voluntária que viole o direito e cause dano a outrem. Torna-se portanto, uma das 
principais fontes das obrigações (DESTEFENNI, Marcos, 2005, p.74). 
Nesse sentido, Francisco Amaral entende que “a importância da caracterização, 
estudo e disciplina do ato ilícito reside no fato de ele ser uma das principais fontes das 
obrigações, fazendo nascer uma relação jurídica cujo objeto é o ressarcimento do dano 
causado, a indenização. E como a obrigação de indenizar inclui-se no conceito amplo 
de responsabilidade civil, um dos mais importantes setores do direito contemporâneo, 
a importância do ato ilícito está, precisamente, no fato de ser o elemento fundamental 
26 
 
da teoria da responsabilidade civil, conjunto de princípios e normas que definem o ato 
ilícito e sua autoria e obrigam a reparação do dano causado a outrem”.[16] 
6. FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 A responsabilidade civil pode ser estudada e discutida como possuidora de uma 
função punitiva, aqui abrange a forma preventiva-punitiva ou a de uma função de 
reparação. 
 Num primeiro entendimento, temos que a responsabilidade civil seria uma 
sanção, em virtude da ocorrência de um ato ilícito. 
 Entende alguns autores que esta sanção teria ainda por finalidade inibir que 
novos atos ilícitos sejam praticados. Por isso, é possível falar que existe uma função 
punitiva preventiva da responsabilidade civil. 
 Entretanto, entende Fernando Pessoa Jorge que “a opinião geral atribui à 
responsabilidade civil Função meramente reparadora: é fim dela a restituição do lesado 
ao estado em que se encontraria se não tivesse havido lesão. A sua razão de ser está no 
dano”. [17] 
 No âmbito da nossa ordem jurídica é possível averiguar que o código civil 
brasileiro de 2002, reconhece a função reparadora da responsabilidade civil, visto que 
estabeleceu em seu artigo 186 que comete ato ilícito aquele que por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar dano a outrem. 
[16] Direito Civil – Introdução. 4º ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 530. 
[17] Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil. Coimbra: Almedina, 1999, p.4 
 
 
27 
 
Como afirma ainda Fernando Pessoa Jorge, “se a responsabilidade civil consistisse em 
sanção, bastaria a prática de um ato ilícito. Sendo desnecessária a averiguação dos 
prejuízos” (1999, p. 48). Conclui então o autor que “tratando-se de responsabilidade 
meramente civil, a função primária é reparadora(...) Na verdade, a existência de 
prejuízos apresenta-se como pressuposto indispensável...” (1999, p. 52). 
7. CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Surge a responsabilidade sempre que houver violação de um dever jurídico. O 
Professor Sergio Cavalieri Filho, conceitua o dever jurídico como: “entende-se por 
dever jurídico a conduta externa de uma pessoa imposta pelo Direito positivo por 
exigência da convivência social”. [18] 
 Ainda, o mesmo autor preceitua a responsabilidade e nos diz que: “Em seu 
sentido etimológico, responsabilidade exprime a idéia de obrigação, encargo, 
contraprestação. Em sentido jurídico, o vocábulo não foge dessa idéia. Designa o 
dever que alguém tem de reparar o prejuízo decorrente da violação de um outro dever 
jurídico. Em apertada síntese, responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo qu 
surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário” 
(2002, p. 22). 
Desta feita, entendemos que a responsabilidade decorre da violação de um 
dever originário. Afirmando ainda, o autor Sergio Cavalieri Filho que há diferença 
entre a obrigação e a responsabilidade, sendo que “Obrigação é sempre um dever 
 
 
[18] Programa de responsabilidade civil. 3º ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 21 
28 
 
originário, responsabilidade é um deverjurídico sucessivo, consequente a violação do 
primeiro” (2002, p.22). 
Com base nisso, procurou-se classificar a responsabilidade civil de várias 
maneiras e aspectos. 
A primeira classificação apresentada é que a responsabilidade civil pode ser 
direta ou indireta. Ela será direta quando a responsabilidade for do próprio causador do 
dano. Já a indireta ocorre quando alguém responde por algum fato praticado por uma 
terceira pessoa. Para o direito ambiental, a responsabilidade indireta é muito comum. 
A outra classificação versa sobre a responsabilidade objetiva e subjetiva. A 
responsabilidade subjetiva depende de culpa (podendo ser o dolo em si ou por culpa 
simplesmente). Já a responsabilidade objetiva é aquela que independe de culpa, tendo 
seu fundamento na teoria do risco. Para o direito ambiental, a regra é a 
responsabilidade objetiva. 
Entende Georges Ripert que “a fórmula que resume a teoria de risco despojada 
de todas as restrições de ordem técnica que se podem atribuir, é a seguinte: todo o 
prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por aquele que o causou, porque 
todo o problema de responsabilidade civil resolve-se em um problema de causalidade, 
ou ainda: qualquer fato do homem obriga aquele que causou um prejuízo a outrem 
repará-lo”.[19] 
 
[19] Responsabilidade coletiva. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p.81 
29 
 
Existe ainda, uma outra classificação não muito abordada e tratada pela doutrina 
brasileira, mas que é de fundamental importância para o direito ambiental. Trata-se da 
responsabilidade Ex ante e da responsabilidade Ex post. 
A responsabilidade ex ante é “o processo de autorização de uma atividade deve 
levar a fixação de obrigações que garantam uma utilização lícita do ambiente e uma 
proporcional compensação” (DESTEFENNI, Marcos, A responsabilidade civil 
ambiental e as formas de reparação do dano ambiental: Aspectos teóricos e Práticos. 1º 
ed. Bookseller. Campinas-SP: 2005, p. 81). 
Desta feita, é possível concluir que a responsabilidade civil ex ante tem uma 
função preventiva, obrigando e incentivando o poluidor a não provocar danos. 
 Assim, essa responsabilidade deve estar ligada a obtenção do ato que autoriza 
(licença) de uma atividade, observando determinadas obrigações voltadas à 
reconstituição ou compensação. 
Já a responsabilidade ex post é aquela “responsabilidade tradicional, fundada 
ma idéia da reparação de um dano já concretizado. Tem como fundamento principal os 
princípios do “poluidor-pagador” e do “usuário-pagador”. (DESTEFENNI, Marcos, A 
responsabilidade civil ambiental e as formas de reparação do dano ambiental: Aspectos 
teóricos e Práticos. 1º ed. Bookseller. Campinas-SP: 2005, p. 82). 
8. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
No direito brasileiro, há divergências com relação aos pressupostos da 
responsabilidade civil. Contudo, três requisitos são os apontados pelos doutrinadores, 
30 
 
sejam eles: conduta, resultado e nexo causal. 
8.1. A CONDUTA 
 Entende-se por conduta, o comportamento voluntário, positivo (podendo ser 
uma ação, comissão) ou negativo (sendo uma omissão, abstenção). 
 Para haver responsabilidade é preciso além da conduta, avaliar a 
reprovabilidade dessa conduta, sendo que dessa forma exige-se do agente que tenha 
capacidade de entendimento, surgindo assim o questão da imputabilidade. 
 Quando falamos em imputar, estamos falando em atribuir a responsabilidade à 
alguém pela prática de determinado evento. 
Assim, não é todas as pessoas que podem ser responsabilizadas, como por 
exemplo, os menores e os portadores de deficiência mental. 
Ademais, para que ocorra a responsabilidade se faz necessária que haja uma 
conduta, e esta deve ser culposa. Sendo que essa culpa compreende tanto em sentido 
estrito como também o dolo. 
A manifestação da culpa em sentido estrito pode ocorrer pela imprudência, 
negligência e imperícia, e o dolo ocorre pela vontade do agente em causar o resultado, 
é o querer. 
Existe na doutrina contudo, dúvidas com relação a definição de culpa. O 
entendimento é de que a culpa está ligada a quebra de um dever de cuidado. 
31 
 
A doutrina classifica a culpa em várias maneiras: ela pode ser vista como grave, 
leve e levíssima. A culpa grave é aquela em que o agente age dolosamente por 
negligência, não prevendo aquele fato que é previsível pelo homem, será leve quando 
a lesão de direito puder ser evitada quando tomada certas diligências e por fim, será 
levíssima se a falta for evitável com atenção ou especial habilidade. 
Existe também a culpa in eligendo, que aparece quando há uma má escolha do 
preposto; e a culpa in vigilando, ocorre quando há falta de fiscalização do 
subordinado. 
Pode se dar também pela culpa in concreto, limita-se em examinar a conduta 
negligente ou imprudente do agente, já a culpa in abstrato, diz respeito a um 
comparativo ao padrão do homem médio em relação a sua conduta. 
Pode ocorrer também, em certos casos, da responsabilidade ser pelo fato de 
outrem ou de terceiro. Aqui, ocorre a responsabilidade de um dever de guarda, de 
vigilância e de cuidado. 
A responsabilidade pelo fato da coisa ocorre pelo dano causado por um animal. 
Existe alguns casos em que a responsabilidade pode ser presumida. Segundo 
Sílvio de Salvo Venosa, “as hipóteses de culpa presumida, carreadas pela 
jurisprudência, há inversão do ônus da prova: cabe ao réu provar que não agiu com 
culpa.[20] 
 
[20] Direito civil: responsabilidade civil. 2º ed. V. 4, São Paulo: Atlas, 2002, pp. 25-26. 
32 
 
8.2. O DANO 
 A doutrina afirma que que é indenizável o dano atual e certo, excluindo-se 
assim a indenização por danos incertos. Sendo indenizáveis os danos emergentes e os 
lucros cessantes. 
 Uma questão que merece discussão é a quantificação do dano, que tem a função 
de estabelecer o quantum debeatur. 
 Segundo o artigo 944 do Código Civil de 2002, 
“a indenização mede-se pela extensão do dano”. 
 
Entende Carlos Roberto Gonçalves que: “não terá nenhuma influência na apuração do 
montante dos prejuízos o grau de culpa do agente. Ainda que sua culpa seja levíssima, 
deverá arcar com o prejuízo causado à vítima em toda sua extensão”. 
No entanto, o parágrafo único do artigo 944 do Código Civil de 2002 inova ao 
dizer que “se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, 
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”. 
Assim, a orientação seguida pela doutrina na fixação da indenização é a 
seguinte: 
a)A extensão do dano; 
b) A situação econômica do agente causador do dano; 
c) O grau de culpa; 
33 
 
d) A ocorrência de culpa entre o agente e a vítima. 
O artigo 945 do Código Civil de 2002, preceitua que 
“se a vítima tiver concorrido 
culposamente para o evento danoso, a sua 
indenização será fixada tendo-se em conta 
a gravidade de sua culpa em confronto com 
a do autor do dano”. 
 
 Na questão da situação econômica do causador do dano, entende Milton Paulo 
de Carvalho Filho que “A situação econômica do lesante também deve influir no 
montante da indenização, pois, apesar de o novo dispositivo legal não se referir 
expressamente ao causador do dano só terá direito à redução de indenização quando, 
além de ter agido com culpa leve ou levíssima, ficar, pela, prestação a que tiver que 
pagar ao lesado, reduzido a estado de necessidade, o certo é que a norma deve ser 
interpretada de acordo com seus fins cognoscíveis e suas idéias fundamentais, e, por 
conseguinte, deve ser considerado que o artigo foi criado exatamente para evitar que 
situações de injustiças como essa, cujo ressarcimento total poderia arruinar a ruína do 
lesante ocorressem”.[21] 
 O dano também podeser moral. A súmula 37 do STJ estabelece que: 
“são cumuláveis as indenizações por 
dano material e dano moral, oriundos do 
mesmo fato”. 
 
 
[21] Indenização por equidade no novo Código Civil. São Paulo: Atlas, 2003, p.121. 
34 
 
 O dano moral tem seu fundamento na ordem constitucional, previsto no artigo 
3º inciso, III da Constituição Federal, ao qual trata da dignidade da pessoa humana. 
Ocorre também o dano moral referente a pessoa jurídica. Distinguindo a honra 
objetiva da honra subjetiva. É reconhecida pela nossa doutrina que a pessoa jurídica 
possui honra objetiva, podendo então a honra da pessoa jurídica ser ofendida. 
 Sílvio de Salvo Venosa, faz referência a questão do “dano reflexo e do dano em 
ricochete. Trata-se da situação de dano reflexo que sofre uma pessoa por um dano 
causado a outra. A questão é saber se o último prejudicado pode acionar diretamente o 
causador do dano. O problema surge, por exemplo, na perda da capacidade de trabalho 
ou morte de uma pessoa que reflete em prejuízo para seus dependentes diretos e 
indiretos. Os tribunais franceses, nessa situação, exigem um liame de direito direto 
entre a vítima inicial e a vítima por ricochete (Vineuy e Jourdain, 1998:139). A 
dificuldade é saber até que ponto é possível reclamar pelo reflexo de um dano. Até que 
grau de parentesco pode ser admitida essa responsabilidade? Ao que parece, a 
jurisprudência brasileira ainda não deu resposta clara a essa questão. Importa sempre, 
no caso concreto, verificar o nexo de causalidade. O ofensor deve reparar todo o dano 
que causou segundo o nexo de causalidade. Em princípio, os danos causados, 
reflexamente não devem ser indenizados. A única exceção aberta pela lei é a 
indenização decorrente de morte, admitindo-se que seja pleiteada por aqueles que 
viviam sob sua dependência econômica (art. 1537, II). 
35 
 
8.3 O NEXO DE CAUSALIDADE 
 É indispensável a verificação do nexo causal para que exista a responsabilidade 
civil, visto que há a necessidade do vínculo entre a conduta e o dano. 
 Entende Sergio Cavalieri Filho que a causalidade “a rigor, é a primeira questão 
a ser enfrentada na solução de qualquer caso envolvendo responsabilidade civil. Antes 
de decidirmos se o agente agiu ou não com culpa teremos que apurar se ele deu causa 
ao resultado” (2002, p. 57). 
 Existe na doutrina uma grande dificuldade em explicar o nexo de causalidade, e 
para sanar esse conflito buscou-se encontrar teorias para explicar esse paradoxo. 
 Assim, existe três teorias principais, que são apontadas pela doutrina: Teoria da 
equivalência das Condições (conditio sine qua non), teoria da causalidade adequada e 
a teoria dos danos diretos e imediatos. 
 A teoria da equivalência das condições é outorgada ao Von Buri na época de 
1860, e essa teoria afirma que há uma equivalência entre todas as condições que 
concorreram para o resultado. Contudo, essa teoria não foi aceita, pois acaba por levar 
à situações injustas. 
 Já a teoria da causa adequada teria sua criação por Von Bar na data de 1871, 
mas foi concretizada por Von Kries em 1888. Essa teoria entende que não pode haver 
equivalência entre todas as condições que concorrem para a produção do evento. 
Assim, a causa que gera o resultado geralmente é aquela que leva ao resultado. 
36 
 
 Portanto, na esfera penal predomina a teoria da equivalência das condições, já a 
teoria da causalidade adequada prevalece na esfera civil. 
 Mas, essas duas teorias recebem muitas críticas, devendo se procurar um meio 
termo entre elas. 
 Assim, surge no campo doutrinário uma nova teoria que é a “interrupção do 
nexo causal”, ou teoria da relação causal imediata. Essa teoria foi abraçada por 
Agostinho Alvim, como sendo a que implicasse na existência, “entre a inexecução da 
obrigação e o dano”, como “na relação de causa e efeito, direta e imediata” (SILVA, 
Wilson Melo da. Responsabilidade sem culpa e socialização do risco. Belo Horizonte: 
Bernardo Álvares S.A, 1962, p.230). 
 Entende Wilson Melo da Silva, que “A interrupção do nexo causal ocorreria, 
ensinam Ennecerus Y Lehmann, toda vez que, devendo impor-se um determinado 
resultado como normal consequência do desenrolar de certos acontecimentos, tal não 
se verificasse pelo surgimento de uma circunstância outra que, com anterioridade, 
fosse aquela que acabasse por responder por esse mesmo esperado resultado” (1962, p. 
230). 
 Essa teoria é baseada na idéia de que não pode haver causalidade quando surgir 
uma causa estranha que venha a interromper o nexo causal, ou de gerar um novo nexo 
causal. 
 Para Agostinho Alvim, “a escola que melhor explica a teoria do dano direto é a 
que se reporta à necessariedade de causa(...) Assim, é indenizável todo o dano que se 
37 
 
filia a uma causa, ainda que remota, desde que ela seja causa necessária, por não 
existir outra que explique o mesmo dano”. [22] 
 Entende Carlos Roberto Gonçalves que “das várias teorias sobre o nexo causal, 
o nosso Código adotou, indiscutivelmente, a do dano direto e imediato(...) (1994, p. 
524). 
 Afirma Gustavo Tepedino que a teoria da causalidade direta ou imediata 
prevalece na jurisprudência e é adotada pelo Supremo Tribunal Federal. Entretanto, 
pela dificuldade de interpretação com as expressões “direto e imediato” ocorreu uma 
evolução nessa teoria, assim, o dever de reparar surge quando o evento danoso é efeito 
necessário de certa causa. Pode-se identificar, assim, na mesma série causal, danos 
diretos, passíveis de ressarcimento, desde que sejam consequência direta, porque 
necessária, de um ato ilícito ou atividade objetivamente considerada”.[23] 
 9. AS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 O Código Civil prevê causas de excludentes de responsabilidade, quais sejam: 
9.1. A LEGÍTIMA DEFESA 
 A legítima defesa não constitui ato ilícito, sendo que o conceito é o mesmo do 
Direito Penal, assim não gera responsabilidade civil. 
Ocorre na legítima defesa uma repulsa a uma agressão atual ou iminente e 
injusta. A agressão atual é a que está presente, acontecendo, não se tratando de uma 
[22] Da inexecução das obrigações e suas consequências. São Paulo: Saraiva, 1949, p.313 
[23] Notas sobre o nexo de causalidade. In Revista Trimestral de Direito Civil, v.6, Rio de Janeiro: Padma, 2000. 
 
38 
 
agressão passada. 
 Ocorre na legítima defesa uma repulsa a uma agressão atual ou iminente e 
injusta. A agressão atual é a que está presente, acontecendo, não se tratando de uma 
agressão passada. Como também a agressão deve ser injusta. Sendo que injusto é 
sinônimo de ilícito. 
Assim a legítima defesa pode ocorrer na defesa de um direito próprio ou de um 
direito alheio, sendo que todos os direitos podem ser defendidos em situação de 
legítima defesa. 
Deve também, observar a exigência do uso moderado dos meios necessários. 
Para Assis Toledo os meios necessários “são atos defensivos eficazes, disponíveis e 
inevitáveis, nas circunstâncias, para repelir ou impedir a agressão injusta ou 
iminente”[24] 
9.2 O ESTADO DE NECESSIDADE 
 O estado de necessidade está previsto no artigo 188 do Código Civil ao qual 
estabelece que não constitui ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou 
a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
 Entende Francisco de Assis Toledo que “no estado de necessidade ocorre uma 
ação predominantemente agressiva com aspectos defensivos, ao passo que na legítima 
defesa se dá uma ação predominantemente defensiva com aspectos agressivos”.[25] 
 
[24] Ilicitude penal e causas de sua exclusão. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 74, 
[25] Op. Cit. P. 37. 
39 
 
9.3 O EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E O ESTRITO CUMPRIMENTO DEUM DEVER LEGAL 
Sílvio de Salvo Venosa nos ensina que “assim como a legítima defesa, também 
não são passíveis de indenização os danos praticados no exercício regular de um 
direito. Na mesma dicção, deve estar subentendida outra excludente de índole 
criminal, o estrito cumprimento do dever legal, porque atua no exercício regular de um 
direito reconhecido qem pratica ato no estrito cumprimento do dever legal. A 
compreensão dessas excludentes pretende ao Direito Penal, que as estuda em 
profundidade (VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito civil: responsabilidade civil. 2º ed. 
V. 4, São Paulo: Atlas, 2002, p43). 
9.4. CASO FORTUITO E DE FORÇA MAIOR 
 Essas excludentes estão relacionadas ao nexo causal, e existe na doutrina uma 
discussão com respeito da possível diferença que exista entre caso fortuito e força 
maior. 
 Para Sílvio de Salvo Venosa, embora entenda que as expressões são sinônimas, 
entende que “ambas as figuras equivalem-se, na prática, para afastar o nexo causal(...) 
(2002, p. 39). 
 Já Carlos Roberto Gonçalves endente que “o caso fortuito geralmente decorre 
de fato ou ato alheio à vontade das partes: greve, motim, guerra. Força maior é a 
derivada de acontecimentos naturais: raio, inundação, terremotos” (1994, p. 504). 
40 
 
 Outros entendem completamente o contrário, por isso deve prevaler aqui, com 
relação à essas excludentes a equivalência legislativa entre as causas, cabendo a 
doutrina distinguir quando é uma e quando é outra. 
 Nos ensina Carlos Roberto Gonçalves que “para a configuração do caso fortuito 
ou de força maior é necessária a presença de tais requisitos, sejam eles: 
a) O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor, pois, se há culpa, 
não há caso fortuito; e reciprocamente, se há caso fortuito, não deve haver culpa, na 
medida em que um exclui o outro... 
b) O fato de ser superveniente e inevitável; 
c) O fato de ser irresistível, fora do alcance do poder humano”. 
Assim, segundo o mesmo autor, o caso fortuito e de força maior, equiparados ao 
Código Civil, “constituem excludentes das responsabilidade porque afetam a relação 
de causalidade, rompendo-a, entre o ato do agente e o dano sofrido pela vítima (1994, 
p. 505) 
9.5. O FATO DE TERCEIRO E A CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO 
 Carlos Roberto Gonçalves nos ensina que: 
“Muitas vezes, o ato daquele que 
atropela alguém ou causa alguma outra 
espécie de dano pode não ser o responsável 
pelo evento, o verdadeiro causador do 
dano, mas, sim, o ato de um terceiro. Em 
matéria de responsabilidade civil, no 
entanto, predomina o princípio da 
 obrigatoriedade do causador direto em 
reparar o dano. A culpa de terceiro não 
41 
 
exonera o autor direto do dano do dever 
jurídico de indenizar. 
O assunto vem regulado no Código 
Civil, concedendo o último ação regressiva 
contra o terceiro que criou a situação de 
perigo, para haver a importância 
despendida no ressarcimento ao dano da 
coisa”(1994, p. 491).” 
 
9.6. A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA E O FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA 
 Entende Carlos Roberto Gonçalves que “quando o evento danoso acontece por 
culpa exclusiva da vítima, desaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa 
de existir a relação de causa e efeito entre o seu ato e o prejuízo experimentado pela 
vítima. Pode-se afirmar que, no caso de culpa exclusiva da vítima, o causador do dano 
não passa de mero instrumento do acidente. Não liame de causalidade entre o seu ato e 
o prejuízo sofrido (1994, p. 487). 
 Contudo, se houver culpa parcial da vítima, podemos falar em concorrência e 
em compensação de culpa, devendo nesses casos, repartir a responsabilidade. 
10. A RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL 
10.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 A proteção do meio ambiente é algo que interessa para quase todos os ramos do 
direito. 
 O primeiro ramo que trás interesse direto ao meio ambiente é o Direito 
Constitucional, ao qual em seu artigo 225, § 3º da Constituição Federal estabelece 
42 
 
hipóteses de lesão ao meio ambiente e as consequências possíveis, seja de ordem civil, 
penal ou administrativa. O § 3º assim prescreve: 
“As condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados.” 
 
 Assim, cabe aos intérpretes e aplicadores das normas ambientais em não 
esquecerem que a proteção ao meio ambiente é regra de ordem constitucional. 
 Primeiramente, é preciso lembrar que a proteção jurídica do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado envolve vários aspectos, como por exemplo o meio 
ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho, já estudados anteriormente no ponto 
1.2.1. 
 Desta feita, quando o dano recai sobre elementos naturais, muitos endentem que 
o dano ao patrimônio natural ou dano ecológico. 
 De forma geral, poderíamos dizer em dano ao ambiente ou dano ambiental, que 
englobaria a modificação de bens culturais, esses bens que seriam aqueles com 
finalidade de melhorar a qualidade de vida do ser humano. 
 O entendimento do jurista português José de Sousa Cunhal Sendim, é nesse 
sentido, pois procura separar o conjunto dos componentes ambientais naturais (água, 
ar, luz, solo, subsolo, fauna e flora) e sua interação e falar em patrimônio natural, dos 
componentes ambientais humanos (DESTEFENNI, Marcos, A responsabilidade civil 
ambiental e as formas de reparação do dano ambiental: Aspectos teóricos e práticos, 1º 
ed. Ed. Bookseller, Campinas-SP, 2005, p. 131). 
43 
 
Com base nisso, o patrimônio ambiental, que é o objeto do dano ambiental, é 
formado por componentes ambientais e por uma estrutura de inter-relações. Surge 
nesse momento uma das maiores dificuldades do direito ambiental que é avaliar o 
desiquilíbrio dessa estrutura. 
 Desse modo, é possível identificar que o objeto material do dano ecológico 
pode ser pelo: 
 Conjunto de recursos bióticos (seres vivos); 
 Conjunto de recursos abióticos (água, ar, terra); 
 Interação entre eles: a ecologia já evidenciou que há uma inseparável ligação 
entre os organismos vivos e o ambiente inerte. 
 Assim, o que melhor compreende essa situação é o entendimento de José de 
Sousa Cunhal Sendim, em que conceitua o dano ecológico como: “seria a alteração 
causada pelo homem das qualidades físicas, químicas ou biológicas dos elementos 
constitutivos do ambiente ou das relações recíprocas entre eles”.[26] 
 O dano ecológico não decorre apenas da destruição dos recursos naturais, isto é, 
não decorre apenas da alteração física da natureza. Sendo assim, a modificação da 
interação entre os recursos bióticos e abióticos produz o dano ecológico. 
 Ainda e conforme a lição do jurista José se Sousa Cunhal Sendim: 
“O dano ecológico se pode 
concretizar, tendencialmente, como uma 
perturbação do patrimônio natural – 
enquanto conjunto dos recursos bióticos 
(seres vivos) e abióticos e da sua interação 
– que afecte a capacidade funcional 
ecológica e a capacidade de 
 
[26] Responsabilidade civil por danos ecológicos – Da reparação do dano através de restauração natural. 
Lisboa: Coimbra Editora, 1998, p.71. 
44 
 
 
aproveitamento humano de tais bens 
tutelada pelo sistema jurídico-
ambiental”(1998, p. 130).” 
10.2. FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL 
 Discute-se na doutrina se a responsabilidade civil possui uma função punitiva, 
preventiva ou reparadora. 
Contudo, no campo do direito ambiental, a responsabilidade civil deve estar 
ligada à uma função preventiva de danos. Assim, a responsabilidade ambiental está 
diretamente ligada aos princípios ambientais de prevenção e da precaução. 
Como se dá muitaimportância para evitar a degradação ambiental atuando de 
forma preventiva, o princípio da prevenção é considerado quase que universal. Em 
virtude do dano ambiental, muitas vezes ser irreversível, é de extrema importância que 
haja uma atuação preventiva. Sendo que a preservação é fundamental par as presentes 
e futuras gerações. 
O Brasil adota algumas técnicas de prevenção do dano ambiental, merecendo 
destaque a exigência constitucional de licenciamento ambiental para as atividades 
potencialmente lesivas ao meio ambiente, como também a realização de Estudo Prévio 
de Impacto Ambiental. 
Existe diferenças entre os princípios da prevenção e da precaução, quais sejam: 
O princípio da precaução deve ser visto como aquele que antecede a prevenção, 
sendo que sua preocupação não é a de evitar o dano ambiental, pois pretende evitar 
que riscos ambientais surjam. Esse princípio faz com que ocorra a inversão do ônus da 
prova com relação as atividades que venham a trazer qualquer reflexo ao meio 
45 
 
ambiente, cabendo ao empreendedor provar que não há risco ambiental por exercer tal 
atividade. 
Assim, os princípios da prevenção e da precaução estão relacionadas ao 
princípio do poluidor pagador, este que impõe o dever de reparar o dano o causador do 
dano ambiental. 
O princípio do poluidor pagador possui aspectos repressivos e preventivos. O 
aspecto repressivo é aquele que decorre da obrigação daquele que causa danos ao meio 
ambiente. Já a função preventiva desse princípio é aquela que a obrigação de reparar o 
dano não deixa de ser uma ameaça àquele que está sujeito à essa prática. 
Segundo Annelise Monteio Steigleder, “a responsabilidade civil pelo dano 
ambiental possui uma função social que ultrapassa a finalidade punitiva, preventiva e 
reparatória, normalmente atribuídas ao instituto”.[27] 
 Assim, a melhor opção é a prevenção, pois desta feita não causa danos ao meio 
ambiente e também, não se deve tirar o caráter punitivo da reparação ambiental, pois 
assim desestimula a prática lesiva ao meio ambiente por aprte do degradador. 
10.3. A ADOÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO DIREITO 
AMBIENTAL 
 Nosso ordenamento jurídico adotou expressamente a responsabilidade civil 
objetiva, referente à matéria ambiental. 
 
 
 
 
[27] Responsabilidade civil ambiental – As dimensões do dano ambiental no Direito brasileiro. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2004, p. 177. 
46 
 
Existe alguns autores que pensam o contrário, desconsiderando a 
responsabilidade objetiva e adotando a subjetiva, porém tanto a doutrina quanto na 
jurisprudência, não há dúvidas que foi adotado pelo nosso ordenamento jurídico que a 
responsabilidade é objetiva. O entendimento de Paulo de Bessa Antunes é o seguinte: 
“nem todos os países adotam o sistema de responsabilidade objetiva em matéria 
ambiental. Neste particular, a legislação brasileira está muito mais adiantada do que 
diversos países europeus. Em verdade, a responsabilidade por danos causados ao meio 
ambiente, em muitos países europeus, por exemplo, está fundada na culpa, sendo 
portanto, subjetiva. Sabemos, entretanto, que a apuração da culpa, em cada caso 
concreto, é uma tarefa que, processualmente, é bastante árdua. Ademais, quando se 
trata de culpa por omissão, as dificuldades se ampliam sobremaneira”.[28] 
10.4. A ADOÇÃO DA TEORIA DO RISCO INTEGRAL 
 Existe muita divergência doutrinária, com relação a adoção da teoria do risco 
integral. 
 Contudo, uma parte considerável da doutrina entende que a responsabilidade 
civil ambiental é além de objetiva, fundada na teoria do risco integral. 
 Sérgio Ferraz, foi o primeiro a se manifestar sobre o assunto, antecedendo a 
própria Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, ao qual afirmou que a 
responsabilidade civil ambiental deve ser objetiva e pautada na teoria do risco integral 
(1979, p. 38) 
 
[28] Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1994, p.11. 
47 
 
 Para José Baracho Júnior, “a vinculação da responsabilidade objetiva à teoria do 
risco integral expressa grande preocupação dos doutrinadores brasileiros em 
estabelecer um sistema de responsabilidade por dano ao meio ambiente o mais 
rigoroso possível, o que se justifica em face do alarmante quadro de degradação 
existente no Brasil”.[29] 
 Também Édis Milaré, entende que a responsabilidade civil ambiental é objetiva 
e fundada na teoria do risco integral (2004, p. 754). 
 Entretanto, a objetivação da responsabilidade ambiental é pacífica na doutrina, 
já a adoção da teoria do risco integral não é tão aceita em virtude do critério da idéia 
do risco. 
Sendo assim, há uma grande divisão da responsabilidade objetiva na atualidade, 
seja ela: 
a) “Responsabilidade objetiva limitada, ou simplesmente responsabilidade 
objetiva, que prescinde de culpa, mas não da prova do nexo de causalidade. Por 
isso, aceita a incidência das excludentes relacionadas ao nexo de causalidade, 
como, por exemplo, o caso fortuito ou de força maior, o fato exclusivo de 
terceiro ou o fato exclusivo da vítima. 
b) Responsabilidade objetiva extremada, que tem por fundamento o critério do 
risco integral e que não aceita a presença de causas excludentes da 
responsabilidade, bastanto a prova do dano e da atividade. O nexo de. 
causalidade não é com o dano, mas sim com a atividade desenvolvida pelo 
 
 
 
 
[29] Responsabilidade civil por dano ao meio ambiente. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 322. 
48 
 
agente”. (DESTEFENNI, Marcos, A responsabilidade civil ambiental e as 
formas de reparação do dano ambiental: Aspectos teóricos e práticos. 1º ed. Ed. 
Bookseller: Campinas –SP, 2005, p.147). 
Desta feita, no que concerne ao dano ambiental, a responsabilidade é objetiva e 
fundada na teoria do risco integral. 
10.5. O FUNDAMENTO CONSTITUCINAL DA RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA POR DANO AMBIENTAL 
 Primeiramente, a responsabilidade objetiva por danos ao meio ambiente foi 
prevista pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, que é a Lei 6.938/81. 
 A constituição Federal de 88, recepcionou essa lei e tanto o artigo 225 da CF 
como o artigo 14 da lei, adotaram a responsabilidade objetiva obrigando o poluidor a 
indenizar ou a reparar os danos causados ao meio ambiente. 
10.6. A INEXISTÊNCIA DO BIS IN IDEM 
 Existe a possibilidade de cumulação de responsabilidades, seja civil, penal ou 
administrativa àquele que provoca danos ao meio ambiente. 
 Dessa maneira, tanto o artigo 14 § 1º da Lei 6.938/81 como a CF em seu artigo 
225, § 3º, preveem a possibilidade de responsabilização nas esferas já mencionadas, 
quando o poluidor ocasionar danos ao meio ambiente, devendo este repará-lo. 
 Assim, num mesmo dano ambiental é possível que haja responsabilidade tanto 
civil, como penal e administrativa. 
49 
 
10.7. AS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL 
 Para o direito ambiental, também existe causas excludentes da responsabilidade. 
Visto que se trata de responsabilidade objetiva e para a grande maioria fundada na 
teoria do risco, nem o caso fortuito nem a força maior podem ser invocadas. Ademais, 
por ser uma responsabilidade objetiva, as excludentes que não digam respeito ao nexo 
causal são afastadas. 
 Nesse caso as excludentes que são aceitas são: o fato da vítima, o fato de 
terceiro e o fortuito externo. 
 Como afirma José Giordani, não é correto dizer em “culpa da Vítima ou de 
terceiro”, como excludentes, visto de tratar de responsabilidade objetiva.[30] 
 Como também, afasta o fortuito interno das excludentes da responsabilidade 
objetiva e nos ensina que: 
“Quando se diz, de regra, que a 
responsabilidade civil é objetiva, deve-se 
subentender que o autor do fato 
responderá,ainda que o dano tenha sido 
proveniente de fortuito, a não ser que este 
exclua totalmente o nexo de causalidade 
entre a conduta e o dano. Esta exclusão se 
dá tão somente quando o fortuito é 
totalmente estranho à atividade (fortuito 
externo), pois, se guardar qualquer relação 
com ela, o que se denomina fortuito 
interno, a responsabilidade será do autor da 
conduta ou atividade”(2004, p. 59). 
 
. 
 Na lição de Marcelo Abelha Rodrigues, A regra da responsabilidade civil 
objetiva é calcada na teoria do risco, e não permite excludentes de responsabilidade 
 
[30] A responsabilidade civil objetiva genérica no CC de 2002. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 58. 
50 
 
tais como caso fortuito, força maior, fato de terceiro, etc. Se o empreendedor assumiu 
o risco de colocar a atividade no mercado, deve assumir todos os ônus daí 
decorrentes(...) (2002, p. 205) 
 Desta feita, o entendimento de muitos é de não admitir as excludentes da 
responsabilidade, visto que a relação de causalidade não é estabelecida entre a conduta 
e o dano, sendo que o nexo é estabelecido entre a atividade desenvolvida pelo agente e 
o dano. 
10.8. A IMPUTAÇÃO DE RESULTADOS TARDIOS 
 Esse tema, em sede de direito ambiental é de extrema importância, pois versa 
sobre o resultado tardio do dano, ou seja, muitas vezes o dano ambiental não ocorre no 
momento em que o poluidor degrada o meio ambiente, mas sim um tempo depois. É 
posterior a conduta do agente. 
 Assim, a conduta do agente pode não trazer resultados imediatos, mas ocorrem 
da maneira em que foram pensados. Portanto, esses resultados tardios decorrem de um 
continuidade da conduta inicial, porém sem que ocorra uma interrupção do 
desdobramento causal, levando a instauração de um outro desdobramento causal. 
(DESTEFENNI, 2005, p. 174) 
11. AS FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL 
 A grande regra que envolve a reparação do dano ambiental é que a reparação 
desse dano deve feita de modo integral. 
 Existe algumas formas de reparação do direito ambiental, sejam elas: 
51 
 
a) restauração natural ou reparação in natura; 
b) compensação; 
c)indenização 
 Contudo, não se pode optar em escolher qual reparação deve ser invocada. 
Dessa maneira, sempre que possível deve ser feita a restauração natural, ou seja, voltar 
ao estado em que se encontrava antes da ocorrência do dano. 
11.1.A REPARAÇÃO NATURAL OU IN NATURA 
 Essa reparação constitui na restituição, dentro do possível, ao estado anterior do 
meio ambiente, antes da conduta danosa. Essa forma de reparação é considerada como 
a forma mais viável. Sendo que nessa reparação, normalmente a condenação do 
poluidor é a realização de uma obrigação de fazer ou de não fazer. 
 Na lição de Antonio Augusto Mello de Camargo Ferraz, Édis Milaré e Nelson 
Nery Júnior, a preferência é pela reparação in natura, ao qual, 
“Tal propósito pode ser satisfeito 
com a condenação daquele que ocasionou 
uma lesão qualquer a um interesse difuso 
ao cumprimento de obrigação de fazer, 
consistente na reparação do dano causado, 
quando isso se revele possível(...) é viável 
ainda a condenação de alguém a se abster 
de determinada conduta(...)” (1984, p. 79) 
 
 Outrossim, existe diferença entre O Código Civil e a reparação dos danos ao 
patrimônio natural, visto que a reparação por danos ambientais não pode estar pautada 
na ideia de “compensação da vítima”, pelo prejuízo sofrido e equivalente valor 
monetário. Muito pelo contrário, a reparação ambiental deve fazer a restauração do 
52 
 
meio ambiente voltando este a ser o que era antes da ocorrência de danos, não 
esquecendo do caráter preventivo. 
 No entendimento de Álvaro Luiz Valery Mirra, “A reparação in natura é, ainda, 
indispensável à compensação do prejuízo ambiental, em razão do fato de estar-se 
diante de um dano que não tem, propriamente, valor econômico e que, a rigor, não 
pode ser convertido em unidades monetárias para o cálculo de eventuais perdas e 
danos”.[31] 
 Assim, primeiramente deve-se buscar uma reparação natural cumulada com 
uma indenização para que seja reparado o dano ecológico. 
11.2 A COMPENSAÇÃO 
 A compensação ambiental está prevista em alguns dispositivos legais, 
consistente na busca de uma solução alternativa à reparação in natura. 
 Dessa maneira, podemos entender a compensação como uma forma alternativa 
de reparação in natura dos danos ambientais, buscando uma medida que permaneça no 
mesmo ecossistema em que ocorreu o dano. 
 A compensação possui vários requisitos, sejam eles: 
a) ser absolutamente necessária; 
b) não ser possível uma reparação específica; 
c) consistir numa medida de equivalente importância ecológica; 
d) que a medida seja adotada dentro do mesmo ecossistema onde ocorreu o dano 
ambiental; 
[31] Ação civil pública e a reparação do dano ao meio ambiente. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, p.304. 
53 
 
e) que sejam observados critérios técnicos; 
f) que haja ciência por parte dos órgãos públicos; 
g) que os órgãos públicos autorizem previamente as medidas (DESTEFENNI, 2005, 
p. 191). 
 Na falta de qualquer um desses requisitos, a compensação perde sua razão de 
ser, sendo que somente é admissível a compensação quando for impossível a 
recuperação do meio ambiente de forma in natura. 
 Dessa maneira, quando ocorre um dano ao patrimônio natural, a compensação 
deve ser ecológica, ou seja, o patrimônio natural deve ser compensado de forma a 
reverter em benefício para o meio ambiente. 
 Carlos Alberto de Salles, observa que: “é recomendável que as medidas 
compensatórias realizem-se no mesmo contexto ambiental da ocorrência do dano, de 
molde a permitir àquelas pessoas que mais diretamente sofreram seus gravames 
recebam também os benefícios da medida compensatória”.[32] 
11.3 A INDENIZAÇÃO 
 A indenização consiste na reparação financeira à(s) vítima(s), sendo essa a 
forma clássica de reparação do dano privado. Essa forma no entanto, é o pior meio de 
se reparar o dano ambiental 
 Marcelo Abelha Rodrigues entende que, “a reparação em pecúnia 
(ressarcimento) é a exceção no sistema de responsabilização ambiental e só deve ser 
 
 
[32] Execução judicial em matéria ambiental. São Paulo: RT, 1998, p.317. 
54 
 
feita quando se mostrar impossível, total ou parcialmente, a reparação específica (in 
natura) (2002, p. 206). Note-se que o sistema jurídico brasileiro tem que a indenização 
é uma medida subsidiária, cabível somente quando o dano aos bens ambientais não 
puderem ser compensados ou reparados naturalmente. 
 Para o montante, ou seja o arbitramento do dano ambiental deverá partir do 
pressuposto do quanto seria gasto para a reiteração natural do dano. 
 Desse modo, a indenização do dano ecológico deve ser calculada em função da 
perda do valor econômico do bem agredido, ou seja, do valor real que o bem teria se 
não tivesse sido degradado. 
 Assim, o direito ambiental nesse aspecto transcende à outros ramos do direito, 
sendo que estes emprestarão suas especificidades para atingir o ideal da reparação 
integral. (VIANNA, 2010, p. 146). 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
12. CONCLUSÃO 
 A Constituição de 88 trouxe uma série de normas que norteiam o Direito 
Ambiental, este que tem seu objeto respaldado na preservação do equilíbrio ecológico, 
proporcionando ao homem uma melhor qualidade de vida. 
 Essas normas constitucionais trazem o conceito e a regulamentação do que 
venha a ser meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. 
 A responsabilidade civil por danos ambientais possui grande distinção com a 
responsabilidade civil “tradicional”, visto que adotou-se em matéria ambiental da 
responsabilidade objetiva,

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