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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL UMA ANÁLISE A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CAPS DE CRUZ ALTA

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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL: UMA 
ANÁLISE A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CAPS DE 
CRUZ ALTA 
 
SCHULTZ, Aguida L. Veriato
1
; VIRGOLIN, Isadora W. Cadore
2
; MOREIRA, Manoel F. R.
3
 
 
 
Palavras-Chave: Processo de Trabalho. Serviço Social. Saúde Mental. 
 
Introdução 
Este estudo pretende apresentar uma análise acerca do processo de trabalho do 
Assistente Social na área da saúde mental tendo como base a experiência vivenciada no CAPS de 
Cruz Alta através do Estágio Supervisionado I em Serviço Social. Esta fase do estágio objetivou 
possibilitar a compreensão e aprofundamento das competências teórico-metodológicas, técnico- 
operativas e ético- políticas inerentes a atuação do Assistente Social. 
A inserção do Serviço Social na sociedade se consolidou mediante um serviço 
especializado que em premissa o Estado, utilizava-se na tentativa de mediar o conflito gerado pelo 
capital x trabalho. 
De acordo com Freire (1998), a dinâmica estabelecida entre a reestruturação produtiva e 
a política do Estado, baseada na vertente teórica neoliberal, estão ao longo da história 
desregulamentando os “direitos sociais públicos e universais”, o que gera inúmeros agravos 
mediante a efetividade das políticas públicas, principalmente no Brasil. 
Constata-se que nos serviços de saúde essa realidade é mais evidente, devido estar 
presente neste sistema uma ampla infiltração do capital e dos serviços privados dentro do setor 
público, o que fomenta a base para a ampliação do estado mínimo, sendo que a regulação cada 
vez mais faz-se pelo mercado capitalista de produção, que por sua vez amplia as desigualdades 
sociais. 
Mediante a realidade forjada pelo sistema capitalista, surge o objeto de trabalho do 
Serviço Social, a questão social, identificada como “elemento central do projeto de profissão, a 
 
1
 Acadêmica do curso de Serviço Social da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. E-mail 
aguida_schultz@hotmail.com. 
2
 Professora do Curso de Serviço Social e Supervisora Acadêmica do Estágio Supervisionado. E-mail 
isadoravirgolin@yahoo.com.br 
3
 Assistente Social do CAPS I de Cruz Alta e Supervisor de Campo do Estágio Supervisionado no CAPS. 
 
qual se particulariza no dia a dia da intervenção, de várias formas, como atendimentos sociais, 
entrevistas, estudos sociais, etc.” (CFESS, 2006, p. 33) 
Mota; Amaral (1998, p.39) afirma que: 
Na atualidade a “questão social” diz respeito ao conjunto multifaxetado das 
expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, 
impensáveis sem a intermediação do Estado. A “questão social” expressa 
desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediadas por 
disparidades nas relações de gênero, características étinico-raciais e formações 
regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos 
bens da civilização. 
 
Diante disso, atribui-se ao Assistente Social na área da saúde a intervenção 
principalmente, junto ao atendimento das demandas imediatas da população, além de facilitar o 
seu acesso às informações e ações educativas para que a saúde possa ser percebida como produto 
das condições gerais de vida e da dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas do país. 
(CFESS, 2006). 
Metodologia e/ou Material e Métodos 
O estágio ocorreu mediante um processo planejado no qual inicialmente elaborou-se um 
plano de estágio. A metodologia utilizada para a realização do mesmo foi à observação 
participante das ações desenvolvidas na instituição, análise de documentos, tais como tais como 
ficha de matricula dos usuários, ficha socioeconômica e sócio-demográfica dos usuários, 
documentos com o histórico da Instituição, pesquisa bibliográfica de materiais relacionados à área 
e registro sistemático em diário de campo. As atividades computaram uma carga horária de 150hs, 
divididas em 8 horas semanais. 
Resultados e Discussões 
Para a consolidação dos princípios e objetivos do SUS é imprescindível a efetivação do 
Controle Social e aí o Assistente Social tem um importante papel, devendo a partir do seu 
compromisso ético-político contribuir para viabilizar a participação popular, a democratização das 
instituições, o fortalecimento dos Conselhos de Saúde e a ampliação dos direitos sociais. (CFESS, 
2006) 
Neste prisma, o Serviço Social faz-se presente no Centro de Atenção Psicossocial de 
Cruz Alta através da atuação profissional de um Assistente Social, objetivando a referência e 
contra-referência de ações vinculadas à Saúde e Saúde Mental, bem como, ao matriciamento 
através de atividades interdisciplinares e intersetoriais. 
Para isso, o processo de trabalho do Assistente Social na Instituição caracteriza-se pela 
busca do esclarecimento, orientação e intervenção frente às demandas do Serviço Social, de modo 
a desenvolver ações que efetivem a atenção e acesso aos direitos destes usuários, na supressão dos 
modelos verticais, voltados somente à assistência médica. 
 
É nessa perspectiva que se faz necessária a consolidação de um trabalho técnico, 
conforme as normatizações norteadoras da profissão, são elas o Código de Ética Profissional e a 
Lei de Regulamentação da Profissão. Estes instrumentos norteadores é que consolidam e dão 
suporte a um trabalho ético, organizado e que prime pela equidade e justiça social. 
O Assistente Social do CAPS utiliza ainda, instrumentos operacionais que são 
acompanhados da competência teórico-metodológica, os quais possibilitam uma leitura detalhada 
da realidade social em que está inserido. Um dos instrumentos utilizados por este na Instituição é 
a visita domiciliar realizada a fim de se verificar a evasão de usuários ao Serviço, busca ativa, 
visita de referenciamento nas atividades sejam por ordem judicial ou solicitadas pelos usuários ou 
familiares, entrevistas individuais ou junto com familiares contemplando o contexto sócio 
econômico, sócio familiar, cultural, demográfico enfim dados que darão relevância ao trabalho do 
Assistente Social no processo de conhecimento da realidade dos sujeitos envolvidos, observações, 
estudos sociais, parecer social, reuniões de equipe matricial que viabiliza a compreensão do 
trabalho psicossocial aos trabalhadores da rede de saúde municipal, dentre outras técnicas e 
instrumentos . 
Para Iamamoto (2000) os meios de trabalho do Assistente Social “são o conjunto de 
conhecimentos e habilidades adquiridos pelo profissional ao longo do seu processo formativo”. 
Mas, para um trabalho que abranja todas as expressões da questão social faz-se necessário que o 
profissional tenha na instrumentalidade a clareza quanto o objeto para alcançar os objetivos do seu 
trabalho. 
A instrumentalidade, como uma propriedade sócio-histórica da profissão, por possibilitar 
o atendimento das demandas e o alcance de objetivos (profissionais e sociais) constitui-se numa 
condição concreta de reconhecimento social da profissão. 
Em âmbito geral o assistente social do CAPS desenvolve seu processo de trabalho no 
eixo das ações/atividades vinculadas ao grupo de dependentes químicos, que para De Leon (2003) 
o grupo possui a tarefa de acolher as necessidades dos participantes, reconhecer e desenvolver as 
possibilidades de mudança. 
Assim, o profissional Assistente Social se detém de uma postura decisiva no que refere 
ao desenvolvimento dos trabalhos com os grupos, como um processo que propiciará estabelecer 
vínculos de socialização entre instituição-ténicos-usuários, na possibilidade de resgatar laços 
comunitários, familiares e sociais, mediante os anseios do grupo, suas necessidades, seus 
interesses e suas perspectivas. 
É a partirde um conjunto de princípios que o Serviço Social na saúde mental vem 
consolidando e estabelecendo uma nova percepção de saúde, num contexto de bem-estar físico, 
mental e social. Diante disso, a práxis do processo de trabalho do assistente social tem sido 
 
objetivada a partir das orientações de grupos e indivíduos na busca e na defesa dos seus direitos 
civis, políticos e sociais, mediante um trabalho matricial interdisciplinar, como forma de 
consolidar seu comprometimento ético-político com a população, no sentido de efetivar suas 
ações em prol ao usuário e não dos sistema vigente, como forma de reprodução social. 
Considerações Finais 
A partir do estágio supervisionado foi possível compreender e analisar a realidade social, 
através do contexto histórico e conjuntural, o qual se processa a prática do Serviço Social no 
âmbito da saúde mental, com vistas a articular informações teórico/práticas a relacioná-las a 
defesa e princípios destas ao compromisso e princípios estabelecidos no Código de Ética 
Profissional do Assistente Social, como fundamentadores das atividades e reflexões desenvolvidas 
no Estágio Supervisionado I. 
 O Assistente Social passa a contribuir para o atendimento das demandas imediatas da 
população, além de facilitar o acesso às informações e ações educativas em saúde e saúde mental. 
Exemplo efetivado é a sala de espera/acolhimento, como proposta de intervenção junto à 
população usuária dos serviços de saúde mental do CAPS de Cruz Alta através do apoio a 
reorganização do sistema mediante ações de caráter interdisciplinar. 
Com isso, o Serviço social, como idealizador deste serviço no CAPS do Município, pode 
estar intervindo através de práticas educativas em saúde e saúde mental, democratizando 
informações, incentivando práticas promocionais da saúde como formas de acolhimento e 
inclusão do usuário que promovam a otimização dos serviços, o fim das filas, onde a instituição 
de fato vem efetivando seu comprometimento com os usuários do serviço. 
Destaca-se também a concepção que o profissional assistente social tem em relação à 
saúde. Ele considera a saúde não como um bem de troca, mas como direito. O assistente social do 
CAPS não refere seu trabalho apenas a fragmentação das doenças patológicas de seus usuários, 
mas sim com o contexto em que este se insere, ampliando a concepção de saúde para uma 
perspectiva de totalidade. 
 
Referências 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução nº 383/99. On line. Disponível em 
www.cressdf.or.br/2006/6/22/Pagina37Print.htm 
DE LEON, G. (2003). A comunidade terapêutica: teoria, modelo e método. São Paulo: Edições 
Loyola. 
FREIRE, Lucia de Barros. O serviço social e a saúde do trabalhador diante da reestruturação 
produtiva nas empresas. São Paulo: Cortez, 1998. 
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
MOTA, Ana Elizabete; AMARAL, Angela Santana do Amaral. Reestruturação do capital, 
fragmentação do trabalho e serviço social. A Nova Fábrica de Consensos. São Paulo: Cortez, 
1998.

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